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Conteúdo Prova Organizações Internacionais:

Definição de Organizações Internacionais:

As Organizações Internacionais (OIGs) são instituições formadas por Estados e


Organizações Não Governamentais Internacionais (ONGIs) que desempenham um papel
fundamental na cooperação internacional. Essas organizações fazem parte de um conjunto
maior de instituições que contribuem para a governança global, estabelecendo normas,
regras, leis e procedimentos para resolver disputas, fornecer ajuda humanitária,
regular o uso da força militar e promover o desenvolvimento.

As OIGs se destacam de outras formas de cooperação internacional devido à sua


natureza permanente, possuindo estruturas burocráticas, orçamentos e sedes físicas.
Elas empregam servidores públicos internacionais, mas a governança global envolve uma
ampla gama de atores, incluindo grupos de especialistas, redes globais, agências
governamentais, corporações e associações profissionais.

O conceito de governança global surgiu nos anos 1990 para abordar a crescente
complexidade das interações internacionais. A governança engloba a cooperação, regras e
normas que moldam as relações sociais, além de fornecer mecanismos para resolver
conflitos e problemas em várias áreas.

Diferentes mecanismos de estabilização do sistema internacional foram desenvolvidos ao


longo da história, incluindo arranjos ad hoc, multilateralismo, regimes internacionais,
alianças militares e segurança coletiva. Esses mecanismos contribuem para manter a
estabilidade e a ordem no sistema internacional.

As OIGs são frequentemente criadas como resultado de acordos multilaterais e regimes


internacionais que regulam questões específicas. Elas desempenham um papel importante
na elaboração de normas e expectativas comuns. Grandes potências desempenham um
papel central na criação de OIGs, mas também potências médias podem influenciar seu
funcionamento.

As OIGs são tanto atores centrais do sistema internacional quanto mecanismos de


cooperação entre Estados e outros atores. Elas contribuem para a criação de normas,
fornecem estruturas para negociações e implementação de políticas, e desempenham um
papel fundamental na coleta, análise e disseminação de informações. Além disso, as OIGs
podem pressionar os atores a respeitar normas e regras por meio de diferentes meios,
incluindo pressão política, sanções e, em casos extremos, o uso da força militar.

A importância de gerenciar a cooperação internacional, com Abraam Chayes e Antonia


Chayes identificando fontes de não conformidade com normas internacionais, como a falta
de clareza nos tratados, limitações na capacidade das partes em cumprir suas obrigações e
problemas de adaptação às novas condições criadas pelos tratados. Organizações
Internacionais Governamentais (OIGs) desempenham um papel central nesse contexto,
oferecendo meios para resolver disputas, assistência técnica e financeira, e favorecendo a
legitimação de normas e regras internacionais.
A legitimidade das normas e regras é obtida por meio dos processos de criação e do tema
substantivo, como direitos humanos e proteção ambiental. Organizações (OIGs e ONGIs)
adquirem autoridade e poder no sistema internacional quando possuem legitimidade
reconhecida por um número significativo de atores.

As OIGs enfrentam desafios de legitimidade devido à ausência de uma cultura comum


robusta e à falta de capacidade de impor decisões com o uso da força. O processo
decisório nas OIGs varia de acordo com o tema tratado, envolvendo votação por maioria,
voto proporcional ou qualificado, ou delegação do poder de veto a um grupo restrito de
países.

As OIGs podem ser classificadas como regionais ou globais, gerais ou especializadas, e


desempenham funções diversas. As relações entre Organizações Não Governamentais
Internacionais (ONGIs) e OIGs são cada vez mais densas, com interações em conferências
internacionais.

As organizações internacionais enfrentam desafios, como a geração de conformidade com


normas, acesso a financiamento, coordenação entre agências, mecanismos de legitimação
e efetividade das decisões em um mundo com princípio de soberania estatal. Diferentes
teorias são debatidas para entender o papel e a influência dessas organizações no cenário
internacional.

História das Organizações Internacionais:

A maioria das organizações internacionais com as quais lidamos hoje foi estabelecida na
segunda metade do século XX, mas a base para essas práticas foi estabelecida no século
anterior. A importância das organizações internacionais começou a crescer no século XIX.
Além disso, existem antecedentes mais antigos, como a Liga de Delos e a Liga Hanseática,
que facilitaram a cooperação entre cidades-estados gregas e cidades do norte da Europa.

Diversos autores, como Emeric Crucé, Abbé de Saint Pierre e Immanuel Kant,
desenvolveram propostas para transformar o sistema internacional, que foram precursoras
das modernas organizações internacionais. Grandes conferências de Estados desde o
século XVI, que contribuíram para estabelecer normas nas relações internacionais, também
são precursoras das organizações internacionais.

Inis Claude identifica quatro pré-requisitos para o desenvolvimento de Organizações


Internacionais Governamentais (OIGs): a existência de Estados soberanos, um fluxo
significativo de contatos entre eles, o reconhecimento dos problemas que surgem da
coexistência e a necessidade de criar instituições, além de métodos para regular suas
relações. Esses pré-requisitos estavam presentes no século XIX devido ao aumento da
produção, comércio, penetração do imperialismo europeu e maiores interações entre elites
e líderes de movimentos sociais.
O Concerto de Estados Europeu, iniciado após as Guerras Napoleônicas com o Congresso
de Viena de 1815, foi um importante antecessor das OIGs, uma vez que introduziu a ideia
de conferências regulares para tratar de questões internacionais. A União Internacional dos
Estados Americanos, estabelecida durante a Conferência Pan-americana de 1889 e 1890,
foi um fórum regional pioneiro que contribuiu para o desenvolvimento de uma cultura
internacional.

No século XIX, a criação de muitas organizações funcionais e a proliferação de


Organizações Não Governamentais Internacionais (ONGIs) ocorreram devido às
transformações econômicas, tecnológicas e à necessidade de coordenação e cooperação
entre os Estados. Foram criadas agências para questões como saúde, agricultura, tarifas,
transporte, patentes e tráfico de drogas.

A Liga das Nações, estabelecida após a Primeira Guerra Mundial, foi a primeira
organização internacional universal voltada para a ordenação das relações internacionais
com princípios, procedimentos e regras definidos. A Liga também introduziu o conceito de
segurança coletiva. A Corte Internacional Permanente de Justiça foi criada nesse contexto.
O início do século XX testemunhou uma crença crescente na resolução pacífica de
conflitos, como conciliação, mediação e arbitragem, e as organizações internacionais
desempenharam um papel central nesse desenvolvimento.

Realismo:

O realismo concentra-se em várias áreas quando se trata de analisar organizações


internacionais:

● Estado como Ator Central: O realismo enfatiza que os Estados são os principais
atores no sistema internacional. Eles são considerados atores unitários que buscam
maximizar seu poder e segurança.

● Anarquia no Sistema Internacional: O sistema internacional é caracterizado como


anárquico, o que significa que não há uma autoridade supranacional que governe o
comportamento dos Estados. Isso leva à competição e à busca constante pela
segurança e independência.

● Distinção entre Esfera Doméstica e Internacional: O realismo pressupõe uma


distinção rígida entre a esfera doméstica, onde o progresso e a paz são possíveis, e
a esfera internacional, que é caracterizada pela anarquia e pela possibilidade de
guerra. Essa distinção é considerada uma realidade permanente.

● Poder e Competição: O poder e as relações de poder são pontos centrais de


análise para os realistas. Eles examinam as capacidades dos Estados, como
recursos militares, econômicos e políticos, e as relações de poder, ou seja, a
capacidade de influenciar o comportamento dos outros Estados.

● Dificuldades na Cooperação: Os realistas argumentam que a cooperação é


dificultada pela natureza insegura do sistema internacional. Os Estados
frequentemente desconfiam um do outro, temendo que a cooperação acordada não
será respeitada. A falta de governo central leva à luta constante pela sobrevivência e
independência.

● Papel das Organizações Internacionais: Os realistas veem as organizações


internacionais como instrumentos usados pelos Estados mais poderosos para atingir
seus objetivos. As organizações internacionais carecem de poder e autoridade para
impor decisões, e os Estados escolhem obedecer às regras e normas de acordo
com seus interesses nacionais.

● Relevância das OIGs: As organizações internacionais só exercem funções


importantes quando expressam a distribuição de poder no sistema internacional.
Apenas quando os atores mais poderosos concordam em usar as organizações
internacionais para atingir seus objetivos é que se espera que elas se tornem
efetivas.

● Desafio à Eficácia das Instituições: Os realistas desafiam a proposição de que as


instituições internacionais podem efetivamente mudar o comportamento dos
Estados, especialmente na área de segurança.

● Segurança Internacional: A segurança internacional é uma das principais


preocupações do realismo ao analisar organizações internacionais. Essa ênfase na
segurança deriva da história do realismo, que teve suas origens no período entre
guerras e na época da Guerra Fria. Durante esse período, a segurança e a ameaça
de conflito entre Estados eram questões cruciais. O realismo argumenta que as
organizações internacionais, muitas vezes, são criadas com o objetivo de promover
a segurança coletiva ou a defesa mútua dos Estados-membros. Exemplos notáveis
incluem a OTAN, uma aliança militar criada para proteção mútua entre os
Estados-membros contra ameaças à segurança.

● Interesses Nacionais: O realismo destaca como os Estados-membros de


organizações internacionais buscam promover seus interesses nacionais nas
negociações e decisões dessas organizações. Isso pode resultar em competição e
conflito, já que os Estados buscam garantir que suas prioridades sejam atendidas.
Historicamente, os Estados frequentemente entraram em confrontos nas
organizações internacionais devido a divergências de interesses nacionais. Um
exemplo notório é a Guerra Fria, onde os Estados Unidos e a União Soviética
competiram em várias organizações internacionais, incluindo a ONU.

● Limitações e Falhas: O realismo enfatiza as limitações e possíveis falhas das


organizações internacionais. Os realistas argumentam que, devido à natureza
anárquica do sistema internacional e à busca incessante de poder e segurança
pelos Estados, as organizações internacionais podem ser ineficazes na promoção
da paz e da cooperação global. A Liga das Nações, que não conseguiu evitar a
Segunda Guerra Mundial, é frequentemente citada como um exemplo de falha de
uma organização internacional em conter conflitos.
● Crises e Conflitos: O realismo analisa como as organizações internacionais
respondem a crises e conflitos. Isso inclui o estudo de como essas organizações
podem ser usadas para prevenir ou resolver disputas entre Estados-membros.
Historicamente, as organizações internacionais têm desempenhado papéis variados
em crises, desde a mediação de conflitos até a imposição de sanções ou
intervenções militares. O realismo analisa essas ações à luz dos interesses de poder
e segurança dos Estados-membros envolvidos.

Em resumo, o realismo oferece uma perspectiva cética das organizações internacionais,


enfatizando o papel central dos Estados na busca pelo poder e segurança. Ele questiona a
eficácia e a relevância das instituições internacionais, argumentando que, em um sistema
anárquico, os Estados agem de acordo com seus interesses nacionais e que as
organizações internacionais são usadas como instrumentos para promover esses
interesses.

Liberalismo:

Os principais pontos relacionados ao liberalismo e sua relevância para o estudo de


organizações internacionais incluem:

● Racionalidade e Progresso: Uma característica fundamental do pensamento liberal


é a crença na racionalidade como uma característica intrínseca da humanidade. Os
liberais acreditam que a racionalidade abre portas para transformar as relações
sociais e alcançar o progresso. Isso contrasta com a visão realista de que o sistema
internacional é inerentemente anárquico e inclinado ao conflito.

● Comércio e Paz: Os liberais argumentam que um maior comércio entre Estados


favorece a paz. A interdependência econômica é vista como um mecanismo que
promove a estabilidade e a cooperação entre as nações.

● Democracia e Paz: Uma crença importante do liberalismo é que regimes políticos


democráticos ou republicanos estão associados a relações pacíficas entre os
Estados. A democracia é vista como um fator que contribui para a paz e a
cooperação.

● Instituições Internacionais: Os liberais acreditam que a construção de instituições


internacionais pode transformar as relações entre os atores no sistema internacional.
O presidente dos EUA, Woodrow Wilson, desempenhou um papel importante nesse
contexto, com sua proposta de diplomacia aberta e sua liderança na criação da Liga
das Nações após a Primeira Guerra Mundial.

● Razão e Paz: Os liberais enfatizam mecanismos que potencializam o uso da razão


na resolução de conflitos internacionais. Isso inclui o uso do direito internacional,
arbitragem, mediação, negociação e administração coletiva de conflitos.
● Controle do Exercício do Poder: Assim como no plano doméstico, os liberais
propõem formas de controle do exercício do poder no âmbito internacional. Isso
envolve o uso de instituições, como o direito internacional e organizações, para
limitar o exercício da soberania dos Estados.

● Transparência na Política Externa: Os liberais defendem uma diplomacia mais


aberta e transparente, em oposição à diplomacia secreta que era comum no século
XIX.

● Neoliberalismo Institucionalista: Nas décadas de 1970 e 1980, o domínio realista


nas Relações Internacionais foi desafiado por uma abordagem chamada
neoliberalismo institucionalista. Essa abordagem concentrou-se na importância das
instituições internacionais na promoção da cooperação entre Estados, contrariando
a visão realista de que as instituições eram irrelevantes.

● Autonomia das Organizações Internacionais: O debate sobre a autonomia das


organizações internacionais é abordado, discutindo-se a relação entre os Estados e
as organizações. Estados buscam controlar as organizações, mas as organizações
têm espaço para relativa autonomia na negociação de normas e políticas.

"A tradição liberal é o fundamento de propostas que envolvem o papel das


organizações e do direito internacionais para a geração de mais cooperação e mais
ordem no sistema internacional. Como há uma relação inerente entre razão e paz, há
um enfoque nos mecanismos que potencializam o uso da razão como o direito, a
arbitragem, a mediação, a negociação e a administração coletiva dos conflitos.

Da mesma forma que no plano doméstico, pensadores liberais propõem formas de


controle do exercício do poder. No plano internacional, as instituições como o direito,
as organizações e outras representarão um limite ao exercício do poder dos Estados
e de sua soberania."

Em resumo, o liberalismo nas Relações Internacionais destaca a importância da


cooperação, instituições internacionais e a crença na capacidade de a razão prevalecer
sobre a política do poder. Ele oferece uma perspectiva otimista em relação ao papel das
organizações internacionais na promoção da paz, estabilidade e cooperação entre os
Estados. A tradição liberal tem sido fundamental para desafiar e enriquecer o debate
acadêmico sobre as organizações internacionais.

Neoliberais X Neorrealistas nos anos 80:

Neorrealistas:

● Consideram o poder como a variável central para a compreensão do sistema


internacional.
● Veem as relações de poder como relativas, onde cada Estado busca estar em uma
posição superior na hierarquia de poder do sistema.
● A cooperação só ocorre quando os Estados mais poderosos acreditam que ela serve
aos seus interesses e é difícil de manter.
● Enfatizam a preocupação com a sobrevivência dos Estados em um sistema
anárquico.
● Valorizam recursos de poder militares como fundamentais.
● Sustentam que as instituições internacionais têm um impacto limitado nas relações
internacionais.

Neoliberais:

● Consideram o poder e a circulação de informação por meio das instituições como as


principais variáveis para entender o sistema internacional.
● Veem as relações de poder como absolutas, onde cada Estado busca acumular
recursos de poder.
● Acreditam que as instituições desempenham um papel crucial na facilitação da
cooperação.
● Consideram o processo de transnacionalização, incluindo atores como ONGs, redes
de interesses e grupos de pressão transnacionais, em suas análises.
● Argumentam que as instituições podem diminuir a incerteza no sistema
internacional, tornando a cooperação mais viável.
● Destacam que as instituições desempenham um papel na produção de bens
públicos ou coletivos e podem criar incentivos para a cooperação.
● Os neoliberais institucionalistas acreditam que as instituições internacionais têm a
capacidade de diminuir a incerteza, facilitar a cooperação entre Estados e moldar o
comportamento dos atores. Eles enfatizam a importância da circulação de
informações por meio dessas instituições e a capacidade delas de criar incentivos
para a cooperação.

No entanto, críticos do pensamento liberal apontam sua incapacidade de incorporar


adequadamente o exercício do poder e sua falta de uma perspectiva ética sólida. Além
disso, eles destacam limitações relacionadas ao modelo do ator racional. O debate entre
neoliberais e neorrealistas continua a influenciar a pesquisa em Relações Internacionais e a
discussão sobre o papel das organizações internacionais na governança global.

Funcionalismo:

● Cooperação Funcional e Organizações Transnacionais:


O funcionalismo sugere que os países devem começar a cooperar em áreas muito
específicas e técnicas. Isso significa que em vez de tentar resolver todos os
problemas internacionais de uma só vez, os países devem escolher áreas onde
possam trabalhar juntos de maneira mais fácil. Essas áreas podem ser aquelas em
que todos têm um interesse óbvio em resolver um problema, como comércio, saúde
ou meio ambiente.

A ideia é que, ao trabalhar juntos em problemas técnicos e específicos, os países


podem construir confiança e aprender a cooperar. Isso é semelhante a aprender a
trabalhar bem em equipe, começando com tarefas pequenas e depois avançando
para coisas maiores.

O funcionalismo acredita que, à medida que os países ganham experiência em


cooperar nessas áreas técnicas, eles podem começar a cooperar em áreas mais
difíceis, como segurança internacional.

● Gradualismo e Interdependência:
O funcionalismo defende uma abordagem gradualista para a resolução de
problemas nas relações internacionais. Isso significa que, em vez de buscar
imediatamente soluções abrangentes para questões complexas, o funcionalismo
sugere que a cooperação deve começar em áreas técnicas específicas. Essas áreas
são aquelas em que os interesses comuns entre os Estados podem emergir de
maneira mais natural e onde os problemas são mais facilmente solucionáveis. A
ideia é que, ao resolver questões técnicas em um primeiro momento, os Estados
podem desenvolver um "hábito" de cooperação e aprendizado mútuo.

O "gradualismo" implica que a cooperação não ocorre instantaneamente em todos


os aspectos das relações internacionais, mas começa nas áreas mais acessíveis,
como comércio internacional, cooperação econômica e questões sociais específicas.
À medida que a cooperação se fortalece nessas áreas, ela tem o potencial de se
espalhar para questões mais amplas, como segurança internacional e política.

A interdependência desempenha um papel fundamental no gradualismo do


funcionalismo. A teoria acredita que a crescente interdependência entre os Estados,
devido ao avanço tecnológico e ao aumento do comércio internacional, é um motor
para a cooperação. À medida que os países se tornam mais interligados
economicamente e socialmente, eles têm um incentivo maior para cooperar, pois
seu próprio bem-estar está ligado ao bem-estar de outros países. Essa
interdependência torna mais fácil encontrar áreas de interesse mútuo e facilita a
cooperação técnica nas esferas em que os problemas são mais prementes.

● Soberania Compartilhada:
O funcionalismo propõe que a cooperação técnica não ameaça diretamente a
soberania dos estados, uma vez que não implica na transferência total de
autoridade, mas na compartilhada. Parte da soberania é transferida para novas
autoridades que cuidam de questões específicas.

O funcionalismo enfatiza que a soberania não deve ser superada, mas sim
compartilhada em áreas onde a cooperação é necessária. Isso ajuda a tornar a
cooperação aceitável para os estados, pois a soberania não é sacrificada.

● Causas Sociais dos Conflitos:


O funcionalismo relaciona os conflitos armados a questões sociais, como pobreza,
fome, doenças e baixo nível de educação. A cooperação internacional é vista como
uma maneira de abordar essas questões sociais e, assim, prevenir conflitos.
A perspectiva funcionalista destaca que o foco na cooperação técnica para resolver
problemas sociais é essencial para a promoção da paz e da segurança
internacional.

● Papel dos Especialistas e Organizações Técnicas:


Nas ideias do funcionalismo, o papel dos especialistas e organizações técnicas é
muito importante. Aqui está uma explicação mais simples:

Imagine que existem problemas globais complexos, como mudanças climáticas,


saúde pública ou comércio internacional. Esses problemas requerem conhecimento
especializado para serem tratados de maneira eficaz. O funcionalismo sugere que
especialistas, como cientistas, economistas, médicos e outros profissionais,
desempenhem um papel fundamental.

Esses especialistas trabalhariam em organizações internacionais ou transnacionais,


como a Organização Mundial da Saúde ou a Organização Mundial do Comércio.
Eles usariam seu conhecimento e experiência para encontrar soluções práticas para
esses problemas. Por exemplo, os especialistas em saúde podem trabalhar juntos
para controlar surtos de doenças em todo o mundo.

Além disso, o funcionalismo defende que a cooperação internacional seja conduzida


por essas organizações técnicas, nas quais especialistas de diferentes países
colaboram. Essas organizações não substituem os governos, mas complementam
seus esforços, tornando a cooperação mais eficaz.

● Críticas ao Funcionalismo:
Falta de Política: Algumas pessoas argumentam que o funcionalismo não leva em
consideração o aspecto político das relações internacionais. Eles dizem que ele
separa questões técnicas da política, enquanto na realidade, muitas decisões
políticas influenciam a cooperação internacional.

Complexidade Real: Críticos afirmam que o funcionalismo simplifica demais a


complexidade do mundo real. Problemas internacionais não se encaixam sempre em
categorias técnicas e podem envolver políticas, interesses e valores divergentes.

Soberania Nacional: Muitos países são relutantes em compartilhar sua soberania


nacional com organizações internacionais. Portanto, o funcionalismo pode enfrentar
resistência de estados que não desejam ceder autoridade sobre questões
específicas.

Transbordamento Incerto: O conceito de "transbordamento" implica que a


cooperação em áreas técnicas levará naturalmente à cooperação política mais
ampla. No entanto, isso nem sempre acontece, e a política nacional muitas vezes
prevalece sobre a cooperação internacional.
Em resumo, o funcionalismo é uma abordagem das relações internacionais que destaca a
cooperação técnica gradual, interdependência, soberania compartilhada e o papel das
organizações transnacionais na promoção da paz e da ordem internacional. Embora tenha
enfrentado críticas, o funcionalismo trouxe contribuições importantes para a compreensão
da dinâmica internacional, especialmente em termos de cooperação técnica e
desenvolvimento global.

Marxismo:

● Perspectiva Marxista: Esta perspectiva baseia-se nas ideias de Karl Marx e


considera a estrutura do sistema capitalista como fundamental para entender as
organizações internacionais.

● Acumulação Global: Os teóricos marxistas examinam o processo de acumulação


de riqueza em escala global, destacando como as relações de classe e o interesse
das elites nas potências capitalistas desempenham um papel importante.

● Luta entre Estados e Mercados: De acordo com Susan Strange, a política global
pode ser vista como uma luta entre Estados e mercados.

● Imperialismo: O marxismo analisa o imperialismo, com teóricos como Vladimir


Lenin, que destacam a divisão entre as potências centrais e periféricas no sistema
internacional.

● Dominação Capitalista: Os marxistas veem as organizações internacionais como


instrumentos para gerenciar a competição entre potências imperialistas e manter a
dominação capitalista.

● Visão Crítica: O marxismo traz uma visão crítica das relações internacionais,
questionando a ideia de anarquia como uma característica natural do sistema
internacional.

● Teoria Crítica: A teoria crítica, influenciada por autores como Antonio Gramsci,
argumenta que forças além das relações de classe também moldam a história
humana e a economia política internacional.

● Hegemonia: Autores como Robert Cox enfatizam a importância da hegemonia e


como as elites globalizantes influenciam a construção do consenso através de
instituições da sociedade civil.

● Organizações Internacionais como Arena de Coalizões: Alguns marxistas veem


as organizações internacionais como espaços onde as potências capitalistas formam
coalizões, estabelecem mecanismos de submissão de Estados periféricos e
reproduzem relações de poder.
Dissertação:

A perspectiva marxista na economia política internacional destaca a importância da


estrutura do sistema capitalista e do processo de acumulação global para a compreensão
das organizações internacionais. Para os teóricos marxistas, as organizações internacionais
não são apenas entidades neutras, mas são influenciadas pelos interesses das elites nas
potências capitalistas em manter o sistema de dominação capitalista.

O conceito de imperialismo, introduzido por Vladimir Lenin, enfatiza a divisão entre o centro
do sistema e a periferia menos desenvolvida. As organizações internacionais são vistas
como instrumentos para gerenciar a competição entre essas potências imperialistas.

O marxismo também critica a visão realista da anarquia no sistema internacional,


argumentando que essa anarquia está relacionada ao modo de produção capitalista. Além
disso, a teoria marxista destaca o papel das elites globalizantes na construção do consenso
através das instituições da sociedade civil e na manutenção da hegemonia.

Essa perspectiva oferece uma análise crítica das organizações internacionais e da


economia política global, destacando a importância das relações de classe, da dominação
capitalista e do papel das elites na configuração do sistema internacional.

OTAN

● Formação da OTAN durante a Guerra Fria: A OTAN foi criada em 1949, durante a
Guerra Fria, como resposta à ameaça do comunismo representada principalmente
pela União Soviética. Seu principal objetivo era unir as nações europeias e os
Estados Unidos em uma aliança militar para se defenderem contra possíveis
agressões.

● Mecanismo de Defesa Coletiva: A OTAN estabeleceu o conceito de defesa


coletiva, onde um ataque armado contra um dos membros da aliança seria
considerado um ataque contra todos. Isso proporcionou um "guarda-chuva" de
segurança, especialmente para as nações europeias, sob a proteção dos Estados
Unidos.

● Presença dos EUA e Estabilidade na Europa: A presença dos Estados Unidos na


Europa, através da OTAN, era vista como essencial para a estabilidade da região.
Durante a Guerra Fria, isso serviu como um contrapeso ao poderio militar soviético e
ajudou a manter a unidade dos países europeus.

● Mudanças no Contexto Pós-Guerra Fria: Com o fim da Guerra Fria e o


desaparecimento da ameaça comunista, a justificação para a existência da OTAN foi
questionada. A organização precisou se adaptar a um novo cenário internacional,
caracterizado por uma distinção nebulosa entre amigos e inimigos, que não estava
mais focada na geopolítica.
● Adaptação da OTAN: A OTAN passou por mudanças e adaptações para continuar
relevante. Isso incluiu uma ênfase na promoção de valores democráticos e liberais,
buscando manter a coesão dos membros da aliança por meio de um compromisso
compartilhado com esses princípios.

● Papel das Ideias na Legitimação: O texto discute como as ideias desempenham


um papel na legitimação das ações da OTAN. Embora o discurso público tenha
evoluído para incluir valores como direitos humanos e democracia como justificativas
para a ação, o texto também sugere que a internalização desses valores varia entre
os atores envolvidos.

● Mudança no Papel da OTAN: Durante a Guerra Fria, a OTAN teve um papel mais
ativo na contenção da União Soviética. No entanto, após o fim da Guerra Fria, seu
papel se tornou mais simbólico, refletindo a mudança na dinâmica global.

● Mudança no contexto geopolítico pós-Guerra Fria: O texto destaca como o fim


da Guerra Fria alterou fundamentalmente o cenário geopolítico global. O
desaparecimento da ameaça comunista e a dissolução do Pacto de Varsóvia
impactaram as relações internacionais, levando à necessidade de reavaliar a
definição de segurança.

● Evaporação da ameaça militar direta: O texto enfatiza que a ameaça de ataques


massivos na Europa diminuiu significativamente, à medida que a União Soviética
enfraqueceu e a Guerra Fria chegou ao fim. Isso levanta a questão sobre o que
realmente constitui uma ameaça à segurança na era pós-Guerra Fria.

● Expansão da definição de segurança: O texto introduz a ideia de que a definição


de segurança se expandiu além das preocupações militares tradicionais. Agora,
questões como instabilidade econômica, política e social, rivalidades étnicas e
disputas territoriais são consideradas ameaças à segurança. Isso reflete uma visão
mais holística da segurança.

● Papel da OTAN na promoção de valores democráticos: O texto menciona a


importância da OTAN na promoção de valores democráticos e na consolidação de
instituições democráticas na Europa. Isso sugere um papel mais amplo para a OTAN
na formação do novo contexto de segurança.

● Falta de clareza na definição de ameaças: O texto ressalta que a definição de


ameaças à segurança na era pós-Guerra Fria é imprecisa. Isso significa que não
existe um consenso claro sobre o que constitui uma ameaça à segurança em um
mundo pós-Guerra Fria. Antes, durante a Guerra Fria, a ameaça estava muito mais
centrada em confrontos militares diretos entre os blocos liderados pelos EUA e pela
União Soviética. No entanto, com o fim dessa confrontação, surgiram uma variedade
de novas questões que poderiam afetar a segurança dos países, como crises
econômicas, instabilidade política, rivalidades étnicas e disputas territoriais.

Essa falta de clareza na definição de ameaças à segurança pode ser problemática,


pois torna subjetiva a interpretação do que representa uma ameaça. Em outras
palavras, os países membros da OTAN podem interpretar essas ameaças de
maneira diferente, com base em seus interesses específicos. Isso cria uma margem
para que a Aliança seja usada para atender a interesses políticos específicos, uma
vez que a interpretação subjetiva das ameaças permite que os membros ajam de
acordo com suas agendas políticas.

● Instrumentalização da OTAN: Devido à falta de clareza na definição de ameaças à


segurança, a OTAN pode ser instrumentalizada para servir a objetivos políticos
específicos de seus membros. Isso significa que os países membros podem usar a
Aliança como uma ferramenta para atingir seus próprios interesses, muitas vezes
além das preocupações de segurança tradicionais.

Essa instrumentalização pode ser controversa, pois a OTAN foi originalmente


estabelecida com o propósito de defesa coletiva e manutenção da segurança dos
países membros. Quando a Aliança é usada para objetivos políticos diversos, como
promover valores democráticos ou resolver crises econômicas, isso pode gerar
tensões e divisões entre os membros da OTAN. Alguns podem ver isso como uma
extensão do papel da OTAN na promoção da estabilidade, enquanto outros podem
considerá-lo como uma exploração política da organização.

Em resumo, a falta de clareza na definição de ameaças à segurança e a possibilidade de


instrumentalização da OTAN destacam os desafios enfrentados pela Aliança na adaptação
a um mundo pós-Guerra Fria, onde a natureza das ameaças à segurança se tornou mais
abrangente e complexa.

● 1991: O Conceito Estratégico Original:

➔ Mudança na Percepção de Segurança: Em 1991, após o fim da Guerra Fria, o


conceito de segurança na OTAN passou por uma mudança significativa. A
segurança não se restringia mais à preocupação com ameaças militares diretas,
mas incluía uma "ampla gama de riscos não militares" como fatores políticos,
econômicos, sociais e ambientais.

➔ Prevenção de Conflitos: O documento de 1991 enfatiza a importância da


prevenção de conflitos. A OTAN deveria atuar não apenas na defesa militar, mas
também na prevenção de crises, buscando resolver problemas políticos, econômicos
e sociais que pudessem ameaçar a estabilidade europeia.

➔ Relações Cooperativas: O texto destaca a importância de desenvolver relações


cooperativas com outros países e destaca acordos como o "Combined Joint Task
Force" e o "Partnership for Peace" como exemplos de atividades nesse sentido

➔ Uso da Força Defensiva: Embora o conceito promova a prevenção de conflitos, ele


mantém a ênfase na defesa coletiva e no uso da força somente em autodefesa. Isso
significa que a OTAN só usaria a força caso ocorresse uma ameaça direta a um de
seus membros.

● 1999: O Novo Conceito Estratégico:


➔ Ênfase na Estabilidade: O novo conceito de 1999 reforça a ênfase na estabilidade
como parte central da estratégia da OTAN. Isso significa que a organização vê sua
missão como não apenas responder a ameaças diretas, mas também lidar com
situações de instabilidade na região europeia.

➔ Segurança Multidimensional: A noção de segurança na OTAN é descrita como


multidimensional, abrangendo fatores políticos, econômicos, sociais e ambientais. A
organização reconhece que a segurança não é apenas militar, mas também está
ligada a questões não militares.

➔ Diplomacia Preventiva: O conceito promove a diplomacia preventiva como um


meio de resolver conflitos e manter a paz. A OTAN é vista como um ator político que
busca evitar crises e contribuir para a estabilidade regional.

➔ Mecanismo de Defesa Coletiva: Embora o novo conceito mantenha o mecanismo


de defesa coletiva, ele inverte a relevância de uma ação militar e não militar. Agora,
a ênfase está na prevenção de conflitos e na atuação diplomática antes do uso da
força.

Dissertação:
Os conceitos estratégicos da OTAN em 1991 e 1999 refletem a evolução do pensamento da
organização diante dos desafios que surgiram após o fim da Guerra Fria. Em 1991, a
ênfase foi colocada na ampliação da percepção de segurança, reconhecendo que a
segurança não era apenas uma questão militar, mas também estava ligada a fatores
políticos, econômicos e sociais. Além disso, a prevenção de conflitos e o desenvolvimento
de relações cooperativas com outros países foram destacados.

No entanto, em 1999, houve uma mudança significativa na estratégia da OTAN. A ênfase na


estabilidade tornou-se central, e a organização adotou uma abordagem mais
multidimensional da segurança. A diplomacia preventiva ganhou destaque como um meio
de resolver conflitos e manter a paz, e a OTAN passou a ser vista não apenas como uma
aliança militar, mas como um ator político que busca evitar crises.

Essa mudança de ênfase na estratégia da OTAN reflete o reconhecimento de que os


desafios à segurança na era pós-Guerra Fria são mais complexos e abrangentes do que as
ameaças militares diretas. A organização entende que a segurança está intrinsecamente
ligada a fatores políticos, econômicos e sociais, e, portanto, deve adotar uma abordagem
mais ampla para lidar com esses desafios.

Em resumo, os conceitos estratégicos de 1991 e 1999 mostram a adaptação da OTAN a um


ambiente de segurança em constante evolução, reconhecendo a importância da prevenção
de conflitos, da diplomacia preventiva e do uso da força apenas como último recurso. Essas
mudanças refletem a compreensão de que a segurança no mundo contemporâneo vai além
das ameaças militares tradicionais e requer uma abordagem mais abrangente e
cooperativa.
Segurança Coletiva e a Liga das Nações/ONU

O conceito de segurança coletiva envolve uma forma de cooperação entre Estados para
evitar a agressão e a manutenção da paz internacional. Este sistema baseia-se na criação
de um mecanismo internacional que exige compromissos dos Estados para evitar a
agressão e reagir coletivamente caso ocorra. Alguns pontos-chave incluem:

● Cooperação para a Segurança: Estados cooperam em questões de segurança por


meio de alianças, tratados de controle de armas, resolução de disputas e outros
mecanismos. A segurança coletiva é vista como uma forma de conter a agressão e a
guerra por meio da ameaça crível de uma reação coletiva.

● Crença na Racionalidade e na Paz: A segurança coletiva parte do pressuposto de


que os Estados são atores racionais e evitariam a guerra devido ao medo de uma
reação internacional conjunta. Isso se baseia na crença de que a lógica do sistema é
mais poderosa do que os motivos por trás da agressão, sejam eles racionais ou
emocionais.

● Normas de Uso da Força: O sistema de segurança coletiva modifica as normas de


intervenção militar. O uso da força passa a ser subordinado à autorização
internacional, com exceção do direito de autodefesa. Garantir a ordem internacional
se torna o motivo legítimo para o uso da força.

● Liga das Nações: A Liga das Nações foi a primeira tentativa de estabelecer um
sistema de segurança coletiva após a Primeira Guerra Mundial. Foi criada com a
ideia de congregar todos os Estados soberanos que escolhessem participar,
independentemente de seu tamanho ou poder. A liga tinha como objetivo evitar
futuros conflitos e promover a paz por meio da cooperação internacional.

● Princípios Liberais e Democráticos: O pensamento liberal, particularmente


personificado pelo presidente dos EUA, Woodrow Wilson, influenciou a criação da
Liga das Nações. A liga incorporou a ideia de que a paz está ligada a regimes
políticos democráticos e à autodeterminação dos povos.

● Divisão de Poder: A Liga das Nações incorporou uma estrutura organizacional que
incluía um Conselho (órgão executivo) e uma Assembleia (todos os
Estados-membro com representação igualitária). O sistema funcionaria com base na
unanimidade de decisões, refletindo o respeito pela soberania dos Estados.

A Liga das Nações foi a primeira tentativa importante de estabelecer um sistema de


segurança coletiva global, embora tenha enfrentado desafios significativos, como a
ausência dos Estados Unidos e da União Soviética. Apesar de sua dissolução e o fracasso
em evitar a Segunda Guerra Mundial, a ideia de segurança coletiva influenciou a criação da
Organização das Nações Unidas (ONU) após a Segunda Guerra Mundial. A ONU continua
a ser um exemplo atual de um sistema de segurança coletiva, embora enfrente desafios
semelhantes de garantir a paz e a cooperação internacional.
ONU:

● Criação da ONU: Durante a Segunda Guerra Mundial, as potências aliadas


começaram a trabalhar na criação de uma nova organização internacional para
promover a segurança e a paz no pós-guerra. As negociações levaram à criação da
ONU em 1945.

● Princípios Fundamentais: A ONU é baseada no princípio da igualdade entre


Estados soberanos. Ela foi criada para impedir o uso unilateral da força contra a
integridade territorial ou independência de qualquer Estado, com foco na resolução
pacífica de disputas.

● Órgãos Principais da ONU: A ONU é composta por seis órgãos principais: o


Conselho de Segurança, a Assembleia Geral, o ECOSOC (Conselho Econômico e
Social), o Conselho de Tutela, a Corte Internacional de Justiça e o Secretariado.
Cada um desempenha funções específicas na administração da segurança e em
outras áreas.

● Conselho de Segurança: O Conselho de Segurança é responsável pela


administração da segurança e pode tomar medidas como sanções e operações de
paz para enfrentar ameaças à paz e segurança. Cinco membros permanentes (EUA,
Reino Unido, França, Rússia e China) têm poder de veto, o que fortalece a sua
autoridade.

● Assembleia Geral: A Assembleia Geral é o órgão mais representativo da ONU,


onde os Estados discutem questões variadas. Ela desempenha um papel
fundamental na formação de normas e tratados do direito internacional, além de
aprovar orçamentos e realizar revisões da Carta.

● Secretariado: O Secretariado, liderado pelo Secretário-Geral, desempenha um


papel central na prevenção e resolução de crises, além de administrar a
organização. A personalidade e a postura dos Secretários-Gerais tiveram impacto
em suas atuações.

● ECOSOC: O Conselho Econômico e Social coordena as atividades das agências e


programas especializados da ONU, com foco em questões econômicas, sociais,
ambientais, de saúde pública, culturais, educacionais e direitos humanos.

● Corte Internacional de Justiça: A Corte Internacional de Justiça, localizada em


Haia, resolve disputas legais entre Estados e emite opiniões sobre questões legais.
Ela contribui para a resolução pacífica de conflitos.

Operações de Paz da ONU

As operações de paz da ONU são empreendimentos complexos e multifacetados que visam


à promoção da paz, segurança e estabilidade em áreas afetadas por conflitos armados ou
tensões políticas. Essas operações representam uma parte significativa das atividades da
ONU e envolvem uma variedade de tarefas e estratégias para lidar com situações de
conflito e pós-conflito. Abaixo estão alguns aspectos importantes relacionados às operações
de paz da ONU:

● Objetivos principais: As operações de paz da ONU têm como objetivo primordial


estabelecer e manter a paz e a segurança em regiões afetadas por conflitos, além
de auxiliar na reconstrução e na promoção do desenvolvimento econômico, social e
político.

● Mandato: Cada operação de paz da ONU é estabelecida com base em um mandato


específico aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU. O mandato define as
metas, as funções, os limites geográficos e o período de atuação da missão.

● Forças multinacionais: As operações de paz frequentemente envolvem o envio de


forças multinacionais compostas por militares, policiais e outros profissionais de
diversos países membros da ONU. Essas forças podem ser usadas para monitorar
cessar-fogos, desarmar grupos armados, proteger civis, supervisionar eleições e
apoiar a reconstrução de instituições governamentais.

● Princípios da paz da ONU: As operações de paz da ONU são baseadas em


princípios-chave, incluindo consentimento das partes envolvidas, imparcialidade, uso
da força apenas em autodefesa e aprovação do mandato pelo Conselho de
Segurança.

● Complexidade das operações: As operações de paz podem variar


significativamente em termos de escala e complexidade. Algumas envolvem uma
presença pequena e não armada, enquanto outras consistem em missões
multidimensionais com milhares de soldados e pessoal civil.

● Construção da paz: Além do aspecto militar, as operações de paz da ONU


frequentemente incluem atividades relacionadas à construção da paz, como o apoio
à reconciliação, à reforma do setor de segurança, à promoção dos direitos humanos
e à assistência humanitária.

● Desafios: As operações de paz enfrentam diversos desafios, incluindo a falta de


recursos, o risco para os funcionários das missões, a complexidade das situações
de conflito e as limitações políticas, como a resistência das partes em conflito à
presença da ONU.

● Resultados variados: A eficácia das operações de paz varia, e nem todas


conseguem atingir seus objetivos plenamente. Alguns conflitos são resolvidos com
sucesso, enquanto outros persistem ou pioram. O sucesso das operações de paz
depende de muitos fatores, incluindo o apoio das partes envolvidas, o mandato da
missão, o compromisso dos Estados contribuintes de tropas e a coordenação eficaz.

● Exemplos notáveis:
MONUSCO (Missão das Nações Unidas para a Estabilização na República
Democrática do Congo): Esta é uma das maiores e mais complexas operações de
paz da ONU. Estabelecida em 2010 na República Democrática do Congo, a
MONUSCO visa apoiar o governo congolês na estabilização do país, na proteção de
civis e no combate a grupos armados. No entanto, a missão enfrenta desafios
significativos devido à vasta extensão geográfica da RDC, à presença de diversos
grupos rebeldes e à complexa dinâmica política do país.

UNIFIL (Força Interina das Nações Unidas no Líbano): Estabelecida em 1978, a


UNIFIL tem a missão de monitorar a cessação de hostilidades no sul do Líbano, em
uma área próxima à fronteira com Israel. A missão foi reforçada em 2006 após o
conflito entre o Hezbollah e Israel. A UNIFIL é um exemplo de uma operação de paz
de longa data, destacando os desafios de manter a estabilidade em uma região
volátil.

MINUSTAH (Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti): Estabelecida


em 2004 após uma crise política no Haiti, a MINUSTAH tinha como objetivo apoiar a
estabilização política, promover o Estado de direito e auxiliar na reconstrução após
desastres naturais, como o terremoto devastador de 2010. A missão desempenhou
um papel fundamental na restauração da ordem e na organização de eleições
democráticas.

UMAMID (Missão de Assistência das Nações Unidas para o Iraque):


Estabelecida em 2003 após a invasão liderada pelos EUA no Iraque, a missão tinha
como objetivo facilitar a transição para um governo democrático e apoiar a
reconstrução do país. No entanto, a UMAMID enfrentou desafios significativos de
segurança devido à instabilidade pós-invasão.

Esses exemplos demonstram a diversidade de contextos em que as operações de


paz da ONU são implantadas. Cada missão enfrenta desafios únicos e requer
abordagens específicas para lidar com conflitos, governança, direitos humanos e
desenvolvimento. Além disso, essas operações refletem a natureza evolutiva das
operações de paz, que têm se expandido para incluir não apenas a manutenção da
paz tradicional, mas também a promoção da paz, a proteção de civis e a construção
de instituições democráticas.

● Evolução das operações de paz: Ao longo do tempo, o conceito de operações de


paz evoluiu para incluir uma gama mais ampla de tarefas, como promoção da
justiça, proteção de direitos humanos e prevenção de conflitos. Também houve um
aumento no uso de forças regionais e sub-regionais para apoiar as operações de
paz da ONU.

As operações de paz da ONU continuam a desempenhar um papel importante na promoção


da paz e da segurança internacionais, apesar dos desafios que enfrentam. Elas refletem o
compromisso da comunidade internacional em buscar soluções pacíficas para conflitos e
contribuir para um mundo mais seguro e estável.

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