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Texto 6 - Morgenthau – A Política entre as nações – Cap 1, 2 , 3 e 9

 Cap. 1 – Uma teoria realista da política internacional

Morgenthau nos introduz que o objetivo do livro é de propor uma teoria sobre política
internacional, portanto ele a submete a uma natureza empírica e teórica, ou seja, ser testado
de acordo com seu propósito de ser coerente com os fatos e trazer sentido.Em seguida o
autor fala que a teoria tem pôr fim a natureza e uma preocupação com a natureza humana.
Finalizando o primeiro capítulo nos apresenta 6 princípios do realismo político: 1) O
realismo político acredita que a política, como aliás a sociedade em geral, é governada por
leis objetivas que deitam suas raízes na natureza humana, ou seja, essas leis objetivas focam
em compreender que se consegue fazer uma análise dos Estados pois conseguimos analisar
os indivíduos pois tem algo e em um certo contexto, que os assemelha, além de que os
Estados vão buscar acumular poder pois ninguém pode garantir sua segurança, como na
natureza humana, sempre verificando os fatos e dando um sentido a eles, pelo uso da razão;
2) Aqui, Morgenthau nos salienta do conceito de que o interesse na política internacional e
no realismo político é definido em termos de poder. O estado só age de forma interessada
quando está buscando poder. A história comprova que políticos agem assim, em termos de
interesse definido por poder, permitindo até remontar ou antecipar passos de um político. É
importante nesse ponto citar que a teoria realista não se preocupa com motivos particulares
ou preferências ideológicas, apenas interesses definidos como poder; 3) Parte do princípio
que seu conceito chave de interesse definido como poder é uma categoria objetiva
universalmente válida, mas não é fixo, ou seja, todo Estado buscará poder nos termos do seu
interesse próprio, mas mesmo buscando poder, nem sempre o mesmo poder, pois pode ser
um poder militar, as vezes econômico e etc.; 4) Reconhece a significação moral da ação
política e a inevitável tensão entre a moral e o êxito na política, portanto, percebe a
dificuldade de agir de forma racional porque nem todas as ações parecem contribuir para
sociedade, como por exemplo a guerra que é feita para a permanência do Estado, mas
implica em morte. Só que mesmo assim o Estado precisa se preocupar com a moral do
Estado. Não precisa agir em função dos indivíduos, e sim pela sobrevivência do Estado; 5)
Não reconhece que as aspirações morais de uma nação são identificáveis com as leis morais
que são uteis para todos, visto que, ações morais são contabilizadas como algo válido, estou
no caso impondo a minha vontade. Para criar teorias, é necessário esquecer as
particularidades como questões culturais, valores e etc. e sim enxergar o que é de objetivo
entre os estados, criando assim uma linha de raciocínio; e finalmente 6) Morgenthau nos
salienta sobre a especificidade do realismo político que tem uma atitude singular no
tratamento à política. Os cinco elementos citados anteriormente são formas de observar um
único objeto: a política internacional.
 Cap.2 – A ciência da política Internacional
Nesse capítulo, Morgenthau nos elucida mais sobre a política internacional, seus enfoques,
seus problemas e limites para compreensão e dá exemplos para esses casos. O objetivo da
obra é evidenciar as forças que determinam a política entre as nações e entender como essas
forças atuam e influenciam outros autores.
O autor nos traz que há limitações para a compreensão dos temas das relações
internacionais. Como a ambiguidade, já que os eventos são sempre únicos e de
circunstâncias de particularidades específicas e com diferenças consideráveis entre si;
porém, são instruídos por manifestações de forças sociais, ou seja, de ação de natureza
humana, então você percebe que apresentam semelhanças entre si. Morgenthau cita
Montaigne nesse capítulo para falar disso: “Assim como nenhum acontecimento ou forma
(...) é inteiramente idêntico a um outro, pode-se também dizer que nenhum deles é
inteiramente diferente de um outro”.
Outra limitação é a imprevisibilidade própria da análise política, principalmente política
internacional. Morgenthau usa como exemplo uma possível catástrofe nuclear,
evidenciando essa série de incertezas a respeito do potencial de destruição da catástrofe e da
capacidade de reconstrução do povo que sobreviveu. Não dá para ter certeza do que vai
acontecer, apenas ter pressentimentos que poderiam acontecer, ou não. Assim, “a primeira
lição a ser aprendida e jamais esquecida, pelo estudante de política internacional consiste
em entender que as complexidades dos assuntos internacionais tornam impossíveis
quaisquer profecias simples e fidedignas.” (Pág.38) Então, o que pode ser melhor para um
analista da política internacional, é identificar as tendências, e as condições para essa
tendência ser mais provável que outras, qual tem maior potencial de encaixar em uma
realidade específica e etc.
Uma outra limitação a compreensão é a multiplicidade de fatores. O autor nos mostra que
esse caso, influencia várias decisões políticas, desencadeando muitas questões relevantes
para a política internacional. Junto com a imprevisibilidade, novamente é impossível para o
analista ter acesso e compreensão a respeito desses fatores, levando a conclusões errôneas e
inibe sua capacidade de predições concretas em sua análise das relações internacionais.
O autor, no final do capítulo, assume que há uma impossibilidade de neutralidade na
construção de análises e teorizações em volta da política internacional. “Nenhum estudo
sobre política (...) poderá ser visto como desprovido de interesse” (Pág.42) Também nos
demonstra as que as preocupações centrais da obra, são a guerra e paz.
 Cap.3 – Poder Político
Para Morgenthau, a força condutora da política externa das nações e da política
internacional é sempre a luta por poder. Interessante apontar que o autor coloca a
cooperação técnica entre nações e organizações internacionais como não políticas, que pode
ser um ponto bastante questionável mais para frente em outras teorias.
Em seguida, o autor destaca duas características da política internacional: 1) nem toda
relação entre nações é de natureza política, ou seja, nem todas as ações de uma nação
afetam seu poder. Morgenthau menciona nesse caso atividades legais, econômicas,
humanitárias e culturais. Outro ponto que pode ser bastante questionável em outras teorias;
2) nem todas nações estão o tempo envolvidas com a política internacional. O autor explicar
que as relações das nações seriam extremamente dinâmicas, modificando-se de acordo com
as relações de poder. No exemplo mostrado, EUA e URSS estavam em um nível de
envolvimento absoluto, e também tinham países como Liechtenstein e Mônaco, que não
tinham envolvimento nenhum.
No ponto seguinte, o autor conceitua que poder é a capacidade de um homem exercer
controle sobre as mentes e ações de outros homens, e especificamente no âmbito do poder
político, o conceito muda para a capacidade de uma autoridade pública exercer controle
sobre outra e destas exercerem controle sobre o povo. Devido a esse conceito, Morgenthau
se vê necessário fazer quatro distinções: 1) poder e influência: a influência pode ser
exercida por quem tem o poder, mas não de modo a controlar a ação deste; 2) poder e
violência: o uso da violência significa para Morgenthau substituir o poder político pelo
poder militar.
 Cap.9 – Elementos do poder nacional

O autor nesse capítulo nos discerne sobre os elementos do poder nacional, que são fatores
variados que podem explicar o poder de uma nação em face das outras, quais são seus
componentes e como determinamos a força de nações. Ele distingue em dois grupos desses
elementos: os relativamente estáveis e os que estão sujeitos a mudanças constantes. Citarei
um exemplo em cada caso, ou um exemplo que poderá se encaixar vários fatores.
Começando pela categoria dos estáveis, um fator óbvio é a geografia. É o recurso mais
estável, pois ele é dado para as os Estados, faz parte. Não se poder alterar isso, sendo que
cada um tem seu território. Um exemplo claro desse fator é o caso dos Estados Unidos ser
separado de outros continentes pelo oceano. São 3 mil milhas de extensão de água a leste e
de mais de 6 mil milhas a oeste. Essa localização geográfica é fundamental e de importância
permanente, que as políticas externas de todos os países precisam levar em conta. Outro
fator estável importante são os recursos naturais. Um país que é autossuficiente, conta
com uma grande vantagem inicial sobre qualquer outro, pois não precisa necessitar sempre
de importar alimentos que não produz. Podemos juntar esse fator, com o caso da geografia.
Pois se você tiver um território, e uma geografia, boa para obter alimentos, através da
plantação, você consegue ser mais autossuficiente e assim alimentar seu povo em períodos
de guerra. Como a Inglaterra que antes da 2º GM, só produzia cerca de 30% dos alimentos
consumidos, então dependia da importação de outros países, e isso poderia ser crucial em
períodos de guerra. Outro ponto dos recursos naturais, é a matéria-prima, como os minérios
de ferro, de urânio, água e outros pontos. Porém esse elemento de poder depende bastante
da tecnologia bélica daquele determinado período. Nos séculos passados, o carvão era o
recurso mais precioso, devido ao seu uso como energia, isso fazia a Inglaterra a mais forte
do mundo. Hoje em dia, a matéria prima que mudou a ideia de poder no mundo, foi o
urânio, criando em sequência as armas nucleares. Quem tem o domínio desse recurso
natural, tem maior chance de desenvolver um poder bélico e industrial. Esse exemplo do
urânio nos demonstra outro fator dos recursos naturais, a capacidade industrial de um país,
se tiver, é de extrema importância para o poder nacional. Se um país com tecnologia
avançada, como EUA e URSS, tiverem acesso a capacidade industrial de manipular esse
material, como assim fizeram, poderia criar uma arma que poderia destruir o mundo. Como
contraponto, o Congo dispõe de vários minérios de urânio, porém como não tem capacidade
industrial para tal, não tem poder em relação às outras nações.

Porém todos esses fatores citados anteriormente fazem sentido se o grau de preparação
militar confere importância para determinar o poder de uma nação. É obvio que o poder
nacional depende do grau militar, em alguns aspectos como a tecnologia daquela nação, se
ela for bem desenvolvida, poderá usar os recursos naturais e até de sua geografia para ter
mais poder nacional. Um belo exemplo disso são os submarinos alemães na 1º GM, que por
um momento pareceu ser a chave capaz de decidir aquela guerra para a Alemanha. A
liderança é um fator importante também pois não importa ter todos os fatores anteriores, se
o líder não saber exercer essa influência decisiva sobre um país inteiro e claro, quantidade e
qualidade das forças armadas é algo essencial. Se há uma geografia para caber um grande
exército, recursos naturais para alimentar esse exército, matéria prima mais capacidade
industrial para fazer o armamento bélico e também, uma grande população, outro fator de
poder deveras óbvio, com algumas tendências para mais homens em faixa de 20 a 40 anos,
você tem um forte e numeroso exército em seu país. Nenhum país será a mais forte só por
ter uma população gigantesca, pois depende de outros fatores para saber como ela vai lidar
com esse número enorme de pessoas. Exemplos disso são Índia e China com cada uma
tendo uma população de 1 bilhão.

A índole nacional e a moral nacional se destacam ambos por ser caráter fugidio, no que
diz respeito à prognose racional, e por sua influência permanente e muitas vezes decisiva
sobre o peso que uma nação é capaz de jogar na balança da política internacional (p.251).
Interessante apontar que essas qualidades apartam uma nação das demais e revelam um alto
grau de resistência a mudanças. Um exemplo de índole nacional é o sentimento de
antimilitarismo, o serviço militar obrigatório e a aversão a exércitos profissionais, são
características da índole nacional de americanos e britânicos. A moral nacional, mas esquiva
e sutil, porém menos estável constitui o grau de determinação como que a nação apoia as
políticas externas de seu governo na guerra ou na paz. Sob a forma de opinião pública, ele
proporciona um fator intangível, sem cujo apoio nenhum governo, seria capaz de
implementar as políticas com grande efetividade, não importa quantos recursos estáveis
tenha (recursos naturais, população, grau de preparação militar e etc). Sempre que a nação
for suscitada, por motivos de problema internacional, será importante, e não somente em
épocas de guerra, pois a moral ajuda a dar mais governabilidade. A qualidade da
diplomacia talvez seja um dos fatores de formação de poder mais importante de uma nação,
mesmo instável. Pois para a realização do poder nacional, necessita uma condução das
questões internacionais por esses diplomatas, assegurando o poder em tempos de guerra
também. Aqui reúne os diferentes elementos do poder nacional para produzir o maior efeito
possível sobre aqueles pontos na situação internacional, que dizem a respeito mais
diretamente aos interesses nacionais. Empregado com máximo proveito, essas
potencialidades de poder podem ser ampliadas o poderio do país além do nível que se
esperaria. E a Qualidade do governo, que é um fator que mistura a moral, a índole e uma
governabilidade, junto com apoio populacional. Pois precisa ter equilíbrio entre os recursos
materiais e humanos que entram na formação do poder nacional e de outro a política externa
a ser implementada; equilíbrio entre os recursos disponíveis e apoio popular a política
exterior a ser executada. Com esses 3 pontos, se tem uma boa qualidade de governo.

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