Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Demografia política e
políticas de segurança
Teresa Rodrigues
Aline Santos
Introdução
57
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
1
Este texto é baseado em Rodrigues, T., 2015 e Rodrigues, T., Dinâmicas demográficas e Segu-
rança. Jogo de Espelhos, Proelium, Academia Militar, 2018 (no prelo).
58
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
2
VUCA é o acrónimo de Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade. O U.S. Army War
College utilizou esse conceito para explicar o mundo no contexto pós-Guerra Fria nos anos 90, mas
só recentemente começou a ser usado em vários setores, nomeadamente estatais e empresariais.
59
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
60
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
61
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
62
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
63
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
64
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
65
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
3
A primeira engloba respostas a ameaças militares, a segunda representa desafios de cariz politica,
social económica ou cultural e identitária, que poderão constituir futuras ameaças à sobrevivência
do Estado. A demografia assume uma posição de fundamental relevância para a equação do poder
relativo ao sistema internacional e para a definição da estratégia securitária e de defesa nacional.
4
Entende-se por macrodemográfico o estudo do volume, idade, sexo e distribuição espacial de
dado universo populacional.
66
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
67
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
68
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
69
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
5
A origem da Teioria da Transição Demográfica é atribuída a W. Thompson (1929), mas só ganha
força nos anos 40 do século XXl, quando Frank Notestein e Kingsley Davis definiram as fases de
transição por que parecem passar todas as populações do mundo: após um período milenar de
natalidade relativamente estável e mortalidade sujeita a grandes variações, inicia-se a primeira fase
de transição. A mortalidade diminui, a fecundidade permanece alta e o crescimento populacional é
rápido. Mas de seguida a fecundidade começa a descer também, a par da mortalidade e o aumento
populacional torna-se mais lento. No final fecundidade e mortalidade estabilizam a níveis baixos e
são os níveis de fecundidade que determinam o ritmo de crescimento populacional, que em muitos
casos é nulo ou negativo. Hoje são as diferentes fases em que se encontram as populações que
explicam as assimetrias regionais de crescimento (Rodrigues e Henriques, 2009).
70
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
análise de tipo regional ou local (aquela em que é correto situar qualquer refle-
xão sobre esta matéria) é impossível garantir o modo como as alterações espe-
radas poderão representar uma mais-valia ou um constrangimento em termos
de segurança. Ou seja, não basta uma caracterização demográfica simples: a
correta rentabilização das vantagens da AD exige uma análise crítica e a passa-
gem para os niveis de contextualização e interpretação que são específicas à DS
e à AP, esta última no caso de introduzimos uma ótica prospetiva na análise.
71
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
Mais do que reconhecer a importância que pode ser atribuída aos volumes
da população, importa monitorizar o modo e as direções geográficas da sua
dinâmica. As tendências demográficas influenciam a segurança humana e a
estabilidade política de todas as sociedades. Em termos práticos, os efetivos
populacionais podem constituir uma janela de oportunidade ou um fator
desestabilizador e é necessário ter sempre em vista o impacto das suas dinâmi-
cas e caraterísticas, embora estas não desencadeiem de per si conflitualidade
aberta. São as dinâmicas da população uma ameaça à segurança coletiva ou
uma maisvalia para essa mesma segurança?
Um dos objetos de estudo da Demografia Politica toca precisamente no
ponto que mais nos importa neste texto: a identificação dos determinantes
políticos das dinâmicas da população, sobretudo as causas políticas da circu-
lação de pessoas e os efeitos das características e alterações das estruturas
etárias nas funções do Estado. Falamos, designadamente, das regras que
permitem construir políticas públicas que se preocupam em adequar e otimi-
zar os recursos humanos e materiais das forças publicas de segurança ao
volume, composição e distribuição demográfica dos cidadãos a que se diri-
gem. Falamos das opções e prioridades assumidas para responder eficazmen-
te às necessidades mais urgentes. E falamos ainda de uma postura que olhe o
presente para além dele, ou seja, à luz do futuro, única forma de garantir a
promulgação de medidas sustentáveis e simultaneamente ajustáveis ao con-
texto de mudança rápida, que caracteriza as sociedades contemporâneas. Ou
seja, que considere os futuros possíveis e atue não apenas ou sobretudo
numa lógica reativa, mas sim numa lógica preventiva e pró-ativa.
No caso especifico da segurança, a relação ambígua e polivalente entre as
duas partes da equação pode ganhar objetividade se a olharmos sob três pris-
mas distintos, embora não estanques (Figura 3.2). Os dois primeiros determi-
nam as probabilidades de estabilidade ou conflito, na dupla asserção de paz e
coesão dentro das fronteiras políticas (não necessariamente estatais).
Em termos gerais, o primeiro remete-nos para o modo como as dinâmicas e
características de composição etária, por sexos ou origem étnica influenciam a
identidade, coesão e estabilidade interna de dada sociedade; o segundo para a
forma como uma sociedade é influenciada na sua composição, características e
perceções de segurança pelo contexto exógeno, porque não existem universos
72
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
73
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
6
A pesquisa divide os países em quatro categorias: muito jovens (mais 67% da população com
menos de 30 anos e tempo de duplicação em anos menor de 35); jovens (60-67% da população
com menos de 30 anos, 35-50 anos de tempo de duplicação), em transição (45-60% abaixo dos
30 anos, 50-125 anos de tempo de duplicação) e maduro (30-45% abaixo dos 30, mais de 125
anos de tempo de duplicação) (Population Action International, 2014).
74
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
7
Os exemplos conhecidos de formação de grupos armados com base em população refugiada
tiveram apoio externo, como sucedeu nos anos 90 quando o Paquistão apoiou os afegãos
refugiados e viabilizou o aparecimento dos talibãs. (Carrion, 2015).
75
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
ção. Paradoxalmente, embora esta última seja olhada como um fator impul-
sionador para o aparecimento ou intensificação de novos problemas, a inves-
tigação académica pouco tem examinado a relação entre a nova agenda de
segurança e a economia política.
No mundo atual o desafio colocado pelas ameaças de conflito está a ser
profundamente transformado. O novo conceito de segurança acentua a
importância da modernização socioeconómica como garantia potenciadora
de segurança individual e coletiva e procura fomentar o papel da diplomacia
internacional e reduzir a intervenção externa, evitando formas tradicionais de
conflito entre Estados. Conceitos como os de governança global e de manu-
tenção da paz adquirem um destaque merecido no sistema internacional,
mesmo quando os seus resultados em termos de quotidiano das populações
sejam pouco evidentes. Segurança externa e segurança interna tornam-se
duas faces da mesma moeda, pelo que os responsáveis políticos tendem a
privilegiar a prevenção, recorrendo a modelos mais ou menos musculados.
O NIC (2013) dá como certo o declínio dos países ocidentais, em larga
medida causado pela redução do potencial humano. Até 2030 prevê a conso-
lidação do Mundo multipolar, baseado no pilar económico, cujo centro vital
desliza dos países tradicionais para os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul), que entram em concorrência direta com os antigos estados
dominantes (Japão, Alemanha, França e Reino Unido). Na segunda linha apa-
recem várias potências intermédias com demografias em alta e fortes taxas
de crescimento económico, chamadas a tornarem-se também pólos hege-
mónicos regionais com influência mundial (Colômbia, Indonésia, Nigéria,
Etiópia, Turquia, Vietname). As assimetrias intra e inter-regionais agudizar-se-
ão, caso não exista uma restruturação ao nível da segurança internacional e
da governança mundial.
As disparidades de desenvolvimento entre países e regiões, associadas
aos diferenciais demográficos impulsionam a mobilidade humana. Se esta for
potenciada e bem gerida poderá ajudar a resolver alguns dos dilemas demo-
gráficos que algumas regiões já enfrentam: na Europa temos uma população
envelhecida e escassez de mão-de-obra, enquanto no mundo em desenvol-
vimento temos uma população muito jovem, incapacidade de absorção do
mercado de trabalho de potenciais trabalhadores e falta de oportunidades
laborais. As migrações (emigração, imigração e migrações internas) são as
variáveis chave no futuro das dinâmicas demográficas, embora sejam as de
maior incerteza (Rodrigues, 2012).
76
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
77
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
Figura 3.3. A demografia como vetor para o equilíbrio, coesão e identidade social
78
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
79
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
80
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
81
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
82
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
Bibliografia
83
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
84
DEMOGRAFIA POLÍTICA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA
85
MODELOS PREDITIVOS E SEGURANÇA PÚBLICA
86