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DEMOGRAFIA
Prefácio
Introdução
2. TEORIAS DEMOGRÁFICAS
2.1. PRIMEIROS ESCRITOS SOBRE A POPULAÇÃO E A CONSTITUIÇÃO DA
CIÊNCIA DEMOGRÁFICA
2.2. OS PRIMEIROS DEMÓGRAFOS
2.3. TEORIA DA TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
2.4. O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO
7. AS MIGRAÇÕES
7.1. O QUE É MIGRAÇÃO?
7.2. DETERMINANTES DA MIGRAÇÃO
7.3. MIGRAÇÃO INTERNACIONAL
7.4. IMPACTOS DA MIGRAÇÃO
7.4.1. Impacto no tamanho, composição da população e nas taxas de
crescimento
7.4.2. Impacto na Força de Trabalho e na economia
7.4.3. Impacto na composição social
7.5. ANÁLISE DOS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS
7.6 PROBLEMAS E POLÍTICAS DE MIGRAÇÃO
8. DISTRIBUIÇÃO, MUDANÇA E POLITICAS DE POPULAÇÃO
8.1. EVOLUÇÃO DA POPULAÇÂO NO MUNDO ATUAL
8.2. DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO
8.2.1. Distribuição Residencial (geográfica) e urbanização
8.3. POLÍTICAS DE POPULAÇÃO
8.3.1. Como os governos afetam os processos demográficos
8.3.2. As conferências sobre população e desenvolvimento
8.3.3. Políticas que afetam a fecundidade, a mortalidade e a migração
Glossário
Referências bibliográficas
Anexos
PREFÁCIO
Os demógrafos têm as ferramentas e uma perspetiva global para melhorar a vida das
gerações atuais e futuras. Usando dados empíricos, baseados em evidências, os
demógrafos moldam a política governamental e contribuem com ideias para a melhoria
da sociedade. Na sua essência, a Demografia é um campo interdisciplinar extraído de
uma diversidade de disciplinas, incluindo ciências da saúde, epidemiologia, economia,
sociologia, antropologia, história, políticas públicas, matemática e estatística.
Pretende-se que este livro, sendo acessível ao público em geral que tenha interesse pelo
tema, forneça ao estudante um acompanhamento da matéria, por meio de síntese e
esquematização de conteúdos, conceitos e problemáticas que nele são abordados;
agregar as informações disponíveis, atuais e complementares que contribuam para a
continuidade lógica e epistemológica da sequência de aprendizagem proposta no
programa da disciplina; oferecer ao estudante pistas e instrumentos que lhe permitam
o exercício, a consolidação e o aprofundamento da aprendizagem.
Finalmente, pretende-se com este e-book, que o leitor tenha a capacidade de aplicar
técnicas adequadas de análise das variáveis do sistema demográfico, como sejam os
volumes populacionais, estruturas etárias, natalidade/ fecundidade, mortalidade e
mobilidade populacional; explicar a ligação entre os comportamentos demográficos e a
evolução do estado da população; e, por último, identificar alguns efeitos da dinâmica
do sistema demográfico sobre a organização e estruturação das sociedades
contemporâneas.
1. UMA INTRODUÇÃO À DEMOGRAFIA
Objetivos
De acordo com Poston & Bouvier (2017, p.3-4), “A Demografia é a ciência das
populações e a ciência social que estuda e examina:
Um dos aspetos mais interessantes da Demografia é que quase todos os tópicos são
relevantes para algo que já se vivenciou ou ainda se irá vivenciar em algum momento
da vida.
Vejamos alguns exemplos, através das seguintes perguntas:
4. Vai ter filhos? Quantos filhos irá ter? Vai ter netos? Irá estar vivo para ver os seus
netos? E os seus bisnetos?
5. Quantas vezes mudará de residência na vida? Vai mudar-se para o exterior do país?
6. Por quanto tempo terá saúde na sua vida? Quando vai morrer? Como vai morrer?
Cada uma destas questões remete para uma questão demográfica relevante (Lundquist,
Anderton, Yaukey, 2015, p.1-3).
Para Piché (2013), a Demografia é uma ciência social e partilha com as outras ciências
sociais o estudo de uma parte da vida em sociedade.
Pode ainda ser definida de forma mais ampla como o estudo científico do tamanho,
composição e distribuição das populações humanas e as suas mudanças resultantes da
fecundidade, mortalidade e migração.
Segundo Henry, “A Demografia é a ciência que tem por objeto o estudo científico das
populações humanas no que diz respeito à sua dimensão, estrutura, evolução e
características gerais analisadas principalmente do ponto de vista quantitativo” (Henry,
1981, conforme citado em Nazareth, 2004, p 44).
Existe uma Demografia quantitativa cujo objeto essencial é o estudo dos movimentos
que se produzem numa população, acompanhado dos resultados desses movimentos;
mas também existe uma Demografia qualitativa que se ocupa das qualidades dos seres
humanos e que diz respeito aos aspetos qualitativos do fenómeno social das populações
e ainda à genética demográfica ou biologia das populações, à biometria (estatística
aplicada à investigação biológica).
Segundo Landry (1945) o termo demografia foi utilizado pela primeira vez por Achille
Guillard, em 1855 (Guillard, A. Éléments de statistique humaine ou demographie
comparée, 1855) inventando o nome de Demografia Comparada, dando destaque ao
seu aspeto quantitativo (estatístico).
Todos nós somos atores populacionais, realizamos atos demográficos nas nossas vidas
diárias através da criação de um filho, mudança para um novo lugar, escolha de um
estilo de vida saudável ou obtenção de educação. A Demografia estuda estes eventos
da vida, como nascimentos, mortes, casamentos, divórcios e migrações (Poston &
Bouvier, 2017).
Todos somos atores populacionais e devemos refletir sobre isso. Já os nossos pais
realizaram um ato demográfico ao conceber-nos. Por sua vez, nós realizamos atos
demográficos semelhantes quando decidimos ter (ou não ter) filhos. Em algum momento
durante a vida podemos mudar-nos uma ou talvez várias vezes. Estes são todos atos
demográficos. E, por fim morreremos. A morte não será do mesmo tipo de ato como a
tomada de decisão dos seus pais quando foi concebido e porque não se decide durante
quanto tempo se vai viver e quando se vai morrer. No entanto, podemos ter muito a
dizer sobre quantos anos teremos quando morrermos, ou seja, temos muitas opções
que podem, ou não, aumentar a probabilidade de estender as nossas vidas. Estas
incluem comportamentos como parar ou nunca começar a fumar, limitar a ingestão de
álcool, manter uma dieta saudável e praticar exercício.
Outro comportamento muito importante que prolongará as nossas vidas é investir num
nível de educação elevado, como por exemplo, obter um diploma universitário. De
acordo com estudos já realizados, podemos verificar por exemplo, com a idade de 25
anos, espera-se que os indivíduos com diploma universitário vivam mais cinquenta e
sete anos em comparação com cinquenta e um anos para os que têm apenas o ensino
médio, ou seja, uma diferença de seis anos (Poston & Bouvier, 2017).
Em sentido geral, uma população pode ser encarada como um conjunto de indivíduos
ou de unidades que podem ser de natureza muito diversa. Numa perspetiva demográfica,
as populações humanas são consideradas com características específicas, num espaço
limitado e com um certo significado social.
No que respeita às características, as unidades de observação que compõem a população
de referência (ou de observação) devem ser naturalmente, de seres humanos no seu
sentido lato (homens ou mulheres). Neste contexto, o termo genérico “população” será
utilizado designando uma “população humana”.
Com base em inúmeras definições, observamos que a Demografia tem por objeto o
estudo científico da população. Mas o que é exatamente o estudo científico da
população?
A Demografia é uma Ciência Social, tal como a sociologia, a etnologia, a história. Faz
parte das Ciências que têm por objeto os diferentes aspetos das sociedades humanas.
O estudo da Demografia insere-se nesse contexto mais vasto das Ciências Sociais,
exigindo que à partida haja uma clarificação dos principais conceitos. No entanto,
sabemos que não é possível traçar fronteiras entre as diversas ciências sociais, tendo
todas o homem como objeto de estudo. Nesta ótica, a Demografia não difere das outras
ciências sociais. O seu objeto de estudo também é o comportamento do homem em
sociedade e também necessita das informações das outras ciências sociais.
A Demografia não é uma Ciência natural, e envolve dois aspetos: por um lado, tem como
fundamento realidades suscetíveis de ser facilmente quantificadas (os nascimentos, os
casamentos, as mortes, as ruturas de união, as deslocações de homens); por outro lado,
para compreender as causas e as consequências das evoluções quantitativas destes
eventos, a Demografia deve aceder a outros tipos de conhecimentos, chamados os
eventos demográficos elementares, tais como o estudo dos fatores determinantes
nesses eventos, dos efeitos derivados das quantidades e das evoluções dos eventos,
estudo dos comportamentos, e dos dados psicossociológicos (Dumont, 1993).
A Demografia, enquanto ciência que tem por objeto de estudo a população humana,
assume assim, naturalmente, um papel fundamental nas ciências sociais.
Evolução dos
Evolução dos
Mortalidade Dinâmica Volumes populacionais
Volumes
(óbitos)
Natural
populacionais
Natalidade/ fecundidade
(nados- vivos)
Evolução da
Mobilidade Populacional Dinâmica Estrutura
(migrações) Migratória Etária
Destas cinco variáveis demográficas, duas tratam do estado (volumes e estrutura etária)
e as outras três referem-se aos comportamentos que influem diretamente sobre as
alterações observadas no “estado” da população (mortalidade, natalidade/ fecundidade,
mobilidade populacional).
A Demografia histórica também aplica uma variedade de outros métodos a várias fontes
de dados tais como testamentos, genealogias, lares e enumerações familiares e registos
organizacionais, todos contendo valiosos dados demográficos sobre populações no
passado. Muito do que sabemos sobre o papel do casamento e da limitação da
fecundidade dentro do casamento durante o início do declínio da fecundidade europeia
vem desses estudos em demografia histórica (Lundquist, Anderton, Yaukey, 2015, p.
220-221).
Assim, sem pretendermos ser exaustivos, podemos dizer que as grandes preocupações
da Demografia Social nos dias de hoje são as seguintes:
• A Demografia escolar
Para além destes dois principais ramos da Demografia (histórica e social) existem outros
dois domínios importantes nos quais a Demografia tem um papel fundamental: as
Políticas Demográficas e a Ecologia Humana.
O objetivo teórico das Políticas Demográficas consiste em atuar sobre os modelos (ou
sobre os efetivos) tendo em conta determinados objetivos económicos e sociais. A ideia
de atuar sobre o movimento demográfico a fim de que este se adapte a imperativos
económicos e sociais é uma preocupação de muitos países. Mas até que ponto esta
preocupação se traduziu na existência de autênticas políticas demográficas?
A Ecologia Humana parte do princípio que existem dois sistemas em interação constante:
o sistema-homem (que recebe e descodifica a informação) e o sistema-ambiente que
elabora uma ação de resposta. A população, na perspetiva da Ecologia Humana, é um
conjunto de indivíduos num sistema interdependente de atividades. Cada atividade
produz um output e os ingredientes utilizados na produção desses outputs são os inputs
de outra atividade. Esta rede complexa que assim se estabelece é um processo específico
da Ecologia em geral e da Ecologia Humana em particular: o ecossistema.
A Demografia caminhou de uma unidade inicial, onde a sua problemática era formulada
em termos simples, para uma crescente diversidade e complexidade.
De acordo com Lundquist, Anderton, Yaukey, (2015, p.2-3) “os termos Demografia pura
e Demografia formal às vezes são usados para distinguir interesses mais restritos na
composição da população e dinâmica demográfica, lidando inteiramente com variáveis
demográficas. Uma abordagem mais ampla está implícita nos estudos populacionais,
onde se acrescenta o estudo das relações entre varáveis demográficas e não
demográficas”.
Um dos pontos fortes da Demografia é que nos permite ver como o indivíduo e as suas
experiências se encaixam no quadro demográfico mais amplo do mundo. A Demografia
lida com populações, e as características das populações são medidas contando as
pessoas na população total, ou em segmentos dela (Lundquist, Anderton, Yaukey, 2015).
Os dez países com as maiores populações do mundo são a China, Índia, Estados Unidos,
Indonésia, Brasil, Paquistão, Nigéria, Bangladesh, Rússia e Japão (Population Reference
Bureau, 2014) (ver figura 2). Estes dez países juntos contam mais de metade (4,3 mil
milhões) da população mundial. Tanto a China quanto a Índia têm mais de mil milhões
de pessoas, e em ambos os casos, o tamanho da população teve efeitos significativos
sobre a política, cultura e desenvolvimento económico dessas nações.
Países como México, China, Índia e as Filipinas são chamados de países remetentes.
Têm mais pessoas que saem dos seus países do que as que entram e, portanto, são
caracterizados pela migração internacional líquida negativa. As Filipinas enviam cerca de
1,5 milhão de pessoas para o exterior todos os anos, incluindo 300.000 que trabalham
em navios em todo o mundo. Cerca de 10 por cento da população do país vive no exterior
(Martin, 2013). Dentro dos países, no entanto, geralmente há muitas variações
significativas na equação demográfica. O fenómeno de diminuição natural é de
importância e de relevância crescente nos Estados Unidos e especialmente na Europa.
Para ilustrar, em 2008, mais da metade de todos os países da Europa tiveram mais
mortes do que nascimentos. Isso inclui quase todas as províncias da Alemanha, Hungria,
Croácia, Roménia e Bulgária, Estados Bálticos, Grécia e Itália.
Destes exemplos podemos confirmar que os três processos demográficos têm um papel
determinante não só no tamanho, mas na composição de qualquer população humana.
Mudanças nas variáveis são o resultado do nosso comportamento enquanto atores
populacionais. O cerne da Demografia é compreender como estes diversos fatores
causam mudanças no comportamento demográfico e que as consequências destes
comportamentos estão todas interrelacionadas (Poston & Bouvier, 2017, p.5-8).
ATIVIDADE FORMATIVA
Objetivos
Introdução
Neste capítulo, tentaremos explicar como foi evoluindo a Demografia relativamente aos
seus aspetos quantitativos da dinâmica populacional, como se foi constituindo e emergiu
como ciência ao longo dos séculos XVII e XVIII. Iremos ver também quem foram e o
que disseram os homens que transformaram em ciência a Demografia, quais são as
grandes teorias e os grandes problemas da Demografia contemporânea.
A população relativa, por outro lado, corresponde ao número de habitantes por área.
Este tipo de população também é conhecido por densidade demográfica ou densidade
populacional. Para obter a população relativa é necessário dividir a população absoluta
de determinado local pela área, normalmente em quilómetros quadrados (km2).
O ano 2020 foi marcado pelo inicio da pandemia do Covid -19. Considera-se que terá a
médio e longo prazo um impacto demográfico significativo. Observa-se que as pessoas
falecidas são maioritariamente idosas, população que já não teria tido filhos, não
interferindo neste caso com o número de nascimentos nos próximos anos (Institut
Montaigne, 2021). No entanto há outros efeitos que ainda não conhecemos, mas já se
notam no imediato, como é o aumento da mortalidade, a diminuição da esperança média
de vida, entre outros.
1
https://bible.knowing-jesus.com/Portuguese/G%C3%AAnesis/9/7
filhos, os celibatários e os casais estéreis. Estamos, pois, perante um precursor do
pensamento demográfico.
Por um lado, é efetivamente uma população de uma unidade territorial bem definida de
que se trata. A população é uma variável claramente identificada, cujas relações com o
ambiente não são ignoradas. Por outro lado, de maneira aparentemente bastante
moderna, Platão calcula com muita precisão algumas variáveis demográficas chaves, tais
como a idade no casamento ou a duração da vida fecunda. Ele parece introduzir uma
verdadeira política demográfica, através de medidas de incentivo ou de travão da
fecundidade, recurso à emigração ou imigração, com o objetivo de controlar o número
global da população (Charbit, 2002).
Aristóteles (384-322 a.C.) é mais realista do que o seu mestre Platão, ao pensar
sobretudo num número estável de habitantes. Esta procura de estabilidade não implica
um número fixo de habitantes. Pelo contrário, ao aperceber-se que a natalidade e a
mortalidade fazem variar o volume populacional, propõe uma “justa dimensão” da
população.
Na Idade Média, Santo Agostinho (345-430) e São Gregório (540-604) defendem que o
casamento une marido e mulher para gerar filhos. Esta linha de pensamento é dominada
pelo pensamento cristão, numa perspetiva teológica e moral, enquanto que as duas
anteriores formas (pertencentes à Antiguidade) foram analisadas numa perspetiva
política e social.
Com o início dos tempos modernos, as ideias respeitantes à população separam-se das
questões morais e passam progressivamente a depender de preocupações políticas e
económicas. É nesta linha de ideias e de acontecimentos que se deve interpretar o culto
pelo ideal mercantilista da riqueza, associado à valorização do Estado. Neste contexto,
as doutrinas mercantilistas são consideradas, no seu conjunto, explicitamente
populacionistas. Este populacionismo permitiu acelerar o processo que irá conduzir ao
aparecimento da Demografia como ciência.
A morte durante muito tempo foi estudada na Antiguidade e Idade Média na perspetiva
da longevidade, isto é, da idade mais elevada que o homem podia esperar atingir. O
termo mortalidade designava até ao século XVII as destruições causadas pelas guerras
e epidemias. Com Petty e John Graunt, que em 1661 publicam o primeiro livro de
Demografia, Natural and Political Observations Mentioned in a Following Index, and
Made Upon the Bills of Mortality na cidade de Londres, aparece a ideia moderna da
mortalidade, a de uma evolução regular dos riscos de morte com a idade. Os dois
homens imaginam as primeiras tábuas de mortalidade que indicam o número de mortes
observados a cada idade num grupo de pessoas seguidas desde o seu nascimento. O
número de sobreviventes numa determinada idade deduz-se por simples subtração das
mortes ocorridas entre essa idade e a anterior (Enciclopédia Universalis, 2021).
“O século XVIII foi fértil em ideias e ideais (...) debates apaixonados, e nem sempre
muito bem fundamentados, relativos às questões da população, e sobre o sub ou sobre
povoamento do Mundo, da Europa ou de alguns países”, escreve Maria Luís Rocha
Pinto (2010, p. 48).
Deve-se também, segundo ela, ao aparecimento de várias teorias e ideologias pelo facto
de não haver verdadeiros recenseamentos.
É neste contexto que surge “uma obra que marcará quer o pensamento demográfico, quer a
demografia, quer ainda as políticas de população até aos dias de hoje”. Trata-se da obra de
Thomas Robert Malthus, An essay on the principle of on population as it affects the
future improvement of society with remarks on the speculations of Mr. Godwin, Mr.
Condorcet and other writers – 1ª edição 1798. Esta obra foi seguida, ainda em vida de
Malthus, por mais cinco edições até 1826, tendo sido comentada, discutida, contestada
por muitos e apoiada por outros, traduzida em várias línguas, transformando o
malthusianismo numa doutrina.
Thomas Malthus, padre inglês que viveu no século XVIII (1766-1834), professor de
História Moderna e Economia Política em Inglaterra, grande observador de fenómenos
populacionais, estabeleceu o célebre paralelo entre a multiplicação do homem e a sua
subsistência.
Também faz escândalo devido a um parágrafo: “um homem que nasce num mundo
ocupado, se não lhe é possível obter dos seus pais os meios de subsistência… e se a
sociedade não tem necessidade do seu trabalho, não tem direito a reclamar a mínima
parte da alimentação e está a mais…” (conforme citado em Nazareth, 2004, p. 26).
A sua teoria baseia-se no facto de uma população ter um aumento constante e esse
aumento ser mais rápido do que os meios de subsistência, sendo o equilíbrio entre o
tamanho da população e o nível de subsistência mantido através do controlo do
crescimento da população.
Princípio de População de Thomas Malthus
A população é mantida dentro dos limites dos meios de subsistência principalmente por
meio de controlos positivos, operando através das taxas de mortalidade. Quando os
meios de subsistência não são adequados para cuidar de uma população de um
determinado tamanho, a taxa de mortalidade aumentará até que a população encolha a
um nível suportável.
Da mesma forma, sempre que surgir um excedente nos meios de subsistência, isso
tenderá a diminuir temporariamente a taxa de mortalidade (e aumentar a taxa de
crescimento natural) até que a população tenha crescido até os limites dos novos meios
de subsistência. Este é o “dilema malthusiano”.
Nas últimas décadas, uma perspetiva neomalthusiana usou parte da teoria de Malthus
como justificação para programas de planeamento familiar em todo o mundo. As
perspetivas neomarxistas e a teoria do desenvolvimento económico, entretanto,
promoveram políticas de desenvolvimento como tecnologia agrícola mais evoluída,
oportunidades e acesso ao crédito para grupos sociais marginalizados e sistemas de
distribuição social eficientes dentro das regiões menos desenvolvidas. Não
surpreendentemente, essas duas perspetivas são complementares, refletindo o
numerador (ou seja, o tamanho da população) e o denominador (ou seja, meios de
subsistência) para a densidade populacional. Ambas têm claramente um papel nas
preocupações com o crescimento populacional. A contribuição de Malthus foi chamar a
atenção para a importância do crescimento populacional nesta equação.
Assim, se desde o fim dos anos 1950, os especialistas das Nações Unidas puderam prever
que o planeta estaria povoado por 6 mil milhões de homens no ano 2000, a teoria da
transição demográfica fornecia um corpo de hipóteses particularmente exato sobre a
evolução da dinâmica das populações de países em desenvolvimento, principal foco para
o futuro da população mundial da época (Lundquist, Anderton, Yaukey, 2015).
A teoria de transição demográfica foi descrita pela primeira vez nos anos 40. Desde
então tem sido modificada, acrescentada e escrita de novo. A definição clássica desta
teoria foi descrita por Davis (1945), Notestein (1945), Blacker (1947) e outros autores e
define-se do seguinte modo: existem uma série de estádios durante os quais a população
se move de uma situação onde tanto a mortalidade como a natalidade são altas, para
uma posição onde tanto a mortalidade como a natalidade são baixas. O crescimento de
ambos os indicadores antes e depois da transição demográfica é muito baixo. Durante a
transição, o crescimento da população é muito rápido devido essencialmente ao declínio
da mortalidade ocorrer antes do declínio da fecundidade.
Maria Luís Rocha Pinto (2010, p. 55) resume as quatro fases por que todos os países já
passaram, estão a passar ou vão passar:
a) uma fase do “quase equilíbrio” antigo, (ou de pré-transição) entre uma mortalidade
elevada e uma fecundidade igualmente elevada, o que implica um crescimento natural
da população reduzido – característica de sociedades agrícolas e rurais. A esta primeira
fase, dá-se o nome de fase de pré-transição ou pré-industrialização. Durante milhares
de anos o mundo era caracterizado por altas taxas de natalidade e mortalidade e
crescimento populacional estável. Na maioria dos países, esta época está terminada. A
fase pré-transicional foi seguida pela fase de transição (Fase 2), caracterizada por uma
taxa de fecundidade elevada e o declínio da taxa de mortalidade.
Esta fase foi caracterizada por um crescimento populacional negativo devido a menores
taxas de natalidade, recuo da fecundidade e da mortalidade seguida por uma contração
do crescimento natural;
d) uma última fase do “quase-equilíbrio” moderno entre uma mortalidade com baixos
níveis e uma fecundidade igualmente baixa, tendendo para um crescimento nulo, abaixo
do nível de substituição da população (menos de 2,1 filhos por mulher) e anuncia uma
possível diminuição da população em números absolutos. Nesta fase (chamada declínio
incipiente), a fecundidade e a mortalidade são muito baixas. Durante esta fase,
entretanto, frequentemente ocorrem pequenas flutuações na fecundidade.
Acrescenta, por fim, a transição migratória, caracterizada pelo fim do êxodo rural e a
importância crescente da migração internacional no crescimento demográfico.
Maria Luís Rocha Pinto (2010) nota que para Landry existem apenas três fases ou
“regimes demográficos” que se sucedem no tempo:
Desde os anos 60 que existe uma critica à teoria clássica da transição demográfica e
passou-se a considerar uma pluralidade de transições. A sua transposição aos paises em
desenvolvimento, veicula uma visão muito europeista e não tem em conta a diversidade
de contextos. A visão linear e uniforme foi refutada. Para aém dos tempos diferentes,
dos momentos diferentes, existe uma énorme variedade de situações pré e pós
transição, ritmos, duração e intensidade de evolução.
As crises de mortalidade têm duas fases: a fase da peste e a fase das epidemias sociais
que se estende até ao início da época contemporânea. A mortalidade era um fator
regulador e um fator destruidor das populações desta época. Alguns historiadores da
população têm uma visão mecanicista das sociedades humanas nesta época ao
pensarem que o verdadeiro elemento regulador é a morte. Esta visão mecanicista não
resistiu à vaga de investigações sobre o sistema demográfico do Antigo Regime que
caracteriza os nossos dias com o desenvolvimento da Demografia Histórica. Os
Dupâquier foram os grandes pioneiros no final dos anos 70 ao levantar a seguinte
questão: como é que 18 milhões de súbditos de Luís XIV mal alimentados, aumentaram
num século para 27 milhões vivendo numa relativa abundância e reagindo à oscilação
de preços? (Dupâquier, 1979).
Houve longos períodos de crescimento estacionário, até por volta da época de Cristo,
quando a população mundial era de aproximadamente 250 milhões. A população não
duplicou novamente até cerca do ano 1600. A taxa média anual de crescimento foi de
apenas 0,04 por cento nesse período. Essas condições estacionárias continuaram até
meados de 1650, quando a população mundial foi estimada em cerca de
aproximadamente 650 milhões. Durante muitos milhares de anos, a população mundial
foi mantida em tamanho pequeno pelos vários testes malthusianos. A população cresceu
de cerca de 650 milhões em 1650 para mil milhões em 1850. Levou menos de 80 anos
para duplicar novamente em 1927. Com a Revolução Industrial, as pessoas começaram
a deslocar-se do campo para as cidades para trabalhar em fábricas e moinhos, e o nível
de urbanização aumentou. Muito do crescimento deveu-se a taxas de mortalidade mais
baixas, enquanto as taxas de natalidade permaneceram altas. A melhoria do padrão de
vida resultante da industrialização ajuda a explicar o declínio das taxas de mortalidade.
Após milénios de crescimento lento, a população mundial evoluiu para uma taxa sem
precedentes, começando nos anos 1600 e atingindo o pico no final dos anos 1960. Os
padrões de consumo da população - mais do que o crescimento populacional - podem
desafiar a capacidade de suporte do planeta, embora a fecundidade tenha começado a
diminuir em todo o mundo. As preocupações com os padrões de consumo excessivo da
população incluem as emissões de carbono que levam à mudança climática, o
esgotamento dos recursos pesqueiros e de água doce e assim por diante.
O crescimento da população na segunda metade do século XVIII é um fenómeno
europeu que ultrapassa o quadro das regiões industrializadas e que não pode ser
explicado apenas pela revolução agrícola.
A grande mutação não resultou de um modelo simplista que apenas considera os efeitos
diretos e indiretos das condições de saúde (modelo simplificado), mas de um modelo
mais complexo que integra diversos componentes (Modelo de Dupâquier, conforme
citado em Nazareth, 2004, p. 90-93):
Modelo de Dupâquier
ARRANQUE INDUSTRIAL
EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA
Fonte: adaptado de Nazareth, 2004, p. 93, figura 5
ATIVIDADE FORMATIVA
Objetivos
INTRODUÇÃO
Segundo, existem dados normalmente recolhidos pelos registos dos diferentes sistemas.
Os dados produzidos são o registo dos acontecimentos durante um determinado
intervalo de tempo, em geral um ano. Os dados são essencialmente dinâmicos na sua
natureza, porque fornecem informação no decorrer do tempo.
Tendo em conta que alguns desses dados podem conduzir a enviesamentos, a recolha
de dados demográficos tem de ser hierarquizada e explicitada, pois podem influenciar
os modos de análise restringindo as possibilidades de algumas análises.
Poucos são os dados que são recolhidos principalmente com fins demográficos. A maior
parte deles são produzidos para, ou como, produto de atividades administrativas levadas
a cabo ou controladas pelos governos ou agências internacionais e onde os demógrafos
têm pouco controlo do modo preciso como eles são recolhidos, agregados ou
apresentados. Contudo estes dados são utilizados por geralmente serem os que estão
disponíveis.
Uma taxa é simplesmente qualquer número dividido por qualquer outro número.
Devemos ainda chamar a atenção que muitas medidas que são comummente designadas
como frações em Demografia são estritamente taxas, proporções ou outros índices. Ex:
uma “fração de literacia” será a proporção da população que é letrada enquanto a “taxa
bruta de nascimento” é realmente uma taxa porque inclui no seu denominador os idosos,
as crianças e homens, nenhum deles em risco de dar à luz uma criança.
Uma proporção será um tipo especial de taxa na qual o numerador está incluído no
denominador, isto é: Proporção = (x/ x + y). Por exemplo a proporção da população do
sexo feminino será o número de mulheres dividido pelo total de homens e mulheres em
conjunto. A proporção pode variar entre 0,0 e 1,0 e é, em geral, expressa em
percentagem que se obtém multiplicando o valor obtido por cem.
3.2. OS RECENSEAMENTOS
Censos: Sobre Censos, o que são, para que servem, Censos em Portugal, Censos no
mundo, ver Censos 2021 em
https://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=censos21_sobre_censos&xpid=CENSOS21&
xlang=pt
O quadro 1 (anexo 1) apresenta uma síntese das variáveis a observar nos Censos 2021
e as excluídas face aos Censos 20112. (ver o anexo 1 – Quadro 1. Síntese das variáveis
a observar nos Censos 2021 e excluídas face aos Censos 2011).
2
https://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=censos_historia_portugal
Na maioria dos países desenvolvidos o sistema de registo dos acontecimentos vitais
fornece a maior parte da informação dos nascimentos, casamentos, óbitos e por vezes
os dados de migração. Nos países em desenvolvimento, estes sistemas de recolha de
informação são na maior parte das vezes incompletos e por vezes nem existem, nem
são explorados com fins demográficos. Isto explica porque os objetivos do registo desta
informação são essencialmente administrativos e legais e não demográficos3.
3
Ver estatísticas demográficas em
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOEStipo=ea&PU
BLICACOEScoleccao=107661&selTab=tab0&xlang=pt eas Estatisticas demográficas de 2019 em
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpub_boui=7
1882686&PUBLICACOESmodo=2
Existem vários tipos de inquéritos por amostragem em Demografia:
Primeiro, existem informações dos Censos tipo, o que talvez substitua um Censos
completo ou simplesmente o existente, fazendo uma ampla distribuição de questões
numa amostra da população envolvida. Os inquéritos designados para investigar alguns
tópicos particulares, como o uso de contracetivos, emprego das mulheres, ou causas e
consequências da migração também caem nesta categoria de exemplos.
Existe ainda uma larga gama de técnicas indiretas sofisticadas, que podem servir para a
recolha de dados sobre questões específicas que deverão ser formuladas e utilizadas de
acordo com o objetivo e o grau de precisão que se pretende obter.
Em conclusão, poderemos dizer que existem três grandes fontes para a recolha de dados
em Demografia (informação dos censos tipo, inquéritos por amostragem, técnicas
indiretas de perguntas por questões específicas) que não são alternativas umas das
outras, embora uma possa, eventualmente, ser usada na ausência ou deficiência da
outra.
Um Censos é mais ou menos essencial para fornecer uma base de dados sem a qual o
sistema de registo ou um inquérito por amostra é menos útil. Nos países em
desenvolvimento, os inquéritos por amostragem podem investigar determinados aspetos
deficientes nos Censos e dar mais fiabilidade à informação disponibilizada pela má
qualidade fornecida por esses Censos.
PORDATA
4
Ver exemplos de inquèritos em
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_estudos&xlang=pt;
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOEStipo=ea&PU
BLICACOEScoleccao=107773&selTab=tab0&xlang=pt;
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=415
655178&DESTAQUESmodo=2;
http://www.ine.gov.mz/operacoes-estatisticas/inqueritos/inquerito-demografico-e-de-saude
(IDS de Moçambique).
5
https://ec.europa.eu/info/departments/eurostat-european-statistics_pt
6
PORDATA: www.pordata.pt
3.5. QUALIDADE DOS DADOS – TESTES FUNDAMENTAIS À QUALIDADE
DOS DADOS
Este indicador relaciona o número de nascimentos masculinos por cada 100 nascimentos
femininos, ou seja
Como funciona este teste? Segundo informações recolhidas nas análises feitas em países
com boas estatísticas demográficas sabe-se que a relação de masculinidade dos
nascimentos anda em torno de 105 (ou seja, por cada 100 raparigas nascem 105
rapazes), desde que se excluam as variações aleatórias.
0,512 ± 0,0028
Limite estatístico x
Limite estatístico y
Limites de confiança
O valor da relação de masculinidade ao nascimento para o ano de 2000 (107,7) não está
contido no intervalo de confiança, logo a qualidade dos dados é duvidosa.
Os métodos para testar dados incompletos e incorretos são inúmeros, sendo os mais
importantes, divididos em duas categorias: Índice de Irregularidade das idades e o Índice
de Whipple.
3.5.2. Índice de Irregularidade das idades
Este teste serve para provar se existe ou não concentração em determinadas idades.
• Obtêm-se assim diversos índices (no exemplo dado I6, I16, …) que são
representados graficamente; quando os índices obtidos têm um valor superior a 100
existe atração; quando os índices obtidos têm um valor inferior a 100 existe repulsa.
A relação entre o efetivo real e o efetivo teórico fornece-nos um índice, que à medida
que se afasta da unidade (ou de 100 se multiplicarmos por este número) demonstra a
força do arredondamento.
⇒ Denominador para a idade 36 = vou buscar 2 idades antes (34, 35) e 2 depois (37,
38), vou adicionar todas e dividir por 5.
Resultados possíveis:
Existe o Índice de Whipple que também pode ser utilizado para testar a qualidade dos
recenseamentos. Os demógrafos usam dados de anos de idade para determinar se há
irregularidades ou inconsistências nos dados (Nazareth., 2004).
Procura demonstrar se uma população tende a relatar certas idades (digamos, aquelas
que terminam em 0 ou 5) em detrimento de outras idades.
- O índice é obtido fazendo a relação entre a segunda soma e 1/5 da primeira soma.
Este índice pode variar entre 100 (ausência total de concentração) e 500 (caso limite em
que todas as pessoas se declaram em idades terminadas em 0 e 5).
As Nações Unidas elaboraram uma tabela de base empírica que permite interpretar a
validade dos resultados obtidos:
Este indicador, em vez de medir a atração por determinadas idades, mede a qualidade
global de um recenseamento. Trata-se de um instrumento muito cómodo de calcular e
que possibilita a realização de comparações interessantes no tempo e no espaço.
Exemplo 5-9 anos: DS = 104,91-104,72 = 0,2 - calcular para todos os grupos. O primeiro
grupo 0-4 anos exclui-se por não ter informação anterior e o último, 75-79 anos, também
se excluí por não ter informação (posterior) para o cálculo do Índice de Regularidade
das Idades;
4) Soma-se todas as diferenças (DS) e divide-se pelo número de grupos etários (no
caso 14): Média = 28,7 / 14 = 2 (arredondado);
5) Para cada sexo calcula-se um índice de regularidade das idades; este índice
constrói-se calculando, em primeiro lugar, as relações de regularidade dividindo cada
grupo de idades pela média aritmética dos dois grupos que o enquadram;
posteriormente fazem-se as diferenças a 100 e faz-se a média das diferenças absolutas;
Exemplo: IRI H e IRI M, dividindo cada grupo pela média dos dois que o "rodeiam" -
exemplo 5-9 anos (IRI H): 275199 / (( 275969 + 296385 ) / 2 ) = 0,96 × 100 = 96,2
arredondado às décimas;
6) A partir de IRI H e IRI M, fazer a diferença em cada grupo etário para 100 –
exemplo para 5-9 (IRI M): D100 = 100 – 96 = 4; somar estas diferenças para cada sexo
e calcular a média (dividir pelo número de grupos etários, neste caso 14);
7) Por fim, para o cálculo do valor do ICNU, multiplicar por 3 a média de DS e somar
a média de diferenças dos IRI(s) dos homens e a das mulheres.
<20 – Bom
20-40 – Mau
a). Aprecie a qualidade dos dados das estatísticas demográficas para 2001.
7
ver em www.ine.pt
4. A DINÂMICA POPULACIONAL POR SEXO E IDADES
Objetivos
Este valor, porém, considerado em relação ao total da área estudada, pode não traduzir
a verdadeira distribuição da população, pois esta encontra-se mais aglomerada em
certas zonas e mais dispersa noutras. Esta situação é traduzida pelo coeficiente de
localização.
A população pode ainda distribuir-se por aglomerados rurais e urbanos. A primeira reside
isolada no campo ou em pequenos núcleos. A segunda vive nas cidades ou em
povoações de certa importância populacional.
Sob o ponto de vista estatístico é necessário distinguir os aglomerados urbanos e rurais.
Um centro urbano designa uma localidade, qualquer que seja a categoria legal (cidade,
vila, aldeia) que, na sua área urbana seja demarcada pela respetiva Câmara Municipal e
que conta com 10 000 ou mais habitantes.
Como vimos anteriormente, a Demografia trata, pois, dos aspetos estáticos de uma
população num determinado momento - tamanho e composição -, assim como também
da sua evolução no tempo e da inter-relação dinâmica entre as várias variáveis
demográficas.
Estamos, assim, perante uma população fechada quando a sua estrutura é mantida ou
alterada apenas pelos nascimentos e óbitos, isto é, não afetada por migrações
exteriores. Neste caso existem três tipos de modificações anuais: aumento por meio da
natalidade, diminuição através da mortalidade e envelhecimento de um ano de todos os
sobreviventes (Leston Bandeira, 2004).
A estas modificações, acrescem, no caso de uma população aberta (quando está sujeita
a fenómenos migratórios): as entradas de indivíduos de diferentes idades e as saídas de
indivíduos de diferentes idades.
Finalmente, uma população estacionária diz respeito a uma população estável em que a
taxa de natalidade é igual à taxa de mortalidade, sem mudanças no tamanho da
população, logo com uma taxa de crescimento nulo (Nazareth, 2004).
O número de pessoas que estão presentes num determinado espaço territorial define-
se como volume populacional. Uma população não tem sempre o mesmo número de
habitantes, evolui a um determinado ritmo (que pode ser diferente consoante os
períodos):
Suponhamos uma população que num momento 0 é P0, num momento 1 é P1, num
momento 2 é P2, num momento n é Pn e que cresce a uma taxa a.
Pn = P0 e an (e = 2,718282)
Pn = P0(1+a) n
Pn/P0 = (1+a) n
Nota: O Log pode ser facilmente calculado na máquina de calcular, bastando acionar a
função Log.
O resultado “a” lê-se “Em média por ano cresceu x”. Se multiplicarmos a por 100, a*100,
lê-se “Por ano, por cada 100 indivíduos aumentou (ou diminuiu ou manteve-se) x, em
média anual entre P0 e P1”.
Com base no cálculo do ritmo de crescimento geométrico podemos calcular a taxa de
variação e o tempo de duplicação em anos.
População em Portugal
- 15/12/1960: 8 889
- 15/12/1970: 8 663
a = - 0,25 %
Taxa de variação:
Em Portugal, no período de 1960/70, por ano e por cada 100 pessoas, a população
diminui 0,25.
Se uma população mantivesse as suas taxas atuais de natalidade e mortalidade ano após
ano, quanto tempo levaria para duplicar de tamanho? Os demógrafos às vezes usam a
Regra de 69,3 (logaritmo natural de 2 X 100) para perceber se a taxa de crescimento de
uma população é rápida ou lenta.
Exemplo:
Este é um cenário improvável do mundo real, uma vez que as taxas de natalidade e
mortalidade raramente são constantes, mas permite avaliar a importância de uma
determinada taxa percentual de mudança populacional (Nazareth, 1988b, 2004, 2016).
Em terceiro, ao nível individual, idade e sexo são as duas primeiras características que
reconhecemos numa pessoa, principalmente com base nas aparências externas.
A Demografia lida, deste modo, não apenas com o tamanho e crescimento da população,
mas também com a composição da população. As dimensões mais importantes da
composição, indiscutivelmente, são a idade e o sexo. A idade, em particular, está a
passar por um grande fluxo, à medida que as populações do mundo envelhecem. O
envelhecimento da população será o principal foco demográfico do século XXI.
Em 2050, pela primeira vez na história da humanidade, haverá mais idosos do que
crianças no mundo. Isso deve-se principalmente às reduções de fecundidade, mas
também reflete o fato de que a expectativa de vida aumentou.
Viver vidas mais longas é talvez a maior história de sucesso da história moderna, graças
às inovações na saúde pública, medicina e desenvolvimento económico. Ao mesmo
tempo, o envelhecimento da população pode trazer sérios desafios para a sociedade. A
dependência da velhice pode levar a uma produtividade económica reduzida e
sobrecarregar os sistemas de saúde e previdência. Mas se esses desafios forem
antecipados, podem ser compensados com as políticas sociais e económicas. Não
esquecendo que, a transição do envelhecimento precoce de uma população dependente
de jovens, para uma população em idade ativa, traz grandes oportunidades, fenómeno
conhecido como “dividendo demográfico” (Poston & Bouvier, 2017).
As sociedades constroem papéis e atribuem status com base na idade e sexo mais do
que em quaisquer outras características. Consequentemente, as nações incluem
questões sobre a idade e sexo nos questionários dos Censos. Tão importante é a
composição idade-sexo, que muitos demógrafos lhe dão um rótulo especial: a estrutura
populacional.
As mudanças em qualquer um dos processos demográficos fornecem informações,
igualmente importantes, de como as populações são compostas na sua estrutura.
Em relação à natalidade, nascem mais homens que mulheres (cerca de 105 homens para
100 mulheres).
Em relação à mortalidade, isto é, a frequência com que ocorre a morte numa população,
as mulheres têm taxas mais baixas de mortalidade do que os homens em qualquer idade.
Além disso, a mortalidade por causas específicas está geralmente também relacionada
com a idade. Justamente, no que concerne a relação entre a idade e o risco de morte,
a idade pode ser considerada a variável demográfica mais importante na análise de
mortalidade.
A idade e sexo não são as únicas variáveis importantes na Demografia e outras variáveis
estão também intimamente relacionadas com o processo demográfico. O casamento e
o estado civil são importantes quando se estuda a fecundidade. A educação é uma
variável especialmente importante a considerar. Regra geral, quanto maior a educação,
menor é a fecundidade e menor é a mortalidade. De facto, todas estas variáveis são
tanto a causa quanto o efeito da mudança populacional.
A definição de idade é direta. É uma característica atribuída, embora mutável. Nos censos
da população, geralmente é definida em termos da idade de uma pessoa no seu último
aniversário.
Na maioria dos Censos, pede-se ao entrevistado que forneça a sua idade atual, bem
como a data em que nasceu, permitindo assim que se corrija qualquer discrepância na
idade relatada do entrevistado. Este método ajuda a minimizar o efeito acumulado de
idade.
Uma pirâmide populacional nada mais é do que dois histogramas comuns (gráficos de
barras), representando as populações masculina e feminina, geralmente agrupados em
categorias etárias de 1 ou 5 anos, posicionados lado a lado.
Trata-se, assim, de um duplo histograma, formado por uma ordenada comum (vertical)
- que representa as idades (aniversários) – e duas abcissas, que representam os efetivos,
respetivamente do sexo masculino (à esquerda) e do sexo feminino (à direita).
Em suma, a construção das pirâmides de idades tem como base os grupos de idades
consideradas e os sexos correspondendo aos retângulos dos histogramas.
Convencionou-se que os efetivos do sexo masculino figuram à esquerda do eixo e os
efetivos do sexo feminino à direita do eixo do gráfico.
A pirâmide em Urna remete para populações onde se assiste a uma progressiva quebra
da fecundidade e da mortalidade. Neste tipo de pirâmide, a base destaca-se como a
parte mais reduzida do gráfico (baixas proporções de jovens) e apresenta um topo mais
cheio (elevadas proporções de pessoas idosas). Nestes casos, a pirâmide toma o formato
de uma urna e é típica dos países desenvolvidos que se encontram na última fase da
transição demográfica.
Este gráfico assume a forma de um Às de Espadas ou maçã, pois a parte mais larga da
pirâmide corresponde às idades intermédias. Face à diminuição da fecundidade, a
natalidade acaba por cair para valores muito baixos e a base da pirâmide diminui – a
representatividade dos idosos na população torna-se superior à dos jovens. Nestes
casos, os níveis de natalidade já estão muito baixos e, por isso, a base da pirâmide é
alimentada com menos indivíduos, o que provoca o seu estreitamento – trata-se do
envelhecimento na base da pirâmide.
Por outro lado, a mortalidade também é baixa, o que provoca um aumento das classes
correspondentes aos idosos – trata-se do envelhecimento no topo da pirâmide.
<1 ano, de ano a ano até aos 4 anos inclusive, por grupos de cinco anos (desde os 5
anos aos 84 anos), de 85 e mais anos.
Sempre que a distribuição por idades é feita em grupos etários de diferentes amplitudes,
torna-se necessário reduzir os efetivos a uma unidade comum.
Exemplo:
0 X Y
1-4 X+1 Y +1
10 - 14 X+3 Y+3
Assim, temos:
..
..
75 – 79 10 14 0,7 0,9
80 + 15 25 1,0 1,7
No caso do último grupo de idades (aberto), se os seus valores forem superiores aos do
grupo fechado anterior dividem-se esses valores por 2 até se obterem valores
dificilmente representáveis.
85 - 89 0,3 0,4
3.º. Verifica-se qual a percentagem (%) máxima obtida (por hipótese 6%)
4.º O eixo das abcissas (horizontal) é constituído por dois sub-eixos: à esquerda (sexo
masculino), à direita (sexo feminino) - (cada sub-eixo vai variar de 0% a 6%) - e fixa-
se uma medida a atribuir a cada variação de 1% (por exemplo 1 cm).
5.º. Traça-se a base, deixando um espaço para o corredor central (onde se irão colocar
os grupos de idades).
6.º A altura da pirâmide deve ser encontrada após a aplicação do seguinte princípio:
altura = 2/3 da base. (altura = 2/3 *12 cm ou seja = 8 cm)
7.º. Determina-se a escala a atribuir a cada grupo de idades dividindo-se a altura total
pelo número de grupos de idade considerados.
8.º. Por fim, traça-se o eixo vertical e representa-se, para cada GI (sexos separados),
as % correspondentes, sendo o comprimento de cada retângulo proporcional a essas
percentagens.
Deve-se sempre complementar uma pirâmide de idades com o cálculo das relações de
masculinidade por grupos de idade.
De facto, as pirâmides de idades não são simétricas. Em primeiro lugar nascem mais
rapazes que raparigas o que faz com que a base de uma pirâmide seja sempre maior do
lado masculino do que do lado feminino.
Em segundo lugar, a mortalidade que é o fator decisivo na redução dos efetivos é sempre
mais precoce no sexo masculino. Assim, conforme avançamos na idade, a superioridade
dos efetivos masculinos vai diminuindo, geralmente entre os 20-30 anos de idade a
importância dos sexos é igual, e nos últimos grupos de idades o sexo feminino apresenta
sempre maior volume populacional do que o sexo masculino.
“Este modelo natural, que é formado apenas pela evolução e pelos níveis de mortalidade
e de natalidade, pode, no entanto, ser perturbado por outros fatores, tais como: as
migrações, por serem movimentos que normalmente incidem mais em determinados
grupos etários” (Nazareth, 2004, p. 113).
Em cada população ou em cada classe etária, torna se por estes motivos necessário
analisar a representação quantitativa dos efetivos masculinos e dos efetivos femininos.
Rm = Pm / Pf x 100
Exemplo:
Segundo o recenseamento de 1991, residiam em Portugal 9 862 540 pessoas, das quais
4 754 632 do sexo masculino e 5 107 908 do sexo feminino. Na classe etária dos 10 aos
15 anos tínhamos 398 442 rapazes e 383 142 raparigas. Nesse ano nasceram 116 383
crianças, dos quais 59 953 eram do sexo masculino e 56 430, do sexo feminino. Logo:
Significa que no conjunto da população portuguesa, em 1991, por cada 100 pessoas do
sexo feminino havia 93,08 do sexo masculino e que por cada 100 raparigas dos 10 aos
15 anos havia 104,0 rapazes. Nesse ano, houve 106,24 nascimentos masculinos por cada
100 nascimentos femininos (Nazareth, 1988b, 2004, 2016).
A população passa a estar dividida em três grandes grupos etários, sexos separados ou
reunidos:
Jovens J 0 -19 anos ou 0 - 14 anos
Os grupos funcionais expressam, assim, essencialmente o peso relativo dos três grandes
grupos sociodemográficos presentes em qualquer população.
O grupo dos 65 e mais anos, traduz um grupo com uma produtividade reduzida, mas
ainda com um menor índice de consumo comparado com o grupo de população com
menos de 15 anos (Nazareth, 2004).
Na análise da estrutura etária das populações devem calcular-se certas relações entre
efetivos, não só para observar a sua evolução ao longo dos anos, mas também para
avaliar certas implicações socioeconómicas.
Temos assim:
O conjunto destes indicadores permite fazer a seguinte leitura: Por cada 100 pessoas
temos x jovens, y potencialmente ativos, e z idosos.
Leitura dos indicadores: Por cada 100 idosos existem x jovens (Índice de Juventude) e
por cada 100 jovens existem x idosos (Índice de Envelhecimento).
• Índice de Dependência de Jovens : (pop. 0-14 anos/ população 15-64 anos) x 100
Leitura dos indicadores: Por cada 100 potencialmente ativos temos x jovens e y idosos.
Pensou-se durante muito tempo que o envelhecimento demográfico teve a sua origem
na baixa da natalidade e da mortalidade. Atualmente, pensa-se ainda que o aumento da
esperança de vida e a baixa da mortalidade determinaram o envelhecimento
demográfico. Não obstante, verificou-se que nas populações onde esse fenómeno
predomina, foi provocado essencialmente pela quebra da natalidade e não pela baixa da
mortalidade. Constata-se, assim, que o envelhecimento acontece nas populações onde
tendencialmente a natalidade é baixa (Leston Bandeira, 2004).
Mas a verdade é que a população mundial está a envelhecer e todos os países do mundo
estão a assistir a um crescimento no número e na proporção de pessoas idosas da sua
população.
Estima-se que o número de idosos, com 60 anos ou mais, duplique até 2050 e mais do
que triplique até 2100, passando de 962 milhões em 2017 para 2,1 mil milhões em 2050
e 3,1 mil milhões em 2100.
Em todo o mundo, a população com 60 anos ou mais está a crescer mais rapidamente
do que todos os grupos etários mais jovens. A população com mais de 60 anos está a
crescer a uma taxa de cerca de 3% por ano. Em 2017 estimava-se que, em todo o
mundo, 962 milhões de pessoas tinham 60 anos ou mais – representando 13% da
população global. Atualmente, a Europa tem a maior percentagem da população com 60
anos ou mais (25%). O envelhecimento rápido também ocorrerá noutras partes do
mundo e até 2050 todas as regiões do mundo, exceto África, terão quase um quarto ou
mais das respetivas populações com mais de 60 anos.
Globalmente, o número de pessoas com 80 anos ou mais deverá triplicar até 2050
passando de 137 milhões, em 2017, para 425 milhões em 2050. As pessoas mais velhas
são cada vez mais vistas como contribuintes para o desenvolvimento, cujas
competências devem estar interligadas com políticas e programas transversais.
No entanto, nas próximas décadas, muitos países irão enfrentar pressões fiscais e
políticas na esfera dos sistemas públicos de saúde, providência e proteção social para a
população com a faixa etária mais avançada (Organização das Nações Unidas, 2021).
Ana Alexandre Fernandes foi das autoras que mais se debruçou sobre esta temática do
envelhecimento demográfico. Analisou os problemas decorrentes do envelhecimento e
das soluções encartadas para lhe fazer face, as transformações respeitantes à velhice
integradas nas alterações observadas na sociedade portuguesa, especialmente, as
alterações na estrutura familiar bem como as transformações da política social do Estado
dirigida aos problemas da velhice. Segundo Fernandes (2001), o envelhecimento
demográfico das populações é um fenómeno irreversível das nossas sociedades
modernas. Os impactos que se têm vindo a fazer sentir, entre os quais sobressai a
sustentabilidade financeira dos sistemas de reformas, interferem nos equilíbrios
individuais e colectivos, relativos às idades da vida e ao ciclo de vida ternário. « Velhos »
e reformados » são agora duas categorias sociais, dois conceitos que tendem a
demarcar-se. A velhice surge então associada às dificuldades decorrentes da aquisição
gradual de incapacidades. A família, as solidariedades intergeracionais e as políticas
sociais debatem-se com este desafio, procurando encontrar as melhores soluções e as
respostas mais adequadas à diversidade dos problemas (Fernandes, 2001 ; 2007).
Também Maria João Valente Rosa tem inúmeras publicações na área do envelhecimento.
No ensaio sobre o envelhecimento da Sociedade Portuguesa (Valente Rosa, 2012)
começa por falar das razões que conduziram à situação demográfica em que nos
encontramos. Argumenta que a aflição com o envelhecimento da população é muito
explicada por um outro envelhecimento mais profundo: a incapacidade de a sociedade
adaptar as suas estruturas sociais e mentais à evolução dos factos. Propõe um rumo
alternativo de organização social sintonizado com as realidades sociodemográficas em
curso. Todos envelhecemos, por isso o envelhecimento individual (de cada um de nós)
faz parte do nosso quotidiano. Porém, começámos recentemente a ser confrontados com
um outro envelhecimento, de tipo coletivo: o envelhecimento da população em geral. A
população envelhece porque a Humanidade cresceu em conhecimento técnico-científico
e as condições de vida das populações melhoraram. Mas, apesar de o envelhecimento
populacional poder ser percebido como uma história de sucesso, é frequentemente
entendido como uma verdadeira ameaça ao futuro da sociedade em que vivemos
(Valente Rosa, 2012). Pode-se falar em longevidade em vez de envelhecimento.
ATIVIDADES FORMATIVAS
80 + 86544 256859
Objetivos
Nos países não desenvolvidos, esse declínio, quando já ocorreu, é relativamente recente.
A África, no conjunto do continente, tem os níveis mais elevados, o que indica que na
maior parte dos países africanos o declínio da natalidade ainda não ocorreu. Ao
observarmos as diferenças entre as regiões, facilmente nos damos conta de que existe
uma grande diversidade de situações; nos restantes continentes, além de valores globais
bastante mais baixos, as diferenças deixam de ser tão acentuadas.
Os demógrafos mostraram, por exemplo, que quanto mais anos de educação uma
mulher tem, menos filhos ela terá. Por que seria? Por que mais anos de educação
completa resultariam, ao contrário, numa mulher que tinha poucos filhos? Um dos
motivos é que as mulheres que ficam mais tempo na escola tendem a casar-se mais
tarde e adiar os filhos, em comparação com as mulheres que frequentaram a escola por
um menor período de tempo. Assim, a variável educacional tem uma influência na
fecundidade através das chamadas variáveis intermediárias que se encontram entre a
fecundidade e as variáveis sociais, económicas, culturais e ambientais.
Em 1956, dois demógrafos -Kingsley Davis e Judith Blake - escreveram um artigo sobre
as variáveis comportamentais e biológicas que são "intermediárias" e que influenciam
diretamente a fecundidade. Estes demógrafos elencaram os determinantes próximos da
fecundidade na ordem da sequência de tempo envolvida na produção de bebés em três
estágios: (1) relação sexual, (2) conceção e (3) gestação e parto.
A Taxa Bruta de Natalidade mede a frequência anual da natalidade por cada mil
habitantes. Este instrumento de medida refere-se à relação entre os nascimentos
ocorridos num determinado espaço geográfico e a respetiva população média8 durante
um determinado período de tempo, normalmente um ano civil (habitualmente expressa
em número de nados-vivos por 1000 (10^3) habitantes).
8
População calculada pela média aritmética dos efectivos em dois momentos de observação, habitualmente
em dois finais de anos consecutivos (INE-Metainformação).
Figura 9
Taxa bruta de natalidade
Que países têm mais e menos bebés por 1.000 residentes?
Grupos/Países Taxa bruta de natalidade
Exemplo:
Total de Nados-vivos (1990): 116 383 População média total (1990): 9 862 540
9 862 540
Apesar de ser um indicador muito utilizado, sobretudo como medida comparativa, deverá
ter-se em conta que a taxa bruta de natalidade, tal como todas as taxas brutas, é
enviesada pelos efeitos de estrutura das populações (quanto às diferenciações existentes
por idade e sexo).
Figura 10
Taxa de fecundidade geral
Quantos filhos existem em cada 1.000 mulheres em idade fértil?
Anos Taxa de fecundidade geral
1961 95,7
1962 96,6
1963 93,0
1964 95,3
1965 93,0
1966 92,7
1967 91,7
1968 89,6
1969 88,3
1970 84,6
1971 84,6
1972 81,0
1973 79,1
1974 77,8
1975 80,0
1976 82,2
1977 79,0
1978 72,3
1979 68,5
1980 ┴ 66,9
1981 63,7
1982 62,7
1983 59,5
1984 58,5
1985 53,1
1986 51,4
1987 49,8
1988 49,2
1989 47,6
1990 46,5
1991 46,3
1992 45,5
1993 44,9
1994 42,8
1995 41,8
1996 42,8
1997 43,6
1998 43,7
1999 44,6
2000 45,9
2001 43,0
2002 43,6
2003 42,9
2004 41,8
2005 42,1
2006 40,7
2007 39,7
2008 40,8
2009 39,0
2010 40,0
2011 38,6
2012 36,3
2013 33,9
2014 34,3
2015 36,0
2016 37,1
2017 37,2
2018 37,9
2019 37,9
Exemplo:
População média total feminina dos 15-49 anos (1990): 2 479 494
2 479 494
É a partir das taxas de fecundidade por idades que se podem calcular os indicadores
relativos à intensidade e ao calendário da fecundidade.
O ISF define-se como o número médio de crianças vivas nascidas por mulher em idade
fértil, admitindo que as mulheres estariam submetidas às taxas de fecundidade
observadas no momento. É o valor resultante da soma das taxas de fecundidade por
idades, ano-a-ano ou grupos quinquenais, entre os 15 e os 49 anos, observadas num
determinado período (habitualmente um ano civil). No caso de grupos quinquenais,
multiplica-se o valor da soma por 5 (amplitude de cada grupo etário).
Exemplo:
1.º. Calcula-se as TFG em cada um dos grupos etários (nascimentos em cada um dos
grupos etários / população média feminina em cada um dos grupos etários), ou seja,
TFG (GE) = Nados-Vivos por idades das mães (GE)/População Média Feminina (GE)
(*) Nota: No caso de já se ter multiplicado por 1000 as TFG por GE, é necessário dividir o seu somatório
por 1000 para calcular o valor do ISF = (somatório tx de fecundidade por grupos etários *5) /1000
Para que a reposição populacional seja assegurada, convencionou-se que o ISF não pode
ser inferior a 2,1 filhos por mulher, pois as duas crianças substituem os pais e a fração
0,1 é necessária para compensar os indivíduos que morrem antes de atingir a idade
reprodutiva.
A queda do ISF é consequência de vários fatores, tais como projetos de educação sexual,
planeamento familiar, utilização de métodos contracetivos, maior participação da mulher
no mercado de trabalho, expansão da urbanização, entre outros. Fatores que evoluem
de forma diferenciada segundo as realidades culturais e socioeconómicas dos vários
países.
Em 2014, Portugal foi o país da Europa com o nível de fecundidade mais baixo, avaliado
através do Índice Sintético de Fecundidade, cujo valor era de 1,28. No estudo
coordenado por Mendes (2016) procurou-se identificar quais as variáveis que
determinam a feundidade, e distinguiu-se vários tipos de fecundiades : a fecundidade
realizada, estudando -se os determinantes: para o filho único (distiguindo os residentes
com idades compreendidas entre os 18 e os 29 anos e os com idades entre os 30 e os
39 anos) e para um dado número de filhos; a fecundidade desejada, os determinantes
para o número desejado de filhos; para a fecundidade final esperada, diferenciando
entre os determinantes para quem espera ter somente um filho, ou mais; para que a
fecundidade final esperada seja atingida; e, por último, para querer ter/ter mais filhos
(dos 18 aos 29 e dos 30 aos 39 anos).
Figura 11
Índice sintético de fecundidade e taxa bruta de reprodução
Quantos filhos existem, em média, por mulher em idade fértil?
Quantas filhas tem, em média, cada mulher em idade fértil?
Índice Taxa Bruta
Anos Sintético de de
Fecundidade Reprodução
1960 3,20 1,56
1970 3,00 1,46
1971 2,99 1,46
1972 2,85 1,39
1973 2,76 1,35
1974 2,69 1,31
1975 2,75 1,34
9
Deste modo, implica, sempre que possível, a confirmação complementar através do cálculo da denominada
Taxa Líquida de Reprodução.
1976 2,81 1,37
1977 2,68 1,31
1978 2,45 1,20
1979 2,31 1,13
1980 2,25 1,10
1981 2,13 1,04
1982 2,08 1,02
1983 1,96 0,96
1984 1,91 0,93
1985 1,73 0,84
1986 1,67 0,81
1987 1,63 0,80
1988 1,62 0,79
1989 1,58 0,77
1990 1,57 0,77
1991 1,56 0,76
1992 1,54 0,75
1993 1,52 0,74
1994 1,45 0,71
1995 1,41 0,69
1996 1,45 0,71
1997 1,47 0,72
1998 1,48 0,72
1999 1,51 0,74
2000 1,55 0,76
2001 1,45 0,71
2002 1,47 0,72
2003 1,44 0,70
2004 1,41 0,69
2005 1,42 0,69
2006 1,38 0,67
2007 1,35 0,66
2008 1,40 0,68
2009 1,35 0,66
2010 1,39 0,68
2011 1,35 0,66
2012 1,28 0,62
2013 1,21 0,59
2014 1,23 0,60
2015 1,30 0,63
2016 1,36 0,66
2017 1,37 0,67
2018 1,41 0,69
2019 1,42 0,69
Fonte: PORDATA/ Indicadores de Fecundidade: Índice sintético de fecundidade e taxa bruta de reprodução
Fontes de Dados: INE - Indicadores Demográficos
Última actualização: 2020-06-16
Exemplo:
…. ….
A idade média das mães ao nascimento dos filhos remete na atualidade para a
problemática do adiamento do momento de procriar. Nos países mais desenvolvidos a
tendência atual é para que as mulheres adiem o momento de procriar para idades, em
média, acima dos 30 anos. A idade média ao nascimento de um filho (seja um primeiro,
segundo, terceiro ou ainda de uma outra ordem de nascimento mais elevada) foi,
de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2014 igual a 31,5 anos,
enquanto a idade média ao nascimento do primeiro fillho subiu, pela primeira vez, aos
30,0 anos, quando em 1982 e em 1983 chegou a registar um valor médio de 23,5 anos
(Mendes, (Coord., 2016). Em Portugal, em 2020, a idade média das mulheres ao
nascimento de um filho situou-se nos 31,6 anos. A literatura mais recente é unânime em
considerar o adiamento na idade em que se têm filhos como uma das principais causas
do declínio da fecundidade nas últimas décadas (Mendes, (Coord., 2016). O nível de
instruçãoda mãe também é decisivo no adiamento. A existência de um relacionamento
conjugal, casamento ou coabitação é um elemento central para os planos reprodutivos
dos residentes em Portugal.
2000 28,6
2001 28,8
2002 28,9
2003 29
2004 29,2
2005 29,3
2006 29,4
2007 29,5
2008 29,6
2009 29,7
2010 29,8
2011 30,1
2012 30,2
2013 30,4
2014 30,7
2015 30,9
2016 31,1
2017 31,2
2019 31,4
2018 31,4
2020 31,6
Para estar no nível de reposição, o ISF deve estar acima de 2,0, uma vez que, em pelo
menos um filho, nasce para cada filha, e algumas mães em potencial morrem antes de
terem os seus filhos, mesmo na coorte hipotética mais saudável. Como estimativa geral,
o ISF de reposição é considerado 2,1 filhos por mulher nas regiões mais desenvolvidas
e 2,3 filhos por mulher nas regiões menos desenvolvidas, onde as taxas de mortalidade
são mais altas. Países com o ISF abaixo desses níveis são considerados abaixo da
fecundidade de substituição. Os países que se encontram com fecundidade abaixo do
nível de reposição tendem a preocupar-se com os problemas do lento crescimento
populacional e declínio populacional. Existem atualmente onze países ou territórios que
começaram a experimentar níveis de fecundidade mais baixos sem precedentes, caindo
abaixo de 1,3 filhos por mulher.
No entanto, a fecundidade é apenas uma fonte de mudança no crescimento populacional
de um país. Seria um erro supor que a fecundidade abaixo da reposição sempre resultará
em tamanho da população em declínio. Entre os setenta e cinco países que agora têm
menos fecundidade de substituição (48% da população mundial), muitos continuarão a
experimentar um crescimento populacional devido quer à imigração, quer às estruturas
de idade mais jovem, com grandes coortes entrando na idade reprodutiva. Não são
apenas as regiões mais desenvolvidas que têm baixa fecundidade. Um terço dos países
menos desenvolvidos do mundo têm uma substituição abaixo dos níveis de fecundidade
(Nações Unidas, 2011). Incluem alguns dos mais populosos países em desenvolvimento,
como China, Brasil, Irão, Tailândia, Vietname e Coreia do Sul (Nações Unidas, 2013).
O processo mais simples que existe para medirmos o nível da nupcialidade consiste em
dividir o total de casamentos observados pela população média.
Exemplo:
Até ao século XVII, os casamentos eram usados principalmente para ganhar legitimidade
ancestral e estabelecer laços militares e comerciais. A poligamia foi proibida por volta do
século XVII, e o número de famílias extensas diminuiu. No final do século XVIII na
Europa Ocidental, a “união por amor” tornou-se normativa.
Houve poucas mudanças, entre 1995 e 2010, nas percentagens de mulheres com idades
entre 15 e os 44 anos que não estão numa união (28%), mas houve mudanças drásticas
nas percentagens de casamentos e coabitações. Na coabitação, de um terço das
mulheres, em 1995, passou-se para metade das mulheres em 2006-2010, nos Estados
Unidos. Quanto ao casamento, passou de 39% em 1995 para 23% em 2006-2010. Da
metade das mulheres que coabitam, 40% fizeram a transição para casar, 32%
permaneceram coabitantes e 27% terminaram uma relação.
De acordo com Wendy Manning (2013), apenas 11% das mulheres com idades entre os
19 e os 44 anos relataram coabitar, em 1965-74, antes de seu primeiro casamento,
percentagem que subiu para 46% em 1985-89, para 59% em 1995-99 e para 66% em
2005- 2009.
A coabitação é o “novo normal” nos dias de hoje, as taxas são diferentes dependendo
dos níveis de educação. Continuando com o exemplo dos Estados Unidos, em 2009-10,
74% das mulheres, com habilitações abaixo do ensino secundário, declararam coabitar
ou já ter coabitado.
Quanto às idades das mães solteiras, em 2013, nas mulheres com menos de 15 anos,
praticamente todos os nascimentos foram de solteiras; nas mulheres dos 15 aos 19 anos,
a percentagem é de 89% de nascimentos referidos a solteiras; nas mulheres entre 20 e
24 anos, são mais de 65% dos nascimentos; nas mulheres dos 25 aos 29 anos são quase
36% e no grupo dos 30 aos 34 anos são mais de 32%. Quanto mais velha for a mulher,
maior a probabilidade de ela se casar e menos probabilidade de não estar casada ao dar
à luz (Poston & Bouvier, 2017, p. 95-110).
Hoje, a maioria das mulheres e homens casados e solteiros, sexualmente ativos nos
países desenvolvidos estão a limitar o tamanho das suas famílias e/ou a controlar o
tempo e o intervalo dos nascimentos através do controlo da natalidade. Poucas pessoas
nos países em desenvolvimento usam métodos de prevenção dos nascimentos. Há uma
variedade de métodos disponíveis para mulheres e homens para prevenir partos, e os
mais populares em todo o mundo são a contraceção, a esterilização e o aborto. A eficácia
desses métodos difere uns dos outros e cada um tem as suas vantagens e desvantagens
(Poston & Bouvier, 2017, p. 123).
Contracepção: Uma História de Robert Jutte, escrito em 2008. A versão original foi
publicada em alemão alguns anos antes.
História da contracepção: da antiguidade aos dias atuais, escrito por McLaren em 1992,
um importante tratamento histórico.
Ervas de Eva: uma história de contraceção e aborto no Ocidente, escrito por West em
1999. Este livro é um relato histórico e também evoca o uso de plantas e produtos à
base de ervas para regular a fecundidade.
De acordo com dados de vários países recolhidos entre 2002 e 2012, 63% das mulheres
casadas em todo o mundo estavam a usar métodos de planeamento familiar: 72% das
mulheres de países desenvolvidos e 62% de países em desenvolvimento.
TBN (País A- desenvolvido) = 778 526/61 283 600 *1000= 12,70 por mil
TBN (País B- não desenvolvido) = 54 043/1 428 082 *1000= 37,84 por mil
Segundo estes dois resultados, poderíamos dizer que a diferença de nível entre os dois
países seria de 198 %.
2. TFG (País A - desenvolvido) = 778 526/14 309 800 *1000 = 54,41 por mil
TFG (País B - não desenvolvido) = 54 043/319 084 *1000 = 169,37 por mil
Segundo estes dois resultados, poderíamos dizer que a diferença de nível entre os dois
países seria de 211% em vez de 198%. Compare as diferenças de nível entre os dois
países e entre os dois tipos de taxas.
4. Com base nos dados do quadro seguinte relativos à população a meio do ano de 1991
e aos nados vivos de 1991, calcule:
40-44 10904 61
45-49 5954 3
Objetivos
6.1. MORTALIDADE
A morte não ocorre da mesma forma para todas as pessoas; algumas morrem mais cedo
do que outras. O impacto da mortalidade varia significativamente de acordo com as
características sociais e demográficas dos indivíduos.
A principal característica da mortalidade durante o século XX foi o seu declínio. Mas esse
declínio não se fez observar em todos os países ao mesmo tempo, e nos países em que
isso aconteceu não declinou com a mesma velocidade nos diversos tipos de grupos que
integram as estruturas sociodemográficas.
Na realidade podemos afirmar que anteriormente à época contemporânea, a mortalidade
era bastante elevada por seis razões principais: fomes, subnutrição, guerras, epidemias,
pestes e ausência de condições sanitárias. (Nazareth, 2004, p. 188-189).
A identificação destes fatores permitiu uma imediata explicitação das principais causas
do declínio da mortalidade:
Estes fatores contribuíram para que a mortalidade declinasse de tal forma que a
esperança de vida mais do que duplicou. Mas esse declínio não foi igual em todo o
mundo. Daí a diversidade de situações que encontramos.
A razão dessa divergência deriva do facto de nos países desenvolvidos todos os fatores
enunciados anteriormente terem concorrido para o declínio da mortalidade, ao passo
que na maior parte dos países não desenvolvidos o declínio observado tem sido devido
a fatores médicos e sanitários (Nazareth, 2004, p. 189).
No contexto português, o estudo de Coelho e Catela Nunes (2015) mostra que desde
1950 assiste-se ao declínio global dos níveis de mortalidade em todas as idades, a uma
redução dramática da mortalidade infantil, ao aumento da sobrevivência até idades cada
vez mais avançadas, e a ganhos extraordinários na esperança de vida da população.
Portugal detém uma posição de relativa fragilidade comparativamente com os outros
países da Europa Ocidental, sobretudo na população masculina. A posição relativamente
desfavorável dos homens em algumas idades é um indicador de que ainda existe espaço
para melhorias na esperança de vida. A análise das taxas de declínio da mortalidade
sugere ainda que um grupo específico de indivíduos do sexo masculino não experienciou
melhorias na mortalidade e sofreu mesmo aumentos nos níveis de mortalidade ao longo
do tempo. Este comportamento específico pode ser devido a influências “específicas do
período” ou “específicas da geração” (Coelho e Catela Nunes, 2015).
Na prática consiste em dividir o total de óbitos num determinado período (um ano) pela
população existente nesse mesmo período.
Esta medida é conhecida como Taxa Bruta de Mortalidade e podemos representá-la por:
TBM.
Uma vez que a população total muda a cada instante no decorrer de um ano, surge a
dúvida sobre qual a população a considerar no denominador. Como a TBM é uma medida
de risco, teríamos que ter no denominador todas as pessoas submetidas a esse risco.
Se tomamos a população no início do ano, nela não estão incluídas as crianças que vão
nascer durante o ano. Por outro lado, aquelas pessoas que estão vivas no início do ano
e que vão falecer antes do fim do ano não poderão entrar com o mesmo peso do que
aquelas que vão sobreviver.
Se tomamos a população no final do ano, nela não estarão incluídas, por um lado,
aquelas pessoas que faleceram durante o ano e, por outro, estarão incluídas
integralmente as crianças que nasceram em diferentes momentos no decorrer do ano e
que não estiveram submetidas ao risco de morte durante todo o ano.
Ainda que o mais usual seja calcular a TBM referente ao ano calendário, ela também
pode ser obtida para qualquer conjunto de 12 meses consecutivos.
A Taxa Bruta de Mortalidade relaciona, assim, o número de óbitos durante um dado ano
com a população média desse ano.
Usualmente esta taxa é representada pelo número de óbitos por mil habitantes, para
maior facilidade de interpretação.
Exemplo:
Em Portugal tivemos em 1990, 103 115 óbitos e a população média registada era de
9 883 400 habitantes. A taxa bruta de mortalidade em 1990 obtém-se do seguinte modo:
9 883 400
Então dizemos que a Taxa Bruta de Mortalidade de Portugal em 1990 era de 10,43 óbitos
por mil habitantes.
Por tratar-se, então, de um instrumento grosseiro que não tem em conta a estrutura
etária da população, devemos ter em conta algumas precauções: fazer coincidir a
população média com a população de um recenseamento.
Os dois fatores intervenientes nas taxas brutas são o modelo e as estruturas. A taxa
bruta é a soma dos produtos das estruturas relativas de cada idade pelas taxas nessas
mesmas idades. Como ao conjunto das taxas por idade se chama o modelo do fenómeno,
a taxa bruta pode ser redefinida como uma resultante da interação entre o modelo e a
estrutura (Nazareth, 2004, 190-191).
O que diferencia estas taxas é o facto de que, enquanto as taxas brutas consideram
como população média de referência toda a população, as taxas específicas medem a
frequência dos fenómenos demográficos numa parte dessa população, definida pela
pertença ao mesmo grupo etário ou idade (Leston Bandeira, 2004).
Temos, deste modo, a Taxa Específica de Mortalidade (TEM), que se refere ao risco de
morte em cada idade ou em cada grupo etário. Corresponde ao quociente entre o total
de óbitos, num determinado ano, em cada idade ou grupo etário e a população
correspondente a esse grupo no meio do ano em análise (Pressat, 1980).
Do exposto, fica claro que duas populações com as mesmas Taxas Específicas de
Mortalidade podem gerar Taxas Brutas de Mortalidade distintas, por terem distribuições
etárias proporcionais diferentes.
O conceito de taxas específicas que usamos em relação à idade pode ser estendido para
outras variáveis que influenciam o risco de morrer. Assim, podemos definir taxas
específicas por sexo, por estado civil, causas de morte, por grupos socioeconómicos etc.
Do mesmo modo, calculam-se também as taxas por idade e por sexos separadamente.
A forma de cálculo deste tipo de taxas é a mesma que a da taxa bruta de mortalidade:
relacionam-se os óbitos de cada sexo ocorridos num dado ano na idade considerada,
com a população média desse mesmo sexo com essa idade durante esse ano (Leston
Bandeira, 2004).
Determina-se, geralmente, sem distinção de sexos pelo facto de que a diferença que
existe entre mortalidade masculina e feminina não é significativa, nessas idades.
A mortalidade infantil remete, assim, para o número de mortes de crianças com menos
de 1 ano, num dado ano X e numa dada população N, por cada 1.000 nascimentos nessa
população Y e nesse mesmo ano X.
Ela corresponde ao risco que um nado-vivo tem de vir a falecer antes de completar um
ano de idade. Está implícito neste conceito a ideia de probabilidade. Como as crianças
nascidas durante um ano, digamos A, só completarão um ano de idade no ano seguinte,
A + 1, a mortalidade infantil entre os nascidos num ano-calendário ocorrerá durante dois
anos consecutivos, A e A + 1.
Seria necessário esperar dois anos para se poder calcular a Taxa de Mortalidade Infantil
(TMI) dos nascidos vivos num determinado ano, dada a dificuldade prática de separar-
se, em cada ano do calendário, do total de óbitos infantis aqueles referentes a crianças
nascidas no próprio ano e a crianças nascidas no ano anterior.
Este erro será normalmente pequeno, a não ser que haja entre dois anos consecutivos
grande diferença no número de nascimentos e/ou grande mudança na mortalidade de
crianças abaixo de um ano. Pode-se considerar, então, como uma boa medida de
mortalidade infantil e tomá-la como uma probabilidade. Deste modo, a mortalidade
infantil é usualmente medida pela taxa de mortalidade infantil (clássica) calculada a
partir de uma observação de acontecimentos produzidos durante um ano civil (Leston
Bandeira, 2004, p. 195).
Os factores associados a esta redução são os factores sociais, tais como o nascimento
fora do casamento sem coabitação, o nível de instrução da mãe, o emprego materno, a
idade da mãe, os factores de saúde (assistência ao parto, peso á nascença, recursos em
saúde (médicos por 100 mil habitantes; centros de saúde e hospitais por 100 mil
habitantes), os factores económicos. Portugal obteve uma redução de 74,66 por cento
da taxa de mortalidade infantil, passando de 13,06 por mil, em 1988, para 3,31 por mil,
em 2008. É provavelmente o indicador em que o país mais progrediu nesses 20 anos
(Barreto e Correia, (Coord., 2014).
nados-vivos ano x
Taxa de Mortalidade Infantil Clássica: 7726/172 324 X 1000 = 44, 83 por mil
A Taxa de Mortalidade infantil Portugal em 1973 era de 44,84 óbitos de crianças com
menos de 1 ano por cada mil nascimentos.
“Na produção da vida humana intervém uma multiplicidade de fatores que antecedem e
acompanham o ato de nascer e condicionam as possibilidades de sobrevivência de um
novo ser. (...)
Por este facto, a mortalidade infantil deve ser abordada e analisada tomando por
referência duas fronteiras temporais muito precisas: no início, a formação do feto; no
fim, o primeiro aniversário. Entre estas duas fronteiras, o risco de mortalidade vai
mudando de natureza e de intensidade.
A mortinatalidade
Um nado-morto, geralmente designado aborto ou morte fetal, é um feto que não nasceu
vivo; assim, não é registado como morte porque não nasceu.
Um feto pode morrer antes do início do trabalho de parto, ou seja, no útero, devido a
complicações na gravidez ou por várias doenças maternas. Ou um feto pode estar vivo
no início do trabalho de parto, mas morrer durante o processo e, assim, nascer morto.
Para o cálculo da mortalidade neonatal precoce são considerados apenas os óbitos dos
7 primeiros dias de vida.
Mortalidade Perinatal
A mortalidade perinatal designa os efeitos do risco sofrido durante o período crucial que
vai do momento em que se perfaz a formação no útero ao nascimento e se conclui a
primeira semana de vida.
Taxa de Mortalidade Infantil Neonatal: 3647/172 324 X 1000 = 21,16 por mil
Taxa de Mortalidade Infantil Neonatal precoce: 2502/172 324 x 1000 = 14,52 por mil
Taxa de Mortalidade Infantil Pós Neonatal: 4079/172 324 X 1000 = 23, 67 por mil
Apesar do numerador da TMI corresponder aos óbitos de crianças com idade abaixo de
um ano, a distribuição dos óbitos dentro deste intervalo não é uniforme e ocorre de
maneira desigual.
Naquelas populações onde a TMI é alta, os óbitos são menos concentrados nas primeiras
semanas de vida, porque muitos dos óbitos infantis são devidos a fatores ligados ao
meio em que a criança vive, tais como as condições de saneamento, nutrição. A
mortalidade pós-neonatal mais sensível ao meio ambiente, aos comportamentos e às
doenças infeciosas, está intimamente associada às condições de vida (Rollet, 2007, p.
61).
As causas exógenas por sua vez, estão associadas a causas exteriores (doenças
infeciosas, subalimentação, cuidados hospitalares insuficientes e acidentes diversos).
São deste modo resultado de condições sanitárias ou contextos sociais desfavoráveis à
sobrevivência da criança.
“O interesse principal desta distinção entre mortalidade infantil endógena e mortalidade infantil
exógena decorre dos ensinamentos quanto à melhoria das políticas sociais e de proteção à
infância e à maternidade, sendo adquirido que essa melhoria produzirá efeitos principalmente
sobre a redução dos fatores responsáveis pela mortalidade exógena”. (Leston Bandeira, 2004,
p. 204)
Para podermos separar os óbitos infantis por causas endógenas ou exógenas teremos
de ter acesso a estatísticas de óbitos por causas de morte.
No entanto, existe um método que permite obter essa separação sem termos a
informação dos óbitos por dias e idades. Trata-se, pois, de aumentar em 25% os óbitos
registados no intervalo 31-365 dias, ou aumentar em 22,8% os do intervalo 28-365 dias
e obtemos o total de óbitos exógenos.
nados-vivos ano x
A Taxa de Mortalidade Infantil Exógena obtém-se dividindo o total de óbitos exógenos
pelos nascimentos.
nados-vivos ano x
Para obter os óbitos exógenos somamos aos óbitos com 28-365 dias (4079) os óbitos
exógenos com menos de 28 dias, isto é, 4079 x 0,228 (22,8%) = 930
Logo:
Taxa de Mortalidade Infantil Endógena: 2717/172 324 X 1000 = 15,77 por mil
Taxa de Mortalidade Infantil Exógena: 5009/172 324 x 1000 = 29,07 por mil
A OMS define uma morte materna como a morte de uma mulher durante a gravidez ou
no prazo de 42 dias após a interrupção da gravidez, independentemente da duração ou
local da gravidez, de qualquer causa relacionada ou agravada pela gravidez ou seu
tratamento, mas não de causas acidentais ou incidentais (Poston & Bouvier, 2017).
A taxa de mortalidade materna (TMMR) é o número de mortes num ano de mulheres
que morrem resultado de complicações na gravidez, parto e puerpério (ou seja, a
condição da mulher imediatamente após o parto, geralmente terminando quando a
ovulação começa novamente), por 100.000 nascimentos ocorridos nesse ano.
Os dois fatores mais importantes que levam à morte materna são a idade e a paridade
(o número de vezes que uma mulher deu à luz; também se refere à ordem de
nascimento, por exemplo, um segundo filho, que seria um filho de segunda paridade).
Os riscos de morte por maternidade (durante a gravidez) são maiores para mulheres
muito jovens e mulheres mais velhas do que para mulheres na casa dos vinte e trinta
anos.
Mulheres com alta paridade e mulheres com intervalos curtos entre partos também estão
em alto risco devido a doenças crónicas e desnutrição, pobreza, gravidez indesejada,
cuidados pré-natais e obstétricos inadequados e falta de acesso a um hospital (Poston
& Bouvier, 2017).
O método das proporções corresponde à divisão dos óbitos registados em cada mês pelo
total de óbitos anuais, multiplicando o resultado obtido por 100 de modo a termos o
resultado em percentagem.
Contudo, dado que cada mês tem uma diferente amplitude, este método acaba por
originar distorções na análise dos dados obtidos. Assim, recorre-se ao método das taxas
mensais.
Com o método das taxas mensais convertem-se as taxas aos efetivos anuais dado que
se multiplica o número médio de óbitos mensais pelo número de dias do ano divididos
pela população média. Isto é:
(óbitos mensais / dias do mês) x (365 ou 366 / população média) x 1000
Este método assenta na mesma lógica que o anterior, no qual dividem-se os óbitos
mensais pelo número de dias do mês. Porém, os resultados obtidos são depois
substituídos por números proporcionais de modo a que o seu total seja igual a 1200.
“…a morte é provocada por uma ou uma combinação de uma grande variedade de
causas, ou doenças, e a compreensão da mortalidade requer uma compreensão das
tendências em cada uma das principais causas de morte” (Bogue, 1969, conforme
citado em Poston & Bouvier, 2017).
Nem todas as pessoas morrem pelas mesmas causas principais, e isso se deve em
grande parte aos níveis socioeconómicos dos países.
A mortalidade varia com a idade, mas as causas de morte também variam com a idade.
10
https://www.who.int/classifications/classification-of-diseases
https://icd.who.int/browse11/l-m/en
Fomes
A fome foi considerada uma causa de morte. As populações dos tempos pré-industriais
tinham muito menos controlo sobre o suprimento de alimentos do que hoje em dia.
Houve declínios graves na população em grande parte da Europa durante os anos de
fome de 1315–1317. Na década de 1690, um sexto da população em algumas províncias
suecas morreu após graves quebras de produção de cereais (trigo, milho). A fome da
batata irlandesa de 1846-1851, conhecida na Irlanda como a Grande Fome, matou cerca
de um milhão de pessoas, embora algumas estimativas apontem para um número tão
alto quanto 1,5 milhão.
A última grande fome na Europa foi a fome finlandesa de 1868. Além disso, cerca de 19
milhões de pessoas provavelmente morreram na Índia entre 1891 e 1910 como resultado
da fome.
Uma das fomes mais destrutivas no registo demográfico ocorreu na China entre 1958 e
1961. Estima-se que entre 30 e 40 milhões de chineses morreram como resultado direto
da fome, com 12 milhões das mortes de pessoas menores de dez anos.
Epidemias
Uma epidemia é um grande aumento ou aumento de uma doença infeciosa numa área
que resulta num grande número de mortes, seguido por um declínio. Muitas infeções e
doenças contagiosas se tornaram epidérmicas, incluindo escarlatina, sarampo, gripe e
cólera.
Uma epidemia recente foi a epidemia de gripe espanhola. Ela espalhou-se pela Europa
em 1918 e depois para o resto do mundo. Os epidemiologistas estimam que a epidemia
resultou na morte de cerca de 50 milhões de pessoas. A gripe espanhola pode muito
bem ter infetado quase mil milhões de pessoas, ou quase metade da população do
mundo naquela época (Poston & Bouvier, 2017).
O vírus da imunodeficiência humana (HIV), que causa a Sida, foi isolado em 1983 no
Instituto Pasteur em Paris.
No final da década de 1980 e início da década de 1990, o HIV Sida foi identificado em
todas as regiões do mundo.
Guerras
Assim, a Taxa Bruta de Mortalidade por Causa é o mais imediato instrumento de medida
de que dispomos.
Obtém-se por meio do quociente entre o número de óbitos pela causa C e a população
total média (Leston Bandeira, 2004, p. 229).
As taxas obtidas desta forma permitem efetuar comparações, pois sintetizam o peso
relativo de uma dada doença na estrutura de uma população. No entanto, os resultados
obtidos com as mesmas não permitem saber quais os tempos de maior ou menor
incidência do risco na vida dos indivíduos. Deste modo, será conveniente recorrer-se ao
cálculo de taxas de mortalidade segundo a causa e a idade. Podem calcular-se estas
taxas para todas as causas permitindo conhecer o peso relativo de cada grupo de causas
de mortalidade nas diferentes idades (Leston Bandeira, 2004, p. 233-234).
Como vimos anteriormente, a Taxa Bruta de Mortalidade não é uma boa medida para se
comparar duas populações com estruturas etárias diferentes. Uma alternativa seria
analisar o conjunto das Taxas Específicas de Mortalidade.
Entretanto, dado o elevado número de Taxas Específicas de Mortalidade e a diversidade
de estruturas de mortalidade, segundo a idade, em duas ou mais populações, a
comparação entre Taxas Específicas de Mortalidade pode dificultar a análise dos níveis
de mortalidade (Pressat, 1980).
Um dos indicadores que têm a característica de ser uma medida-resumo e que não sofre
a influência da estrutura etária da população é a esperança de vida.
A esperança de vida numa determinada idade pode ser interpretada como o número
médio de anos que um indivíduo viverá a partir daquela idade, considerando o nível e a
estrutura de mortalidade por idade observados naquela população.
Em suma, nessa população com uma esperança de vida ao nascer de 70 anos, uma
criança que nasce viverá em média 70 anos.
No início dos anos 1950, a esperança de vida no mundo era de apenas 46 anos, mas
chegou a 69 anos em 2010. A ONU projetou que em 2050, a esperança de vida para o
mundo chegará a 76 anos e a 82 anos em 2100.
“Devemos partir do princípio que as pessoas falecidas entre dois aniversários são
distribuídas linearmente no tempo: assim, entre 0 e 1 ano, o número de anos vividos em
média é de 0,5 ano, entre 1 e 2 anos, de 1,5 ano, etc.” (Rollet, 2007, p. 67).
A descrição dos fenómenos demográficos, numa tábua, incide sobre um grupo cuja
identidade é determinada por um mesmo acontecimento (acontecimento – origem).
Para medir a probabilidade de um dado acontecimento ocorrer numa geração entre duas
idades, utiliza-se o quociente. Este instrumento de medida constitui a medida chave na
construção de uma tábua.
O quociente de mortalidade, que ao contrário das taxas não tem uma dimensão anual,
mede o risco de alguém de idade X, pertencente à geração G, morrer antes de atingir o
aniversário X+a.
Toma-se como efetivo inicial da tábua um múltiplo de 10 (1 000, 10 000 ou 100 000),
denominado por Raiz da Tábua (S0). Conhecidos ou já calculados os quocientes,
multiplica-se esse efetivo inicial pelo quociente de mortalidade entre 0 e 1 ano (1q0),
obtendo-se deste modo o número de óbitos da tábua {O (0,1)}, ocorridos entre dois
aniversários. Subtraindo estes óbitos ao efetivo inicial, obtém-se o número de
sobreviventes no primeiro aniversário (S1).
Efetuam-se estas operações de forma sucessivas pelas várias classes de idades até à
extinção da série dos sobreviventes.
Por outro lado, podemos falar de uma tábua bruta quando a mesma mede o risco de
mortalidade na ausência de migrações, ou de uma tábua líquida se na mesma forem
tidos em consideração os efeitos das migrações (Leston Bandeira, 2004).
Na verdade, “na maioria dos casos, interessa-nos muito mais observar as condições de
mortalidade existentes num determinado momento do que seguir uma geração durante umas
largas dezenas de anos. Por outras palavras, mesmo que os dados estejam disponíveis, é sempre
aconselhável construir uma tábua de mortalidade do momento ou em transversal” (Nazareth,
2004, p. 204).
1. A primeira coluna é a das idades: as idades são apresentadas não sob a forma de
grupos etários, mas nos terminais das idades exatas (0, 1, 5, 10, 20, 25…);
2. Na segunda coluna temos a função nqx (ou aqx); são os quocientes de mortalidade,
isto é, a probabilidade de morte, entre a idade exata x e a idade exata x + n, onde n é
a amplitude dos grupos de idade.
3. Na terceira coluna temos Ix (ou Sx): os sobreviventes em cada idade exata x. Para
tornar possível as comparações temporais e espaciais, aplica-se a um mesmo efetivo
(normalmente a raíz da tábua l0 =100.000) a lei da mortalidade definida pelos nqx ou
de sobrevivência definida pelos npx. Sendo que npx = 1 – nqx.
4. Na quarta coluna temos ndx (ou O (x, x+a)): é a distribuição dos óbitos (tendo em
conta o efetivo inicial de 100.000) por idades ou grupos de idades, entre um grupo etário
e outro, por idades exatas: ndx = Ix-Ix+n
5. Na quinta coluna temos nLx: é o número de anos vividos pelos sobreviventes lx entre
as idades exatas x e x + n, ou seja, entre duas idades ou sobreviventes em anos
completos. Obtém-se multiplicando os efetivos médios entre idades exatas pelo número
de anos.
6. Na coluna seis temos Tx: é uma função anos de vida intermédia. Começa-se pelo fim
da tábua, soma-se de baixo para cima. É o total de anos vividos pela coorte (fictícia)
depois da idade x. Como nLx é o número de anos vividos entre as idades exatas x e x +
n, para obter o total de anos vividos basta somar os nLx.
Ex=Tx / Ix ou E0 = T0 / I0
É necessária a informação sobre óbitos por grupos etários, efetivos por sexos separados.
nqx=2n * nTx
2+n*nTx
Exemplos:
nascimentos 90/91
O 1q0 é a verdadeira Taxa de Mortalidade Infantil.
4q1= 2*4*0.00092
2+4*0.00092
2+5*0.00048 2.0024
No caso do último grupo de idades, nqx é igual à unidade, uma vez que todas as pessoas
terão necessariamente que desaparecer.
3º lx
lx+n=1x*nPx
l0=100000
4º ndx
É a distribuição dos óbitos (tendo em conta o efetivo inicial de 100000) por idades ou
grupos de idades, entre um grupo etário e outro, por idades exatas: ndx=lx-lx+n
5º nLx
Exemplo:
1L0=K’’ l0 + K’ l1
6º Tx
É uma função anos de vida intermédia. Começa-se pelo fim da tábua, soma-se de baixo
para cima.
É o total de anos vividos pela coorte (fictícia) depois da idade x. Como nLx é o número
de anos vividos entre as idades exatas x e x+n, para obter o total de anos vividos basta
somar os nLx.
Assim temos:
𝑇𝑥 = ∑ 𝑛𝐿𝑥 O último Tx (ou Tk), que é igual a Lk+, obtém-se através da seguinte
expressão:
expressão:
7º ex
É a esperança de vida na idade x, ou seja, o número médio de anos que resta viver às
pessoas que atingiram a idade x. Quando x=0, temos a esperança de vida à nascença,
ou seja, o número total de anos vividos desde o nascimento, dividido pelo efetivo inicial
l0 lx
TBM (1990) = 103 115/9 883 400 *1000 = 10,43 por mil (Fonte : Nazareth, 1988b, 2004,
2016)
Objetivos
Introdução
Nota-se que esta definição de migração não usa o critério de distância nem o de duração,
pelo menos não diretamente. Uma mudança de residência ao atravessar a rua pode ser
uma migração se cruzar as fronteiras administrativas, enquanto uma viagem de férias
ao redor do mundo pode não ser. Um cidadão de um país pode viver por anos noutro,
sem alterar a sua cidadania, enquanto um refugiado pode adotar imediatamente a sua
nova casa como país de residência. Os demógrafos podem usar a distância de
movimento e a duração da estadia - ou mesmo a duração pretendida - como um
indicador para a mudança de residência, mas a “reinserção” continua a ser o critério
subjacente.
Que tipo de movimento fica então de fora dessa definição demográfica de migração?
Uma exclusão seria a mudança de pessoas que não têm residência geograficamente
durável, antes ou depois da mudança, como populações nómadas ou sem-teto. Outra
exclusão seria os movimentos de curto prazo de tipo periódico, por exemplo, deslocações
para o trabalho ou viagens anuais de férias. Outra exclusão categórica seria uma
mudança de residência dentro de uma unidade geopolítica, como mudar de uma casa
atual para outra na mesma área administrativa.
A migração residencial de pessoas que se mudam para uma área de destino é chamada
de migração interna; a migração de pessoas que saem de uma área de origem é
conhecida como emigração. É possível que um migrante volte para a sua área de origem
durante o curso da sua vida, e esse regresso residencial é conhecido como migração de
retorno.
Chamamos a um grupo de migrantes com uma área comum de origem e uma área
comum de destino durante um intervalo de migração especificado um fluxo de migração.
Observamos duas áreas, A e B, cada uma com uma população residencial especificada
no início de um ano. Durante aquele ano, um conjunto de pessoas cruza da área A para
a área B e outro conjunto atravessa da área B para a área A. Suponhamos que essas
passagens de fronteira signifiquem mudanças de residência - que são migrações.
O foco de interesse está nos fluxos de migração. Um fluxo de migração consiste nas
pessoas que migram de uma área especificada para outra num determinado período de
tempo. As setas na Figura 14 mostram dois fluxos. Os números dentro das setas indicam
de quantas pessoas se trata e o tamanho da seta representa o tamanho do volume.
Dessa posição, os 100 que se movem da área B para a área A representam a imigração;
os 50 que se mudam da área A para a área B representam a emigração.
Se as áreas não fossem nações, mas subunidades (ou seja, se a migração fosse interna),
então os processos poderiam ser rotulados de migração externa em vez de emigração,
e migração interna em vez de imigração.
(Poston & Bouvier, 2017, p. 227; Lundquist, Anderton, Yaiukey, 2015, p. 326-328).
Por que razão as pessoas migram? O estudo teórico da migração começou com
observações de que (1) nem todas as pessoas têm a mesma probabilidade de se mover
- na verdade, a grande maioria no mundo não migra internacionalmente e (2) que
pessoas têm maior probabilidade de se mover pode ajudar a entender as forças
subjacentes à migração. A identificação dos grupos com maior probabilidade de migrar
fornece generalizações empíricas sobre a migração que podem então contribuir para as
explicações teóricas da migração (Pressat, 1980).
5. A menos que controlos severos sejam impostos, tanto o volume como a taxa de
migração tendem a aumentar com o tempo.
Lee continuou a observar que a migração não é apenas seletiva, mas o grau de
seletividade varia (1966, pp. 56-57).
Alguns obstáculos entre a área de origem e destino tais como a distância, barreiras
legais, ameaças à sobrevivência, tendem a tornar a migração mais seletiva. Com o
tempo, há uma tendência à erosão da seletividade num fluxo migratório, como nas
migrações pioneiras, nas quais jovens adultos aventureiros iniciam o fluxo e,
posteriormente, mandam buscar as suas famílias e amigos.
Lee (1966) também observou que a migração é especialmente provável nas transições
entre as fases da vida: casar, entrar no mercado de trabalho, quando os filhos saem de
casa, divorciar-se, aposentar-se, ficar viúvo. Como vimos, uma expressão disso é a
seletividade quase universal por idade da migração à medida que jovens adultos
ingressam na força de trabalho.
A migração também seleciona por sexo, mas a natureza dessa seleção varia,
dependendo de questões, como a definição dos papéis de género. Tradicionalmente, a
migração é selecionada para homens jovens em busca de trabalho ou dinheiro no
exterior. Mas a seletividade por género torna-se mais variada à medida que as barreiras
à participação das mulheres no mercado de trabalho são reduzidas e, particularmente,
devido à globalização da procura por profissionais de saúde (UNCTAD, 2012; Chant e
Radcliffe, 1992, conforme citado em Lundquist, Anderton, Yaukey, 2015).
Com fluxos contínuos e variáveis, escolhemos como ponto de partida para introduzir a
migração moderna o ano de 1965, embora a mudança dos padrões de migração pré-
modernos para os modernos na verdade tenha abrangido o período do final da Segunda
Guerra Mundial até então. Durante estas duas décadas, os padrões de migração
sofreram uma mudança fundamental de migrações amplamente influenciadas pela
expansão da população europeia e história política, para migrações cada vez mais
influenciadas pela globalização, a demografia dos países pós-transição soviética e
movimentos de refugiados de conflitos e guerra civil.
Migração voluntária
Embora as causas sejam bem diferentes, uma reversão semelhante nos padrões de
migração ocorreu na Federação Russa e na Comunidade de Estados Independentes.
Os fluxos de migração pré Segunda Guerra Mundial que fluíam das regiões mais
desenvolvidas para as menos desenvolvidas mudaram de direção.
Migração forçada
Uma segunda grande mudança no período de migração moderna é a mudança nos níveis
e padrões da migração forçada. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, o tamanho
da migração forçada aumentou. A população global de refugiados, por exemplo,
aumentou de menos de 2 milhões em 1965 para mais de 15 milhões de pessoas em
2013 (Nações Unidas, 2013b; ACNUR, 2005).
São indivíduos que têm de deixar as suas casas para a sua própria segurança ou
sobrevivência, muitas vezes devido a guerras ou desastres naturais. Ao incluir o número
de pessoas que também foram deslocadas internamente, o número de refugiados sobe
para cerca de 43 milhões em todo o mundo (Nações Unidas, 2013b).
Migrações forçadas durante e após a Segunda Guerra Mundial (por exemplo, milhões de
judeus provindos da Alemanha como refugiados políticos durante a ascensão de Hitler
ao poder nos anos 1930) prenunciaram a importância crescente dos movimentos de
refugiados no período moderno.
O fim da Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria que se seguiu resultaram em imensas
migrações forçadas. Cerca de 20 milhões de pessoas na Europa Central e Oriental
estiveram envolvidas em vários tipos de voos, trocas, expulsões e transferências. A
maioria dessas pessoas mudou-se para a Europa; alguns acabaram na América do Norte
ou em outros países fronteiriços. Na Ásia, 3 milhões de japoneses que se mudaram para
partes distantes do império foram devolvidos por decreto à pátria.
Os países asiáticos acolhem quase metade dos refugiados do mundo, muitos dos quais
são afegãos deslocados pela guerra EUA-Afeganistão. Os países africanos também
recebem uma proporção substancial, mais de 30%, dos refugiados.
Migração irregular
Podemos ver que as regiões menos desenvolvidas perderam migrantes e que as regiões
mais desenvolvidas ganharam os mesmos migrantes. A Ásia teve a maior migração
líquida negativa, com a maioria das outras perdas líquidas de migração provenientes da
África, América Latina e Caribe. A Europa e a América do Norte (EUA e Canadá) foram
as regiões com maior ganho líquido de migrantes.
Menos óbvio, o grau de impacto na taxa de crescimento das duas populações não seria
o mesmo. Esse impacto depende do tamanho da população migrante líquida em relação
ao tamanho da população residente. A migração líquida de uma pequena para uma
grande população, por exemplo, causaria uma diminuição maior na taxa de crescimento
da pequena população de origem do que um aumento na taxa de crescimento da maior
população de destino.
Uma pequena cidade, por exemplo, pode ter a sua população devastada enviando a
maioria de seus ex-habitantes para uma cidade grande e mais desenvolvida, enquanto
os habitantes dessa cidade dificilmente sentirão o acréscimo. Inversamente, uma
determinada cidade de destino pode sentir-se oprimida pelo seu crescimento tornar-se
no destino exclusivo de um fluxo de migrantes (o que é frequentemente o caso).
Uma vez que a estrutura etária de uma população também é influenciada pela entrada
e saída de pessoas, as migrações são um fator cada vez mais importante na
determinação da intensidade do envelhecimento das regiões europeias. O conceito de
migração de substituição surge, neste contexto, como forma de abordar o possível papel
da imigração para compensar os défices populacionais e o envelhecimento populacional
O conceito de migração de substituição surge no contexto do debate sobre o papel
das migrações no processo do envelhecimento populacional. O tema ganha particular
destaque na viragem para o século xxi, com a publicação do relatório da Organização
das Nações Unidas (ONU) (2000) intitulado Replacement Migration: Is It a Solution to
Declining and Ageing Populations? A publicação é considerada um marco fundamental
sobre o tópico. No entanto, desde o final dos anos 80 do século xx que é possível
identificar pesquisas baseadas no conceito de migração de substituição (Peixoto, et al.,
2017).
Os fluxos de remessas não são um simples caso de troca económica de países mais
desenvolvidos para países menos desenvolvidos. Como a maioria dos imigrantes
internacionais se muda para países vizinhos nas suas regiões, e não para os países mais
desenvolvidos, a maioria das remessas são de países menos desenvolvidos ligeiramente
mais ricos para outros países menos desenvolvidos. Os países que dependem fortemente
dessas remessas tornam-se vulneráveis a mudanças nas condições de emprego e/ou
políticas de imigração no país de destino. Além disso, a privação relativa e a desigualdade
social na comunidade de origem podem ser ampliadas pelo acesso desigual às remessas.
(Lundquist, Anderton, Yaukey, 2015).
Existem duas perspetivas básicas sobre a migração internacional: uma positiva e aberta
e outra negativa e fechada.
É difícil rever os debates populares passados e presentes dos países mais desenvolvidos
sobre as políticas de imigração sem suspeitar que eles são fortemente motivados pela
xenofobia. Esse medo de estrangeiros etnicamente distintos resultou em muitos grupos
de migrantes sendo vistos como “problemas” pelas populações nos países de destino, e
racionalizados com estereótipos étnicos negativos nos debates políticos. Na verdade,
quase todos os grupos de imigrantes com qualquer diferença identificável da população
anfitriã foram discriminados nas políticas de migração, diferindo principalmente em grau.
As políticas de imigração e os debates nacionais têm, por sua vez, perpetuado e
solidificado atitudes discriminatórias em relação aos imigrantes. Os migrantes são
caracterizados em várias ocasiões, por exemplo, como um perigo para a saúde pública,
uma ameaça à segurança do emprego, um esgotamento dos sistemas de previdência
social, como criminosos e terroristas e uma ameaça aos grupos ou culturas dominantes
do país de acolhimento. Esses sentimentos em relação aos migrantes têm maior
probabilidade de afetar a política de migração.
Também é importante reconhecer que a qualquer momento a visão dos migrantes como
um “problema social” pode ser genuína para alguns e uma desculpa para a discriminação
de outros. Por exemplo, o temor de que a importação de mão de obra estrangeira resulte
em queda de salários para ocupações de baixa qualificação no país anfitrião é uma
crença comum entre muitos - uma preocupação genuína para alguns e uma desculpa
para discriminar outros.
O problema do estudo dos movimentos migratórios são os dados estatísticos que são
muito incompletos. A informação que existe ao nível das migrações internas é muito
pobre e há falta de registos oficiais. Por vezes recorre-se a métodos indiretos (por
exemplo através dos recenseamentos eleitorais). Ao nível interno, existem muitas
assimetrias num mesmo espaço, e dicotomias entre os meios (rural/urbano). As pessoas
não se deslocam ao acaso: procuram trabalho num espaço específico. Ao nível das
migrações externas, por exemplo na década de 80, 50 % dos emigrantes eram
clandestinos. Há falta de um maior controlo legal e muita gente escapa a esse controlo.
Se a população só evoluísse com os que nascem e os que morrem, a evolução seria mais
lenta.
P0
P0
Multiplicamos “a” por 100, e lê-se “ Por ano a população, se apenas tivesse sido fruto
nessa década desta situação, teria aumentado ou diminuído x.”
P0
A equação de concordância
Px + n= Px+ N- O + I –E
Px+n- Px=N-O+I-E
Exemplo:
Px = 276 895
Px+n- Px=71698
N 60/70= 41 053
O 60/70= 25 760
Imigrantes Oficiais = 18
I-E Oficiais = - 8 991
PX+n = Px + (N-O) + (I-E), onde (N-O) é o saldo natural e (I-E) o saldo migratório.
205197=276895+15293+ (-8991)
(205197-276895)-15293= -8991
-71698-15293= -8991
-86991+8991= -78000
O resultado desta equação remete para o caso de um país de emigração onde poderá
ter havido alguns milhares de emigrantes que saíram clandestinamente. Estamos
perante uma situação de mau registo dos emigrantes.
As consequências da migração são sentidas tanto por migrantes individuais quanto pelas
coletividades sociais (por exemplo Estados-nação) de onde saem e entram. Ao nível
individual, a maioria das teorias de migração sugere que, em última análise,
esperaríamos um efeito positivo para os imigrantes e empregadores que os contratam.
Essa, supostamente, era a expetativa dos migrantes individuais, pelo menos na migração
livre. No entanto, os problemas populacionais e as políticas geralmente são definidos
num nível coletivo.
Embora a migração internacional seja geralmente vista como algo positivo tanto para as
nações emissoras quanto para as recetoras, um número crescente de países vê pelo
menos algumas consequências da imigração e da emigração como problemas
significativos (Nações Unidas, 2013a). Isso é notável numa tendência crescente dos
países de intervir politicamente nos fluxos de imigração e emigração; ou seja, uma
disposição em declínio de deixar a migração sem controlo.
Hoje, uma proporção maior de regiões mais desenvolvidas, em comparação com do que
de regiões menos desenvolvidas tem políticas de imigração destinadas a aumentar a
imigração, não diminuí-la. Por outro lado, mais as regiões menos desenvolvidas têm
políticas para diminuir a imigração. A reversão dessa tendência ao longo do período
reflete diferenças nas taxas de crescimento de ambas as regiões. Os paises mais
desenvolvidos reconhecem cada vez mais a imigração como uma forma de compensar
as taxas de crescimento lento, enquanto os menos desenvovlvidos podem ver menos
valor na imigração, desde que as suas próprias taxas de crescimento permaneçam altas.
Objetivos
Demorou mais de 50 000 anos para que a população mundial atingisse mil milhões.
Desde 1960, milhares de milhões de habitantes foram adicionados a cada dez ou vinte
anos. A população mundial era de três mil milhões em 1960; atingiu seis mil milhões na
viragem do século e, segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU),
ultrapassará nove mil milhões até 2037. Essa taxa de crescimento populacional
desacelerou, após atingir mais de 2% por ano no final da década de 1960, está agora
em torno de 1%, e deverá cair para a metade até 2050.
1
Embora o rendimento mundial por habitante tenha mais do que duplicado, a expetativa
de vida aumentou em 16 anos, a educação das crianças na educação primária tornou-
se praticamente universal entre 1960 e 2000, o rápido crescimento populacional
apresenta inúmeros desafios, tanto públicos quanto privados, incluindo: atender às
crescentes necessidades de alimentos, roupas, habitação, educação e infraestrutura;
integrar efetivos consideráveis em empregos produtivos; e proteger o meio ambiente
com mais rigor. Receios antigos de uma explosão demográfica mundial deram lugar a
outros receios de um rápido crescimento populacional, especialmente em alguns países
e regiões.
Já vimos que a China e a Índia representam os países mais povoados no mundo, com
respetivamente 1,44 mil milhões de habitantes para o primeiro e 1,39 mil milhões para
o segundo, ou seja, 19 e 18% da população mundial. Em 2027, a Índia deverá
ultrapassar a China nesta classificação, já que a população deverá diminuir em 31,4
milhões (cerca de 2,2%) entre 2019 e 2050, de acordo com as previsões.
Entre 2020 e 2050, prevê-se que a Nigéria (que deverá ultrapassar os Estados Unidos,
tornando-se o terceiro país com mais população do planeta) e o Paquistão (que já se
encontra entre os dez países com maior população) vão conhecer um salto elevado
(Bloom, 2020).
61% da população mundial vive na Ásia (4,7 mil milhões de indivíduos), 17% na África
(1,3 mil milhões de habitantes), 10% na Europa (750 milhões de pessoas), 8% na
América Latina e Caraíbas (650 milhões) e os restantes 4% encontram-se na América
do Norte (370 milhões) e na Oceânia (43 milhões) (United Nations, 2019).
2
migração. A população mundial está projetada para atingir 8,1 mil milhões em 2025, 9,6
mil milhões em 2050 e 10,9 mil milhões em 2100.
O cenário mediano indica que a população mundial continuará a crescer. Pode parecer
contraditório projetar aumentos tão importantes enquanto a própria taxa de crescimento
está em queda. Três fatores são responsáveis por isso: primeiro, a própria população
está expandindo-se; em segundo lugar, as taxas de mortalidade infantil caíram
rapidamente em muitos países em desenvolvimento; em terceiro, em qualquer
população jovem, há um impulso para o crescimento (impulso populacional).
3
às altas taxas de mortalidade infantil e materna, violência e conflitos ou consequências
da HIV/SIDA.
Os dados sobre a população mundial são publicados com alguma regularidade através
das diversas organizações, nomeadamente: Nações Unidas11, Banco Mundial12, PRB
(Population Reference Bureau)13, União Europeia (Eurostat)14, Conselho da Europa,
Serviços Nacionais de Estatística, “Our World in Data15, entre outros. Os dados são
traduzidos por onze indicadores: a superfície, população no meio do ano civil, taxa de
natalidade, taxa de mortalidade, projeção, taxa de mortalidade infantil, índice sintético
de fecundidade, proporção de indivíduos com menos de 15 anos e mais de 65 anos,
esperança de vida dos homens e das mulheres, produto nacional bruto por habitante e
o produto interno bruto por habitante16.
Com uma população mundial que triplica de 2 mil milhões para 6 mil milhões ao longo
do século 20, e alcançando 7,2 mil milhões apenas 14 anos depois, não há tendência
11
https://www.un.org/development/desa/pd/
12
https://data.worldbank.org/
13
https://www.prb.org/
14
https://ec.europa.eu/eurostat/
15
https://ourworldindata.org/
16
Ver https://www.unfpa.org/data/world-population-dashboard
4
demográfica mais óbvia do que o crescimento populacional. A população está projetada
para continuar a crescer no futuro, embora mais lentamente, nivelando-se perto de 10,9
mil milhões de pessoas no século 22 (Nações Unidas, 2013).
A explosão populacional moderna não foi igualmente intensa em todo o mundo. Tudo
começou onde hoje são os países mais desenvolvidos. Eles experimentaram, com a sua
modernização, uma sequência de declínios nas taxas de mortalidade e natalidade
descrita como a transição demográfica. Alguns desses países, mesmo agora, têm uma
fecundidade abaixo do índice de reposição (Lundquist, Anderton, Yaukey, 2015, p. 84).
A primeira grande diferença reside no facto de, globalmente, a humanidade nos aparecer
no século XXI dividida em dois blocos, o dos países em desenvolvimento onde se
concentra 80 % da população mundial, com um crescimento anual médio que chega
quase aos 2 %, uma mortalidade infantil elevada, elevadas percentagens de jovens,
baixas percentagens de idosos, e um PNB per capita que raramente ultrapassa os 1000
dólares.
5
8.2. DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO
Os habitantes não estão distribuídos igualmente por todo o planeta. Algumas partes do
mundo são densamente povoadas, enquanto outras não. O “World Population Clock"
estimou que o tamanho da população do mundo em outubro de 2015 era de quase 7,3
mil milhões de pessoas. Mas esses mil milhões de habitantes não estão igualmente
distribuídos em todo o planeta. A distribuição da população reflete níveis de fecundidade,
mortalidade e migrações.
Seja olhando para o planeta Terra, para África ou para os Estados Unidos, é claro que a
população está longe de estar distribuída igualmente. A maioria sabe que a população
da China é de mais de 1,3 mil milhões e que a população dos Estados Unidos é de cerca
de 321 milhões. No entanto, muitos podem não estar cientes de que a China e os Estados
Unidos são muito próximos em tamanho geográfico. Em alguns países, é mais provável
que as pessoas sejam rurais do que urbanas. Geralmente, no entanto, há um movimento
de urbanização em todo o mundo:
6
Densidade populacional
7
em quintas, mas não precisavam mais andar à procura de alimento e abrigo. A
verdadeira urbanização ocorreu após a Revolução Industrial na Europa Ocidental e nas
suas colónias (Poston e Bouvier, 2017, p 370).
Urbanização
8
momento são as mais urbanizadas. As regiões menos desenvolvidas têm o crescimento
mais rápido das suas populações urbanas e também o ritmo mais rápido de urbanização.
O crescimento da população urbana supera em muito o da população rural. Este ritmo
acelerado da urbanização deve continuar nas regiões menos desenvolvidas. Além disso,
podemos esperar maiores e mais megacidades e corredores urbanos no futuro próximo
que podem ser encontrados nas regiões menos desenvolvidas.
9
quanto nos subúrbios - ao longo do século XXI é provável que continue a aumentar e
uma percentagem crescente da população mundial viverá a experiência urbana.
A gentrificação, ou seja, a migração da classe média e dos povos ricos para as áreas
antes mais pobres das cidades, ocorre em algumas cidades centrais mais antigas, por
exemplo, São Francisco. Os termos explosão populacional e implosão
populacional parecem contraditórios. No entanto, ambos ocorrem atualmente em todo
o mundo (Poston e Bouvier, 2017, pp 384-385).
Uma população também pode ser classificada de acordo com o seu nível de
desenvolvimento económico. Dois indicadores são o rendimento per capita e o consumo
de energia per capita. Cada medida produz resultados semelhantes em relação à
distribuição da população: menos de 20% da população mundial reside nas regiões mais
desenvolvidas economicamente. Espera-se que essa proporção diminua no futuro. Em
2050, pode estar abaixo de 15% porque as taxas de crescimento populacional são muito
maiores nas nações em desenvolvimento do que nas desenvolvidas. A migração em
massa das regiões em desenvolvimento para as regiões desenvolvidas é improvável
devido às barreiras políticas erguidas por estas últimas para impedir tais movimentos
internacionais. No entanto, apesar das muitas e variadas limitações, estima-se que um
grande número de pessoas, cerca de 30 a 35 milhões, esteja a mudar de um país para
outro sem documentos oficiais (Poston e Bouvier, 2017, p. 374).
10
As políticas populacionais são geralmente entendidas como representativas de
estratégias para governos, ou às vezes, embora com menos frequência, organizações
não governamentais (ONGs), para atingir objetivos específicos.
A tarefa de formular uma política populacional é complicada porque pode haver alguma
discordância quanto à magnitude do problema de crescimento ou declínio populacional.
11
8.3.2. As conferências sobre população e desenvolvimento
12
A Terceira Conferência Mundial de População, a Conferência Internacional sobre
População e Desenvolvimento (CIPD), ocorreu em 1994 no Cairo. O principal resultado
foi uma nova definição de política populacional, dando destaque à saúde reprodutiva e
minimizando o olhar estritamente demográfico para a política populacional.
O ponto forte da CIPD do Cairo foi a defesa dos direitos humanos e dos direitos
reprodutivos. No capítulo II do Programa de Ação estão explicitados os 15 princípios
gerais da Conferência. O princípio 1 reafirma os compromissos da Declaração Universal
dos Direitos Humanos de 1948. O princípio 2 diz que o ser humano é o elemento central
do desenvolvimento sustentável e tem o direito a uma vida sã e produtiva em harmonia
com a natureza, sendo que todos têm o direito a um nível de vida adequado para si e a
sua família. A CIPD definiu os direitos reprodutivos como sendo a liberdade de escolha
das pessoas para definir como, quando e quantos filhos querem ter (incluindo o direito
à fecundidade zero, evitando a maternidade forçada). A Conferência do Cairo defendeu
o direito à conceção e à anticonceção, ficando a cargo dos cidadãos e cidadãs decidir,
livremente, sobre as opções de escolha.
13
No século XX, o movimento pró-natalista atingiu o seu auge na Alemanha, Itália e Japão
durante os anos entre a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial. Países
como França e Roménia adotaram políticas pró-natalistas em vários momentos após a
Primeira Guerra Mundial. Essas políticas representaram uma reação à baixa fecundidade
que acompanhou a modernização. Às vezes, os países têm políticas que têm efeitos pró-
natalistas e antinatalistas (exemplo: França). Singapura é outro exemplo de país que
reverte as suas políticas de crescimento populacional.
14
Alguns demógrafos sustentam que as políticas relacionadas com a mortalidade não
devem ser consideradas políticas diretas de população. A redução da mortalidade deve
ser a meta de todos os governos, mesmo daqueles que desejam reduzir as suas taxas
de crescimento populacional. As políticas de combate à mortalidade que recebem mais
atenção são aquelas que apoiam o desenvolvimento do conhecimento médico com
potencial para expandir a expectativa de vida. As políticas governamentais podem
contribuir diretamente para reduzir a mortalidade. Todos os países desenvolvidos do
mundo, com exceção dos Estados Unidos, oferecem assistência médica gratuita ou
subsidiada a todos os seus cidadãos. Se aceitarmos o fato de que existem medidas ou
políticas governamentais que contribuem para o declínio da mortalidade, devemos
também aceitar o fato de que algumas políticas governamentais podem levar ao
aumento da mortalidade. Medidas que colocam em risco a saúde, embora não
intencionalmente, acabarão por aumentar a mortalidade (Poston e Bouvier, 2017, pp
392-401).
Ao longo da maior parte da história humana, as pessoas foram livres para se movimentar
em busca de uma vida melhor. Essa liberdade de movimento internacional foi
significativamente restringida desde o final do século XIX, em algumas regiões do
mundo. Muitos países introduziram leis que infringem a liberdade de circulação da
migração internacional. Ao mesmo tempo, alguns governos tomaram medidas para
incentivar o movimento para algumas áreas e para fora de outras. Alguns países
encorajam a imigração, a fim de aumentar o tamanho de sua população.
15
O terceiro tipo de regime de imigração são os países do sul e do leste europeu “que têm
mais probabilidade de receber do que de enviar imigrantes”. Os quatro países mais
proeminentes nesta categoria são Grécia, Espanha, Portugal e Itália.
A migração, talvez, pudesse ser usada como um meio de repor a população perdida com
a fecundidade. As projeções populacionais preparadas para a Coreia do Sul para as
próximas décadas indicam que os números absolutos e relativos das populações mais
velhas aumentarão muito. Uma solução seria a migração internacional, uma estratégia
que permitiria à Coreia do Sul trazer membros para a sua população direta e
imediatamente.
Em síntese, muitos governos aprovaram leis e regulamentos que lidam com seus níveis
de fecundidade, mortalidade e migração, especialmente a migração. Mas as políticas,
quaisquer que sejam as suas intenções e razões para a sua génese, nunca terão sucesso
a menos que levem em consideração o meio social, cultural e económico em que ocorre
o comportamento demográfico, e a menos que considerem os efeitos indiretos e diretos
(Poston e Bouvier, 2017, pp 404-406).
16
ATIVIDADES FORMATIVAS
2. Quais são alguns dos problemas ambientais enfrentados pelo nosso planeta?
3. Quais são as três condições que devem estar presentes para o desenvolvimento
das cidades?
17
GLOSSÁRIO
Acontecimento: Facto que se refere a um indivíduo e afetando diretamente a estrutura
das populações e a sua evolução. Os nascimentos, casamentos, divórcios, óbitos e
migrações são reconhecidos claramente como acontecimentos demográficos.
Acontecimentos não renováveis: Acontecimento que não é vivido mais do que uma
vez pelo mesmo indivíduo da coorte, como por exemplo, a morte, um primeiro
casamento.
(pop.1+pop.2/2)*100
Anos completos: Uma criança que tem 3 anos e 6 meses tem 3 anos completos, o que
significa estar entre 3 e 4 anos exatos.
18
exógenos, que são os meios exteriores e as condições gerais da população (doenças
infeciosas, alimentação insuficiente, cuidados hospitalares insuficientes, acidentes
diversos, etc) e de fatores endógenos, que têm a ver com as características dos próprios
indivíduos (deformações congénitas, traumatismos causados pelo parto, etc). Por vezes
é difícil distinguir se foi por um fator ou por outro. Existem métodos indiretos para saber
se se deveu mais a fatores exógenos ou endógenos: Mortalidade no 1º mês - fatores
endógenos; Mortalidade após o 1º mês - os fatores exógenos têm também uma
importância decisiva.
19
Dinâmica populacional: Considerando também os movimentos migratórios, temos a
dinâmica total (dinâmica natural + dinâmica migratória), e a taxa de crescimento anual
médio total/global.
Duplo envelhecimento : redução progressiva dos efetivos mais jovens e mais velhos,
quer da base,q uer do topo da pirãmide de idades.
20
momento do tempo pode viver se as condições de saúde observadas nesse momento
não se alterarem ao longo do tempo. Se as condições se alterarem, a esperança de vida
não coincide com a esperança de vida numa determinada idade ou mortalidade média.
Diz respeito a um determinado momento do tempo, mas em relação a um futuro. É um
indicador de mortalidade global – Índice de síntese. É a partir de uma tábua de
mortalidade que se encontra a esperança de vida.
21
As diferenças em Portugal no período 1950-90 tanto podem provir dos tx (modelos)
como dos Px (estruturas). Variações entre modelos significa a existência de diferentes
riscos de mortalidade; diferenças entre estruturas (maior ou menos envelhecimento
demográfico) são alheias à análise da mortalidade.
22
capacidade que um individuo tem para procriar e a fecundidade refere-se à concretização
dessa capacidade. Para serem fecundos, os indivíduos tem que ser férteis (não estéreis).
E ser fértil não implica necessariamente que se seja fecundo.
Geração: Coorte particular constituída pelo conjunto das pessoas nascidas durante um
dado período, geralmente um ano civil.
Idade exata: Idade determinada calculando a diferença entre a data onde é calculada
e a data de nascimento do indivíduo. Um indivíduo nascido no dia 1 de Junho de 1923,
terá no dia 1 de Novembro de 1978, 55 anos e 5 meses.
Idade média de fecundidade: Idade média das mães aquando dos nascimentos vivos
segundo uma tábua de fecundidade geral, o que significa, na ausência de mortalidade.
23
Idade média ao nascimento dos filhos (Idade média das mulheres ao
nascimento de 1filho) : A Idade Média das Mulheres ao Nascimento dos Filhos é um
indicador sintético do calendário da fecundidade. Para um determinado ano civil, a idade
média das mulheres ao momento do nascimento dos filhos pode ser calculada utilizando
taxas de fecundidade por idades, ano a ano ou por grupos quinquenais, entre os 15 e
os 49 anos. O cálculo deste indicador sustenta-se na hipótese de linearidade dos
acontecimentos produzidos entre dois aniversários. Logo, para o cálculo do total de anos
vividos pelas mulheres até ao nascimento dos filhos, convencionase que, em média, os
nascimentos ocorreram no meio do intervalo entre dois aniversários. Deste modo, a
idade média ao nascimento é o valor resultante do quociente entre a soma total dos
anos vividos pelas mulheres até ao nascimento dos filhos (convencionando-se que, em
média, os nascimentos ocorreram no meio do intervalo entre dois aniversários), a
multiplicar pelas taxas de fecundidade por idades, e a soma de todas as taxas de
fecundidade por idades. No caso de grupos quinquenais, multiplica-se o valor de cada
taxa por 5 (amplitude de cada grupo etário).
IMMN1F (idade)
Ponto médio de cada classe etária no caso de grupos quinquenais: i.e, 17,5, 22,5, 27,5,
etc.
Índice : É o valor estimável que mais se aproxima de uma taxa (é a melhor estimativa
possível da taxa correspondente); É idêntico a uma taxa, mas no denominador não se
coloca a "população alvo" do fenómeno considerado no numerador; Na apresentação
do seu valor, o resultado pode ou não ser multiplicado por uma potência de 10 (10n).
24
P2: população com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos.
25
Índice de Juventude (ij) : É a relação entre a população jovem e a população idosa.
Habitualmente definido como o quociente entre o número de pessoas com idades
compreendidas entre os 0 e os 14 anos e o número de pessoas com idade igual ou
superior a 65 anos. Geralmente é expresso em percentagem (por 100 pessoas com idade
igual ou superior a 65 anos). Fórmula de cálculo: IJ = ( P1 ÷ P2 ) x 100; em que
26
Soma das taxas de fecundidade geral por idade durante um período. Índice sintético de
fecundidade: T.F.G. *5 = I.S.F.
1.º Calcula-se a média dos nascimentos (t0+t1/2), em cada um dos grupos etários, 2.º
dividem-se pela população feminina em cada um dos grupos etários, 3.º multiplica-se o
somatório das T.F.G. por grupos de idades por 5 que corresponde à amplitude de cada
grupo etário. Se o I.S.F. for 3 significa que, se as mulheres que entrarem no período
fértil adotarem os comportamentos que existiam em t0/t1 terão 3 filhos.
Número médio de crianças vivas nascido por mulher em idade fértil (dos 15 aos 49 anos
de idade), admitindo que as mulheres estariam submetidas às taxas de fecundidade
observadas no momento.
Valor resultante da soma das taxas de fecundidade por idades, ano a ano ou grupos
quinquenais, entre os 15 e os 49 anos, observadas num determinado período
(habitualmente um ano civil). O número de 2,1 filhos por mulher é considerado o nível
mínimo de substituição de gerações nos países mais desenvolvidos.
Nota: Desde 1982 (2,08) que Portugal apresenta um ISF abaixo do de 2,1 filhos por
mulher.
TFgi(0,t) * 5
27
Modelos: Construção que pretende representar os fenómenos demográficos. As tábuas
tipo de atração exercidos respetivamente pelas zonas de partida e de chegada do
migrante e a distância que separa estas duas zonas.
Por sua vez, a taxa de mortalidade neonatal pode subdividir-se em taxa de mortalidade
neonatal precoce, quando o óbito ocorre entre os zero e os seis dias completos de vida,
e a taxa de mortalidade neonatal tardia quando se verifica o óbito entre o 7.º e o 27.º
dia de vida.
28
Nupcialidade: Fenómeno relacionado com os casamentos. A nupcialidade não é uma
variável microdemográfica autêntica na medida em que o seu aumento ou a sua
diminuição não afetam diretamente a dinâmica populacional. Esta variável intervém na
dinâmica populacional indiretamente através da fecundidade, se bem que, neste
princípio de milénio, é cada vez mais forte a tendência para a separação entre os
comportamentos da nupcialidade e da fecundidade. O processo mais simples que existe
para medirmos o nível da nupcialidade consiste em dividir o total de casamentos
observados pela população média.
Proporção: Quando se tem duas razões e ambas estão sendo comparadas por uma
igualdade, então temos uma proporção. Caso a igualdade seja verdadeira, então os
números serão proporcionais, caso contrário, então eles não serão proporcionais.
Razão: relação existente entre dois valores de uma mesma grandeza. Quando
comparamos duas medidas, dois valores ou até duas grandezas, determinamos uma
29
relação entre dois números que os representam. Quando essa relação é determinada
por uma divisão, chamamos de razão.
Taxa Bruta de Mortalidade: Relação dos óbitos de um ano com a população média
desse ano e mais frequentemente, a relação entre os óbitos de um período e o número
correspondente de pessoas-ano durante o período.
Taxa Bruta de Natalidade: Relação dos nascidos vivos de um ano com a população
média desse ano e mais frequentemente, a relação entre os óbitos de um período e o
número correspondente de pessoas-ano durante o período.
30
Número de nados-vivos ocorrido durante um determinado período de tempo,
normalmente um ano civil, referido à população média desse período (habitualmente
expressa em número de nados-vivos por 1000 (10^3) habitantes).
Taxa (‰)
n= 3
Simbolizada por R cujo valor tem de ser igual ou superior a 1 para que teoricamente a
substituição das gerações esteja assegurada.
R = ISF * 0,488
Taxa de Crescimento Anual Média: Taxa de crescimento Anual Médio Natural (saldo
natural) +
31
diferença for de 0, pode significar que saiu muita gente, mas também entrou muita
gente.
TFG = [NV(0,t)/[(PF15,49(0)+PF15,49(t))/2]*10^n
n=3.
Taxa (‰)
32
(Nados vivos por grupo etário das mães, no ano civil / Efetivo médio de mulheres por
grupo etário no ano civil) * 1000
n= 3
TFG (15-19) = nados-vivos por idades das mães (15-19) / população média feminina
(15-19)*1000
Taxa de Mortalidade Infantil Pós Néo-Natal (de 28 a 365 dias): Relação entre os
óbitos pós néo-natais (durante o primeiro ano de vida, exceto o primeiro mês ou as
primeiras quatro semanas) durante um ano civil e os nascidos vivos durante esse ano.
33
Taxa de mortalidade: Quando não existem fatores perturbadores, é sinónimo de taxa
bruta de mortalidade.
Taxa: Relação dos acontecimentos que surgem numa população durante um período,
com a população média durante esse período.
34
económicos, sociais, psicológicos, do ambiente e outros, tentando prever as
consequências que possam levar à elaboração de uma política demográfica.
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42
ANEXOS
43
Anexo 1-
Quadro 1 - Síntese das variáveis a observar nos Censos 2021 e excluídas face aos
Censos 2011
44
Anexo 2-
45
Anexo 3
46
Anexo 4
6.02 - POPULAÇÃO RESIDENTE, SEGUNDO A DIMENSÃO DOS
LUGARES, POPULAÇÃO ISOLADA, EMBARCADA, CORPO DIPLOMÁTICO
E SEXO, POR GRUPO ETÁRIO
47
Anexo 5 - Tábua Completa de Mortalidade para Portugal 2014-2016
(Ambos os sexos)
48
Anexo 6 - Tábua Completa de Mortalidade para Portugal 2014-2016 (Homens)
49