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RELAÇÕES INTERNACIONAIS
RESUMO
INTRODUÇÃO
A segurança como um processo político colectivo, que por sua vez concebe a
sociedade como monolítica e indivisível, é o raciocínio central para
antropomorfização do Estado, equiparando-o a atributos antes exclusivamente
individuais. Dessa operação decorre a noção de que “a segurança nacional
(individual) dos Estados (homens) deva ser obtida por meio de processos
coletivos (internacionais)” (AMARAL, 2008, p. 53). A partir deste contexto
proeminente do século XIX, as bases do uso extensivo do conceito de
segurança nacional são lançadas, cabendo aos indivíduos muitas vezes se
sacrificarem e até mesmo abdicarem de seus direitos em prol da segurança do
Estado-nação. Esse movimento torna-se ainda mais evidente com o
nascimento da geopolítica no século XIX e com o advento das teorias
expansionistas e deterministas.
Autores como Kant e acções como a defesa do equilíbrio de poder como forma
de garantir a estabilidade no século XIX, estruturado a partir do congresso de
Viena (1815), corroboram com a relação coordenada da segurança nacional
por meio de processos colectivos internacionais (AMARAL, 2008). Todavia,
como a primeira metade do concerto Europeu no decorrer do século XIX foi
marcada pela busca de consolidação interna dos Estados, manteve-se a ideia
de segurança associada mais a “paz doméstica” que propriamente aos
assuntos internacionais.
Sob este prisma teórico e de modo colateral aos esforços de paz, avançou-se
no entendimento de que “pensar as Relações Internacionais implicava pensar a
Guerra. Pensar a Guerra era pensar a violência. E pensar a violência nos
levaria a pensar a segurança” (AMARAL, 2008, p. 37-38). Nesse paralelo, as
sistematizações das Relações Internacionais confundiam-se com a subárea
dos estudos de segurança, uma vez que a ortodoxia realista, de viés
pragmático, passou a influenciar significativos conceitos-chave e visões de
mundo a partir da sua centralidade na disciplina.
Buzan, Wæver e Wilde (1998) propõem que a ameaça existencial só pode ser
compreendida em relação ao objecto de referência, que varia de acordo com o
nível de análise e de acordo com os sectores considerados, demandando uma
investigação da natureza da ameaça existencial.
Importante frisar que um discurso que elege uma ameaça existencial não é
uma securitização em si mesmo, mas sim um movimento de securitização.
Apenas se a população aceitar o discurso, e aceitar não significa ausência de
coerção ou dominação, é que se considerará um caso de securitização bem-
sucedido. Os componentes da securitização são apresentados como: ameaça
existencial, acções de emergências e efeito na interacção das unidades, agora
libertas das regras normais (BUZAN; WÆVER; WILDE, 1998).
Todavia, enquanto para Hobbes o Estado surge para defesa contra invasores e
para impedir as ofensas entre indivíduos, Locke acrescenta que o Estado é o
mecanismo que os indivíduos encontraram para garantir certo nível de
segurança contra as ameaças sociais (BUZAN, 1983). O paradoxo está em
quando o Estado torna-se uma fonte de ameaça. Mas afinal, se o Estado é
uma fonte de ameaça, isso não mina a justificativa de sua existência?
Estas proposições de Buzan (1983) visam demonstrar que não existe harmonia
entre a segurança individual e a segurança do Estado e o próprio processo
Estatal de promover certa segurança individual só pode ser feito com a
imposição de certas ameaças.
Para Booth (1991) existe uma relação inversamente proporcional entre guerras
e democracia, liberdade e justiça social, dado que as minorias ricas do mundo
que disfrutam de justiça social parecem não lutarem entre si. Até mesmo os
pensadores mais conservadores parecem estar aceitando a relação, mesmo
que minimamente, entre ordem mundial e justiça social.
Para Booth (2007), uma questão de segurança assume uma relação particular
com “ameaças existenciais” e “medidas extraordinárias”, que quando levadas a
situações extremas podem vir a conformar uma situação de securitização.
Todavia, para o autor, segurança assume uma conotação positiva,
principalmente quando o autor defende que nomear algo como segurança é
atribuir a isso um significado político. Segurança como um discurso político
estaria, portanto, associada a prioridades. Assim, a adopção de tempo, energia
e recursos em prol da solução de um problema, não necessariamente a acção
para além das regras políticas normais, representaria um caso de
securitização. Uma vez atribuído o rótulo de segurança a um problema, este se
converte em prioridade social, tornando-se necessário redefinir a concepção
conservadora de segurança.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
jan. 2018.
GUZZINI, S.; JUNG, D. Copenhagen peace research. In: GUZZINI, S.; JUNG,
D. Contemporary security analysis and Copenhagen Peace Research. London
and New York: Routledge, 2004. p. 1-13.
WÆVER, O. Peace and security: two concepts and their relationship. In:
GUZZINI, S.; JUNG, D. Contemporary security analysis and Copenhagen. New
York: Routledge, 2004. p. 53-65.
14/05/2020 ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 08H31
Em pouco tempo, a evolução linguística, a moda de Angola, fez com que os
guardas fossem chamados “Seguranças”. Entretanto, a ineficácia dos
profissionais das empresas que deveriam realmente garantir a tranquilidade
transformou essa designação para “Inseguranças”. Por mais cruel que pareça a
acepção, ela faz todo o sentido, porquanto a figura do dito "Segurança" imana
muito pouco daquilo a que se propõe.
Com um salário que ronda os 40 mil Kwanzas por mês, a maioria dos
profissionais que deveriam representar a ideia de integridade e segurança de
instituições, residências ou entidades, deixa uma pálida imagem de mão de
obra explorada, num emprego que não confere dignidade. Sendo voz corrente
que a maior parte das empresas de segurança pertence ou está directamente
ligada a empresários, antigos ou actuais membros da governação, não deixa
de ser um indicador negativo para aferir o valor que os detentores do poder
financeiro e político, em Angola, dão aos seus concidadãos.
É inaceitável que, ao longo dos anos, tantos chefes de família não consigam o
sustento para os seus, apesar de realizarem um trabalho árduo, de enorme
responsabilidade e risco e com prejuízo enorme para a sua saúde. Aqueles que
tiveram ou têm alguma vivência do exército sabem muito bem que não é
humanamente possível manter a vigilância por largos períodos de tempo, sem
que o esgotamento físico e mental conduza à substancial redução da eficácia
do trabalho.