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Os Estados surgem como entidades de poder legítimo com inúmeras funções, com
destaque a de satisfazer a necessidade de segurança colectiva, permitindo assim a evolução do
estado de natureza para o estado social. Desde aquela altura, as sociedades têm vindo a
demonstrar que quer no âmbito interno e internacional, elas não são estáticas, mas sim
dinâmicas, ou seja, estão sujeitas aos novos contextos que trazem consigo inúmeros desafios
dirigidos principalmente àquelas entidades que desde o princípio foram criados para garantir o
bem-estar da sociedade. Deste modo, fruto das novas ameaças e os novos medos, e tantos
outros riscos, qualquer governo que não satisfaça a necessidade de segurança humana, a sua
sobrevivência poderá ser colocada em risco. Nesta ordem de ideia, a pesquisa levantou a
seguinte pergunta de partida:
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I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL EM TORNO DO
ESTADO E DE SEGURANÇA
Entretando, não deixamos de concordar com a teoria acima exposta, porém, para este
trabalho optamos pelo conceito citado na obra de José António Fernandes, segundo o qual, o
Estado é uma sociedade política e juridicamante organizada, dispondo de órgãos próprios que
exercem o poder sobre um determinado território, interna e externamente. (Fernandes, 1999 p.
12). Até aqui, compreendemos que o Estado não foi criado de forma automática, mas passou
por várias fases até chegar ao que é hoje. Como vimos de igual modo, vários autores e sob
diversas perspectivas debruçaram-se sobre a evolução histórica do Estado, mas destacamos
por aquele que é interessante para o presente exercício.
No âmbito interno, não haveria algum poder que pudesse concorrer com o do próprio
Estado, e, no âmbito externo, não haveria nenhuma entidade acima deste, suas acções e suas
relações com os demais países do Sistema Internacional não seriam determinadas ou limitadas
a não ser pelo próprio Estado soberano. O Estado que surgiu após o Tratado de Vestefália,
pode ser definido como “a sociedade soberana, surgida com a ordenação jurídica cuja
finalidade é regular globalmente a vida social de determinado povo, fixo em dado território e
sob um poder” (Nogueira, 1993, p. 5).
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Para Hobbes, a segurança estava para o indivíduo, apesar de o Estado ter de garantir
ao mesmo direito de autopreservação; Montesquieu, por sua vez, entendia que a segurança se
associava à liberdade política; enquanto Adam Smith, compreendia a segurança na
perspectiva de um ataque violento à pessoa ou sua propriedade (Weaver, 2004). Compreende-
se na perspectiva destes teóricos, e conforme foi dito acima, cada autor procura definir o
conceito de segurança de acordo com a sua inclinação académica e científica, porém, têm uma
noção comum e social do papel do Estado como o ente que garante tal liberdade para o
indivíduo, sendo o primeiro dever do soberano de proteger a sociedade da violência e invasão
de outras sociedades autónomas.
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102). Ao passo que na perspectiva de Wolfers, a segurança, de forma objectiva, mede a falta de
ameaças a valores adquiridos e, de forma subjectiva, a inexistência de sentimentos de medo que
esses valores sejam atacados (Wolfers, 1962, p.150).
Entretanto, dentre os vários, optamos pelo conceito de Mohammed Ayoob, que segundo
o qual a segurança deve ser definida em função de vulnerabilidades internas e externas que
ameaçam ou têm o potencial de destruir ou enfraquecer as estruturas territoriais e institucionais do
Estado, bem como, os regimes governamentais (Ayoob, 1995, p.9). O Estado, no quadro interno e
internacional, dentre as várias responsabilidades também assume o papel de garantir a preservação
e o respeito pelas instituições que permitem a convivência social pacífica e harmoniosa.
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A demografia angolana caracteriza-se por uma elevada taxa de crescimento anual da
população de 2,7% 6 , e uma população muito jovem, em que cerca de 48% tem idade inferior
a 15 anos e apenas 2,4% com idade superior a 64 anos (Ministério, 2017, p.16)
Passados 20 anos após a guerra civil, o país continua a enfrentar uma série de
desafios de desenvolvimento, no que diz respeito sobretudo aos indicadores socioeconómicos,
incluindo a mortalidade materna e infantil, a pobreza extrema e o analfabetismo. A esperança
média de vida é de 60 anos. A mortalidade infantil tem apresentado uma tendência
decrescente, verificando-se uma taxa de mortalidade infantil estimada em 44 mortes em cada
1000 crianças e uma taxa de mortalidade para menores de cinco anos em 194 mortes em 1000
crianças. A taxa de fecundidade no país continua elevada e é estimada em 6,2 filhos por
mulher, contudo a percentagem de nascimentos assistidos por profissionais de saúde situa-se
abaixo dos 50% (por cada 10.000 nascimentos morrem aproximadamente 45 mulheres)
(Ministério, 2017, p.3).
Antes de qualquer consideração, vale referir que nesta última parte do presente
trabalho não se pretende fazer um balanço daquilo que foi o mandanto do governação liderado
por João M. G. Lourenço, porém, o que se pretende é fazer uma análise científica com base as
fontes disponíveis que permitirão auferir como o Governo angolano respondeu aos novos
paradigmas, novos medos e novas ameças, mais precisamente a questão que tem haver com a
segurança humana. Dito isto, vamos a seguir abordar sobre o conceito de segurança humana:
Em suma, a segurança humana deve ter dois aspectos principais, ‘‘o primeiro,
segurança de ameaças crônicas como a fome, o desemprego, as doença e as repressões. E
segundo, quer dizer protecção de distúrbios abruptos e danosos da vida diária, seja em casa,
no emprego ou em comunidades’’. Tais ameaças podem existir em todos os níveis de renda e
desenvolvimento (Rocha, 2017, p.27).
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inundações, secas, erosão dos solos e o aumento do nível das águas do mar. Nos meios rurais
as populações escolhem as áreas próximas aos leitos do rio, ricas em recursos naturais, tirando
proveito da actividade piscatória e da fertilidade dos solos para a prática agrícola (Ministério,
2017, pp.19-20).
Criar as condições para garantir que todos os cidadãos tenham, a todo o momento,
acesso físico e económico aos alimentos necessários, de modo a que tenham uma vida activa e
saudável; Contribuir para a melhoria da saúde e do estado nutricional, bem como a redução da
morbimortalidade da população angolana, particularmente dos grupos mais vulneráveis, isto
é, crianças, pessoas idosas e portadoras de deficiência, mulheres em estado de gestação e
lactantes; e Promover políticas de salvaguarda dos direitos dos consumidores, bem como a
coordenação e execução de medidas tendentes a sua protecção, informação e educação de
apoio às organizações de consumidores; como é o caso do INADEC tem como ponto
primordial a defesa do consumidor.
A taxa de emprego na área urbana foi de 80,4%, enquanto na rural 51,4%. Mais da
metade 55,5% da população empregada encontra-se na agricultura, produção animal, caça,
floresta e pesca, seguido do comércio por grosso e a retalho com 17,8%. Segundo o estudo do
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INE, a taxa de emprego em Angola no primeiro trimestre de 2022 foi de 62,5% (Dungue,
2022, p.1).
Algumas medidas foram tomadas para aliviar o impacto da COVID-19, dentre elas
mencionamos:
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Elaborado um Programa de Transferências Monetárias, que vai atender
monetariamente famílias pobres, idosos, portadores de VIH e de outras doenças que impedem
pessoas de terem mobilidade e rendimentos. Decreto presidencial nº 96/20, aprova medidas
transitórias de resposta a baixa de petróleo e ao impacto da pandemia da COVID-19; Isenção
do pagamento do imposto sobre valor acrescentado e de direitos aduaneiros para mercadorias
importadas para fins humanitários e doações; Decreto Presidencial nº 98/20, aprova as
medidas imediatas de alívio dos efeitos económicos e financeiros negativos provocados pela
pandemia da COVID-19; (Kamanha, 2020, pp.8-9).
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CONCLUSÃO
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forma esporádica, por esta via, será possível se ultrapassar os dilemas enfrentados pelos
cidadãos angolanos de geração em geração.
BIBLIOGRAFIA
Castro, Flávia Rodrigues de./e Costa, Frederico Carlos de Sá. A Segurança Humana e o Novo
Conceito de Soberania.
Chinaglia, Pedro Henrique e Viana, Waleska Cariola. Estado Westfaliano Versos Estado-
Nação e seus Reflexos nas Colônias da América Latina, pdf.
Freitas, Lorena Martoni de. Razão Política Securitária: A Arte de Governar por Razões de
Segurança. Belo Horizonte 2017, pdf.
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Rocha, Raquel Maria De Almeida. (2017). Segurança Humana: Histórico, Conceito E
Utilização. Universidade De São Paulo Instituto De Relações Internacionais. São
Paulo, 2017
Silva, Mayane Bento/Nunes, Thainá Penha Baima Viana e Silva, Tienay Picanço Costa. A
evolução do Conceito de Segurança e sua Inserção nas Relações Internacionais.
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