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ATIVIDADES ESTRUTURADAS

1 – Há diferença entre Filosofia Política e Ciência Política?

Sim, há diferença. A Filosofia Política é uma vertente da filosofia que estuda as


questões acerca da convivência entre os seres humanos e as relações de poder,
analisando temas como a natureza do Estado, da Justiça e do Governo. Fruto da
Antiguidade Clássica, a filosofia política foi criada pelo povo grego com a intenção de
solucionar os seus problemas, ou seja, como se organizar em sociedade e as implicações
desse convívio. Ademais, a Filosofia Política também reflete sobre a natureza das leis e
a sua relevância. Na Idade Moderna, a Filosofia Política, com seus diversos pensadores,
tinha como reflexão, por Hobbes, a sociabilidade natural dos seres humanos, se o ato de
sociabilizar era uma vontade, ou algo instintivo do homem. Por Locke, como assegurar
os direitos naturais do homem (direito à vida, direito à liberdade e direito à
propriedade). Na Idade Contemporânea fica em evidência as reflexões acerca da justiça.
No cenário de grandes guerras, John Rawls propõe a justiça como equidade, enquanto
Ronald Dworkin propõe a igualdade como valor central. Logo, a Filosofia Política é um
estudo de cunho mais normativo, já que envolve teorizações sobre a vida política e os
diversos aspectos do convívio político em um contexto estritamente filosófico, sendo
indissociável da condição social, pois é através dela que surgem as ideias acerca das
práticas e limites nas diversas questões que tangem o cotidiano.

A Ciência Política é umas das ciências que compõem a grande área de estudos
das ciências humanas. É uma forma de pensamento político que reflete acerca da prática
política, ou seja, os modos como os governos agem em âmbitos nacionais e
internacionais. É o campo das ciências sociais que estuda as estruturas que moldam as
regras de convívio entre os agrupamentos sociais e as noções de Estado, Governo e
organizações políticas, até mesmo instituições que interferem direta ou indiretamente na
política, como, por exemplo, igrejas, empresas e ONGs, estruturas criadas pelo ser
humano para garantir o convívio pacífico nas grandes sociedades. A Ciência Política
também é a responsável por ponderar sobre as questões relativas ao poder nas diferentes
sociedades, como o estabelecimento de normas e os princípios que regem o
funcionamento das instituições sociais, do Estado, do Sistema jurídico e da economia.
No Renascimento, por exemplo, o teórico político Nicolau Maquiavel desenvolveu seus
estudos acerca do modo como um governante deve agir, compreendendo os mecanismos
do sistema absolutista. Sobre este, era defendido por Hobbes por meio do Contrato
Social, quando os subordinados renunciam a algumas liberdades em prol da
harmonização da sociedade. Com o surgimento do Iluminismo, principalmente com os
filósofos Voltaire e Montesquieu, defende-se uma noção de Estado mais justa e
igualitária, em defesa das liberdades individuais. Por fim, Augusto Comte foi o
responsável por explicitar a necessidade de uma ciência humana capaz de estudar a
sociedade e estabelecer mecanismos de progresso social, entre eles o Positivismo, do
mesmo pensador. Com a evolução deste método, outros pensadores também
apresentaram suas teses sobre o funcionamento do Estado, como, por exemplo,
Durkheim e Marx.

2 – Como é sua compreensão sobre a frase atribuída a Nicolau Maquiavel “o


fim justifica os meios” no campo da política contemporânea.

A frase atribuída à Nicolau Maquiavel: “os fins justificam os meios” pode ser
encontrada em sua principal obra: “O Príncipe”, a qual o pensador desenvolve acerca do
melhor modo como um governante deve agir, se é por meio do medo ou por meio do
amor. Em seu contexto do Renascimento, Maquiavel chega à conclusão de que ser
temido é mais seguro do que ser amado, visto que o homem possui uma natureza
ingrata: são volúveis, dissimulados e ambiciosos, logo, por meio do medo, o governante
deve conhecer seu povo para tomar as melhores decisões para manter a harmonia na
sociedade, mesmo que algumas pessoas saíssem prejudicas, ou seja, os fins justificam
os meios.

A frase “os fins justificam os meios” pode ser entendida que qualquer ação é
válida para atingir um objetivo de suma importância, ou seja, atos sem ética, sem moral
e ardilosos podem ser feitos para obter os resultados desejados. A frase é
frequentemente associada aos regimes totalitários e ditaduras, que para se manterem no
poder, utilizam-se de ferramentas antiéticas ou até mesmo desumanas. Na política
contemporânea, pode-se destacar como prática ilegal em maior evidência, fazendo
alusão à frase atribuída á Maquiavel, a corrupção, quando os políticos praticam atos
ilegais para adquirirem benefícios para vantagem própria em detrimento do sistema
legal, principalmente para se manterem no poder. No Brasil, a frase maquiavélica
também pode ser associada ao ditado popular “ele rouba, mas faz”, que sugere que ao
mesmo tempo que o político está exercendo suas atividades para as quais ele foi eleito,
ele também está usufruindo ilegalmente do dinheiro público.
Num panorama geral da política contemporânea, os fins não justificam os meios,
especialmente para o Estado, já que atualmente prevalece o Estado de Direito, e este é
uma situação jurídica, ou sistema institucional, no qual todos, inclusive o Estado, devem
respeitar as normas e os direitos fundamentais. Além de Estado de Direito, o Estado
também pode ser democrático, ou seja, o povo tem o direito de exercer sua participação
política.

As principais características do Estado de Direito são: divisão das funções do


poder (tripartite ou separação de poderes), limitação ao exercício do poder,
manifestação ordenada primária (Constituição), relação de direitos e garantias
individuais e judiciário autônomo, ou seja, que pode aplicar a lei a favor ou contra o
Estado, sem sofrer represálias. Todo esse sistema trabalha para que um poder regule e
limite o outro, para que nenhum deles se sobressaia, tudo em prol da manutenção dos
direitos da população, assim mantendo a paz na sociedade e prevenindo o totalitarismo.

Logo, numa realidade na qual até mesmo o Estado é súdito das normas, estas
que garantem os direitos individuais (vida, liberdade, propriedade), os direitos
fundamentais e os direitos sociais, ele não pode transgredir as próprias leis inscritas em
sua Constituição, caso contrário o próprio Estado estaria sendo inconstitucional e estaria
desrespeitando suas próprias leis, ferindo a ele mesmo e o povo.

3 – Disserte sobre o seguinte tema: “Uma das formas do Estado Brasileiro encarar
situações extremas é declarar Estado de Defesa, Estado de Sítio, Estado de Emergência,
Estado de Alerta e Estado de Calamidade Pública”.

Quando ocorrem situações extraordinárias, o Estado possui alguns mecanismos


de defesa pré-estabelecidos para proteger e preservar sua população, que são
instrumentos que devem ser utilizados apenas quando estritamente necessários e por um
determinado período previsto na lei para não instigar impulsos autoritários. Estes são a
declaração de Estado de Defesa, Estado de Sítio.

De acordo com a Constituição Federal, Título V: Da Defesa do Estado e das


Instituições Democráticas, Capítulo I: Do Estado de Defesa e do Estado de Sítio, Seção
I, o Estado de defesa ocorre com a intenção de preservar ou prontamente restabelecer,
em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave
e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes
proporções na natureza. De acordo com a Seção II, do mesmo capítulo, o Estado de
Sítio ocorre nos casos de: comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de
fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o Estado de Defesa; e
declaração de Estado de Guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

Estes cenários ocorrem com o intuito de reestabelecer e garantir a continuidade


da normalidade constitucional que foi ameaçada. Além deles ainda existem outros tipos
de Estados que podem ser declarados para situações extraordinárias: o Estado de
Emergência, o Estado de Alerta e o Estado de Calamidade Pública.

O Estado de Emergência, diferentemente dos Estado de Defesa e o Estado de


Sítio, que estão na esfera nacional, este primeiro está nas esferas municipal e estadual, e
possui duração indeterminada. É decretado pelos prefeitos e governadores em situações
extraordinárias que afetem a região em questão nas áreas da saúde e dos serviços
públicos. Neste cenário, a crise já se deu início, e os afetados ficam em aguardo de
auxílio federal. Já no Estado de Calamidade Pública também se encontra nas esferas
municipal e estadual, e pode durar até 180 dias. Esta declaração de Estado ocorre
quando algum fator danoso compromete o poder de resposta da região, permitindo que o
governo faça compras de emergência e possa ultrapassar as metas fiscais.

Pode-se perceber que os dois cenários citados acima possuem um caráter menos
amplo, quando o problema afeta apenas uma região específica, ou seja, não possui
caráter nacional. Portanto torna-se mais otimizada a administração de recursos, e
prioriza o foco para as áreas afetadas, a fim de solucionar a crise em questão.

Ademais, também há a declaração do Estado de Alerta. Este pode ser declarado


tanto em escala de nível municipal até em escala de nível nacional. A declaração da
situação de Estado de Alerta implica no acionamento de estruturas de coordenação
política que avaliam planos de emergência para proteção da população, atribuindo
obrigação dos veículos de comunicação, como, por exemplo, rádios, televisões e
operadoras de celulares a divulgar a situação em questão e as medidas de proteção.

Por fim, pode-se perceber que todos esses mecanismos de proteção do Estado
têm como função reestabelecer a normalidade de um modo mais rápido e eficaz com
medidas de caráter excepcional, possuindo diferentes escalas, desde regiões municipais
até problemas que atingem a esfera nacional.

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