Você está na página 1de 74

AULA 1

GESTÃO E INTELIGÊNCIA
EM SEGURANÇA PRIVADA

Prof. Bruno Torelli dos Santos


TEMA 1 – NOÇÕES GERAIS

A segurança privada é o ramo da atividade econômica que tem por objetivo


a proteção de pessoas e seus patrimônios.
A segurança, por definição, é o estado, a qualidade ou a condição de quem
ou do que está livre de perigos, incertezas, assegurado de danos e riscos
eventuais, em situações nas quais nada há a temer.
Desde os primórdios da humanidade, a segurança figura dentre as
principais condições necessárias para a satisfação pessoal dos seres humanos.
E, para definir efetivamente quais são essas condições e necessidades que
cada ser humano precisa para sentir-se realizado, na década de 1950, o psicólogo
e estudioso norte-americano Abraham H. Maslow criou um conceito chamado
hierarquia das necessidades, com o objetivo de determinar as condições
necessárias para que um indivíduo tenha a sensação de satisfação pessoal ou
profissional.
Por meio desse estudo, Maslow elencou cinco categorias, de forma rígida,
quanto às necessidades humanas, criando a chamada pirâmide de Maslow:

Figura 1 – Pirâmide de Maslow

Crédito: Wordervendy/Shutterstock.

Na análise dessa pirâmide, verificam-se as seguintes necessidades de


satisfação pessoal e profissional, na seguinte ordem de importância (Blog
Software Avaliação, S.d.):

2
1. Fisiológicas: as necessidades vitais, chamadas aqui de fisiológicas,
aparecem como a principal necessidade de qualquer ser humano, como
respirar, comer, beber e dormir;
2. De segurança: a necessidade de se sentir seguro aparece no segundo
nível na hierarquia das necessidades do ser humano para sentir-se
satisfeito, representada pela segurança de si próprio e de seus familiares.
Nesse grupo, inclui-se a sensação de segurança quanto a emprego, saúde
e propriedade;
3. Sociais: é o terceiro nível da pirâmide de Maslow, em que se inserem as
necessidades envolvendo família, amigos e amor. Reflete-se na
necessidade de ter amigos, constituir família, afeto de um parceiro etc.;
4. De estima: a quarta necessidade definida por Maslow refere-se à
autoestima do indivíduo, englobando seu sentimento de confiança e
respeito dos outros e para com os outros. Ou seja, é a necessidade que
uma pessoa tem de se orgulhar de si própria, sentir a admiração e orgulho
de outros indivíduos, ser respeitada por si e pelos outros, entre outras
características que envolvam o poder, o reconhecimento e o orgulho, por
exemplo;
5. De autorrealização: o topo da pirâmide das necessidades de cada ser
humano representa o sentimento de autorrealização do indivíduo por meio
de crescimento pessoal e profissional, autocontrole, independência e,
principalmente, desafios que a vida lhe impõe para superar.

Da análise da pirâmide anterior, entende-se que segurança, o objetivo de


nosso estudo, figura como uma das principais necessidades de todo ser humano,
superando até mesmo as necessidades básicas fisiológicas do indivíduo.

Crédito: Daxiao Productions/Shutterstock.

3
Ou seja, sentir-se seguro, em todos os aspectos da vida, é uma
necessidade básica de toda pessoa.

TEMA 2 – ORIGEM DA SEGURANÇA PRIVADA

Desde o surgimento dos primeiros hominídeos, no final da Era Cenozoica,


há mais de dois milhões de anos, a humanidade vem demandando por proteção
e segurança.
À época da economia exclusivamente agrícola, a segurança era realizada
pela própria comunidade com o objetivo não só de proteção das pessoas que a
compunham, mas também de toda a sua produção agrícola.
Na antiguidade, a função dos grupos armados era de repelir invasores,
manter a ordem pública e defender a autoridade do Estado.
Já na Idade Média, as conhecidas muralhas que circundavam os vilarejos
e comunidades começaram a definir o conceito de consciência urbana – podemos
verificar elementos similares a ele até hoje.

Crédito: Steve Heap/Shutterstock.

Segundo Portella (2005), somente após a Revolução Francesa é que se


separou mais claramente as iniciativas estatais de segurança (segurança pública)
das iniciativas particulares (segurança privada).
Com o advento da sociedade urbana e o crescimento da economia, novos
perigos surgiram, e a segurança teve de ser ampliada aos maquinários, um novo
bem que surgia com o objetivo de exponenciar a produção geral de produtos da
época.

4
Nos Estados Unidos, por exemplo, as primeiras empresas de segurança
privada datam do século XIX. A Brink’s Inc., por exemplo, foi fundada em 1859 e,
no início, transportava apenas caixas e bagagens de homens de negócios que
viajavam para a cidade em missões comerciais usando carroças. Até que em 1891
a Brink’s realizou uma entrega bancária – seis sacos de dólares em moedas de
prata – para o Home National Bank, tornando-se oficialmente a primeira
transportadora de valores do mundo (Brink´s, S.d.).

Crédito: Slonomysh/Shutterstock.

Já no Brasil, a segurança pessoal data do início do mesmo século XIX, com


a chegada de Dom João VI e a criação da Polícia Civil, e, posteriormente, da
Polícia Militar. Mais tarde, já no período do Brasil Colonial, sabidamente os
coronéis pagavam homens não somente para protegê-los, mas também a suas
famílias e, principalmente, seus bens. Esses homens eram chamados de
capangas.
Atualmente, na chamada sociedade moderna, surgem aspectos
intangíveis (que não se pode tocar, não perceptível ao tato, incorpóreo) que
necessitam de proteção, como o conhecimento.
Segundo o sociólogo alemão Max Weber, o Estado é um instrumento de
dominação do homem pelo homem, e o uso legítimo da violência só pode ser
exercido por ele próprio baseado em um conjunto de normas geralmente
organizadas sob a forma de constituição. O uso da violência só pode ser exercido
pelo homem, de acordo com preceitos descritos em uma Constituição Federal. Ou

5
seja, a violência, permitida pelo homem, é exercida pelo próprio homem. Por isso,
homem pelo homem.
Porém, dada a magnitude das atividades do Estado, denotam-se falhas,
especialmente quanto à segurança pública. Dessa forma, com os permissivos
legais devidamente alinhados, abrem-se a oportunidade e a possibilidade para
organizações privadas exercerem a atividade de prestação de serviços de
segurança privada.
Segundo Leite (2016):

A segurança privada, particularmente na sua modalidade patrimonial,


tem experimentado grande crescimento nos últimos anos, à medida que
diminui a capacidade dos órgãos públicos para oferecer segurança às
organizações privadas e às pessoas de forma particular, com o aumento
da taxa de criminalidade.

Ele continua: “[...] Segurança privada diz respeito à segurança intramuros


(não pública), relacionada ao patrimônio físico (bens), imaterial (informação e
imagem) e intelectual (pessoas) [...] Segurança corporativa e segurança das
organizações fazem parte do mesmo conceito de segurança privada” (Leite,
2016).
Entendida a origem da segurança privada no mundo, passamos a estudar
sua implantação em nosso país.

TEMA 3 – SEGURANÇA PRIVADA NO BRASIL

Estudamos que a segurança no Brasil data da chegada dos portugueses


ao país, em especial da chegada da corte de Dom João VI em 1808, momento em
que se criou as polícias Civil e a Militar.
Até a legalização das empresas de segurança no Brasil, a segurança
pessoal/privada era basicamente realizada por profissionais isolados, que
normalmente faziam parte das Forças Armadas ou das polícias Civil e Militar.
A primeira lei sobre segurança privada no Brasil foi publicada na época do
Governo Militar, em 21 de outubro de 1969, por meio do Decreto-lei n. 1.034/1969,
que dispunha sobre medidas de segurança para Instituições Bancárias, Caixas
Econômicas e Cooperativas de Créditos.
Trata-se de um marco na segurança privada, pois o Estado expressamente
impôs a sua utilização para o funcionamento de qualquer dependência de
estabelecimento de crédito, onde haja recepção de depósitos, guarda de valores
ou movimentação de numerário (Decreto-lei n. 1.034/1969).

6
Ou seja, o Estado, diante da verificação de falha no aspecto da segurança
pública, especialmente para proteção de agências bancárias, frequentemente
atacadas por grupos contrários ao Regime Militar, autorizou a atuação de uma
segurança não pública (ou seja, nasce a figura de uma segurança que possa ser
exercida pela área privada).
O Decreto-lei n. 1.034/1969 determinou que, em um ano, todos os
estabelecimentos deveriam instalar dispositivos contra roubos e assaltos, que
consistiam, nas palavras da lei, em:

• Vigilância ostensiva: a vigilância ostensiva é realizada por serviço de


guarda composto de elementos sem antecedentes criminais, mediante
aprovação de seus nomes pela Polícia Federal, dando-se ciência ao
Serviço Nacional de Informações;
• Sistema de alarme: a instalação do sistema de alarme deve ser feita com
acionadores em diversos locais do estabelecimento e em comunicação
direta com a delegacia, posto policial, agência bancária ou estabelecimento
de crédito mais próximo.

Surgiam, portanto, a figura do vigilante e o sistema de alarme adotados nas


instituições financeiras até os dias de hoje.
A segurança privada passou a ser vista como uma aliada na segurança da
sociedade, tendo como objetivo garantir a lei e a ordem.
Com o crescimento exponencial da atividade, em 20 de junho de 1983,
publicou-se a Lei n. 7.102, chamada de Lei da Segurança/Vigilância Privada, que
dispõe “[...] sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelecendo
normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que
exploram serviços de vigilância e de transporte de valores [...]” (Lei n. 7.102/1983).
Essa lei, portanto, autoriza as atividades de segurança privada no Brasil,
determinando, ainda, sua aplicação aos “bancos oficiais ou privados, caixas
econômicas, sociedades de crédito, associações de poupança, suas agências,
postos de atendimento, subagências e seções, assim como as cooperativas
singulares de crédito e suas respectivas dependências” (Lei n. 7.102/1983).
Na mesma linha, a segurança privada tornou-se intrínseca ao
funcionamento dessas instituições, posto que a própria lei veda o funcionamento
de qualquer estabelecimento financeiro, em que haja guarda de valores ou
movimentação de numerário, que não possua sistema de segurança com parecer
favorável à sua aprovação elaborado pelo Ministério da Justiça.
7
Posteriormente, a Portaria n. 3.233/2012 da Polícia Federal/Ministério da
Justiça regulamentou a segurança privada no Brasil, momento em que disciplinou
as atividades de segurança privada, armada ou desarmada, desenvolvidas por
empresas especializadas, empresas que possuem serviço orgânico de segurança
e profissionais que nelas atuam, bem como a fiscalização dos planos de
segurança dos estabelecimentos financeiros.

TEMA 4 – POLÍTICAS DE SEGURANÇA PRIVADA

Segundo a Portaria n. 3.233/2012, as atividades de segurança privada


serão reguladas, autorizadas e fiscalizadas pelo Departamento de Polícia Federal
(DPF), e serão complementares às atividades de segurança pública nos termos
da legislação específica.
Já em seu primeiro artigo, a portaria define que a Política de Segurança
Privada envolve a Administração Pública e as classes patronal e laboral,
observando-se os seguintes objetivos:

• Dignidade da pessoa humana: o princípio da dignidade da pessoa


humana está elencado no rol de Princípios Fundamentais da Constituição
Federal Brasileira de 1988, e constitui o princípio máximo do estado
democrático de direito, sendo um valor moral e espiritual inerente à pessoa;
• Segurança dos cidadãos: trata-se de direito constitucional garantido a
todo o cidadão de ter sua segurança zelada pelo Estado ou por quem, como
estamos estudando, faça suas vezes;
• Prevenção de eventos danosos e diminuição de seus efeitos: trata-se
de obrigação daqueles responsáveis pela segurança, seja ela pública ou
privada, especialmente por meio de sistemas de inteligência, de prevenir
quaisquer eventos danosos ou, caso ocorram, tomar as providências
necessárias para diminuição de seus efeitos;
• Aprimoramento técnico dos profissionais de segurança privada: o
aprimoramento técnico advém do Estatuto dos Militares (Lei n. 6.880/1980),
que é código de ética da profissão militar. Por meio da Portaria n.
3.233/2012, torna-se obrigatório para os profissionais que atuarão no setor
da segurança privada a busca do contínuo aprimoramento técnico-
profissional por meio de cursos específicos e alinhados junto ao Ministério
da Justiça;

8
• Estímulo ao crescimento das empresas que atuam no setor: dada a
abrangência e o leque de atividades envolvendo a segurança privada,
torna-se o objetivo da política de segurança pública o fomento do
crescimento dessa demanda para o consequente crescimento do setor e
das empresas que nele atuam.

TEMA 5 – TERMINOLOGIAS DA SEGURANÇA PRIVADA

Na Portaria n. 3.233/2012, em seu artigo 2º, com objetivo de definir de


forma clara todos os aspectos inerentes à segurança privada, o legislador
entendeu por bem definir os principais conceitos trazidos na lei, a saber:

[...]
I - empresa especializada: pessoa jurídica de direito privado autorizada
a exercer as atividades de vigilância patrimonial, transporte de valores,
escolta armada, segurança pessoal e cursos de formação;
II - empresa possuidora de serviço orgânico de segurança: pessoa
jurídica de direito privado autorizada a constituir um setor próprio de
vigilância patrimonial ou de transporte de valores, nos termos do art. 10,
§ 4º da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983;
III – vigilante: profissional capacitado em curso de formação, empregado
de empresa especializada ou empresa possuidora de serviço orgânico
de segurança, registrado no [Departamento da Polícia Federal] DPF, e
responsável pela execução de atividades de segurança privada; e,
IV - Plano de segurança: documentação das informações que detalham
os elementos e as condições de segurança dos estabelecimentos
referidos no Capítulo V [da Lei 7.102/1983, que trata “Da fiscalização da
segurança dos estabelecimentos financeiros]. (Portaria n. 3.233/2012)

As abrangências dessas terminologias são tão importantes para o


segmento que o legislador dedicou um capítulo da portaria para cada uma delas,
as quais serão amplamente estudadas em nossas próximas aulas.

9
REFERÊNCIAS

BERGAMINI, C. W. Motivação nas organizações. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.


Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em:
12 jul. 2019.

_____. Decreto-lei n. 1.034, de 21 de outubro de 1969. Dispõe sobre medidas de


segurança para Instituições Bancárias, Caixas Econômicas e Cooperativas de
Créditos, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 21 out. 1969. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/Del1034.htm>.
Acesso em: 12 jul. 2019.

_____. Lei n. 6.880, de 9 de dezembro de 1980. Diário Oficial da União, Poder


Legislativo, Brasília, DF, 11 dez. 1980. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6880.htm>. Acesso em: 12 jul. 2019.

_____. Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983. Dispõe sobre segurança para


estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e
funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e
de transporte de valores, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 21 jun. 1983. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7102.htm>. Acesso em: 12 jul. 2019.

_____. Portaria n. 3.233, de 10 de dezembro de 2012. Dispõe sobre as normas


relacionadas às atividades de Segurança Privada. Diário Oficial da União, 14
dez. 2012. Disponível em: <http://www.pf.gov.br/servicos-pf/seguranca-
privada/legislacao-normas-e-orientacoes/portarias/portaria-3233-2012-
2.pdf/view>. Acesso em: 12 jul. 2019.

LEITE, T. A. S. Gestão de riscos na segurança patrimonial: um guia para


empresários e consultores. 1. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2016.

MANDARINI, M. Segurança corporativa estratégica. São Paulo: Manole, 2005.

MARCONDES, J. S. Segurança privada: conceitos, definições, atribuições e


legislação. Gestão de Segurança Privada, 23 maio 2016. Disponível em:

10
<https://gestaodesegurancaprivada.com.br/conceito-de-seguranca-privada/>.
Acesso em: 12 jul. 2019.

NOSSA história. Brink´s, S.d. Disponível em:


<https://www.brinks.com.br/BrinksBrasil/Historia.aspx>. Acesso em: 17 jun. 2019.

PIRÂMIDE de Maslow como ferramenta empresarial: saiba mais. Blog Software


Avaliação, S.d. Disponível em:
<https://blog.softwareavaliacao.com.br/PIRAMIDE-DE-MASLOW/>. Acesso em:
12 jul. 2019.

PIRÂMIDE de Maslow: o que é, conceito e definição. SBCoaching, 24 jun. 2018.


Disponível em: <https://www.sbcoaching.com.br/blog/qualidade-de-vida/piramide-
de-maslow/>. Acesso em: 12 jul. 2019.

PORTELLA, P. R. A. Gestão de segurança. 2. ed. Rio de Janeiro: Universidade


Estácio de Sá, 2005.

WEBER, M. A política como vocação. In: _____. Ensaios de sociologia. São


Paulo: LTC, 1982. Disponível em:
<http://www.bresserpereira.org.br/Terceiros/Cursos/09.08.Weber,A_politica.pdf>.
Acesso em: 12 jul. 2019.

11
AULA 2

GESTÃO E INTELIGÊNCIA NA
SEGURANÇA PRIVADA

Prof. Bruno Torelli dos Santos


TEMA 1 – CONCEITO E ATUAÇÃO DA SEGURANÇA PRIVADA

Anteriormente, estudamos as noções gerais da segurança privada,


passando pela sua origem, seu início no Brasil e abordando as políticas e as
terminologias nela envolvidas.
Verificamos também que o rol de atividades envolvendo a segurança
privada pode ser extremamente abrangente, envolvendo a proteção de bens,
espaços/propriedades e, é claro, de pessoas, desde que conte com autorização
da Polícia Federal, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Nesse momento, é possível entender que o objetivo da segurança privada
é resguardar o direito do cidadão de ser protegido, de ter sua família protegida e
de ter seus bens protegidos, nos limites permitidos em lei (Brasil, 2012), por meio
da contratação de uma empresa privada, envidando seus recursos próprios para
tanto.
Assim, cabe-nos agora conceituar a segurança privada como um ramo de
atividade econômica com objetivo de explorar a prestação de serviços de proteção
não só de patrimônio, mas também de pessoas e de aspectos intangíveis.
Já em relação à atuação da segurança privada, tem-se que esta deve estar
totalmente alinhada com as políticas, já estudadas, da Administração Pública
sobre o tema, quais sejam:

• proteger a dignidade da pessoa humana;


• promover a segurança dos cidadãos;
• prevenir eventos danosos e diminuir seus efeitos;
• promover o aprimoramento técnico contínuo dos profissionais da
segurança privada;
• promover e estimular o crescimento das empresas que atuam no setor.

Assim, verifica-se que as atividades da segurança privada estão pautadas


nos seguintes pilares de atuação:

• A segurança privada tem como foco principal a atuação visando à


manutenção da segurança preventiva, ou seja, as suas atividades devem
ter caráter preventivo e não repressivo.
• O objetivo da segurança privada não é atuar na prisão e na punição dos
transgressores da lei (posto que estas são obrigações do Estado), mas
somente atuar de forma complementar à segurança pública.

2
• A atuação da segurança privada não é somente prevenir ações criminais,
mas também repelir danos e perdas decorrentes de comportamentos
antissociais/criminosos.

Ou seja, a visão preventiva, buscada mediante aprimoramento técnico e da


inteligência intrínseca ao setor, tem como objetivo a prevenção de crimes, com
base na inacessibilidade de alvos possivelmente cobiçados (pessoas, bens,
espaços) por possíveis transgressores.
Assim, tem-se que a atuação da segurança privada é focada nas chamadas
medidas preventivas, buscando regular comportamentos e circunstâncias de
modo a evitar ou minimizar as possibilidades de ocorrências antissociais e/ou
criminais.

TEMA 2 – ATIVIDADES DA SEGURANÇA PRIVADA

O art. 10 da Lei n. 7.102/1983 discrimina as seguintes atividades a serem


desenvolvidas no âmbito da segurança privada (Brasil, 1983):

• proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros


estabelecimentos, públicos ou privados, bem como à segurança de
pessoas físicas;
• realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer outro
tipo de carga.

Por outro lado, com a publicação da Portaria n. 3.233/2012 da Polícia


Federal (Brasil, 2012), foram definidas as seguintes terminologias referentes à
segurança privada, estudadas anteriormente:

• empresas especializadas;
• empresas possuidoras de serviços orgânicos de segurança;
• vigilante (principal profissional executor da segurança privada);
• plano de segurança.

Para cada uma das terminologias anteriores, o legislador dedicou um


capítulo específico da Portaria n. 3.233/2012 (Brasil, 2012), motivo pelo qual as
estudaremos cada uma, a partir de agora, iniciando com as empresas
especializadas e as respectivas atividades a elas atinentes.

TEMA 3 – EMPRESAS ESPECIALIZADAS – VIGILÂNCIA PATRIMONIAL

3
Nos estudos anteriores, verificamos que as empresas especializadas foram
definidas como sendo as pessoas jurídicas de direito privado autorizadas a
exercer as atividades de vigilância patrimonial, transporte de valores, escolta
armada, segurança pessoal e cursos de formação.
Passamos agora a estudar as atividades das empresas especializadas,
uma a uma, iniciando a vigilância patrimonial.

Crédito: Africa Studio/Shutterstock.

Segundo a Portaria n. 3.233/2012 (Brasil, 2012), vigilância patrimonial é a


atividade exercida em eventos sociais e dentro de estabelecimentos, urbanos ou
rurais, públicos ou privados, com a finalidade de garantir a incolumidade física das
pessoas e a integridade do patrimônio.
Por outro lado, para o exercício da atividade de vigilância patrimonial, cuja
propriedade e administração são vedadas a estrangeiros, depende-se de
autorização prévia do Departamento de Polícia Federal (DPF), por meio de ato do
coordenador-geral de Controle de Segurança Privada, publicado no Diário Oficial
da União (DOU), mediante o preenchimento dos seguintes requisitos, de forma
cumulativa:

I - possuir capital social integralizado mínimo de 100.000 (cem mil) UFIR


(valor variável conforme o Estado em que a prestação de serviços se
dará);
II - provar que os sócios, administradores, diretores e gerentes da
empresa de segurança privada não tenham condenação criminal
registrada;
III - contratar, e manter sob contrato, o mínimo de quinze vigilantes,
devidamente habilitados;
IV - comprovar a posse ou a propriedade de, no mínimo, um veículo
comum, com sistema de comunicação ininterrupta com a sede da
empresa em cada unidade da federação em que estiver autorizada;

4
V - possuir instalações físicas adequadas, comprovadas mediante
certificado de segurança, observando-se:
a) uso e acesso exclusivos ao estabelecimento, separado das
instalações físicas de outros estabelecimentos e atividades estranhas às
atividades autorizadas;
b) dependências destinadas ao setor administrativo;
c) dependências destinadas ao setor operacional, dotado de sistema
de comunicação;
d) local seguro e adequado para a guarda de armas e munições,
construído em alvenaria, sob laje, com um único acesso, com porta de
ferro ou de madeira reforçada com grade de ferro, dotada de fechadura
especial, além de sistema de combate a incêndio nas proximidades da
porta de acesso;
e) vigilância patrimonial ou equipamentos elétricos, eletrônicos ou de
filmagem, funcionando ininterruptamente; e,
f) garagem ou estacionamento para os veículos usados na atividade
armada.
VI - contratar seguro de vida coletivo. (Brasil, 2012)

Entendido o que é a vigilância patrimonial e seus requisitos, passamos


agora a estudar a segunda atividade das empresas especializadas: o transporte
de valores.

TEMA 4 – EMPRESAS ESPECIALIZADAS – TRANSPORTE DE VALORES

Segundo a legislação (Brasil, 2012), o transporte de valores compreende a


atividade de transporte de numerário, bens ou valores, mediante a utilização de
veículos, comuns ou especiais.

Crédito: Lester Balajadia/Shutterstock.

Assim como a vigilância patrimonial, o exercício da atividade de transporte


de valores, cuja propriedade e administração são vedadas a estrangeiros,
dependerá de autorização prévia do (DPF), por meio de ato do coordenador-geral
de Controle de Segurança Privada.
Na mesma linha, seu exercício compreende requisitos mínimos que devem
ser devidamente preenchidos pela empresa, quais sejam:

5
I - possuir capital social integralizado mínimo de 100.000 (cem mil) Ufir
[valor, portanto, variável conforme o estado em que a prestação de
serviços se dará];
II - prova de que os sócios, administradores, diretores e gerentes da
empresa de segurança privada não tenham condenação criminal
registrada;
III - contratar, e manter sob contrato, o mínimo de dezesseis vigilantes
com extensão em transporte de valores;
IV - comprovar a posse ou propriedade de, no mínimo, dois veículos
especiais;
V - possuir instalações físicas adequadas, comprovadas mediante
certificado de segurança, observando-se:
a) uso e acesso exclusivos ao estabelecimento, separado das
instalações físicas de outros estabelecimentos e atividades estranhas às
atividades autorizadas;
b) dependências destinadas ao setor administrativo;
c) dependências destinadas ao setor operacional, dotado de sistema
de comunicação;
d) local seguro e adequado para a guarda de armas e munições,
construído em alvenaria, sob laje, com um único acesso, com porta de
ferro ou de madeira, reforçada com grade de ferro, dotada de fechadura
especial, além de sistema de combate a incêndio nas proximidades da
porta de acesso;
e) garagem exclusiva para, no mínimo, dois veículos especiais de
transporte de valores;
f) cofre para guarda de valores e numerários com dispositivos de
segurança;
g) alarme capaz de permitir, com rapidez e segurança, comunicação
com órgão policial próximo ou empresa de segurança privada;
h) vigilância patrimonial e equipamentos elétricos, eletrônicos ou de
filmagem, funcionando ininterruptamente; e,
i) sistema de comunicação próprio, que permita a comunicação
ininterrupta entre seus veículos e a sede da empresa em cada unidade
da federação em que estiver autorizada;
VI - contratar seguro de vida coletivo. (Brasil, 2012)

Agora estudados o que é e os requisitos da vigilância patrimonial e do


transporte de valores, passamos agora à terceira atividade das empresas
especializadas: a escolta armada.

TEMA 5 – EMPRESAS ESPECIALIZADAS – ESCOLTA ARMADA

A terceira atividade definida pela legislação (Brasil, 2012) para ser prestada
por empresas especializadas é a escolta armada.
Segundo a Portaria n. 3.233/2012, escolta armada é a atividade que visa
garantir o transporte de qualquer tipo de carga ou de valor, incluindo o retorno da
equipe com o respectivo armamento e demais equipamentos, realizados os
pernoites estritamente necessários.

6
Crédito: Africa Studio/Shutterstock.

O exercício da atividade de escolta armada, em síntese, deve ser


executado por empresa que já detenha autorização da Polícia Federal e os demais
requisitos legais para o exercício dessa atividade são:

I - possuir autorização há pelo menos um ano na atividade de vigilância


patrimonial ou transporte de valores;
II - contratar, e manter sob contrato, o mínimo de oito vigilantes com
extensão em escolta armada e experiência mínima de um ano nas
atividades de vigilância ou transporte de valores; e,
III - comprovar a posse ou propriedade de, no mínimo, dois veículos, os
quais deverão possuir as seguintes características:
a) estar em perfeitas condições de uso;
b) quatro portas e sistema que permita a comunicação ininterrupta com
a sede da empresa em cada unidade da federação em que estiver
autorizada; e,
c) ser identificados e padronizados, com inscrições externas que
contenham o nome, o logotipo e a atividade executada pela empresa.
(Brasil, 2012)

Passamos pela análise da vigilância patrimonial, transporte de valores e


escolta armada. Mais adiante estudaremos a segurança pessoal e o curso de
formação, as duas últimas atividades das empresas especializadas por nós ainda
não abordadas.

7
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983. Diário Oficial da União, Brasília,


p. 10.737, 21 jun. 1983. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7102.htm>. Acesso em: 8 ago. 2019.

BRASIL. Ministério da Segurança Pública. Departamento de Polícia Federal.


Diretoria-Geral. Portaria n. 3.233, de 10 de dezembro de 2012. Diário Oficial da
União, Brasília, 13 dez. 2012. Disponível em:
<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=248148>. Acesso em: 8 ago. 2019.

BRASIL. Ministério da Segurança Pública. Departamento de Polícia Rodoviária


Federal. Coordenação-Geral de Operações. Instrução Normativa n. 4. Brasília,
6 dez. 2001.

8
AULA 3

GESTÃO E INTELIGÊNCIA NA
SEGURANÇA PRIVADA

Prof. Bruno Torelli dos Santos


TEMA 1 – EMPRESAS ESPECIALIZADAS: SEGURANÇA PESSOAL

Anteriormente, nós entendemos e analisamos o conceito e a atuação da


segurança privada, e verificamos que o legislador dividiu as terminologias legais
em quatro:

1. Empresas especializadas;
2. Empresas possuidoras de serviços orgânicos de segurança;
3. Vigilante;
4. Plano de segurança.

Dessa forma, iniciamos os estudos das quatro terminologias anteriores


pelas empresas especializadas, as quais, mediante autorização, podem exercer
as atividades de vigilância patrimonial, transporte de valores, escolta armada,
segurança pessoal e cursos de formação.
Analisamos os conceitos e os requisitos das empresas de vigilância
patrimonial, transporte de valores e escolta armada.
Agora, passamos a analisar as atividades de segurança pessoal e cursos
de formação.
Com base na Portaria n. 3.233/2012 – DPF, segurança pessoal é a
atividade de vigilância exercida com a finalidade de garantir a incolumidade física
de pessoas, incluindo o retorno do vigilante com o respectivo armamento e demais
equipamentos, com os pernoites estritamente necessários.

Créditos: Top Vector Studio/ Shutterstock

Ainda, tal como nas atividades anteriormente estudadas, e semelhante à


Escolta Armada, além do exercício da atividade de Segurança Pessoal depender

2
de autorização prévia da Polícia Federal, a empresa deverá seguir,
cumulativamente, os seguintes requisitos:

I. possuir autorização há pelo menos um ano na atividade de vigilância


patrimonial ou transporte de valores; e,
II. contratar, e manter sob contrato, o mínimo de oito vigilantes com extensão
em segurança pessoal e experiência mínima de um ano nas atividades de
vigilância ou transporte de valores.

Analisada a atividade da Segurança Pessoal, passa-se a analisar a última


atividade compreendida dentre as Empresas Especializadas: Curso de Formação.

TEMA 2 – EMPRESAS ESPECIALIZADAS: CURSO DE FORMAÇÃO

Nas palavras do legislador, o curso de formação compreende a atividade


de formação, extensão e reciclagem de vigilantes.

Créditos: Feel good studio/ Shutterstock.

Na mesma linha da vigilância armada e do transporte de valores, o


exercício da atividade de curso de formação também veda que estrangeiros sejam
proprietários e/ ou administradores, e também depende de autorização prévia do
Departamento de Polícia Federal – DPF.
Ainda, para seu exercício se faz necessário o cumprimento dos seguintes
requisitos:

I. possuir capital social integralizado mínimo de 100.000 (cem mil) UFIR


(valor variável conforme o Estado em que a prestação de serviços se dará);
II. comprovar a idoneidade dos sócios, administradores, diretores, gerentes e
empregados, mediante a apresentação de certidões negativas de registros
criminais expedidas pela Justiça Federal, Estadual e Militar dos Estados e
da União, onde houver, e Eleitoral; e,

3
III. possuir instalações físicas adequadas, comprovadas mediante certificado
de segurança, observando-se:
a. uso e acesso exclusivos ao estabelecimento, separado das instalações
físicas de outros estabelecimentos e atividades estranhas à atividade
autorizada;
b. dependências destinadas ao setor administrativo;
c. local seguro e adequado para a guarda de armas e munições, construído
em alvenaria, sob laje, com um único acesso, com porta de ferro ou de
madeira, reforçada com grade de ferro, dotada de fechadura especial,
além de sistema de combate a incêndio nas proximidades da porta de
acesso;
d. vigilância patrimonial ou equipamentos elétricos, eletrônicos ou de
filmagem, funcionando ininterruptamente;
e. no mínimo três salas de aula adequadas, possuindo capacidade mínima
para formação mensal simultânea de sessenta vigilantes, limitando-se o
número de quarenta e cinco alunos por sala de aula, ressalvadas
exceções previstas na própria Portaria;
f. local adequado para treinamento físico e de defesa pessoal, e, além
disso, os cursos de formação poderão realizar convênio com academias
de ginástica, centros de treinamento de defesa pessoal ou artes marciais
para realização de suas atividades de ensino;
g. sala de instrutores;
h. estande de tiro próprio ou de outra instalação da empresa na mesma
unidade da federação ou convênio com organização militar, policial,
curso de formação ou clube de tiro; e,
i. caso possua máquina de recarga, o local específico para a guarda da
máquina e petrechos pode ser o mesmo utilizado para a guarda de
armas e munições, desde que a pólvora e as espoletas sejam
armazenadas separadamente, sem contato entre si ou com qualquer
outro produto.

Para o exercício de cada uma das atividades, a legislação prevê os cursos


de formação, sempre na busca do aprimoramento técnico-profissional.
Os cursos previstos em lei, obrigatórios para cada atividade a ser exercida
são:

I. curso de formação de vigilante;


4
II. curso de reciclagem da formação de vigilante;
III. curso de extensão em transporte de valores;
IV. curso de reciclagem em transporte de valores;
V. curso de extensão em escolta armada;
VI. curso de reciclagem em escolta armada;
VII. curso de extensão em segurança pessoal;
VIII. curso de reciclagem em segurança pessoal;
IX. curso de extensão em equipamentos não-letais I;
X. curso de extensão em equipamentos não-letais II; e,
XI. curso de extensão em segurança para grandes eventos.

Lembre-se que “Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa,


nunca tem medo e nunca se arrepende” (Leonardo da Vinci).

TEMA 3 – EMPRESAS POSSUIDORAS DE SERVIÇO ORGÂNICO DE


SEGURANÇA

Segundo o legislador, empresa possuidora de serviços orgânico de


segurança é a pessoa jurídica de direito privado autorizada a constituir um setor
próprio de vigilância patrimonial ou de transporte de valores.
Para prestação de serviços denominados Orgânico de Segurança, a
empresa que pretender instituí-lo deverá requerer autorização prévia do
Coordenador-Geral de Controle de Segurança Privada da Polícia Federal – DPF.
Ainda, para seu exercício, faz-se necessário o cumprimento dos seguintes
requisitos:

I. exercer atividade econômica diversa da vigilância patrimonial e


transporte de valores;
II. utilizar os próprios empregados na execução das atividades inerentes
ao serviço orgânico de segurança;
III. comprovar que os administradores, diretores, gerentes e empregados
que sejam responsáveis pelo serviço orgânico de segurança não
tenham condenação criminal registrada; e,
IV. possuir instalações físicas adequadas, comprovadas mediante
certificado de segurança, observando-se:
a. dependências destinadas ao setor operacional, dotado de sistema
de comunicação;

5
b. sistema de alarme ou outro meio de segurança eletrônica, conectado
com a unidade local da polícia militar, civil ou empresa de segurança
privada; e,
c. local seguro e adequado para a guarda de armas e munições.

Estudada e entendida mais esta terminologia, passamos agora a analisar


o quarto item, composto da principal figura que exerce as atividades de Segurança
Privada: o vigilante.

TEMA 4 – VIGILANTE: CONCEITO E REQUISITOS

Segundo o Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região (S.d.): “Vigilante


é um profissional especializado em segurança privada, o qual a legislação
conceitua como sendo ‘pessoa adequadamente preparada’ para o exercício da
atividade de segurança no comércio e indústria, no setor público e privado”.
Nessa linha, a legislação se encarregou de elencar o rol de requisitos
profissionais exigidos pela Lei para exercício da atividade de vigilante em nosso
país por meio do Art. 155 e da Portaria n. 3.233/2012, de forma que, para o
exercício da profissão, o vigilante deverá comprovar, documentalmente:

I. ser brasileiro, nato ou naturalizado;


II. ter idade mínima de vinte e um anos;
III. ter instrução correspondente à quarta série do ensino fundamental;
IV. ter sido aprovado em curso de formação de vigilante, realizado por
empresa de curso de formação devidamente autorizada;
V. ter sido aprovado em exames de saúde e de aptidão psicológica;
VI. ter idoneidade comprovada mediante a apresentação de certidões
negativas de antecedentes criminais, sem registros de indiciamento em
inquérito policial, de estar sendo processado criminalmente ou ter sido
condenado em processo criminal de onde reside, bem como do local em
que foi realizado o curso de formação, reciclagem ou extensão: da
Justiça Federal; da Justiça Estadual ou do Distrito Federal; da Justiça
Militar Federal; da Justiça Militar Estadual ou do Distrito Federal e da
Justiça Eleitoral;
VII. estar quite com as obrigações eleitorais e militares; e,
VIII. possuir registro no Cadastro de Pessoas Físicas.

6
Por outro lado, na visão do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região
(S.d.) diante da situação do segmento:

As exigências legais para que uma pessoa possa fazer o curso de


formação de vigilantes são consideradas, atualmente, muito aquém do
que requerem os contratantes dos serviços de segurança privada,
principalmente no que se refere à capacitação profissional do vigilante e
a confiabilidade da empresa a qual ele pertença. Para trabalhar em
alguns setores deste vasto mercado exige-se, por exemplo, que o
candidato seja possuidor do Ensino Médio completo e que, além de
atender aos requisitos prévios previstas na lei, tenha também uma
conduta civil irrepreensível.

E a razão das exigências superiores às previstas na legislação são


explicadas por analistas do setor como fundamentais devido à abrangência cada
vez maior dos espaços de atuação do vigilante que está diretamente ligado à
execução de todos os processos de segurança patrimonial.
Isso porque, conforme já estudado anteriormente, é de responsabilidade
do profissional vigilante a guarda de vidas e patrimônios nos mais diversos setores
da sociedade, em locais públicos e privados, de forma que é o vigilante que faz o
transporte de valores, a escolta armada de cargas, a vigilância da casa, do
condomínio, da indústria, do comércio, bem como da vida, garantindo a segurança
e a integridade física das pessoas.
Justamente diante de tais fatos que a formação e o estudo na área se
tornam um grande diferencial no exercício das atividades do segmento.

TEMA 5 – DIREITOS E DEVERES DOS VIGILANTES

A Portaria n. 3.233/2012 também se encarregou de elencar os direitos e


deveres dos vigilantes.
Segundo o Art. 163 da Portaria em questão, são direitos assegurados dos
vigilantes:

I. o recebimento de uniforme, devidamente autorizado, às expensas do


empregador;
II. porte de arma, quando em efetivo exercício;
III. a utilização de materiais e equipamentos em perfeito funcionamento e
estado de conservação, inclusive armas e munições;
IV. a utilização de sistema de comunicação em perfeito estado de
funcionamento;
V. treinamento regular nos termos previstos nesta Portaria;

7
VI. seguro de vida em grupo, feito pelo empregador; e, por fim,
VII. prisão especial por ato decorrente do serviço.

Por outro lado, a mesma Portaria traz como deveres fundamentais e


obrigatórios dos vigilantes:

I. exercer suas atividades com urbanidade (cortesia), probidade


(integridade, honestidade) e denodo (ousadia, bravura, coragem),
observando os direitos e garantias fundamentais, individuais e coletivos,
no exercício de suas funções;
II. utilizar, adequadamente, o uniforme autorizado, apenas em serviço;
III. portar a Carteira Nacional de Vigilante (Carteira Nacional de Vigilante é o
documento de identidade funcional do vigilante, com validade de 5 (cinco)
anos, de uso obrigatório em serviço);
IV. manter-se adstrito ao local sob vigilância, observando-se as
peculiaridades das atividades de transporte de valores, escolta armada e
segurança pessoal; e,
V. comunicar, ao seu superior hierárquico, quaisquer incidentes ocorridos no
serviço, assim como quaisquer irregularidades relativas ao equipamento
que utiliza, em especial quanto ao armamento, munições e colete à prova
de balas, não se eximindo o empregador do dever de fiscalização.

Entendidos os conceitos e os requisitos para se tornar um vigilante, além


dos seus direitos e deveres, passaremos, em breve, a estudar a última
terminologia referente às atividades de segurança pública: o Plano de Segurança.

8
REFERÊNCIAS

A PROFISSÃO: história. Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, S.d.


Disponível em: <www.vigilantescuritiba.org.br/institucional/a-profissao>. Acesso
em: 15 ago. 2019.

BRASIL. Instrução normativa n. 23/05 do ministério da justiça/DPF. Ministério da


Justiça. CRPSP, 2005. Disponível em: <http://www.crpsp.org.br/portal/orientacao
/manual/Instrução%20Normativa%2023-2005%20-DG-DPF.pdf>. Acesso em: 12
ago. 2019.

_____. Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983. Diário Oficial da União, Brasília,


DF, 21 jul. 1983. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7102.
htm>. Acesso em: 12 ago. 2019.

CONCEITO de segurança orgânica ou serviço orgânico de segurança. Gestão


de Segurança Privada. Disponível em: <https://gestaodesegurancaprivada.com.
br/conceito-de-seguranca-organica/>. Acesso em: 12 ago. 2019.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA. Portaria n. 3233/2012 –


DG/DPF. Polícia Federal, S.d. Disponível em: <http://www.pf.gov.br/servicos-
pf/seguranca-privada/legislacao-normas-e-orientacoes/portarias/portaria-3233-
2012-2.pdf/view>. Acesso em: 15 ago. 2019.

_____. Segurança privada. Polícia Federal, S.d. Disponível em:


<www.pf.gov.br/servicos-pf/seguranca-privada>. Acesso em: 15 ago. 2019.

9
AULA 4

GESTÃO E INTELIGÊNCIA NA
SEGURANÇA PRIVADA

Prof. Bruno Torelli dos Santos


TEMA 1 – PLANO DE SEGURANÇA

No mundo globalizado atual, é preciso estar preparado para monitorar e


analisar os ambientes interno e externo. O objetivo, alinhado à gestão inteligente
da segurança privada, é antecipar quaisquer ações que possam tornar vulneráveis
os bens, as pessoas e/ou informações que se pretende salvaguardar.
Para tanto, a elaboração de um plano de segurança representa a busca
da implementação de medidas que assegurem tal fato, posto que esse é um
documento que registra o resultado do planejamento, formalizando o registro de
decisões tomadas. Esse plano deve contemplar três elementos essenciais:

1. Objetivos do plano de segurança e metas a alcançar com ele;


2. Descrição dos meios e insumos necessários para sua realização
(financeiros, materiais, tecnológicos, humanos etc.);
3. Definição dos mecanismos de controle e indicadores de desempenho, a fim
de monitorar a execução do plano para evitar desvios em relação ao
projeto.

Assim como as demais atividades de segurança privada, a legislação se


encarregou de elencar os requisitos obrigatórios para a elaboração do plano de
segurança, ao determinar que os estabelecimentos financeiros que realizarem
guarda de valores ou movimentação de numerário deverão ter serviço orgânico
de segurança, autorizado a executar vigilância patrimonial ou transporte de
valores, ou contratar empresa especializada, devendo, em qualquer caso, ter
plano de segurança devidamente aprovado pela Delegacia Regional Executiva
(Drex) da Polícia Federal. Exige-se ainda que os estabelecimentos não poderão
iniciar suas atividades sem o respectivo plano de segurança aprovado.
A Polícia Federal elenca também, no art. 99 da Portaria n. 3.233, de 10 de
dezembro de 2012 (Brasil, 2012), que o plano de segurança “deverá descrever
todos os elementos do sistema de segurança, que abrangerá toda a área do
estabelecimento”, de modo a constar:

I - a quantidade e a disposição dos vigilantes, adequadas às


peculiaridades do estabelecimento, sua localização, área, instalações e
encaixe;
II - alarme capaz de permitir, com rapidez e segurança, comunicação
com outro estabelecimento, bancário ou não, da mesma instituição
financeira, empresa de segurança ou órgão policial;
III - equipamentos hábeis a captar e gravar, de forma imperceptível, as
imagens de toda movimentação de público no interior do

2
estabelecimento, as quais deverão permanecer armazenadas em meio
eletrônico por um período mínimo de trinta dias;
IV - artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua
perseguição, identificação ou captura; e
V - anteparo blindado com permanência ininterrupta de vigilante durante
o expediente para o público e enquanto houver movimentação de
numerário no interior do estabelecimento. (Brasil, 2012)

Entendidos o conceito básico, os elementos necessários e os requisitos


para a elaboração do plano de segurança, passa-se agora a aprofundar os
estudos nesse item, intrinsecamente necessário à gestão e à inteligência das
atividades de segurança privada.

TEMA 2 – OBJETIVOS E TIPOS DE PLANOS DE SEGURANÇA

O planejamento da segurança se mostra absolutamente necessário na


gestão da segurança privada, pois é um dos passos essenciais para a atuação
inteligente no exercício das atividades a ela relacionadas. Seu objetivo principal é
estabelecer um mecanismo que possibilite a busca e a coleta de informações,
visando à previsão dos riscos potenciais aos quais o item que se busca
salvaguardar possa estar exposto.
Segundo o especialista em segurança empresarial e consultor José Sérgio
Marcondes ([S.d.]b), o planejamento deve seguir os seguintes objetivos:

 Identificar a necessidade de segurança da organização;


 Identificar e estabelecer objetivos e metas para segurança;
 Organizar e estruturar a segurança da organização;
 Identificar e quantificar os meios necessários para a segurança atingir
seus objetivos;
 Possibilitar a utilização dos recursos de forma eficiente (economia);
 Definir as responsabilidades e estimular o comprometimento dos
envolvidos;
 Determinar tarefas e prazos, viabilizando o controle e ajustes se
necessário;
 Implementar mecanismos de medição de desempenho nos processos
de segurança patrimonial;
 Dar suporte para conseguir credibilidade e apoio financeiro, material e
humano.

Com os objetivos devidamente definidos, é preciso analisar os tipos de


planejamentos da segurança, os quais, em síntese, englobam o planejamento
tático e o planejamento operacional. Esses planejamentos, é claro, devem estar
alinhados ao planejamento estratégico da empresa que necessite desses
serviços, seguindo seus conceitos de missão, visão e valores.
O planejamento tático na segurança privada tem três objetivos principais:

1. Organizar a segurança da empresa;

3
2. Estabelecer objetivos e metas de acordo com suas necessidades;
3. Possibilitar a realização do plano estratégico da organização por meio das
ações e atividades de segurança.

Já o planejamento operacional tem como objetivo definir as atividades e


os recursos necessários para a elaboração do plano de segurança, tais como o
material humano que será necessário para o planejamento, os recursos
financeiros necessários, a tecnologia empregada no planejamento, entre outros.
Assim, em relação ao foco do planejamento de segurança, “o plano
operacional é focado nas equipes e indivíduos da organização e estabelece
objetivos e metas para as equipes e indivíduos da segurança patrimonial.”
(Marcondes, ([S.d.]b). Já em relação à função do planejamento de segurança, o
plano tem que “disciplinar e controlar as rotinas relacionadas à segurança
patrimonial da organização.” (Marcondes, ([S.d.]b).
Para entender melhor o plano de segurança, é importante compreender as
atividades de inteligência na segurança privada.

TEMA 3 – ATIVIDADES DE INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA PRIVADA

A inteligência é a faculdade de aprender, conhecer e compreender, é a


capacidade de compreender e resolver problemas e/ou conflitos, de se adaptar a
situações novas. É ainda “o conjunto de funções psíquicas e psicofisiológicas que
contribuem para o conhecimento, para a compreensão da natureza das coisas e
do significado dos fatos” (Houaiss, citado por Fonseca, 2012). Em síntese, é a
inteligência que nos distingue dos outros animais.
Segundo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), vinculada ao Ministério
de Segurança Institucional, a atividade de inteligência se divide em dois ramos:
“[...] é o exercício de ações especializadas para obtenção e análise de dados,
produção de conhecimentos e proteção de conhecimentos para o país.
Inteligência e contrainteligência são os dois ramos da atividade.” (Abin, [S.d.]).
A Abin complementa informando que “a atividade de inteligência é fundamental e
indispensável à segurança dos Estados, da sociedade e das instituições
nacionais. Sua atuação assegura ao poder decisório o conhecimento antecipado
e confiável de assuntos relacionados aos interesses nacionais.” (Abin, [S.d.]).
Isso significa que a inteligência é o segmento da atividade voltado à
pesquisa, envolvendo a obtenção de dados, informações e produção de
conhecimento, para depois analisar e disseminar informações sobre fatos e
4
situações de imediata ou potencial influência sobre a segurança da empresa, de
acordo com seus interesses. Já a contrainteligência é o segmento da atividade
de inteligência que tem como objetivo detectar e neutralizar a inteligência adversa
contra a organização e seus bens, de modo a salvaguardá-los.
A contrainteligência tem a finalidade de desenvolver atividades que tenham
como objetivo opor barreiras a ações que possam comprometer a segurança da
empresa, seus bens, pessoas ou informações, com o intuito de prevenir e
colaborar para a neutralização de grupos ou indivíduos. Portanto, o Serviço de
Inteligência na segurança privada tem como objetivo primordial a execução de
ações de planejamento das atividades de inteligência e de contrainteligência.
O uso dessa ferramenta na segurança privada se mostrou, ao longo dos
anos, essencial para o resultado que se almeja: sentir-se seguro. No ramo da
segurança privada, a atividade de inteligência compreende, sobretudo, a obtenção
e a análise de dados e informações, produzindo conhecimentos de interesse das
empresas, dos bens ou das pessoas que se pretende proteger.
A segurança privada deve seguir os mesmos passos da segurança pública,
a fim de implementar a atividade de inteligência com o objetivo de dar suporte ao
planejamento e à execução de suas atividades, agindo preventiva e
preferencialmente antes da ocorrência de um fato previsível que possa ser
evitado. No universo da segurança privada, Marcondes ([S.d.]a) define o Serviço
de Inteligência como “[...] o exercício sistemático de atividades especializadas
voltadas para a identificação, o acompanhamento e a avaliação de ameaças reais
ou potenciais, bem como para a obtenção, a produção e a salvaguarda de
conhecimentos, informações e dados que subsidiem as atividades de segurança
privada.”.
Discutidos os conceitos e os objetivos das atividades de inteligência na
segurança privada, vale analisar as competências das atividades de inteligência
e de contrainteligência.

TEMA 4 – COMPETÊNCIAS DAS ATIVIDADES DE INTELIGÊNCIA E


CONTRAINTELIGÊNCIA

Conforme já apresentado, a atividade de inteligência é o segmento que


cuida de dados, informações e produção do conhecimento de interesse da
segurança organizacional. Portanto, tem como finalidade desenvolver atividades
que tenham o objetivo de obter, analisar e disseminar informações sobre fatos e
5
situações de imediata ou potencial influência sobre os bens, serviços e/ou
informações que se pretende assegurar.
Segundo Marcondes ([S.d.]a), as competências da atividade de inteligência
são:

1. Desenvolver ações para obter, analisar e disseminar informações que


interfiram de forma positiva ou negativa na segurança da organização
e que permitam ações preventivas;
2. Interagir com Órgãos de Inteligência de outras organizações privadas
ou públicas com intuito de gerar conhecimento para ações
preventivas de rotina;
3. Acompanhar o cenário nacional e internacional no tocante a ações
terroristas, de fraudes, sequestros e criminalidade no geral, com
intuito de propor ações preventivas e fornecer subsídios para planos
de ações;
4. Realizar estudos sobre a vida social de candidatos e prestadores de
serviços que desejem ou necessitem exercer atividades no interior da
organização;
5. Realizar investigações internas;
6. Realizar levantamentos e análises de riscos sobre a Segurança da
Organização.

Já a atividade de contrainteligência, cujo objetivo é detectar e neutralizar a


inteligência adversa contra bens, serviços, pessoas e/ou informações
asseguradas, tem como finalidade desenvolver atividades que visem opor
barreiras a ações que possam comprometer a segurança da organização e de
assuntos sigilosos. Também pretende prevenir e colaborar para a neutralização
de grupos ou indivíduos que atuam em benefício de objetivos adversos aos
interesses da organização.
Marcondes ([S.d.]a) define que as competências da atividade de
contrainteligência são:

1. Realizar levantamento e análise de riscos nos processos de geração,


uso, guarda e descarte da informação empresarial sensível e de
outros bens de interesse da organização;
2. Pesquisar e desenvolver sistemas e processos que visem à proteção
da informação empresarial sensível e de outros bens da organização;
3. Desenvolver e executar campanhas educativas de proteção à
informação empresarial sensível;
4. Desenvolver plano de gerenciamento de crises;
5. Trabalhar em conjunto com a Tecnologia da Informação – TI para
desenvolvimento de programas de segurança da informação;
6. Investigar denúncia ou indícios de comprometimento da informação
empresarial sensível e de outros bens de interesse da organização.

Concluindo as análises de inteligência e contrainteligência na segurança


privada, é possível perceber a importância de antecipar possíveis riscos ou, caso
ocorram, de atenuar e minorar os impactos resultantes. Nesse sentido, a
segurança de uma organização precisa saber contra o que se proteger, quais são

6
as ameaças e o que fazer, além de entender os controles e as medidas a serem
empregadas.
Para tanto, estabelecer um mecanismo que busque, analise e dissemine
as informações é de extrema importância para a previsão de riscos potenciais a
tudo que a segurança privada pretende proteger.

TEMA 5 – NA PRÁTICA: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA SEGURANÇA


PRIVADA

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (Secretaria de


Segurança Pública de São Paulo, [S.d.]), nos últimos dez anos, os registros de
furto e roubo subiram quase 20% no maior estado do país. Em decorrência do
aumento da criminalidade, a preocupação com a segurança torna-se uma das
principais questões para a sociedade brasileira.
Dessa forma, um dimensionamento correto do sistema de segurança com
um plano de segurança bem-elaborado é de fundamental importância para
prevenir riscos e evitar ocorrências. Entretanto, tais questões são apenas parte
da análise das medidas que devem ser adotadas, levando-se em conta as normas
estudas, os equipamentos de segurança que devem ser instalados e,
principalmente, os aspectos relacionados à equipe de profissionais responsável
pela segurança privada.
Assim, para se resguardar quanto à efetividade da segurança privada, é
necessário observar os seguintes princípios:

Prevenção: os expedientes de segurança devem ser capazes de


prevenir contra tudo o que pode afetar negativamente os processos da
organização;
Inibição: o sistema de segurança deve possuir caráter ostensivo, de
forma a inibir os criminosos de atuarem no local. Analisando
externamente o local, o sistema de segurança deve demonstrar que
quaisquer práticas criminosas no local serão extremamente arriscadas;
Capacidade de reação: caso a prevenção e a inibição não sejam
suficientes para impedir uma ação criminosa, o sistema deve prever a
reação para deter os criminosos, seja reagindo diretamente contra eles,
seja alertando os órgãos públicos de segurança;
Treinamento: os procedimentos de rotina e aqueles que precisam ser
adotados em casos de ocorrências devem ser realizados de maneira
consciente, ágil e precisa, o que só pode ser conquistado a partir do
treinamento adequado;
Investimento: deve ser proporcional aos riscos corridos;
Medidas: não devem atrapalhar os processos da organização;
Eficiência: todos os envolvidos da equipe devem estar plenamente
habilitados para cumprir as funções delegadas;
Integração: o departamento encarregado pela segurança deve estar
completamente integrado aos demais da organização;

7
Transparência: todo e qualquer procedimento deve ser compreendido,
admitido e aprovado por todos os envolvidos internamente no processo;
Sigilo: as informações contidas no Plano de Segurança devem ser
restringidas exclusivamente às pessoas envolvidas no processo,
limitando-se ao máximo o acesso deste a outras pessoas. (Aster, [S.d.],
grifos do original)

De acordo com análises do mercado de trabalho (Global Seg, 2017), vale


pontuar algumas das principais características buscadas nos profissionais da
segurança privada, tanto para auxiliar no processo de recrutamento e seleção
quanto para o treinamento e a supervisão:

1. Boa apresentação pessoal: envolve desde a aparência física e a higiene


pessoal até a postura do profissional da segurança privada. Segundo as
regras práticas do mercado, a apresentação pessoal do colaborador deve
ser conservadora e sóbria, a fim de evitar qualquer tipo de extravagância
ou informalidade. Isso porque uma boa apresentação pessoal transmite
imagem de profissionalismo, atenção e preparo, aumentando a sensação
de segurança nos lugares de atuação.
2. Cordialidade e simpatia: são características positivas para a imagem da
organização que os profissionais representam, significando o cumprimento
de procedimentos com educação, sem gerar atritos desnecessários.
3. Disciplina e responsabilidade: relacionam-se com a capacidade de
cumprir constantemente as rotinas e os procedimentos estabelecidos,
especialmente em decorrência das longas jornadas a que os profissionais
geralmente são submetidos e da falta de ação na maioria do tempo
(comumente é utilizada a jornada de 12h x 36h).
4. Atenção e boa memória visual: o profissional de segurança deve estar
atento a todas as situações indicativas de riscos, como “Luzes acesas que
deveriam estar apagadas, portões e janelas abertos que deveriam estar
fechados, barulhos estranhos, circulação de pessoas estranhas, carros que
passam sucessivamente na frente da rua.” (Global Seg, 2017). Ou seja,
nada deve escapar de sua observação, e, inclusive, sua capacidade de
“guardar fisionomias, placas de carro, modelos e cores de veículos ajuda
bastante a melhorar o desempenho do sistema de segurança. Pode-se
dizer, sem exagero, que a atenção e a boa memória visual são primordiais
para a ação preventiva da segurança.” (Global Seg, 2017).
5. Sigilo e discrição: pelas funções inerentes à profissão, aqueles que atuam
na área da segurança privada têm acesso a informações, comentários,

8
documentos, patrimônios, especificações ou inovações a se assegurar.
Assim, ser discreto e manter o sigilo absoluto sobre tais situações é parte
fundamental das atividades profissionais.
6. Boa comunicação: a boa comunicação verbal e escrita é fundamental – e
um diferencial – na grande maioria das profissões, tanto para se expressar
quanto para saber e entender o que se recebe, razão pela qual, ao
profissional de segurança, essa regra também se aplica. Expressar-se
corretamente, de forma polida, formal, sem gírias e sem erros de português
é de suma importância, pois transmite confiabilidade, autoridade e
credibilidade à equipe de segurança, facilitando o cumprimento dos
procedimentos. Também é importante estar atento às boas práticas da
comunicação via rádio e telefone.
7. Boa capacidade de reação: ter boa capacidade de reação no momento
de lidar com sinistros é uma característica fundamental para um bom
profissional de segurança, posto que uma equipe de segurança eficiente
deve ser calma e ao mesmo tempo proativa, corajosa e ágil para que as
ações definidas em procedimentos sejam fielmente cumpridas.

Nesta aula foram estudados os princípios norteadores de qualquer


atividade da segurança privada, bem como analisadas as principais
características que os profissionais que a executam devem ter. Assim, ficou claro
o quanto é importante o papel dos recursos humanos para um sistema de
segurança de qualidade, sendo fundamental contar com profissionais capacitados
e bem-treinados em sua equipe administrativa e operacional.

9
REFERÊNCIAS

ABIN – Agência Brasileira de Inteligência. Inteligência e contrainteligência.


Disponível em: <http://www.abin.gov.br/atividadeinteligencia/inteligenciaecontraint
eligencia/>. Acesso em: 12 ago. 2019.

A PROFISSÃO. Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região. Disponível em:


<www.vigilantescuritiba.org.br/institucional/a-profissao>. Acesso em 12 ago. 2019.

AS 7 PRINCIPAIS características de um bom profissional de segurança.


Globalseg, 8 ago. 2017. Disponível em:
<http://www.globalsegmg.com.br/caracteristicas-bom-profissional-de-seguranca/>.
Acesso em: 13 ago. 2019.

BRASIL. Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983. Diário Oficial da União, Brasília,


DF, 21 jun. 1983. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7102c
ompilado.htm>. Acesso em: 12 ago. 2019.

BRASIL. Ministério da Justiça. Instrução normativa n. 23, de 1º de setembro de


2005. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 set. 2005. Disponível em:
<http://www.crpsp.org.br/portal/orientacao/manual/Instru%C3%A7%C3%A3o%20
Normativa%2023-2005%20-DG-DPF.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2019.

BRASIL. Departamento de Polícia Federal. Portaria n. 3.233, de 10 de dezembro


de 2012. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 dez. 2012. Disponível em:
<http://www.pf.gov.br/servicos-pf/seguranca-privada/legislacao-normas-e-
orientacoes/portarias/portaria-3233-2012-2.pdf/view>. Acesso em: 12 ago. 2019.

BRASIL. Polícia Federal. Segurança Privada. Disponível em:


<www.pf.gov.br/servicos-pf/seguranca-privada>. Acesso em: 12 ago. 2019.

FONSECA, J. L. A Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner. Dreamfeel, 13


abr. 2012. Disponível em: <https://dreamfeel.wordpress.com/2012/04/13/a-teoria-
das-inteligencias-multiplas-de-gardner/>. Acesso em: 13 ago. 2019.

MARCONDES, J. S. Atividade de Inteligência Aplicada à Segurança Patrimonial


Privada. Gestão de Segurança Privada, [S.d.]a. Disponível em:
<https://gestaodesegurancaprivada.com.br/atividade-de-inteligencia-aplicada-a-
seguranca-privada/>. Acesso em: 12 ago. 2019.

_____. Planejamento da segurança patrimonial: plano de segurança patrimonial.


Gestão de Segurança Privada, [S.d.]b. Disponível em:
10
<https://gestaodesegurancaprivada.com.br/planejamento-da-seguranca-
patrimonial/>. Acesso em: 12 ago. 2019.

SSP – Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Dados Estatísticos do


Estado de São Paulo. Disponível em: <https://www.ssp.sp.gov.br/estatistica/pesqu
isa.aspx>. Acesso em: 13 ago. 2019.

TUDO sobre segurança patrimonial. Aster. Disponível em:


<http://www.aster.com.br/blog/seguranca-patrimonial/tudo-sobre-seguranca-
patrimonial/>. Acesso em: 12 ago. 2019.

11
AULA 5

GESTÃO E INTELIGÊNCIA NA
SEGURANÇA PRIVADA

Prof. Bruno Torelli dos Santos


TEMA 1 – GESTÃO DE PROCESSOS DA SEGURANÇA PRIVADA

Gestão de processos é uma estrutura gerencial orientada a processos, em


que gestor, time e executores do processo pensam e projetam o seu trabalho,
inspecionam os resultados, e redesenham o sistema de trabalho para alcançar
melhores resultados.
Aplicando o conceito ao tema estudado, temos que a gestão de processos
da segurança privada se caracteriza: pelo planejamento; pelo monitoramento;
pela avaliação; e pela revisão dos processos de segurança. O foco é sempre a
melhoria contínua e o alcance de objetivos e metas estabelecidos no plano de
segurança.
Ou seja, busca-se o melhoramento contínuo dos processos da segurança,
como ação fundamental dos profissionais da área.
Segundo o consultor de segurança privada José Sérgio Marcondes
(2017a), os objetivos da gestão de processos devem ser bem definidos. Entre
eles, temos:

1. Conhecer e mapear os processos de segurança;


2. Disponibilizar as informações sobre os processos em manuais de
gestão de segurança;
3. Promover a uniformização dos processos da segurança;
4. Identificar, desenvolver e difundir internamente metodologias e
melhores práticas no que se refere a segurança dos envolvidos;
5. Promover o monitoramento e a avaliação de desempenho dos
processos de segurança; e,
6. Implantar melhorias contínuas na segurança, visando alcançar maior
eficiência e eficácia.

Em relação ao mapeamento dos processos da segurança privada, é


necessário, inicialmente, identificar cada um dos processos, com o objetivo de
auxiliar o profissional e/ou gestor da segurança na melhoria de sua execução,
posto que é no mapeamento que se deve identificar e tratar os pontos críticos de
vulnerabilidade da segurança.
Ainda segundo Marcondes (2017a), podemos considerar processos da
segurança como um conjunto de atividades similares e inter-relacionadas,
envolvendo pessoas, equipamentos, procedimentos e informações, de forma que
a gestão de processos organizacionais transforma entradas em saídas, com vistas
a atender à necessidade de um cliente interno ou externo, agregando valor e
produzindo resultados para a organização.
Os processos de entrada podem ser considerados como as causas.
Incluímos aí os recursos que dão origem a um serviço prestado pela segurança.
2
Por exemplo: o recebimento de um visitante ou a liberação da entrada ou da saída
de um material é um processo de entrada.
Já a saída é o resultado do serviço prestado propriamente dito, como o
processo de liberação de acesso de um visitante à organização, tomando como
fundamento normas e procedimentos da organização em que o serviço é
prestado, que variam de acordo com a cultura organizacional da empresa, com o
tamanho ou a necessidade de um estabelecimento (por exemplo: agência
bancária), ou ainda de acordo com a disponibilidade da empresa em investir na
segurança privada.
Veja no quadro um mapeamento do processo de segurança de entrada de
uma pessoa ou de materiais em um determinado local.

Quadro 1 – Processo de segurança

Entrada Processo Saída


Liberação do acesso do
visitante e/ou do material, de
Visitante
Controle do acesso acordo com o procedimento
Entrega de material
do local (utilizando crachá,
acompanhamento etc.)
Seguindo o mesmo raciocínio do mapeamento e da gestão do tema
estudado, é imperioso estabelecer uma hierarquia dos processos de segurança,
os quais, em síntese, podem ser categorizados em cinco níveis:

 Macroprocesso: é o principal processo e objetivo da segurança privada, e


sua operação reflete no funcionamento de todos os processos de
segurança estabelecidos;
 Processo: é o conjunto de procedimentos que serão adotados com vistas
a cumprir o objetivo almejado pela segurança privada;
 Subprocesso: é o conjunto de procedimentos adotados para
complementar e apoiar o processo principal;
 Atividades: são as operações necessárias para o cumprimento do
procedimento desenhado para o processo ou subprocesso de apoio;
 Atividades: é o conjunto de trabalhos a serem executados, envolvendo a
rotina específica a ser tomada, suas dificuldades, o esforço e os insumos
necessários, além do prazo para o cumprimento.

Para facilitar a visualização da hierarquia de um processo de segurança


privada, desenhamos no Quadro 2 o mapeamento de entrada de um visitante em
um condomínio residencial.
3
Quadro 2 – Entrada de visitante

Macroprocesso Segurança do condomínio e dos condôminos


Processo Controle de acesso de visitantes
Subprocesso Serviço de portaria e/ou controlador de acesso e/ou vigilante
Atividade Identificação documental do visitante
Recepcionar o visitante, identificá-lo, cadastrá-lo (dependendo da
Tarefa estrutura), checar autorização de acesso, fornecer crachá/prisma
(dependendo da estrutura)

Dessa forma, para mapear e gerir os processos de segurança, recomenda-


se a utilização de fluxogramas, cujo desenho permite o devido conhecimento de
cada um dos procedimentos que deve ser tomado em cada ocorrência.
Em especial, o aspecto mais fundamental de todo e qualquer processo, em
especial os relacionados à segurança privada das pessoas, seus patrimônios e
organizações em geral, é a avaliação do desempenho de cada processo, cujo
resultado permitirá a otimização das etapas desenhadas, podendo haver ação
preventiva ou corretiva em diferentes cenários, sempre em tempo hábil, a fim de
se evitar prejuízos.

TEMA 2 – CASO CONCRETO: SEGURANÇA DE CONDOMÍNIO

Conforme estudamos anteriormente, com a crescente violência que assola


o país, a segurança de seus familiares, seu patrimônio, de si próprio e de sua
organização ocupa o topo da pirâmide das necessidades do ser humano.
Por essa razão, atualmente é cada vez mais comum a busca por
condomínios residenciais, sejam eles horizontais (como um condomínio de casas
e sobrados), ou verticais (como um edifício).
Na mesma linha, é cada vez mais comum a existência de sistemas de
segurança eletrônicos e pessoais, sempre mais intensos, como câmeras,
vigilantes, porteiros 24 horas, controles de acesso rígidos, entre outros pontos.
E é justamente essa uma das principais preocupações dos moradores:
segurança e privacidade.
Nesse momento, é fundamental mapear a segurança privada do
condomínio, com a gestão de seus processos, o desenho de fluxogramas e o
acompanhamento dos desempenhos obtidos, conforme já estudamos
anteriormente.
Assim, conhecer os potenciais riscos e ameaças à segurança do
condomínio e de seus condôminos é fundamental para se obter a segurança

4
almejada. Riscos e ameaças à segurança de condomínio residencial se
apresentam em todas as condições e/ou situações com a possibilidade de causar
danos ou perdas, não só aos moradores, mas também aos frequentadores desse
local.
Dessa forma, passamos a seguir aos itens básicos que devem estar
presentes no Plano de Segurança para Condomínio Residencial:

 Identificar as vulnerabilidades do condomínio, buscando qualquer


deficiência e/ou brecha de segurança que possa ser explorada por uma
ameaça e gerar riscos de segurança;
 Identificar as ameaças que possam ser causadas por agentes,
circunstâncias ou por qualquer evento com potencial para causar danos ao
condomínio, aos condôminos ou a seus frequentadores;
 Identificar toda condição e/ou situação que possa causar danos ou perdas
à segurança do condomínio;
 Analisar e identificar os fatores de risco que podem gerar mais de um risco;
ou seja, é preciso identificar as condições e/ou situações que possam
originar a um risco;
 Avaliar sistematicamente as ameaças e as vulnerabilidades existentes,
tratando-as com os responsáveis, de modo a determinar e recomendar
ações a serem tomadas para minorar os riscos.

Basicamente, os riscos à segurança privada decorrem de dois atrativos:


financeiro ou humano. O atrativo financeiro se refere a um bem material, como
carros, joias, dinheiro, quadros etc., enquanto o atrativo humano se relaciona à
presença de um morador e/ou um visitante que tenha algum tipo de destaque ou
importância na sociedade, como um político, um artista, uma celebridade etc.
Para facilitar a visualização, exemplificamos os fatores de risco que devem
ser analisados antes da elaboração do Plano de Segurança, com o objetivo de
serem corrigidos ou controlados, na medida do possível:

 Localização do condomínio (como bairro perigoso e algum ponto de


atenção próximo);
 Violência urbana local e na região (como condomínio dentro de uma grande
megalópole);
 Deficiência na segurança pública (como a ausência de policiamento
ostensivo, ou de patrulhamento no local);

5
 Ausências ou falhas no plano de segurança elaborado;
 Falhas nos sistemas de segurança (como portões eletrônicos com defeito
e sistema de segurança ou monitoramento sem gerador/bateria);
 Falhas de engenharia e arquitetura do condomínio (como ausência de
muros e/ou barreiras em determinados pontos de acesso);
 Falta de capacitação e treinamento da equipe de segurança;
 Desmotivação da equipe de segurança;
 Descumprimento de regras e procedimentos pelos moradores e/ou
visitantes.

Na mesma linha, passamos agora a analisar exemplos dos riscos mais


frequentes e comuns à segurança condominial:

 Furto (subtrair bem de outrem sem emprego de grave ameaça e/ ou lesão);


 Roubo (subtrair algo de outrem com emprego de grave ameaça e/ou lesão);
 Sequestro (privação de liberdade);
 Agressão física (com danos temporários ou permanentes);
 Homicídio;
 Vandalismo (destruição ou dano à propriedade de outrem);
 Quebra de privacidade.

Por fim, passamos agora a analisar exemplos das ameaças mais comuns
à segurança condominial:

 Assaltantes;
 Sequestradores;
 Vândalos;
 Oportunistas;
 Empregados do condomínio insatisfeitos e com falta de caráter.

Por tudo que estudamos até aqui, fica evidente a importância da


identificação, da análise e da avaliação dos riscos a que o condomínio está sujeito,
de forma que a segurança do local deve, prioritariamente, ser realizada por
profissional da área devidamente qualificado.
Ainda, é absolutamente fundamental que o síndico, os moradores e os
visitantes do local adotem hábitos de segurança adequados, contribuindo para a
redução da vulnerabilidade e para sua minoração, com vistas à extinção de
ameaças e riscos.

6
TEMA 3 – PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA PATRIMONIAL

Na prática, o planejamento da segurança patrimonial depende da


interpretação da segurança privada de cada organização e, em especial, dos itens
que se pretende proteger.
Inicialmente, para realizar o planejamento, é necessário determinar todos
os recursos e atividades necessários para garantir a incolumidade física das
pessoas e a integridade de seu patrimônio.
Além disso, é imperioso definir as metas e os objetivos do plano, de forma
que neste planejamento sejam realizadas atividades estratégicas de distribuição
de recursos, sempre de maneira eficiente.
Segundo o consultor em segurança privada José Sérgio Marcondes
(2017b), o planejamento da segurança patrimonial “é um processo que consiste
em um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para
se obter o nível necessário de segurança patrimonial para uma organização atingir
seus objetivos.”
Dessa forma, tem-se que o planejamento deve ser realizado
preferencialmente através de um documento chamado Plano de Segurança
Patrimonial.
O referido documento deve registrar o resultado das ações tomadas,
descrevendo todas as decisões na sua elaboração, de maneira que se apresenta
como o resultado do planejamento da segurança patrimonial. Segundo Marcondes
(2017b), deve contemplar três elementos essenciais:

1. Definição dos Objetivos e das Metas do Planejamento de Segurança


Patrimonial Privada;
2. Os meios necessários para realização do planejamento, tais como:
material humano necessário, dispêndios financeiros, materiais e
outros insumos a serem utilizados, informações necessárias e
tecnologia a ser empregada;
3. Os mecanismos de controle dos indicadores de desempenho para se
ater aos objetivos e metas, para se evitar desvios em relação ao
planejado, com objetivo de monitorar os passos durante sua
execução.

Entendidos os conceitos de planejamento e plano de segurança, passamos


agora a estudar os objetivos deste tema. Segundo o consultor em segurança
privada José Sérgio Marcondes (2017b), há objetivos principais do planejamento
da segurança patrimonial:

7
1. Identificar a necessidade de segurança da organização;
2. Identificar e estabelecer objetivos e metas para a segurança da
organização;
3. Organizar e estruturar a segurança da organização;
4. Identificar e quantificar os meios necessários para segurança atingir
os seus objetivos;
5. Possibilitar a utilização dos recursos de forma eficiente (com a
economia que se espera -> melhor serviço pelo menor valor);
6. Definir as responsabilidades e estimular o comprometimento dos
envolvidos;
7. Determinar tarefas e prazos, viabilizando o controle e os ajustes que
forem necessários;
8. Implementar os mecanismos de medição e indicadores de
desempenho nos processos da segurança patrimonial; e,
9. Dar suporte aos setores para conseguir credibilidade e apoio
financeiro, material e humano.

Entendidos os objetivos do planejamento da segurança patrimonial,


passamos agora a estudar os tipos de planejamento comumente utilizados na
gestão da segurança privada.
Em síntese, existem dois tipos de planejamento da segurança patrimonial:
o planejamento tático e o planejamento operacional. Ambos devem estar
alinhados com o planejamento da organização, devendo ser elaborados de forma
a contribuir para que a organização atinja os objetivos previstos no seu
planejamento estratégico.
O planejamento tático tem como objetivo organizar a segurança da
organização e estabelecer os objetivos e metas para a segurança patrimonial, de
acordo com suas necessidades e interesses.
Segundo Marcondes (2017b):

Através do planejamento tático se possibilita a realização do plano


estratégico da organização, com base nas ações e atividades realizadas
pela segurança patrimonial.
Já o planejamento operacional busca definir as atividades e os recursos
necessários para realização dos objetivos e metas estabelecidos no
plano tático da segurança patrimonial.
O planejamento operacional da segurança patrimonial deve ser focado
nas equipes e indivíduos da organização e estabelecer objetivos e metas
para as equipes e os profissionais individuais da segurança patrimonial.
Ou seja, é o plano que tem a função de disciplinar e controlar as rotinas
relacionadas à segurança patrimonial da organização.

Entendido o planejamento da segurança patrimonial, estudaremos, no


próximo tema, alguns modelos deste planejamento.

TEMA 4 – MODELO DE PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA PATRIMONIAL

Conforme já estudamos, o planejamento da segurança patrimonial


depende da interpretação da segurança privada de cada organização e, em

8
especial, dos itens que se pretende proteger, levando-se em consideração a
cultura organizacional da empresa.
Para estudar na prática como se realiza um planejamento de segurança
patrimonial para o atendimento das necessidades básicas de um bom plano,
podemos dividir a elaboração do plano em oito etapas (Marcondes, 2017).

4.1 Comunicação e consulta

Trata-se de processo contínuo que o gestor da segurança patrimonial irá


conduzir, de modo a obter, fornecer e compartilhar as informações necessárias
para a elaboração do planejamento da segurança patrimonial. A comunicação e a
consulta com as áreas e pessoas envolvidas, quando elaboradas de forma eficaz,
resulta no sucesso do planejamento da segurança patrimonial da organização.

4.2 Estabelecimento de contexto

Trata-se de processo cujo objetivo é definir os parâmetros básicos para a


realização do planejamento estudado, incorrendo em uma interrelação de
circunstâncias e fatores que podem interferir e influenciar os requisitos e as
atividades do planejamento.
Sua aplicação inclui considerar os parâmetros dos contextos internos e
externos relevantes para a organização como um todo, e especificamente para a
segurança patrimonial da organização.
Em relação ao contexto externo, é necessário estudar fatores culturais,
geográficos, políticos, legais, regulatórios, criminais, financeiros, econômicos e
sociais, todos em nível nacional, internacional, regional ou local, a depender do
lugar em que a organização se encontra.
Ainda, o contexto externo envolve a familiarização com todos os fatores-
chave que impactam os objetivos da organização, incluindo as percepções de
valores das partes externas envolvidas.
Já em relação ao contexto interno, é necessário o entendimento das
capacidades da organização em termos de recursos e conhecimentos e de ativos
relevantes para a organização atingir seus objetivos.
Ainda, o contexto interno envolve familiarização com as partes internas
envolvidas; além de análise dos objetivos e estratégias vigentes na organização,

9
considerando a cultura organizacional e suas políticas, processos, atividades,
normas e modelos, além da estrutura governamental.

4.3 Diagnóstico situacional da segurança patrimonial

Trata-se de processo que tem por objetivo definir a situação atual da


segurança patrimonial da organização. Ou seja, identificação de forças,
oportunidades, fraquezas e ameaças da organização, que devem ser
consideradas em todo o processo de planejamento.

4.4 Processo de identificação, análise e avaliação de riscos

Conforme já estudamos em diversas oportunidades, a identificação, a


análise e a avaliação de riscos são processos absolutamente intrínsecos e
indispensáveis à gestão de riscos, com a finalidade de analisar as ameaças e
vulnerabilidades da organização.
O propósito desse processo é estimar as possibilidades de causar danos
ou perdas à organização, para que se confirme a presença ou a ausência de riscos
para a segurança patrimonial da organização – e, quando presentes, mensurar o
seu impacto.

4.5 Definição de tratamento para os riscos

Sem dúvida, o principal objetivo do planejamento da segurança patrimonial


é analisar e entender os riscos a que a organização está sujeita, ou de que já
padece. Após tal definição, é imprescindível que os riscos identificados (presentes
ou possíveis) sejam tratados de forma eficaz, através da seleção de uma ou mais
medidas de segurança, com a finalidade de eliminação, controle ou evitação.

4.6 Planejamento tático da segurança patrimonial

Trata-se de processo que tem como escopo estabelecer os objetivos e


metas para a segurança patrimonial da organização, definindo quais serão os
meios e recursos necessários para que sejam atingidos.
Portanto, entender e alinhar qual estrutura será necessária, quais os
métodos serão aplicados, quais as tecnologias e quais os espaços serão
utilizados, dentre outros meios, é fundamental neste momento.

10
Em especial, é preciso definir a gestão dos recursos humanos neste ponto
do planejamento, por meio de recrutamento, seleção, treinamentos,
especializações e definições de cargos e formação de equipes.
Portanto, são partes indispensáveis na análise e na elaboração do
planejamento tático as seguintes definições: os objetivos e metas; política de
segurança patrimonial; a estrutura da segurança patrimonial; formas de emprego
das equipes de segurança (por exemplo, orgânica própria e/ou terceirizada); e
ainda política de gestão dos recursos humanos necessários/utilizados.

4.7 Planejamento operacional da segurança patrimonial

Após as análises descritas anteriores, este é o processo mais importante


do planejamento da segurança privada, posto que é o processo responsável pela
definição das atividades e dos recursos necessários para a realização de objetivos
e metas definidos no plano tático da segurança.
Portanto, o plano operacional deve focar nas equipes e indivíduos da
organização, estabelecendo seus próprios objetivos e metas, através da disciplina
e do controle de rotinas de todos os processos.
Por outro lado, o planejamento operacional depende de outros fatores,
como:

 Planejamento orçamentário: são os planos relacionados às necessidades


dos recursos financeiros versus disponibilidade da organização;
 Procedimentos internos: são os planos relacionados com os métodos e
fluxogramas de execução de atividades da segurança privada;
 Normas e regulamentos internos: todos os planejamentos, planos e
atividades devem seguir as normas e regulamentos internos da
organização.

Para facilitar a visualização, são exemplos de planejamentos operacionais


básicos:

 Orçamento anual da segurança privada;


 Procedimento interno para controle de acesso de pessoas, veículos e
materiais;
 Procedimento interno para controle de acesso de documentos e mídias de
armazenamentos de dados;

11
 Normas de condutas para empregados, prestadores de serviços,
entregadores e visitantes;
 Normas para uso de celulares no interior da organização;
 Normas para uso de impressoras, copiadoras e, principalmente nos dias de
hoje, para utilização da internet; entre outras.

4.8 Monitoramento e análise crítica do planejamento

Monitoramento é o processo de verificação, supervisão e observação


contínuo dos indicadores de desempenho que foram estabelecidos para o
acompanhamento da evolução do planejamento da segurança patrimonial, tendo
como finalidade analisar se o trabalho é desenvolvido de acordo com a
programação do planejamento.
Já a análise crítica se mostra primordial no processo, e tem como objetivo
atualizar o planejamento da segurança quanto às necessidades do momento,
devendo ser realizada sempre antes de qualquer investimento, ou quando
existirem alterações relevantes nos ambientes internos da organização ou no seu
ambiente externo de atuação.

TEMA 5 – RISCOS DA SEGURANÇA PATRIMONIAL

Quaisquer situações que possam afetar a sensação de segurança podem


ser consideradas um risco, em especial se a segurança pretendida for aplicada
ao patrimônio de uma pessoa e/ou organização.
Em ambientes empresariais, os riscos à segurança patrimonial podem ser
verificados, não só nos negócios atuais, mas também nos futuros, de forma que
os riscos da segurança patrimonial sempre estão diretamente relacionados às
características operacionais, comerciais e físicas da organização.
Para evitar riscos à segurança patrimonial de uma organização, é
fundamental identificar qual o tipo de risco a que se pode estar exposto, para que,
somente então, seja possível tratá-lo.
Nesse trabalho, devem ser bem definidos os riscos e suas respectivas
origens. Vejamos: já estudamos que os riscos da segurança patrimonial são
materializados através de eventos que podem causar perdas ou danos a um ativo
da organização.

12
Os ativos da organização podem ser quaisquer pessoas, sua infraestrutura,
seus equipamentos, seus materiais, as atividades que nela se desenvolvem ou,
ainda, informações que tenham valor para a instituição.
Após a definição do risco, é necessário identificar as suas origens, posto
que, no que tange à segurança patrimonial de uma organização, o risco pode ter
origem interna – possivelmente adequados com medidas de controle internos – e
origem externa, quando o controle foge da alçada da organização.
Normalmente, os riscos internos se evidenciam quando não são
observados os processos de forma adequada, resultando em ineficiência ou falta
de controles internos, ou ainda quando estamos diante de falhas ou má conduta
de colaboradores.
Dessa forma, definidos os riscos e compreendida a sua origem para o
tratamento, é necessário realizar a sua avaliação, para entender como serão
tratados e corrigidos, objetivando finalmente a sua anulação.
Entendidos os passos iniciais e burocráticos, passamos agora a estudar na
prática como os riscos se apresentam (Global Seg, 2017).

5.1 Riscos institucionais

Nesse tipo de risco, podemos incluir as possibilidades de:

 Prejuízos à imagem da organização;


 Prejuízos à credibilidade e reputação da organização;
 Perda de clientes ou contratos;
 perdas financeiras;
 Paralisação das atividades (falência, fechamento etc.).

5.2 Riscos de crimes contra o patrimônio

De todos os riscos a que uma empresa poderá estar exposta, os que têm
relação direta com a segurança patrimonial são os riscos de crimes contra o
patrimônio. Tais infrações são aquelas que atentam contra o patrimônio de uma
pessoa ou organização, sendo equivalentes a ameaças direcionadas tanto para
os bens materiais quanto para os recursos humanos e intelectuais do local,
havendo a intenção premeditada.
Nesse tipo de risco, podemos incluir as possibilidades de:

13
 Apropriação indébita;
 Danos à propriedade;
 Espionagem industrial;
 Estelionato;
 Extorsão mediante sequestro;
 Fraude;
 Furto simples ou qualificado;
 Homicídio;
 Latrocínio;
 roubo, assalto;
 Sabotagem;
 Terrorismo (global ou doméstico).

5.3 Riscos operacionais

Ocorrem pelas incertezas decorrentes da própria estrutura empresarial.


Estão relacionados com falhas humanas, problemas com infraestrutura,
alterações em algumas práticas no ambiente de negócios, e quaisquer outras
situações adversas no dia a dia da organização.
Dentre eles, destacam-se:

 Acessos físicos indevidos;


 Acidentes ambientais;
 Acidentes com veículos da empresa;
 Acidentes evolvendo colaboradores, prestadores de serviço e visitantes;
 Afastamento de pessoas;
 Comprometimento da informação empresarial sensível;
 Contaminações do solo, ar, água, equipamentos e pessoas;
 Descumprimento de procedimentos e normas internas;
 Explosão;
 Incêndio;
 Interrupção no abastecimento de energia;
 Interrupção nos sistemas de comunicação;
 Danos ou extravios de correspondências da organização.

14
5.4 Riscos sociais

São ameaças envolvendo as relações entre pessoas versus pessoas e


pessoas versus organização; nesses tipos de risco podemos incluir as
possibilidades de:

 Agressão e violência no local de trabalho;


 Assédio moral;
 Assédio sexual;
 Chantagem;
 Engenharia social;
 Greves em clientes;
 Greves de fornecedores e prestadores de serviço;
 Greves na organização;
 Insatisfação profissional;
 Tráfico e consumo de drogas.

5.5 Riscos naturais

A ameaça natural é aquela que resulta de desastres naturais, e que não


pode ser controlada pelo ser humano, podendo ocasionar a interrupção da
atividade da organização e a perda de vidas e bens.
Nesses tipos de riscos, podemos incluir as possibilidades de:

 Alagamentos;
 Deslizamentos;
 Queda de granizo;
 Queda de raio;
 Tempestades;
 Tremor de terra.

5.6 Riscos de conformidade

São aqueles derivados do não atendimento de requisitos legais e/ou


contratuais, estabelecidos em leis, normas, decretos, portarias, resoluções,
contratos etc., estando associados com a habilidade da organização em cumprir
as regulamentações previstas em leis e acordos firmados.

15
Concluindo o tema, os riscos da Segurança Patrimonial são bem amplos e
muito abrangentes, motivo pelo qual o planejamento e a execução do plano de
segurança privada são de grande valia às pessoas que compõem as
organizações.

16
REFERÊNCIAS

BRASIL. ABIN – Agência Brasileira de Inteligência. Inteligência e


contrainteligência. Disponível em: <http://www.abin.gov.br/atividadeinteligencia
/inteligenciaecontrainteligencia/>. Acesso em: 22 ago. 2019.

MARCONDES, J. S. Gestão de processos da segurança patrimonial: segurança


privada. Gestão da Segurança Privada, 2017a. Disponível em:
<https://gestaodesegurancaprivada.com.br/processos-da-seguranca-
patrimonial/>. Acesso em: 22 ago. 2019.

_____. Riscos e ameaças para segurança de condomínio residencial. Gestão da


Segurança Privada, 2017b. Disponível em:
<https://gestaodesegurancaprivada.com.br/riscos-e-ameacas-para-seguranca-
de-condominio-residencial/>. Acesso em: 22 ago. 2019.

OLIVEIRA, W. Gestão de processos de negócios BPM. Venki, 6 nov. 2014.


Disponível em: <https://www.venki.com.br/blog/gestao-de-processos-de-
negocios-bpm/>. Acesso em: 22 ago. 2019.

QUAIS são os riscos da segurança patrimonial? Globalseg, 15 mar. 2017.


disponível em: <http://www.globalsegmg.com.br/quais-sao-os-riscos-da-
seguranca-patrimonial/>. Acesso em: 22 ago. 2019.

17
AULA 6

GESTÃO E INTELIGÊNCIA NA
SEGURANÇA PRIVADA

Prof. Bruno Torelli dos Santos


TEMA 1 – MERCADO DE TRABALHO DO PROFISSIONAL DA SEGURANÇA
PRIVADA

Sabendo que você, provavelmente, deve ter pesquisado sobre o mercado


de trabalho e a atuação do profissional de segurança privada, é também provável
que tenha verificado que se trata de um setor que admite profissionais com
diferentes formações (justamente pela ausência de mão de obra especializada
nesse tipo de serviços).
Por outro lado, ao escolher uma especialização específica na área, você se
torna um tecnólogo especializado em segurança privada, com foco na segurança
patrimonial e pessoal.
Ou seja, por meio deste curso, você será preparado para identificar e
analisar riscos de segurança e definir as diretrizes de ações que objetivem a
prevenção de quaisquer danos, de maneira que se torna capaz de planejar, operar
e controlar todos os aspectos de proteção de uma organização ou de um
indivíduo.
Já em relação às possibilidades de campos de atuação, estas comumente
se concentram nas empresas de segurança, conforme já estudamos, podendo
atuar nas áreas de transporte de valores, escolta e proteção do patrimônio, além
da segurança pessoal, se lhe for de interesse.
Na mesma linha, tendo em vista a franca expansão do mercado de
segurança privada, ainda é possível atuar nos processos de segurança de
indústrias, shoppings e organizações em geral, inclusive em empresas
transportadoras que, normalmente, realizam a segurança de cargas durante o
transporte rodoviário, sendo este um promissor segmento, que vem demandando
novas tecnologias, como chips de rastreamento, por exemplo, com grande
crescimento na região sudeste.
O profissional de Segurança Privada pode, portanto, seguir carreira em
empresas de diversos setores, cuidando, por exemplo, da segurança de
indivíduos e grupos de pessoas em ambiente privados, segurança patrimonial,
prevenção de acidentes, segurança em ambientes eletrônicos e de eventos, entre
tantas outras possibilidades.
Nessa linha, no entanto, a crise econômica atual não poupou o setor de
segurança privada, segundo sites e blogs especializados em carreiras.
Indiscutivelmente, este é um mercado que mantém grande potencial de

2
crescimento em função dos elevados índices de violência e da dificuldade do
governo de prover segurança à população, conforme já estudamos na evolução
histórica da segurança privada no Brasil.
Assim, há tendência de aquecimento do setor, crescendo a procura por
profissionais especializados e capacitados que possam buscar melhor relação de
custo-benefício às pessoas e suas organizações, principalmente por meio do uso
da tecnologia do setor.
Em decorrência de tais fatos, segundo a Federação Nacional de Empresas
de Segurança e Transporte de Valores, a Fenavist, existem no Brasil, de forma
registrada e legalizada, mais de duas mil empresas no segmento de segurança
privada.
Diante de tal fato, com a devida capacitação, abre-se mercado para que o
profissional de segurança privada também possa gerenciar equipes de segurança
patrimonial e pessoal terceirizadas, atuando, como já verificamos, em empresas
de segurança, transporte de valores, escolta e segurança pessoal.
Outro segmento que cresce de forma exponencial é o da Consultoria em
Segurança Privada, a qual, inclusive, estudaremos mais a fundo nos próximos
temas abordados.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas, a FGV, em pesquisa divulgada nesta
década (“A educação profissional e você no mercado de trabalho”), a
empregabilidade dos cursos de especialização em geral é de cerca de 90%,
contando com quase 80% dos graduados trabalhando na sua área de formação.
Dessa forma, elencamos a seguir, com breve explicação, um rol com os
principais segmentos e atividades em que o profissional da segurança privada
pode atuar:

I. Perícia: realizar perícias, avaliar e emitir laudos em questões que envolvem


segurança;
II. Segurança empresarial: planejar e supervisionar a segurança de uma
empresa, decidindo quais equipamentos e que tipo de profissionais são
necessários para isso;
III. Segurança patrimonial: prevenir furtos, assaltos, roubos e outros tipos de
ações violentas contra o patrimônio de uma organização (empresa, museu,
hospital etc.), com foco em coordenar esquemas de vigilância ostensiva e
definir controle de acessos a áreas do estabelecimento;

3
IV. Segurança privada: atuar na segurança de residências e imóveis privados
para evitar riscos à integridade patrimonial. Cuidar da segurança de
empresários e suas famílias, montando o esquema de acompanhamento,
que deve prevenir assaltos e sequestros;
V. Gestão da Segurança Privada: em departamentos, setores e áreas
relacionadas à segurança patrimonial de empresas públicas e privadas;
VI. Segurança Pessoal: lidera equipes que cuidam da segurança e escolta de
indivíduos;
VII. Projetos de Segurança: por meio de análise socioeconômica, política,
cultural e de índices de violência e criminalidade, define políticas de
segurança e planos de ação;
VIII. Segurança do Trabalho: atua na prevenção de acidentes, preservação da
integridade física de funcionários e melhoria do ambiente de trabalho;
IX. Investigação e Perícia Judicial: apoia essas atividades como autônomo ou
em empresas de consultoria;
X. Eventos: gerenciamento de pessoas e processos de segurança coletiva ou
individual em eventos públicos e corporativos;
XI. Gestão de Equipes: lidera times de segurança privada, coordena o
trabalho, distribui tarefas, orienta e garante a execução dos procedimentos
de segurança;
XII. Tecnologia: gerencia a segurança em ambientes eletrônicos, envolvendo
procedimentos, definição de equipamentos e implantação de programas;
entre outros.

Já está claro que o exercício da atividade de segurança privada exige


diversas características específicas do indivíduo, em especial, equilíbrio
emocional e autocontrole, além de uma boa capacidade de liderança e articulação
de pessoas, tudo com uma visão estratégica de suas funções.
Ou seja, tendo em vista que este não é mais somente um trabalho
operacional/braçal, com o aumento da criminalidade no país, cresce a demanda
por profissionais especializados e qualificados, de maneira que se manter
atualizado é fundamental para garantir a participação no mercado.
No próximo tema, vamos estudar a gestão da segurança privada. Até lá!

4
TEMA 2 – GESTÃO DE SEGURANÇA PRIVADA

A Gestão da Segurança Privada é um segmento promissor do ramo da


segurança privada, englobando o planejamento e as estratégias utilizadas por
gestores da área para alcançar metas e objetivos relacionados à segurança de
uma organização.
Segundo pesquisas recentes, diante do aumento contínuo da
criminalidade, estima-se que os furtos e roubos, somente na área do varejo,
representem um prejuízo em torno de um bilhão de reais, comprometendo-se, em
média, 2,25% (dois vírgula vinte e cinco por cento) do faturamento anual líquido
das empresas no setor.
Diante de tais números, a segurança privada e sua correta execução se
mostram um mercado em franca expansão, com objetivo de evitar e repelir
situações como estas, de forma a fazer com que cada vez mais empresas invistam
na gestão da segurança privada para garantir a proteção de seu patrimônio
material e humano (sejam seus clientes, sejam seus colaboradores diretos e
indiretos).
É justamente pelo trazido no parágrafo anterior que o gerenciamento
correto de processos, colaboradores e serviços em alinhamento com as metas e
os objetivos da organização, reflete a necessidade de uma gestão da segurança
privada, relacionada ao desenvolvimento dos mais diversos planos que garantam
a proteção dos bens tangíveis e intangíveis de uma empresa.
A gestão da segurança privada deve ser realizada por empresas e/ou
profissionais especializados na área, objetivando a formulação, discussão e
implantação de estratégias junto às organizações contratantes.
Conforme já amplamente estudado anteriormente, é fundamental a
elaboração de um plano de segurança que seja eficiente na identificação de riscos
e vulnerabilidades da organização para que, de forma imediata e eficaz, sejam as
partes envolvidas capazes de identificá-los, avaliá-los e, é claro, controlá-los e
evitá-los.
É indiscutível que os crimes (em especial de roubo e furto) ocorridos em
detrimento das organizações acarretam enormes prejuízos e, até mesmo, na
paralização de suas atividades, como os roubos de fios elétricos da rede pública
que interrompem o fornecimento de energia a um raio considerável.

5
Nesse sentido, o investimento das organizações na gestão da segurança
privada de seus bens (leiam-se todos os seus bens, intangíveis ou não) mostra-
se inerente à continuidade de suas atividades, posto que o profissional e/ou a
empresa de segurança privada devem estar inseridos nas decisões estratégicas
da empresa, todos com propósito único de prevenir qualquer tipo de perda, furto,
fraude, desvio, dentre outras ações criminosas.
Dessa forma, elencamos abaixo as ações essenciais que uma organização
que pretende minorar ao mínimo os seus riscos, por meio da
contratação/implantação de uma gestão de segurança privada, que deve:

I. Atender e adequar a companhia às leis e normas relacionadas à


segurança;
II. Direcionar os recursos de segurança de forma assertiva;
III. Elaborar um planejamento estratégico de segurança que conte com uma
análise criteriosa de indicadores sobre a conjuntura, políticas e propósitos
da empresa;
IV. Gerir o departamento e todos os processos de segurança patrimonial;
V. Criar discussões e definir, junto a gerências e setores da organização,
medidas preventivas e educativas com o objetivo de minimizar ou eliminar
riscos já em sua origem;
VI. Identificar e analisar riscos envolvidos na atividade fim e de apoio para
auxiliar na definição de normas de segurança que garantam a continuidade
das atividades;
VII. Criar ou assessorar projetos de segurança física e eletrônica;
VIII. Prevenir perdas patrimoniais e gerenciar crises e riscos relacionados à
integridade física de colaboradores;
IX. Envolver a segurança de pessoas, do patrimônio e informações das
organizações; dentre outras.

Dando continuidade ao processo de Gestão de Segurança Privada, agora


se torna fundamental conhecer o profissional de que a exerce, chamado de Gestor
de Segurança Privada, cujas características serão estudadas no próximo tema.
Até lá!

6
TEMA 3 – O GESTOR DA SEGURANÇA PRIVADA

No último tema que estudamos, analisamos um dos segmentos que mais


cresce no tema estudado, a Gestão da Segurança Privada.
Analisamos o que é, onde aplicá-la e as principais atividades que podem
ser desenvolvidas no âmbito deste gerenciamento. Com base nesse tema,
passaremos a estudar o Gestor de Segurança Privada, que é o profissional
responsável pelo desenho deste setor.
Para que você possa se tornar um Gestor de Segurança Privada, é
importante conhecer também as competências necessárias para os profissionais
que atuam na área, de forma que um bom gestor de segurança deve possuir
amplas capacitações técnicas, em especial, ser graduado em Segurança
Empresarial ou cursos similares, dominando conhecimento gerais sobre diversos
setores inerentes às funções que vai exercer, tais como: administração de
empresas; logística; estatística; gestão; contabilidade; leis trabalhistas e
economia.
Para garantir que os serviços prestados sejam realmente eficientes, é
possível terceirizar a Gestão de Segurança Patrimonial, contando com
profissionais especializados e experientes nos procedimentos e gerenciamento
necessários. Além de contratar colaboradores que tiveram um treinamento
apropriado, a empresa ainda reduz custos administrativos e trabalhistas.
Nessa linha, em breve síntese, é possível conceituar o gestor de segurança
privada como o profissional que planeja, organiza, dirige e controla as atividades
da segurança privada, com objetivo de atingir os objetivos propostos pela
organização.
Assim, verifica-se que o planejamento da segurança privada é papel do
gestor da segurança que deve não somente gerir o presente, mas também se
preparar para o futuro, sempre objetivando a antecipação e a prevenção de riscos,
além da extinção das vulnerabilidades da organização.
A Gestão da Segurança Privada, conforme já estudamos no tema anterior,
é o processo de trabalhar com os outros a fim de atingir, de forma eficaz, os
objetivos estabelecidos pela empresa/organização contratante, utilizando, de
forma eficiente, todos os recursos à sua disposição.

7
Cabe, portanto, ao gestor da segurança, realizar este processo de trabalhar
com as pessoas que compõem a organização, engajando-as nos objetivos e
metas da empresa.
Para tanto, ele deve dispor de conhecimentos não só teóricos, mas também
práticos para aplicação no seu processo de gestão, por meio do planejamento, da
organização, da direção e do controle das atividades de segurança privada.
Segundo o Consultor José Marcondes, o gestor da segurança privada tem
quatro funções principais: planejamento, organização, direção e controle.
Analisemos cada uma destas funções.

1. Planejamento da segurança: envolve a definição de objetivos e metas,


bem como a decisão sobre as tarefas a se realizar, por meio da seleção
dos recursos (humanos, financeiros, materiais, tecnológicos) necessários
para atingir tais objetivos.

O planejamento envolve identificar e avaliar vulnerabilidades, ameaças e


riscos.

2. Organização da segurança: é a forma como vão se desenvolver as


atividades para concretizar o que foi planejado, ou seja, consiste na
atribuição de tarefas, nos objetivos; examinar alternativas; definir
atividades; identificar as necessidades de recursos e criar estratégias para
alcance dos objetivos estabelecidas. Formação de equipes, na delegação
de autoridade e responsabilidade e na distribuição de recursos.

A organização envolve: criar estrutura organizacional; estabelecer políticas


e procedimentos; delegar autoridade e responsabilidades (por exemplo:
estabelecimento de cargos e funções); mobilizar recursos (humanos, materiais e
financeiros); e formar e capacitar equipes (seleção, treinamento, capacitação).

3. Liderança dos recursos humanos: refere-se ao processo de liderança


(direção) a ser desempenhado pelo gestor de segurança, com objetivo de
influenciar e motivar os colaboradores em suas atividades.
4. Controle das atividades e resultados: trata-se do processo de monitorar
as atividades de forma a acompanhar se os resultados estão de acordo
com o planejado. Controlar, aqui, significa garantir a execução do planejado
conforme sua concepção.

8
Controle envolve: estabelecer indicadores de desempenho; elaborar
rotinas de monitoramento das atividades; atribuir responsabilidades de aferição
de resultados; e elaborar rotinas para aplicação de ações corretivas.
Ainda segundo o Consultor de Segurança Privada José Marcondes, o
gestor de segurança, para ser bem-sucedido e ter sucesso em sua área, deve
apresentar competências técnicas, humanas e conceituas. Estudemos cada uma
delas.

1. Competências técnicas: envolvem a necessidade de conhecimento (leia-


se: domínio) na área de segurança, o que se aufere quando o gestor está
apto a formar, direcionar e avaliar trabalhadores em cada uma das funções
necessárias à execução da segurança privada.
2. Competências humanas: é a capacidade do gestor de se relacionar e
trabalhar com pessoas, individualmente ou em equipe, com objetivo de
liderar, motivar, entusiasmar e gerar confiança aos indivíduos que com ele
laboram.
3. Competências conceituais: é a capacidade do gestor de analisar
situações e diagnosticar corretamente cada momento da organização e do
meio em que ele se insere, a fim de identificar clara e rapidamente
eventuais ameaças e vulnerabilidades, para buscar as melhores decisões
para a segurança da organização.

Na mesma linha, vamos entender, portanto, as principais atribuições do


gestor da segurança privada:

 Planejar, promover e gerenciar as atividades de segurança privada, em


estreita cooperação com os demais gestores da organização;
 Prover divulgação, orientação e treinamentos sobre segurança privada;
 Assessorar os demais gestores e a direção da organização nos assuntos
relacionados à segurança privada;
 Propor metodologias, processos e meios necessários à execução das
atividades da segurança privada;
 Elaborar e propor políticas, procedimentos e normas referentes à
segurança privada;
 Manter um canal de comunicação eficiente com as autoridades policiais da
região;
 Representar a organização nos assuntos referentes à segurança privada.

9
Por fim, com a experiência de atuação no segmento, descrevemos a seguir
as qualidades que o mercado de trabalho espera que o gestor tenha:

 Capacidade de mediar e resolver conflitos;


 Iniciativa e proatividade;
 Autoconfiança;
 Capacidade de reter talentos;
 Liderança;
 Conhecimento da legislação;
 Manter-se atualizado e, principalmente;
 Gostar do que faz.

Diante do estudado neste tema, verifica-se que o processo de gestão da


segurança privada envolve um ciclo contínuo e ininterrupto de aplicação dos
principais elementos da gestão: planejamento, organização, liderança e controle,
de forma que seu funcionamento harmonioso garantirá o atingimento dos
objetivos de forma eficiente e eficaz.
Como você viu, a gestão de segurança privada em uma empresa deve ser
o mais eficiente possível, ao passo que cabe ao gestor evitar possíveis riscos ao
patrimônio e às pessoas; e sua eficiência pode depender dos seus
conhecimentos.

TEMA 4 – CONSULTORIAS DE SEGURANÇA PRIVADA

Segundo José Sérgio Marcondes, a Consultoria em Segurança Privada é o


serviço de diagnóstico, aconselhamento e orientação, para desenvolvimento e
implementação de soluções de segurança privada, de acordo com as
necessidades específicas de cada cliente. É a atividade desenvolvida por
especialista em segurança privada e/ou empresas de consultoria em segurança
privada.
A consultoria em segurança privada, de maneira ampla, é um serviço
prestado por um consultor de segurança privada autônomo ou empresa
especializada em segurança privada, qualificado para a identificação, avaliação e
tratamento de deficiências, potenciais ou existentes, nas atividades de segurança
privada.
Ou seja, a consultoria em segurança privada é uma prestação de serviços
na qual o especialista/gestor ajudará aos outros com o seu conhecimento, por

10
meio do desenvolvimento e da viabilização de projetos de segurança, de acordo
com as necessidades específicas de cada cliente.
Trata-se de uma atividade em franca expansão, em decorrência do
crescimento e da evolução das ameaças, além das frequentes alterações de
ambiente e crescimento da competitividade e mudanças nas organizações, de
maneira que se torna absolutamente indispensável a adoção de medidas de
segurança mais profissionais, precisas e adequadas a cada organização.
Nessa linha, são princípios da consultoria em segurança privada:

 A consultoria é um serviço de orientação independente, implicando a


imparcialidade em relação ao cliente e seus componentes;
 A consultoria é um serviço de aconselhamento e orientação, não estando
incluídas em suas atribuições atividades executivas;
 A consultoria deve ser empenhada por pessoas qualificadas, que dominem
o assunto em questão;
 A consultoria eventualmente ajuda na implementação de soluções,
ressalvando o caráter temporário da ajuda;
 A consultoria não é um serviço de fornecimento de soluções milagrosas
para os problemas do cliente.

Assim, tem-se que os principais objetivos da consultoria em segurança


privada são:

 Identificar deficiências de segurança e propor soluções de melhoria;


 Sugerir melhorias e alternativas de segurança, de acordo com as
necessidades específicas de cada cliente;
 Oferecer as melhores soluções e práticas de segurança, de acordo com a
deficiência identificada e com relação custo benefício viável;
 Aprimorar e desenvolver as habilidades dos recursos humanos; e,
 Promover a melhoria contínua da eficiência da atividade da segurança
privada.

Desta feita, tem-se diversas áreas em que a consultoria de segurança


privada – de acordo com a especialização do gestor/consultor – pode atuar, tais
como: vigilância patrimonial; segurança pessoal privada; escolta armada de
cargas; transporte de valores.

11
Vamos verificar juntos, portanto, os principais nichos de negócios da
consultoria em segurança privada segundo o consultor em segurança privada
José Sérgio Marcondes:

 Consultoria em Segurança Corporativa: é um conjunto de medidas de


segurança empresarial e de governança corporativa, destinadas a proteger
os ativos de uma Corporação contra ameaças decorrentes de ações
intencionais ou acidentais, visando garantir a continuidade dos negócios da
organização;
 Consultoria em Segurança Empresarial: é um conjunto de medidas de
segurança do trabalho, patrimonial e da informação, destinadas a proteger
os ativos da organização contra ameaças decorrentes de ações
intencionais ou acidentais, visando garantir sua segurança e a de seus
ativos;
 Consultoria em Segurança Patrimonial: é um conjunto de medidas e
práticas de inteligência, controle de acesso e vigilância patrimonial, capaz
de gerar um estado no qual o patrimônio de uma organização esteja livre
de danos, interferências e perturbações, com a finalidade de garantir a
incolumidade física das pessoas e a integridade do patrimônio;
 Consultoria em Segurança Condominial: é um sistema integrado de
segurança patrimonial de um conjunto de imóveis, estabelecidos em um
mesmo perímetro de segurança e que compartilhem das mesmas políticas,
procedimentos, normas e benefícios de segurança;
 Consultoria em Segurança Pessoal: consiste em qualquer atitude,
comportamento, ação ou atividade que tenha como objetivo a preservação
da integridade física e/ou moral das pessoas.

Nessas áreas, os serviços que podem ser oferecidos pela consultoria em


segurança são:

 Apoio e orientação na legalização e estruturação de atividades da


segurança privada;
 Diagnóstico situacional de segurança;
 Auditoria de segurança;
 Identificação, análise e avaliação de riscos;
 Planos de segurança;
 Projetos de Segurança;

12
 Desenvolvimento e/ou revisão de políticas, procedimentos e/ou normas de
segurança;
 Facilitação/treinamento para implantação de novas
ferramentas/tecnologias/práticas de segurança;
 Aconselhamento sobre dúvidas relacionadas a soluções de segurança e/ou
atividades pontuais.

Diante de todo acima estudado, listamos as principais fases da consultoria


na prática:
Procurar ou ser procurado pelo cliente  Atuação em caráter preventivo ou
corretivo  Questionamento para entendimento da ameaça a ser neutralizada 
Análise crítica de todas as informações identificadas  Realização de Diagnóstico
 Indicação do tratamento necessário  Desenho de Cronograma  Coleta de
Indicadores Finais  Finalização da consultoria.
Finalizando o tema de hoje, denota-se que o trabalho de consultoria é um
trabalho de diagnóstico, aconselhamento e orientação, para a implantação de
soluções de segurança. Por outro lado, não pode o consultor ter um envolvimento
direto na execução das soluções necessárias, pois passaria a ser um empregado
do cliente.
No próximo tema, estudaremos, na prática, como evitar falhas na
segurança privada. Até lá!

TEMA 5 – EVITANDO FALHAS NA SEGURANÇA PRIVADA

Adentrando ao último tema a ser estudado nesta disciplina, vamos, na


prática, exemplificar e trabalhar nas falhas que podem acontecer antes, durante e
depois da implantação de um plano de segurança feita por você, consultor ou
gestor contratado.
Em síntese, para uma segurança privada eficaz, mostra-se necessário um
sistema de monitoramento e, preferencialmente, de vigilância, com objetivo de
passar a sensação de segurança a todo o ambiente da organização.
Conforme amplamente já estudado, inicialmente deve ser feito um estudo
de todas as possíveis vulnerabilidades da organização, entendendo toda e
qualquer deficiência na segurança que permita qualquer ação de um indivíduo
mal-intencionado.

13
Ou seja, eventual vulnerabilidade encontrada (ex.: uma falha na cerca de
segurança; um ponto cego de câmeras; a proximidade com uma região perigosa;
etc.), indica um estado de fragilidade que pode se referir tanto à segurança
privada física quanto ao comportamento de pessoas e situações e, portanto, deve
ser reduzido ao máximo, pela descoberta, avaliação e, é claro, correção de tais
pontos vulneráveis.
Segundo o Consultor José Sérgio Marcondes, faz-se absolutamente
necessário estar sempre à frente de qualquer ameaça à segurança de uma
organização. Dessa forma, a seguir estão pontuadas as principais
vulnerabilidades que você, como consultor ou gestor da segurança privada de
uma organização, deve identificar:

1. Vulnerabilidade em Recursos Humanos (RH): envolvem a necessidade


de profundo envolvimento do setor de Recursos Humanos com o sistema
de segurança da empresa, de maneira que é fundamental a contratação de
profissionais qualificados, especializados e com a melhor conduta possível,
além dos esforços ao engajamento do quadro operacional da organização
na busca da segurança.

Abaixo, listamos alguns exemplos de vulnerabilidades no setor de


Recursos Humanos:

 Vigilantes mal remunerados e mal equipados;


 Falta de gestão de pessoas, principalmente nas políticas do RH;
 Colaboradores desmotivados e insatisfeitos;
 Ausência de integração e treinamentos de segurança;
 Processo de Recrutamento e Seleção ineficaz ou deficiente;
 Profissionais sem ciência de políticas, normas e procedimentos de
segurança.
2. Vulnerabilidade Física: envolve qualquer problema relacionado às
instalações físicas da organização, por exemplo:
 Portarias inadequadas ou mal estruturadas;
 Sistema de controle de acesso falho ou inexistente;
 Ausência ou condição precária de barreiras físicas;
 Perímetro empresarial malcuidado.

14
3. Vulnerabilidade Estrutural: envolve qualquer problema relacionado à
estruturação da equipe de segurança privada e dos recursos necessários
para execução destes serviços, tais como:
 Falta de equipe especializada ou contingente menor do que o necessário;
 Deficiência ou mau uso de equipamentos e recursos materiais e
tecnológicos;
 Recursos Humanos inadequado para a necessidade de segurança
corporativa;
 Ausência ou falha nas normas e políticas de segurança;
 Falta de conhecimento das responsabilidades de segurança de cada
colaborador.
4. Vulnerabilidade no Planejamento: as vulnerabilidades de planejamento
acontecem normalmente por medidas de segurança impróprias e/ou mal
planejadas, que não condizem com a necessidade real da corporação e
possuem origem na falta de conhecimento das três vulnerabilidades que
estudamos anteriormente (RH, Física e Estrutural).

Ou seja, o bom funcionamento de monitoramento e vigilância é resultado


de uma administração de recursos materiais, tecnológicos e administrativos, em
conjunto com a alocação ideal de pessoas. Esses fatores operam em conjunto de
forma orgânica e com lógica, racionalidade e sistematização, resultando em
uma segurança privada eficaz.
Em organizações em que o planejamento não é feito, quando diante de um
sinistro, as decisões são tomadas aleatoriamente e com base em hipóteses,
representando uma brecha em todo o sistema de segurança privada.
Nessa linha, comumente com recursos esparsos destinados à segurança
privada da organização e com a intenção de reduzir custos, elas acabam se
deparando com vulnerabilidades e sendo vítimas de sinistros por conta da
insuficiência de recursos destinados à proteção.
Assim, saber exatamente todas as vulnerabilidades da organização
atendida é passo primordial para obter uma segurança privada eficiente e, por
meio deste ponto, é possível entender as reais necessidades e corrigir as falhas
verificadas.
Portanto, é papel do consultor e/ou do gestor da segurança privada
debater, sempre que necessário, com a organização todas as reais necessidades
de segurança, com fins de se eliminar todas ameaças e/ou vulnerabilidades,
15
expressando, de forma clara, as justificativas, especialmente diante dos custos
que as correções podem ensejar.
Finalizamos nossa disciplina!
Obrigado!

16
REFERÊNCIAS

APSEI – Associação Portuguesa de Segurança. Um bom sistema de segurança


física. Disponível em: <https://www.apsei.org.pt/areas-de-atuacao/seguranca-
eletronica/seguranca-fisica-e-protecao-perimetral/>. Acesso em: 27 ago. 2019.

_____. Segurança física e proteção perimetral. Disponível em:


<https://www.apsei.org.pt/areas-de-atuacao/seguranca-eletronica/seguranca-
fisica-e-protecao-perimetral/>. Acesso em: 27 ago. 2019.

BRASIL. Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983. Diário Oficial da União, Brasília,


DF, 20 jun. 1983.

_____. Ministério da Justiça. Instrução normativa n. 23/2005, de 1º de setembro


de 2005. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1 set. 2005.

_____. Polícia Federal. Portaria n. 3233/2012-DG/DPF, de 10 de dezembro de


2012. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 dez. 2012.

_____. Agência Brasileira de Inteligência. Inteligência e contrainteligência.


Disponível em:
<http://www.abin.gov.br/atividadeinteligencia/inteligenciaecontrainteligencia/>
acesso em: 27 ago. 2019.

COMO evitar falhas de segurança privada na sua organização? Security, 29 jan.


2019. Disponível em: <https://www.sousecurity.com.br/blog/como-evitar-falhas-
de-seguranca-privada-na-sua-organizacao>. Acesso em: 27 ago. 2019.

COMO funciona uma proteção perimetral? Ausec Redação, 22 set. 2016.


Disponível em: <http://blog.ausec.com.br/automacao/como-funciona-uma-
protecao-perimetral/245>. Acesso em: 27 ago. 2019.

GESTÃO de segurança privada. Guia do Estudante, 3 mar. 2016. Disponível em:


<https://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/gestao-de-seguranca-privada/>.
Acesso em: 27 ago. 2019.

GESTÃO de processos da segurança patrimonial – segurança privada. Blog


Gestão de Segurança Privada, mar. 2017. Disponível em:
<https://gestaodesegurancaprivada.com.br/processos-da-seguranca-
patrimonial/> Acesso em: 27 ago. 2019.

17
GESTÃO de segurança privada: o que é e como ingressar na área? Escola Brasil
de Segurança. Disponível em: https://blog.escoladeseguranca.com.br/gestao-de-
seguranca-privada/. Acesso em: 27 ago. 2019.

OLIVEIRA, W. Gestão de processos de negócios – BPM. Venki, 6 nov. 2014.


Disponível em: <https://www.venki.com.br/blog/gestao-de-processos-de-
negocios-bpm/> Acesso em: 27 ago. 2019.

PERÍMETRO de segurança física: o que é e como funciona? Globalseg, 26 jun.


2018. Disponível em: <http://www.globalsegmg.com.br/perimetro-de-seguranca-
fisica/>. Acesso em: 27 ago. 2019.

SEGURANÇA privada. Guia da Carreira. Disponível em:


<https://www.guiadacarreira.com.br/cursos/seguranca-privada/>. Acesso em: 27
ago. 2019.

18

Você também pode gostar