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AULA 1 e 2 – NOÇÕES DE ATUÁRIA

UNIDADE 1 – RISCOS E SEGUROS: HISTÓRIA, ESTRUTURA E CONCEITOS


FUNDAMENTAIS

1. A SOCIEDADE E O RISCO

 As operações de seguros foram desenvolvidas como mecanismo de


proteção financeira para preservar suas conquistas e riquezas.
 Necessidade de preservação
 Preocupação com o futuro.

2. A PIRÂMIDE MASLOW

Maslow estabeleceu uma hierarquia para as necessidades humanas na


seguinte ordem: fisiológicas, segurança, social, estima e autorrealização. As
necessidades fisiológicas estão na base da hierarquia porque tendem a ter a
força mais alta até que sejam minimamente satisfeitas. A partir daí as
necessidades de segurança, de estar livre de medo, de perigo físico e de
privações das necessidades fisiológicas básicas se tornam predominantes.
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A famosa hierarquia de necessidades de Maslow, proposta pelo psicólogo


americano Abraham H. Maslow, baseia-se na ideia de que cada ser humano se
esforça muito para satisfazer suas necessidades pessoais e profissionais. É um
esquema que apresenta uma divisão hierárquica em que as necessidades
consideradas de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades
de nível mais alto.
1 – Necessidades fisiológicas: São aquelas que se relacionam com o ser
humano como ser biológico. São as mais importantes: necessidades de manter-
se vivo, de respirar, de comer, de descansar, beber, dormir, ter relações sexuais
etc. No trabalho: Necessidade de horários flexíveis, conforto físico, intervalos de
trabalho etc.
2 – Necessidades de segurança: São aquelas que estão vinculadas com as
necessidades de sentir-se seguros: sem perigo, em ordem, com segurança, de
conservar o emprego etc. No trabalho: Necessidade de estabilidade no emprego,
boa remuneração, condições seguras de trabalho etc.
3 – Necessidades sociais: São necessidades de manter relações humanas
com harmonia: sentir-se parte de um grupo, ser membro de um clube, receber
carinho e afeto dos familiares, amigos e pessoas do sexo oposto. No trabalho:
Necessidade de conquistar amizades, manter boas relações, ter superiores
gentis etc.
4 – Necessidades de estima: Existem dois tipos: o reconhecimento das
nossas capacidades por nós mesmos e o reconhecimento dos outros da nossa
capacidade de adequação. Em geral, é a necessidade de sentir-se digno,
respeitado por si e pelos outros, com prestígio e reconhecimento, poder, orgulho
etc. Incluem-se também as necessidades de autoestima. No trabalho:
Responsabilidade pelos resultados, reconhecimento por todos, promoções ao
longo da carreira, feedback etc.
5 – Necessidades de autorrealização: Também conhecidas como
necessidades de crescimento. Incluem a realização, aproveitar todo o potencial
próprio, ser aquilo que se pode ser, fazer o que a pessoa gosta e é capaz de
conseguir. Relaciona-se com as necessidades de estima: a autonomia, a
independência e o autocontrole. No trabalho: Desafios no trabalho, necessidade
de influenciar nas decisões, autonomia etc.

3. ASPECTOS HISTÓRICOS

A história dos seguros mostra que, desde o princípio das grandes


civilizações, a necessidade humana de preservar suas riquezas estabeleceu
mecanismos de divisão ou recuperação de prejuízos ocorridos. O Código de
Hamurábi, surgido em meados de 1.800 a.C., dedicava cláusulas ao tema da
bodemeria, empréstimo ou hipoteca contraída pelo proprietário de um navio
para financiar a sua viagem, e previa a isenção de pagamento se a embarcação
viesse a pique. Existem indícios de que na Babilônia, 23 séculos antes de Cristo,
caravanas de cameleiros que cruzavam o deserto dividiam entre si os prejuízos
ocorridos com a morte de animais. Na China antiga e no Império Romano
também havia seguros rudimentares, através de associações que visavam
ressarcir membros que tivessem algum tipo de prejuízo.

3.1. CÓDIGO DE HAMURÁBI (1800 a.C.)


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3.2. BABILÔNIA (23 SÉC. a.C.)


3.3. CHINA ANTIGA
3.4. IMPÉRIO ROMANO

4. AVANÇOS MATEMÁTICOS

A mudança de procedimento, ou seja, a divisão das perdas antes delas


acontecerem, só foi possível com os avanços da matemática. Isso só veio a
acontecer entre os séculos XIII e XVII.
Os avanços matemáticos possibilitaram o desenvolvimento das teorias das
probabilidades e da tomada de decisões. Os riscos começaram a ser estudados
mais seriamente a partir da época do Renascimento, quando as pessoas se
libertaram das restrições do passado e desafiaram abertamente as crenças que
colocavam todas as previsões futuras nas mãos de deuses, adivinhos ou
oráculos.
Com o estudo de estatísticas e do cálculo de probabilidades, desenvolveu-
se a ciência atuarial, tornando possível a divisão de perdas antes da ocorrência
A ciência atuarial permite estabelecer probabilidades com elevado grau de
certeza, mas não nos permite saber quem serão as vítimas dos infortúnios, ou
seja, com quem ocorrerão os sinistros. É justamente nessa incerteza (não saber
quem sofrerá os prejuízos) que se encontra a principal razão para pessoas e
empresas buscarem proteção por meio dos contratos de seguros. Por esse
mecanismo, elas contribuem solidária e antecipadamente para a constituição de
um fundo mútuo, denominado reservas técnicas, que irá suprir as futuras perdas
dos que forem desafortunados.

5. SURGIMENTO DOS SEGUROS

Viver envolve riscos. Se, no passado, o homem corria o risco de ser atacado
por uma fera, ou morrer de frio ou fome, hoje enfrenta os riscos que afetam seu
patrimônio e sua saúde. Vimos que fazer antecipadamente a divisão das perdas
(ao invés de dividi-las apenas depois da sua ocorrência) só foi possível com o
surgimento da estatística e o estudo das probabilidades. A matemática permitiu
comprovar que as chances de perdas (prejuízos) são reais, tanto para as pessoas
como para as empresas.
A disposição para correr riscos varia de pessoa para pessoa, mas todas elas
detestam perder e, devido a este fator, estabeleceu-se a necessidade de
controlar e transferir os riscos.
Surgiram então os negócios de gerenciamento de riscos e os seguros de
diversas naturezas, destinados a proteger pessoas, patrimônios e
responsabilidades. A principal função dos seguros é a divisão das perdas
individuais (que seriam desastrosas para a maioria das pessoas e empresas)
entre um grande grupo. A atuária é o lastro técnico das operações, pois baseada
no estudo de probabilidades e estatísticas, ela possibilita que a divisão das
perdas ocorra antes que os sinistros aconteçam. Isto estabelece outras
importantes funções sociais para a indústria do seguro: acumulação de recursos
e geração de investimentos na economia.
Em 1347, em Gênova, Itália, formalizou-se o primeiro contrato de seguro
marítimo, com emissão de apólice (derivação de polliza, que em italiano significa
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promessa). No século XVII os seguros de vida prosperavam na França e um


grande incêndio que, em 1666, destruiu metade de Londres, estabeleceu a
necessidade de proteção contra este tipo de evento. Os negócios atingiram pleno
desenvolvimento comercial no século XVIII, quando os seguradores já emitiam
apólices contra quase todo tipo de risco e ganharam impulso a partir da
Revolução Industrial.

6. EVOLUÇÃO DOS SEGUROS NO BRASIL

O Brasil foi descoberto pouco depois do período renascentista, quando


ocorreram os avanços matemáticos que formariam a base técnica das operações
de seguros. Entretanto, o período colonial e extrativista não estabeleceu uma
base econômica que favorecesse o florescimento dos mecanismos de seguro que
já se praticavam na Europa. Seria necessária a transferência do governo
português para que isso ocorresse.
A história registra que o seguro surge no Brasil em 1808, em consequência
da vinda da família real e da consequente abertura dos portos às nações amigas.
A primeira seguradora brasileira, a Companhia de Seguros Boa-Fé, foi fundada
em 24/02/1808 com a finalidade de operar no seguro marítimo. Neste período,
os seguros existentes eram regulados pelas leis portuguesas (Casa de Seguros
de Lisboa). A Previdência Privada (atual Previdência Complementar) também é
desta época: surgiu em 1835, com a criação do Montepio Geral de Economia dos
Servidores do Estado – MONGERAL.
Em 1850, foi promulgado o Código Comercial Brasileiro, que foi de
fundamental importância para o desenvolvimento do seguro no Brasil,
incentivando o aparecimento de inúmeras seguradoras, que passaram a operar
não só com o seguro marítimo, mas também com o seguro terrestre.
Posteriormente, o Decreto 4.270, de 1901, passou a regular as operações de
seguros no Brasil e criou as Inspetorias de Seguros, subordinadas ao Ministério
da Fazenda. Em 1916 ocorreu o maior avanço de ordem jurídica no campo do
contrato de seguro, com a promulgação do Código Civil Brasileiro (substituído
pelo atual Código Civil de 2002). Com ele foram fixados os princípios essenciais
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do contrato de seguros e disciplinados os direitos e obrigações das partes, de


modo a evitar e dirimir conflitos entre os interessados.
A história de um mercado segurador realmente brasileiro começaria
apenas em 1939, com a criação do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), pois
até então não existia um mercado nacional. A história dos seguros no país pode
ser dividida em quatro períodos:

• Até 1940, com a efetiva instalação do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), o


mercado brasileiro foi dominado por seguradoras estrangeiras que eram,
basicamente, agências de captação de seguros para suas matrizes.
• O segundo momento está marcado pelo domínio das empresas nacionais e pela
nacionalização das seguradoras estrangeiras que, a partir da criação do IRB,
passaram a aplicar suas reservas no país.
• Uma nova fase se inicia com a criação do Sistema Nacional de Seguros, por meio
do Decreto 73/66, que aumentou o poder de regulamentação do Estado. Este
período se caracteriza, durante as décadas de 70 e 80, pela crescente participação
dos bancos e por um processo contínuo de concentração, por meio de fusões e
incorporações estimuladas pelo governo.
• A fase atual começa com a Constituição de 1988 e com o Plano Diretor de Seguros,
apresentado pelo governo Collor em 1992. A partir de então, inicia-se a redução
do poder regulamentar estatal, a abertura do mercado interno ao capital
internacional e o aumento da concorrência.

Na década de 1990, as transformações decorrentes da abertura


econômica, juntamente com o Plano Diretor de Seguros, criaram um ambiente
de mudanças e de acirrada competição, estabelecendo novas dimensões, que
passaram de locais para globais. A estabilidade da moeda (estabelecida com o
Plano Real) associada a um conjunto de ações traçadas em Plano Setorial pela
Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização
(FENASEG) no mesmo ano (1994) permitiu que ocorresse expressivo
crescimento no volume de negócios de seguros. Em 2015, o mercado segurador
brasileiro (formado pelas atividades de seguros, previdência complementar e
capitalização) representou 6,2% da economia (PIB) nacional.
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Em 15/01/07 foi promulgada a Lei Complementar 126/07, que promoveu a


quebra do monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (atual IRB-Brasil
Resseguros S.A.) e a consequente abertura do mercado de resseguros. Desde
então, o IRB deixou de ser o ressegurador único e obrigatório, e as seguradoras
brasileiras passaram a ter a opção de repassar seus excedentes de
responsabilidade para resseguradores internacionais, conforme veremos na
regulamentação do setor.

7. REGULAMENTAÇÃO DO SETOR

A atividade seguradora tem lugar de destaque no desenvolvimento das


Nações não apenas pela proteção às pessoas (físicas e jurídicas), mas também
pelas suas características de poupança e de geração de investimentos na
economia, em virtude das reservas técnicas que são administradas pelas
companhias de seguros.
Vimos que, através do Decreto-Lei 73/66, o Governo Federal reformulou a
política de seguros no Brasil e criou o Sistema Nacional de Seguros Privados
(SNSP). De acordo com o Art. 8º do decreto, os órgãos integrantes do Sistema
e suas principais atribuições são:

 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP): órgão governamental,


presidido pelo Ministro da Fazenda, encarregado de fixar as diretrizes e
normas da política de seguros privados no Brasil.
 Superintendência de Seguros Privados (SUSEP): autarquia vinculada ao
Ministério da Fazenda, responsável pela regulação, supervisão, controle,
fiscalização e incentivo das atividades de seguros, previdência
complementar aberta, capitalização e resseguro.
 Seguradoras: empresas constituídas sob a forma de sociedade anônima,
que assumem e administram riscos de acordo com os critérios
regulamentados pela SUSEP.
 Entidades de Previdência Complementar Aberta: sociedades constituídas
com o objetivo de instituir e executar planos de benefícios de caráter
previdenciário.
 Resseguradores: empresas que recebem a transferência de riscos das
seguradoras, ou seja, é o segurador das seguradoras. A legislação brasileira
os classifica como ressegurador local (sediado no país e constituído sob a
forma de sociedade anônima), admitido (sediado no exterior, mas com
escritório de representação no país) ou eventual (sediado no exterior, sem
escritório de representação no país, mas cadastrado na SUSEP).
 Corretores de Seguros: pessoas físicas ou jurídicas, intermediários
legalmente autorizados a angariar e promover contratos de seguros.

Em 1998 foi criado o Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros


Privados, de Previdência Complementar Aberta e de Capitalização (CRSNSP)
como um órgão colegiado, integrante da estrutura básica do Ministério da
Fazenda e que tem por finalidade o julgamento, em última instância
administrativa, dos recursos de decisões dos órgãos fiscalizados do SNSP e que
possui a seguinte estrutura:
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8. REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO

EQT Auditor para atuar na Área de Auditoria nas Instituições Reguladas pela
Superintendência de Seguros Privados (Susep);

Profissional Atuário: com regulamento ético aprovado pelo Instituto Brasileiro


de Atuaria (IBA)

O CPA – Comitê de Pronunciamentos Atuariais – é a instância responsável por


deliberar sobre pronunciamentos atuariais, chamados de Pronunciamentos
Técnicos. As minutas de Pronunciamentos são elaboradas e apresentadas pelos
Comitês Técnicos. O CPA poderá realizar pesquisas e outras atividades que
sejam necessárias ao cumprimento de seus objetivos, sendo também
responsável pela divulgação da produção científica. São dois os tipos de
Pronunciamentos Atuariais:

 CPA: Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de atuária, que


abordem aspectos principiológicos da atuária.
 CPAO: Orientação ou interpretação de Leis e atos normativos que
interferem em práticas atuariais

Também poderão ser elaboradas Orientações e Interpretações com o objetivo


de dirimir dúvidas quanto a implementação dos Pronunciamentos Técnicos.
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AULA 1 – NOÇÕES DE ATUÁRIA – QUESTIONÁRIO

1 O mercado de seguros no Brasil ( ) Fiscaliza as seguradoras.


desenvolveu-se ao longo dos anos. ( ) É autarquia vinculada ao
Órgãos foram criados e legislações Ministério da Fazenda.
incorporadas ao sistema, de forma a
aprimorá-lo. Dentre essas Agora, assinale a alternativa
legislações, uma delas reformulou a correta:
política de seguros no Brasil e criou a) ( ) 1,1,2,3,3
o Sistema Nacional de Seguros b) ( ) 1,1,3,3,3
Privados, sendo considerada uma c) ( ) 1,2,1,3,3
referência, em termos de legislação, d) ( ) 2,2,1,3,3
pelo seu alcance e abrangência. e) ( ) 1,3,2,2,2
Estamos nos referindo ao:
3 O órgão governamental que fixa
a) ( ) Código Civil Brasileiro. as diretrizes e normas da política de
b) ( ) Código Comercial. seguros privados do Brasil, entre
c) ( ) Código de Defesa do outras atribuições, é o(a):
Consumidor.
d) ( ) Decreto-lei 73/66. a) ( ) SNSP – Sistema Nacional de
e) ( ) Decreto das S.A. Seguros Privados.
b) ( ) SUSEP – Superintendência de
2 Em relação ao Sistema Nacional Seguros Privados.
de Seguros Privados, associe os c) ( ) CNSP – Conselho Nacional de
órgãos às suas respectivas Seguros Privados.
atribuições: d) ( ) Ministério da Fazenda.
e) ( ) Banco Central do Brasil.
1) O CNSP – Conselho Nacional de
Seguros Privados. 4 O órgão responsável pela
2) A SUSEP – Superintendência de regulação, controle, fiscalização e
Seguros Privados. incentivo das atividades de seguros,
3) A Sociedade Autorizada a operar previdência, capitalização e
em seguros privados. resseguro é o(a):

( ) Determina as diretrizes e normas a) ( ) IRB – Brasil Seguros S.A.


da política de seguros privados no b) ( ) Comissão de Valores
Brasil. Mobiliários.
( ) Assume e gere os riscos que lhe c) ( ) Ministério da Fazenda.
são transferidos pelos segurados, de d) ( ) Conselho Nacional de Seguros
acordo com os critérios técnicos e Privados.
administrativos regulamentados. e) ( ) Superintendência de Seguros
( ) Executa a supervisão da Privados.
atividade de seguros.

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