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para evitar as perdas com os naufrágios, eles passaram a se reunir de forma a distribuir
seus riscos.
Esse conceito de mutualismo pode ser considerado a origem da ideia do seguro e
significa uma reunião de pessoas a fim de distribuir possíveis perdas entre si, evitando
que tais perdas recaiam sobre um único indivíduo.
Temos justamente nessa ideia o surgimento também dos cálculos probabilísticos
necessários para o estabelecimento do prêmio a ser pago pelos participantes da
associação a fim de garantir as possíveis perdas.
Em sua origem, os prêmios relativos a esses eventos de naufrágio eram calculados
com base na probabilidade de ocorrência do naufrágio e de forma a subsidiar a
recuperação do barco e da carga naufragados.
Em termos simplificados, o processo se dava da seguinte forma: todos os
participantes da associação pagavam uma cota (prêmio) para que, no caso de haver o
naufrágio, aquele que fosse o dono do barco pudesse reaver o valor perdido
correspondente ao barco e à carga transportada.
Em termos conceituais, o que os marinheiros, navegadores e comerciantes fizeram
foi estabelecer um seguro que atualmente envolve pelo menos duas partes. Os
conceitos oficiais desses elementos são:
Vale destacar que em determinadas atividades com alto risco existe ainda a figura
do ressegurador, que visa garantir o seguro oferecido pelas seguradoras dessas
atividades.
O resseguro também possui normalização pela Susep e será tratado na seção 3
desta unidade. Como fica evidente, ao compreendermos a função do seguro
infelizmente os eventos que os motivam continuam ocorrendo, ou seja, não é o fato de
fazermos um seguro que elimina o risco de ocorrência do sinistro, o que ocorre é
simplesmente a garantia de reparação do dano. Para entendermos a função dos cálculos
atuariais no que se refere aos seguros, vamos analisar algumas variáveis que
influenciam na determinação do prêmio de seguro e do valor do ressarcimento no caso
de nosso cotidiano?
Vamos analisar, por exemplo, um simples grupo de indivíduos segurados em
relação aos seus veículos.
Qual o comportamento de cada um ao volante?
Todos oferecem o mesmo risco de acidente?
Qual a idade de cada um?
Todos possuem as mesmas condições de saúde ou têm a mesma preocupação
familiar, são mais responsáveis?
Têm filhos? São casados?
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Temos muitos tipos de seguros e a cada dia surgem novas modalidades oferecidas pelas
seguradoras. Entre as principais, podemos citar.
Automóvel — que visa à proteção sobre danos ocorridos no veículo, roubo, perda
ocasionada por acidente, indenizações de prejuízos causados pelo veículo perante
terceiros, incluindo despesas medidas, danos morais, danos materiais etc.
Residencial ou Patrimonial — que objetiva o ressarcimento de valores sobre a
propriedade em situações nas quais estejam envolvidos danos ao patrimônio
segurado que podem ser derivados de: roubo, vendavais, enchentes ou
inundações, incêndio, desmoronamento etc.
Empresarial (crédito, cível...) — que envolve a cobertura de riscos relacionados
à atividade profissional como, por exemplo, garantia de contratos,
responsabilidades cíveis, danos morais e ou materiais causados pela em- presa,
assédio moral, perdas com créditos oriundos de inadimplência etc.
Vida e saúde — que diz respeito a indenizações em casos de mortes, invalidez ou
doença do segurado.
Multirrisco — que contempla várias modalidades de seguros em um único seguro,
no qual são expostas as condições variadas de risco que estão cobertas de acordo
com cada situação etc.
Um tipo especial de seguro que talvez possa ter um significado negativo para
muitos, por envolver o risco de morte, é o denominado seguro de vida.
Em cada etapa de nossa vida temos necessidades e preocupações diferentes.
Portanto, é importante que saibamos onde se encaixa essa figura do seguro de vida
nesse contexto e sua função.
O indivíduo quando jovem possui como principal preocupação suas realizações
imediatistas, sua felicidade que geralmente está amparada em aquisições de bens
básicos como carro, moto, primeiro apartamento etc. Nessa etapa da vida, a maior
preocupação da pessoa talvez seja com ela mesma.
À medida que as pessoas vão envelhecendo e adquirindo novas responsabilidades
familiares, certamente suas preocupações vão se ampliando, o que gera novas
necessidades de segurança, dessa vez envolvendo sua família, que poderá perder muito
em caso de ausência da fonte geradora de renda e de sustentação financeira.
É exatamente nesse contexto que se encontram os seguros de vida, que possuem
várias classes, dependendo do tipo de garantia que se pretende.
Os seguros públicos são aqueles exigidos e geridos pelo poder público com a
finalidade de garantia de direitos da sociedade de modo geral.
Temos como um exemplo de seguro público o seguro contra danos pessoais
causados por veículos automotores de via terrestre — DPVAT.
O famoso, mas nem tão utilizado seguro contra danos pessoais causados por
veículos automotores de via terrestre — DPVAT — existe no Brasil desde o ano de 1974.
Atualmente a gestão desse seguro é feita pela seguradora Líder.
Para aprimorar ainda mais o Seguro DPVAT, o Conselho Nacional de Seguros
Privados — CNSP, através da sua Resolução n° 154 de 08 de dezembro de 2006, deter-
minou a constituição de dois Consórcios específicos a serem administrados por uma
seguradora especializada, na qualidade de líder. Para atender a essa exigência, foi
criada a Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT, ou simplesmente
Seguradora Líder DPVAT, através da Portaria n° 2.797/07, publicada em 07 de
dezembro de 2007 (DPVAT, 2014, p. 1).
A finalidade do DPVAT é garantir indenizações a vítimas de acidentes causados por
veículos automotores ou até mesmo cargas por eles transportadas, desde que o
acidente tenha ocorrido dentro do território nacional e por veículos que transitam via
terrestre.
No caso do DPVAT, não existe a necessidade de se atribuir a culpa pelo acidente
como critério para a indenização, ou seja, independentemente de quem causou o
acidente; havendo alguma vítima, esta tem o direito à indenização de acordo com a
apólice do seguro público DPVAT.
O pagamento do prêmio de seguro para gerar a apólice que dará o direito à
indenização acima descrita é feito concomitantemente com o pagamento do imposto
anual pago denominado de Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores —
IPVA.
Vale destacar que o não pagamento do IPVA pelo proprietário do veículo não
implica em prejuízo ao direito de indenização da vítima, cabendo ao estado propor ação
de ressarcimento se for o caso.
A posição do Detran do Rio de Janeiro exposta a seguir evidencia como se dá esse
processo em relação ao aspecto da culpabilidade.
O DPVAT é um seguro pago junto com o IPVA para indenizar vítimas de acidentes
de trânsito, sejam elas motoristas, passageiros ou pedestres, inclusive estrangeiros. As
indenizações pagas pelas seguradoras são posteriormente ressarcidas pelo proprietário
do veículo causador do acidente. Se esse veículo não estiver em dia com o seguro, o
proprietário, se acidentado, também perde o direito ao DPVAT. Esse seguro não cobre
danos materiais (DETRAN-RJ, 2014, p. 1).
A garantia de indenização é feita pelas seguradoras que gerem os recursos obtidos
pelo pagamento dos prêmios pelos proprietários de veículos. Essas seguradoras são
credenciadas junto ao poder público para fazer parte da rede credenciada de gestora
do DPVAT.
O seguro do DPVAT visa garantir indenizações para a cobertura de prejuízos
causados por morte, invalidez e com despesas médicas.
Outro aspecto da questão do seguro no sentido público não reside no fato de ser
ou não gerido ou promovido pelo poder público, mas de haver uma função social
envolvida na atividade de seguros, o que de certa forma atinge uma área que é de
responsabilidade do poder público. A do bem-estar social.
O valor a ser pago pelo proprietário de veículo em função do DPVAT também é
estabelecido por lei e regulamentado pela Resolução CNSP Nº 273, de 2012, que
estabelece o seguinte.
Art. 2º O valor do Seguro DPVAT é fixado pelo CNSP, para cada categoria
de veículo automotor terrestre, em decisão administrativa na qual
considera a estimativa de sinistralidade em cada uma delas, o princípio da
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Parece incoerente o valor da categoria 10 ser menor do que os valores observados para
as demais categorias, uma vez que inclui tratores e caminhões que possuem valores
elevados, não é mesmo?
Vamos utilizar justamente esse caso para exemplificar a importância dos cálculos
atuariais para que sejam estabelecidas as bases de cálculo e valores relativos aos
prêmios de seguros.
Mesmo se tratando de bens com valores considerados elevados em relação aos
automóveis de menor porte, por exemplo, aqueles constantes da categoria 9, que
contempla as motocicletas, devemos nos lembrar do conceito do valor do prêmio de
seguro.
O prêmio de seguro é o valor pago para garantir a cobertura do seguro, ou seja,
para garantir a indenização em caso de ocorrência do sinistro para o qual se efetuou a
contratação do seguro, por exemplo: incêndio, acidentes pessoais, desmoronamentos,
acidentes de trânsito etc.
O elemento principal, portanto, para o cálculo do valor prêmio é o risco de
ocorrência do sinistro e a magnitude da indenização envolvida no sinistro.
No caso, embora os valores das motocicletas (categoria 9) sejam bem menores do
que a dos caminhões e tratores (categoria 10), o risco de que as motocicletas gerem a
necessidade de acionamento do seguro devido à ocorrência de acidente é bem maior
do que a dos tratores, por exemplo.
O mesmo raciocínio podemos fazer no caso dos ônibus e outros meios de
transporte que envolvem muitas pessoas sendo transportadas ao mesmo tempo. Todas
expostas simultaneamente ao risco de um acidente.
O valor do prêmio é estabelecido com base no risco que o gestor do DPVAT avalia
ter em relação a indenizações por acidentes de trânsito calculado com base nos critérios
atuariais.
Vale destacar que os reboques, mais conhecidos popularmente como caminhões
guinchos, não pagam o seguro DPVAT por serem beneficiados de isenção como forma
de incentivo relativo à função que exercem, mas, sobretudo, pelo fato de estarem em
processo de transporte justamente envolvendo veículos acometidos por acidentes de
trânsito.
Todas essas situações possuem um caráter social à medida que envolvem o bem-
estar individual e coletivo em algum nível, independentemente da condição econômica
da pessoa envolvida.
Quando pensamos que uma pessoa muitas vezes trabalha grande parte de sua
vida para se capitalizar o suficiente para adquirir seu tão sonhado imóvel, veículo, barco,
moto ou qualquer outro bem material, podemos imaginar que esses bens possuem valor
muitas vezes maior do que aquele efetivamente pago pelo adquirente. Estamos falando
na existência de valores emocionais envolvidos na relação entre o sujeito e seu
patrimônio.
A possibilidade de se perder de um momento para outro esse bem certa- mente
representa algo que poderá comprometer bastante o bem-estar do indivíduo, sendo o
contrário disso, ou seja, a possibilidade de recuperação desse bem no caso de perda,
um fator social importante. Não queremos aqui discutir a função do Estado no que se
refere à segurança da sociedade a fim de se evitar, por exemplo, situações de perdas
de bens ocasionadas por roubos. Isso certamente é evidente e deveria ser uma
preocupação do Estado, porém, sabemos que a violência e a possibilidade de perdas
existem mesmo em países desenvolvidos; estamos apenas destacando que fatores de
minimização de prejuízos são bem-vindos quando as ações de governo não são
suficientes. Nesse sentido, podemos considerar que a atividade seguradora tem uma
função social importante, uma vez que possibilita em certo nível a manutenção das
condições de bem-estar e segurança dos indivíduos.
No caso do seguro de vida, a situação é bem mais séria, uma vez que estamos
nos referindo a “vidas” e isso implica em uma carga emocional infinitamente maior do
que quando nos referimos a perdas materiais. A qualidade de vida de uma família passa
em certo nível e dependendo das características sociodemográficas da mesma por sua
segurança quanto ao que ocorrerá no caso de uma perda importante de um membro
familiar, como no caso do mantenedor financeiro do lar. Vamos imaginar uma situação
nada agradável, na qual uma família venha a ter parte de sua renda sacrificada em
função da morte de um membro que era responsável por uma parcela do rendimento
bruto familiar. Primeira hipótese: não há um seguro de vida — certamente essa família
sofrerá com a perda do membro familiar e terá adicionado a esse sofri- mento a
preocupação e as consequências futuras de uma redução de renda ocasionada pela
morte do não segurado.
Segunda hipótese: há um seguro de vida — certamente essa família sofrerá com
a perda do membro familiar, porém, sob o aspecto de futuro sem o ente querido, ao
menos haverá um efeito amenizador: o fato de haver uma indenização securitária capaz
de manter a renda e, consequentemente, o padrão de vida. Se pensarmos de forma
objetiva, veremos que a existência de um seguro não resolve a perda do ente a quem
se estimava, mas contribui para a superação de situações naturais que se desenrolarão
no futuro em consequência da queda da renda. Podemos afirmar que o seguro de vida
possui um caráter social e que o poder público deve estar atento a essa função, como
de fato está ao interferir por meio do Conselho Nacional de Seguros Privados — CNSP
— e da Superintendência de Seguros Privados — SUSEP. Muitos outros aspectos da vida
e infelizmente da morte e suas consequências acabam não sendo ponderados, gerando
contratempos e situações desagradáveis desastrosas para aqueles que continuam sua
vida depois de perderem um ente querido. Podemos exemplificar a situação do indivíduo
que julga não necessitar de um seguro pelo fato de possuir um volume satisfatório de
patrimônio, o que pode se tornar algo não justificável na prática.
É necessário compreender, por exemplo, que a transferência do patrimônio, bem
como o desembaraço dos processos relacionados ao espólio e ao inventário têm um
custo, fazendo com que parte do patrimônio seja utilizado para o pagamento dele. Vale
destacar que o patrimônio que uma pessoa possui é bruto, sendo que depois de
custeadas as despesas para o desembaraço do inventário, parte desse patrimônio terá
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Vale destacar que o CNSP é parte integrante do SFN, sendo formado por órgãos
relacionados a seguros, capitalização e previdência complementar aberta, ou seja,
comercializada para qualquer pessoa física ou jurídica.
Entre os tipos mais comuns de seguros se destacam o de pessoas. Nesse tipo de seguro,
as pessoas podem contratar quantas empresas quiserem e quais valores julgarem
necessários para garantir sua segurança financeira futura, principalmente no que se
refere ao risco de morte.
Geralmente esses seguros se classificam em: de sobrevivência, de morte, de invalidez
ou mistos, sendo que o que lhes garante o seguro é o prêmio pago.
Dentre os planos mais conhecidos atualmente estão o Plano Gerador de Benefício Livre
(PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). São seguros que oferecem comple-
mentação de aposentadoria em seu escopo.
3.1.2.Rendas
Ao recapitular essa relação, fica mais fácil entender o que vem a ser o resseguro. De
forma resumida, ele é um seguro do seguro, ou seja, na relação acima, a seguradora
vai para o papel de segurado e a empresa de resseguro faz o papel de seguradora da
seguradora.
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Esse processo se faz necessário sempre que a empresa seguradora entender que
há um excesso de risco assumido ou a assumir. Nesse caso, é viável que a seguradora
se alie a uma empresa de resseguro a fim de dividir o risco.
O maior objetivo desse tipo de operação é dar maior liquidez e capacidade de
solvência para a contratada original. Serve como uma forma de evitar insolvências
ocasionadas por excesso de sinistros, ou, materializações dos riscos acima das
previsões atuariais.
Até 1939, ano em que foi criado o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), os resseguros
no país eram feitos por empresas estrangeiras. Após sua criação, o IRB monopolizou
essa prática e assumiu a regulamentação das operações.
O fato de haver monopólio do IRB traz a vantagem de contar com a garantia do Tesouro
Nacional, o que dá credibilidade aos contratos que envolvam uma operação de
resseguro. Mas esse monopólio está com os dias contados, pois já há uma lei
complementar (126/2007) autorizando a reabertura desse mercado. Faltam alguns
detalhes de regulamentação para que se abra novamente o mercado para empresas
estrangeiras. Embora ainda com a preferência, o IRB poderá abrir a possibilidade de
contratação de empresa estrangeira quando houver a recusa de determinado risco,
segundo o que se discute dessa nova legislação.
Para melhor entendimento desse tipo de seguros, veja o seguinte exemplo: uma
empresa de seguro possui uma receita de prêmios de seguro de 100 milhões e um custo
operacional de 20%, ou seja, 20 milhões. A empresa de resseguro é contratada para
garantir 30% de prejuízo.
Dolo — significa uma ação consciente por parte do indivíduo que assume os
riscos de causar danos a terceiros.
Culpa — significa a geração de danos a terceiros sem a consciência ou
vontade de causar esse dano.
Essas situações todas de alguma forma acabam sendo contempladas nos contratos
de seguros, de tal forma que seja possível se estabelecer critérios mínimos para a
indenização segura.
Existem jurisprudências em todos os sentidos no que se refere a essa temática,
ou seja, decisões judiciais que deram ganho de causa ao segurado em relação a não
perda da cobertura causada por algum problema como, por exemplo, a imperícia
durante a condução de seu veículo, como também casos de perda da cobertura gerada
por motivo de oferecimento de risco por parte do condutor do veículo, que, por exemplo,
estivesse embriagado. Como exemplo, podemos citar um caso corriqueiro: a falta de
habilitação para dirigir um veículo.
Fica evidente que cláusulas que gerem prejuízos exagerados aos segurados ou que
não estejam devidamente explicadas e destacadas em contrato ferem o Código de
Direito do Consumidor — CDC —, perdendo sua validade por serem consideradas
inconstitucionais e ilegais.
Isso nos leva à conclusão de que deve haver uma preocupação com o conteúdo
dos contratos, bem como com as consequências de determinadas exceções para que
essas estejam constituídas e integradas nos cálculos e pareceres atuariais, protegendo,
assim, o patrimônio garantidor das coberturas dos seguros contratados.
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1) Em termos conceituais, por que estamos afirmando que o seguro possui caráter
social? Que justificativas poderíamos dar para afirmarmos isso?
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