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NO RIO DE JANEIRO
Rio de Janeiro
1992
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO, 4
1- Definição e caracterização, 20
2- Dados disponíveis sobre as empresas e pessoal, 21
3- O mercado da segurança, 23
4- Estimativas de receita, 25
5- A indústria da segurança, 26
6- Seleção e capacitação dos vigilantes, 27
7- Organização da categoria, 30
V- CONSIDERAÇÕES FINAIS, 67
ANEXO 1, 73
ANEXO 2, 75
BIBLIOGRAFIA, 76
4
INTRODUÇÃO
de medidas para combater os fatos geradores deste sentimento e, por fim, a perplexidade e o
medo diante das dimensões alcançadas por estas medidas. Estas três citações, a nosso ver,
tendo em vista o contexto mais amplo da política de segurança pública na sociedade brasileira
contemporânea.
tornar tão determinante na nossa sociedade e, em função disso, conhecer a fundo as medidas
adotadas por diferentes setores da população para se protegerem e, quem sabe, voltarem a se
sentir seguros.
no Rio de Janeiro.
Os motivos do nosso interesse por este assunto são vários. Há muito tempo
refletir sobre a questão da segurança pública como um objeto legítimo e que requer muita reflexão
sociedade estabelece para manter a ordem social. Estamos falando da necessidade que os
é, quase invariavelmente, atribuída ao Estado. Na verdade, o Estado passou mesmo a ser definido
por sua caracterização como o detentor do monopólio da força, do seu uso legítimo. Esta
definição ainda é amplamente aceita pelos cientistas sociais contemporâneos, que na sua maioria
não hesitam em elencar entre as tarefas básicas do Estado a responsabilidade pela segurança e
Não apenas entre os sociólogos e cientistas políticos esta noção é consagrada, como
Não obstante este consenso, sempre houve ao longo da história ações individuais ou de
determinados grupos que procuraram exercer de forma privativa seu direito à segurança,
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julgamento. Este tipo de ação se dá tanto pela falta de credibilidade na eficácia dos mecanismos
formais de manutenção da ordem, como por um reconhecimento de que tais mecanismos atendem
Estas medidas isoladas são, na maioria das vezes, punidas pelo Estado, que, através da
legítima.
Nos últimos trinta anos no Brasil, no entanto, o papel do Estado como detentor do
particulares de segurança começaram a surgir e a se multiplicar e isto se deu, de forma cada vez
mais institucionalizada, com a permissão, o aval e, muitas vezes, com o estímulo do Estado.
compreensão de todos aqueles que estão preocupados em melhor compreender qual é o papel do
Estado em nossa sociedade e quais os mecanismos que devem ser implementados para uma
efetiva política de segurança pública, coerente com os avanços democráticos obtidos no país na
última década.
alguns anos. Trata-se de centenas de empresas legalizadas e com atuação ao nível nacional. É este
analisar a atuação dos órgãos do Estado responsáveis por normatizar e fiscalizar os serviços de
segurança privada.
um tema como este. Em função do período autoritário e militarizado por que passou a sociedade
brasileira, falar de segurança hoje ainda significa uma associação quase que imediata com
repressão e violência por parte da polícia, notadamente sobre segmentos da população tidos como
"perigosos" ou "suspeitos".
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vigilância privada constitui-se em alvo de preconceitos ainda maiores, associado com práticas
ilegais e clandestinas de proteção, que permitem mesmo sua inclusão no que se poderia classificar
Assim, falar deste tema, entrevistar pessoas a ele vinculadas, tentar obter informações
que possam ir além das estratégias de marketing das empresas são tarefas extremamente difíceis,
que receamos não ter sido capazes de realizar plenamente. Estas atividades são envolvidas por
segredos, principalmente em função do seu envolvimento com agentes dos órgãos de segurança
pública e das práticas criminosas que de fato existem, principalmente no âmbito das empresas
leitura deste trabalho. Basta dizer, a título de ilustração, que um dos entrevistados sugeriu não
justiça e segurança, agentes da polícia federal, representantes sindicais da categoria dos vigilantes,
parlamentares que de alguma maneira envolveram-se no debate sobre a questão (cf. Anexo 2).
Vale destacar que, apesar dos inúmeros contatos e solicitações que fizemos, não foi possível
sobre este tema no Brasil. Muitos trabalhos foram desenvolvidos no Brasil nos últimos dez anos
sobre a violência urbana. Sobre o tema específico da segurança privada, porém, a bibliografia
estrangeiras, especialmente norte-americana; no entanto, não foi possível ter acesso aos textos no
período tão curto de tempo de que dispúnhamos para elaborar esta monografia. Se esta
entanto que ela serve para mostrar a relevância do mesmo no sentido de dar uma pequena
contribuição para o debate sobre o assunto ao nível nacional, já enfatizado como uma necessidade
por Paixão, ao que tudo consta, pioneiro na reflexão sobre este assunto no Brasil:
É isso que modestamente tentaremos fazer aqui. Não se trata de fazer um julgamento
sobre se estas empresas devem ou não existir ou como deve ser o seu funcionamento.
Acreditamos ser necessário identificar seus fatores condicionantes e apresentar como diferentes
vigentes no âmbito público e privado, em termos de princípios e na sua aplicação prática, visando
perceber em que medida eles podem também ser controlados a fim de que não se constituam em
estratégico para refletir não só sobre os mecanismos de prevenção e repressão ao crime, mas
sobre que tipo de ordem social se quer contruir. Como afirma Teresa Caldeira (1991):
apresentando nossa reflexão sobre a segurança como atribuição do Estado e, dentro deste quadro,
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qual seria o papel das empresas de segurança privada, trazendo o tema para o interior do debate
sociológico e buscando dialogar com outros autores que refletiram sobre a questão.
privada deve desempenhar no âmbito da política de segurança pública, levando também em conta
Por último, destacaremos alguns pontos que surgem como desdobramento deste debate
Os mecanismos de controle social e sua eficácia já são temas presentes de longa data na
agenda dos pensadores que se dedicaram a refletir sobre a vida social. O problema da ordem
que viria a ser a definição básica do Estado moderno: a instituição superior que, a partir da
concessão dos indivíduos, torna-se responsável pela manutenção da segurança de todos, através
do monopólio da força.
"A essência do Estado pode ser assim definida: Uma pessoa de cujos
atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi
instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os
recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a
paz e a defesa comum." (HOBBES, 1979)
Partindo de uma outra perspectiva, em que o Estado serviria para garantir os direitos
que os seres humanos teriam no estado de natureza, John Locke também concluiu que a grande
função do Estado seria a proteção da vida e da propriedade de uns cidadãos contra os outros.
sociologicamente:
de que, para que a ordem social exista é necessário que haja o monopólio do poder coercitivo
atribuído a algum ator social específico - o príncipe, o senhor feudal e, modernamente, o Estado
ampliou suas funções, passando progressivamente a se responsabilizar por atribuições que antes
quais seriam suas funções básicas. Mesmo tendo como referência a idéia do "Estado mínimo",
existe uma convergência sobre ações exclusivas do Estado. Ainda hoje, quando assistimos ao
como suas atribuições alguns serviços básicos, como a educação, a saúde e a segurança.
Não teremos oportunidade, nos limites deste trabalho, de realizar uma exaustiva
reflexão sobre quais deveriam ser as tarefas inalienáveis do Estado moderno e qual seria, dentro
das especificidades do caso brasileiro, o tamanho do Estado ideal. Nossa preocupação básica diz
Tomando como premissa que a segurança e a manutenção da ordem pública são tarefas
que medida a formalização e expansão desta atividade questiona, interpela e modifica o papel e a
Esperamos não estar exagerando no impacto que este fenômeno pode ter, a médio
prazo, sobre a redefinição das tarefas básicas do Estado. Diante deste quadro, acreditamos que é
sobre as diferentes concepções em relação ao seu papel na sociedade brasileira. Esta tarefa poderá
ser útil para uma reflexão mais ampla sobre que tipo de ordem social estamos construindo.
Todo este debate ganha ainda maior relevância no momento em que nos defrontamos
com os enormes desafios de tornar realidade um extenso rol de garantias e direitos adquiridos
legalmente na Constituição de 1988 e que ainda aguardam sua implementação prática na vida da
de possíveis atos vitimizadores, especialmente aqueles agrupados como crimes violentos contra a
administração privativa da segurança: aparatos cada vez mais sofisticados de vigilância (alarmes,
ocorrência de linchamentos.
aumento do número de delitos quanto por um discurso que favorece este clima de medo, leva a
polícia, o judiciário, enfim, o sistema de justiça criminal como um todo. Como afirma Coelho
(1987):
parte resultado da ineficiência dos mecanismos de repressão ao crime, mas também, e em grande
medida, uma construção simbólica, na medida em que "ela constitui o que descreve."
grandes cidades brasileiras "do apoio a formas violentas e privadas de combate e prevenção do
"A cidade civil lançou mão de sua defesa, acuada entre o exército
regular (polícia) e o irregular (tráfico de drogas)." (Revista Domingo, Jornal
do Brasil, 05.04.92)
3- A incapacidade do Estado
segurança é, como já foi dito, a falência dos órgãos do Estado destinados à manutenção da ordem
pública.
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desigualdades sociais existentes no Brasil que fazem com que grande contingente da população
"In turn, alienation occurs when the system is no longer able to keep
that minimum level of legitimacy. Actually, assessing if legitimacy
maintenance or breakdown prevails is usually an empirical task. However,
there are indications that when social inequality reaches a critical level it
constitutes a threat to the regime because it alienates large portions of the
population from the political game. Under such circumstances the threat to the
political system comes not from competing alternatives to it but rather from
the skrinking of the political community.
High levels of absolute poverty coupled with strong relative deprivation
might lessen the incentives to belong to civil society. When that is the case,
there are no direct threats to the political regime, no overload of demands, but
evasion from the public sphere. Those outside from the distributive system
simply retreat from the political community. (...) from the macro side the
ultimate consequences point to the possibility of failure of the state to keep its
monopoly over violence. While those outside the political arena do not dispute
political power, the growing difficulties the state faces in enforcing order,
providing security, and promoting social cohesion call attention to a dramatic
discontinuity between the political system and the larger society.
The evolution of inequality patterns in recent Brazilian history suggests that
we might be dangerously approaching the above mentioned shrinking of the
political sphere." (grifo nosso)
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brasileira analisam, a partir da crise interna por que passa o Estado, as dificuldades para que este
segurança com a fragilidade dos mecanismos estatais de controle social. O entendimento é de que
o crecimento da segurança privada "deve-se a uma variedade de fatores, sendo um dos mais
exercer um controle eficaz sobre o mesmo" (RICO & SALAS, 1987). Outros autores, como
Shearing e Stenning, Kakalik e Wildhorn, aos quais não tivemos acesso diretamente, porém
fartamente citados por Rico & Salas e por Paixão interpretam o incremento da privatização da
Tomando-se a definição utilizada por Huggins (1989) de vigilantismo como "atos de coerção que
violam a ordem estabelecida a fim de proteger esta mesma ordem", poderíamos, a exemplo de
Paixão, estender o conceito de neo-vigilantismo também para a "forma de organizações extra-
legais de venda de proteção a clientes 'privados`, excluídos (ou descrentes) da segurança pública"
(PAIXãO, 1991).
segurança privada - é que ele não se dá de maneira ilegal ou residual dentro de um universo de
fragmentação social que estimula o uso de recursos extremos de proteção por diferentes
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quais estamos trabalhando aqui, possuem, ao contrário, efetivos semelhantes ou muitas vezes
superiores aos das polícias locais e funcionam com o aval e, em algumas ocasiões, com o estímulo
do Estado. São regularizadas, pagam impostos, possuem uma legislação própria que as normatiza.
1- Definição e Caracterização
O objeto deste trabalho são as empresas de vigilância que atuam no Rio de Janeiro, seu
funcionamento, estrutura, atividades, seu papel no conjunto do sistema de segurança local e sua
modalidades, para fins de proteção do patrimônio destes estabelecimentos e dos indivíduos que ali
-frota motorizada;
-segurança eletrônica;
-investigação sigilosa;
-segurança pessoal;
-transporte de valores;
-plantão permanente;
Para efeitos desse trabalho, estamos tratando apenas das empresas legalizadas que
prestam serviços de vigilância e transporte de valores. Os números para este setor ao longo das
últimas décadas variaram muito. Porém, após checar diferentes fontes de informação (Polícia
Existem hoje no Rio de Janeiro cerca de 70 mil guardas particulares empregados nestas
empresas. O presidente do Sindicato dos Vigilantes, Fernando Bandeira, acredita que outros 70
última década, representando hoje no Rio de Janeiro um número bem maior de empregados do
que as polícias civil e militar juntas. No Brasil, estima-se que o pessoal ocupado em serviços de
vigilância chega a 550 mil pessoas, embora prognósticos mais generosos apresentem um total
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CONTINGENTES DAS POLÍCIAS CIVIL, MILITAR, EXÉRCITO E SEGURANÇA
PRIVADA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - 1982/1992
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1982 HAB/HOMENS 1992 HAB/HOMENS
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Polícia Militar 24 mil 458 32 mil 468
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Polícia Civil 11 mil 1000 12 mil 1250
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Forças Armadas 74 mil 148 92 mil 163
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Seguranças/
Vigilantes 30 mil 366 70 mil 216
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Fonte: Revista Domingo, Jornal do Brasil, 05.04.92, com base em dados fornecidos pelas
corporações.
A magnitude destes números assemelha-se aos dados existentes sobre este setor para
outros países. A maior empresa de segurança privada existente no mundo é a Pinkerton, norte-
americana, fundada no final do século XIX juntamente com a Wells Fargo e a Brink's. A
Pinkerton contava nos anos 70 com cerca de 37 mil empregados em diferentes países.
cerca de 7 mil homens. No ano seguinte, a estimativa já apontava para 44 empresas e 22 mil
homens, pouco menos que o quadro da PM (29 mil) e superior à Polícia Civil (14 mil) (O Estado
de São Paulo, 23.05.76). Estes números realmente oscilam e são sempre objeto de polêmica, visto
que muitas empresas foram fechadas nos anos seguintes por irregularidades. As sucessivas
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ilegais.
homens trabalhando como vigilantes, sendo 450 mil o número de policiais (Jornal do Brasil,
12.12.76).
Com relação à proporção entre forças privadas e públicas, os dados indicam uma
relação de 1,6 guardas particulares para cada policial no Rio de Janeiro. Esta razão é menor do
que a verificada para os Estados Unidos, por exemplo, onde em 1990 a proporção era de dois
3- O mercado da segurança
mesmo tomava como fato consumado algumas vezes, que a segurança privada deveria ser apenas
bancária, não atuando em outros setores e, principalmente estando fora da segurança particular
pressuposto rapidamente se diluiu ao longo das décadas seguintes, fazendo mesmo com que
algumas empresas deixassem de fazer segurança bancária para atuar apenas em comércio,
indústrias e residências.
são os índices disponíveis para 1989. Do total do pessoal ocupado nas empresas de vigilância,
40% atuavam em condomínios; 30% em bancos; 20% em indústrias, clubes e residências e 10%
A primeira empresa a funcionar no Rio de Janeiro foi a SESVI, seguida pela SBIL. A
maior empresa em operação até hoje no Rio - a SEG - já era líder no setor em 1975. Aqui cabe
uma observação específica sobre um aspecto recorrente nos depoimentos sobre o mercado da
autoridades neste sentido, afirmando que era necessário algum tipo de controle mais eficaz.
Entretanto, parece que a solução para este aspecto foi deixada à suposta auto-regulação do
mercado. O Cel. Kurt Pessek, então presidente da Comissão Consultiva para Assuntos de
Segurança Privada do Ministério da Justiça, afirmava: "é importante que novas empresas de
vigilância sejam abertas para aumentar a concorrência no mercado, pois antes estava se formando
Vale notar que já em 1975 havia no Rio de Janeiro uma avaliação de que o mercado da
Segurança Pública, constatava ser a prestação de serviços de vigilância em todo o Estado uma
atividade não só já saturada, mas ineficiente, convindo mais estimular as grandes empresas a
dispensar a segurança oferecida por terceiros e a criar seus próprios quadros de vigilantes (O
Globo, 28.10.75).
expandiu ao longo das décadas. Além de ser utilizada por grandes empresas, esta é a opção
encontrada por pequenos estabelecimentos que não têm condições de custear a contratação de
empresas de vigilância. Esta é também a grande fatia onde se encontra a segurança clandestina.
Estes chamados corpos orgânicos de segurança, no jargão policial, são o objeto legal de
fiscalização pela DSOS, embora no caso do Rio de Janeiro este órgão também se auto-defina
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vezes o motivo alegado para a criação destes corpos orgânicos de segurança pelas empresas
solução, na medida em que, se houver algum "incidente" decorrente da ação dos vigilantes, o
empresário irá responder criminalmente pelo fato. Se o vigilante for contratado por uma empresa
4- Estimativas de receita
segurança, mas as estimativas apontam que o setor trabalha com margens de lucro bastante altas.
segurança chegava em 1981 a US$ 21,7 bilh·es, enquanto os gastos públicos com segurança
alcançavam apenas US$ 13,8 bilh·es (cf. Rico & Salas, 1987).
vigilantes.
suficientemente preparados e em alguns casos as empresas não cumprem com todas as obrigações
trabalhistas a que os empregados teriam direito. Fernando Bandeira, presidente do Sindicato dos
Vigilantes, afirma que a jornada de trabalho dos vigilantes é com freqüência de 11 horas por dia,
de segunda a sábado e o pagamento de horas extras nem sempre é feito regularmente. Além disso
muitas empresas não respeitam o piso salarial da categoria, que é de três salários mínimos.
5- A indústria da segurança
da criminalidade e da sensação de insegurança por parte da população, fazendo crer que, "em
relação ao mercado de segurança se pode dizer, sem exagero, que quanto pior as coisas, melhor
qualificação dos vigilantes sempre foi identificada como um grave problema pelos diversos
afirmando que poucas empresas estavam então capacitadas a funcionar (Jornal do Brasil,
Ou ainda:
No que diz respeito a este aspecto de treinamento é interessante observar que, embora
vigilantes não necessariamente representou uma melhora significativa na qualidade dos serviços
prestados.
Com a crise econômica e o desemprego atuais, o setor não precisa mais, como fazia de
início, nos anos 60 e 70, recrutar desocupados, sem nenhuma seleção, nos pontos de
concentração no centro das grandes cidades, segundo ilustra a matéria da Folha de São Paulo:
Mensalmente são oferecidos cursos de formação para vigilantes nos centros mantidos
pelas empresas. Estes cursos têm a duração de 15 dias e cerca de 1000 pessoas participam deles a
-Armamento e Tiro;
-Técnica Operacional;
Os candidatos que freqüentam mensalmente as 120 horas exigidas legalmente dos cursos de
formação de vigilantes pagam entre 1/2 e 1 1/2 salários mínimos pelo mesmo. Ao final, recebem
um certificado emitido pela Polícia Federal, mas apenas uma pequena parte consegue emprego.
Mesmo este setor que tende a crescer com a crise e o aumento da criminalidade não parece ter
fôlego suficiente para absorver todos os que se oferecem para a função. Conclusão: formam-se
pessoas que são fortes candidatas a engrossar as fileiras da segurança improvisada e na maioria
Por outro lado, a imagem da ocupação de vigilante como "a opção para quem não tem
opção na vida" (Jornal do Brasil, 17.02.77) parece não possuir muito fundamento hoje. A
expansão do setor terminou por atrair desempregados do comércio, escritório etc, fazendo com
que as empresas tenham possibilidade de contratar inclusive vigilantes com escolaridade acima do
7- Organização da categoria
setor diz respeito aos órgãos de representação existentes nos seus diferentes níveis. No âmbito
Serviços Internacionais de Segurança, que reúne-se anualmente, quase sempre nos Estados
década de 70, o representante da ASIS para a América Latina visitou o Brasil com o objetivo de
congrega 36 empresas.
profissão só tenha sido reconhecida em 1983, a Associação Brasileira dos Vigilantes foi fundada
em 1975, transformando-se em entidade profissional em 1979, contando então com cerca de 5000
fundado no país, precedido por Brasília. Atualmente o sindicato do Rio conta com cerca de 8500
da categoria.
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organização da categoria, na década de 70. Desde então, ele sempre esteve a frente do sindicato,
com exceção do período em que ocupou por duas vezes uma vaga na Assembléia Legislativa,
pelo PDT, entre 1982 e 1990. Nas últimas eleições Fernando Bandeira foi candidato a vereador
pelo mesmo partido, obtendo cerca de 6000 votos. Vale lembrar que outra liderança importante
através das empresas criadas para transporte e guarda de valores, ligadas à segurança bancária. A
primeira empresa de vigilância e transporte de valores fundada no Brasil foi a Sesvi - Serviço
Especial de Segurança e Vigilância Industrial, em 1962, no Rio, ainda durante o governo de João
Goulart. Logo depois dela foi criada a Sbil. Operavam também no país empresas estrangeiras,
federal nº 1034, de 21.10.69 (BRASIL, 1969), assinado pela junta militar que substituiu o
bancários, muitos deles ligados à atividade de grupos políticos de esquerda. Esta regulamentação
deu-se sob a inspiração do AI5, ainda que a Lei de Segurança Nacional estabelecesse como crime
armada ou não, com ou sem fardamento, com finalidade combativa" (O Estado de São Paulo,
29.07.79). Este decreto-lei teve sua constitucionalidade questionada pela Comissão de Serviço
Público da Câmara.
para que as agências bancárias cumprissem a exigência de adoção dos dispositivos de segurança,
sob pena de serem interditadas pelo Banco Central. Neste momento, portanto, a fiscalização dos
equipamentos de segurança se restringia apenas aos bancos e era feita pelo Banco Central.
empresas de segurança privada ficou a cargo do Banco Central no que diz respeito à segurança
Fiscalização de Importação, Depósito e Tráfico de Produtos Controlados, que fixava que apenas
2/3 do efetivo de cada empresa poderia ter armas) e das secretarias de segurança pública de cada
estado, que, com relativa autonomia na matéria, baixavam portarias e criavam normas próprias
a atenção para esta fragmentação: "Em torno dos empregados de empresas de segurança privada
Janeiro e em São Paulo, podemos perceber que os passos dados no sentido de institucionalizar a
fiscalização ocorreram de forma muitas vezes autônoma em ambos os estados. Algumas medidas
2- A fiscalização estadual
funcionamento de novas empresas, enquanto não fossem regularizadas as já existentes até aquele
momento. Este é um período de grande debate sobre a natureza e o papel destas empresas, um
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momento em que, ao que parece, os órgãos responsáveis pela segurança começam a se dar conta
da necessidade de um controle maior sobre as mesmas, para que não se transformem em força
promover modificações nas normas até então vigentes para o funcionamento das empresas,
secretaria nesta matéria, que veio a ser expedida em 11/11/76. Esta portaria (ESTADO DO RIO
DE JANEIRO, 1976) teve o mérito de estabelecer alguns parâmetros para o funcionamento das
empresas, como capital social mínimo, número mínimo e máximo de funcionários, exigências para
o treinamento e capacitação dos empregados, com a obrigatoriedade de que todas as empresas
aprovados em exame prestado na Academia de Polícia, entre outras medidas. No início das
discussões sobre a proposta havia inclusive a intenção de proibir que os vigilantes andassem
Também passou a ser norma em função desta portaria a orientação para que cada
empresa tivesse ao menos um militar - oficial superior - em sua direção, com a intenção de
estabelecer um maior controle sobre o aspecto de formação técnica dos vigilantes. Acreditamos
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que esta norma, que vigorou até 1983, foi fundamental para que possamos explicar ainda hoje o
vigilância.
Em função das normas estabelecidas nesta portaria, no ano seguinte, até junho, 11
empresas de segurança haviam sido fechadas e havia a expectativa de que 12 estavam em vias de
fechar também.
Em São Paulo, a tentativa de maior regulação pelo poder público sobre a ação das
empresas deu-se através da resolução SSP-62-75 (ESTADO DE SãO PAULO, 1976), pela qual a
secretaria de segurança pública buscava impor limites à atuação das empresas, permitindo o
trabalho de vigilantes apenas nos setores bancários e financeiros. Esta portaria foi revogada antes
mesmo de começar a vigorar. Outras portarias normativas foram elaboradas ao longo deste
período, na maioria das vezes fixando-se em aspectos específicos do funcionamento das empresas.
A grande mudança em termos legais se daria em 1983, quando foi sancionada pelo
Presidente João Figueiredo a lei nº 7.102, de 20/06/83 (BRASIL, 1983a). Desde os decretos-leis
de 1969 e 1970, esta foi a primeira tentativa de regular a questão da segurança em âmbito
nacional, num quadro bastante distinto da realidade enfrentada 15 anos antes. Em 1983 as
preocupações voltavam-se para a necessidade de impor limites à atuação das empresas, em função
A lei federal em vigor que disciplina a matéria ainda hoje é a lei 7102/83 (BRASIL,
1983a). Resumidamente, esta lei reitera o caráter obrigatório da segurança bancária, regulamenta
a profissão de vigilante, assegurando ao mesmo prisão especial por ato decorrente da atividade
profissional e seguro de vida em grupo feito pela empresa. A lei também estipula que o Banco
prestadoras de serviços de vigilância passa a ser feito pelo Ministério da Justiça "por intermédio
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de seu órgão competente ou mediante convênio com as Secretarias de Segurança Pública dos
A promulgação desta lei, no entanto, não foi suficiente para normatizar de maneira
mais eficaz esta matéria. Para começar, sua regulamentação demorou quase seis meses para ser
expedida, através do decreto nº 89.056, de 24.11.83 (BRASIL, 1983b). O decreto e a lei ainda
transferirem esta tarefa para o Ministério da Justiça, não se ocuparam de explicitar que órgão
deve se ocupar da fiscalização das empresas e em junho de 1984 o Ministério ainda não tinha
Na época em que era Ministro da Justiça o Sr. Fernando Lyra, o advogado Marcelo
Cerqueira foi consultor deste ministério e trabalhou num parecer sobre a matéria. Em reportagem
guardas particulares, proposta esta criticada tanto pelos representantes dos vigilantes quanto das
empresas.
Fernando Lyra promoveu uma atualização dos alvarás de funcionamento das empresas,
que só seriam entregues “às empresas especializadas que possuam os antigos alvarás expedidos
pelos governos estaduais e tenham obtido laudo de vistoria favorável emitido pela Polícia
Em função das diversas deficiências apontadas, teve início neste momento a discussão
sobre um projeto de lei que viria a substituir a lei 7102/83 (BRASIL, 1983a). Este processo,
entretanto, não teve andamento e mesmo hoje não conseguimos localizar se há em tramitação no
Congresso Nacional alguma proposta neste sentido. Uma sugestão surgida na discussão deste
projeto era de tornar facultativa aos bancos a utilização de serviços de segurança o que,
obviamente, sofreu forte oposição tanto da parte das empresas como dos sindicatos de vigilantes
Executiva Para Assuntos de Vigilância e Transporte de Valores. Com a criação desta comissão
"os sindicalistas (vigilantes) esperavam o fechamento de mais de 500 empresas fantasmas em todo
sindicato de empregados e quase um ano depois de instituída, apenas uma reunião havia sido
realizada. O que ocorreu de fato é que o presidente da Comissão, Cel. Kurt Pessek, passou a
decidir pelo conjunto, havendo denúncias de que ele estaria favorecendo empresas com
iniciativa no sentido de uma fiscalização massiva das empresas de segurança, motivada por várias
denúncias de irregularidades,
Estas iniciativas de fiscalizar com maior rigor as empresas não se fazem, no entanto,
deu-se através da Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro. O decreto 89.056/83 (BRASIL,
1983b) previa, no seu artigo 38, que "para que as empresas especializadas operem nos Estados,
Este trecho da regulamentação abriu o precedente para que a Secretaria de Polícia Civil
do Estado do Rio de Janeiro passasse também a exercer sua própria fiscalização, o que tornou
relação à fiscalização. Enquanto nos outros estados foi feita a transferência para o governo federal
manifestaram:
Por parte da Secretaria de Polícia Civil do Rio começaram a haver gestões, desde
meados de 1988, para que fosse firmado um convênio transferindo a responsabilidade pela
fiscalização das empresas para o âmbito estadual. Alegava-se que nem o Banco Central tinha
interesse em exercer o controle sobre os estabelecimentos bancários, nem a Polícia Federal tinha
da Lei 7.102 (BRASIL, 1983a) - que atribui à União a competência para autorizar e supervisionar
com o governo do estado, repassando novamente a tarefa para a Polícia Civil, que ficou
responsável pela fiscalização até agosto do mesmo ano, quando o Ministério da Justiça baixou
estadual. Desde então, tanto a autorização para a criação das empresas quanto a fiscalização
Justiça, a assinatura do convênio provocou seu pedido de demissão, ocasião em que ele formulou
críticas à incapacidade da Polícia Civil para exercer a fiscalização (Jornal do Brasil, 24.01.90).
O secretário de Polícia Civil, Hélio Saboya, rebateu as críticas de Pessek dizendo que
tanto a Comissão Executiva para Assuntos de Vigilância quanto a Polícia Federal, encarregada de
acompanhar e fiscalizar os cursos de formação de vigilantes, haviam dado mostra nos últimos
anos de que não tinham condições de controlar a qualidade dos serviços de vigilância bancária.
"As coisas não funcionavam direito na Secretaria Executiva, que não tinha critérios para licenciar
as empresas capazes de fazer uma boa vigilância bancária", atacou o secretário, após ressaltar que
a Superintendência Regional da Polícia Federal, apesar de ajudar muito a polícia carioca nos casos
de assaltos a bancos, reconhece que não tem condições materiais e de pessoal para fiscalizar a
440/91 (ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 1991), tentando "amarrar" a fiscalização das empresas
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estabelecimentos financeiros.
segurança pública que passa a fazer críticas a forma como a fiscalização vinha se dando. O
Secretário de Polícia Militar, Cel. Cerqueira, chega inclusive a propor que a tarefa de fiscalização
da segurança privada volte a ser atribuição do governo do estado, mas que seja feita pela Polícia
Militar:
que a legislação federal referente à segurança privada diz respeito apenas a transporte e guarda de
particular, própria dos estabelecimentos, esta cabe à DSOS. Ele mantém em vigor a portaria
que regulamenta as atividades de segurança particular. Esta portaria, entitulada "Normas para o
exercício das atividades de segurança privada no país" foi instituída, segundo informações da
Polícia Federal, a partir de um lobby feito pelas empresas de segurança, no sentido de reunir em
único documento os diferentes dispositivos pontuais sobre o assunto expedidos pelo Ministério da
Comissões têm a função de dar autorização para a compra de armas, fazer vistoria nas empresas
ao menos uma vez por ano, apurar denúncias de irregularidades, cadastrar empresas e
normatização e concessão de autorização para funcionamento das empresas e pela decisão sobre
financeiras, mas também "em outros estabelecimentos públicos e particulares" (BRASIL, 1992).
é normatizada pela lei 7102/83 (BRASIL, 1983a), o decreto 89.056 (BRASIL, 1983b) que a
pudemos colher, o fato de haver esta fiscalização em duas diferentes instâncias não contribui para
que a mesma se dê de forma mais eficiente e, na maioria dos casos, apenas faz com que aumente a
burocratização do setor.
hoje com um agente e dois peritos, pessoal visivelmente insuficiente para dar conta das
a Polícia Civil age de forma ilegal, na medida em que a lei estipula que a fiscalização é federal.
7102/83 (BRASIL, 1983a) fere a autonomia dos estados, já que segurança pública é matéria de
legislação estadual e não federal. A DSOS conta hoje com 20 funcionários, estrutura considerada
deficiente, como "acontece em todo o serviço público". Segundo declarou o secretário Nilo
Batista, o executivo está preparando um projeto de lei a ser enviado à Assembléia Legislativa que
privada por parte do poder público mudou muitas vezes de competência, passando por diversos
órgãos tanto federais quanto estaduais. Ainda hoje o que se percebe é um nítido conflito de
competências entre estas duas esferas de governo, o que dificulta uma fiscalização mais rigorosa
Ao mesmo tempo, não deixa de causar estranheza o fato de que uma tarefa trabalhosa e
não geradora de receita como é a fiscalização das empresas seja motivo de disputa entre duas
esferas de governo. Pelas indicações que temos, seria possível interpretar esta disputa como
resultado do lobby das empresas de segurança para exercer sua influência nos órgãos de
haveria uma pressão por parte do sindicato das empresas para que a fiscalização se tornasse
municipal.
45
A justificativa por parte dos atores envolvidos nas atividades de segurança privada,
sentidos.
como dada a incompetência do Estado para atuar eficazmente na área de segurança pública.
Este é o principal argumento daqueles que defendem a segurança privada. Dado que a
polícia acumula diferentes atribuições e não tem sido competente no controle da criminalidade, as
empresas de segurança privada exercem uma função fundamental como força suplementar ao
trabalho da polícia.
argumentos neste sentido vão desde uma análise neo-malthusiana de que a população cresce em
progressão geométrica e o contingente policial em progressão aritmética até uma avaliação, não
ação dos órgãos oficiais de segurança e necessária para liberar a polícia de atividades que não
seriam de sua atribuição: vigilância patrimonial, segurança pessoal, transporte de valores, fazendo
com que os órgãos policiais estejam mais disponíveis para combater a criminalidade.
Temos aí, portanto, um outro tipo de enfoque para a segurança privada. De atividade
emergencial da qual os setores que se sentem mais inseguros lançariam mão, num recurso
Nesta linha de argumentação, cada setor deve ser visto como uma opção distinta de
segurança oficial fosse competente e eficaz não haveria necessidade de segurança privada.
Este parece ser, para nós, um dos aspectos fundamentais no questionamento sobre o
impacto que a segurança privada institucionalizada pode ter na redefinição das "atribuições
elementares" do Estado. Seu papel passa a ser definido não apenas pelo suposto "vácuo" deixado
pelo Estado neste setor - como, de resto, ocorre em relação à provisão de vários serviços básicos
em relação às forças policiais deve ser vista sob um novo ângulo quando nos deparamos com as
segurança privada, constituindo-se esta última efetivamente como uma segunda opção de
emprego para grande parte dos empregados nos órgãos de segurança pública, não apenas policiais
civis e militares, mas também agentes da polícia rodoviária, ferroviária, agentes penitenciários,
bombeiros.
insatisfatórias, os policiais lançam mão de atividades paralelas sem nenhuma cerimônia, levando a
opinião realizada pelo jornal O Globo em meados de 1992 junto a 886 policiais militares, 66%
deles admitiram que fazem algum tipo de biscate para ajudar no orçamento familiar. Desses, 36%
serviços extras, percebe-se que os policiais militares que têm a segurança comercial como
segundo emprego conseguem ganhar a mesma coisa ou mais do que na corporação (O Globo,
30.06.92).
48
explicar o outro tipo de interseção comum entre a polícia e a atividade de segurança privada: o
No caso dos oficiais, tanto da Polícia Militar como das Forças Armadas (e também
privada. Como já foi dito anteriormente, esta associação tem suas origens no próprio início das
atividades de segurança privada no país, quando estabeleceu-se como obrigação legal a presença
de militares ou policiais como instrutores. Esta permuta de profissionais entre a segurança pública
A diferença parece ser que, no Brasil, muitos policiais e militares na ativa lançam mão
desta atividade. Estimativas do comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro apontam que 50%
dos policiais militares de alta patente - coronéis, majores e tenentes - possuem algum tipo de
atuação na área da segurança privada, seja como proprietários de empresas ou responsáveis pela
parece ter se tornado regra, a ponto de um Comandante da PM declarar que desconfia "do PM
que não tem outra atividade. Para viver, deve estar recebendo propina" (O Globo, 28.06.92).
Polícia Civil. Embora esta dupla atividade seja proibida pela corporação, Bandeira afirma que já
49
sofreu dois inquéritos administrativos, mas que nunca chegou a ser punido e que sua dupla
privada chegou a tal ponto que suscitou uma discussão não no sentido de coibir esta prática, mas
policial trabalhar na segurança privada nas suas horas de folga, alegando que esta situação implica
da dedicação exclusiva vem sendo amplamente questionado, inclusive pelos próprios responsáveis
possibilidade do segundo emprego para os policiais. Ele acredita que não se tomou esta iniciativa
até hoje por tabu e preconceito e que este recurso funcionará no sentido de um maior controle do
comando da corporação sobre as atividades dos policiais inclusive nos horários de folga.
Inquérito por ele presidida destinada a "apurar a utilização irregular de seguranças, agress·es e
Ainda no debate sobre o segundo emprego dos policiais vale à pena comentar aqui uma
Esta é, sem dúvida, a situação limite a que se poderia chegar em termos da privatização
de um serviço público. Seria o mesmo que chegar num hospital da rede oficial e pagar por uma
consulta médica. É claro que só alguns teriam acesso a este tipo de serviço. E o que aconteceria
O segundo emprego para os policiais é permitido nos Estados Unidos. Segundo Rico e
Salas (1987), 24% dos policias norte-americanos cumprem funções privadas nas suas horas livres,
sendo esta proporção de até 85% nas áreas urbanas. Esta dupla atividade, no entanto é criticada
especialmente no aspecto de pessoal possuem grande influência tanto sobre a qualidade dos
serviços de segurança privada quanto sobre sua relação com os órgãos de fiscalização.
A polícia, como afirma Paixão (1991), simboliza a ordem coletiva e, com todos os
limites no cumprimento de suas funções, continua a ser vista como possuidora de um papel de
privada por agentes de segurança pública poderá tornar-se um complicador a mais no sentido da
trataria mais de uma alternativa entre segurança pública e privada, mas de sua simbiose
atuação policial. Qual é, porém, o limite da atuação das forças privadas de segurança?
segurança privada, Rico e Salas (1987) resumem as principais características atribuídas a uma e
em geral, ao passo que a segurança privada atua em defesa do patrimônio, isto é, da propriedade
privada.
52
medida em que a segurança privada não têm competência para exercer vigilância em áreas
públicas.
ordem, de maneira mais ampla e na prevenção e repressão ao delito. Assim é que a eficácia da
polícia se mede comumente pela repressão aos delitos, ao passo que a eficácia da segurança
freqüentemente citada como um dos principais aspectos que torna a avaliação da sua atuação
"Em alguns casos, este pessoal conta com uma autoridade legal
semelhante à da força pública. Por exemplo, muitas das universidades norte-
americanas mantêm seus próprios órgãos de segurança com a mesma
autoridade das forças públicas. Entretanto, a natureza privada destes órgãos
pode conduzir a situaç·es em que a força privada tem mais poder que a
pública, já que não está regida pelas mesmas normas jurídicas." (RICO &
SALAS, 1987)
53
O que está em jogo aqui são os interesses a que atendem as forças privadas e públicas
enfrentados quando nos deparamos com esta diversidade de interesses entre os órgãos de
Apesar de parecer ser esta a orientação dada aos vigilantes quanto aos limites do
cumprimento de suas funções, não identificamos, em nenhum dos textos legais consultados, a
indicação explícita das atribuições referentes ao exercício da segurança privada, o que se reflete
Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro, de duvidoso valor legal por estar subordinada à
portaria ministerial, especifica que a atividade de vigilância só pode se dar em "recinto privado
(...) com vistas exclusivamente, aos bens a proteger, mantendo-se o vigilante afastado do
público".
As empresas de vigilância, por sua vez, fazem questão de declarar que seu poder de
polícia é reduzido e que reconhecem os limites de sua atuação. Como afirmou o Dr. Carmelo
Brasil, 17.06.84), que a função do vigilante seria de "impor respeito", tendo um efeito
limites legais de suas ações tornam-se mais radicalizados quando estamos falando de vigilantes
que, empregados de uma empresa que presta serviços a um determinado cliente, não
necessariamente estarão pautando sua conduta pelas normas legais impostas às instituições
policiais.
SSI em Nova Iorque para que possamos dimensionar o significado de uma força policial paralela
56
com poderes de agir "acima da lei". O apoio da comunidade, a conivência das autoridades e a
arrogância dos empregados da empresa dão a medida do que pode significar a privatização dos
serviços de segurança pública, podendo mesmo ser verdade que estes venham a substituir a
impostos à liberdade dos indivíduos a partir da forma como é exercida a segurança privada. O
aumento deste setor implica na ampliação dos mecanismos de controle social sobre os cidadãos e
numa conseqüente diminuição da sua privacidade, "ao transferir a missão de vigilância de uma
entidade pública, com os seus correspondentes limites, a uma entidade privada, que responde
O fato é que a presença da segurança privada é tão ostensiva que extrapola, levando
diversos setores da sociedade a terem medo não só das causas como também das conseqüências
andarem armadas pessoas que não são policiais, não receberam formação adequada, trabalham em
empresas cujo fim último é o lucro e, sobre as quais acumulam-se diversas denúncias sobre a
Alguns relatos que pudemos registrar associados a denúncias sobre a má qualidade dos
serviços prestados pelas empresas, ao menos nas décadas passadas, contribuem para compor uma
Negreiros, afirmava que "as empresas causam mais trabalho à polícia do que os delinqüentes"
(Jornal do Brasil, 13.08.78). Ao que parece, esta declaração refere-se a fatos semelhantes aos
relatados pelo Secretário de Polícia Civil, Hélio Saboya, em 1990, quando afirmava que os
vigilantes bancários eram displicentes nas suas funções, fazendo com que, dos quase 2000
deslocamentos de carros de polícia para agências bancárias, apenas pouco mais de 500 se
imprensa que demonstravam uma avaliação negativa da atuação das empresas, associada à
ambição por um lucro excessivo, ao despreparo dos vigilantes ou, mais raramente, a práticas
"Eu tenho ordem de não reagir e muitas vezes não tenho mesmo
condição de enfrentar o bandido. Não vou dizer que atiro bem, mas tento
acertar. Se não é para reagir, para que vigilância? (...) Se nem a polícia está
relacionado com as críticas ao desempenho das empresas. Como afirmam Rico e Salas (1987),
ao aspecto mais formal de funcionamento das empresas, suas obrigações legais e trabalhistas, sua
mais comuns dizem respeito ao não cumprimento da reciclagem obrigatória dos vigilantes, que
deve ser promovida pela empresa a cada dois anos. Já o Sindicato dos Vigilantes aponta falha das
O outro tipo de irregularidade cometida pelas empresas diz respeito a práticas abusivas
e arbitrárias, como conseqüência da imprecisão acerca das atribuições do vigilante. São práticas
recorrentes:
-tortura;
-cárcere privado;
59
últimos 25 anos, revelando que a polícia privada muitas vezes extrapola de seu poder,
Por outro lado, pudemos registrar vários relatos de práticas ilegais cometidas por
vigilantes dentro ou fora do exercício de suas funções, porém em estreita relação com o fato de
portarem uma arma e de sentirem-se respeitados como uma autoridade. Alguns relatos registrados
marginais;
- guarda matou a tiros seu colega para roubar CR$ 500 mil;
até 1975;
- guarda teve acesso de loucura e manteve como reféns seis funcionários da agência
onde trabalhava;
Em que pese o fato de que as empresas legalizadas hoje têm contra si menos denúncias
do que nas décadas anteriores, ainda está associado a elas este clima de irregularidade e
60
segurança pública e exercido por milhares de trabalhadores em todo o país possui na sua história
sinais de que esta suposta eficiência é questionável, podendo muitas vezes se constituir em risco
Como os limites entre a legalidade e a ilegalidade muitas vezes são tênues, um outro
recorrentes, tão antigas quanto as próprias empresas legalizadas. Estas últimas, inclusive, têm uma
preocupação permanente em denunciar estas atividades, a fim de que seu trabalho não seja
sindicatos das empresas têm se debatido, buscando apresentar-se como uma prestação de serviços
presença de oficiais reformados (ou mesmo da ativa) das Forças Armadas e da Polícia Militar nos
seus quadros dificulta, como eles mesmos avaliam, uma modernização do setor.
que atuam no setor. O problema é que, diante da falta de transparência sobre sua atuação, das
ligaç·es ainda hoje explícitas com a polícia e da persistência de práticas condenáveis como o
militares a mando de uma empresa mantiveram em cárcere privado o diretor de outra empresa
para que esta não participasse da concorrência), a imagem do setor ainda está bastante associada
a práticas ilícitas.
Brasil variam. Geralmente estima-se que praticamente para cada empresa legalizada exista uma
clandestina. Vez por outra tanto o sindicato das empresas como o dos vigilantes divulgam listas
62
de empresas clandestinas em operação, embora raramente se saiba qual foi o desfecho dado a
estas denúncias.
restaurantes e hotéis. Este tipo de segurança é normalmente ilegal, dando margem a muitas
arbitrariedades por parte tanto dos estabelecimentos - que negam qualquer vínculo de emprego
com o vigilante caso haja algum conflito - como dos "seguranças", que normalmente atuam sem
nenhum preparo, sem nem mesmo terem freqüentado o curso de formação obrigatório por lei.
vigilantes, não só individualmente como, muitas vezes, agenciados por um oficial superior.
Este trecho do relatório final da CPI da Câmara Municipal do Rio de Janeiro ilustra
motivadores da criação desta CPI denunciaram esta situação à opinião pública. Trata-se do
assassinato de dois jovens em dois restaurantes da Zona Sul do Rio de Janeiro em outubro de
1990, episódios que ficaram conhecidos como os "casos Sagres e Alcazar". Em ambas situações
Como resultado desta CPI, além de outras recomendaç·es, foi criada a lei municipal nº
serviço junto à Secretaria de Fazenda do município. Além disso, a CPI elaborou um projeto de
emenda ao Código Penal que estipula como crime a "prestação de serviços de vigilância ou
segurança sem a autorização das autoridades competentes, bem como sem o atendimento das
refletir sobre o papel da segurança privada e os limites de sua atuação legal. Várias pessoas
clandestinas estas manifestações muitas vezes reduziram o problema a uma questão de regulação
da atividade por parte do Estado. Este é, a nosso ver, um aspecto importante da questão, mas
insuficiente para dar conta dos desafios colocados pela privatização da segurança na sociedade
brasileira hoje.
6- A fiscalização "cerimonial"
segurança privada ganham ainda maior peso quando nos debruçamos sobre as atribuições das
expressão utilizada por Paixão (1991), pudemos perceber a "natureza puramente cerimonial do
controle público sobre a segurança privada", que acreditamos ter ficado explícita nos capítulos
anteriores. Junte-se a isso a relação íntima existente entre pessoas ligadas à segurança pública e o
Justiça (BRASIL, 1992), atualmente em vigor, estipula como órgão máximo para decidir sobre
da qual participam representantes das empresas, dos empregados, e dos órgãos da administração
pública responsáveis pela fiscalização. Sem querer eximir os setores diretamente interessados do
debate e da decisão sobre esta matéria, acreditamos, no entanto, que por tratar-se de assunto tão
delicado, o aspecto das irregularidades e punições deveria ser objeto de decisão dos órgãos
91/92 (BRASIL, 1992), ao nosso ver, não dão conta da necessidade de um maior controle sobre a
65
natureza e as atribuições dos serviços de segurança privada. A grande maioria delas diz respeito
das empresas. Com exceção do artigo 85, que pune com concelamento da autorização para
funcionamento a empresa que "funcionar com desvio de seus objetivos sociais ou indicando
destino das atividades para fins ilícitos, contrários, nocivos ou perigosos ao bem público e à
de segurança privada são os artigos 19 e 47 da Lei de Contravenções Penais, que tratam do porte
ilegal de arma e do exercício irregular da profissão. Ora, nenhum destes mecanismos, a nosso ver,
possui maiores possibilidades de ser fiscalizada a partir do seu papel constitucional, na tentativa
atividade de segurança privada não encontra-se amparo legal para que os abusos no exercício
mecanismos, porém, não virá a garantir necessariamente uma delimitação do campo de atuação da
privatização da segurança que, ao nosso ver, vão além, numa visão mais "pessimista", do
V- CONSIDERAÇÕES FINAIS
longo do trabalho e de apontar os desafios colocados àqueles que estão preocupados com a
criminalidade violenta como fatores que levam vários setores da população a buscarem se
proteger ou se defender;
3º) a privatização da segurança como uma forma de proteção ou defesa adotada por
da segurança pública;
num espaço de tempo relativamente curto, como objeto específico de análise que descaracteriza a
idéia da privatização da segurança como sendo de caráter residual e medida isolada adotada por
alguns indivíduos;
sociedade contemporânea.
68
existente no Brasil.
sobre a segurança como dever do Estado. Esta atribuição constitucional, a nosso ver, não se deu
por acaso e nem será, como muitos o querem, facilmente transferida para a iniciativa privada sem
pública está ruim, por que não tentar melhorá-los ao invés de substituí-los por empresas
particulares? Por que não se pode apostar na eficiência da polícia e dos outros órgãos do sistema
de justiça criminal, a fim de que os mesmos tenham maior credibilidade e legitimidade junto à
população?
Se uma parte da resposta a estas perguntas reside nas dificuldades inerentes ao próprio
Estado que, como já afirmou Fiori (1992), não tem conseguido cumprir nem mesmo seus
compromissos mínimos, a outra parte encontra-se escamoteada por trás do discurso da eficiência
A "indústria da segurança" ou, como chamou um jornalista, "o bom negócio que vive
manter e se expandir.
Raciocinando nesta linha, poderíamos concluir que a crítica à ineficácia dos serviços de
mesma moeda.
ser, como lembrou Paixão (1991), um bem semi-público e divisível, um produto de maior ou
menor valor dependendo das suas características e contra-indicações, isto significa que alguns
poderão e irão querer pagar por ela e outros não. E isto significa, também, que alguns se
utilizarão dos serviços privados de segurança contra aqueles que estão de fora do seu círculo
poderão tornar-se ameaça. Em resumo, poderíamos concordar que: "É um problema seríssimo,
porque a população acaba ficando com menos segurança, para que esse pessoal trabalhe para as
criminalidade são paradigmáticos para que pensemos sobre as dimensões do público e do privado
Este é, ao nosso ver, o entendimento mais correto que podemos ter do fenômeno da
básicos a que a população tem direito. Como nos dizia o delegado da DSOS, "nós, da classe
média, temos que colocar nossos filhos na escola particular, ter plano de saúde privado, usar
nosso carro para ir para ao trabalho, porque o serviço público está ineficiente e não pode nos
Sem dúvida, estes são bons exemplos de serviços públicos que já foram em parte
privatizados em nosso país, ao menos para aqueles que podem pagar. No que diz respeito à
segurança, entretanto, a privatização parece ser uma solução menos "simples", na medida em que,
estranho, potencialmente suspeito caso não tenha "boa aparência". O limite entre o direito
Por outro lado, a fragilidade dos mecanismos de controle sobre a atuação da segurança
privada deixa margem para que esta atue, como já foi apresentado, acima da lei, levando a
segurança privada, levantando os seus principais problemas. Cabe agora enfrentar os dilemas
colocados para que a segurança de todos os cidadãos esteja garantida pelo Estado, seja através de
71
um maior controle das empresas privadas ou do melhor cumprimento daquela que ainda
amplamente desrespeitados.
considerados como o pilar sobre o qual os direitos políticos e sociais podem se desenvolver
Quando estamos falando aqui sobre o limite legal da atuação da segurança privada, as
arbitrariedades cometidas e a exacerbação de medidas de proteção e defesa que têm sido tomadas
por indivíduos sozinhos ou em grupo, estamos na verdade falando também de limites colocados
O direito a não ser processado e sentenciado a não ser pela autoridade competente, não
ser preso a não ser em flagrante ou por ordem judicial e não ser privado da liberdade sem o
devido processo legal choca-se com a existência de mecanismos privados e legalizados que
controlam e vigiam a vida dos cidadãos diariamente, chegando às vezes ao extremo de exercer
A conquista dos direitos civis no Brasil, a nosso ver, passa também pelo maior controle
da política de segurança pública e, dentro dela, por uma discussão do papel desempenhado pela
segurança privada.
Carvalho (1992) afirma que "sem a garantia das leis civis, é ilusória a cidadania civil, é
sociedade que institucionaliza e, ao mesmo tempo, fiscaliza de forma tão frágil sistemas privados
ANEXO 1
(1992):
a) Empresas sindicalizadas:
AAIB VISE
SERVIG ARKI
VIGBAN POCAPO
VIGFORT DINÂMICA
AGENTS EXECUTIVE SERVICE
SPEV ESTRELA AZUL
CONFEDERAL LIVISEG
PLESVI (*) MASEL
REAL PIRES
TRANSEGUR PROTEGE
WARRANT SEG
BICAM PROFISSIONAL
ESIC SEPROVIG
PROBAN SESVI
CENTAURO (*) TRADICOM
THOR ZENOP
SERAUCO TRANSPREV
TRANSFORTE SBIL
TOTAL: 36
ABS
APOLO
BERTEL
ANTÔNIO MARINHO
PRIVACY
SADI
VIGLEX
STARK
ESQUEMA ASSESSORIA COMERCIAL
LACROM
SR
PRO-SEG
TOTAL
MINASFORTE
RIOFORTE (**)
SOS PLANEJAMENTO TÉCNICO E ASSES. SEG. LTDA (***)
VEZÔ (***)
BRAZILFAIR (***)
PIAUÍ (***)
TOTAL: 19
(**)legalizada em 1987, após ter sido extinta por irregularidades com o nome de SERTEL.
(***) denunciada pelo SINESV por irregularidades em 1992 (julho/agosto).
- Prof. Gisálio Cerqueira Filho, diretor geral do CEUEP (Centro Unificado de Ensino e
Pesquisa), vinculado à Vice-governadoria do Estado do Rio de Janeiro.
- Dr. Nilo Batista, Secretário de Estado de Justiça, Polícia Civil e Vice-Governador do Estado
do Rio de Janeiro.
- Dr. Jorge Cipriano Alves, delegado, diretor da Divisão de Segurança de Órgãos e Sistemas,
da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.
- Dr. Cícero Sílvio Pontes Pinho, Agente do Departamento de Polícia Federal; presidente-
interino da Comissão de Vistoria das Empresas de Vigilância e Transporte de Valores da
Superintendência Regional do DPF no Rio de Janeiro.
- Dr. Alfredo Syrkis, vereador pelo PV; presidiu na Câmara Municipal do Rio de Janeiro uma
Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a apurar a utilização irregular de seguranças,
agressões e crimes ocorridos em estabelecimentos comerciais.
76
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