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A Segurança Humana e o Exército Brasileiro

na segurança das fronteiras


Resumo
Este artigo se propõe a analisar a evolução do modelo conceitual de Segurança Humana e sua aplicação na
doutrina da Força Terrestre brasileira nas fronteiras. O roteiro contempla uma visão epistemológica do conceito
de segurança, a Segurança Humana e sua ontologia nos conflitos complexos, a heurística da Segurança e Defesa
no Brasil e seu entorno estratégico e a Segurança Humana ampliando as capacidades Exército Brasileiro. Por
fim, o artigo apresenta modelos para a percepção da Segurança Humana na missão do Exército junto às
fronteiras.
Palavras-chave: Segurança Humana, Exército Brasileiro, segurança das fronteiras, Segurança e Defesa.

Abstract
This work aims to analyze the evolution of the conceptual model of Human Security and defense doctrine and its
application in the Brazilian land forces at the border. The script includes an epistemological view of the security
concept, Human Security and its ontology in complex conflicts, the heuristic of security and defense in Brazil
and its strategic environment and Human Security expanding the ca of the Brazilian Army. Finally, the paper
presents models for the perception of the Human Security at the Army mission along the border.
Keywords: Human Security, Brazilian Army, border security, security and defense.

Introdução
Segurança e Defesa tornaram-se conceitos complexos diante da necessidade de uma
abordagem humanizante nos conflitos mundiais. No Brasil, adotou-se relacionar os aspectos
de defesa territorial ao proposto como missão para as Forças Armadas, ou seja, assuntos de
Defesa, sendo que internacionalmente o tema é abordado pela definição de Segurança
Nacional.
O artigo se propõe a analisar a evolução do modelo conceitual acadêmico de
Segurança Humana e sua aplicação na doutrina da Força Terrestre brasileira. Em sua missão,
o Exército Brasileiro destina-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e,
por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem, além de atribuições subsidiárias e de
atuar, por meio de ações preventivas e repressiva, na faixa de fronteira terrestre.
Para atingir o objetivo, serão abordadas uma visão epistemológica do conceito de
Segurança, as considerações da Segurança Humana e sua ontologia nos conflitos complexos,
a heurística da Segurança e Defesa no Brasil e seu entorno estratégico, bem como a Segurança
Humana ampliando as capacidades Exército Brasileiro em sua missão nas fronteiras.
Por fim, serão apresentados dois modelos e considerações do estudo, relacionado a
aplicação das considerações da Segurança para o cumprimento da missão do Exército
Brasileiro na segurança das fronteiras.

1. Uma visão epistemológica do conceito de Segurança


Os critérios de securitização são definidos através do estabelecimento intersubjetivo
de uma ameaça existencial com resiliência suficiente para ter efeitos políticos
substanciais... a maneira de estudar a securitização é estudar o discurso e as
constelações políticas (Buzan et al., 1998, p. 23).
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A “Segurança” diz respeito a algo que precisa ser assegurado, ou seja, no aspecto
político: a nação, o Estado, o indivíduo, o grupo étnico, o meio ambiente ou o próprio planeta
e a soberania, independente da ordem (Buzan e Hansen, 2012). No entanto, o termo tornou-se
um conceito de difícil definição e padronização a nível internacional.
Importantes apontamentos do tema originam em estrategistas militares, como
Tucídides e Clausewitz, sendo mais tarde desenvolvidos por pensadores realistas e liberais,
tornando-se importante para as relações internacionais e a ciência política. Buzan e Hansen
(2012, p. 35) sustentam que o conceito de Segurança deriva de um produto do legado
histórico, cultural e de cunho profundamente político, sendo dinâmico.
Na segunda metade do século XX, o Estado permaneceu como referência analítica e
formativa do processo conceitual tradicional de Segurança e Defesa (Wolfers, 1952; Herz,
1959; Schelling, 1960). O tema abordava as responsabilidades quanto à segurança dos
Estados, principalmente em relação a suas fronteiras. Por conseguinte, dentro das fronteiras
do Estado, a segurança nacional deveria servir de referência para a proteção da nação e sua
sociedade, pelo abrigo de um Estado poderoso (Hansen, 2012, p. 33).
A visão tradicionalista aparece em estudos como o de Chipman (1992, p. 129):
O elemento estrutural da análise estratégica precisa ser a possibilidade do uso da
força... Aspectos não-militares de segurança podem ocupar mais tempo do
estrategista, mas a necessidade para as pessoas, nações, estados ou alianças em
relação à estruturação, desdobramento, engajamento ou retirada de forças militares
precisa permanecer o propósito primário da análise estratégica.
Porém, com o desenrolar do século XX os especialistas militares e acadêmicos
passaram a definir segurança para além das restrições da centralidade no Estado soberano
westfaliano. Isso porque o elemento da Paz de Westfalia, que pôs fim à Guerra dos Trinta
Anos em 1648 e seria considerada o momento fundador do poder dos Estados, poderia não
mais ser o único a interferir no processo securitizador (Buzan; Hansen, 2012, p.55).
No século XX, durante o período da Guerra Fria, o estudo da segurança esteve
centrado nos aspectos militares e na obsessão nuclear. Porém, durante esse período, ocorreu
também o esforço acadêmico para a ampliação de estudos, tal como a da Escola de
Copenhague, que mesmo que apresentando uma abordagem ainda centrada no Estado,
indicava uma tendência mais liberal (Tanno, 2003). Com o fim da pressão nuclear eminente,
no final do século, os trabalhos acadêmicos vincularam-se aos anseios de repensar a ordem
internacional no pós-Guerra Fria, em busca de restabelecimento do equilíbrio internacional.
O assunto novamente recorreu a uma transformação com as observações de estudos
construtivistas (Adler, 1999). O conceito de segurança passou a abordar a tendência da
politização humanista, considerando uma abordagem securitizadora envolvendo seu valor
concreto e o abstrato. Acompanharam a essa tendência, outras formas de definição, com
destaque para as pesquisas pela paz, os estudos feministas, a política econômica internacional,
bem como nos estudos estratégicos de segurança regionais (Buzan, Wæver e Wilde, 1998). A
nova linha de pensamento, considerava o indivíduo, as organizações não-estatais e a
população global como um todo, focando primeiramente em uma identidade social global
para então colocar a transcendência dos sistemas estatais no centro da teoria das relações
internacionais (Buzan, 2004, p. 10).
No entanto, considerava-se que, em última instância, os Estados seriam atores auto
interessados e guiados tanto pelo instinto mínimo de se resguardarem, bem como agiriam pelo
interesse de aumentarem seu poder no sistema internacional (Waltz, 1979; Monte, 2013). Em
virtude dessa evolução, Buzan (2004) apresentou uma modificação para a Escola Inglesa:
3

Figura 1: Reconstrução do debate pluritarista e solidarista

Fonte: Buzan, 2004, p. 159.


Nessas considerações, o pluralismo e solidarismo precisariam ser reposicionados e
assim serem definidos no espectro de sociedades inter-Estados, em vez de estar dentro deles.
A visão cooperativa é colocada por Robert Jackson (1992, p. 271), o mundo no virar
do século tornou-se não meramente de poder e de riqueza ou capacidade e dominação, mas de
busca pelo equilíbrio. O mundo passou a considerar o reconhecimento, associação, adesão,
igualdade, equidade, legitimidade de interesses, direitos, reciprocidade, costumes,
convenções, acordos, desacordos, disputas, ofensas, injúrias, prejuízos, reparações e todo o
vocabulário da conduta humana.
A ampliação de áreas de segurança levou a generalização do termo à questão de
ameaças e ao uso da força independente do fator estatal nas relações do sistema internacional
(Buzan, Wæver e Wilde, 1998, p. 2). Nesse sentido, os pesquisadores de relações
internacionais passaram a incorporar o vigor econômico, a estabilidade do governo, o
fornecimento de energia, a ciência e tecnologia, a disponibilidade de alimentos e recursos
naturais. A constante adaptação epistemológica tornou-se latente, com a expansão
transnacional do conceito para a securitização diante de outros atores não-estatais, como o
crime internacional (Buzan e Wæver, 2009).
Da análise apresentada, verifica-se que a evolução epistemológica da definição de
Segurança projeta-se para além do setor militar ou Estatal. O conceito passou a envolver uma
visão mais humana de paz ou guerra, pela alternância constante da cooperação e competição.
O sentido passa a compreender o componente físico, do controle de armas, e o abstrato, das
ideologias, movimentos pacifistas e ordem mundial (Buzan; Hansen, 2012, p.40). Assim, a
segurança estaria além da perspectiva realista e liberal, seja ela estratégica ou militar, sendo
necessário ampliá-la para a segurança de aspectos do indivíduo e seu bem-estar.
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2. Segurança Humana e sua ontologia nos conflitos complexos


Embora a definição de segurança humana varie, a maioria das formulações enfatiza
o bem-estar do povo. (Paris, 2015)
A noção de “Segurança Humana” é a mais recente de uma longa linha de neologismos,
incluindo segurança comum, a segurança global e segurança cooperativa, bem como as mais
abrangentes visões de segurança de que fazem uso os acadêmicos liberais e formuladores de
políticas. O conceito envolve pensar em segurança internacional e nacional para além da
esfera de defesa militar (Wolfers, 1952; Paris, 2001).
Após o fim da Guerra Fria, o objeto de estudos de segurança sofreu tanto um
"aprofundamento", bem como uma "ampliação" em suas definições. Ao aprofundar, significa
que o campo de estudos passa a ser mais disposto a considerar a segurança de indivíduos e
grupos, ao invés de focar estreitamente em ameaças externas contra os Estados. Ao ampliar,
considera-se que as ameaças de segurança podem ser não só militares, mas também em outras
áreas, tais como a escassez ou degradação ambiental, a disseminação de doenças, a
superpopulação, a migração em massa, o nacionalismo e o terrorismo, sendo valorizadas as
considerações humanas (Jones, 1999).
Dessa forma, a complexidade do assunto envolve a pouca distinção dos limites do
conflito. Quando existe uma ameaça clara, como uma guerra total, há violência direta
(Schelling, 1960). Mas segundo Schelling (1960) e Galtung (1969), a ameaça de violência não
é somente física, pois pode ser ameaça indireta, ou seja, caracterizada como algum tipo de
violência psicológica. Nesse ato competitivo entre Estados ou indivíduos, o equilíbrio do
poder no novo cenário complexo seria baseado em esforços para se obter o efeito dissuasório
(Bobbio, 1987).
A primeira declaração importante em matéria de Segurança Humana surgiu com no
Relatório de Desenvolvimento Humano 1994, do Programa de Desenvolvimento das Nações
Unidas (PNUD).
A segurança humana pode ser entendida por dois aspectos principais. Em primeiro
lugar, a segurança de tais ameaças crônicas como a fome, a doença e a repressão. E
em segundo lugar, significa proteção contra interrupções súbitas e prejudiciais nos
padrões de vida diária, seja em casa, no emprego ou nas comunidades (United
Nations, 1994, p. 22).
De acordo com a PNUD, a Segurança Humana abrange: (1) segurança econômica; (2)
segurança alimentar; (3) segurança da saúde; (4) segurança ambiental; (5) segurança pessoal
(tortura, guerra, ataques criminosos, violência doméstica, uso de drogas, suicídio e até mesmo
acidentes de trânsito); (6) segurança da comunidade (sobrevivência de culturas e grupos
étnicos); e (7) segurança política (direitos civis e políticos e liberdade) (United Nations, 1994,
p. 24).
Nessa linha, Robert Bedeski (2000) e Bajpai (2000) colocam que a Segurança Humana
inclui a totalidade do conhecimento, tecnologia, instituições e atividades que protegem,
defendem e preservam a existência da vida humana e os processos pela paz e prosperidade
coletiva, a fim de preservar a liberdade humana.
Já King e Murray (2000) oferecem uma definição de Segurança Humana que pretende
incluir apenas elementos "essenciais", ou seja, elementos que são importantes o suficiente
para que os seres humanos lutem por eles ou coloquem suas vidas ou propriedades em risco.
Nesse sentido, eles identificaram cinco indicadores-chave do bem-estar relativo da Segurança
Humana, ou seja, a pobreza, a saúde, a educação, a liberdade política e a democracia.
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Em outra visão ontológica, Laura Reed e Majid Tehranian (1999, p. 39) afirmam que
Segurança Humana inclui aspectos quanto a segurança psicológica, em uma relação respeitosa
interpessoal humana. Ainda, reúne aspectos de segurança de comunicação, com a importância
da liberdade e equilíbrio em os fluxos de informação.
Carter e Perry (1999) colocam que a complexidade do conceito único existe pela
dificuldade de identificar certos valores como mais importantes do que outros, sem fornecer
uma justificação clara para fazê-lo, torna a atividade de definir a Segurança Humana muito
relativizada a cada sociedade.
Assim, a amplidão de definições aclamaria a esforços como o de Kanti Bajpai (2000),
que propõe a construção de uma "auditoria de segurança humana", que incluiria medidas de
ameaças diretas e indiretas à segurança física individual e liberdade, bem como medidas de
capacidade de diferentes sociedades para lidar com essas ameaças, ou seja: a promoção de
normas, instituições e a representatividade nas estruturas de tomada de decisão, sendo
necessário mapear as ameaças.
Mesmo assim, no entanto, o valor do significado moral ou psicológico da ameaça,
particular em cada sociedade, não permite identificar um consenso através do tempo e espaço
em critérios necessários para governar e legitimar a intervenção. Isso ocorre porque não há
bases sólidas do significado ontológico da ameaça que só poderia, portanto, ser construído em
resposta a problemas específicos. Como não existem critérios universais e nenhuma garantia
contra as ameaças à Segurança Humana, a instituição comum precisa criar tal conhecimento,
com base em entendimentos de legitimidade compartilhada (Bellamy, 2002).
De acordo com Bellamy (2002), o processo de construção de tal legitimidade deve
dizer respeito a problemas específicos porque o conhecimento aceito e desenvolvido em uma
situação é contingente, podendo não ser acordado em outro caso. O diálogo repousa sobre um
verdadeiro consenso e não sobre a sua correspondência com a "realidade". Uma vez que a
comunidade constrói o significado moral, a ação eficaz será debatida podendo ser validada ou
rejeitada.
Na concepção mais atual, as operações militares tradicionais abriram espaço para as
operações complexas, com dimensão mais humana (Perkins, 2014), abrindo lugar a zonas de
insegurança. Nestas zonas, as pessoas comuns enfrentam uma série de riscos e perigos
cotidianos. Elas arriscam-se serem mortas, torturadas, sequestradas, roubadas, violadas ou a
fome, e a falta de abrigo e a falta de acesso aos cuidados de saúde. Além dessas ameaças,
existem os antrópicos naturais, tais como desastres, furacões, terremotos, tsunamis,
inundações ou incêndios, que fazendo com que riscos e perigos sejam muito difíceis de
eliminar, daí a preocupação com "conflito persistente" (Kaldor, 2011).
Assim sendo, o significado ontológico da Segurança Humana depende do consenso
legitimado pelas Relações Internacionais em relação às ações militares ou não-militares contra
a segurança dos Estados, sociedades, grupos e indivíduos. Existe adequação desse significado
à estratégia militar das Forças Armadas e dos órgãos de segurança pública. A compreensão da
importância da Segurança Humana permite estabelecer um método objetivo para encontrar
soluções, ou seja, a heurística da Segurança de Defesa.

3. Heurística da Segurança e Defesa no Brasil e seu entorno estratégico


A ameaça ... uma representação, um sinal, uma disposição, gesto ou manifestação
percebida como o anúncio de uma situação não desejada ou de risco para a
existência de quem percebe (Saint-Pierre, 2004., p. 23).
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Os conceitos de Segurança e Defesa envolvem filosoficamente a relação de pessoas


com herança epistemológica e em um jogo ontológico constante. Como a Segurança Humana
está inserida na natureza complexa dos conflitos, ou no ambiente transversal internacional e
nacional, os agentes públicos tem o desafio de integrar a participação de elementos de
securitização (RAND, 2010).
Nos dias atuais, compreender o problema da Segurança torna-se cada vez mais difícil.
A crescente dependência de infraestruturas nacionais e internacionais requer a segurança
humana de serviços essenciais como as telecomunicações, transportes e energia, significa que
as ameaças ou ataques podem ir além dos assuntos puramente militares e podem ter efeitos
altamente perturbadores sobre a sociedade e o bem-estar da população (RAND, 2010).
Na América Latina, a área da segurança internacional incorporou teorias e conceitos
de notável infertilidade analítica explicativa, de pobre capacidade preditiva e inconveniente
força prescritiva. Assim sendo, alguns conceitos e teorias têm sido assimilados sem valorizar
a perspectiva da realidade particular regional sul-americana (Saint-Pierre, 2012, p. 409).
Em se tratando de Defesa, a adoção de uma postura pacífica do Estado, em sua
essência, tal como a do Brasil, depende da capacidade de se tornar neutro e de manter essa
neutralidade. Segundo Bowett (1958, p.156), o desenvolvimento da neutralidade, como
instituição pela imparcialidade diante dos beligerantes, é inevitavelmente relacionada com a
rejeição do bellum iustum, com a estrita imparcialidade, sem diferenciar a guerra justa e
injusta, ou ainda não aceitar a hipótese de guerra. Portanto, seria esperado que países neutros
sejam totalmente autossuficientes em assuntos de defesa.
No entanto, as preocupações tradicionais do Estado no mundo complexo abrem espaço
para os problemas novos, tais como as migrações descontroladas, comprometendo o status
quo. A migração em massa pode carrear ameaças, colocando em risco o equilíbrio dos
Estados e bem-estar dos indivíduos, abrindo espaço para ações não estatais, como a
criminalidade internacional e terrorismo (Rodrigues, 2012; Manaut, 2011).
Para ilustrar essa tendência, pode-se observar que após período de Guerra Fria e do
atentado de 11 de setembro de 2001, a questão da segurança internacional foi permeada por
assuntos de “guerra contra as drogas” e “guerra contra o terrorismo”, delineando uma nova
perspectiva de agenda hemisférica de ameaças, ignorando muitas vezes a diferença entre a
natureza da defesa ou da segurança pela soberania tradicional do Estado (Saint-Pierre, 2012,
p. 410).
A insegurança pela criminalidade deve-se ao histórico do tráfico de drogas que
ampliou o problema para a esfera das relações dos países. Em 1972, o presidente
estadunidense Richard Nixon dizia que as drogas seriam uma ameaça à sociedade
estadunidense e que, para combatê-las, seria necessário declarar uma “guerra às drogas”. Esse
discurso baseava-se na divisão do mundo em dois blocos: o dos países produtores e dos países
consumidores de drogas, em um movimento transversal entre Estados (Rodrigues, 2012, p.
16).
Essa visão com relação à criminalidade transversal ressalta a preocupação
securitizadora com relação as fronteiras e as relações sul-americanas do Brasil. Isso pode ser
verificado no documento do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC), de
26 de junho de 2013. O relatório comunicou que existe forte correlação entre as altas taxas de
violência e o tráfico de drogas na América Latina, em virtude de existir grande produção de
drogas em países limítrofes, que aproveitam a natureza transfronteiriça e a falta de controle na
região (Manaut, 2011). O aviso diz que, na América do Sul, o Brasil seria um importante
entreposto para tráfico internacional de cocaína, principalmente para Europa. Ainda, o Brasil
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encabeçaria a lista da origem de cocaína e crack apreendidas no mundo, à frente de Colômbia,


Bolívia e Peru, que são os produtores de 100% da folha de coca mundial (United Nations,
2013, p. 43).
As ameaças referidas fomentam um múltiplo desconforto nas relações entre o poder
político do Estados e a estrutura de Defesa Nacional do Brasil. Portanto, verifica-se que a
capacidade de segurança precisa ser ampliada por um continuum de segurança que se
estenderia pela fronteira sul-americana, a fim de conseguir integrar os objetivos de defesa em
todo o entorno estratégico, com papel fundamental das ações civis e militares relacionadas à
Segurança Humana (Oliveira, 2009).
A dificuldade na heurística do papel securitizador brasileiro, com relação ao tema das
fronteiras, iniciou no aparato antidrogas do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-
2002), com a criação em 1996 da Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), vinculada à Casa
Militar da Presidência da República. A mediada previa que a Secretaria Executiva do
Conselho Nacional Antidrogas centralizasse o combate ao narcotráfico (Medida Provisória
1669) (Rodrigues, 2012).
Em sequência, a lei sobre drogas – Lei 11.343, do governo de Lula da Silva,
introduziu a distinção entre “usuários” e “traficantes”, agregando a distinção humana ao
problema. Ainda, colocou a segurança pública no controle do tráfico internacional de drogas,
sob responsabilidade da Polícia Federal. No entanto, a investigação policial permaneceria nos
departamentos especializados das Polícias Civis estaduais e a repressão imediata e ostensiva
continuaria com as Polícias Militares.
A complexa estrutura, no entanto, não demonstrou ser suficiente. Isso porque na lei
mencionada não havia a determinação de que as Forças Armadas devessem participar do
combate ao narcotráfico. Assim, surgiu a Lei Complementar n. 97, que dispõe sobre a
organização o preparo e o emprego das Forças Armadas (Brasil, 1999), atualizada pela Lei
complementar n. 136, que regula a ação conjunta das Forças Armadas (Brasil, 2010). Essas
decisões aumentaram a participação dos militares na repressão às chamadas atividades ilícitas
transnacionais, principalmente em relação ao controle das fronteiras (Rodrigues, 2012).
Contudo, conforme Buzan e Weaver (2009, p. 256), não basta a repressão direta: “a
solução seria ampliar a visão para além do sistema securitizador nacional brasileiro, com
propósito de para além do Estado e da nação ...onde um conjunto de securitizações
interligadas são parte da estrutura da sociedade internacional”.
Como visto, a Segurança reúne o complexo de elementos de natureza diferente
(ameaça, perigo, desafio, inimigo), de origens variadas (sociais, políticas, econômicas,
ambientais, energéticas). Tais elementos, por esse motivo, requerem vários tipos de respostas
(econômicas, de saúde pública, culturais, educativas, militares, policiais), em conjunto,
articuladas por diferentes agências participes da Defesa Nacional, bem como pela sociedade
(Saint-Pierre, 2012, p. 410).

4. Segurança Humana ampliando as capacidades Exército Brasileiro em sua missão nas


fronteiras
Desde que a força é o meio mais resolutivo para exercer o domínio do homem sobre
o homem, quem detém o uso deste meio com a exclusão de todos os demais dentro
de certas fronteiras é quem tem, dentro destas fronteiras, a soberania entendida como
summa potestas, como poder supremo. (Bobbio, 1987, p. 81).
Saint-Pierre, Junior e Montoya (2014), ressalta que existe fragilidade nos processos
hemisféricos vigentes de cooperação em Defesa, principalmente em regiões sem conflito
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armado. Com isso ressalta-se a importância da ação dos Estados com relação a proteção e
segurança de suas fronteiras.
O tema da Segurança e Defesa recuperou-se nas Relações Internacionais com foco na
América do Sul na última década, culminando na criação do Conselho Sul-americano de
Defesa (CDS). A percepção do Brasil é de uma nova via de cooperação multilateral e um foro
regional de antecipação, prevenção e resolução de conflitos e crises na América do Sul. Além
disso, as Forças Armadas sul-americanas buscam adequar-se ao cenário atual com a
restruturação de suas capacidades e missões. Nesse sentido, o Exército Brasileiro tem buscado
otimizar sua atuação por projetos reestruturastes e ações que permitam cumprir sua missão
constitucional de defesa da integridade territorial e a segurança da fronteira (BRASIL, 2012a).
Recentemente, foram elaborados os documentos de Defesa do Brasil: a Política
Nacional de Defesa - PND (Brasil, 2012a), a Estratégia Nacional de Defesa - END (Brasil,
2012b) e o Livro Branco de Defesa Nacional - LBDN (Brasil, 2012b). Assim, o Brasil
demostra estar comprometido com o esforço integrador, pela reunião de especialistas civis e
militares em assuntos de Defesa e pela capacitação do contingente das Forças Armadas. A
END estabeleceu metas para o planejamento das forças singulares, classificando-as em metas
de curto prazo (até 2014), de médio prazo (entre 2015 e 2022) e de longo prazo (entre 2024 e
2030).
Nesse sentido, como coloca Silva (2013, p. 118), merece destaque o projeto de
transformação do Exército Brasileiro chamado de PROFORÇA. Esse projeto nasceu da
percepção de que as atuais capacidades do EB se encontravam dissociadas da atual estatura
político-estratégica do Brasil:
O processo de Transformação do Exército tem sua origem no diagnóstico de que o
Exército Brasileiro não dispõe de capacidades compatíveis com a rápida evolução da
estatura político estratégica do Brasil, que caminha, rapidamente, para ocupar a
condição de potência mundial. Percebeu-se que a modernização da Força Terrestre
era incipiente e que a atual conjuntura demandava um processo bem mais amplo de
mudança: a Transformação.
Observando o proposto no PROFORÇA, verifica-se a evolução da natureza dos
conflitos armados e o alinhamento da Forças Terrestre com a era do conhecimento e da
Segurança Humana (Silva, 2013):
- consciência situacional, provida por sensores e redes de transmissão de dados;
- enfoque em conceitos como proteção/sobrevivência, bem-estar, comunicações em
tempo real, armamento com flexibilidade de emprego, e operações continuadas;
- obtenção de superioridade em informações de combate (lato sensu);
- ativação, em escalões táticos, de células de assuntos civis;
- racionalização das estruturas operacionais e de apoio;
- desenvolvimento da capacidade de atuar com liberdade de ação no espaço
cibernético.
As ações do PROFORÇA estão também na END (Brasil, 2012b), que prevê: a
Estratégia da Presença; a cooperação Militar Regional; a mobilidade; a segurança de
infraestruturas críticas; a capacidade de atuação no espaço cibernético; o atendimento à
garantia da lei e da ordem (GLO) e as atribuições subsidiárias. Assim, como coloca Schelling
(1960, p. 12), o Exército estabeleceu-se como instrumento militar capaz contribuir
decisivamente para que a Nação Brasileira supere crises e vença as ameaças pela forte
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dissuasão, visto que não há o interesse de ganhar territórios ou de se fazer a guerra, mas
apenas para defender os interesses nacionais.
Outro importante projeto da reestruturação da ação das Forças Armadas foi tornar-se
mais presente pelo monitoramento, controle e atuação nas fronteiras terrestres. Isso foi
possível pelo advento do Sistema de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), com vistas a
garantir a inviolabilidade territorial, redução de problemas na faixa de fronteira, e
interoperabilidade com agências nacionais e cooperação regional (Silva, 2013, p. 125).
Nesse contexto, é importante entender, tal como em Milner (1997), que a política
externa deve ser identificada como conectada à política interna, pois se define um continuum
do processo de decisão, sob uma estrutura poliárquica englobando o todo como política
pública, em um campo mais amplo e não diverso. Hoje, as Forças Armadas precisam
enfrentar o desconhecido e os desafios das novas ameaças para vencer em um mundo
complexo. Vencer envolve que os níveis tático, operacional e estratégico da guerra e os
tomadores de decisão atuem em um ambiente conjunto, de interagência, intergovernamental e
multinacional (Perkins, 2014, p. 66).
Em países da América Latina, incluindo o Brasil, a segurança nacional tem como
finalidade não somente a defesa do país contra uma ameaça externa, mas também para apoiar
o crescimento da economia e unificar a sociedade. Em reciprocidade de raciocínio, entende-se
que o desenvolvimento da economia e da sociedade depende do fortalecimento da segurança
(Ball, 2014, p. 41). Nessa linha, principalmente nas fronteiras, as ações do continuum de
segurança nas demandas por defesa nacional, bem como por outros bens e serviços públicos,
poderiam ser classificadas como uma oportunidade para a integração, com a inserção do
assunto no debate das políticas públicas nacionais do continente (Almeida, 2010, p. 230).
Por fim, segundo o Comandante do Exército Brasileiro1, a transformação das Forças
Armadas dependerá do equilíbrio da inovação com a tradição, do fator humano com a
tecnologia, a fim de adequar as necessidades do presente com as perspectivas do futuro, onde
se encaixam as considerações da Segurança Humana.

5. Modelos
a) Modelo 1 - campos
Buzan (2009) desenvolveu um modelo para os assuntos de Segurança no qual amplia a
questão às coletividades humanas (e não apenas Estados). A preferência de Buzan era que o
estudo da segurança militar deve ser visto como um subconjunto de estudos de Segurança e
Defesa, em uma interação estratégica com outros setores, a fim de evitar confusões
desnecessárias para solucionar os problemas das Forças Armadas junto as fronteiras:
- campo militar: preocupado com a interação entre as capacidades ofensivas e
defensivas armadas dos Estados e percepções de intenções de cada um dos Estados;
- campo político: focado na estabilidade organizacional dos Estados, sistemas de
governo e as ideologias que lhes dão sua legitimidade;
- campo econômico: gira em torno de acesso aos recursos, finanças e mercados
necessários para sustentar níveis aceitáveis de bem-estar e poder do Estado;

1
Palestra do Comandante do Exército, General-de-Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, na Escola de
Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), no dia 21 de agosto de 2015.
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- campo social: centrado na sustentabilidade e evolução dos padrões tradicionais de


sociedade, língua, cultura, costumes e identidade religiosa;
- campo ambiental: preocupado com a manutenção do local e da biosfera planetária
como o sistema de apoio essencial sobre o qual todos os outros empreendimentos humanos
dependem.
A ação do Exército, considerando os campos da Segurança Humana, permite o sucesso
da operação por abrir o empreendimento para a participação dos demais expressões de
poderes de Defesa Nacional, surtindo o efeito desejado de segurança na faixa de fronteira.
b) Modelo 2 – cenários de ameaças
Como proposta para o mapeamento de ameaças para estabelecer cenários prospectivos
para a ação do Exército nas fronteiras, pode ser adotado o modelo de Paris (2001) que propõe
uma matriz com quatro quadrantes para os estudos de Segurança:
Tabela 1: Fonte da ameaça da segurança.
Segurança para quem? Militares Militares, não-militares,
ou ambos
Estados Célula 1 Célula 2
Segurança Nacional Segurança redefinida
(Visão convencional (ex. ambiental e segurança
realista quanto aos estudos econômica)
de segurança)
Sociedades, grupos e Célula 3 Célula 4
indivíduos Segurança Intra-estado Segurança Humana
(ex. guerra civil, conflito (ex. ameaças ambientais e
étnico) econômicas contra a
sobrevivência dos grupos e
indivíduos)
Fonte: Paris, 2001, p. 98.
Celula 1 - contém atividades que se concentram em ameaças militares contra a
segurança dos Estados. Realistas convencionais tendem a adotar essa perspectiva, que
tradicionalmente tem dominado estudos de segurança;
Celula 2 - abrange ameaças militares e não-militares para a segurança nacional dos
Estados, incluindo os desafios ambientais e econômicos;
Celula 3 - inclui ações que se concentram em ameaças militares contra sociedades,
grupos e indivíduos, com a prevalência da violência intra-estatal;
Celula 4 - relacionada às ações militares ou não-militares contra a segurança dos
Estados, sociedades, grupos e indivíduos.
Todos os cenários enquadram ameaças na categoria de pesquisa da Segurança Humana
e devem ser consideradas no planejamento da ação junto às fronteiras.
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Considerações finais
Em virtude do analisado, o conceito de Segurança Humana mostra-se ajustado às
ações do Exército Brasileiro nas fronteiras. A complexidade dos conflitos evolui
constantemente, com diferenças e semelhanças mundiais, ao mesmo tempo, podendo facilitar
em alguns aspectos e dificultar a heurística em outros.
A nível continental, existe uma ineficácia da heurística de segurança, pela dificuldade
epistemológica e ontológica de estabelecer uma agenda única de segurança hemisférica que
pudesse conter uma lista de ameaças comuns a todos os países do continente. A variação
dessas possibilidades dificulta construir cenários prospectivos para uma ação conjunta nas
fronteiras. Além disso, no entorno estratégico do Brasil, existe uma precaução de analistas
com relação à “securitização” dos problemas da região e da militarização da resposta,
principalmente em casos de urgência e comoção nacional.
A nível nacional, segundo Saint-Pierre (2012, p. 416), em muitos casos, a única
instância institucional com capacidade de mobilização com que contam alguns países, como o
Brasil, são as suas Forças Armadas. Essa tendência para a solução militar securitizadora deve-
se principalmente à capacidade da pronta resposta das Forças Armadas junto às fronteiras,
bem como da sua adaptação à visão da Segurança Humana, pela ação em casos de catástrofes
naturais, de apoio ao combate ao crime.
No entanto, constitucionalmente a ação de segurança atribuída ao Exército Brasileiro
precisa estar centrada no exercício da soberania e consiste, antes de mais nada, em neutralizar
os conflitos, mantendo-os sob controle dentro dos limites da segurança de todos cidadãos
(Schmitt, 1984).
Dessa forma, pela complexidade das ações, mesmo que o Exército Brasileiro em sua
missão constitucional possa atuar em ações subsidiárias, não exime as demais autoridades
civis de suas atribuições, principalmente por parte dos órgãos de segurança pública. Mesmo
porque, a ação do Exército Brasileiro depende, em todos esses casos, dos ordenamentos
jurídicos e a função subsidiária das Forças Armadas nessas missões.
Por fim, a missão do Exército Brasileiro junto as fronteiras tornou-se um desafio
constante e precisa adequar sua estrutura às necessidades dos cenários da Segurança Humana.

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