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SMUEP*rown N To

de frei José Sonhi.


Sophia
Filosofia
da
Igualente
crlética&
a

EscolRstica, elogia Descartes.


cartes e Gassendi Natividade da
entretanto, destas considera
a

Moa
Manso. que critica ibniz. A despeito, entretanto
de Locke
e de e
doutrinas colonial,
coloni éé mais
mais tardia- no
tardia outras
século XIX
-

periodo
1s
tilosóticas no
XIx
anifestais

integraçäo
das ideias
iluministas
pensamento brasileiro.
efetiva
a

PSICOLOGIA NOS
LIVROS DE FILOSOFIA DO SECULO XIY

alterações dos quadros politicos e econômicosmicos do país,


As profundas XIA, decorrentes transplantac.
da
decênios do século d
proclamação da indeno
nrimoinas
da
Brasil (lS08)e Icia
para o
corte portuguesa
do Brasil (1822),
estão ligadas mudancas da grande
fundação do Império claramente os contorna
D e t i n e m - s e mais de
na nossa
vida cultural.
porte as matrizes portuguesas e aleta
menos atrelada
DOVa visão do mundo,
21:3
ate entao exerciam influência limitada
idéias. a outras culturas, que
a novas meios citadinos da colônia. Introdu7.
acanhados e e s c a s s o S
nula. nos antes
ou
livros e impressos e m geral no país, com a

se a impressão
regular de
Rio de Janeiro. Admite-se agora
Régia em 1808,
no
instalação da Impressão fábricas no Brasil
manufaturas e
estabelecimento de
o exclusivo dos conventos e
Instrução e livros deixam de ser apanágio
cadeiras e laboratórios
com a criação de
escolas, cursos,
colégios religiosos, oficiais. "Quase
engenheiros, médicos, cirurgiðes,
de técnicos,
para a formação cuidado de utilidade prática
e

toda a obra de D.
João VI, impelida pelo
escolástico e literário
com o problema
imediata ruptura completa
[...] foi uma

Azevedo (1971, p. 571).


do período colonial", diz inclui consideraçóes
Filosofia impresso no Brasil
O primeiro livro de
entre 1813 e 1816,
sob a forma de publicaçao
de natureza psicológica e surge /07
Silvestre Pinheiro Ferreira (
seriada. São as Preleções filosóficas,
de
ministradas P
Reúnem textos de aulas
46), conselheiro de D. João. de Ferreire
de
de São Joaquim. As teses
fundamentais r
autor no Real Colégio
revelam um empirismo que, curiosamente, procura conciliar Al às
e
Psicologia
à
Locke, e as últimas preleções são dedicadas à ética,
possibilidades de uma gramática universal.
ncebe
con cet
não
Ferreira

Pinheiro
A exemplo do comum dos piristas, Silvestre
ncias interiores

as
a s as
sensações externas, mas a estas equipara

148
A Psicon.0A O tAS,

as iltimas éoa e repousa a sua delesa da existëncin da alma |..|. A


observacio
Nestas
dos fenomenos uinculados a fornnaçio das sdéias c à atividade indica quc a
vincula

tos exige lanto a ação de n


"agente" como certo estado
maduçãode
à pessoa, quc chama de disposiçio, Isto cxplicaria quc a cetas açöes
xeuliar.
nclsempre se sigann os CieOs que seriam de esperar. No caso
corpóneas

c ncÖes mentais, a oservaça0 os revela algo de muito importantc.


»rticular das
"verificando-se a razão o
Agente como a disposição no
Paciente
Ocon

zes acontece não se seguir neste o corTespondentc cfeito. Para se


muitas

das
idade das
singularidade
ações nentais
é quc sc
designar
csta cmprega a palavra
iberdade"..]. Os atos voluntários||..]oussão instintivos ou livres. Os primeiros
o plano
plano :a que se acham adstritos os animais. Os segundos são próprios
resumem
o

humano (Paim, 1974, pp. 195-6).


do cspírito

Ferreira trata tambén das paixões. Equipara-as às sensações e as


encara no conte
ntexto do gosto (estética artes) e como atos morais. O interesse
redundará na publicação, na década de
particular
de.Ferreira pela Psicologia
francês, de um Ensaio de Psicologia. Dele aparecerá ainda, em
20, em
em 1839
portugues, em 1839, a obra Noções elementares de Filosofia Geral e
às Ciências Morais e Políticas: Ontologia, Psicologia,
Aplicada
1nloeia. Ele se considera discípulo de Aristóteles, Bacon, Leibniz, Locke.

Condillac e adverso às idéias de Kant, Fichte, Schelling, dos modernos da


e dos ecléticos.
França
Também filiado às idéias de Locke, Condillac e Leibniz, mas

particularmente admirador do
"ecletismo espiritual" de Victor Cousin, éfrei
Em seu
Francisco de Mont'Alverne (1784-1858), famoso por sua oratória.
Compêndio de Filosofia (póstumo, 1859), ele se refere a Cousin como um
desses "gênios, nascidos para revelar os prodígios da razão humana'". Cousin
valia-se de um método psicológico, tido como fundamento último da Filosofia,
introspecção base experimental. Além de
que não passava de sem

Mont'Alveme, vários outros autores de textos filosóficos do século passado


sofreram a influência dos escritos de Cousin.
De maior interesse do que Mont' Alvene para a história da Psicologia
no Brasil são Eduardo Ferreira França (1809-1857) e Domingos José
Gonçalves de Magalhäes (1811-1882), igualmente adeptos do ecletismo
espiritualista de base psicológica, com raízes em Victor Cousin e Maine de
Biran. O primeiro, médico e professor baiano formado em Paris, defendeu

149
SAMUEL PFROMM NETTO

em aue procurava provar as relaçoes entre tipos de

entre as pessoas
e as naçoes. Foi profesoo
da alimentaç e
diferenças
Medicina da Bahiae deputado.
Segundo suas próprias aculdade
avras,1mbuis
das idéias da
escola sensualista e tornou-se discípulo do iu-se
convencendo-se "de que
nada havia além da matéria e
que materialismo,
o
espírito
função de um . ) . Materialista, encontrava e
órgo era
uma simples em
aflito até". Suas reflexões, a partir mim um
um
vazio, andava inquieto, de então,
0 "duvidar de muitas coisas que tinha como verdades denmona fizer:ram-
a nrofundo Maine de Biran contribuiu especialmente para esclare ..e
cer a minh
inteligéncia" (França, 1973, pp. 50-1). Inspirado, pois, principalmen
e na
Psicologia de Maine de Biran, França redigiu sua obra Iveei
tigações «
Psicologia (1854), livro singulare cheio de ideias fecundas, cuja
reavaliao
1ação
só se vem fazendo nos últimos anos, graças a reedição da obra, em 197
França começa seu livro com uma caracteização dos fenômenos de
consciência, uma distribuiçao dos estados do eu em cinco ordens (fatos
afetivos oumodificativos; fatos intelectuais ou cognoscitivos; atos da vontade
ou volições; atos involuntários ou instintivos; e fatos mistos sensações e -

moções) e uma conceituação da Psicologia como estudo do espírito humano


que tem por fim "observar os fenômenos da alma, classificá-los, deduzir suas
leis e aplicá-las" (p. 78). Trata no livro dois da modificabilidade; no livro
três,
da motividade; no livro das faculdades intelectuais (percepção,
quatro,
sensação, sono e sonho, consciência, razão, memória, imaginação, atenção,
abstração e outros); no livro cinco, dos instintos, divididos em físicos,
intelectuais e sociais/morais; no livro seis, da vontade.
Gonçalves de Magalhes, cujas idéias foram objeto de um estudo
fundamental de Barros (1973),
em 1858 e A
publicou seu livro Fatos do espírito huano
alma e o cérebro, estudos de Fisiologa
16/0.
ePsicologia
primeiro, impresso em português em Paris e editado em frances um
e
anodepois, apóia-se no sistema de Cousin e defende a tese de que
eo ponto de partida de todas as ciências filosóficas é a Psicologla,
Clas sao da ysuas
ampliações e aplicações [...]. As leis gerais dos
relaçoes Ihe são fornecidas fenomeo irismo

ae
pelas ciências empíricas". Opõe-se ao "
Locke e sensualismo de Condillac:
ao nega que
pensamento e as
critica
a Frenologa *
do
idéias sejam simples produtos materiais
cérebro. A
Psicologia secreções prouu ou não

podem produzir
há de investigar o eu, "um e
uma só D o e,
sensação Sem
-

sem aa cooperação dessa potência


cooperaçao

150
('ondille dewmhecen" (cit.
por Barnos, p.
das distinçoS Cnm NeUNIno inpICSNNO, Cntic ensaçho
e 20). Trata
aniuml (o prnei0 e guicdo peln
Jd co
e percepçho, cntre
o animal e
conmeiéncia, pelo eu. cect
ade, cnquuto guindo apo pela força vital). Cosidera a
po e n alhna e a vidu

im A alma
e o céebo, Magallhics propóe que "há
l é n do cérelbro", ncceHNárla para
ineontetavclmente
alguma cOisa
explicaçño das funçes
itatocérebro pocle ser
do spiri
um
Instrumenlo da alma, Magalhács usA
d jologia os dados das próprias Anatomia e Fisiologia, assim com
con Psicologia. Realirma sua doutrina da liberdade, sa
conciliação com
preinciu, seu imaterialismo C, contorme registra Barros, cshoça uma
e certos lilósofos naluraistas, ancestrais dos behavioristas:

Com exemplos tirados dos alos instintivos dos animais, interpretados

diversamente, pretendem alguns ilósolos naluralistas explicar os atos


Duramente humanos: como se loSSe mais lácil e acertado estudar o caráter
intelectual e moral do homem em um estranho, de natureza diversa, do quc
em si mesmo, e menos duvidoSO procurar a verdade por analogias, quando
se pode achá-la diretamente (cil. por Barros, p. 238).

O espiritualismo tomista encontrou no paraibano José Soriano de Sousa


1833-1895) seu mais ilustre representante no século XIX. Ele viveu e lecionou
Filosofia e Direcito no Recife, embora fosse médico. Maccdo (1978) assinala que
"ainda não se fez justiça ao empenho filosófico de Soriano, ridicularizado por
Silvio Romero e nos artigos de Tobias Barreto'". Em Lições de Filosofa
Elementar (1871), os 21 capítulos que compõem a terceira parte da obra versam
exclusivamente sobre Psicologia (pp. 190-356). Fundamenta-se na Psicologia de
São Tomás de Aquino e expõe o essencial desta de modo claro, didático, mas
cta freqientemente outros autores como Descartes, Malebranche, Berkeley,
Locke, Kant, Bacon, T. Reid, Hume, Leibniz, Fichte, Santo Agostinho, Balmes
Bossuet, Hegel, Rosmini e Condillac. Alguns dos tópicos versados na obra sao
d rSicologia como ciência da alma e os dois métodos que emprega - o empirico

o Tacionalista , observando-se que nenhum desses métodos exclusivamente

pregado é suficiente; a sensibilidade, inteligência (entendimento) e vontade


o As trës faculdades matrizes; natureza e origem da sensaço; imaginaçao
O , feminiscência e associacão de idéias - variedades de memoria, regas

151
SAMIL T'oM NTT

opeiaçCs da inteligência;
de mnemotéenica: abstração; cons
e vontade:
eu Ou ersOnalidade humana,
ibendadc
o
sua
unidade psicolog
positivismo
identilarle
Contrasta com o espiritualismo cclético do séculs

nortcaram Suas ideias pelo sistema de A. passado a postn


daqueles que
determo-nos
Auguste Comte. Co
aqui na análise da miríacde
impossível omo
positivisno apresenta para
o pensamento psicológico, limitc spectos
ectos que
Pereira Barreto (1840-1923) t s
a contribuição de Luís autor da tese A slrar
das gasIralgias e das nevroses em geral (1865), de interecc
sse em
teoeoria
virtude
da ênfase que dá à origem social das doenças, decorrendo ec
endo estas da
do equilíbrio orgânico da sociedade, da anarquia das crenças; e
e dos v ruptura
umes
de As três Filosofias (1874, 1876), nos quais a realidade rumes
interpretada à luz dos princípios de din mica social de Comte rasileira
Mencione-se, finalmente, como destaques no quadro filosófico bracit
do século XIX que apresentam interesse para o psicólogo, a divula
ileiro
das
idéias de Kant no Brasil, em Itu, São Paulo, pelo padre Diogo Antoni
(Cadernos de Filosofia, 1967; v. Reale, 1976) - primeiras mencães Feijó
em
nosso meio, do nativismo kantiarno que conquistou um lugar duradouro
na
Psicologia (intuição a priori do espaço e do tempo); e o germanismo da
Escola de Recife", liderada por Tobias Barreto de Meneses (1839-1 8RO)
o crítico impiedoso, por um lado, do espiritualismo, quer eclético (cousiniano
quer tomista, e, por outro, do positivismo. Influenciado pelas idéias de F. A.
von Helmholtz e L. Noiré, Barreto
Lange, E. Von Hartmann, Kant, H.
sobre a
assinou estudos como Uma questão de Psicologia (1869),
A ciência da alma
motricidade; A religião perante a Psicologia (1870);
concebida como
ainda e sempre contestada (1871), crítica à Psicologia
inacabado (1874).
ciência da alma; e Sobre a Filosofia do Inconsciente,
Embora pertencendo ao século XX, ligam-se à tradição espiritualista
dos livros de Filosofia do século XIX as obras do cearense
da Psicologia
Raimundo Farias (1895-1905), A
Brito (1862-1917): Finalidade do mundo
verdade como regra das ações (1905), e sobretudo A base fisica
injustas,
espírito (1912) e O mundo interior (1914). Alvo de apreciações
as
crilicas tendenciosas e interpretações muito discutíveis, só recenten
livro
dclas de Farias Brito vêm sendo devidamente reavaliadas, a parti

152
A Psico 0,IA Ag BRAsi

por Mattos
c o n s a g r a d o (1962).
Dois aspectos
destas
idéias interessam
a
elas
nte ài
icularmentle
partic
à Psicologia: a revisão crítica que Farias Brito faz da
históra
Psicologia, com extensas e lúcidas considerações informações
e
sobre a
da
da

Eyperimental
Psicologia Experim até a primeira década do século XX (Wundt, Binet,
Titchener, aEscola de Wurzburgo) e que termina
Esco
com uma nota pessimista
da Psicologia no Brasil: "E nosso país, infelizmente, não temos
da h
respeito

cousa alguma de que se possa aqui fazer menço"


a
(Brito, 1953, p. 254); e
tável coincidêi idência com as inspirações básicas das correntes mais
adernas. a fenomenológica e a existencial'", notada por F. G. Sturn (cit. por
Mattos. 1978. pp. 48-9). O processo de reabilitação de Farias Brito apenas
começou. e é de se esperar que os psicólogos participem deste processo.

APSICOLOGIA COMO CIËNCIA AUTÓNOMA

No outono de 1879, "foram realizadas algumas pesquisas independentes"


na laboratório de Psicologia Experimental, instalado na Universidade de Leipzig

por Wilhelm registro do início dessas atividades de pesquisa, feito


Wundt. O

Delo próprio Wundt, tem sido geralmente aceito como uma espécie de certidão
de nascimento da Psicologia como ciëncia autönoma, muito embora várias
obras neste novo domínio das ciências tenham sido publicadas entre 1856 e
1885, com o registro de pesquisas igualmente fundamentais, realizadas por
Helmholtz, Fechner, Galton, Ribot, Ebbinghaus. E inegável, entretanto, que o
laboratório pioneiro de Wundt passou logo a ser o centro de atração de todos
quantos, em qualquer parte do mundo, desejassem dedicar-se ao estudo científico,
empírico da Psicologia. Fundada igualmente por Wundt, surgiu em 1881 a
primeira revista destinada à divulgação de trabalhos científicos de Psicologia.
Entre 1883 e o final do século passado, muitos outros laboratórios
Surgiram em diferentes países. Instalados em universidades e criados para
Tins de pesquisa e ensino, ocupavam algumas salas e, obedientes ao modelo
wundtiano, realizavam estudos sobre "1) análise de sensações, 2) medição
E Lempo de processos mentais, 3) senso temporal e 4) atenção, memoria,
interessante
caçao de idéias" (ver Sahakian, 1975, p. 134, para uma
CTZaçao das origens, natureza e funcionamento dos primeiros
laboratórios de Psicologia do mund0).
A história dos laboratórios brasileiros de Psicologia é muito imprecisa
Com ale 1934 o país não contava com universidades para sedi-los, oS

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