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1. INTRODUÇÃO:
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Material didático organizado por Ana Guiomar Rêgo Souza.
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Cf. Castagna, Paulo. Introdução ao Estudo da Música (Erudita) no Brasil. Disponibilizado no
endereço www.ia.unesp.br/area_aluno/musica/download.php Acesso 14/05/2009
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2. CRONOLOGIA:3
1500: Descobrimento do Brasil 1500: Pero Vaz de Caminha 1500: descrições da música
Carta a D. Manuel indígena (viajantes).
1532: Início da Colonização 1549-1759: Jesuítas utilizam a
música como instrumento de
catequese: cantochão e cantigas
1549: Fundação de Salvador; em latim e tupi; encenação de
chegada do primeiro Governador autos; música polifônica co
Geral; início da colonização e das vozes e instrumentos para as
missões jesuíticas. procissões e liturgia. Música
1578: Jean de Léry propriamente indígena proibida
Viagem à Terra do Brasil pela Igreja e pela Coroa em todo
período colonial.
1534-1597: vida do poeta jesuíta
José de Anchieta 1580: proliferação das “capelas”
particulares – grupos de músicos,
talvez indígenas, que aprenderam
música com os jesuítas.
1700 a 1750:
►Introdução no país (através das
Irmandades) dos primeiros
instrumentos de cordas para
atuarem nas festas.
1726: Descoberta das minas de ►Coexistência do estilo antigo
ouro em Goiás. com estilo moderno.
► Primeiros manuscritos
musicais brasileiros conhecidos
1725-1735: Implantação do (1730): Grupo de Mogi das
sistema da Derrama.i 1724-1759: fase áurea do Cruzes.
Arcadismo.
↓ 1705-1739: Antônio José da
Escola literária surgida na Silva – “o Judeu”. Grande
Europa no século XVIII. O nome sucesso em Lisboa. Teatro
dessa escola é uma referência à cênico musical satírico encenado
Arcádia, região bucólica do em Lisboa e em várias cidades
Peloponeso, na Grécia, tida brasileiras, inclusive
como ideal de inspiração Pirenópolis/GO
poética. No Brasil, o ↓
movimento árcade toma forma . Anfitrião
a partir da segunda metade do . Os Encantos de Medeia
século XVIII. . Labirinto de Creta
1759: Expulsão dos jesuítas e
. Guerras do Alecrim e
extinção das missões. • Introdução de paisagens Manjerona
tropicais - Caramuru . As Variedades de Proteu etc.
(criação de Frei José de
Santa Rita Durão) 1729 em diante: surgimento de
• História colonial muito Casas de Óperas, dentre outras,
valorizada em Salvador, Rio de Janeiro,
• Início da luta pela Recife, Belém, Porto Alegre,
independência - Tomás Minas Gerais, Goiás
Antônio Gonzaga
("primeira cabeça da 1750-1800: Música Profana
inconfidência" segundo ● Cantatas
Joaquim Silvério, delator ● Óperas:
1762-1763: Aplicação da da Inconfidência (Dramas/Tragédias/Comédias
primeira Derrama nas Minas. Mineira) etc.)
● Danças luso-brasileiras:
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1719-1789: Recife
► Luís Álvares Pinto:
1768: Cláudio Manoel da . Tratado Arte de Solfejar
Costa . Te Deum: para quatro vozes
Obras poéticas mistas e baixo contínuo. Estilo
mais próximo do Barroco que do
classicismo.
. Salve Regina: para três vozes
mistas, dois violinos e baixo.
. Divertimentos Harmônicos
► Música Religiosa:
. Manteve a homofonia, mas a
orquestra tornou-se maior e
mais brilhante e os solos vocais
adquiriram um caráter
virtuosístico e teatral.
. Nesse estilo compuseram:
. José Maurício Nunes Garcia
e Marcos Portugal no Rio de
Janeiro
. João de Deus de Castro Lobo,
Antônio dos Santos Cunha e
outros em Minas Gerais.
1831-1840: Regências
ou ao violão.
► Publicação de árias,
modinhas e lundus em
português (1837) no Rio, a
Publicação de árias, modinhas e
lundus. Estilo: hibridação da
tradição luso-brasileira com as
novidades italianas e francesas.
Autores: Cândido Inácio da
Silva e Gabriel Fernandes da
Trindade.
1917: Villa-Lobos
1831 -1840: Período das Uirapuru
Regências marcando, no Brasil,
uma fase de instabilidade política e 1920-1929: Villa-Lobos
econômica Choros
1989-2002: Neoliberalismo
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Cf. texto completo em CASTAGNA, Paulo. O ‘estilo antigo’ no Brasil, nos séculos XVIII e XIX. I
COLÓQUIO INTERNACIONAL A MÚSICA NO BRASIL COLONIAL, Lisboa, 9-11 out. 2000.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p.171-215.
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5
Cf. Castagna, Paul; Trindade, Jaelson. Música pré-barroca luso-americana: o grupo de Mogi das
Cruzes. Departamento de Artes da UFPR. Revista Eletrônica de Musicologia. Vol. 1.2/Dezembro de
1996.
6
Souza, Ana Guiomar Rêgo. Op. Cit.
12
7
Ibidem
13
CARACTERÍSTICAS GERAIS 9
8
Ibidem.
9
Castagna, Paulo.
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5. Coro era normalmente constituído por quatro pessoas: três homens para
as vozes de “baixa”, tenor e contralto (este último falsetista) e uma
criança para o “tiple” (soprano);
↓
Resultado da utilização do estilo pré-clássico italiano, tal como
assimilado pela música religiosa portuguesa, porém com o emprego de
reminiscências barrocas e mesmo pré-barrocas.
► Para-litúrgica (ou não litúrgica): Texto ausente nos livros litúrgicos ou presente em
versões ou funções diferentes. Idiomas: latim e/ou idiomas locais.
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► Festas Reais: Corpo de Deus (Corpus Christi), Santa Isabel, Anjo Custódio e São
Sebastião
► Diretor de conjunto musical “arrematava” a música das festas reais
de todo o ano em sistema de concorrência pública.
► Comemorações especiais: executava-se Te Deum laudamus. Diretor de conjunto
musical era contratado por “arrematação” somente para a ocasião
4.2. Igrejas paroquiais (matrizes): Mestre da capela ensinava música prática aos
seus discípulos, que retribuíam pelo ensino cantando nas cerimônias religiosas
4.3. Colégios e Seminários: Mestre de canto ensinava música prática (quase somente
o cantochão) para os futuros clérigos
4.4. Fora dos templos:
21
11
Cf. Vasco Mariz: História da Música no Brasil, 6ª edição ampliada e atualizada; Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 2005. Cf. pt.wikipedia.org/.../Lobo_de_Mesquita
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Palmis (1782), mas há muitas cópias manuscritas do restante de sua obra, como
ladainhas missas, ofícios e novenas.
2.1.1. OBRA
a) Música Sacra
• Missa para Quarta-Feira de Cinzas, para solistas, coro misto, violoncelo e
órgão (1778)
• Regina caeli laetare (1779)
• Missa em fá nº 2, para 4 vozes e cordas (1780)
• Missa em mi bemol nº 1, para solistas, coro misto e cordas (1782)
1. Kyrie eleison
2. Christe eleison
3. Et in terra pax
4. Laudamus te
5. Gratias
6. Domine Deus
7. Qui tollis
8. Suscipe
9. Qui sedes
10. Quoniam
11. Cum Sancto Spiritu
• Dominica in Palmis (1782)
• Ofício e Missa para Domingo de Ramos (1782)
• Tercio, para 4 vozes e cordas (1783)
• Tractus para o Sábado Santo (1783)
1. Cantemus Domino
2. Vinea facta est
3. Attende cælum
4. Sicut cervus
• Vésperas de Sábado Santo (1783)
• Antiphona de Nossa Senhora (1787)
• Salve Regina (1787)
• Antífonas para Quarta e Quinta-feira Santas
• Antífonas para Quarta, Quinta e Sexta-feira Santas
• Ária ao Pregador - Ave Regina
• Ave Regina coelorum
• Beata Mater
• Credo em dó, para 4 vozes e cordas
• Credo em fá
• Christus factus est e Ofertório
• Diffusa est gratia, concerto para solistas, coro misto e cordas
• Domingo da Ressurreição
• Heu Domine, para a procissão do Enterro do Senhor
• Heus, para a Procissão do Enterro do Senhor
• In honorem Beatae Mariae (Ladainha)
• In pacem in idipsum
• Ladainha alternada
• Ladainha de Nossa Senhora do Carmo
• Ladainha do Senhor Bom Jesus de Matosinhos
• Laudate Dominum, para o Sábado de Aleluia
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• Matinas de Natal
• Magnificat
• Magnificat alternado
• Memento a quatro, em sol menor
• Missa concertada e Credo
• Missa de Sábado Santo e Magnificat
• Missa de Santa Cecília
• Missa de Réquiem
• Novena das Mercês
• Novena de Nossa Senhora da Conceição
• Novena de Nossa Senhora do Rosário
• Novena de São Francisco de Assis
• Novena de São José
• Ofício das violetas
• Officium defunctorum
• Ofício e Missa de Defuntos
• Ofício de Semana Santa, para 4 vozes e cordas
• Ofício de defuntos ("Ofício das violetas"), para 4 vozes e cordas
• Ofício de defuntos nº 2, para solistas, coro misto, violoncelo e órgão
• Paixão, Bradados e Adoração da Cruz, para Sexta-feira Santa
• Procissão de Ramos - Cum appropinquaret
• Responsório de Santo Antônio - Si quaeris miracula
• Salmo nº 112 - Laudate Pueri
• Setenário de Nossa Senhora das Dores
• Sequência Stabat Mater
• Te Deum, para 4 vozes e cordas
• Te Deum, em lá menor
• Te Deum em ré
Uma certa semelhança pode ser observada entre a produção carioca e paulista colonial.
A cidade de São Paulo, sede do Bispado desde 1745, procurou instalar uma prática
musical que simbolizasse a Igreja triunfante e o poder colonial, sobretudo no período de
atuação, como mestre de capela da catedral, do compositor português André da Silva
Gomes (1752-1844), desde 1774.
As irmandades exerciam forte competição entre si, visando obter mais adesões e,
com isso, maior arrecadação em anuidades. Por outro lado, as irmandades não tinham
licença da Igreja para a execução de música em quaisquer cerimônias. Pelo contrário,
cada irmandade recebia autorização para celebrar apenas algumas cerimônias do
calendário litúrgico.
O segundo foi a necessidade que esses compositores tiveram de dominar mais um estilo,
agora o pré-clássico, só que desta vez com uma perícia nunca antes observada no país.
Esse estilo, originário da Itália, mas difundido em Portugal a partir do centro do séc.
XVIII, foi rapidamente assimilado em Minas Gerais. Com isso, Portugal passava a ser,
para os músicos mineiros, apenas um intermediário inevitável entre a Itália e a América.
Entre os principais representantes dessa fase da música mineira estiveram os
compositores de Vila Rica (atual Ouro Preto) Inácio Parreiras Neves (c.1730-c.1794),
Francisco Gomes da Rocha (c.1754-1808), Marcos Coelho Neto (1763-1823) e
Jerônimo de Souza Lobo (que floresceu entre c.1780-1810), entre outros. Destacaram-se
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O estilo predominante da música religiosa mineira entre cerca de 1760 e cerca de 1820
não tem recebido nenhuma denominação unânime até o momento, devido a várias
controvérsias estilísticas, mas principalmente a uma falta do conhecimento desse
repertório, ligado à falta de edições ou gravações e à dificuldade de acesso a
determinados acervos de manuscritos musicais. Uma das denominações correntes, no
momento, é pré-clássico, mas jamais se poderá definir esse estilo enquanto “barroco”
ou, o que é pior, “colonial”. Suas principais características são as seguintes:
ii
O Governo de D. Maria I, a louca, fica conhecido como A Viradeira, em função do veto a certas medidas adotadas
pelo Marquês de Pombal (demitido do cargo). Vetou certas medidas contrárias à Inglaterra. Só não vetou a mudança de
capital e nem a expulsão dos jesuítas.