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Clara Arantes de Moraes Barros

RA: 21000411

URBANISMO B
Docentes: Mônica Manso Moreno e Cláudia Maria Lima Ribeiro

Fichamento Textual
ABREU, Maurício de Almeida. Reconstruindo uma história esquecida:
origem e expansão inicial das favelas do Rio de Janeiro.

O autor começa sua tese contextualizando o leitor sobre a cidade do Rio


de Janeiro durante o século XIX. A cidade do Rio era um lugar de contrastes,
onde havia disparidade entre sua beleza natural e feiura de edificações,
reconhecida até mesmo fora do Brasil, o que alimentava ainda mais a visão de
“lugar exótico” aos olhos estrangeiros.
A favela é um importante elemento da estrutura urbana carioca, porém,
só passou a ser reconhecida como tal, a partir de 1940. Até a década de 1930,
as favelas estão presentes no tecido urbano da cidade (facto), mas não nos
mapas e estatísticas (jure), pois eram consideradas provisórias e ilegais. Por
esse motivo, o governo municipal apenas fechava os olhos e fingia que nada
estava acontecendo, pois com era uma solução “provisória”, não havia de fato
nenhuma atitude que deveria ser tomada.
Em 1940, o governo do Rio da início à levantamentos sistemáticos sobre
as favelas, porém falham em sua missão. Naquela época, 14% da cidade já
residia em morros.
Maurício de Abreu esclarece que, em seu trabalho, será estudado o
período pré 1930, resgatando a história da luta pelo direito à cidade, utilizando
como fonte, ainda que imperfeita e tendenciosa, a imprensa periódica chamada
“Correio da Manhã”, considerada o meio de comunicação da época que mais
dava atenção às chamadas “causas populares”.
Começando de fato seu estudo, o autor passa pela contextualização da
cidade do Rio no final do século XIX, onde a abolição da escravidão (1888) e a
proclamação da República (1889), eram eventos recentes. As transformações
causadas por tais eventos, viabilizaram a integração com a nova ordem industrial
pós 2ª Revolução Indistrial. O Rio de Janeiro era a capital do país, uma capital
cheia de contradições aos olhos do povo, onde havia a ausência de um porto
moderno para a exportação de produtos e uma malha urbana remanescente do
tempo das colônias. As baixas demográficas eram fora do comum, epidemias de
febre amarela anuais e grande violência, acabavam por desencadear mortes
principalmente do proletariado. Todas as propostas de melhoramento urbano
eram barradas por falta de capital ou ausência de suporte político.
Na próxima parada de sua tese, Abreu discute sobre as ações de combate
às habitações coletivas. Conhecidas por estalagens ou cortiços, os casebres
improvisados eram considerados vilões da cidade pela Academia de
Clara Arantes de Moraes Barros
RA: 21000411

URBANISMO B
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Medicina (a qual foi responsável por coexecutar planos de higienização para


erradicação das habitações coletivas junto com o governo municipal) e pela força
policial da cidade. No ano de 1980, 100.000 pessoas já moravam em cortiços, o
dobro do número de 1888, o que certamente estava relacionado com a abolição
da escravatura. Com o aumento das epidemias, hove o crescimento de
campanhas contra os cortiços. Muitos deles foram fechados já em 1890, e o mais
famoso “Cabeça de porco”, o qual abrigava mais de 2.000 pessoas, foi demolido
em 1893.
Pelo resto da década, a forma urbana da cidade permaneceu inalterada e
sem nenhuma perspectiva de reforma. No fim de 1890, a Oligarquia cafeeira
retomou o poder político do país, abrindo caminho para a chegada de capitais
externos necessários para a remodelação da cidade, e assim, entre 1903 e 1906,
a cidade do Rio de Janeiro foi radicalmente transformada.
A origem das favelas é anterior à reforma urbana, elas vêm da crise
habitacional e das crises advindas da República no séc. XIX. Apesar de muitos
dizerem que as favelas começaram com o alojamento dos soldados durante as
revoltas da década de 1890, o argumento pode ser invalidado, pois é
comprovado que as mesmas, surgiram antes. Naquela época, a negligência
governamental era extrema ao ponto que, foi necessária uma nota da imprensa
relatando a situação dentro das favelas para que de fato fosse feito algo. Ao ver
com seus próprios olhos, o prefeito percebeu que não haviam apenas 150
casebres como dito pela imprensa, mas sim 400, os quais foram citados como
“verdadeiros chiqueiros”, e como a ocupação da terra era ilegal, ordenou-se
então, a demolição de todas as casinhas.
Foram demolidos mais de 600 casebres, os quais abrigavam mais de
13.000 pessoas. As migrações aumentavam, e os recém chegados trocavam
sua mão de obra por moradia, “...a população pobre aumentava sem que
aumentasse o número de casas...”
Posteriormente, Abreu discute sobre a expansão das favelas, a qual se
deu de forma bastante sutil aos olhos da imprensa. Nas periferias, longe do
centro, onde as pessoas eram incapazes de ver que a paisagem urbana do Rio
de Janeiro não era mais composta apenas por grandes novos edifícios de estilo
eclético. Em 1913, o morro da Babilônia, morro do Telégrafo, morro do Leve,
favela de São Carlos e do Salgueiro já faziam parte da paisagem do Rio. No
morro da Favela, 219 casebres; 450 no morro de Santo Antonio.
O nome “favela” então, começou a ser tido como pejorativo, sinônimo de
violência, usado para identificar qualquer lugar da cidade que trouxesse certo
desgosto à população burguesa e privilegiada. Os morros assumem uma
imagem contraditória, onde seria um lugar de criminosos, mas também de
trabalhadores honestos, onde se mora mal, mas se mora mais barato e melhor
do que na cidade legal. A imprensa começa uma luta, entre os veículos de
Clara Arantes de Moraes Barros
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comunicação que retratavam a favela como lugar de pessoas honestas e pobres,


e outros que a retratavam como lugar de criminosos e violência sem solução.
A Favela passou a ser um fator para a estabilidade social da cidade, e o
governo municipal foi obrigado a mante-lás no cenário carioca. Sua expansão
não foi nada tranquila, e trouxe a tona todas as tensões que sua presença
gerava. Quando os moradores de uma favela eram expulsos da terra, eles
migrariam para outra e assim por diante, causando uma interminavel “dança”
entre os morros, a qual não seria a solução dos problemas urbanísticos da
cidade.
Na década de 1920, as favelas se consolidaram na paisagem urbana da
cidade. Foram estimuladas pelo crescimento demográfico e ausência de uma
política habitacional oficial.
Uma grande colaboração para a solidificação da paisagem da favela, foi a
corrente Modernista, a qual defendia uma visão estética nova, que afrontava os
padrões culturais. Os morros passaram a ser citados por poetas e músicos, e
visto como um lugar de inspiração e fascínio, atingindo por esse meio, todas as
camadas sociais.
A Revolução de 1930 redefine o papel da favela na sociedade,
permanecendo em uma situação estável até a década de 1960, antes do golpe
militar.
Clara Arantes de Moraes Barros
RA: 21000411

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Docentes: Mônica Manso Moreno e Cláudia Maria Lima Ribeiro

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