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SINOPSE
Eu li uma vez que cada guerreiro espera que uma morte honrosa o encontre.
E eu não estou apenas falando sobre os militares. Eu estou falando sobre a vida
que me levou à estrada para lugar algum. Minha vida.
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Nunca perceb PRÓLOGO
Mia Ryder.
Eu tinha cometido erros, muitos para contar, mas a vida não lhe dava uma
segunda chance. Tudo o que restava para eu fazer era aceitá-los, até mesmo
abraçá-los. Eles se tornaram uma parte de mim, tanto quanto todas as tatuagens
que cobriam meu corpo. Cada uma delas significava algo para mim. Eram as
minhas cicatrizes de batalha. Muito piores do que aquelas que eu ganhei na
guerra. Aos olhos dos outros, elas eram apenas arte colorida e intrincada.
Nada havia mudado desde a última vez em que vivi nessa cidade
abandonada por Deus. Nenhuma festa de boas-vindas na casa da família ou
amigos, nem agradecimentos ou desfiles dos moradores da cidade por servir o
nosso país.
Nada.
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Nenhuma coisa fodida.
Tudo o que eu tinha feito, eu tinha feito pela minha família, pelo MC, por
ela...
Nunca percebendo...
Das cinzas as cinzas, da poeira a poeira, e toda essa porra de merda. Certa
vez li que todo guerreiro espera que uma boa morte o encontre. Eu sempre fui
procurar a minha, mas nem mesmo o Ceifador me queria. Pensei que lutar por
algo em que acreditava me faria um homem bom.
No final de tudo…
Eu nasci nela.
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CAPÍTULO 1
—Isso não vai ser chupado sozinho, querida. —Eu disse com um olhar
predatório, olhando para a loira de cima a baixo.
Ela era uma puta nova no clube com um corpo comível, tetas enormes,
bunda em forma de coração, e muita maquiagem em seu rostinho sonso. Ela
tinha um olhar de “foda-me”, desde que apareceu no clube há poucos dias. Eu
nunca fui muito de pegar essas putas de clube que saltavam de um pau para
outro, mas isso não me impedia de deixá-las chupar meu pau. Depois do dia que
eu tive, eu merecia, porra.
—Posso ver como você poderia ter confundido isso, entretanto. —Eu
adicionei sarcasticamente, agarrando um fio de seu cabelo loiro platinado falso.
Meu pai.
Fora isso, os capítulos faziam o que eles quisessem, era uma merda livre
para todos. Meu velho não fazia nada de errado aos olhos de todos, quando na
realidade, era tudo o que ele fazia. Os bolsos dos policiais eram untados com
dinheiro sujo, para fecharem os olhos para todas as nossas atividades ilegais. Em
todos os lugares que íamos, as pessoas olhavam para a direção oposta e moviam-
se para fora do nosso caminho. Os Devil's Rejects eram conhecidos por todos, a
fama espalhada por toda a comunidade, pelo Estado, até pela nação, porra.
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A organização interna típica de um moto clube é composta por um presidente, vice-presidente, tesoureiro, secretário, capitão de
estrada e sargento-de-armas. Grupos localizados de um único e grande MC são chamados capítulos ou facções, e o primeiro
capítulo estabelecido para um MC é referido como o capítulo mãe. O presidente do capítulo mãe serve como o presidente de todo
o MC, e define a política do clube em uma variedade de questões.
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Em toda parte.
Nada.
Seus dedos arrastaram pelo painel frontal direito do meu colete, sobre o
meu patch “MC”, que apenas verdadeiros clubes de moto usavam. Você nunca
veria isso em um colete dos HOGS3, porque vamos ser sinceros, eles eram apenas
um bando de vagabundos assustadores, pilotando motos caras, nunca dispostos a
ficarem com suas mãos sujas de merda.
Eu estreitei meus olhos para ela, ficando mais irritado e incomodado com
o passar dos segundos. Eu nunca fui dessa merda de conversar.
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HOGS – Harley Owners Groups – Grupos Donos de Harleys.
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com os remendos aleatórios dos deveres cumpridos. Tudo representava o que eu
tinha feito e o que eu faria para o clube e os irmãos.
Resumindo, eu vivia e respirava por minha mãe e meus irmãos mais novos
- Luke, que tinha catorze anos, e Noah, que tinha onze anos. O resto era apenas
um meio para um fim para mim.
—Eu...
Eu não sabia o nome dela. Eu também não queria saber. Nenhuma dessas
meninas tinha importância. Além disso, eu nunca fui bom com porras de nomes.
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—Acaricie-o. Mais forte. —Eu ordenei enquanto eu continuava a beijar
seu pescoço e seus peitos que estavam em plena exibição.
Eu gemi, segurando seus seios e enterrando meu rosto neles. —É isso aí,
querida. Exatamente assim. —Eu gemi, em seus seios. Puxando sua cabeça para
trás pelos seus cabelos, abaixei-a ao chão. Sem soltá-la até que ela estivesse de
joelhos na minha frente. De repente, ela soltou meu pau quando eu coloquei
minha própria mão em torno do meu eixo, acariciando-me para cima e para baixo
na frente de seu rosto.
Ela olhou para mim com olhos cheios de luxúria, desejando provar-me. Eu
continuei a me masturbar até que ela sugou a cabeça do meu pau em sua boca
gananciosa. Ela movia-se para baixo em direção à base do meu eixo, me levando,
centímetro por centímetro.
—Mais fundo. —Eu exigi, segurando um punho cheio com seu cabelo. Ela
me amordaçou assim que senti a parte de trás de sua garganta, mas sua mão
nunca parou de trabalhar em mim. Tornando mais fácil encontrar rapidamente
um ritmo que fez minha cabeça ligeiramente inclinar para trás, e minha boca se
abrir.
Meus olhos permaneceram focados nela enquanto ela chupava meu pau
como se ela tivesse algo para provar. Sua mão seguia os movimentos de sua boca,
enquanto sua outra mão puxava minhas bolas simultaneamente. Minha
respiração tornou-se errática, alimentando minha necessidade de balançar meus
quadris na direção oposta dos seus movimentos inebriantes. Não querendo nada
mais do que tomar o controle total e foder seu rosto.
Eu não era um idiota completo. Eu pelo menos lhe dei uma fodida
advertência.
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Ela tentou tirar os lábios do meu pau, mas eu agarrei a parte de trás da
cabeça dela, empurrando-a mais fundo. Movendo meus quadris para frente uma
última vez, eu gozei forte na parte de trás de sua garganta. Sacudindo meu pau,
eu o puxei de sua boca com um “pop”.
Ela olhou para mim, imediatamente fazendo como foi dito. Ela limpou os
cantos de sua boca, tentando consertar seu batom vermelho que agora estava
pintado em todo o meu pau. Fechei minha calça e apertei meu cinto enquanto ela
sedutoramente deslizava pelo meu corpo, indo direto para a minha boca.
—Seu idiota...
—Creed! —Ouvi a voz de Luke ecoar entre as árvores. —Você está aí fora?
—Que diabos? Você vai me deixar aqui? —Ela bateu o pé no chão como
uma criança de três anos, lembrando-me exatamente do motivo de eu nunca ficar
por perto depois que minhas bolas estavam vazias.
—Use essas pernas para algo diferente do que apenas abri-las. —Eu falei
grosseiramente, saindo com a moto, e ainda a ouvi gritar algo atrás de mim. Eu
acelerei para a clareira, indo até Luke, que tinha um sorriso idiota em seu rosto
quando ele apareceu.
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Ele balançou sua cabeça. —Outra? Essa é a número três, e é só sexta-feira.
—Ele gritou por cima do barulho da minha moto.
—O que você está fazendo aqui? Acabou de sair da escola? Onde está a
mãe? —Eu perguntei, puxando a moto para a direita e bem na frente dele. Usei a
ponta da minha bota de combate preta para baixar o suporte.
Eu ri, apontando para o clube. —Christa está lá. Ele não vai ficar feliz por
ela ter ido sem ser convidada, de novo.
Christa era uma das principais fodas de Pops 5. Ela era prostituta quase
desde que tinha deixado às tetas da sua mãe. Eu tinha testemunhado o meu
velho foder putas no clube mais vezes do que eu me importei em contar. O
bastardo nunca se incomodou em esconder o fato de que ele enfiava o pau em
cada puta que abria as pernas para ele. Eu não conseguia pensar em uma época
em que ele não esteve traindo minha mãe, e ela não esteve chorando para dormir
por causa de suas infidelidades. Você pensaria que depois de tantos atos de
traição, ela acordaria e o deixaria. Em vez disso, ela ficou presa ao lado dele,
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Como ele chama o pai dele.
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agindo como se nada estivesse errado, dando-lhe mais filhos. Provavelmente
esperando que isso fosse suficiente para provar sua lealdade para com ele e com
o clube.
Ou talvez ela só quisesse lembrar a todos que ela ainda era sua Old Lady6.
Exceto que Old Ladys não eram permitidas na propriedade, a menos que fossem
convidadas, geralmente durante grandes festas, quando elas eram necessárias na
cozinha onde era o lugar delas, para cozinhar para os membros. Nesses dias, era
livre para todos. A regra permitia aos irmãos a liberdade de não se preocuparem
com brigas que pudessem acontecer devido a seus paus se molharem por bucetas
que não eram as de suas esposas. Se as Old Ladys pensavam que seus homens
estavam mantendo seus paus enfiados em suas calças, elas mereciam ser
enganadas por serem tão estúpidas fodidas. Ma7 já sabia o que Pops estava
fazendo, não era segredo. Ele não se importava em como ela se sentia, ela sabia
que tinha muito a perder ao deixá-lo.
Fiquei exposto a ele durante toda a minha vida, todos ao meu redor
fumavam como malditos demônios, um cigarro após outro. Eu dei meu primeiro
trago quando eu tinha onze anos, e logo depois disso, eu fumei meu primeiro
cigarro com os irmãos. Não foi tão ruim, eu poderia ter me metido em coisas
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Como são chamadas as mulheres dos motoqueiros.
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Como ele chama sua mãe.
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muito piores. Drogas e bebidas eram predominantes na minha vida diária, tanto
quanto mulheres. E meu corpo já estava coberto de tatuagens.
—Bem... Eu meio que... Quero dizer... —Ele vacilou com suas palavras,
arrastando os pés ao redor. Olhando para todos os lugares, menos para mim.
—Desembucha, Luke.
Ele virou-se para me encarar. —Como você sabe que eu quero falar sobre
uma garota?
Eu sorri. —É sempre sobre uma garota. Você está pegando ou quer pegar?
—Você tem um pau, Luke. Isso é o que você tem. Então, para de me
enrolar e me diga no que eu posso aconselhá-lo, além de se você vai ou não vai
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usá-lo. Você com certeza sabe como usá-lo. —Eu o lembrei, referindo-me a ele
usar camisinha.
—Você vai fazer quinze anos em breve. Você tem que virar homem logo.
—Onze. Acordei no meio da noite com meu pau na boca dela. Durou cerca
de vinte segundos, uma vez que ela começou a me montar. —Eu ri, lembrando o
quanto foi rápido.
—Ela era...
—Eu não poderia dizer como ela parecia no escuro. Pops precisava ter
certeza de que seu filho primogênito adorava uma buceta tanto quanto ele, e que
ele não estava criando um homossexual.
Estávamos todos nesta vida a longo prazo, deixados para lidar com a nossa
merda de sorte. Não era culpa de Luke ou Noah. Eles não pediram para nascer
neste mundo fodido, mais do que eu. Eu morreria pelos meus irmãos mais novos,
e uma parte de mim ainda tinha a esperança de que eles não tivessem que viver
esta vida para sempre. No fundo, eu sabia que eu era um idiota, como minha
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mãe. Ela estava agarrada à ideia de um marido e pai melhor, enquanto eu estava
agarrado à ideia de uma vida melhor.
Pops daria seu último suspiro moribundo para que seus filhos seguissem
seus passos. Venha o inferno ou a maré alta, nós não tínhamos nenhuma palavra
sobre nosso destino. Ele já estava traçado para nós.
Especialmente o meu.
—Eu sei. Eu só... Eu realmente gosto dela, sabe? Eu não quero estragar
tudo.
—Então, você está dizendo que isso não é sobre buceta? É sobre amor? —
Eu ri com desconforto.
—Olhe, Luke... Não pense que eu sou a melhor pessoa a ser questionada
sobre conselhos amorosos. O amor é... Bem, o amor é uma merda... —Eu dei de
ombros, dando outra tragada no meu cigarro, sem saber o que dizer.
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—Está tudo bem, vá. Eu sei que você tem obrigações com o Pops e o
clube. —Ele suspirou, decepcionado. Observando-me torcer o meu relógio em
torno do meu pulso.
Eu o ignorei. —Você gosta dela? Tipo, quer namorá-la e ver aonde vai dar,
não é?
Eu acho que eu nunca seria capaz de ver meus irmãos mais novos como
não sendo nada além da minha responsabilidade. Tinha sido assim desde o dia em
que nasceram. Minha mãe não era uma mãe ruim, ela só tinha muito de suas
próprias merdas para se preocupar. No final, ela simplesmente não sabia ser nada
melhor. Criar três meninos não era fácil, e meu pai não ajudava. Tudo o que ela
fez foi se apaixonar pelo cara errado, e ficar grávida de mim jovem demais.
Tentando crescer desde então. Ela nos amava, no entanto, e tentava nos mostrar
carinho muitas vezes, compensando a falta do meu pai.
—Seu pai trabalha com vendas. Faz um bom dinheiro, isso é certo. Ela usa
roupas bonitas todos os dias, tem longos cabelos castanhos, olhos azuis e um
cheiro tão bom.
Eu sorri, olhando para ele, observando seu rosto iluminar enquanto ele
falava sobre sua garota. Eu estaria mentindo se dissesse que não me deixou
orgulhoso de que ele quisesse fazer algo bom por ela. Que nossa educação não
tinha desviado seus pensamentos sobre mulheres e amor como tinha comigo.
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—De qualquer forma, estamos nos vendo na escola. Ainda não a beijei.
Então, eu só achei, já que você tem muita experiência com garotas... talvez você
pudesse me dar alguns conselhos. Eu até queria te perguntar se talvez pudesse
pegá-la amanhã à noite e nos deixar no cinema? Eu pediria à mamãe, mas...
—Ela envergonharia você pra caralho. —Nós dois rimos, sabendo que era
a verdade. —Diga-me se estou acompanhando. Você não quer apenas foder com
ela, mas você quer brincar de casinha, não é?
—Está se sentindo bem? —Eu estendi a mão, tentando sentir sua testa.
Ele saltou da mesa, fora do meu alcance. —Você sabe que você é um Jameson,
certo? —Eu ri.
—Ah, inferno, não posso fazer piada agora, irmãozinho? Caramba. —Eu
soltei, rindo.
—Então vá atrás dela, Luke. Você gosta dela, você mostre à ela. Trate-a
com respeito. Simples assim. Pense e aja com seu cérebro e seu coração. —Eu
apoiei minha mão em seu peito. —Em vez de seu pau. —Cutuquei seu ombro. —
Você me entendeu?
—Eu também quero dar isso a ela. O que você acha? —Ele estendeu a
mão, tirando a corrente de seu pescoço.
A vida do MC.
—Aí está você, seu pedaço de merda. —Pops gritou da porta de tela
traseira, interrompendo-me. —Você é surdo? Você não ouviu as motos
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chegando? Traga seu traseiro agora mesmo, antes que eu pense duas vezes em
deixar você participar.
—Eu disse para você falar? Você é apenas como sua maldita mãe, sempre
falando quando não é solicitado. Você é fraco e inútil como ela também. —Ele
passou pela porta, descendo os três degraus. Pegou Luke pela camisa, tirando-o
da mesa. Derrubando seu colar de sua mão, fazendo-o cair na terra abaixo de
mim. —Preciso ensinar outra lição, garoto?
—Não é culpa dele. É minha, porra. Não vai acontecer de novo. —Eu
exclamei, tentando permanecer calmo. —Luke, vá embora. —Eu girei,
empurrando-o.
—Vamos lá, garoto, não seja um maricas. Desembucha, o que você disse?
—Papai forçou ainda mais, precisando desabafar sua irritação em alguém.
Dei a Luke um olhar severo, avisando-o para manter sua boca fechada. A
última coisa que eu queria era brigar fisicamente com o nosso pai, mas eu iria se
ele colocasse as mãos nos meus irmãos ou minha mãe na minha frente. Acho que
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uma parte dele sabia que não era para cruzar essa linha comigo. E era por isso
que ele nunca batia neles na minha presença, mas isso nunca o impediu de
desencadear sua ira com seus punhos, no entanto.
Pops observou Luke caminhar na direção do carro de Ma, onde ela estava
de pé com nada além de dor e pesar em seus olhos. Era sempre pior quando ela
tentava nos defender, sua raiva apenas se voltaria para ela. Furioso que ela
estivesse tentando nos criar como um monte de maricas, quando tudo o que ele
estava tentando era nos fazer homens.
Ele balançou a cabeça para mim. —Coloque seu traseiro lá dentro. —Com
isso, ele se virou e subiu os degraus de trás.
Eu sorri, acenando para ela. Olhei para Noah que estava sentado no banco
do passageiro, apenas balançando a cabeça. Ela beijou a bochecha de Luke e
sussurrou algo em seu ouvido que eu não consegui entender.
Minha família.
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Depois que os vi partir, meus olhos voltaram para o clube. O Prez tinha
chamado para ir à missa8 e eu não estava falando sobre aquele lugar onde você se
senta em uma capela, orando ao Senhor, pedindo perdão pelos seus pecados.
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Eles chamam de missa o ato de se reunirem para discutirem assuntos importantes.
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CAPÍTULO 2
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—Depois do que você fez para o clube hoje? Você mereceu essa merda. —
Ele deu tapinhas nas minhas costas. —Você vai ter dezoito anos em breve, então
não teremos mais problemas. Você vai ficar onde você está destinado. Ao meu
lado, filho. Na. Porra. Do meu lado. —Afirmou com orgulho.
E então, havia Diesel, que deixou de ser um nômade para ser Sargento de
Armas. Nômades eram os Ceifadores, eles trabalhavam para o clube, matando
qualquer um que fosse mandado sem pensar duas vezes, porra, ou pedir
explicação. Ele me levou para o meu primeiro clube de strip quando eu tinha
quatorze anos, e ainda me comprou um lap dance fodido com um final feliz, de
uma jovem morena com lábios carnudos, uma bunda deliciosa e buceta apertada.
Ele era mais próximo do que um irmão pra mim.
Ninguém.
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vários homens, incluindo um homem alto, com cabelos negros e pele bronzeada.
Apenas confirmando o que eu já sabia.
Alejandro Martinez.
Ele era um gangster corrupto saído de Nova York, que era temido por
todos que já tinham cruzado com ele. Eles o chamavam de El Diablo, ou alguma
merda assim. Eu não me importava com ele. Eu nunca me importei. Mas ele era o
único homem para quem eu já vi meu pai se curvar, o que provavelmente deveria
ter significado algo para mim.
Não significou.
Ele aparecia de tempos em tempos sem aviso prévio. Ele saiu de sua
limusine com motorista, vestindo seu terno caro fodido e sapatos de grife. Não
havia nem um fio de cabelo fora do lugar. Sempre acompanhado por vários
guarda-costas ao seu lado. Todos eles armados e prontos para matarem ou serem
mortos, por ele. Eu não conseguia descobrir por que meu pai estava desconfiado
dele. Para mim, ele parecia ser apenas um maricas por trás de um terno caro e os
seus homens. Pops não conseguia ver que Martinez trabalhava para nós, e não o
contrário. O MC era o seu fornecedor de armas e às vezes medicamentos.
Ele abotoou o paletó, cobrindo as armas que tinha no coldre por baixo, e
sinalizou para seus homens permanecerem em seus postos como cães fodidos,
abanando o rabo atrás de seu maldito dono.
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Eu não vacilei. Eu não dava a mínima para quem ele era. Ninguém vinha
até mim, desrespeitando minha mãe.
—Não sou o seu filho. —Eu balancei a cabeça com a mandíbula travada,
cruzando os braços sobre o peito, avaliando-o.
—Eu sei exatamente quem você é. —Eu disse, sem recuar. Falando o que
vinha em minha mente maldita. —O maricas que se esconde por trás de sua porra
de terno caro. Esses capangas chupam seu pau também?
Ele soltou uma risada alta, a cabeça caindo para trás. —Você tem um
conjunto de bolas de aço, filho. —Ele zombou, tentando passar por mim, batendo
em meu ombro. Eu o interceptei com meu braço direito bom sobre seu peito.
Parando-o antes que ele alcançasse a porta.
—Vou precisar que você entregue todas as suas armas. —Olhei para ele.
—Incluindo essa Glock amarrada à sua perna.
—Você é tão bonitinho. —Ele sorriu. —A porra que eu vou, seu merdinha.
Eu já vou entrar sem os meus homens. Eu não vou entregar minhas armas,
especialmente para um idiotinha cabeça quente, cujas as porras das bolas ainda
não caíram. Você quer me enfrentar? Eu não hesitarei em colocar uma porra de
bala em uma dessas bolas. —Ele soltou perto do meu rosto.
Eu não vacilei e agarrei as lapelas de seu terno, indo direto para o rosto
dele. —Leia o sinal, filho da puta. Nenhuma arma além deste ponto. Você respeita
o clube, ou dá o fora. —Eu sorri, soltando-o, suavizando as rugas que causei.
Olhando-o diretamente nos olhos. —Vamos tentar isso novamente. Entregue suas
armas. —Eu repeti em um tom arrogante.
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—Que porra está acontecendo aqui? —Pops rugiu, passando através das
portas duplas, parando quando ele estava cara a cara com Martinez.
Meu pai olhou dele para mim e de volta para ele novamente.
—Eu sugiro que você diga a esse fedelho para calar a boca e me deixar
passar. Eu sou seu chefe. Ou eu entro armado, ou eu não entro.
—Isso mesmo, não vai. Ele não vai viver para falar sobre isso se acontecer
novamente. —Martinez ameaçou apenas olhando para mim.
—Creed! Chega! Eu vou lidar com você mais tarde. Martinez, venha,
estávamos prestes a começar. —Ele fez um gesto em direção à porta.
Martinez passou por mim, seu corpo batendo em meu ombro, fazendo-me
estremecer com a dor aguda que irradiou pelo braço. Eu não recuei, fiquei de pé,
resistindo à vontade de batê-lo contra a parede e foder com seu rosto bonito.
Meu velho seguiu logo atrás dele, atirando-me um aviso com seu olhar.
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Martinez sorriu como uma porra de um louco quando me viu, inclinando-
se para trás em sua cadeira. Cruzando o tornozelo sobre sua perna, ele
desabotoou o paletó, permitindo que toda a sala visse que ele ainda estava
armado. Abastecendo minha raiva.
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—Vamos cortar o papo furado e ir direto ao problema na mão.
Desentendimentos surgiram nas últimas semanas, o que nos levou a descobrir
que um grupo chamado Sinners Rejoice está tentando entrar em nosso território.
Tentando roubar o nosso negócio, nossas mulheres, atuando como se fossem um
de nós. Chegando até mesmo a usar o nosso maldito nome. —Ele fez uma pausa,
olhando ao redor da sala até que seu olhar intenso caiu sobre Striker. —Você não
saberia me dizer algo sobre estas alegações, não é?
As luzes foram apagadas e uma foto foi projetada na parede distante atrás
do meu pai. Eu não tinha que olhar para ela para saber o que era. Passei as
últimas semanas dando o meu melhor para tirar fotos perfeitas. A mesma razão
pela qual meu pai estava tão orgulhoso de mim.
—Então, me diga, Striker, o que diabos você pensa que está fazendo
nestas imagens? Porque com certeza você não vai me enganar dizendo que está
vendendo cookies para escoteiros.
—Não é o que parece, Prez. —Afirmou, olhando para a imagem dele com
os membros de gangues rivais, apoiando-se uns nos outros, trocando palavras.
—É mesmo? —Meu pai falou lentamente. —Que tal esta? Não é o que
parece ser?
—Você tem até a contagem de três para esclarecer isso. —Pops avisou,
sem tirar o punho da mesa. Um... —Ele persuadiu com uma voz suave, calma.
—Dois...
—Prez, por favor, não é o que parece. Somos irmãos, porra! Eu te amo. Eu
amo este clube, porra. Por favor, você é a minha família! Eu... Eu...
Olhei de Striker para o meu pai. Havia um silêncio assustador que enchia a
sala. Um silêncio antes da tempestade.
Striker baixou as mãos, colocando-as em seu peito, rindo junto com meu
velho. —Você me assustou por um segundo, eu não vou mentir, idiota.
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Pops virou a arma em torno de seu dedo no gatilho algumas vezes,
parando cada vez que o barril apontava para Striker como um maldito jogo de
roleta russa. Olhando-o com um olhar ameaçador, ele falou. —Pensando melhor.
Eu não sabia o que era pior. Que ninguém na sala piscou um olho, ou que
eu também não. Nenhum de nós ficou chocado com as ações do meu pai.
Nenhum de nós foi surpreendido pelas consequências da traição. Mas acima de
tudo, nenhum de nós se surpreendeu com a visão de um homem sangrando na
nossa frente.
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—Prez, eu não...
Ele matou seu melhor amigo sem um piscar de olhos. Só que desta vez, o
seu sangue estava em minhas mãos. Eu forneci a evidência, vendi sua alma ao
Prez, e assinei seu atestado de óbito, tudo numa questão de horas. Meu pai pode
ter puxado o gatilho, mas ele nunca teria feito isso...
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CAPÍTULO 3
Ninguém deu a mínima que houvesse um corpo morto na sala. Esta não foi
a primeira vez em que vi alguém ser assassinado a sangue frio, e não seria a
última. Eu gostaria de poder dizer que eu não era insensível à brutalidade cruel do
mundo, estar aqui um dia e morto no seguinte.
—Creed passou as últimas semanas seguindo esse traidor fodido ali. Ele
não só encontrou a prova de que precisávamos. Ele também recuperou o
pendrive. —Ele puxou-o do bolso e atirou-o no meio da mesa. —Ele continha
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pedidos, números de série, e horários de embarque para o próximo mês. Eles
poderiam ter interceptado todos os cartéis de armas e drogas a partir daqui para
Cuba. Creed salvou nossas bundas.
—Fod...
Eu não vacilei. —Como você pode deixar este pedaço de merda entrar em
nosso território e falar com você assim? Se fosse qualquer outra pessoa, ele
estaria deitado no maldito chão sangrando ao lado Striker! —Eu falei sem dar
mais a mínima.
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Limpei a garganta, fazendo minha presença conhecida. —Estes quatro
homens. —Eu apontei para cada um deles na parede. —Hunter, Cross, Cruz, e
Felix são os homens com quem Striker estava fazendo aliança. Eles são de San
Antonio, traficantes de mulheres do outro lado da fronteira. Vendendo-as pelo
maior lance. Eles queriam fazer em nosso território, vendo como Southport tem
acesso à água, mais fácil para transportar não só as mulheres, mas também as
drogas e armas. Eles queriam as rotas do clube, para nos pegar com a guarda
baixa e nossas fronteiras abertas. Striker facilitaria isso para eles ao entregar-lhes
o pendrive. Eu não sabia o que estava lá até esta tarde, quando Pops e eu o
olhamos. Após Striker sair, eu avancei às cegas. Eu deveria ter chamado reforço,
mas eu preferi cometer o crime sozinho, só assim eu saberia quem era o dedo
duro. Balas voaram sobre mim, mas eu peguei o pendrive. Uma bala atingiu de
raspão meu ombro enquanto eu fazia a minha fuga. Ninguém me seguiu, tive a
certeza disso.
Ele olhou para os clipes por alguns segundos, em seguida, voltou sua
atenção para mim. —Eu, pessoalmente, teria os torturado, até que dissessem
nomes. Em vez disso, aqui estamos nós com nada além de clipes de granadas.
Erro de principiante.
Apertei os olhos para ele. —Eu vou ter a certeza de me lembrar disso, na
próxima vez em que eu estiver limpando a porra da minha bunda.
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Diesel, traga alguns prospectos para limpar essa bagunça fodida. —Ele apontou
para Striker. —Hora de arder no inferno.
Depois que todos pegaram suas armas e dirigiram-se para fora, saindo
para prepararem-se para a noite, incluindo Martinez, que mais do que
provavelmente era bom demais para assistir a uma festa com um bando de
motociclistas caipiras, eu fui para casa e saí com Luke e Noah para matar o tempo.
A mãe voltou em algum momento durante a reunião. Os meninos foram para trás
da casa para jogar bola, enquanto ela estava na cozinha com as outras Old Ladys,
que preparavam-se para uma noite, que prometia ser nada além de diversão, com
bebidas, drogas, prostitutas, e as casualidades ocasionais.
Nas noites em que os meus pais estavam na sede do clube, Luke e Noah
ficavam no quarto do meu pai. Jogando jogos de vídeo e ficando fora do caminho
de todos. Nenhum deles mostrava interesse na vida MC. Depois de ajudar Ma a
deixar os meninos à vontade no quarto de Pops na parte de trás do clube, eu me
encontrei com alguns dos membros do lado de fora para algumas bebidas. Eles
me parabenizaram pela minha contribuição para o clube e bem-estar da
irmandade, querendo saber como tudo aconteceu.
Voltei para dentro, passei pela multidão, indo direto para o bar
improvisado. Parei quando os vi. Perguntando-me quando o filho da puta tinha
voltado.
—Que porra é essa? —Eu disse a mim mesmo, vendo minha mãe e esse
filho da puta do Martinez no bar.
Ele devia ter um desejo de morte ao vir aqui e desrespeitar meu pai, que
eu não tinha visto toda a noite. Minha mãe era linda pra caralho, mas ela também
era casada e não estava ali para ser fodida, especialmente com o jeito que ele
estava olhando para ela com um olhar predatório.
Ele se inclinou para frente, sussurrando algo no ouvido dela. Sua cabeça
caiu para trás com o riso, trazendo seus seios a centímetros de distância do rosto
dele. Expondo-se através do top preto apertado que ela usava sob seu colete. Os
olhos dele se deslocaram para baixo, e um sorriso diabólico apareceu em seu
rosto, foi rápido, mas eu vi.
Sacudi o pensamento quando a minha mãe jogou seu longo cabelo loiro
por cima de um ombro, pegando uma mecha e girando-a em torno de seu dedo,
como se ela fosse uma menina fodida, enquanto continuava a falar com ele. Sua
atenção estava em cada palavra que saía de seus lábios, como se ela estivesse
dizendo-lhe sua história de vida.
Eu o vi chegar mais perto e tirar uma mecha de cabelo loiro de seu rosto, e
isso precisou de cada grama do meu autocontrole para eu não perder minha
cabeça. Ele deixou os dedos ficarem lá tempo demais, acariciando o lado de sua
bochecha com as costas da mão. Quando ele se inclinou e beijou onde seus dedos
estiveram, eu entrei em ação.
43
Antes que eu percebesse o que estava fazendo, fui até Stone, que estava
na extremidade oposta do bar. Sem qualquer hesitação, eu puxei a Glock da parte
de trás de sua calça jeans. Apontando a arma, cheguei a eles em três passos. Com
o cano da pistola carregada ao lado da sua maldita cara bonita.
Stone veio correndo. —Creed! Abaixe essa porra, AGORA! Você não sabe
com quem está se metendo! —Ele agarrou o meu ombro ferido, tentando me
virar para que ele pudesse pegar a pistola.
—Você realmente deve escutar a sua mãe, menino. Ela é a única pessoa
inteligente em sua família. —Ele piscou para ela, o que só alimentou a minha
vontade de sujar as paredes com seu maldito cérebro.
Eu ri. —Isso é exatamente o que parecia, Ma, quando seu rosto estava em
suas tetas alguns minutos atrás! —Gritei, fazendo com que todos ao nosso redor
parassem o que estavam fazendo e voltassem sua atenção para nós.
—Não é o que você pensa! Agora abaixe a arma, Creed! —Mãe ordenou
novamente.
—Ele estava apenas me fazendo companhia, enquanto seu pai está fora
fazendo Deus sabe o que.
—Eu sei o que é, mas isso não é da sua conta. —Martinez interrompeu,
me atraindo com um sorriso sarcástico.
—Você tem algumas bolas de aço fodidas, para vir aqui e brincar com a
esposa do Prez. —Eu disse com a mandíbula travada. Colocando mais força na
têmpora.
—Oh, é isso o que você acha que estava acontecendo aqui? Acredite em
mim, se eu estivesse transando por aí com ela, você iria ouvi-la gritando meu
maldito nome.
—Seu idiota filho da puta chupador de pau! —Gritei na cara dele, meu
dedo coçando para puxar o gatilho.
—Ele não vai ouvir você, querida. Na última vez em que o vi, ele estava
saindo com uma morena com peitos enormes na parte traseira de sua moto,
dirigindo-se para a rota 60.
45
—Cale a porra da boca! —Enfiei a arma ainda mais em sua cabeça,
fazendo-o oscilar. O olhar em seu rosto sozinho fez a adrenalina que esteve
correndo em minhas veias voar tão alto, que eu não podia ver direito.
—Faça! Eu não tenho a porra da noite toda para morrer! Vamos, Creed!
Mostre a todos nesta sala que você tem coragem para atirar à queima roupa em
um homem como seu pai! Faça! Seu maricas, puxe a porra do gatilho!
—Creed! Creed! Creed! Creed! —Tudo o que eu podia ouvir era o meu
nome sendo gritado na distância. Ecoando em meus ouvidos, levando-me ao
ponto da insanidade.
Tão alto.
Tão implacável.
Martinez nem sequer pestanejou. A bala passou voando pela cabeça dele,
ricocheteando na viga de aço enferrujado atrás dele, e em quem estava
realmente gritando meu nome.
46
—NÃO! —O grito estridente da minha mãe ressoou de dentro de seus
pulmões, ecoando nas paredes do armazém e através da sala. Seu corpo quase
desabou no chão da dor insuportável.
Suas mãos trêmulas cobriram a boca. —O que você fez?! Creed? Que
porra é essa que você fez?! —Ela gritou em um tom tremendo, balançando a
cabeça com medo.
Eu estremeci.
A arma caiu da minha mão para o chão com um baque forte enquanto
todos os olhos se voltavam para a bagunça horrível diante deles. Caos entrou em
erupção, pessoas correndo de um lado a outro. Mulheres gritando, irmãos dando
ordens, empurrando-as para as portas, rapidamente. A música cessou, e as luzes
se acenderam, iluminando unicamente o que eu tinha feito.
—Faça alguma coisa! Não fique aí parado! —Ma pediu, olhando ao redor
da sala. Lágrimas corriam pelo seu rosto, molhando o chão debaixo dela.
Tinha acabado.
48
CAPÍTULO 4
—Luke! Amigo, fica comigo, porra. Você pode me ouvir? —Eu exigi com
lágrimas deslizando pelo meu rosto e caindo em seu corpo quebrado, deixando
meus olhos vagarem sobre o que eu tinha feito. Tentando fazer rapidamente a
minha parte, eu puxei a minha camiseta sobre a cabeça, dobrando-a e
empurrando as mãos de minha mãe para fora do caminho.
Eu rasguei sua camisa e descobri onde ele havia sido atingido. Descobri o
buraco logo acima de seu coração. Apressadamente empurrei minha camisa
encharcada de sangue em sua ferida.
—Ei! Olhe para mim! Eu preciso que você coloque o máximo de pressão
possível sobre isso, Ma. —Eu agarrei suas mãos, colocando-as de volta na ferida.
Ela olhou para mim com os olhos inchados. —Agora!
50
—Luke, olhe para mim. Vamos! Abra os olhos, fica comigo. —Dei um tapa
em suas bochechas.
Nada.
Silêncio.
—Luke. —Eu chorei, embalando seu corpo contra o meu peito. Ele estava
imóvel. —PORRA! Estamos o perdendo!
—ALGUÉM, AJUDE! Por que ninguém está ajudando?! Por que está todo
mundo parado aí, façam alguma coisa! —Eu gritei uma e outra vez até que minha
garganta estava queimando e crua.
Ninguém se mexeu.
51
Todos sabiam o que chamar o 9-1-1 significava. Policiais serem chamados
para o clube nunca foi permitido. Era um código de conduta que ninguém iria
quebrar. Mesmo que isso significasse que vidas inocentes seriam perdidas.
—Por favor, Deus! Por favor, ajude meu bebê! Por favor! Eu farei o que
quiser! Só não leve o meu bebê! Por favor, não o meu bebê! JAMESON! —Ela o
tirou dos meus braços, embalando seu corpo mole, tentando segurar sua vida. —
Mamãe está aqui. Fique comigo, eu não posso te perder. Você está me ouvindo?
Fique comigo! —Ela sussurrou, ainda tentando fazer o sangue parar de sair. —
PORRAAAAA. JAMESON! SOCORRO! Onde está você?! —Ela implorou, puxando-o
mais perto, balançando-o para trás e para frente, chorando palavras incoerentes
enquanto tentava confortá-lo. Agarrada à esperança de que tudo isso era um
pesadelo horrível e que ela acordaria em breve. —Creed, eles não estão fazendo
nada! Chame o 9-1-1! AGORA!
52
Ele olhou de volta para minha mãe, deixando-a sem palavras. —Jesus
Cristo! O que aconteceu?! —Ele rosnou, passando as mãos pelo cabelo. Vendo
todo o sangue que se espalhava na sala. O cheiro de sangue potente no ar agrediu
seus sentidos.
Olhei ao redor da sala pela primeira vez desde que a bala ricocheteou e
atingiu o peito de Lucas. Phoenix, Stone, e Diesel foram os únicos a saírem da
sala, com suas cabeças baixas em remorso. Então, meus olhos pousaram em
Martinez. Seus olhos frios, sombrios e sem alma estavam olhando para mim,
alimentando o meu ódio por ele.
—Seu filho aqui decidiu foder com o diabo. —Martinez disse, olhando
para a minha mãe, que estava segurando o corpo sem vida de Luke. —Ele estava
tentando fazer uma competição de mijo comigo esta noite e claramente perdeu.
Ensine-o a ter melhor pontaria da próxima vez. —O filho da mãe se virou e
caminhou até a saída, girando no último segundo, olhando para a minha mãe. —
Meus pêsames, Diane. —Acrescentou em um tom cheio de simpatia. —Eu sei o
que é perder alguém que você ama. Minha mãe foi brutalmente assassinada bem
na minha frente. Ela morreu nos meus braços. —Ele abaixou a cabeça, virou-se e
saiu.
53
—Mamãe? O que está acontecendo? —Um Noah sonolento apareceu. —
Onde está Luke?
Diesel agiu rápido, puxando-o antes que ele visse alguma coisa. Ma olhou
para cima, destruída, enquanto Noah era levado às pressas para fora da sala.
—Acidente ou não, não podemos chamar a polícia! Você quer que seu
filho vá para a prisão? —Ele respondeu, ignorando sua pergunta. Não dando a
mínima para o que Noah quase presenciou.
—Eu estou tentando salvar a todos nós! Você quer perder outro filho?
Eu dei um passo para longe dele até que minhas costas bateram na
parede. A verdade de suas palavras era demais para eu suportar. Eu deslizei pelos
painéis de madeira, lentamente afundando ainda mais para o canto da minha
própria mente. Em meu próprio inferno pessoal, deixando-os de fora. Puxei os
joelhos para junto do meu peito, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eu
pensei sobre todas as memórias felizes que eu tinha compartilhado com Luke.
54
Lembrei-me da primeira vez em que ele engatinhou.
Suas primeiras palavras, a primeira vez que ele disse meu nome.
Abri os olhos, focando nos dele. Eu quis desviar o olhar, mas eu não podia.
Obriguei-me a enfrentar o que eu tinha feito.
Lembrando o amor que aqueles olhos uma vez mostraram. Toda vez que
eu disse a ele que o amava e a primeira vez em que ele disse “eu te amo” de volta
e cada vez desde então. Dizendo-lhe como eu sempre estaria lá para ele não
importa o que acontecesse. Prometendo sempre protegê-lo. Como mais cedo
naquele dia, estávamos falando sobre as meninas e a vida. Enfiei a mão no bolso,
puxando o colar de Luke. Segurei-o em meus lábios, apertando seu colar em
minhas mãos e chorando mais.
Pisquei os olhos.
Pisquei os olhos.
Pisquei os olhos.
Realizando a RCP9.
Pisquei os olhos.
9
Respiração Cardio Pulmonar.
55
Pisquei os olhos.
Pisquei os olhos.
Pisquei os olhos.
Pisquei os olhos.
Pisquei os olhos.
Caos…
Pisquei os olhos.
Mais caos...
Pisquei os olhos.
Pisquei os olhos.
Escuridão.
56
¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸
Apenas lembranças.
Toda vez que eu fechava os olhos, tudo o que eu podia ver eram os olhos
sem vida de Luke olhando para mim. Lembro-me de cada passo que eu dei,
seguindo atrás do meu pai. Lembro-me da névoa sufocante espessa no ar da noite
que veio depois da chuva que tinha começado no dia anterior. A forma como o
vento soprava uma brisa fresca através das árvores, roçando a superfície da
minha pele excessivamente aquecida. Lembro-me dos sons de galhos rachando
sob nossas botas, o barulho dos pássaros e corujas, juntamente com qualquer
outra coisa que se escondia na floresta.
Acima de tudo, lembro-me de sentir muito ódio por meu pai não dar à
Luke, seu filho, um enterro apropriado. Apenas querendo jogá-lo em um campo
juntamente com inúmeros outros corpos que o clube tinha matado.
57
Meu pai ordenou-lhes a parar de cavar, e pegou a pá da mão de Stone.
—Você fez isso. Ele está morto por sua causa, rapaz. Agora eu não vou
fazer meus irmãos pagarem pelos seus pecados. Você vai cavar aquela sepultura,
e colocar o seu irmão para descansar nela. Eu quero que você lembre-se de que
ele está a sete palmos abaixo da terra por sua causa. Da próxima vez, é melhor
manter a maldita boca fechada. Insultar Martinez, seu pedaço de merda, pode me
custar uma enorme aliança. —Ele jogou a pá na minha frente, me desafiando a
desafiá-lo.
Eu não discuti.
Um dia.
Um mês.
58
Um ano a partir de agora...
Tudo o que seria deixado dele seriam seus ossos. Orei a Deus que ele já
tivesse levado a alma de Luke, e ele não fosse deixado para vagar pelo mundo
como um espírito. Incapaz de descansar em paz. Tentei dizer a mim mesmo que o
Senhor não podia ser tão cruel, mas no final o que diabos ele tinha feito para
mim?
—Você pode calar a porra da boca! Isso é o que você pode fazer! —Ele
cortou Phoenix, olhando de mim para ele e para mim. —Eu não vou dizer mais
uma vez, Creed! Pegue seu irmão e coloque a sua bunda fodida para descansar!
—Suas mãos grandes agarraram-me pela frente da minha camisa, empurrando-
me para mais perto do corpo de Luke.
59
—Eu sinto tanto, irmãozinho. —Eu sussurrei. Minha voz embargada com
cada palavra que saía dos meus lábios.
—Deixe-o aí, Creed! E tire o seu rabo desse buraco! —Pops rangeu os
dentes.
—Eu não dou a mínima para o que você está suplicando! A única coisa que
você merece é estar deitado nesse buraco em vez dele. Agora traga seu traseiro
aqui em cima para que possa enterrá-lo!
—Caralho! —Ele saltou para dentro do buraco para erguer Luke dos meus
braços. Empurrando-me tão forte quanto podia, fazendo minhas costas atingirem
a terra desigual. Eu estremeci de dor, acolhendo a ardência do meu ombro ferido,
precisando sentir outra coisa além do remorso e dor na porra do meu coração.
Ele arrancou o corpo de Luke das minhas mãos, e apenas jogou-o no chão
como se fosse nada. Como se Luke não significasse nada. Ele caiu com um baque
alto, aterrissando em uma posição contorcida que poderia ser vista claro como o
dia, mesmo que ele estivesse em um saco preto para corpos.
—Sim, Prez, deixe-o sozinho. Ele já passou por dor suficiente. —Diesel
acrescentou.
60
—Você escute e me ouça bem, menino. —Meu pai rosnou, ignorando os
apelos do irmão. —Eu não dou a mínima para você, ou o que você está sentindo.
Você tem sorte que estou evitando sua bunda gorda de servir uma sentença de
prisão perpétua por assassinato, seu idiota ingrato. Quando eu lhe disser para
fazer algo, você faça, porra. Você me entendeu? Eu não hesitarei em lembrá-lo de
sua porra de lugar no meu clube.
Ele deu uma última olhada e me empurrou para trás, passando por cima
do corpo de Luke para sair do buraco. Ele imediatamente virou-se para me puxar
pelo meu braço, me jogando na sujeira. Tentei rastejar e ficar de pé, mas ele não
vacilou, lançando a pá bem no meu rosto. O metal oxidado atingiu minha boca,
levando-me a cuspir sangue. Eu me recuperei, levantando-me com as pernas
bambas, tentando o meu melhor para ficar em pé.
Minha vergonha.
Meu remorso.
Minha culpa.
Peguei a pá, mais uma vez, deixando a terra cair sobre Luke. Eu enterrei
meu irmão naquela noite apenas com a luz da lua brilhando acima de mim. No dia
seguinte, vi minha mãe desmoronar no chão ao saber que seu filho estava
enterrado. Eu a vi mais uma vez sendo arrancada da cova improvisada, chutando
e gritando por Deus para devolver o seu bebê. Eu vi meu pai não dando a mínima
para a cena passando na frente dele, e os irmãos MC abanando a cabeça com a
falta de simpatia que ele tinha por ambos os seus filhos e sua esposa.
61
Eu carregaria a agonia de não ter sido capaz de dizer adeus a ele nas
profundezas do meu interior.
Esperando…
Pensando…
Contemplando...
Desejando que eu pudesse pegar o próximo trem e nunca olhar para trás.
Mas era exatamente isso. Um desejo. Um lampejo de esperança para sair da
besteira que era a minha vida. Exceto que, eu ainda tinha Noah para pensar, mais
do que nunca. Toda vez que eu olhava em seus olhos, eu me lembrava de Luke.
Lembrava do que eu tinha feito para ele. Talvez essa fosse a minha punição.
Sendo responsável por meu irmão de forma que eu nunca tinha sido antes. A
cada dia que passava, eu sentia a mesma culpa que senti no dia em que tirei a
vida do meu irmão.
Erros e arrependimentos.
Escolhas e decisões.
Vida e morte.
62
Eu não poderia nem mesmo fazer-me ir para onde Luke estava enterrado.
63
CAPÍTULO 5
Eu vi quando cada vagão de aço maciço era ofuscado pela luz brilhante de
cada relâmpago. Fiquei ali sentado contemplando saltar sobre ele antes que fosse
tarde demais. O último vagão de trem passou na minha frente. Levando com ele o
futuro que eu queria pra caralho. Deixando-me para trás para lidar com a besteira
de todo mundo.
A dela.
O abuso verbal do meu pai tornou-se pior para ela a cada dia que passava,
tornando-se mais monstruoso do que já era. Ela tinha pagado o preço ao perder
um filho. Ela não merecia suas malditas palavras odiosas também. Ele nunca
lamentou a sua própria carne e sangue.
64
Como prometido, poucos dias depois de eu completar dezoito anos, dois
meses atrás, eu fui promovido a um irmão. Os membros foram à missa naquele
dia, a uma votação em que os prospectos tinham ganhado o direito de votarem. A
decisão foi unânime. Eu assinei a minha vida com a minha porra de sangue, como
meu pai sempre quis. Alegando meus direitos no Devil’s Rejects. Foi anunciado na
Nacional Run que eu fui totalmente promovido a membro. Meu pai arrancou meu
colete de prospecto, e entregou-me um com as minhas cores, que consistia do
logotipo do clube, a mancha vermelha em forma de lua crescente com “Devil’s
Rejects” sobre ele, e o outro remendo da lua crescente que dizia Southport.
65
bar sozinho. Querendo nada mais do que dar o fora de lá. Ainda mais vendo o
corpo sem vida de Luke bem debaixo dos meus pés. Não importava, nada mais
importava. Eu estava preso lá, eu gostando ou não. Pops até me deu a escolha da
prostituta, mas eu não dava a mínima para isso. Não importava o que eu fizesse
ou dissesse, nada o impediria de jogar uma buceta no meu colo, certificando-se
de que eu tivesse o meu pau molhado. Eu tive meu primeiro trio naquela noite,
duas putas de uma só vez. Eu deveria estar no topo do mundo, e não esperando
que eu fosse enterrado sob ele.
Depois de dirigir por aí sem rumo por horas, eu decidi parar fora da
estrada, logo após uma hora da tarde. Eu sabia de um pequeno restaurante, na
beira da praia, no coração de Oak Island, Carolina do Norte, uma pequena cidade
praiana fora de Southport, onde o meu tipo nunca seria ignorado. Isso nunca me
parou antes, os moradores poderiam até me julgar, e eu nunca daria à mínima.
—Mamãe, por que eu não pude comprar apenas o biquíni rosa? Odeio
esse maiô preto, de uma peça só, estúpido, que papai disse que eu tinha que
comprar. —A menina choramingou. —Eu estava perfeitamente feliz com o
biquíni. Era bonito e feminino, e agora eu só pareço como um menino. Isso não é
justo! Totalmente chato.
66
—Mia Ryder! Quantas vezes eu tenho que dizer-lhe para não falar assim?
—Sua mãe a repreendeu.
—Aparentemente, mais de uma vez. Mason diz isso o tempo todo, e você
não grita com ele.
—Você pode começar me deixando comprar esse biquíni. Eu não sou mais
um bebê. Papai precisa entender que eu vou fazer dez em breve. São quase duas
mãos inteiras. Dez dedos. —Mia enfatizou, segurando seus pequenos dedos no
ar.
Sua mãe riu, balançando a cabeça. —Você sempre será o bebê do papai.
—Você é muito jovem para estar com este menino louco. Agora, pare de
resmungar. Estaremos ocupadas hoje. Lori ligou dizendo que está doente. Tia Lily
até mesmo vai chegar mais cedo para servir as mesas.
—Bem, você vai surfar ou ficar aqui amuada o dia todo? —Perguntou sua
mãe, inclinando a cabeça para o lado.
—Eu vou pensar sobre isso. —Respondeu ela, sentada no meio-fio fazendo
beicinho.
67
Sua mãe apenas balançou a cabeça, despenteando seu cabelo enquanto
caminhava para dentro.
Desci da minha moto, dando mais uma tragada no meu cigarro antes de
jogá-lo no asfalto, usando a ponta da minha bota para apagá-lo. Quando olhei
para cima, eu tinha dois olhos grandes e azuis brilhantes olhando para mim. A
cabeça inclinada para o lado com os braços apoiados sobre os joelhos. Seus
óculos estavam agora pendurados em suas mãos.
—Uau, você parece um cara daqueles programas de televisão que meu pai
assiste. Filhos de umas Cadelas 10 ou algo assim...
Eu ri tanto que a minha cabeça caiu para trás. Não conseguia me lembrar
da última vez em que ri assim.
—De qualquer maneira. —Ela me ignorou. —Ele não sabe que eu assistia
ao show. Eu descia para a sala de televisão e espiava pela fresta da porta. O cara
com cabelo louro e comprido é bonito. Eu realmente gosto dele.
—Você tem voz? Ou você apenas faz essa coisa de balançar e acenar com
a cabeça, como se fosse tão legal?
Eu sorri, caminhando até ela. Ela olhou para mim, protegendo os olhos do
sol. Esperando pela minha resposta.
—Eu falo. Eu apenas não falo com estranhos, querida. —Eu pisquei,
passando por ela, abrindo a porta, deixando-a ali de olhos arregalados.
10
Sons of a Bitches – Mas ela queria dizer mesmo Sons of Anarchy (série americana).
68
Eu encontrei uma mesa no canto mais distante, longe de qualquer possível
julgamento. O lugar não estava muito ocupado, mas eu ainda tinha olhos
suspeitos sobre mim.
—Água.
Ela riu. —Na verdade, foi o Southport em seu colete. Combinação mortal.
—Muito quente.
—Te agradeço.
Ela riu de novo, jogando a cabeça para trás. —Você é bom. Bem jogado,
Creed. —Disse ela, apontando a caneta para meu nome no colete. —É melhor
você parar de flertar por aqui, apesar de tudo. Eu sou uma mulher casada, e este
é o estabelecimento da minha cunhada, Alex. Eu odiaria que você tivesse que
fugir dos rapazes. Meu irmão, Lucas, ficará louco, e meu marido não vai estar
muito atrás.
69
Ela sorriu. —Eu já volto com a água.
Fiquei ali sentado na areia por não sei quanto tempo, assistindo as ondas
na costa. Vendo Mia, a menina do restaurante, pegando ondas fodidas. Eu não
conseguia tirar os olhos dela, hipnotizado em como algo tão pequeno poderia
pegar as ondas como ela fazia, e não ser engolida pelo oceano. Ela claramente
70
não tinha medo, alcançando os homens experientes, roubando suas ondas, e os
cortando sem piscar um olho.
Remando além dos pontos seguros, ela pegava as ondas como se fosse
uma profissional. Caindo e dando a volta por cima. Ela me fez sorrir como um tolo
maldito, rindo cada vez que ela fodia com alguém, fazendo-os procurarem outro
local. Foi provavelmente a primeira vez em seis meses que eu senti algo mais do
que remorso, vergonha e tristeza.
Essa garota de nove anos de idade, esse furação era a lufada de ar fresco
que eu precisava.
—Do que você está rindo, seu punk? —Mia parou bem na minha frente,
deixando cair sua prancha na areia enquanto ela colocava as mãos nos quadris
pequenos, inclinando a cabeça para o lado. Mal bloqueando o sol com a sua baixa
estatura.
—Uau! Você fala. —Ela mudou seu peso para o outro quadril, me
gozando. —Eu acho que nós não somos estranhos mais. —Ignorando a minha
pergunta, ela estatelou-se na areia ao meu lado.
71
—Há quanto tempo você surfa assim?
Ela bateu o dedo indicador nos lábios, pensando. —Desde sempre. Está no
meu sangue. O meu pai me colocou em uma prancha assim que eu pude andar.
Eu sou melhor que meus dois irmãos. Eu sou melhor do que todos os meus
primos. Eu tenho certeza de que eu sou melhor do que qualquer um em Oak
Island. Talvez até mesmo do mundo.
—Por que você está tão triste? —Ela perguntou, do nada. Aleatoriamente
mudando o rumo da conversa como a maioria das mulheres fazia. Incapaz de se
concentrar em um assunto de cada vez.
—Você beija seu pai com essa boca suja? —Eu ri.
Ela encolheu os ombros. —Meus irmãos falam assim o tempo todo. Minha
primeira palavra foi merda. —Ela sorriu, orgulhosa de si mesma. —Papai grita
com eles, mas eles nunca ouvem. Eles se safam de tudo porque são meninos.
72
Pessoalmente, acho que isso é estúpido. As meninas são muito melhores do que
os rapazes. Nós somos mais espertas. Nosso cheiro é mais agradável. E... se não
fosse pelas meninas, os meninos nem estariam aqui. Então, bum. —Ela exclamou,
fazendo uma explosão com as mãos. —De qualquer forma, eu sou uma Brownie 11
agora, então eu tenho tantos patchs. Eu tenho o perfeito para o seu cinto.
Eu joguei minha cabeça para trás, rindo. Essa garota era demais.
Ela me fez rir tanto que minha costela começou a doer. —Não acho que
ele quis dizer... Deixa pra lá. Você sempre fala tanto assim?
—Oh! Deixe-me dá-lo o meu patch antes que eu esqueça. —Ela pegou sua
mochila rosa que estava aninhada na areia ao lado dela.
Não demorou muito para perceber que esta menina gostava de rosa. Ela
remexeu por alguns segundos, finalmente encontrando o que ela queria. Jogando
a mochila para o lado, ela se virou para mim totalmente.
—Isso é de mim para você. —Ela sorriu. —Então você pode sempre se
lembrar de mim. Vou sempre me lembrar de você. Ok? —Ela me entregou o
patch. —Esse é o meu patch da coragem. Você pode tê-lo uma vez que eu já
tenho o suficiente. Você pode colocá-lo ao lado desse aqui? —Ela apontou para o
meu patch de honra. —Eu acho que eles vão parecer bem juntos.
Fiquei surpreso. Eu não sabia o que dizer, ou o que sentir. Ninguém nunca
tinha me dado nada como isso antes. Ninguém nunca se importou o suficiente.
11
É uma graduação das escoteiras.
73
Olhei para ela e para o patch em minhas mãos, tateando ao redor e apenas
balancei a cabeça. Incapaz de formar as palavras para expressar o sentimento de
amor que eu sentia por esta menina que eu tinha acabado de conhecer.
Olhei para cima para ver Autumn caminhando até mim. Eu fiquei de pé,
limpando a areia da minha calça. —Droga, se não é um colírio para os olhos. —Eu
a cumprimentei, puxando-a para um abraço.
Eu não tinha visto Autumn desde antes de Luke morrer. Eu tinha a evitado,
não querendo a simpatia e compaixão que eu sabia que ela iria proporcionar.
Eu não merecia.
—Eu sinto muito sobre Luke. —Ela sussurrou em meu ouvido, apertando-
me com mais força.
Mia pigarreou atrás de mim, trazendo a minha atenção de volta para ela.
Ela estava dando à Autumn um olhar fatal, um olhar que eu era mais do que
familiarizado quando se tratava de mulheres. Ela podia ser apenas uma criança,
mas isso não impedia o ciúme que ela podia estar sentindo. Eu pisquei para ela,
por uma razão que eu não podia explicar. Eu queria que ela tivesse a garantia de
que ela precisava.
—Não é minha culpa se vocês são mais moles do que o melado. —Mia
respondeu, enfrentando-o.
—Você tem sorte que você é uma menina. Roubar ondas assim poderia
fazer com que seu traseiro fosse chutado.
—Ela é sua irmãzinha? Faz sentido agora. Tem uma boca suja, como você.
—Não diga isso, Mia. Eu estou apenas cuidando de você como qualquer
irmão faria.
75
Eu balancei a cabeça, sufocando uma risada. Eu conhecia Mason tanto
quanto eu conhecia Autumn. A mãe dele era Stacey, outra melhor amiga da
minha mãe. Eu não vou mentir. Primeiro, nós nos odiávamos. Tentando provar
quem era o cão alfa antes de crescermos. Foi assim por um longo tempo, mas
quando nós começamos a ficar mais velhos, nos tornamos amigos íntimos.
Foi por isso que nunca contamos sobre a nossa amizade para seu pai e
madrasta, Alex. Eu nunca tinha conhecido formalmente qualquer um deles e
provavelmente nunca o faria. Os pais de Mason não eram casados. Eles tiveram
uma relação complicada. Um começo difícil, mas eles encontraram uma forma de
fazer isso funcionar. Stacey era como nós, rebelde, e não nos julgava. Alex e
Lucas, já era uma história diferente. Eles nunca aprovariam seu menino andando
com alguém como eu. Especialmente com o filho do Prez do Devil’s Rejects.
—Mia, seu pai está aqui para buscar você! Pegue suas coisas, bebê. —Sua
mãe gritou do restaurante.
—Eu não sou um bebê. —Ela murmurou baixinho, agarrando sua prancha.
Ela olhou para mim. —A gente se vê por aí?
Por ela.
77
CAPÍTULO 6
—Parabéns pra você nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos
de vida. —Todo mundo terminou de cantar, bater palmas, vaiando e gritando.
—Sopre suas velas, garotinha. —Disse papai, puxando meu cabelo para
trás. Apontando para o meu bolo de chocolate temático de surfista. Com uma
menina sobre uma prancha cor de rosa, como a minha, que mamãe tinha feito
especialmente para meu décimo aniversário.
Fechando os olhos tão forte quanto eu podia, eu mordi meu lábio inferior,
colocando as mãos em gesto de oração na minha frente, concentrando-me muito.
Concentrando todos os meus esforços no meu desejo de aniversário, eu apaguei
todas as velas na frente da minha família, em silêncio, esperando que fosse se
tornar realidade.
Eu disse aos meus pais que não queria uma festa de aniversário, mas
Mamãe não aceitou. Ela disse que era meu primeiro aniversário na casa dos dois
dígitos, e que precisávamos comemorar. Eu só acho que era mais uma desculpa
para ela dar uma festa. Ela gostava de dar festas. Se fosse por mim, teríamos só a
78
minha família para um churrasco, mas em vez disso, nosso quintal foi decorado
com balões cor de rosa, bandeirinhas, e uma casa inflável gigante.
Meu pai e tia Lily eram irmãos. Ela era casada com um dos meninos, tio
Jacob. Eles tiveram dois filhos, Riley e Christian. Tia Lily sempre me disse que
Papai não gostou que o tio Jacob se apaixonasse por sua irmã mais nova. Eles
mantiveram o seu amor em segredo por um longo tempo, e quando o papai
descobriu que ele estava com a tia Lily, ele bateu nele. Tio Jacob disse que ele o
deixou vencer, mas papai disse que ele era apenas um advogado almofadinha que
só estava tentando salvar seu rosto, ou o que isso significava.
Tio Dylan, outro dos meninos, era casado com a tia Aubrey. Ele me fazia
lembrar um super-herói, sempre carregando uma arma e distintivo, colocando
pessoas más atrás das grades. Eles tiveram duas filhas, Giselle e um recém-
nascido com o nome de Constança. Todo mundo diz que Deus o abençoou com as
meninas como punição por ser um idiota mulherengo. Eu não sei o que isso
significava, mas Mamãe disse que eu não estava autorizada a repetir isso.
Tio Austin era o último bom e velho menino. Ele era coberto de tatuagens
como Creed, e ele era dono de uma loja de tatuagem local. Sua namorada era
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Briggs, que tinha cabelo roxo brilhante e tatuagens por todo o corpo também.
Eles estavam começando a conhecer um ao outro novamente. Eu acho que o tio
Austin fez algumas coisas ruins, mas agora estava tentando reconquistá-la,
provando que estava melhor. Eu tinha a sensação de que ele conseguiria. Meu pai
não estava muito feliz quando eu perguntei se eu poderia pintar o meu cabelo da
minha cor favorita, rosa brilhante. Ele olhou para mim como se tivesse crescido
duas cabeças, antes de dizer não. Quando eu lhe disse que queria ter a minha
prancha rosa tatuada no meu pé, ele disse não enquanto ele estivesse vivo e
respirando.
Nunca.
Eu não me importava que alguns dos meus primos não fossem meus
parentes de sangue, eles eram a única família que eu tinha conhecido. Eu amava
cada um deles com todo o meu coração.
—Mia, eu já lhe disse que não. —Ele respondeu, sem tirar os olhos do
projeto na frente dele no balcão da cozinha.
Meu pai era dono de sua própria empresa de construção civil, e era o
melhor construtor maldito na área dos três estados. Suas palavras, não minhas.
—Por quê? Não é justo! Você disse que Bo poderia ir com Mason, se
quisesse. Na última vez que verifiquei, Bo era apenas dois anos mais velho do que
eu. —Argumentei, jogando os pratos na pia um pouco mais forte do que deveria.
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—Isso é diferente. —Papai simplesmente declarou, ainda focado no
trabalho.
—Mia Ryder! Você não pode dizer coisas como essa! —Mamãe gritou,
caminhando de volta para a cozinha.
—Oh, me desculpe. Você quer um pouco? —Ele levantou a caixa para ela.
Ela lhe deu um olhar que o fez colocá-la de volta na geladeira.
—Papai, eu poderia ter dito a palavra pau como ele fala, mas eu usei pênis
porque eu sou uma senhora.
—E é exatamente por isso que você não vai para o festival com Mason e
seus amigos de boca suja. —Justificou.
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—Lucas... —Mamãe persuadiu.
—Nosso bebê. —Ela o interrompeu. Olhando para ele enquanto ela enchia
a máquina de lavar louça.
—Eu. Não. Sou. Um. Bebê! —Eu repeti muito mais alto dessa vez. Batendo
a mão no balcão, precisando que a minha voz fosse ouvida. —Não é justo, papai.
Você sabe que tudo o que você está fazendo é me afastar. Vou começar a fazer
coisas sem perguntar primeiro, porque você nunca me deixa fazer nada. Nem
sempre serei seu bebê.
—Sim. Tenho certeza. —Eu sabia que estava testando sua paciência, eu
sabia que estava cruzando a linha. Eu sabia que ficaria em apuros...
—Pai, ela pode vir comigo. —Mason entrou na conversa. —Eu vou garantir
que todos estejam em seu melhor comportamento.
—Sua mãe e eu estaremos fora da cidade durante o festival. Mia vai ficar
com Lily e Jacob. Ela não...
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—Mas...
—Mia. Agora! —Papai rugiu, trazendo a minha atenção de volta para ele.
Peguei meu caderno da minha mesa e passei pelas portas duplas para sair
para minha varanda com vista para a água. Passei as próximas horas sentada na
minha espreguiçadeira, sob a lua, ouvindo a calmaria suave das ondas quebrando
na praia, acolhendo a brisa salgada saindo do mar. A água sempre tinha um jeito
de me acalmar, não importava o que eu estivesse sentindo ou passando. Era o
meu lugar feliz, meu próprio pedaço do céu, minha fuga. Eu deveria estar na
cama, dormindo como todo mundo na minha casa, mas eram férias de verão, e
eu não tinha hora certa de dormir. Eu era uma coruja da noite de qualquer
maneira, sempre fui.
Peguei meu caderno, olhando para trás para a água pela última vez
quando o vi. Ele estava indo embora da minha casa em direção ao oceano,
usando o mesmo colete que ele tinha usado na última vez em que o vi. Eu
imediatamente me perguntei se ele estava usando o patch da coragem que eu dei
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a ele alguns meses atrás. Eu ri com a visão dele vestindo suas botas de combate
na areia. Ele parou na costa, olhando para o céu, colocando as mãos nos bolsos da
calça jeans preta. Ele parecia tão enorme e encorpado como eu me lembrava.
Talvez ainda maior.
Antes que eu pensasse duas vezes, eu corri para o meu quarto, agarrando
minha mochila e procurando dentro dela. Peguei o que eu estava procurando, e
meu cobertor da minha cama. Ia esfriar lá fora na água. Saí do meu quarto em
silêncio, sendo extremamente cuidadosa para não acordar ninguém. Eu estaria
em apuros se meu pai acordasse, já que eu não tinha permissão para sair de casa
sozinha depois de escurecer. Em minha defesa, eu não ficaria sozinha, Creed
estava na praia. Eu escapei pelas portas do pátio de trás, fechando-as suavemente
atrás de mim. Desci a escada para o nosso pedaço de praia privada. Ninguém
seria capaz de nos ver. Ele deve ter vindo com Mason.
—Meu desejo se tornou realidade! —Eu gritei por cima do barulho das
ondas.
—Não passou da sua hora de dormir? —Ele friamente disse, sem se virar
para me encarar.
—Não deveria estar desejando por mim, Pippin. —Afirmou, voltando sua
atenção para a água.
—Pippin?
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De repente, ele se virou, esticou o braço e puxou o final de uma das
minhas tranças.
—Oh! Como Pippy meia longa! Ela era como Peter Pan para meninas.
Nunca querendo crescer. Ela é meio o meu ídolo, brincalhona, imprevisível,
sobre-humana. Uma aberração da natureza como eu sou em uma prancha. E ela
tinha um macaco como animal de estimação, o Sr. Nilsson.
Falei com honestidade. —Mas se eu não tivesse feito esse desejo, eu não
seria capaz de dar isso a você. —Eu dei um passo à frente, entregando-lhe outro
patch para o seu colete. —Eu vi isso em uma pequena loja na cidade quando
minha mãe e eu estávamos comprando algumas coisas semanas atrás. Quando
ela estava no vestiário, eu agarrei e comprei com a minha mesada. Fez-me
lembrar de você.
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—Não, espertinha, a moeda não é o presente. O desejo é. Faça-me um
favor, sim? Não perca mais desejos comigo. —Com isso, ele se virou e foi embora,
deixando-me sozinha e confusa.
—Mas eu já fiz...
—Estou dando a você uma nova chance, Pippin. Você vai me agradecer
mais tarde. —Ele gritou por cima do ombro.
Eu não precisava de uma nova chance. Meu primeiro desejo foi perfeito.
Seria o máximo.
Sua voz soava tão longe, mas tão perto. Ecoava ao meu redor, o que
tornava difícil dizer em que direção ela vinha. Cantarolando para as árvores como
a melodia de uma música instrumental, vibrando profundamente em meus ossos.
Virei-me em um círculo, girando a cabeça de norte a sul, de leste a oeste. Passei
minhas mãos pelo meu cabelo, respirando pesadamente. Antes que eu
percebesse, estava correndo. Corri o mais rápido que pude através dos bosques
intermináveis sem sentir qualquer coisa.
—Bem aqui. —Eu vi uma figura com o canto do meu olho, mas quando me
virei, ele tinha ido embora. —Corra... Corra mais rápido, Creed! Ajude-me!
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Cada desvio que eu tomava era o errado, sempre chegando a um beco sem
saída. Seus apelos estavam ficando cada vez mais longe a cada passo que eu
dava. Levando-os para dentro do buraco negro da noite.
—Luke! Luke! Onde está você? Eu estou indo, amigo. Onde você está? —Eu
gritei na noite escura.
Mas não ecoou, não fez som, não havia nenhum som saindo da minha
boca. Por que eu não podia falar? Por que ele não podia me ouvir? Havia tanto
nevoeiro, tanta neblina que, de repente, começou a me engolir, me sufocando.
Tirando meu ar. Eu não podia ver. Eu não conseguia me mexer. Eu estava
correndo no mesmo lugar? Meu coração batia forte contra o meu peito, em meus
ouvidos, em minha mente, em meu interior.
Eu estava sufocando.
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tanto medo... —Sua voz soava mais perto e depois mais longe com cada palavra
que ele dizia.
—Diga-me onde você está! Por favor, Luke! Apenas me diga onde você
está! —Eu coloquei minhas mãos sobre os ouvidos, tentando calar o barulho do
trem, mas ele estava apenas ficando cada vez mais alto e mais alto, até que tudo
que eu podia ouvir era o trem e nada mais.
—Creed! Creed! Está tudo bem! Acorde! Está tudo bem! —A voz doce de
Autumn fluiu, fundindo-se com toda a dureza. —Shhh... Está tudo bem... Eu estou
aqui, Creed! Estou aqui!
Eu puxei o gatilho.
BANG.
Eu sentei assustado na minha cama, com falta de ar. Ofegando pela minha
próxima respiração, olhando na minha frente. O suor escorria dos meus poros,
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descendo nos lados do meu rosto. Eu não me movi, tentando racionalizar o que
era real e o que era um sonho ainda.
Um terrível pesadelo.
Era o mesmo sonho que eu tinha cada vez que eu me permitia cair em um
sono profundo. Um momento de fraqueza em que meus demônios se
alimentavam. Recuperando a compostura, eu abruptamente me levantei antes
que pudesse dizer qualquer outra coisa. Eu fui para a varanda de trás, deixando a
porta se fechar atrás de mim. Precisando de um pouco de ar fresco. Um maldito
minuto para mim.
Alguma coisa.
Qualquer coisa.
Nunca pensei que Mia fosse aparecer no meio da noite para me dar outro
patch. Dizendo-me que o seu desejo de aniversário de me ver novamente se
tornou realidade. Eu não a tinha visto desde a primeira vez em que a conheci na
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praia, meses atrás. Ela era uma menina doce e inocente. Eu deveria tê-la deixado
sozinha, mas a última coisa que ela precisava era estar pensando em mim, muito
menos querer me ver novamente. Eu era nove anos mais velho que ela.
No momento em que voltamos para a minha casa, era perto de duas horas
da manhã. Eu não deixaria Autumn dirigir de volta para casa, sozinha. Ela acabou
deitando na minha cama comigo. Isso nunca foi um grande negócio. Nós
compartilhávamos uma cama desde que éramos crianças. A única diferença era
que agora não éramos mais crianças, e ela tinha peitos e bunda para deixar o meu
pau duro. O mais provável era lhe dar uma ereção matinal surpresa, mas eu não
dava à mínima.
Eu nunca pensei nela como mais do que a minha melhor amiga, mesmo
que nossas mães quisessem que nós terminássemos juntos. Claro, ela era muito
bonita, mas sua amizade significava mais para mim do que sua buceta. Ela
merecia mais do que ser apenas um pedaço de bunda. E agora, isso era a coisa
mais distante na minha mente.
Ela sabia de toda a merda que eu passei na minha vida. Eu confiei nela
muitas vezes sem me preocupar em ser julgado por minhas imperfeições. Pelos
meus malditos pecados. Não importava o que eu dissesse a ela, eu nunca temi
que ela fosse embora, ou virasse as costas para mim. Houve momentos em que
eu não tinha que dizer uma porra de palavra, mas apenas ouvi-la respirar no
outro lado do telefone trazia uma sensação de calma sobre mim. Autumn era a
única pessoa que sabia a verdade sobre aquela noite, sobre o que eu tinha feito.
Eu precisava contar a alguém a verdade, precisava ser honesto sobre a coisa toda.
Meus pais mentiram para todos, dizendo que Luke tinha acidentalmente
atirado em si mesmo. Ninguém fez perguntas, por que, o que você poderia dizer
sobre isso? Pops pagou o legista, obteve todos os documentos legítimos que
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precisava, e fez parecer que foi tudo um acidente infeliz. Dizendo a todos que nós
fizemos um funeral privado para ele somente com a família imediata, tomando a
decisão de cremá-lo para que ela pudesse sempre levar suas cinzas com ela. Ele
até chegou a publicar um obituário no jornal local, mantendo os falsos pretextos
de retratar o pai amoroso de luto ao filho que eu matei.
—Chega! —Eu passei por ela, dando mais uma tragada do meu cigarro.
Indo para a área de estar ao redor da lareira.
—Você vai pelo menos me dizer do que se tratava? Seu pesadelo? —Ela
veio atrás de mim. —Pode ajudar, falar sobre isso. Você não pode manter essa
merda engarrafada, Creed. Estou aqui por você. Eu tenho estado há anos, então
pare de tentar me calar. Deixe-me ajudá-lo.
—Não vai trazê-lo de volta. —Eu disse, deixando a fumaça sair da minha
boca enquanto eu falava. Sentei-me em uma das cadeiras, descansando os
cotovelos sobre os joelhos, segurando a cabeça entre as minhas mãos.
Ela se sentou ao meu lado, afastando o meu braço para longe do meu
rosto. —Diga-me de qualquer maneira.
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Eu balancei a cabeça, zombando. —É sempre o mesmo maldito sonho. A
voz de Luke gritando na floresta. Implorando, suplicando para eu ir encontrá-lo.
Dizendo que ele está com medo. Dizendo-me que se eu já o amei, que eu seria
capaz de encontrá-lo.
—Jesus, Creed...
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—É óbvio que você acha que não merece, Creed. —Ela enxugou o rosto
com as costas da mão.
—Você disse que queria saber. Então está aí. Bem-vinda ao meu mundo
fodido.
—Foi um acidente. Você ama o seu irmão mais do que tudo neste mundo.
Eu vi isso em primeira mão, Creed. Eu ainda vejo isso todos os dias. A maneira
como você ainda cuida de Noah, ainda mais agora do que antes. Enquanto o seu
pai não tem uma preocupação no mundo além daquele clube, e sua mãe afoga-se
em vodka, o que você faz? Hã?
—Você praticamente se mata a cada dia, fazendo Deus sabe o que por
esse clube. Um clube que você nem sequer gosta ou quer fazer parte. Ouvindo
cada ordem que o seu pai rosna para você. Fazendo tudo o que ele exige, sem
piscar os olhos. Para quem está fazendo isso? Com certeza não é para você. O que
aconteceu foi um acidente terrível. Eu não posso imaginar o que você está
passando, mesmo depois de todos esses meses. Mas você não pode continuar
culpando a si mesmo, porque você não merece isso. Você me entende? Você não
merece.
—Leve-me para pegar minha moto, ok? Eu vou comprar café da manhã
para você não reclamar sobre meu apartamento vazio. —Eu mudei de assunto.
Ela suspirou, balançando a cabeça, embora ela quisesse dizer muito mais.
Eu estava cansado de ouvi-la falar demais. Nada que pudesse dizer tornaria essa
dor melhor, tudo o que fazia era lembrar-me de quão fodida a minha vida
realmente era. Ela definitivamente não poderia trazer Luke de volta. Eu amava
Autumn, eu sabia que ela tinha boas intenções, mas às vezes ela não sabia
quando simplesmente calar a boca.
Passei os próximos dias fazendo corridas para o clube, dirigindo por horas
e chegando em casa mais tarde do que o habitual. Eu não tinha visto ou falado
com Autumn desde a manhã no café da manhã, mas não foi por falta de tentar.
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Tenho certeza de que ela pensou que eu estivesse propositadamente evitando-a,
desde que eu não tinha retornado. Eu estava muito ocupado.
—Ei, eu coloquei a sua mãe na cama. Fiz para Noah um jantar e joguei
vídeo game com ele a noite toda. Eu vim aqui quando ouvi sua moto chegar. —Ela
falou quando fechei a porta atrás de mim. —Eu não quero brigar mais. —
Acrescentou, levantando as mãos.
—Não estava ciente que estávamos brigados. —Fui até o armário, tirei
minhas botas, e agarrei uma nova camisa do cabide.
Ela sorriu, sua ansiedade diminuindo. —Eu tenho algo para você. —Ela se
levantou, caminhando até mim. Ela colocou uma caixa de joias branca na minha
mão.
—Eu acho que isso vai ajudar com seus pesadelos. Eu sei que você está
lutando para se manter são, Creed. Eu sei que você sente toda essa culpa e
remorso pelo que aconteceu com Luke, mas eu sei que, no meu coração, você era
sua pessoa favorita. Exatamente como você é para Noah. —Ela fez uma pausa,
deixando suas palavras afundarem. —Eu sei que vai levar um tempo para que
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você possa encontrar a paz, mas eu estou esperando que talvez isso ajude. —Ela
apontou para a caixa de joias em minhas mãos. —Abra.
—A morte deixa uma mágoa que ninguém pode curar. O amor deixa uma
memória que ninguém pode roubar. —Recitou em voz alta para mim. —Eu li isso
em algum lugar e nunca me esqueci. Eu não tinha certeza do por que, até agora.
O que aconteceu depois quase me fez cair de bunda. Ela ficou nas pontas
dos pés e sorriu timidamente, então se inclinou e beijou meus lábios suavemente.
Abrindo a boca contra a minha, atraindo-me para mover meus lábios em sincronia
com os dela.
Eu não.
Quando ela ternamente beijou meus lábios mais uma vez, desta vez
passando a língua ao longo da minha boca, ela gemeu, um zumbido suave,
sensual, me atraindo. Eu não aguentei mais. Estendi a mão segurando seu
pequeno rosto sardento bonito, entre minhas mãos. Delicadamente beijando-a
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de volta, minhas paredes desmoronando ao meu redor. Todas as reservas que eu
tinha sobre nós quebraram com elas.
Ela fechou os olhos com força por um segundo, pensando no que eu disse.
A dor evidente em seu rosto. Eu me lembraria das próximas palavras que saíram
de sua boca pelo resto da minha vida.
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CAPÍTULO 7
—Vencedora! A jovem senhora com um top rosa, venha até aqui. O que
posso pegar para você, querida? —A voz do trabalhador do festival ecoou sobre a
multidão que começava a se reunir em torno de mim e do tio Jacob.
Desta vez eu escolhi um grande urso de pelúcia rosa com uma camisa
apertada, para levar com meus outros prêmios.
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barracas de cerveja, tendas de cassino, tendas de jogos, qualquer tipo de atração
que você poderia pensar, estava lá.
Eu estava chateada quando papai disse que eu tinha que ficar com a
minha tia e meu tio todo fim de semana. Eu queria ficar em casa com Mason e Bo.
Não havia como eu ganhar essa briga. Nem mesmo por uma noite. Fiquei grata
por ir ao festival, pelo menos, mas a última coisa que eu queria era ser tratada
como um bebê novamente. Eu não queria ir com a minha tia e meu tio, eles não
me deixavam ir para os grandes brinquedos como Mason faria. Eu fui discutir o
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meu caso, mas Mamãe me deu um olhar severo para não começar com isso
novamente.
—Eu não posso fazer nada se o tio Jacob é ruim. —Eu respondi,
mostrando a língua para ele.
—Acabamos de chegar aqui, tia Lily. Eu ainda não fui a qualquer uma das
montanhas russas, especialmente a Scrambler. Eu nem sequer comi o meu bolo
de funil, você tem que comer um bolo de funil no festival. —Eu levantei minha
cabeça e coloquei minhas mãos em meus quadris.
—Se esperar muito tempo não será capaz de ver o desfile. Além disso,
você é muito pequena para esses brinquedos.
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sempre seria um bebê por causa disso. —Vamos, tia Lily. O que aconteceu com
você ser divertida?
—Mia Ryder, não fale com sua tia dessa forma. —Tio Jacob me castigou.
Eu chutei a terra, fui comer o meu bolo de funil, e segui atrás deles.
Observando as pessoas entrarem e saírem dos brinquedos que eu queria ir,
irritada o tempo todo.
—Tio Jacob, posso... —Faróis brilhantes iluminaram por trás de seu corpo
alto e o som de motores de motocicleta acelerando, quebrou minha linha de
pensamento. Eu imediatamente olhei atrás dele. Toneladas de Harleys
apareceram, tinha de haver, pelo menos, de vinte a vinte e cinco motos no
estacionamento ao lado do bar. Eles vestiam coletes exatamente como Creed.
—Jacob! Quantas vezes eu tenho que dizer-lhe para ter cuidado com sua
boca na frente das crianças? —Tia Lily o repreendeu, segurando as mãos sobre os
ouvidos de Riley.
100
—Eu sei. São apenas aqueles merdinhas. Eu deveria chamar Dylan e ver se
ele quer tirar algum lixo hoje à noite.
Eu fiz uma careta, baixando as sobrancelhas sem entender o que ele quis
dizer com isso.
Examinei os motociclistas, sabendo que ele tinha que estar entre eles, mas
era difícil ver com todas as famílias, de repente, pegando seus filhos e
caminhando na direção oposta. Sussurrando para desviar o olhar. Multidões se
separaram para saírem do caminho. Outros simplesmente viraram a cabeça, sem
fazerem contato visual com os homens.
Eu dei alguns passos em sua direção, ignorando o meu tio, que começou a
puxar minha mão, tentando levar-me para longe.
—Mia, vamos. Agora! —Tia Lily gritou sobre o caos. —Merda! Jacob, você
pode me ajudar com este carrinho de criança? Está preso.
101
na parte de trás de sua moto. Tirando o capacete, sorrindo para ele com olhos
amorosos.
Era a menina que veio atrás dele na primeira vez em que nos encontramos
na praia. Lembrei-me que ela tinha olhos castanho chocolate e sobrancelhas
pretas grossas que flutuavam sobre eles. Seu cabelo longo, confuso, vermelho
estava envolto por todo o rosto. Ele a ajudou a descer da moto, pegando o
capacete das mãos dela e puxando-a ao lado dele. Ele tirou os cabelos dispersos
de suas bochechas rosadas. Ela estava vestindo um short minúsculo, mal cobrindo
suas pernas longas, com botas de combate pretas como Creed. Seu top mal cobria
seus seios grandes e barriga magra.
A maneira como ele olhava para ela revirou meu estômago, doeu meu
coração, e eu não entendia o porquê. Olhei para o meu vestido feminino, de
repente, não me sentindo bem o suficiente. Eu queria parecer como ela. Eu
queria ser ela. Se fosse isso que precisava para Creed olhar para mim da maneira
como ele olhava para ela.
Esperei pelo que pareceram anos, querendo que ele olhasse na minha
direção, mesmo que fosse apenas por um segundo. Tudo que eu queria era um
momento de seu tempo. Um lampejo de me sentir uma parte de sua vida. De
repente, como se ouvisse meus pensamentos, ou sentisse a minha presença, ele
se virou. Travando seu olhar comigo na distância entre nós.
Sorri muito, apenas para que ele pudesse ver a minha vertiginosa luz indo
para cima dele. Ele permaneceu impassível, olhando através de mim e não para
mim. Dando um último olhar em minha direção, ele se virou, agarrou a mão da
menina e caminhou em direção ao bar.
Ele nem sequer me reconheceu. Ele agiu como se ele nem soubesse quem
eu era. Como se eu não significasse nada para ele.
102
Quando ele significava tudo para mim.
Nós dirigimos com os irmãos, parando para tomar umas cervejas no bar
que meu velho possuía perto do festival. Eu disse à Mason para pegar Giselle e
nos encontrar lá. As meninas se entediavam bem rápido, nos chateando sobre
isso e sobre como elas queriam dançar. A bebida quente correndo em seus corpos
as deixou bêbadas mais rápido do que nós. Autumn me puxou, sorrindo, rindo, e
sem preocupação nenhuma. Arrastando minha bunda para fora do bar, fazendo
com que os irmãos vaiassem e gritassem que era melhor eu me aproveitar um
pouco dela por ser um maricas, e não colocar a minha cadela no seu lugar.
—Não é o que parece. —Eu não olhei para ele, com foco em Autumn, que
agora estava dançando com Giselle. Cantando a letra da canção fingindo segurar
um microfone. Tendo a diversão de suas vidas.
—Não fodi com ela, Mason. Não vou cruzar essa linha. Todo o resto é
apenas brincadeira fodida de criança.
—Ela me conhece.
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homem que ela pensava que eu era, o homem que ela merecia. Eu ficava
esgotado só de pensar nisso, muito mais em ser essa pessoa para ela.
Giselle não estava muito atrás dela, puxando Mason para a pista de dança,
mesmo sem perguntar primeiro.
Maricas.
—Diga isso ao meu pau, o qual você está se esfregando. —Eu ri,
apreciando a sensação dela em meus braços.
—Desde que eu tinha oito anos. No dia em que meu pau percebeu que
gostava de você, e desde então.
105
Ela riu, virando-se. Fazendo sua bunda roçar onde sua buceta tinha
roçado. Sabendo que eu era um idiota. —Você se importa? Ou você apenas vai
ficar aí? —Ela provocou, balançando os quadris ao ritmo da música.
—Oh, eu sinto que você está bem. —Ela olhou por cima do ombro e
piscou.
Essa foi a minha sugestão para sair de lá. —Vou pegar uma bebida, ok?
Eu levantei uma sobrancelha, olhando para ela como se ela não pudesse
estar falando sério.
106
Eu voltei para dentro do bar. Estava muito mais cheio do que estava antes.
Pessoas lotavam o grande espaço aberto, eu podia sentir a diversão no ar,
meninas dançando em todos os lugares, e homens cheios de tesão seguindo-as de
perto. Os irmãos estavam sentados no mesmo lugar em que os deixei, junto com
bucetas frescas enfileiradas apenas esperando serem chamadas. Cadelas
desesperadas, chamando a atenção, passando as unhas por seus coletes. Ou em
qualquer outro lugar que pudessem.
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Algum menino bonito fodido estava com as mãos por todo seu corpo,
roçando seu pênis em seu traseiro, enquanto ela dançava como uma stripper
maldita em um poste. Minha cerveja caiu das minhas mãos e para o chão, e sua
garrafa de água foi a próxima. Fui até o outro lado da pista de dança, empurrando
as pessoas para fora do caminho. Eu era uma bomba-relógio tiquetaqueando
prestes a explodir no tempo que levasse para chegar até ela. Derrubando
qualquer um que estivesse no meu caminho da destruição, precisando chegar até
ela o mais rápido que pudesse.
Meu punho foi puxado para trás enquanto eu dava meu último passo,
conectando com a mandíbula do filho da puta antes mesmo que ele me visse
chegando. Sua cabeça recuou, levando metade de seu corpo agora mole com ela.
Autumn gritou quando foi puxada para o chão pelo filho da puta que não a soltou.
Eu me inclinei para frente, agarrando-a pela cintura, salvando seu rabo de
encontrar o concreto abaixo. Puxando-a para o meu peito, coloquei seu corpo
atrás do meu.
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—Creed! —Mason gritou, passando pela multidão. Agachando-se entre
nós. —Não aqui. Vamos! —Ele ordenou, acenando atrás de mim.
—Pensei que ela não quisesse dizer nada. —Mason sussurrou, batendo
em meu ombro quando estávamos fora e longe da vista. —Volte para a minha
casa para o caso de chamarem a polícia. Não vai demorar muito para eles
descobrirem quem você é. Meus pais estão fora da cidade.
—Creed...
109
CAPÍTULO 8
—Obrigada, tia Lily. Vejo você mais tarde. —Eu disse, fechando a porta do
carro atrás de mim.
Creed estava dormindo na minha cama, meu lençol cor de rosa puxado até
a cintura. Um braço musculoso debaixo do meu travesseiro, o outro colocado em
seu estômago nu. Ele tinha tatuagens em todos os lugares, gravadas em toda a
sua pele, nem um lugar vazio podia ser visto.
Quando mais perto chegava dele, mais eu percebia o quão grande ele
realmente era. Tomando toda a minha cama queen-size. Ele tinha músculos em
todos os lugares do seu corpo. Eu não sabia que alguém poderia parecer tão
assustador e bonito ao mesmo tempo. Eu queria dar um olhar mais atento nas
suas tatuagens. Eu queria saber cada projeto que foi feito em sua pele, e eu
queria encontrá-los com os dedos, só para ver se eles pareciam tão bons quanto
eu achava.
Ele parecia tão calmo enquanto dormia, eu não queria acordá-lo, mesmo
que eu quisesse falar com ele. Perguntar a ele por que ele foi tão ruim para mim
na noite anterior. Por que ele me tratou como se eu não existisse. Como se ele
não me conhecesse mesmo.
111
Depois de alguns minutos, ele começou a se mexer, eu pensei que ele
estivesse acordando, mas seus olhos começaram a vibrar e seu corpo tremer. Ele
começou a sacudir a cabeça de um lado a outro como se estivesse tendo um
pesadelo.
—Luke... Luke... Diga-me onde você está... —Ele murmurou, sua voz cheia
de puro pânico e desespero. Um tom que eu nunca tinha ouvido antes.
—Você não deveria fumar. É ruim para você. —Eu soltei, quebrando o
silêncio desconfortável entre nós.
—Esta é a menor das minhas preocupações, Pippin. —Ele gemeu, sua voz
áspera de acabar de acordar.
Ouvir seu apelido para mim, fez borboletas se agitarem na minha barriga
novamente. Engoli em seco, escondendo o sorriso que estava ameaçando nos
meus lábios, lembrando que eu estava brava com ele. Pelo menos eu queria que
ele pensasse que eu estava.
—Eu posso contá-las. Quero dizer... se você quiser saber quantas você
tem, eu poderia contá-las para você. —Eu ri nervosamente.
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Ele sorriu. Foi rápido, mas eu vi.
—Eu não posso esperar até que eu possa fazer uma. Eu quero uma...
—Não estrague a sua pele. É perfeita do jeito que está. —Ele interrompeu,
pegando-me desprevenida.
—OK.
Se alguém tivesse dito isso para mim, teria me deixado furiosa. Se havia
uma coisa que eu odiava, era ser dita o que fazer, mas era diferente vindo de
Creed. Eu queria ser perfeita para ele, como essa menina em sua moto.
Ele inclinou a cabeça para o lado, tirando o cigarro de sua boca. Soprando
a fumaça para cima.
—Eu a ignorei, porque eu não sou nada bom. Você é uma menina, e eu
sou um homem crescido. A lista é interminável de porque eu não posso ser seu
amigo. Então, faça-me um favor, esqueça de mim, e vá brincar com suas bonecas
ou alguma merda assim. —Ele respondeu grosseiramente.
Fiz uma careta, chateada. —Essa é a coisa mais estúpida que eu já ouvi. Eu
nem gosto de bonecas. Eu gosto de animais de pelúcia como você pode ver
claramente no meu quarto. E novamente, eu não sou um bebê. Estou perto de
adultos o tempo todo. Eu tenho mais amigos que são da sua idade ou mais velhos
até. Além disso, eu sou super madura e impressionante, tudo em um. Todo
mundo quer ser meu amigo. Você só está sendo um grande tirano. E você sabe o
que mais? —Fiz uma pausa, dando-lhe a expressão de desgosto mais sincera que
eu poderia reunir. —Eu nem sei se quero ser mais sua amiga.
114
Ele balançou a cabeça, rindo, encontrando meus olhos. —Não sabe
quando desistir, não é?
—Eu sou uma garota legal. Você tem sorte de ter me conhecido.
—As meninas agradáveis precisam ficar longe de caras como eu. —Ele
suspirou, soltando a fumaça do cigarro.
—Isso é diferente.
—Por que todo mundo sempre diz isso? Eu estou cansada de que essa seja
a única resposta que alguém pode me dar. Como se tivesse sentido ou algo assim.
Por que é diferente? Porque ele é um menino não é uma resposta, essa é apenas
uma desculpa. Como quando Mamãe diz que eu não posso comer mais sorvete
porque isso vai fazer minha barriga doer. Como ela sabe que vai fazer a minha
barriga doer até que aconteça? Você acha que só porque você é mais velho e
maior que eu, você sabe tudo. Bem, você não sabe nada. Especialmente o que é
bom para mim.
Ele estreitou os olhos, olhando para mim de uma maneira que nunca
olhou antes, fazendo com que a minha barriga se agitasse novamente. Eu não
entendia como ele podia me fazer sentir tantas emoções, mesmo sem dizer uma
palavra.
—Você sempre faz birra quando não consegue o que quer? —Ele
perguntou em tom de provocação.
—Você sempre age como um idiota quando está tentando obter o que é
seu?
115
Normalmente adultos gritavam comigo quando eu xingava, e eu meio que
esperava que ele fizesse o mesmo. Eu gostei do fato de que ele não o fez. Mesmo
que ele estivesse tentando mandar em mim, eu sabia que ele estava tendo uma
boa intenção. Ele apenas me mostrou que eu tinha que lutar mais forte pela
nossa amizade. Eu não me importava de fazer isso, contanto que isso significasse
que eu pudesse ficar em sua vida.
—Eu não tenho um monte de amigos, Creed. Eu não gosto de perder meu
tempo com pessoas que eu não ache que valem a pena.
—Idiota, não é apenas uma palavra, é um estilo de vida. —Ele leu em voz
alta, um sorriso finalmente apareceu em seus lábios.
116
Eu deixei a água quente correr pelas minhas costas, pelos meus músculos
tensos, inclinando-me com as mãos e testa no azulejo frio. De pé sob o chuveiro
no meu banheiro, lavei o efeito da noite passada. Flexionando e soltando meus
punhos, acalmando a dor da mandíbula que o filho da puta deixou para trás.
Tentando ignorar os pensamentos que me assolavam sobre certa ruiva que me
fez perder minha cabeça. Vê-la praticamente fodendo outro cara na pista de
dança me irritou de forma que eu nunca imaginei. Nunca até mesmo esperei.
Depois que deixei o festival, eu a levei de volta para a casa dela. Ela saiu da
minha moto antes mesmo de eu baixar o suporte de apoio, arrancando seu
capacete e o jogando para mim.
—Que diabos foi isso? —Eu falei, pegando o capacete antes de ele bater
no meu rosto. —Qual é o seu problema?
117
—Você! Você é o meu problema! —Ela gritou, virando-se para sair.
—Você está me gozando? —Eu saí da minha moto e fui até ela em três
passos, agarrando seu braço. Virando-a de frente para mim.
—De quem é a culpa disso, porra? Com certeza não é minha. —Eu disse
entre dentes. —Que tal uma porra de agradecimento? Em vez de me chatear por
salvar sua bunda.
—Creed, eu não quis dizer isso assim. Você sabe que eu não quis dizer
isso.
118
Eu fui para fora em sua varanda para fumar um cigarro, tentando limpar a
névoa bêbada antes de sair de lá. Nunca pensando que uma garota, com um par
de olhos brilhantes e tranças, estaria olhando para mim. Claro, eu me senti mal
por ignorá-la na feira, ela era apenas uma criança. Mas quanto mais cedo ela
percebesse que ela precisava ficar bem longe de mim, melhor.
Não fiquei surpreso que Pops não estivesse aqui quando cheguei em casa.
Ele nunca ia para casa na maioria dos dias, dizendo que estava muito ocupado
com o clube, sabendo que ele realmente quis dizer que estava ocupado demais
fodendo Christa, ou alguma outra prostituta do clube.
Eu.
Eu cuidaria de tudo.
Fui até o clube logo após doze horas da tarde. Eu podia ouvir a voz de
Pops rugindo assim que passei pelas portas. Eu entrei na sala de reuniões, sem
saber o que aconteceria hoje.
—Bem, olha quem decidiu nos agraciar com sua presença. —Meu pai me
recebeu.
—Eu estou aqui, não estou? Desde quando você começa a missa sem
todos presentes? O que é tudo isso? —Eu balancei a cabeça em direção a todos.
—Desde que a reunião tornou-se sobre você. Hoje é a porra do seu dia de
sorte, VP. —Ele acentuou.
120
—Nós todos votamos. Foi unânime. Parabéns, porra. —Pops declarou com
um sorriso sarcástico.
Pela primeira vez na minha vida, não havia mais nada a dizer. Meu pai
tinha me colocado bem onde ele queria.
Só que eu sempre soube que era meu pai que estaria segurando a arma
carregada.
121
CAPÍTULO 9
Eu assisti Tio Austin e minha nova tia, Briggs, tomarem o salão. Abraçados
enquanto dançavam a sua primeira música como marido e mulher. A recepção de
casamento foi realizada no restaurante dos meus pais. Eles fecharam o local para
a festa privada, transformando-o em um espaço elegante para o dia especial de
seus melhores amigos, com mesas cobertas por um tecido de linho branco,
rodeando a pista de dança e o palco onde a tia Lily sempre cantava. Luzes
cintilantes foram penduradas no teto, acrescentando o toque perfeito para sua
noite romântica.
Eu estava animada por ser uma parte de seu dia especial como a sua
menina das flores. Tia Briggs até mesmo deixou-me escolher meu próprio vestido
rosa com sandálias de salto alto rosa também. Passamos esse dia inteiro de
122
compras juntas, fazendo nossas unhas, comendo sorvete, e falando sobre as
últimas fofocas de Hollywood. Uma vez que eu coloquei o vestido, eu sabia que
era o único. Eu não queria tirá-lo mais. Papai ainda disse que eu parecia ter
crescido durante a noite. Ele não tinha me visto usá-lo até a manhã do
casamento, e ele disse que eu lhe tirei o fôlego. Literalmente. Ele ficou
emocionado quando eu saí na doca. Mas o deixou triste que eu não parecia seu
bebê mais, então eu dei-lhe um grande abraço apertado para fazê-lo se sentir
melhor.
Funcionou.
Passei a maior parte da noite arrasando na pista de dança com meus tios
bagunceiros. Eu até mesmo fiz Mason e Bo dançarem comigo algumas vezes
também, ambos tão bonitos em seus smokings. Giselle não conseguia tirar os
olhos de Mason toda a noite, mais do que nunca. Ela ficou animada quando
pegou o buquê que tia Briggs jogou a todas as únicas senhoras presentes na festa.
Eu cutuquei Mason, dizendo que ele era o próximo. Ele não gostou muito disso.
—Ei, papai. Por que não está lá fora dançando com a Mamãe?
—Eu estava esperando que a garota mais bonita quisesse dançar com o
pai dela. —Ele sorriu, olhando para mim.
Ele riu. —Prometa-me que não vai crescer. Você vai ficar como a minha
menina para o resto de sua vida. —Ele me puxou para mais perto, abraçando-me
forte.
Uma vez que a música terminou, papai me deu mais um giro e alguém
chamou minha atenção.
124
motocicleta preta estava estacionada a poucos metros longe da porta. Meus
olhos procuraram ao redor para encontrá-lo de novo, mas o ouvi antes de vê-lo.
Creed.
Tinha sido um ano, dois meses e três dias desde que eu o vi pela última
vez. Não que eu estivesse o seguindo. Depois que me afastei dele na minha
varanda, ele só pareceu ter desaparecido como se nunca tivesse existido para
começar. Eu não vou mentir.
Doeu.
Eu queria perguntar a Mason por onde ele tinha andado, mas ele teria
ficado surpreso por eu me importar. Eu estava sem escolha, então eu me mantive
ocupada com as aulas da escola, trabalhos de casa, e a guitarra. Pegando ondas a
cada chance que eu tinha, muitas vezes sentada na minha prancha na água,
olhando para a costa, esperando que ele fosse aparecer.
Creed estava tendo uma conversa bastante aquecida com alguém que eu
não conseguia ver do outro lado de uma limusine preta.
—O que ele está fazendo aqui? —Eu perguntei a mim mesma, dando
alguns passos mais perto, tentando ter uma visão melhor.
125
Eu me escondi atrás da banca de jornais na minha frente, quando ele
olhou na minha direção. Eu olhei por cima, tendo um vislumbre de com quem ele
estava falando. Eu nunca tinha visto Creed com raiva. Foi estranho vê-lo assim. O
homem com quem ele estava discutindo era o tio da tia Briggs, Alejandro. Tio
Austin o chamava de Martinez. Ele tinha vindo para a cidade de Nova York para
assistir a sua única sobrinha se casar, ela disse que ele era a única família que ela
tinha.
Quando ela nos apresentou, eu não podia deixar de olhar, ele era
realmente bonito, mas assustador também. Ele carregava armas com ele como o
tio Dylan, mas a tia Briggs disse que ele não era da polícia, então eu realmente
não entendia por que ele as tinha. Ele não falava muito, mas quando falava, ele
tinha um pouco de sotaque espanhol. Tia Briggs não parecia se importar muito
com ele, pelo menos eles não pareciam próximos.
Eu não sei por que, mas havia algo sobre a maneira como Creed parecia
que me assustou. Tipo como o tio da tia Briggs me assustava. Ele tinha certo
brilho em seus olhos que era novo e desconhecido, deixando-me extremamente
nervosa e cautelosa. Antes que eu soubesse o que estava fazendo, eu me virei,
caminhando em direção ao restaurante.
126
Isso foi quando o ouvi gritar. —Não tão rápido, Pippin. —Eu parei
imediatamente.
Como é que ele ficou maior? Por que ele parece tão diferente?
Ele balançou sua cabeça. —Você poderia se machucar, estando aqui fora.
Conversas ouvidas entre homens não lhe dizem respeito.
—Então, talvez você não devesse ter esse tipo de conversa em público.
Onde qualquer pessoa pode sair e ouvir.
—Eu sei o que você não está dizendo. Porque você veio aqui em primeiro
lugar. Desembucha, Pippin. Não tenho o dia todo.
—Eu queria ver você, ok? —Eu honestamente admiti. —Isso é tudo. Eu te
vi da janela lá dentro. Eu não vi você em um tempo muito longo, mais de um ano,
na verdade. —Eu olhei para os meus pés pintados de cor-de-rosa brilhantes,
embaraçada. Remexendo com a fita no meu vestido. —Eu senti sua falta. —Eu
murmurei, quase um sussurro.
Ele não disse nada, se não fosse por suas botas de combate estarem perto
dos meus pés, eu acharia que ele tinha ido embora. Nada aconteceu durante o
que pareceu um longo tempo.
128
um que se lia Vice Prez. Eu não pude deixar de notar que nenhum dos meus
patchs estavam em seu colete também.
—Você será linda um dia, isso está claro. Corações serão partidos e
meninos farão fila na porta por você. Seu velho sabe disso, também. É por isso
que ele a mantém a sete chaves. Ele não quer acabar atrás das grades por
espancar alguém. Não o culpo por isso, também. Você vai conhecer um merdinha
arrogante que vai te prometer o mundo. —Ele fez uma pausa, deixando suas
palavras afundarem. —Você nem vai se lembrar de mim.
—Pode parecer assim agora, Pippin. Você é uma menina. Os anos vão
amadurecer você. Ok?
Ele deu um passo para trás, olhando para mim uma última vez. —Melhor
ficar longe de problemas, você me ouviu? Até mais. —Com isso, ele se virou e
saiu.
Saltando em sua moto, ele colocou seu capacete, e se inclinou para frente,
acelerando o motor. A parte de trás do colete levantou-se, enquanto ele saía,
expondo um pedaço preto brilhante de metal.
Eu parei de sorrir.
129
Tinha sido um ano e meio desde que assumi o cargo de Vice Prez. Eu
estava com quase vinte anos de idade, e eu tinha colocado mais pessoas a sete
palmos abaixo da terra do que a idade do meu irmão mais novo. Era a mesma
merda de sempre, apenas um dia diferente. Marchando com a porra do tambor
do meu pai, pagando o preço quando eu pisava fora da linha, o que fiz muitas
vezes, apenas para irritá-lo. Com meu novo título, veio um novo respeito entre os
irmãos. Para não mencionar as prostitutas do clube que paravam o que estavam
fazendo para me agradarem da única maneira que sabiam.
—Eu não sei do que você está falando. —Jerico cuspiu, estremecendo em
seu assento. Desconfiado, olhando ao redor do armazém escuro, procurando eu
não sei o que.
—Temos feito negócios com os Devil’s Rejects por um longo tempo. Por
que eu foderia isso?
—Isso é por mentir para mim. Há muito mais de onde isso veio. Eu sugiro
que você seja homem, e me diga por que você está traficando drogas ao longo da
fronteira para esses filhos da puta dos Sinner’s Rejoice, quando você trabalha
para nós. —Eu o lembrei, agachando-me ao seu nível, ficando bem na sua cara. —
Então, pare de alimentar-me com o seu estoque de merda antes de eu decidir
que não quero jogar de bonzinho mais.
131
—Escuta. —Ele falou com um queixo tremendo. —Eu vou ser honesto com
você. Os Sinners aproximaram-se de mim, mas eu disse a eles que era leal, amigo.
—Ele acentuou com um sotaque espanhol. —Nós só fazemos negócios com você.
Ele abriu a boca para dizer algo, mas eu bati nele com a coronha da minha
arma, silenciando-o. —Dê-me um nome. —Eu pedi com a mandíbula travada.
As granadas que eu usei há três anos mataram seu Prez e Vice Prez. Nós
pensamos que o clube tinha ido embora até recentemente, reapareceu do nada,
talvez mais forte do que antes, mas não tínhamos detalhes sobre eles. Eu
precisava saber quem tinha assumido o clube, e quem estava comandando o
maldito espetáculo. Eu precisava de nomes, e eu precisava deles agora.
—Creed, isso é... —Eu fiquei de pé, agarrando-o pela parte de trás da
cabeça, batendo meu joelho em seu rosto várias vezes, praticamente
derrubando-o. Sua cabeça oscilou enquanto ele tentava piscar através da neblina.
O rosto espancado de Jerico estava irreconhecível de todo o sangue.
132
Eu me virei, olhei nos olhos dele e atirei na porra da sua cabeça, clareando
toda a sala. Seu corpo caiu no chão com um baque. Eu não vacilei, visando a
minha arma no centro da testa de Jerico em seguida.
—Que triste. Ainda bem que eu não dou à mínima se eu morrer. Você
pode dizer o mesmo, filho da puta?
—Me dê uma razão. —Eu rosnei. —Me dê uma porra de razão por que eu
não deveria puxar o gatilho, e matá-lo por nos trair depois de tudo que fizemos
para você, seu latinozinho filho da puta.
Seu peito arfava e suas narinas estavam dilatadas, sua mente girava com a
incerteza. Eu enfiei a pistola mais profundo em sua testa, fazendo com que a
cabeça fosse empurrada para trás. Ele engoliu em seco, limpando a garganta,
tentando firmar sua cabeça.
—Vá se foder!
133
—Não, obrigado, já comi a sua esposa. —Eu murmurei, sorrindo.
Que eram utilizadas para o teatro que vinham junto com os nossos
interrogatórios. Nós não lhes demos qualquer atenção enquanto ele visivelmente
lutava, tentando se soltar. Ele não ia a lugar nenhum, a menos que eu quisesse.
Eu esperei até que ele se cansou, até que não havia nenhuma força para lutar
nele, e tudo o que ele faria agora era rolar e fingir de morto. Sangue jorrando
dele.
Ele empurrou para frente, lutando para se libertar. —Se você colocar um
dedo nelas...
—Vou contar até três, e se eu não receber um nome, eu vou matá-lo, mas
não antes de eu fazer você assistir suas filhas serem fodidas na bunda pelo meu
pau, enquanto Diesel enfia sua Glock na sua garganta. Só para ver qual carga sai
em primeiro lugar.
—Seu...
134
De repente, eu levantei o braço, apontando a arma para o filho da puta
amarrado na cadeira à sua direita. —Um. —Eu contei, e atirei uma bala entre seus
olhos. Explodindo sua maldita cabeça, sangue e cérebro atrás dele. —Dê-me um
nome. —Eu repeti, apontando a minha arma no homem à sua esquerda. Ele
estava se debatendo, já sabendo o seu destino.
Fui até Jerico, colocando o cano da minha arma sob seu queixo. —Última
oportunidade, filho da puta. Ou nós vamos pegar uma carona para casa.
—Trê...
—O quê?
135
—A porra de um colete. Como esse, filho da puta, como esse meu colete.
Eu não vacilei, apontei a arma para sua parte interna da coxa direita e
puxei o gatilho. Ele gritou de dor, com falta de ar. Convulsionando bem na minha
frente.
Eu sorri. —Achei que isso refrescaria sua memória. Engraçado como isso
funciona, não é?
Ela morreu no dia em que Vice Prez foi costurado em meu colete.
136
137
CAPÍTULO 10
—Jesus Cristo, Autumn. Quantas malditas vezes eu tenho que te dizer que
eu não quero você aqui quando eu não estou por perto? —Eu rosnei, chateado
que ela não me escutava.
A última coisa que eu queria era me preocupar com ela também. Eu tinha
merda o suficiente na minha mente. Entre o clube, Noah e Ma, meu prato estava
cheio. Noah ia para o segundo grau com Autumn, e só Deus sabe que tipo de
problema ele começaria a ter. Ele já era um merdinha no ensino médio, tendo
inúmeras infrações enviadas para casa. Ma recebia telefonemas semanais, mas
ela estava muito bêbada para se importar. Ele mal tinha qualquer supervisão.
Tanto quanto eu gostaria de poder estar em mais lugares ao mesmo tempo, a
minha prioridade era o clube. Ma e Noah vinham em segundo plano. Noah já
estava começando a se rebelar, ir de igual para igual comigo algumas malditas
vezes, querendo que eu o visse como o homem que ele achava que era.
Pops não ajudava em nada também. Orgulhoso como a merda que ele
estava murmurando por aí, em primeiro lugar, não aceitando merda de ninguém.
Exceto ele. Eu não queria que Noah crescesse e fosse um causador de problemas
como eu era. Eu queria uma vida melhor para ele, mas não havia muito que eu
pudesse fazer. Eu não estava sempre presente, eu tinha que viajar por todo o
lugar para me certificar de que os outros capítulos sob as ordens do Devil’s
Rejects, estavam funcionando sem problemas. Apenas quando eu pensava que as
coisas poderiam abrandar e eu poderia encontrar um equilíbrio, uma maldita
normalidade, uma merda inesperada acontecia, e eu voltava à estrada
138
novamente. Fazia dois anos que eu tornei-me vice-presidente, e eu estava na
estrada mais frequentemente do que não.
—Por que você se preocupa tanto? Tudo o que faço é entrar no clube,
entrar no teu quarto, e esperar por você. Eu mal vejo alguém no meu caminho e
vamos reconhecer, ninguém vai se meter comigo de qualquer maneira, Creed.
Eles sabem que eu sou sua. —Ela disse, afastando-me dos meus pensamentos.
Tornaram-se piores.
139
Apenas somando todas as vidas que eu tinha tirado.
Ela fez uma careta, respirando forte. —Você não ama as mulheres.
—Um idiota honesto. —Fiz uma pausa para permitir que as minhas
palavras afundassem. —O que você quer de mim é algo que eu nunca poderei lhe
dar. Por que você não pode entender isso? É por isso que eu não vou levá-la para
a cama. Eu a respeito por mais do que o que está entre suas pernas. Então pare
de me cobrar isso. Se eu quiser buceta, tudo o que tenho a fazer é sair. Você me
entendeu?
140
—Sim, Creed... Eu entendi. Eu entendi a maneira como você olha para
mim, por vezes, quando você acha que eu não posso vê-lo. Eu entendo a maneira
como você torna-se calmo quando estou por perto. Eu entendo a maneira que
você se preocupa comigo quando eu não estou por perto. Eu entendo a maneira
que você precisa de mim para te confortar, apoiá-lo, porra, te amar. E eu entendo
a maneira que você me ama também! É entendimento suficiente para você?!
Era a verdade. Toda palavra que saiu de seus lábios era a maldita verdade,
e eu não ia discutir com isso. Então, dei-lhe a única resposta que era tão real para
mim, como ela era. Mesmo que eu soubesse que não faria nada, além de
machucá-la. Ela precisava perceber que tudo o que eu poderia fazer era causar
dor.
—Eu sento aí e espero por você. Você sabia disso? Eu espero você me
ligar, para me dizer que você precisa de mim. Para me dizer que sente minha
falta. Para me dizer todas as besteiras que sai de sua boca quando você está
sozinho! Você está me enganando! E eu sou uma tola por deixar isso acontecer.
Eu não vou fazer mais isso, seu idiota! Vou namorar. Dormir por aí. Estar com
outros homens, como você fica com outras mulheres! Que tal isso, hein? Vamos
ver quem estava certo e quem estava errado!
—Não me ameace, porra. —Eu avisei. —Não estou enganando você, você
apenas continua voltando. —Eu soltei, lamentando as minhas palavras
imediatamente.
Nada.
Eu precisava descobrir como fazer isso melhor, sem torná-lo pior. Andei
em volta do meu quarto como se, de repente, fosse encontrar as respostas
escritas em minhas paredes ou alguma merda assim.
Eu estava perdido.
Tirei minha arma da parte de trás da minha calça jeans, fiquei de pé, sem
um segundo pensamento, e retornei os tiros na direção do atirador. Ouvi um
baque segundos mais tarde. O filho da puta caiu no chão, morto. Corri até minha
gaveta, agarrando outra Glock, e jogando clipes extras nos bolsos da minha calça
jeans. Fui até a minha porta, olhei para o corredor antes de correr para fora do
meu quarto. Irmãos estavam saindo dos deles, atirando em todas as direções.
142
Prontos para matarem sem pensarem duas vezes. Agindo por pura adrenalina e
fúria por alguém estar nos desrespeitando em nossa porra de casa.
O clube foi decorado com buracos de bala por toda parte. Uma guerra
total havia estourado. As mulheres estavam gritando, correndo dos quartos
seminuas, tentando buscar segurança da melhor forma que podiam. Algumas não
tiveram a mesma sorte.
Corri pelo corredor até a sala, tentando ignorar todos os corpos, e sangue
em torno de mim. Porra, orando a Deus para que eu não encontrasse Autumn
entre eles. Abrindo fogo, atirando em homens que eu nem conhecia ou não tinha
visto antes. Havia um fluxo interminável de balas que vinham até nós de todas as
direções. Nosso clube estava irreconhecível pelo caos, e os filhos da puta estavam
bombardeando a nossa casa. Sangue voava por toda parte, sem saber se era deles
ou meu.
Eu estava dormente.
Minha visão afunilou, não vendo nada, além do vermelho quanto mais
perto eu chegava dela. —AUTUMN! —Eu gritei sobre o derramamento de sangue,
chegando à área do bar.
—Creed... —Ela gritou, seus olhos brilhando com lágrimas quando ela me
viu. Agarrando minha mão, ela jogou os braços ao redor do meu pescoço.
Segurando-me tão forte quanto podia. —Você está vivo. Eu pensei que você
estivesse morto. Eu pensei que eles haviam te matado. —Ela gritou. Seu corpo
convulsionou em meus braços por causa da aflição.
144
—Creed, vamos lá! Eu tenho um prospecto para protegê-la! —Diesel
gritou da minha direita.
Ela assentiu com fervor, segurando a arma em sua mão trêmula. Ainda
agarrando-me como se sua vida dependesse disso. Eu me afastei de seus braços.
Eu fui até a sala de jogos, a comoção ficando mais alta a cada passo que eu
dava. Parando na porta, ouvi antes de entrar. Tiro após tiro irrompeu das minhas
mãos enquanto eu entrava no quarto, cápsulas de balas voando pelo meu rosto,
uma após a outra.
Cruéis e implacáveis.
Agressores caindo para a morte, tudo em nome das cores em seus coletes.
145
como eles queriam nossas malditas almas. Vindo para o nosso clube, tentando
nos mostrar quem era o chefe, apenas para perceberem que o MC deles não era
melhor do que o nosso. Eu perdi a conta de todos os homens que eu matei, e que
coloquei no chão naquele dia. Eu não era nada melhor do que eles. Lutaria pelos
meus irmãos até o meu último suspiro se eu tivesse que fazer.
Conclusão.
Respirando fundo, pela primeira vez desde que os primeiros tiros soaram,
o cheiro de sangue assaltou meus sentidos. Nada, além dos sons de Harleys
decolando em todas as direções podiam ser ouvido, e o fogo cruzado cessou em
torno de mim. Eles estavam fugindo do inferno e da bagunça que eles trouxeram
para nós. Com menos homens do que chegaram. Não importava. Isso não
terminou.
Voltei para a sala, parando na porta. Diesel, Pops, alguns dos outros
irmãos estavam lá com as suas armas para baixo, silenciosamente olhando para
um homem que estava deitado em uma poça de seu próprio sangue, no centro da
sala. Pops virou quando me ouviu, revelando que era um dos nossos.
Phoenix.
Ele fez o sinal da cruz sobre seu corpo, afirmando como sempre. —Das
cinzas as cinzas, do pó ao pó, e toda essa merda.
146
Olhei para cima, bloqueando meu olhar com o de Autumn do outro lado
da sala, que estava vindo com o prospecto. Um sorriso iluminou seu rosto quando
ela viu que eu estava vivo, mas foi rapidamente substituído por uma careta
quando eu não retornei o gesto. Ela seguiu meu olhar, parando os olhos no corpo
morto de Phoenix. Eles tinham matado um dos nossos.
—NÃO! —Eu gritei, correndo o mais rápido que pude. Imagens da morte
de Luke brilharam na frente dos meus olhos. Os gritos, o sangue, o caos tudo
voltando, atingindo-me como uma tonelada de tijolos.
A próxima coisa que eu sabia era que estava deitado no chão, os irmãos ao
meu redor. Sentia uma dor latejante. Percebendo muito rapidamente que eu
tinha acabado de levar a bala maldita...
147
CAPÍTULO 11
—Não vou me sentir uma merda com mais alguns goles desta merda
também. Faça. —Eu interrompi Joseph, o médico que tínhamos na folha de
pagamento. Tomei outro gole da garrafa já meio vazia.
—Droga, Creed Jameson! Por que está sendo tão teimoso? Você não é o
Superman. Deixe-o anestesiá-lo! —Autumn exigiu, preocupação evidente em seu
tom. Olhando-me de cima a baixo do local em que ela se encontrava ao lado da
minha cama.
—Não precisa sedar. —Eu tomei mais três goles do uísque. —Não vou
dizer de novo.
148
—Diesel, eu vou precisar que você o mantenha quieto. —Joseph ordenou,
me ignorando. —Ele não pode mover-se, ou não vou ser capaz de encontrar a
bala.
—Aqui vou eu. —Disse Joseph antes de passar a lâmina em minha pele
ferida.
149
Dei de ombros. Principalmente sem sentir a dor, fato de que Phoenix tinha
ido embora. Nós não saímos ilesos, perdemos alguns outros bons homens
também.
—Levou uma bala pelo seu velho. Não vou mentir. Não vi essa merda
chegando.
—Eu e você, irmão. Não posso sequer dizer que foi uma surpresa. Sabia
que isso viria... Não queria que ele morresse.
—Foi um tiro limpo também. Não atingiu qualquer nervo, e ficou alojada
bem no músculo entre as costelas. Vou costurá-lo. Deve fechar dentro de uma
semana. Você é sortudo. Poderia ter sido alguns centímetros acima. —Joseph
apontou para o meu coração. —Deixei meus curativos no carro. Volto logo.
150
—Não seja um maricas. Não precisa ficar adoçando essa porra, Diesel.
Desembucha.
—Eu não estaria dizendo isso se não fosse pelo que fez esta noite. Tomar
uma bala por ele. Colocando sua vida em risco por seu pai.
—Por bem ou por mal. Ele é o meu velho. —Eu simplesmente disse,
descansando minha cabeça no travesseiro. Olhando para o teto.
—Striker era um bom homem. Ele pode ter sido um velho mal-humorado,
mas ele não era um traidor.
—Eu acho que foi uma armadilha, mano. Eu não sou o único que suspeita
disso.
—Isso te colocou como Vice Prez, não foi? O fez parecer como um maldito
herói. Olhe para a tempestade de merda que acabou de acontecer. Como eles
chegaram ao composto? Este lugar é um Fort Knox fodido. Nós nos orgulhamos
de nos certificarmos disso. Quem você acha que deixou esses filhos da puta
entrarem? Por que eu não tinha ouvido falar de Sinners Rejoice antes dessa
reunião. Eu era um Nômade, fui por um longo tempo, porra. Há algo mais
acontecendo aqui do que apenas uma guerra por território. Custou a Striker e
Phoenix suas vidas. Quase custou-nos a sua também. Esta retaliação esta noite...
Parece um pouco demais, não é? Por matar Jerico e alguns de seus homens?
151
—Pense nisso. Nós vamos terminar essa conversa mais tarde. —Ele se
levantou, e caminhou até a porta. —Precisa de qualquer coisa antes de eu sair?
Mais bebida? Maconha? Buceta? —Ele piscou. —Vou mandar alguém. —Ele
gritou por cima do ombro.
Eu ri.
Minha mente estava finalmente em silêncio pela primeira vez desde que
eu conseguia lembrar.
—Você precisa comer, ou toda essa medicação e bebida acabarão com seu
estômago já ferido, Creed. —Autumn anunciou, voltando ao quarto com um prato
de comida em suas mãos. Fechando a porta atrás dela.
—Eu estou bem. —Eu respondi, tomando mais um gole. —Está tarde.
Pensei que você tivesse ido para sua casa.
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—Não é sua culpa. Você nunca deixaria nada acontecer comigo. Pelo
menos não de propósito.
—Como eu não deixei alguma coisa acontecer com Luke? Assim, Autumn?
—No início, quando eu saí do seu quarto, eu estava tão chateada com
você.
Eu sabia que ela nunca seria capaz de se livrar das imagens. Era agora uma
parte dela, tanto quanto era para mim.
Partindo meu coração de forma que eu não achava mais ser possível.
Vulnerável.
Exposta.
154
Eu agarrei a bunda dela, gemendo. Não mais sendo capaz de me conter,
ela era gostosa pra caralho. O cheiro do corpo dela me envolveu. Atacando os
meus sentidos ao mesmo tempo.
Beijei-a uma última vez, deixando meus lábios permanecerem por mais
alguns segundos. Descansando minha testa contra a dela, ela estava respirando
pesadamente. Seus olhos escuros e dilatados me atraíam. Seu cabelo vermelho
longo, despenteado caía em todo seu rosto, espalhando-se entre nós. Eu resisti à
vontade de dar um puxão apenas para que eu pudesse beijar todo seu pescoço,
clavícula, e em seus seios.
Sorri, deslizando minha mão em sua calcinha, sentindo sua umidade nos
meus dedos. Puxei-os para fora quase que imediatamente, espalhando seus sucos
155
ao longo de sua boca, apenas para obter um sabor de sua doce buceta em seus
lábios. Apertei seu mamilo com a outra mão. Ela gemeu alto, fazendo com que
meu pau se contorcesse com o som. Eu mergulhei minha língua em sua boca à
espera, puxando o lábio inferior entre meus dentes. Sugando toda a sua doçura
salgada.
Enfiei minha mão de volta em sua calcinha, ao longo de toda sua buceta.
Amando a sensação de seu calor contra meus dedos.
—Eu vou gozar, Creed. —Ela ofegava enquanto eu passava o dedo em seu
doce ponto G.
Suas pernas tremiam, seu corpo tremia. Ela estava perto de perder o
controle, estremecendo, abrindo mais as pernas, passando as unhas em meu
peito nu.
—Bem assim... Foda os dedos, monte neles como se fosse a porra do meu
pau.
Sua buceta pulsava, apertando meus dedos tão forte. Quase empurrando-
os para fora. Gozo escorrendo por eles.
156
Ela gritou a porra do meu nome.
Não havia como voltar atrás depois disso. Eu pisei na linha, agora eu a
cruzaria completamente. Eu a deixei ter seu orgasmo na minha mão.
Eu soltei seus quadris, segurando a base do meu pau para ela se sentar.
Posicionando-me em sua abertura, ela moveu-se gradualmente para baixo.
Engolindo a cabeça do meu pau, antes de terminar com a porra do meu eixo em
sua maldita buceta apertada. Espalhando sua umidade, avancei dentro dela, um
pouco mais de cada vez. A boca dela se abriu, os olhos fecharam com força
enquanto ela me levava completamente.
157
Ela lentamente balançou os quadris até que ela se acostumou com a
sensação do meu pau dentro dela. Colocando as mãos contra a cabeceira para
maior apoio, ela me montou mais rápido e mais forte. Fazendo com que sua
cabeça caísse para trás, e eu tomei seu mamilo em minha boca, amassando o
outro, não sendo possível obter o suficiente dela. Outro gemido escapou do
fundo de sua garganta. Tudo o que eu podia ouvir era o desejo, enquanto eu
acariciava seus seios e chupava seus mamilos.
Movi uma das minhas mãos para seu clitóris. Sua respiração oscilou, logo
que ela percebeu o que eu estava prestes a fazer. Ela me incentivou, empurrando
seus quadris para frente.
—Creed...
Eu podia sentir sua buceta apertar, segurando meu pau como uma porra
de um torno. Vagamente sentindo-a tremer. Inclinando-se, ela começou a me
beijar de forma mais agressiva do que antes. Eu agarrei a parte de trás do pescoço
dela, querendo trazê-la mais perto, precisando que seu corpo cobrisse o meu.
Nossos lábios moviam-se em seu próprio acordo, não tendo mais controle sobre
nossos movimentos.
—Porra... Você é tão gostosa. —Eu gemi, empurrando meus quadris para
cima. Agarrei seus quadris mais uma vez. Movendo-a mais forte, mais rápido,
para o prazer dela e o meu. Sentindo seu ponto G no meu pau.
Meu ritmo aumentou à medida que eu a fiz me foder tão forte quanto
podia, não sendo possível obter o suficiente. Eu não pude resistir, eu adorava
158
foder áspero, e os sons que escapavam dela me incentivaram também. Ambas as
nossas bocas se separaram, sem fôlego, chegando ao limite, esperando para cair
no abismo.
Uma dor fodida correu pelo meu abdômen por causa do impacto, mas eu
não me importava. Eu mergulhei minha língua em sua boca quando senti sua
buceta pulsar. Abafando seus gritos.
Ficamos ali por não sei quanto tempo, nós dois tentando recuperar o
fôlego. Até que ela se moveu, deitou ao meu lado enquanto eu jogava fora o
preservativo. Preguiçosamente, ela traçou minhas tatuagens. Puxei-a em meus
braços, beijando o topo de sua cabeça.
159
CAPÍTULO 12
Autumn se agitou, abrindo os olhos. Olhando para mim com nada além de
adoração e amor. —Oi. —Ela cumprimentou, aconchegando-se mais
profundamente no meu peito. Beijando-o algumas vezes. —Eu vou me lavar. Já
volto. —Ela beijou meu peito uma última vez e se virou, levando o lençol com ela.
Ela foi até a cadeira, e pegou seu vestido e sandálias. Levantou-se,
cuidadosamente andando pelos escombros, indo para o meu banheiro.
—Estou bem.
—Creed...
Ela suspirou, derrotada. —Jesus, mesmo quando você fica com alguém,
você ainda não fica de bom humor. Bom saber.
161
Eu fui até ela, e sentei na beira da cama ao lado dela. Não querendo
arrastar isto por mais tempo.
O pensamento de outra vida sendo perdida por minha causa era demais
para eu suportar. Eu dei outra tragada do meu cigarro, deixando a fumaça sair
através do meu nariz. —Não deveria ter visto o que você viu. Colocado sua vida
em perigo por mim. Isso não pode acontecer mais. —Olhei para ela, tentando ser
o mais gentil possível.
—Jesus Cristo, querida. Pelo amor de Deus, você foi maravilhosa. —Eu
sussurrei, inclinando os cotovelos sobre os joelhos. Segurando minha cabeça
latejando. —Mas não é sobre isso.
—Quero dizer, eu sei que não sou tão experiente quanto o que você está
acostumado, mas eu posso...
Eu olhei para ela. —Eu te amo, Autumn. Você sabe disso. Mas não estou
apaixonado por você. E você sabe disso também.
162
provou isso a você, Creed. Você está apenas tentando me afastar! Nós somos
mais do que apenas melhores amigos, e nós sempre fomos!
Lágrimas escorriam pelo seu rosto, enfiando uma faca em meu coração.
Levantei-me, não aguentando mais. —Pare de desperdiçar essas lágrimas por
mim. —Murmurei, enxugando sua tristeza. —Não valho a pena.
—Se isso fosse verdade, eu teria lhe dito para dar o fora da minha cama
depois que eu gozei. Você não teria dormido aqui em meus braços na noite
passada.
Ela deu uma olhada para mim, zombando. —Bom, agora nós dois estamos
sofrendo. —Ela virou-se novamente e saiu. Deixando-me com a culpa indiscutível
de foder tudo com ela.
163
e saindo. Passando todas as horas do dia e da noite, tentando deixar o composto
em ordem e em funcionamento. Pops não queria que o tiroteio derrubasse a
moral do clube ou a fraternidade que representava. Ele não queria que nada
mudasse só porque alguns dos nossos próprios foram mortos.
Verdadeiramente.
Mais vidas.
Mais sangue.
Para o quê?
Para nada.
165
colocar um sutiã hoje à noite. —Ela disse puxando ligeiramente para baixo o top
branco e justo de sua amiga, expondo um mamilo perfeitamente redondo.
Circulando o dedo em torno dele, tornando-o ainda mais duro. —Ela também
esqueceu de usar calcinha. —Acrescentou.
Inclinei a cabeça para o lado, vendo sua buceta nua rosa. —Não estou
reclamando. —Eu disse asperamente.
Sua amiga olhou para mim com penetrantes olhos azuis brilhantes,
lambendo os lábios, lentamente circulando seu clitóris.
Atraindo-me.
—O que faz você pensar que eu não tive diversão essa noite? —Perguntei,
sem tirar os olhos da morena.
—Você está sentado aqui sozinho, achei que você poderia querer alguma
companhia. —A loira respondeu, beijando ao longo da minha mandíbula.
Ela assentiu com a cabeça, inclinando-se, cheirando bem dos peitos dela.
Eu fiz o mesmo.
166
Passei a hora seguinte em um borrão induzido por drogas. Observando as
duas prostitutas dançarem para mim sobre os poles no canto da sala. Esfregando-
se uma na outra, revezando em se pendurarem de cabeça para baixo, com as
pernas abertas, e a língua fodendo a buceta uma da outra. Os irmãos ficaram em
volta vaiando e gritando, jogando notas de um dólar para elas. Apreciando o show
tanto quanto eu estava.
A morena de olhos azuis veio até mim, nua em toda a sua glória. A
tonalidade verde da luz iluminou seu corpo cheio de curvas, lembrando-me da
ruiva que eu tinha perdido.
Autumn.
168
Nós foderíamos.
Claro e simples.
Ela sorriu, lambendo da minha base até minhas bolas, chupando uma em
sua boca e gemendo, enquanto a morena chupava meu pau como se ela tivesse
algo a provar. Sua boca molhada era incrível. A loira mostrou a língua e lambeu
minhas bolas até meu eixo, enquanto a morena sugava a cabeça do meu pau.
Segurei os lados de seu rosto, empurrando meu pau no fundo da sua garganta.
Fodi seu rosto por alguns segundos, querendo sentir a parte de trás de sua
boca.
Eu retirei meu pau com um pop e ela engasgou por ar. —Boa menina. —
Rosnei em um tom baixo e retumbante. —Agora termine o que começou.
Eu queria gozar.
Indo para a cama, peguei quem estava mais perto de mim, que era a loira.
169
—Coma a buceta dela. —Eu pedi, segurando seus quadris. Empurrando
sua cabeça para baixo até que ela estava de quatro na minha frente.
—Toma a porra do meu pau, então. —Eu empurrei a cabeça do meu pau,
provocando-a. Fazendo-a tremer enquanto ela tomava cada centímetro do meu
170
pau. —Boa menina. —Eu rosnei alto e forte, uma vez que eu estava totalmente
dentro dela, e ela era tão apertada que fez as minhas bolas doerem.
À beira de gozar.
—FILHO DA PUTA!
Eu.
Eu não sabia o que dizer, eu não sabia o que fazer. Porra, eu mal sabia
como eu estava me sentindo. As drogas e bebida tinham finalmente assumido. Eu
apenas me ajoelhei ali na cama, olhando nos olhos dela, pasmo. Tentando me
171
livrar da névoa. Esfreguei meus olhos, meu cérebro lutando com a minha boca
para dizer alguma coisa.
Qualquer coisa.
—Quem é você agora? —Ela zombou com uma expressão que eu nunca
tinha visto antes.
—Baby...
—Não me chame de baby. Você não me chama assim. Quero dizer, olhe
para você! Seu curativo está encharcado de sangue! Isso valeu a pena? É este
quem você é quando não estou por perto, Creed? Hã? É por isso que você não me
quer aqui? Não pode fazer uso de drogas? Não pode beber até cair? Não pode
foder suas putas! —Ela gritou, agarrando o cinzeiro na mesa e atirando-o em
mim.
—Como você pôde fazer isto comigo? Eu vim aqui para lhe dizer que
estava arrependida. Eu vim aqui para te dizer o quanto eu te amo! Eu não sou a
172
porra do seu capacho! Você pode tratar essas mulheres como as prostitutas que
são, mas não é nada comparado com a maneira com que você acabou de me
tratar. Mostrando-me que eu não significo nada para você! —Ela gritou, seus
olhos lacrimejando.
—Você não deveria estar aqui, Autumn. Não era para ver isso.
—E isso torna tudo certo? Isso muda as coisas? Não! Isso não muda nada,
porra! Não o que você fez. Não como eu me sinto. NADA!
—Eu nunca deveria ter levado você para a cama. Esse foi o meu erro.
Causou dor e por isso eu sinto muito. —Eu disse em um tom sincero, esperando
que ela fosse entender. —Mas este é quem eu sou. —Inclinei minha cabeça para
olhar para ela. —Isto é o que eu sempre fui, querida. Nunca menti para você, e
você sabe disso.
Lágrimas escorriam pelo seu rosto bonito, seus lábios trêmulos. Ela limpou
todas. O olhar em seu rosto naquele momento quase me deixou de joelhos.
Ela deu um passo para trás, sacudindo a cabeça. Como se já não tivesse
espaço suficiente entre nós. —Eu te odeio. —Ela suspirou. —Você está me
ouvindo? Eu odeio você, Creed Jameson! Eu queria nunca ter te conhecido! Você
finalmente conseguiu o que queria. Eu não quero nada com você! NUNCA MAIS!
Você está morto para mim!
Eu fiz uma careta, suas palavras queimando minha pele. Era uma dor
muito pior do que tomar a porra de uma bala pelo meu velho.
—Eu te odeio. —Ela repetiu com muito mais convicção em seu tom. —
Você acabou de perder a última coisa boa em sua vida. —Com isso, ela se virou,
sem olhar para trás.
Era verdade.
174
Eu sentia a falta dela.
Depressão não era algo bom. Eu odiava o que fiz com ela, o que fiz para
nós, mas principalmente eu odiava a mim mesmo por ser um maldito bastardo.
Eu não aguentava mais. Ela tinha estado em minha mente constantemente
durante o último mês.
Eu fui até a sua casa, pronto para dar a ela o que ela quisesse, desde que a
tivesse na minha vida.
175
consumindo. Eu não poderia nem mesmo olhar para a mãe dela, a mulher que me
tratou como seu próprio filho.
—Ela está?
Eu balancei a cabeça. —Escuta, eu sei que ela não quer me ver. Eu não a
culpo, também. Mas eu tenho que falar com ela, Laura. Não posso continuar
desse jeito. Eu sinto falta dela.
—Onde ela está? Vou procurá-la. Apenas me diga onde ela está. Preciso
consertar as coisas, Laura.
Eu recuei, não esperando que ela dissesse isso. —Nova York? O que ela
está fazendo lá?
176
Partiu seu coração, e ela queria um novo começo. O pai dela esteve implorando
para ela voltar para Nova York por anos. Você sabe disso.
Laura não disse uma palavra, sabendo que eu estava certo. Eu não pensei
duas vezes sobre isso. Tomei minha decisão no momento em que ela disse que
Autumn estava em Nova York.
—Sim.
Falei com convicção. —Diga a ela que eu estou indo atrás dela.
Peguei um voo noturno, querendo chegar até ela, o mais rápido possível.
Eu lutaria por ela e se isso não funcionasse, eu estava pronto para arrastar a
bunda dela de volta para casa, chutando e gritando, se eu tivesse que fazer.
Usando qualquer meio necessário.
177
mostrar tudo e qualquer coisa que pudesse, mesmo a merda que me entediava
pra caralho.
—Creed! Creed! Meu Deus! Você está aqui em Nova York? —Autumn
histericamente lamentou ao telefone.
—Autumn! O que está acontecendo? Você está bem? Onde você está? —
Eu freneticamente perguntei, enfiando minhas roupas e botas. Apressando-me ao
redor do quarto, agarrando minha carteira e chave do quarto, pronto para ir para
a porta. Precisando chegar até onde quer que ela estivesse.
—Minha mãe me disse que você estava vindo. Eu não acreditei nela. Eu
não posso acreditar que você está aqui. Você está realmente aqui?
—Eu estou aqui, querida. Agora me diga onde você está? —Perguntei,
tentando manter a calma.
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—Oh Deus, Creed... Ligue o noticiário! Basta ligar o noticiário, agora
mesmo! Eu estou no carro com meu pai. Nós estávamos indo para o café da
manhã. Eles acabaram de contatar via rádio com uma emergência. Nós estamos a
caminho! Apenas... Por favor! Ligue o noticiário! Ele irá explicar isso melhor do
que eu. Eu não posso acreditar que...
—Um jato bimotor caiu em uma das Torres Gêmeas. Mais informações
assim que estiverem disponíveis.
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—Puta merda. —Eu respirava, vendo as imagens ao vivo do fogo
consumindo um dos lados da torre norte do World Trade Center. As chamas
lambiam o lado do edifício, produzindo nuvens cinzentas escuras que cobriam o
céu azul brilhante da manhã. Um buraco marcava o lado da torre, onde um avião
atingiu, destruindo com ele a estrutura de aço. Levando vários andares à
destruição.
—Nós estamos indo para as torres! Estamos quase lá! —Ela gritou por
cima do barulho.
—Chefe, você está a caminho? Nós precisamos de você aqui, agora! Está
uma bagunça. Está todo mundo desesperado e nós não temos nenhuma resposta
sobre o que diabos acabou de acontecer. —Ouvi uma voz de homem gritar pelo
rádio, através do telefone.
180
—Estou a caminho. Eu tenho a minha filha comigo, mas eu estou a
caminho. Meu ETA 12 é de cerca de cinco minutos. Eu estou entrando na rua agora.
Se a equipe estiver montada, eu vou encontrá-lo no lobby da Torre Norte. —Seu
pai, Carl, respondeu em um tom firme.
Chegar à Autumn.
—Creed! Estou com tanto medo! Estou realmente assustada! Onde está
você?! —Ela gritou através do barulho, no telefone, à beira da histeria.
—No meu caminho para você! Basta ficar na linha comigo! Não importa o
que aconteça, fique na linha comigo!
12
ETA – Tempo estimado de chegada
181
—Chefe! —Eu ouvi alguém gritar de longe no telefone.
—Autumn, você está aí? Onde você está? Diga-me exatamente onde você
está?! —Eu gritei para o telefone, correndo tão rápido quanto eu podia. Puxei a
minha camiseta por cima da minha boca e nariz, a fumaça tornando-se demais.
Minhas botas batiam contra o pavimento com nada além da adrenalina me
levando.
—O avião se chocou contra a Torre Norte, Chefe. —Eu ouvi alguém dizer
sobre o telefone novamente. —Os andares de noventa a noventa e nove estão
cobertos de fumaça e envoltos em chamas. Não podemos chegar lá, no entanto.
A principal escadaria entrou em colapso entre esses andares. Nós tentaremos as
outras saídas de emergência.
Ela não respondeu. Tudo que eu ouvia era o choro dela. —Pai, não faça
isso! Por que você está colocando seu uniforme?! Por que você vai lá?! Você é o
chefe! Você não tem que ir lá! O que você está fazendo?! —Autumn estava em
pânico, gritando para o pai.
182
—Garota, eu preciso ir lá. Eu preciso levar meus homens. Este é o meu
trabalho, pelo qual fui treinado. Isto é o que eu faço. Você vai ficar neste carro,
você me entendeu, Autumn! Você não vai sair deste carro! —Carl ordenou à sua
filha.
—NÃO! Não vá lá! Por favor! Por favor! Por favor, não vá lá! Por favor! —
Ela implorou num tom desesperado que eu pude entender alto e claro como o
dia, mesmo com toda a loucura em torno de mim.
—Sim, senhor! —Eu respondi ao seu pai. Eu não tinha falado com ele há
anos, mas ele ainda parecia o mesmo. —A caminho! Quase lá! Cerca de cinco
minutos se eu puder passar.
—Você, certifique-se de que ela permaneça no carro. Ela não deve entrar
nesse edifício. Você vai ficar de fora do prédio!
—Você tem a minha palavra. —Eu jurei, com cada fibra do meu ser.
—Papai! Não faça isso comigo! Você pode ajudar! Basta ficar aqui comigo!
Você ainda pode ajudar! Por favor!
—Autumn, eu já volto. Eu prometo. Creed está quase aqui. Você não saia
deste carro!
—Ele não pode entrar lá! Está ruim, Creed! Está tão ruim! Eu não quero
perdê-lo! Ele é meu pai! Creed, eu não posso fazer isso! Eu não posso
simplesmente sentar aqui...
183
—Querida, eu te amo. Eu te amo, porra. —Eu declarei, sem pensar duas
vezes. Tentando distraí-la antes que eu chegasse a ela.
Este mês passado foi brutal, sem ver ou ouvir dela. Depois daquela noite,
ela me mudou, mas eu continuei, com foco em meus deveres de Vice Prez.
Derrubando cada pedaço de bunda jogado no meu caminho. Gastando cada porra
de noite olhando para o meu teto, me perguntando o que ela estava fazendo, o
que ela estava pensando, e acima de tudo, rezando para que ela realmente não
me odiasse tanto. Eu gostava de Autumn, e talvez com o tempo, eu pudesse ficar
apaixonado por ela, mas eu diria a ela tudo o que ela precisava ouvir naquele
momento para mantê-la segura.
—Senti sua falta. Eu senti tanto sua falta. Preciso de você na minha vida.
Do meu lado. Na parte de trás da minha porra de moto, ok?
—Sim. —Ela chorou como se fosse tudo o que ela sempre quis ouvir
enquanto eu me esquivava de mais e mais pessoas, evacuando a área.
—Você está bem? O que foi isso? O que está acontecendo? —O edifício
estava bem na minha frente. Essa era a causa do ruído. Pessoas caíam para a
184
morte, fazendo a escolha de saltarem. Sabendo que não havia outra saída. Engoli
a bile que subiu na minha garganta e me forcei a correr com mais força para
chegar até ela.
—Eu não posso ficar aqui. Eu tenho que entrar. Eu tenho que encontrar o
meu pai! —Ela gritou. —Eu não posso simplesmente ficar para trás e deixá-lo ir.
As pessoas estão...
—Autumn! Autumn! Não saia da porra desse carro. Fique aí! Você está me
ouvindo?! Prometa que vai ficar aí! Autumn! Autumn! Diga alguma coisa, caralho!
Sem pensar duas vezes, eu saltei sobre o capo de um carro, correndo pela
rua, precisando chegar até ela. Orando para encontrá-la antes que ela tivesse a
coragem de entrar na Torre. Empurrando as pessoas, não dando à mínima. O
medo real corria em minhas veias, pela terceira vez na minha vida, pulsando
através do meu sangue. Tomando conta de cada centímetro do meu corpo. Meu
coração batia forte contra o meu peito enquanto eu tentava atravessar a rua e
chegar ao prédio.
À Autumn.
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Minha visão afunilou, não vendo nada, além de Luke olhando para mim.
Flashes do rosto de Autumn misturavam com os dele. Tentei afastá-los, mas eles
eram implacáveis . Avistei o carro de seu pai, confirmando meu pior pesadelo.
Ela se foi.
Assim que cheguei perto o suficiente, tudo o que eu podia ver eram
caminhões de bombeiros e veículos de emergência, todos alinhados nas ruas. O
pessoal da emergência levava os feridos para a segurança. Se tal lugar ainda
existia. Não havia um centímetro de espaço que não estava rodeado por algo ou
alguém. Eu procurei na área por qualquer sinal dela, pulando em um carro
abandonado à minha direita. Desesperadamente tentando encontrar Autumn em
todo o maldito caos.
—Autumn! Autumn! —Eu gritei tão alto quanto pude quando vi uma
menina perto da entrada que era como Autumn. —Autumn! Não! Fique aí! —Eu
saí correndo, esquivando-me das pessoas, quando um braço forte veio do nada,
me parando.
—Que porra de trabalho que você está fazendo! Você a deixou entrar lá.
Onde diabos você estava há poucos minutos?! —Eu fervia, agarrando-o pelo seu
uniforme, ficando bem na sua cara. —Você me deixe passar, ou eu vou te
186
arrebentar! Você não tem ideia de com quem você está se metendo. —Eu o
empurrei para longe de mim, me preparando para armar o meu punho para trás.
—Creed?
Eu me virei, ficando cara a cara com o ex-parceiro de Carl. Sua família e ele
costumavam vir de férias com a gente. Porra, eu não o tinha visto em anos, mas
eu nunca pensei que ficaria tão feliz em vê-lo novamente naquele momento.
—Preciso chegar lá, Troy. Preciso encontrá-la. Ela tem o radio do pai... —
Ele abruptamente virou-se, me cortando. Gesticulando para que eu o seguisse.
Estava viva.
—Troy? —O rádio estalou, mais gritos. —Estou aqui. Você pode me ouvir?
Mais estática.
187
Explosões mais altas.
Foi então que eu soube que meu pesadelo estava apenas começando.
Foi então que eu soube que a vida que eu estava vivendo havia terminado.
Eu levei o rádio até minha boca. —Autumn. —Eu tossi. —Autumn! Por
favor, me responda! Autumn!
Passei quase a próxima hora tentando contato pelo rádio, olhando através
da massa de pessoas procurando alguma visão dela. Recusando-me a receber
tratamento médico para o meu braço. Querendo suportar a dor pelo resto da
minha vida, só para ver minha menina novamente. Só para saber que ela estava
188
bem e não deitada em algum lugar ferida, com medo, e sozinha. Orando para que
ela encontrasse Carl e eles estivessem seguros.
Rezei para o Ceifador, que eu sempre quis que me levasse, que não a
levasse em meu lugar.
O que estaria para sempre enraizado na minha mente até que a porra do
meu tempo acabasse.
—Eu não posso... Eu não posso me mover... Sinto muito, Creed... —Sua
voz era quase inaudível.
BOOM!
189
Um som mais alto dispersou por Manhattan, quebrando a barreira do
som. Viajando das torres para as ruas em ondas, como uma bomba explodindo.
Fazendo-me recuar com uma força inexplicável. Os edifícios começaram a
explodir, enquanto a equipe de resgate tentava se afastar. Pânico e pandemônio
me cercavam, me engolindo em nada, além de tristeza e desespero. Escombros
caíam em todos os lugares.
A tragédia.
A devastação.
A perda de fé na humanidade.
Como eu o conhecia.
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—O dia que mudou a América. —O presidente Bush declarou durante seu
discurso na Ellis Island, no aniversário dos ataques terroristas no World Trade
Center há um ano. —Para aqueles que perderam entes queridos, tem sido um ano
de sofrimento, de lugares vazios, de recém-nascidos que nunca saberão que seu
pai esteve aqui na terra. Para os membros das nossas Forças Armadas, tem sido
um ano de sacrifício e serviço longe de suas casas. Para todos os americanos, tem
sido um ano de adaptação, de chegar a um acordo com o conhecimento de que a
nossa nação fez inimigos, e que não somos invulneráveis a ataques.
191
foi coberto por cinza branca, veículos de emergência, carros e caminhões
esmagados, apenas completando o caos.
Passei três dias depois dos ataques em busca de Autumn e Carl. Orando
para eu encontrá-los entre as cinzas e escombros, vivos ou mortos. Eu lembrava
como se fosse ontem, revivendo a cada dia maldito desde então. Diesel e alguns
dos outros irmãos vieram na manhã seguinte, dirigindo a noite toda. Para que
eles pudessem me ajudar a procurar a mulher que eu sabia que tinha ido embora.
O prefeito Giuliani, juntamente com milhares de outros cidadãos de Nova York,
vasculharam as duas mil toneladas de aço por dias, deixando de dormir para
tentar salvar vidas que foram penduradas por um fio do caralho.
Agora aqui estava eu, um ano mais tarde, de pé ouvindo o pior pesadelo
que a América já tinha vivido, tentando fazer meus pés moverem-se. Tentando
chegar ao outro lado da rua, para adicionar fotos de Autumn e Carl ao Memorial.
Para sentir como se eles não fossem apenas invenções da minha imaginação,
saber que eles eram verdadeiramente reais. Levei toda porra de dia para
atravessar a rua para fazer exatamente isso. Acendi uma vela por suas almas,
orando para que eles estivessem descansando em paz.
Passei o último ano sem rumo vagando pela vida diária. Lutando por uma
causa que eu sentia que para sempre eu perderia. Não importa quantas vidas eu
tirei, por qualquer razão, boa ou má. Eu protegi meus irmãos, eu lutei e matei
pelo clube, eu fiz tudo o que era esperado de mim, tudo em nome das cores no
meu colete. Fazendo-me perceber que eu não era melhor do que os terroristas
malditos.
Autumn estava certa. Ela foi a última gota deixada de bondade na minha
vida. A última parte do homem que ela desejava que eu pudesse ser, que morreu
junto com ela. Ela se foi, e eu senti que havia apenas tanta coisa que eu poderia
fazer para tentar fazer isso direito. Se havia uma coisa que eu aprendi sobre a vida
e respirando o MC, era que a vingança não era um modo de vida, era a vida.
193
ela estava bem. Ajudando-a de toda forma que podia, me sentindo responsável
pela morte de sua única filha. Autumn nunca teria estado em Nova York se eu não
tivesse feito o que fiz. Sua mãe estava lidando da melhor maneira possível, mas a
cada dia parecia ser uma luta, alguns melhores que outros. Juro que havia
momentos em que ela olhava para mim da mesma forma que minha mãe.
Meu voo pousou na Carolina do Norte pouco depois das nove horas da
noite. Fui até a porta da frente da minha casa, colocando a mão na maçaneta da
porta. Fazendo uma pausa antes de entrar para a porra do meu lar quebrado.
Considerando quando dar a notícia à minha mãe, a Noah, e ao maldito Prez.
Sua mão direita magra estava envolvida em torno de uma garrafa vazia de
vodka, enquanto a outra segurava um retrato emoldurado de Luke. Puxando a
cadeira ao lado dela, sentei-me, inclinando-me para trás e coloquei minhas botas
sobre a mesa. Dando ao seu braço um pequeno empurrão.
Ela olhou para mim grogue, apertando os olhos por causa da luz brilhante.
—O que você quer de mim? —Ela murmurou, sua cabeça balançava e seus olhos
fecharam. Antes que eu soubesse o que estava fazendo, minhas mãos
conectaram com a mesa, batendo forte sobre a madeira.
—É assim que vai acontecer. —Eu falei com a mandíbula travada, perto de
seu rosto. O cheiro de bebida imediatamente agrediu meus sentidos.
Alimentando a raiva que eu sentia no fundo do meu núcleo. —Você vai ouvir tudo
o que eu tenho a dizer, quer você goste ou não. Eu tive o suficiente dessa
besteira, porra!
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Eu não vacilei, e abri a cortina do chuveiro. Eu abri a torneira, acionando a
alavanca para água fria.
—O que é tão importante que não podia esperar até amanhã? —Ela
rosnou, olhando para seu corpo encharcado com os braços ao lado.
Como se não houvesse sobrado nada dela, além das memórias em nossas
mentes.
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—Você nem se importa mais, Ma? Você tem alguma ideia de quão difícil
tem sido ver você assim? O quanto dói olhar para você agora, e eu não ter ideia
de quem é esta mulher olhando de volta para mim? Ela não é minha mãe. —Eu
confessei, recostando-me nos saltos das minhas botas, balançando a cabeça.
—Luke morreu, Ma. Eu sei que dói. Eu sei disso mais do que ninguém,
sabia? —Eu respirei, inclinando a cabeça para o lado. Fazendo-a acordar. —Eu sou
o único que puxou o gatilho, lembra? Eu sou o único que o colocou no chão. Eu.
—Bati no meu peito, precisando chegar até ela. —Eu sei que há alguns dias em
que dói tanto que você não pode respirar. Você sufoca com a dor que não vai
deixar você ir. Eu entendo... Eu entendo porque eu sinto isso também, e não
houve um dia em que não senti isso.
Ela fez uma careta, mordendo o lábio inferior para controlar o tremor,
permitindo que suas emoções aparecessem. Finalmente permitindo-se lamentar
a morte de seu filho.
—Podia ter me enganado. Nunca disse uma palavra sobre isso. Você mal
estava coerente no seu funeral. —Eu a lembrei, me lembrando de como eu
coloquei sua bunda beligerante em um táxi após o funeral. Pedindo a um
prospecto para ir junto e colocá-la na cama, pois ela mal conseguia ficar em pé
sozinha.
197
Falei com sinceridade, respirando fundo antes de continuar.
Ela a pegou em pleno ar. Seu peito subia e descia, contemplando o que
dizer. Eu podia ver sua mente girando fora de controle. Ela abriu a boca para dizer
alguma coisa, mas nada saiu. Eu não conseguia olhar para ela por mais tempo
sem dizer algo que eu me arrependeria. Então, eu só me virei, deixando-a para
lutar contra seus próprios demônios.
—Eu só... Eu não sei como parar... —Ela gritou, aspirando o ar, tentando
encontrar o fôlego. —Eu era a sua mãe, pelo amor de Deus. Meu único trabalho
era protegê-lo. Eu falhei. Você pode ter puxado o gatilho, querido... Mas ele
estava lá apenas por minha causa. Ele deveria estar em casa, na cama. Que tipo
de mãe eu sou? Eu não mereço você ou Noah... Eu não mereço nada.
198
Fechei os olhos, inclinando a cabeça para trás contra o parapeito da
varanda. Precisando de um minuto. Eu sempre soube que ela se sentia
responsável pela morte de Luke, mas ouvi-la realmente dizer as palavras malditas
era quase demais para eu aguentar.
—Não quero ouvir sua merda hoje à noite, mulher! Você ouviu o seu
filho? De onde diabos veio isso? Que besteira você está dizendo a ele?
—Nada. Eu não lhe disse nada. Deixe-o em paz! Ele quer fazer algo de bom
em sua vida. Ele é seu filho! Comece a tratá-lo como um!
—Eu dou tudo aos meus meninos. Que porra você está falando?
—E Luke...
199
Minha mãe nunca reagiu ao abuso do meu pai, mas havia algo sobre o
olhar em seus olhos naquele momento que me mostrou que isso não acabaria
bem.
—Seu filho da puta! Seu monte de merda! —Ela gritou, se lançando para
ele da varanda, usando toda sua força para bater, socar, e chutá-lo. Fazer
qualquer coisa e tudo o que podia em seu poder para feri-lo fisicamente.
—É sua culpa! É sua culpa que ele está morto! Seu clube esquecido por
Deus é apenas violência e morte! Você fez isso, e eu espero que você queime no
inferno por isso! —Ela fervia, tentando lutar comigo.
—Sua cadela estúpida! Olhe em volta. Eu lhe dei tudo com esse clube
esquecido por Deus! E é assim que você me trata? Após tudo que eu fiz para
você! Depois de trazê-la de volta, depois que você...
—Eu queria ter ficado! Eu queria nunca ter voltado para você! Essa foi a
pior decisão da minha vida! —Ela lutou para sair do meu alcance, chegando até o
rosto dele. —Você não é metade do homem que você pensa que é. Você não é
nada como ele...
200
Eu estava sobre eles em dois passos, com força empurrando seu corpo
para fora da linha de fogo. Seu corpo minúsculo caiu no chão, mas tudo o que
importava para mim era que ela não estivesse na outra extremidade dessa porra
de cano.
—Faça! Quer matar alguém? Então, faça, Prez. —Eu zombei, rangendo os
dentes. —Puxe o gatilho. Isso não importa para mim. —Agarrando o cano da
arma, segurei-a firmemente no lugar no meu coração.
Seus olhos estavam vidrados com a sinceridade das minhas palavras. Foi
rápido, mas eu vi. Eu sabia que ele não faria isso, o dedo não se moveu do gatilho,
entretanto. Eu secretamente desejei que ele tivesse dado o tiro. Ele nem sequer
me agradeceu por tomar uma bala por ele. Ele nunca disse uma palavra maldita
sobre isso.
13
G.I. tem como tradução mais apropriada soldado raso ou pracinha. Essa expressão veio de uma sigla que era "carimbada" em
todas as caixas com mercadorias, que eram do governo (Government Issue - assunto do governo) e na época da segunda
Guerra, para demostrar que o "soldado" era como um ítem do governo, os sargentos chamavam assim seus subordinados. Joe
é o nosso José ou simplesmente Zé, que é o nome dado a alguém quando não se sabe realmente o verdadeiro. Juntando os
dois, podemos ter então como tradução "soldado Zé" ou simplesmente "o soldado".
201
—Vai virar as costas para os seus irmãos? Para sua maldita família? —Ele
me empurrou, mas eu não vacilei. —Não merece vestir esse colete, porra.
Seu punho colidiu com o meu rosto antes que ele terminasse a última
palavra. Minha cabeça recuou, levando metade do meu corpo comigo. Ma gritou
enquanto Noah testemunhava a agressão de Pops. Ela correu para ele e levou-o
para dentro.
—Não quero lutar com você! Seu velho fodido! Acalme-se e deixe-me
explicar!
202
um para o outro. Alguns momentos depois, ele baixou seu punho, saindo de cima
de mim, sem tirar os nossos intensos olhares enlouquecidos longe um do outro.
Seu rosto estava vazio de qualquer emoção. Pela primeira vez na minha
vida, eu não pude lê-lo.
Ele deu um passo para trás, limpando o sangue do canto de sua boca com
as costas da mão. Seus pensamentos enfurecidos estavam claramente em guerra
em sua mente, em relação ao que ele faria. Ele se virou para sair, parando no
último segundo. Olhando para mim com nada além de nojo em seus olhos, ele
finalmente disse. —Convoque a missa. É melhor sua bunda estar lá ao meio-dia
de amanhã. —Ele saiu, sem se virar para olhar para mim.
203
—Você realmente vai nos deixar? —Noah murmurou atrás de mim,
apenas alto o suficiente para eu ouvir.
Parecia que era uma coisa fodida após a outra. Senti sua decepção cortar
minha pele como uma lâmina irregular. —Noah, eu...
—Você vai me deixar com eles? Você é tudo que eu tenho, Creed. —Ele
lamentou, sua voz embargada. —E se você morrer? Como Luke? E se alguém
acidentalmente puxar o gatilho em você, Creed? O que acontece então?
Eu abri minha boca para dizer algo, mas rapidamente a fechei. Percebendo
que Noah sabia mais do que eu jamais lhe dei crédito. Eu não sabia como fazê-lo
entender o meu raciocínio para uma decisão que eu nunca teria tomado sem
pensar muito. Passei o último ano contemplando essa escolha de mudança de
vida, e hoje apenas confirmou o que eu já sabia que tinha que fazer.
—Eu tenho que fazer isso, Noah. Não só por Autumn, mas por mim
mesmo. Não espero que você entenda, mas eu preciso que você respeite minha
decisão e saiba, isto é por você também.
Dei de ombros. —Não sei o que você quer que eu diga, Noah.
—Eu amo você, Noah. Você é meu irmão. Você é meu sangue. Nada vai
mudar isso.
Ele lentamente afastou-se. —Tudo o que você tem que dizer, diga a si
mesmo. Vai morrer por seu país, porra. —Ele deu uma última olhada em mim,
balançou a cabeça e saiu.
204
Não dormi a noite toda, ouvindo as vozes dentro da minha cabeça.
Orando a Deus para eu estar fazendo a escolha certa.
205
A minha família vinha se desintegrando por semanas. Minha mãe em
lágrimas, meu pai constantemente aos gritos, eu odiava ver todo mundo tão
chateado. Minha família não era perfeita, tínhamos nossas divergências,
discussões, até mesmo brigas de vez em quando, mas nunca durava mais do que
algumas horas, talvez um dia.
Ninguém o levou.
Fazia um ano desde que alguns caras causaram o terror no World Trade
Center em Nova York. Eu não entendia o que aquilo significava, ou por que
alguém iria querer machucar as pessoas que não conheciam. Por que não
podíamos todos ficar juntos e espalhar o amor, não o ódio. Papai disse que o
206
mundo não foi feito assim, mas que pessoas como eu eram as que o deixavam
melhor.
Todo mundo ficava dizendo que foi um dia que a América nunca
esqueceria, especialmente meu irmão. Sua amiga, Autumn, a menina que estava
sempre perto de Creed, foi morta na Torre Norte naquele dia. A notícia arrasou
Mason, dando-lhe a desculpa que precisava para se alistar. Lutar por nosso país
era sua vocação. Proteger os que ele amava era a sua missão. A tensão estava em
alerta máximo na minha casa, tornando-se a nossa própria zona de guerra desde
que ele lhes disse isso.
Giselle nem sequer falava mais com ele. Pelo que eu reuni por espionar
em sua porta, ele não discutiu essa decisão de mudança de vida com ela também.
Tia Aubrey e Giselle vieram uma noite, e tudo que ela fez foi chorar com a minha
mãe sobre Mason. Eu me senti tão mal por ela, mas meu irmão sempre foi um
idiota. Este comportamento não era nada novo, eu não estava autorizada a dizer
isso sobre ele, mas não mudava a verdade. Giselle pensava que eles se casariam,
teriam filhos e seriam uma família unida.
Viu... Imbecil.
207
com o oceano. Não havia nenhum sentimento no mundo que poderia descrever
isso.
Eu não tinha o visto no que parecia uma eternidade. Ele parecia mais
velho e maior, se isso fosse possível.
—Eu não vi você há um tempo. Você tem sorte de sempre usar as mesmas
roupas, ou então eu não teria sequer o reconhecido. —Eu o provoquei. —Você
tem outras roupas? —Eu sorri, incapaz de me segurar. Apontando para seu
colete. Eu nunca o tinha visto vestindo nada além de jeans, uma camisa, e esse
colete. Eu estava começando a pensar que ele não possuía qualquer roupa real.
—Sim... Bem, ok. Eu acho que é uma coisa boa. O que mais eu poderia te
dar se você não a usasse mais.
Ele riu, olhando em direção à água. —Não precisa me dar qualquer coisa.
—Muito tarde. Eu tenho mais patches para você. Olha. —Eu peguei minha
mochila, procurando dentro até que eu os encontrei. Gesticulei para ele abrir a
mão. —Eu acho que você pode colocá-los onde você colocou os outros. —Sugeri,
querendo que ele soubesse que eu percebi que ele não estava os usando em seu
colete desde a última vez que o vi.
208
Ele os tirou da minha mão, lendo o primeiro em voz alta. —Ninguém Mais
Tem Tempo Para Isso.
Quando eu o vi, pensei que era perfeito. Ele estava sempre com pressa.
Dizendo-me para me apressar. Que ele tinha lugares para estar. O que quer que
isso significava.
Ele continuou, recitando. —Aqui estou. Quais são seus outros dois
desejos? —Ele sorriu, lembrando-se por que eu dei esse a ele. Ele foi para a
próxima, leitura. —Mau Exemplo. —Sorriu novamente, sabendo que era porque
ele continuava me dizendo que ele não era bom.
—Não vai me ver por um tempo, Pippin. —Disse ele, do nada. Mexendo a
areia ao redor com sua bota.
209
—Vou lutar contra os maus. —Confessou, acenando com a cabeça para
mim.
—Vou me certificar de que seu irmão volte. Não se preocupe com ele. —
Sussurrou como se estivesse lendo minha mente.
—E você?
—Prometa de dedo mindinho que vai ficar seguro. Que você não vai ser
imprudente, e se você ficar com medo... você vai correr. Você não vai tentar ser
um herói. Prometa-me, soldado. —Insisti, segurando meu dedo mindinho na
frente de seu rosto.
Esperando.
210
Eu me inclinei e beijei os nossos dedos para selar o acordo. Ele não disse
as palavras, mas isso não importava. Uma promessa de mindinho era um negócio
legítimo e não devia ser quebrado.
—Tenho que ir. Encontrar Mason. Só vi você sentada aqui e queria dizer
adeus. —Ele começou a se levantar.
—Você sabe, com uma caneta e papel. Como amigos por correspondência.
Vou escrever-lhe. Você escreve-me de volta. Então você sabe que tem uma amiga
esperando por você quando você voltar para casa.
Eu sorri através das lágrimas que ameaçavam nos meus olhos. Eu não
pude deixar de sentir que eu estava conseguindo atravessar sua fachada fria, e
isso foi algo que me deixou feliz.
211
Ele se afastou primeiro, puxando o fim da minha trança. —Fique bem. Vai
ficar bem?
Seguros.
212
Eu caminhei para o ônibus por volta das seis da manhã de um domingo, à
espera de Mason. Eles estavam transportando-nos a uma distância de sete horas
e meia de Fort Benning, Georgia, para dezenove semanas de inferno. Em seguida,
para Fort Bragg para começar o nosso trabalho de formação de pelo menos um
ano. Meu recrutador me ajudou a conseguir meu GED, então eu fui capaz de me
alistar. Nós não queríamos ser apenas soldados. Queríamos ser soldados de
operações especiais. Eu queria ser um especialista em armas, já sabendo muito
sobre armas, enquanto Mason queria ser um engenheiro.
A criança que eu tinha visto apenas um punhado de vezes nos últimos três
anos, se preocupava mais comigo do que meu próprio sangue. De forma que eu
nunca tinha visto ou sentido antes. A emoção que mostrava em seus olhos azul
brilhante, intensificou uma conexão entre nós que eu nunca tinha percebido
antes.
213
Enfiei a mão no bolso e tirei o primeiro patch que ela me deu. Colocando a
palavra “Coragem” na janela para ela ver. Ela imediatamente sorriu, e isso
iluminou todo o seu rosto. Eu não pude deixar de sorrir de volta.
—Sua avó se move mais rápido, Paulsen, seu filho da puta preguiçoso! —
Ele gritou na cara do recruta.
214
—Minha avó está morta, sargento de instrução.
—Que tal você se juntar a nós, recruta Jameson. —Ele me chamou, nem
mesmo olhando na minha direção. —Por que você demorou, porra? Não me diga
que é porque você precisava de seu sono de beleza! —Ele se aproximou de mim,
ficando bem na minha cara. —Você é um buldogue parecendo um viado! —Ele
gritou a centímetros longe da minha boca, as veias do pescoço trabalhando horas
extras.
—Você mija quando lhe digo para mijar! Eu disse-lhe para mijar, porra?
215
—O que temos aqui? —Ele questionou, agachando-se diante de mim,
arrancando a corrente do meu pescoço em um movimento rápido.
—Creed, fique quieto. —Mason disse entre dentes em um tom baixo que
somente eu ouvi. Sabendo que a merda estava prestes a bater no ventilador.
—Você tem algumas bolas de aço, recruta. Este é seu filho? —Ele levantou
o colar.
—Eu lhe fiz uma pergunta fodida, recruta Jameson! Quando eu lhe fizer
uma pergunta, espero uma resposta do caralho. Agora! É este o seu filho?
—Ahhh, isso é tão doce. Você pode obter isso de volta depois de merecê-
lo. Sem objetos pessoais em seu corpo. Já quebrou as porras das regras, soldado.
Confie em mim, você vai pagar por isso hoje. Agora abaixe e faça cem. Você tem
cinco minutos. Se você ultrapassar um segundo, vai começar novamente. Vamos
ver quanto tempo leva para ser um homem de verdade, caralho.
216
Foi onde encontramos Owen, um filho da puta implacável de Arkansas. Ele
era o mesmo filho da puta que eu tinha derrubado na tenda em Oak Island, por
causa de Autumn alguns anos atrás. Ele estava lá, de férias com sua família. Não
demorou muito para eu perceber o quão pequeno o mundo realmente era. Nós
desempacotamos nossas malas em nossa nova sede, quando uma foto de
Autumn caiu no chão.
—Espere, deixe-me ver isso de novo. —Ele pediu, estendendo a mão para
dar uma olhada. —De onde você disse que era?
Eu o prendi contra a parede pela sua garganta antes que ele terminasse a
frase.
—Mim?! Esmurrando a sua cara fodida. Eu sugiro que você escolha suas
palavras com sabedoria, ou eu não hesitarei em te foder de novo. —Eu o soltei
com um empurrão, voltando para a arrumação.
217
Owen e eu finalmente colocamos nossas diferenças no passado, ambos
querendo deixar o nosso país orgulhoso e derrubar os desgraçados que tiraram
tanto de nós.
Especialmente eu.
Eu não estava lutando apenas pelos Estados Unidos. Eu estava lutando por
Autumn.
218
Fui treinado para desligar o resto da minha humanidade.
Somente a boa.
Eu pensei que tinha visto tudo, mas eu não poderia estar mais errado.
Observando mulheres e crianças sendo estupradas, espancadas e baleadas por
seus próprios insurgentes, porque seus maridos não quiseram juntar-se a causa. A
devastação provocada por sua própria espécie fodida. Não havia como saber a
diferença entre inocente e corrupto por fora. Estavam todos misturados. Você
rapidamente percebia isso toda vez que você se adequava. Toda vez que você
colocava esse uniforme militar, era vida ou morte.
Matar ou morrer.
Estar nas forças especiais, significava ser convocado com mais frequência,
mas por períodos mais curtos. Normalmente, só ficávamos nos lugares de quatro
a seis meses, dependendo da unidade, localização e necessidade.
219
Eu estive de volta à Fort Bragg, na Carolina do Norte durante um mês. Eu
fui instalado a cerca de uma hora e meia de casa. Eu não sabia quando seria
enviado a trabalho de novo, então eu estava pensando em tirar proveito da pouca
liberdade que eu tinha o melhor que pudesse. Enquanto eu estava sentado no
meu quartel, porém, minha mente repetia cenas que eu gostaria de poder apagar
para sempre.
Minha unidade foi chamada para uma pequena aldeia, para procurar
insurgentes, e recolher informações sobre o paradeiro de Osama Bin Laden.
Estava chovendo, Deus desencadeando sua ira sobre os campos de batalha.
Quando um grupo de crianças veio esgueirando-se de um edifício de concreto
abandonado.
—Eu estou vendo. —Eu respondi, falando em meu ombro. Nunca tirando
os olhos deles.
—Creed, é a sua vez. Eles parecem estar segurando algo, mano. Não é um
bom momento para ser um maldito maricas. Retire seu tampão fodido, cresça um
par de bolas de merda, e mate-os, foda-se!
—Filho da puta! —Eu rosnei, chegando mais perto, meu olho treinado
neles através do escopo da minha arma.
220
Eu avancei. —Foda-se. —Eu rosnei, sabendo o que eu tinha que fazer. Eu
não hesitei, puxei o gatilho até que eles já não eram meninos em uniformes
escolares, mas o inimigo ao qual fui treinado para tirar.
Aqui em um minuto.
Morto no próximo.
As vítimas da guerra.
Essa foi a primeira morte sob o meu comando na minha primeira ida ao
Afeganistão.
As noites nas forças armadas foram alguns dos momentos mais solitários
da minha vida. Eu não tinha nada com que me distrair, não importa o quão
exausto eu estava. Quando eu forçava meu corpo fisicamente e mentalmente, o
sono não vinha facilmente.
221
As ruins e brutais ultrapassavam as boas.
Tentei ver Noah a cada chance que eu tinha, só que ele nunca quis me ver.
Uma vez consegui vê-lo, mas ele se recusou a falar, deixando-me falar sozinho o
tempo todo. Eu podia sentir o ressentimento escorrendo de seus poros. Ele tinha
dezesseis anos, agindo como se fosse um homem crescido. Gastando mais e mais
tempo no clube, contra a minha vontade. Fui de uma situação fodida para outra.
222
Eu vi Mia mais frequentemente do que eu vi Noah. Levando Mason para
que ele pudesse beijar a bunda de Giselle, que não tinha o perdoado por se
alistar. Pippin ainda era a menina espertinha, sábia além de seus malditos anos.
Eu encontrei-me ansioso pela próxima vez em que a veria, agora com catorze
anos de idade e cabeça quente. Certa manhã, algumas semanas depois que eu
saí, eles disseram meu nome durante o recebimento de cartas. Isso me chocou,
eu nunca esperava receber uma carta dela, nem em um milhão de anos. Mas
quando Mia colocava algo em sua mente, viesse o inferno ou a maré alta, ela faria
o que fosse para que isso acontecesse.
Havia um envelope com escrita rosa de Mia Ryder, AKA14 Pippin. Ela me
escreveu cartas tantas vezes, cada vez enviando um novo patch. Dizendo-me tudo
o que estava acontecendo na cidade, o que estava acontecendo com sua vida,
como seu pai ainda não a deixava fazer qualquer coisa. Como o surf era a sua
única fonte de liberdade. Dizendo-me que ela tinha ficado em primeiro lugar no
concurso de surf local, derrubando alguns dos melhores. Chutando suas bundas. E
o quanto ela orava por Mason e eu, e como sentia nossa falta.
14
Sigla para “conhecida como”.
223
Havia um pequeno lago artificial ao longo da Pepperbush Drive no Parque
Woodland. Eu ia de bicicleta lá muitas vezes, só para ter um pouco de paz e
sossego. Um lugar isolado onde eu pudesse ficar sozinha com meus pensamentos.
Longe das praias movimentadas de Oak Island. Eu o tinha descoberto depois que
Tio Austin havia comprado sua casa na propriedade, explorando a área um dia,
quando estávamos lá para um churrasco.
Peguei a estrada de terra até o meu lugar especial no lago, parei minha
bicicleta perto da árvore de salgueiro. Peguei meus óculos de sol, rádio e fones de
ouvido da minha mochila, e desci até a beira da água. Tirei minhas sandálias perto
da costa, e entrei na água morna. Deixando o feixe de sol quente me aquecer
enquanto eu ouvia o chilrear de grilos.
Creed.
224
—Que diabos? Você me assustou pra caramba! —Exclamei,
imediatamente pulando do balanço. Chutei a água, espirrando nele.
—Oh é, soldado? —Eu não tirei meus olhos dele enquanto eu jogava todas
as minhas coisas ao lado das minhas sandálias na costa, para não molharem.
—Eu achei que já tivesse. —Joguei água nele novamente, desta vez com
muito mais quantidade em minhas mãos. Sem me importar que ele estivesse
usando seu colete, que ainda não tinha qualquer um dos meus patchs nele.
—Faça isso mais uma vez e você vai ver o que acontece, menina.
Eu não lhe dei uma chance de responder antes de eu ir com força total,
espirrando água nele tanto quanto poderia. Ri pra caramba o tempo todo, sem
parar. Jogando pilhas de água nele.
225
—Espere! O que você está fazendo? Isso não é justo! Você é maior do que
eu! —Gritei, apertando as mãos em suas costas para olhar para cima e ver onde
estávamos indo.
Ele andou mais para o meio do lago, sem se importar que estivesse
ficando com a calça jeans completamente encharcada.
—Implorar não vai funcionar nesta situação, Pippin. Devia ter pensado
nisso antes de decidir ir para a guerra com um soldado. Eu não perco.
Olhei para cima, pronta para dar-lhe um sermão, mas a expressão em seu
rosto me deixou sem palavras. Seus olhos percorriam meu corpo encharcado.
Desde meus quadris, subindo pelo meu peito e até o meu rosto com um olhar
predatório. Nossos olhos se encontraram por uma fração de segundo, e ele
estendeu a mão, enxugando uma gota de água do meu rosto. Seu polegar quente
226
agitou emoções dentro de mim, fazendo com que meus lábios se abrissem e meu
corpo tremesse. Eu juro que podia ver suas paredes lentamente ruírem,
revelando um olhar que eu nunca tinha visto nele antes.
Tão rápido quanto aconteceu, isso foi embora. Ele sacudiu o pensamento,
limpando a garganta, dando um passo para trás e olhando para longe de mim.
Perdido em seus próprios pensamentos. Ele esfregou as costas de sua cabeça,
enquanto um silêncio desconfortável enchia o ar entre nós.
Eu gostei.
Muito.
Engoli em seco.
Era Creed.
Ele seguiu meu olhar em seu corpo exposto, exatamente do jeito que fiz
momentos atrás, quando ele estava olhando para mim. Olhando de volta para o
meu rosto, ele apertou os lábios, tentando não rir. Foi a minha vez de olhar para
longe dele, mesmo que eu não quisesse. Minhas bochechas estavam vermelhas,
meu coração disparou, rapidamente batendo com força contra o meu peito,
deixando-me fraca nos joelhos. Seu silêncio só deixou as coisas mais estranhas
entre nós.
228
—Não parece ruim vestindo minha camisa como saco de batatas e tudo
mais. —Ele falou, finalmente quebrando o silêncio.
—Não desde que eu tinha doze anos. —Ele falou, colocando as mãos nos
bolsos, acentuando a sua estrutura forte.
As coisas não tinham sido as mesmas desde que Mason saiu a mais de dois
anos e meio atrás. Minha mãe e Stacey eram uma pilha de nervos na maioria dos
dias, se preocupando se o seu bebê estava bem. Especialmente quando eles
estavam fora em missões ou guerra. Mamãe saltava cada vez que o telefone
tocava, pensando na má notícia esperando por ela na outra extremidade.
Meu pai ocupava-se com o trabalho e agia como se nada tivesse mudado.
Mas todos nós sabíamos que ele estava muito preocupado, ele era bom em
manter suas emoções sob controle. Mamãe, por outro lado, não era. A vida em
casa não era a mesma sem Mason. Era definitivamente mais silencioso, no
entanto.
Todos nós tínhamos saudades dele, e eu rezava toda noite para que ele
estivesse seguro. Sempre esperando a sua próxima carta que ele enviava
mensalmente, sempre que podia.
229
Eu não tinha mudado muita coisa, exceto o meu corpo, o que só fez o meu
pai colocar mais regras. Para completar a lista interminável de coisas que eu não
podia fazer. Eu estava sufocando em minha própria casa, mais do que nunca.
Ninguém entendia isso, era uma batalha que eu nunca ganharia, mas eu me
recusei a parar de lutar. Eu me afogava na escola, trabalho, e surf, quando tudo
que eu realmente queria era sentir como se eu pertencesse a algum lugar.
—Eu não sabia que você vinha visitar com Mason. Quando é que vocês
chegaram? Espera... Como você sabia que eu estava aqui? —Eu perguntei,
colocando as mãos nos quadris, inclinando a cabeça para o lado. Dando-lhe um
olhar questionador.
Eu ri pelo que parecia ser a primeira vez em meses. —Você precisa que
meninos falem com você antes que eles possam partir seu coração. —Eu
confessei, caminhando para minhas coisas na costa.
230
—Tudo bem. —Eu dei de ombros. —Eu vou começar a fumar também.
—A porra que você vai. —Ele rosnou, rindo. —Então, o que é isso de
rapazes não falarem com você? —Ele olhou para o lado do meu rosto.
Eu revirei os olhos. —Você soa como o meu pai. Entre ele e meus tios, há
caras que nem sequer chegam à porta da frente. Estou com quase quinze anos,
Creed, e eu nunca sequer fui beijada. Você sabe o que é ser a única menina na
nona série que nunca esteve em um encontro ou foi beijada? —Eu questionei,
olhando para ele. —Todas as minhas amigas já tiveram tudo isso, e é tudo o que
falam quando a gente sai, o que não são muitas vezes mais. A maioria delas já
tem namorado e passam todos os momentos com eles. —Suspirando, eu respirei
fundo.
—Você quer ouvir sobre minha vida amorosa ou a falta dela? —Eu arqueei
uma sobrancelha. —Você sabe como meu pai é... Você acha que mudou? De jeito
nenhum. Ele só tem piorado, especialmente desde que Mason saiu. Bo não causa
metade dos problemas que ele causava. Eles não têm nada a fazer, além de se
concentrarem em mim.
Ele colocou as mãos sobre os joelhos. —Não achei que seu pai fosse
apreciar isso.
—Ugh! —Eu soltei, sabendo que ele estava certo. Ele ficaria louco se uma
carta de Creed viesse endereçada a mim. —É tão frustrante. Eu não posso
231
namorar. Eu mal posso sair da minha casa sem meu pai na minha cola, me
perguntando aonde eu vou. Ele nunca vai me deixar crescer. Há um baile na
escola na próxima semana e eu nem sequer fui convidada, nem estou autorizada
a ir. Eu vou acabar sozinha com vinte gatos, vestindo camisetas com os dizeres
“Meow’s it going 15”.
—Eu vou explicar uma coisa a você, Pippin. —Ele murmurou através de
sua risada, balançando a cabeça. —Os meninos da sua idade apenas querem
transar. Merda... Os homens em geral só querem isso. Eles não se preocupam
com nada além do que está no meio de suas pernas, especialmente quando se
tornam homens. E o pior disso, é que você vai deixá-los chegar a isso.
—Oh... —Eu recuei, olhando para ele. —Você... quer dizer... você sabe...
você... faz coisas... você sabe, assim também?
—E Autumn? Eu pensei que ela era sua namorada. Quero dizer... ela era...
linda. Eu queria parecer com ela.
Ele estreitou os olhos para mim, contemplando o que dizer. —Nunca tente
ser algo que você não é. Você é perfeita do jeito que é, ok?
—Para o inferno com esses merdinhas, isso não vai acontecer com você.
Você vai conhecer um homem, que um dia vai te amar e te mostrar isso. Dizendo
15
Deixei no inglês porque não há tradução para isso sem o trocadilho. Meow é miau (miado do gato). E nesta
expressão, o original seria How´s it going (Como vão as coisas?). Mas foi usado o Meow ao invés de How por
causa dos gatos.
232
palavras carinhosas a você. E ele vai ser um sortudo por ter você como sua
mulher ao seu lado.
—Eu sei que sim. Você só tem quinze, querida, tem toda a vida pela
frente.
Eu sorri.
Eu sabia que ainda era jovem. Eu sabia que Creed era muito mais velho do
que eu, sempre seria. Eu sabia que éramos errados um para o outro, sempre
tinha sido. Provavelmente sempre seria. Mas eu também soube ali mesmo, que
eu queria que ele fosse aquele homem na minha vida. O qual ele acabou de
descrever com tanta sinceridade e amor em sua voz.
233
Eu entrei na tenda de reunião logo após as 4 da manhã para receber
instruções de nossa próxima missão. Era a parte final do meu terceiro
destacamento no Afeganistão desde que entrei no serviço militar a mais de três
anos atrás. Eu não estive em casa em seis meses.
Vivo ou morto.
234
Subimos cada montanha fodida. Buscamos em cada caverna por um
homem que eu comecei a acreditar que não existia para começar. Invadindo
aldeias, ganhando informações que nos levava a lugar nenhum, além de sermos
perseguidos. Farejando insurgentes como cães raivosos. Usando as medidas
necessárias para fazerem os fodidos falar.
A parte louca de tudo isso era que, estar de volta ao Afeganistão era quase
como estar em casa. Todos nós nos sentíamos dessa forma. Ser um civil era muito
mais difícil do que ser um soldado. A guerra te ferrava até o ponto onde nada
faria sentido quando você voltava para casa. Nossas mentes estavam sempre no
campo de batalha, juntamente com as almas que tínhamos tirado. Isso era outra
coisa que os militares não nos preparavam.
A vida real.
Reajustar à vida normal foi a porra da pílula mais difícil de engolir. Foi tão
difícil voltar à normalidade, e desligar a mentalidade de “matar ou ser morto” em
todos os momentos do dia. As pequenas coisas, como um cortador de grama
ligado, ou um ventilador de teto girando poderia desencadear coisas em minha
mente que eu nem sequer sabia que estavam lá. Um lapso momentâneo de
julgamento ocorreria entre não saber onde estava, ou como você deve reagir.
Eu matei inimigos.
Perdi irmãos.
Nós fomos para a zona de queda naquele dia, o dever do combate ativo.
Cerca de quinze quilômetros do alvo, fomos informados para ficarmos prontos.
Um grupo de idiotas já havia sido flagrado dirigindo em nossa direção por outra
equipe dos EUA de soldados. Minha unidade os interceptou em uma área
arborizada a cerca de dois quilômetros de algumas aldeias locais, e começamos a
aferição da área. Rifles carregados e prontos para disparar, fomos pisando um pé
na frente do outro, ouvindo tudo e qualquer sinal dos desgraçados.
236
Minha adrenalina trabalhava horas extras, sabendo que o inimigo estava
perto, mas eu não tinha visual ainda. Todos os meus atos e ordens precisavam ser
calculados e precisos. Minha audição só aumentava a cada passo que eu dava na
direção do perigo.
—Porra! Abaixem-se! —Eu berrei através do meu rádio. Olhando por cima
do ombro para encontrar Andrews, caído de costas a poucos passos de distância,
sem se mover. O sangue escorria pelo seu rosto, na terra. Minha equipe recuou,
abaixando-se atrás das árvores, deitando de bruços na lama. Olhando a área para
encontrar o filho da puta que abriu fogo. Quatro ou cinco militantes afegãos
vinham para cima de nós rapidamente.
—Matem esses filhos da puta! Agora! —Eu gritei por cima do barulho das
balas voando a centímetros de mim. Mulheres gritando, tiros ecoando enquanto
eu ia até ele.
—Andrews! Fica com a gente! Você está me ouvindo? Lute, filho da puta.
Hoje não é seu dia de morrer! —Eu gritei, atravessando a lama, abaixando-me
para a esquerda e direita. Esquivando-me das rodadas de cobre dos adversários e
meus próprios homens, tentando chegar até ele. Outra bala passou perto de mim,
desta vez raspando meu ombro esquerdo.
237
—Ughhhhh... Merda! —Eu rosnei, trazendo a minha mão direita até a
ferida, sentindo o quão ruim eu fui atingido. Sangue escorria do meu braço e em
meus dedos. —Fodido filho da puta!
Eu fiz o sinal da cruz sobre seu corpo, murmurando. —Das cinzas as cinzas,
do pó ao pó, e toda essa merda.
238
—Pelo amor de Deus, eu estou bem, é apenas um arranhão. Precisamos
fazer alguma coisa antes que aqueles bastardos estuprem e, em seguida, matem
todos. Ajude-me a levar Andrews até aquela árvore caída.
Nenhum de nós tinha tempo para refletir sobre outra vida roubada. Sobre
outro soldado que não voltaria para casa, para sua esposa e filhos. Sobre outra
vida inocente tirada.
—Retirem-se, soldado!
239
—Você me ouviu! Retirem-se dessa porra! —A voz do major Douglas
ecoou aos gritos através do rádio. —Essa aldeia não é motivo de preocupação do
Governo dos EUA. Não faz parte da sua missão, sargento. Você está me ouvindo?
Retirem-se. É uma ordem! Está ouvindo?
Uma vez que o caminho estava livre, fiquei de pé, ignorando a onda de dor
irradiando do braço, e o sangue escorrendo dos meus dedos.
—Se você quer a vida dessas meninas em sua consciência, então você é
um soldado fodido! Pegue suas coisas e vamos embora, seu maricas! Não vou
dizer novamente. Isso é uma ordem.
A voz do major Douglas voltou ao rádio novamente. —Que porra você está
fazendo, soldado! Recue! Temos ordens de não retornar o fogo, não nos
envolvermos de qualquer forma. Você vai lá, você está morto! Devemos escolher
nossas batalhas, e essa não é a nossa batalha para lutar. Agora recue, Jameson.
Eu não hesitei, e corri o mais rápido que pude, mas não rápido o
suficiente. Os gritos agonizantes de uma menina encheram meus ouvidos
enquanto eu a assistia tomar soco após soco em seu pequeno corpo. Seu rosto
estava quase irreconhecível na distância entre nós. Coberta de seu próprio
sangue e sujeira. Abafada pelo impacto de punhos. Minha visão afunilou quanto
mais próximo eu chegava. Outra descarga de adrenalina corria através de mim
enquanto meu coração batia em meus ouvidos em uma velocidade rápida como
se eu estivesse tendo um maldito ataque cardíaco.
—É uma ordem! —Eu ouvi a voz do rádio ecoar através do grande bosque.
—Você pode pegar sua ordem e enfiá-la na porra da sua bunda! —Eu mal
disse a última palavra quando uma bala atingiu minha coxa, fazendo-me tropeçar.
O tempo pareceu desacelerar de repente.
Mason pode ter salvado a minha vida, mas o que eu fui forçado a
testemunhar nos próximos minutos quase me matou.
241
O que restava da nossa moralidade foi retirado de todos nós naquele dia
enquanto nos sentamos lá, permitindo que os filhos da puta rasgassem
literalmente a inocência delas. Empurrando dentro e fora delas, espancando-as
até que elas já não estavam gritando mais, rindo e se divertindo o tempo todo.
242
Fui para a escola esse dia, nunca esperando o que estava por vir. Rick
estava em muitas das minhas aulas daquele semestre na escola. A maioria delas
era avançada. Eu era apenas uma veterana, mas ele estava nas classes juniores.
Ele era o único menino que me dava qualquer atenção. Aproveitando todas as
oportunidades para flertar comigo, pedindo para emprestar um lápis ou
perguntando sobre matemática, dizendo que ele não entendia. Eu sabia que era
um truque. Eu vi que todos os seus testes e atribuições tinham um A quando o
nosso professor de matemática nos entregou de volta.
Após o sino final tocar na escola, eu fui para o meu armário para colocar
os meus livros, e um pedaço de papel caiu aos meus pés. Apanhei-o, virei-o e nele
dizia:
Rick
Olhei dele para o papel e de volta para ele, acenando com a cabeça um
pouco excitada. Feliz no lado de fora, mas triste no interior. Meu pai não
aprovaria.
243
Mais tarde naquele dia, nós discutimos isso, para dizer o mínimo. Mãos
estavam gesticulando, pés estavam batendo no chão, tentando colocar algum
sentido em sua cabeça estúpida.
—Mia Alexandra Ryder, você não vai sair com aquele menino. Fim da
história.
—Vamos lá, papai! Você teve quinze anos uma vez. Fala sério! Eu não
estou pedindo para me casar! Eu estou pedindo para sair. Ser uma adolescente
normal. Você não confia em mim?
—É nele que eu não confio, Mia. E sim, eu tive quinze anos uma vez, e não
fui um bom exemplo para se comparar, menina. —Ele me deu um olhar
complacente, fazendo Mamãe rir baixinho.
Vovô me disse uma vez que o papai foi um idiota com a mamãe quando
eles eram crianças, e ele estava surpreso que ela ainda o perdoou por tudo o que
ele a fez passar. Mordi a língua, querendo deixar escapar este pedacinho de
informação, para que ele pudesse ver que ele não era perfeito. Que eu merecia
uma chance de cometer erros e aprender com eles como ele fez, mas decidi
contra isso.
244
—Mãe, você sabe como é ser uma menina. Ponha algum sentido em seu
marido. Ilumine-o, por favor!
—Lucas, eu conheci os pais deste menino. Ele vem de uma boa semente16.
Eu digo que ela vai.
—É melhor ele não fazer nada com sua semente, especialmente plantá-la.
—Bem. Mas com uma condição. —Ele segurou a faca que estava usando
para cortar batatas. —Mason estará em casa de licença em alguns dias. Se você
quiser ir a este... encontro... —Disse ele, lutando para dizer a última palavra. —
Seu irmão terá de concordar em ir junto.
Mason voltou para casa alguns dias mais tarde como papai disse. Eu o
ataquei na porta, abraçando-o com força, dizendo-lhe o quanto eu senti falta
dele. Logo lhe perguntando se ele poderia ir ao meu encontro comigo sexta à
noite. Ele olhou para mim como se eu tivesse duas cabeças, mas Giselle
concordou imediatamente, e ele não estava em posição de dizer não a ela.
16
Aqui a autora havia colocado Good Seeds que significa Boa semente. Quer dizer que ele vinha de uma boa
família. Resolvi deixar a tradução literal, senão o diálogo a seguir ficaria sem sentido.
245
Passei duas semanas em recuperação no hospital militar na base, depois
de ter sido baleado na floresta. Eu deveria ter aceitado a licença, mas eu odiava
saber que meus homens estavam em missões sem mim. Passei o tempo flertando
com as enfermeiras, vendo quantas eu poderia ter chupando o meu pau depois
de horas.
Eu tive mais buceta nessas duas semanas do que eu tive em meses. Você
ficaria surpreso com quantas mulheres estavam dispostas a servir o seu país de
joelhos.
Consegui um puxão de orelha, por assim dizer, pelos meus atos de não
recuar como fui ordenado pelo meu major. Minha única salvação para não ser
rebaixado, era porque eu era realmente bom no que fazia. Éramos nossa própria
unidade, e na maioria das vezes nós fazíamos qualquer merda que queríamos, de
qualquer maneira. Mas uma vez que eu estava desarmado, o meu major lidou
com isso comigo por trás de portas fechadas, de homem para homem.
Nós conversamos sobre como o meu velho praticamente fez o clube a sua
residência permanente. Oficialmente abandonando Ma, mas ainda dando-lhe
dinheiro para viver. Somando ao que eu lhe enviava a cada mês. Como se isso
fosse consertar as coisas.
—Com quem?
—Algum palhaço de sua escola, que esteve atrás dela para sair com ele
pelo último mês. Eu não o conheço, provavelmente é algum idiota almofadinha,
usando camisa polo e calça cáqui. Eu acho que minha mãe ameaçou meu pai para
deixá-la ir a um encontro. Ele só concordou em deixá-la ir se eu fosse com eles.
Mia me implorou assim que entrei pela porta na noite passada. —Afirmou,
acenando para Giselle. —E se este for menos romântico do que ela é, vai dar
merda.
248
Eu entrei, tomando um assento em frente ao filho da puta arrogante em
um terno de três peças preto.
—Eu não espero ninguém. Não deixe que isso aconteça novamente.
Inclinei a cabeça para o lado, virando-o em minha mão para ler a inscrição:
—Verdades.
—Isto é?
—Você estava esperando um maldito pônei? Ele tem tudo que você
precisa. Agora dê o fora.
249
curto e pendurado baixo em seu peito. Suas botas de cowboy só acrescentavam
sensualidade à sua roupa maldita.
O merdinha arrogante que estava na frente dela não poderia ser mais alto
do que 1,70 m, pesando não mais do que 70 quilos. Vestindo uma camisa polo cor
de salmão, calça jeans escura e tênis Nike.
Ele não estava olhando para o rosto dela enquanto ela estava tagarelando.
Seus olhos nunca deixaram seu decote que estava em plena exibição. Ela só ficou
lá torcendo as pontas dos cabelos, enquanto seu corpo suavemente balançava
com a música pop de merda tocando nos alto-falantes. Ele estendeu a mão,
colocando uma mecha de cabelo dela atrás da orelha, sorrindo.
—Um pouco frio aqui, não é? —Eu anunciei, virando as costas para seu
encontro, acenando para as mamas dela.
—Eu não sabia que você tinha amigos pobres, Mia. Quem é o cara? —O
merdinha atrás de mim perguntou, tornando sua presença conhecida. Olhei por
cima do meu ombro para colocar o filho da puta no lugar por seu comentário,
250
mas fui interrompido quando senti uma mão no meu peito. Trazendo minha
atenção de volta para ela.
Mia empurrou o casaco no meu peito. —Não estrague isso para mim. —
Ela murmurou.
—Foi o que eu disse. Mason não disse que ele me convidou? Eu não
perderia isto... —Fiz uma pausa, apontando entre ela e Dick. —... por nada.
—Ele disse que você precisava de babá. Onde diabos ele está? —Eu recuei,
olhando ao redor do lugar.
17
Dick – Pau, idiota, otário.
251
—Bem ali, encontrando-nos uma mesa para comermos enquanto
esperamos as pistas abrirem. Dando à Rick e eu algum espaço para conversar,
você sabe, essas coisas que você faz em um encontro. —Afirmou, enfatizando a
última palavra. —Talvez você devesse ir ajudá-los.
Ela revirou os olhos de novo, tentando iniciar uma conversa com o menino
em pé na frente dela. Falando alguma besteira que não importava. Mason
acenou-nos para a mesa depois de alguns minutos dela fingindo que eu nem
estava lá.
18
252
próximo mês, é todo meu. Talvez eu e você possamos dirigir até a costa, dar um
passeio ou algo assim. —Ele sugeriu, piscando, fazendo com que seu rosto ficasse
vermelho brilhante.
—Oh meu Deus, isso é tão incrível. Meus tios têm carros rápidos. —Mia
respondeu, inclinando-se sobre a mesa, enrolando o cabelo em torno de seu
dedo. Agindo como se ela realmente soubesse do que o merdinha estava falando.
—Boa sorte com isso, Dick. O pai dela é como um cão de guarda raivoso,
apenas esperando para rasgar um menino em pedaços. Por que você acha que
este é o seu primeiro...
254
Cinco cervejas depois, eu desci do meu assento no bar e me dirigi ao
banheiro para urinar. Quando saí, Mason e Giselle estavam de volta à mesa,
olhando para a parede oposta, onde uma fileira de jogos estilo festival enchia o
espaço. O que chamou a atenção foi uma cabine vermelha, repleta de animais
empalhados, e um sinal de néon brilhante que dizia “Stand de Tiro”. Mia e Dick
estavam na fila para jogar. Era um daqueles jogos em que os alvos apareciam e
você tinha alguns segundos para derrubá-los.
Ele soou. Um alvo após o outro começou a aparecer enquanto ele atirava
para fazê-los cair. Mia estava pulando para cima e para baixo como uma porra de
uma líder de torcida, batendo palmas.
—Isso foi tão bom! —Mia gritou, praticamente saltando sobre ele.
—Ele precisa se afastar alguns passos. Eu não gosto do jeito que ele está
olhando para ela. Mia vai me dar um sermão se eu fizer isso. Eu não quero ouvir.
Vá mostrá-lo como se atira. —Mason concordou, balançando a cabeça para mim.
Eu fui até a cabine. Parei atrás de Mia, que ainda estava abraçando o
pequeno merdinha e sussurrei perto da orelha dela. —Assista a isso.
Ela recuou, afastando-se dele. Pega de surpresa pela minha voz vinda por
trás dela. Eu sorri, pegando o rifle que Dick tinha acabado de usar, e me
posicionei no lugar.
Cada alvo aparecia e caía antes mesmo que ele estivesse totalmente na
vertical. Eu atirei em todos os alvos de onde eu estava, sem mover meus malditos
pés. Um alvo logo após o outro sem um piscar de olhos. Pegando o próximo alvo
antes que ele mal tivesse a chance de se mover, seguindo-o com a minha arma.
256
Eu peguei o rifle, esperando o sinal para começar.
Desta vez, os alvos estavam movendo-se, vindo mais rápido, mas caindo
tão rápido quanto antes. Eu me movi com precisão, os nós dos dedos brancos na
arma, atirando nos alvos como se fossem os malditos inimigos de guerra. Tendo
flashbacks de estar no campo de batalha, matando tudo o que se movia.
—Você é um soldado.
Eu balancei a cabeça, Mia estava olhando para mim com uma expressão
que eu não podia ler. Como se ela soubesse onde minha mente esteve.
Encarando de mim para o atendente e de volta para mim novamente, absorvendo
o que ele disse.
—Escolha o seu prêmio, cara. Você pode escolher algo do topo. Eles são os
melhores prêmios. —Acrescentou.
Não demorou muito para que Giselle estivesse na minha frente. —Uau,
Creed, você conseguiu. Você entrou em uma competição de mijo com um garoto
de dezesseis anos de idade. Parabéns, imbecil. Pobre Mia... Se não é seu pai, é
seus irmãos. Hoje é você. Eu não vou ficar aqui enquanto vocês dois aterrorizam
seu encontro. Eu vou ao cinema. —Ela abruptamente se virou, andando em
direção às portas.
—Giselle! Vamos lá, baby, era tudo diversão! —Mason chamou atrás dela.
—Merda! Não vou passar os próximos 10 dias brigado com ela, nós já fizemos
essa merda o suficiente. Faça-me um favor, mano. Mantenha um olho em Mia.
Verifique se o filho da puta não vai ultrapassar a linha. Eu preciso cuidar disso. —
Ele fez um gesto em direção às portas onde Giselle tinha acabado de passar.
Eu balancei a cabeça.
258
Eles estavam de pé no meio-fio quando eu saí, conversando. Fui até a
minha moto, agarrei meus cigarros, acendendo um. Apoiando-me contra a
estrutura de metal, ouvindo de longe.
—Eu sinto muito, Rick. Eu estou tão envergonhada. Eu não sabia que meu
irmão iria chamar reforços. —Mia pediu desculpas quando ela não precisava.
Ela suspirou. —Eu não sei. Meu pai... Quero dizer... Talvez com o tempo
isso vá acontecer. Mas eu estou realmente feliz por estar com você esta noite.
Quero dizer, talvez na próxima vez...
—Quantas vezes você vai precisar de uma babá? —Ele a cortou com um
olhar que eu queria limpar da porra de seu rosto.
—Creed! —Mia virou, percebendo que eu estava lá. Olhando para mim.
Levou tudo dentro de mim para não ir até lá e lhe ensinar algumas
maneiras malditas. Um pouco de respeito, porra.
259
Ele saiu da sua vaga, olhando pelo espelho retrovisor, observando Mia
levantar um dos braços no ar, o outro segurando os animais de pelúcia que eu
tinha ganhado para ela. Não dando a mínima que ela ficaria lá.
Ela balançou a cabeça, deixando-a cair em derrota uma vez que ele se foi.
—Por quê? Porque Deus? O que eu fiz para merecer isso. —Ela disse para si
mesma, olhando para o céu.
—Pippin, não seja tão dramática. —Eu soltei uma baforada de fumaça.
Ela fervia. —VOCÊ! —Ela veio marchando para mim como se ela fosse
fazer alguma coisa.
Eu a olhei de cima a baixo, trazendo meu cigarro de volta até minha boca.
Lutando para segurar uma risada enquanto ela estava na minha frente. Nada
além do 1,50 m de altura.
—A única coisa que você vai aprender, querida, é como dar uns amassos.
—Eu murmurei, falando a verdade. Apontando para o seu peito, eu falei. —Estou
surpreso que seu velho a deixou sair de casa vestida assim. Só porque ele estava
vestindo uma camisa de colarinho não significa nada. Não significa que ele seja
um cara legal, porra.
260
Ou talvez... Eu esperava.
Creed Jameson.
—Eu não acredito que você fez isso comigo! Não só você me constrangeu,
como você assustou o único garoto que me deu atenção! —Gritei, apontando
meu dedo indicador em seu peito tão forte quanto eu poderia. —Quem você
pensa que é?
Ele ficou ali, encostado em sua moto. Uma perna sobre a outra, com os
braços cruzados sobre o peito largo. O cigarro estava no canto dos lábios,
enquanto um olhar divertido brincava em seu rosto. Um rosto no qual eu queria
tanto dar um soco. Eu pensei que meu pai e irmãos fossem horríveis, mas Creed
era a cereja do bolo. Eu nunca tinha ficado tão embaraçada em toda a minha vida.
Tudo estava indo muito bem até que ele apareceu. Eu o senti antes
mesmo de vê-lo chegando atrás de mim. Eu estaria mentindo se dissesse que não
estava chocada por ele estar lá. A pista de boliche não era exatamente o lugar
para um homem de sua estatura estar. Eu sabia que assim que ele abrisse a boca,
o meu conto de fadas viraria um pesadelo. Ele se esforçou em fazer Rick se sentir
indesejado, desconfortável e não aprovado. Usando cada chance que ele tinha
para fazer da minha vida um inferno.
261
Eu não vacilei, continuando. —Você de todas as pessoas sabia o quão
importante esta noite era para mim! Quanto tempo eu esperei por isso! E o que
você fez? Você estragou tudo!
—Eu não preciso de sua proteção! Mas você está prestes a precisar de um
pouco! —Eu empurrei seu peito tão forte quanto eu poderia.
—Sim, é mesmo! Eu não teria dito se não fosse! —Eu não sabia o que era
pior. Tê-lo ali todo despreocupado e lindo, ou o fato de que eu não poderia tirar
uma reação dele.
Eu acho que você nem sempre consegue o que quer. A vida não era tudo
corações, flores, e unicórnios. Especialmente quando um homem alto, se choca
com sua vida. O que ele me fez passar essa noite era inaceitável, mas eu não pude
deixar de notar o olhar em seus olhos. Eles falaram muito sobre o caos na pista de
boliche. Ele me observou como um irmão mais velho, mas seus olhos tinham algo
mais. Algo que fez o meu estômago vibrar, como ele fazia o tempo todo quando
ele estava por perto e meu coração disparar no meu peito.
262
Seu olhar penetrante podia ser sentido profundamente dentro da minha
alma. Envolvendo-me, como uma corda em meu coração e não me deixando ir. Eu
estava em conflito. Minha mente e meu coração estavam em guerra um com o
outro durante toda a noite.
Minha mente o odiava por suas ações, mas meu coração amava que ele
realmente se importava.
—Rick vai para a escola na segunda-feira e vai dizer a todos! Eu vou ser a
chacota do colégio! Eu nunca serei chamada para sair de novo! —Eu gritei,
empurrando-o ainda mais forte do que antes.
—Bom. Deixe-os longe de você. Ele não é bom para você. Manterá outros
merdinhas longe, também.
—Ohhh... Exatamente como você não é bom para mim. Então, me diga,
Creed, será que alguém será bom o suficiente para mim aos seus olhos? Será que
eu vou ser boa o suficiente para você? —Joguei suas palavras de volta para ele
para não lhe dar a chance de responder. —Ele não foi nada, além de um
cavalheiro comigo! Você não entende! Esta noite era para ser perfeita! —Eu o
empurrei mais forte.
Ele ainda não se moveu. —Pippin, ele passou a porra da noite toda
olhando seus peitos. Tudo o que ele queria de você era sua buceta. —Ele
vulgarmente deixou escapar.
Antes que eu soubesse o que estava fazendo, minha palma conectou à sua
bochecha. Batendo-lhe na face. —Você não fale comigo desse jeito!
263
Sua cabeça inclinou para trás com o impacto. Eu ignorei a dor aguda que
irradiou em minha mão. Bati meus punhos em seu peito. Finalmente perdendo
toda a minha calma. Sem me importar com quem estava nos observando do lado
de fora do edifício.
Ele merecia.
—Tudo o que eu queria era que ele me beijasse! Para experimentar o que
todas as outras garotas já experimentaram! Você tirou isso de mim, seu idiota!
Você não tinha o direito! Você arruinou meu final de conto de fadas! —Eu não
parei de bater em seu peito, atingindo-o cada vez mais forte novamente.
Ele calmamente trouxe o cigarro aos lábios, deu uma longa tragada,
soprou a fumaça acima da minha cabeça e jogou-o no chão.
Ele deu um passo para frente, fechando a pequena distância entre nós.
Suas mãos ásperas agarraram meu rosto. O cheiro de cigarro, cerveja e hortelã
imediatamente agrediu meus sentidos quando ele me puxou até ele. Inclinando-
se, colocando seus lábios nos meus...
264
consumidor que eu já senti em toda a minha vida. Não haveria volta a partir disso.
Arruinando-me para todos os outros meninos que poderiam vir depois.
Sua língua tocou meus lábios, deixando a sensação mais louca em seu
rastro. Eu afastei minha língua, e ele tomou isso como um convite aberto para
empurrar cuidadosamente a sua em minha boca à espera. Sua língua procurou a
minha, transformando o beijo em algo mais do que eu sabia que ele pretendia
que fosse.
Um gemido suave escapou da minha boca quando ele beijou meus lábios
uma última vez, gradualmente se afastando de mim. Deixando-me sem fôlego e
querendo mais. Pensamentos incoerentes correram rapidamente em minha
mente.
Quando meus olhos se abriram, ele estava sorrindo para mim, sem retirar
as mãos dos lados do meu rosto. Seu olhar divertido não tinha mudado, mas
estava muito mais intenso.
Ele murmurou contra os meus lábios. —Eu lhe dei o seu primeiro beijo,
agora pare de reclamar, porra. —Ele suavemente me beijou de novo antes de se
afastar.
265
Levando tudo que eu sempre quis.
Ele.
266
—Você está bem? Você não foi você mesma desde o seu encontro.
Desembucha. —Giselle insistiu, caminhando de volta para a sala em seu
apartamento. Sentando-se ao meu lado no sofá com pipoca e controle remoto na
mão.
—Você sabe, só porque eu sou a namorada do seu irmão não significa que
você não possa falar comigo, Mia. Talvez eu possa ajudar. —Ela olhou para mim.
—Eu sei. É só que... Bem... Eu estou um pouco confusa. —Era tudo que eu
poderia dizer.
267
estava naquele segundo. Ela atendeu e entrou na cozinha, deixando-me sozinha
com meus pensamentos.
—Seu irmão está bêbado, bêbado, bêbado. —Ela riu, caminhando de volta
para a sala. Jogando seu telefone de volta na mesa de café. —Falando do diabo,
eu acho que Creed encontrou com ele no bar. Ele vem para casa com Mason. Vai
dormir no outro quarto de hóspedes. Não se preocupe, não vai interromper nossa
noite de meninas. Quem sabe a que horas da noite eles vão chegar. Os dois são
sem-vergonha.
—Eu sei. Como estão vocês? —Eu respondi, tentando mudar de assunto e
do foco de cima de mim.
Ela suspirou. —Isso depende de que dia você me perguntar. Hoje, nós
estamos bem. Ontem, eu queria matá-lo.
—É...
—Eu amo o Mason. Eu o amo com todo meu coração. Eu o amei desde a
primeira vez em que eu coloquei os olhos nele. Eu queria me casar...
—O quê?
268
—Você acabou de dizer que “queria” se casar com ele. Não “quero”.
—Sim...
—Eu sinto que eu dei tanto de mim para ele, e isso nunca foi mútuo. Ainda
estou chateada que ele se alistou no Exército, mesmo sem falar comigo primeiro.
Eu sinto que ele constantemente me coloca em segundo lugar. Nós nem sequer
falamos sobre sua dispensa. O que vai acontecer quando ele sair? Ele tem menos
de um ano faltando. Eu tenho um pressentimento, Mia... que ele quer voltar ao
exército, e é por isso que nós não falamos sobre o que está próximo. Se ele for
para a batalha pelos Estados Unidos novamente, ele vai enfrentar uma batalha
comigo também.
—Se ele for. Eu não acho que possa sentar e esperar por ele mais. —Ela
confessou, olhando para as mãos. —Por favor, não diga a ele que eu...
269
—Eu gostei de Rick, ele parecia um bom rapaz. Ele tentou falar com você
na escola ou algo assim?
Dei de ombros. —Eu senti isso antes. —Apenas não com Rick, eu queria
dizer.
—Mas caras mais velhos são assim? Eles têm experiência certo? —Eu
encontrei-me perguntando, ficando vermelha.
—Ele vai fazer dezessete no próximo mês. —Eu respondi, apesar de Rick
ser o cara mais distante na minha mente.
—Você quer fazer qualquer uma dessas coisas, Mia? Você pode me dizer.
—Meu Deus! Você fez! —Ela ficou de joelhos toda animada. —Com Rick?
—Talvez. —Eu menti, só para ver onde ela chegaria com isso.
270
—Eu nunca lhe diria para ir atrás de um cara, isso é só sacanagem. Mas se
ele gosta de você e você gosta dele, e você sente que ele é um cara bom, então,
saia com ele. Divirta-se.
Não é como se eu pudesse falar com mais alguém sobre essas coisas.
Especialmente minha mãe, ela era uma santa. Claro, nós falamos sobre sexo e
outras coisas, mas ela apenas disse que eu deveria esperar até que estivesse
casada. Eu acho que era o conselho que cada mãe dava para suas filhas.
Giselle tinha apenas vinte e quatro anos. Ela estava mais perto de minha
idade e sabia mais sobre a forma como as coisas aconteciam hoje, em
comparação com quando meus pais estavam crescendo. Foi bom ter alguém para
finalmente entender o que eu estava passando, e me sentir como se eles não
estivessem tentando cuidar de mim, dizendo-me o que eu podia e não podia
fazer.
Apreciei sua honestidade. Parecia como a irmã mais velha que eu nunca
tive.
—Eu não diria que é a coisa mais importante, mas é uma grande parte de
um relacionamento. Pode ser assustador, mas se é com a pessoa certa, então o
sexo pode ser incrível. Ficar com alguém que você ama, é um vínculo que nada
poderia chegar perto. É uma maneira de mostrar a alguém que você o ama sem
ter que dizer as palavras em voz alta. Dito isto, ter relações sexuais com alguém
pela primeira vez é um grande negócio, por isso antes de dar o salto, tenha
certeza de que você quer, não eles. Faz sentido?
271
Ela sorriu. —É melhor você me dizer se algo acontecer, Mia. E se isso levar
a algo mais, então você use proteção. Eu não me importo se ele diz que seu pau
vai murchar e morrer se ele usar um preservativo. Você vai fazê-lo usar. —Ela
exigiu em um tom severo.
Confirmando que tudo que Giselle disse era muito mais real para mim.
Fomos para a cama um pouco depois das três da manhã. Eu escovei meus
dentes e penteei meu cabelo, dando uma boa olhada em mim mesma no espelho.
Debatendo-me se eu honestamente faria o que eu estava pensando em fazer a
noite toda.
272
—Oh Deus! Quanto é que vocês beberam? Você fede a nada além de
bebida e cigarros. —Perguntou Giselle, entrando no foyer.
—Eu vou fazer você se sentir tão bem. —Mason murmurou, puxando-a
em seus braços. Fazendo-a sorrir e rir.
—Ok, Romeo, deixe-me levá-lo para a cama. Boa noite, Creed. Você sabe
onde o quarto está.
Eu olhei para Creed que estava olhando para eles da mesma maneira que
eu estava. Talvez fosse o álcool, mas, pela primeira vez, o vi olhar para eles como
se algo estivesse faltando em sua vida, também.
Amor.
Após o menino amante e sua menina dizerem boa noite e irem para o
quarto de Giselle, eu fui na direção oposta, para o quarto de hóspedes do outro
lado do apartamento. Eu passei muitas noites no mesmo quarto. Seu
apartamento era enorme para ela viver lá sozinha, mas o pai dela podia pagar.
Eu puxei a coberta, indo para a cama. Esperando o sono vir rápido, mas
sabendo que não viria, ele nunca vinha. Apoiando minha cabeça em alguns
travesseiros, eu fiquei lá por alguns segundos, permitindo que minha mente
processasse o que diabos estava acontecendo, me preparando para a merda de
tempestade que estava prestes a acontecer. Acendi o abajur ao lado da minha
cabeça.
Eu sabia que ela estava deitada lá o tempo todo. Eu estava tentando evitar
o inevitável, e ter essa conversa com ela.
274
Assim que ela puxou as cobertas, eu pulei da cama. Resistindo à vontade
de olhar em sua direção, sabendo exatamente o que eu veria. Coloquei meu
jeans, sem me preocupar em abotoar, sentei-me na poltrona no canto escuro do
quarto. Meu rosto estava vazio de qualquer emoção quando eu finalmente olhei
para ela. Vendo a danadinha sentada na minha frente no centro da cama pela
primeira vez. Apenas vestindo seu sutiã rosa e calcinha. Deixando muito pouco
para a imaginação.
Ela parecia o pecado encarnado, com sua pele branca, cremosa, brilhando
a luz da lua, seu longo cabelo ondulado castanho que emoldurava o rosto bonito
e caía em cascata pelas costas. Fazendo-a parecer muito mais madura do que a
Pippin com tranças que eu tinha aprendido a adorar. Com um olhar predatório,
eu continuei a viajar para baixo, meus olhos vagando sobre as mamas dela que
estavam pulando para fora do tecido rendado do sutiã. Ligeiramente mostrando o
contorno de seus mamilos. Para sua delgada cintura ampulheta, até o topo da
calcinha correspondente que mal cobria sua buceta.
—Puta merda. —Eu disse lentamente, travando os olhos com ela. —Não
vou perguntar de novo.
—Eu queria ver você. —Ela falou, olhando para mim sedutoramente.
Olhando para mim de uma forma que eu conhecia muito bem.
—Ele está ocupado com Giselle, e ele nunca me verificou um dia em sua
vida. Eu não acho que ele começaria a fazer isso esta noite. Além disso, eles não
podem nos ouvir. Eles estão do outro lado do apartamento. Você não tem nada
com que se preocupar. —Ela argumentou.
—Não.
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—Então, como você sabia que eu estava aqui?
—Algo assim.
Ela abriu a boca para dizer algo, mas rapidamente a fechou. Eu podia
sentir fisicamente suas emoções conflitantes irradiando dela em ondas, enquanto
nós ficávamos lá sentados em silêncio. Sabendo lá no fundo que ela não estava
planejando nada de bom.
Minha Pippin.
Quando suas mãos começaram a mover-se mais abaixo sob minha calça
de brim, em direção ao meu pau, eu as empurrei.
Ela sorriu.
Eu não o fiz.
Mas então…
—Não me diga.
278
Foi tudo ela agora, mostrando-me tudo o que eu tinha lhe ensinado,
apenas para calá-la. Eu a deixei ir adiante. Eu permiti isso a ela, permitindo que
ela se sentisse como se estivesse no controle por alguns segundos.
Descuidadamente deixando minhas paredes e reserva ruírem. Ela me beijou com
toda a paixão que pôde reunir, explorando minha boca de forma que ninguém
mais tinha. Trazendo-me à beira da porra de me perder, perder-me no momento.
Perder-me nela.
—Você é a coisa mais bonita que eu já coloquei os olhos. —Eu rocei contra
os lábios dela, beijando-a, alegando-a, devorando-a.
Ela sorriu, girando seus quadris contra meu pau em aprovação. Agarrei sua
cintura fina como eu queria fazer no segundo em que montou no meu colo. Ela
engasgou quando eu me levantei em um movimento rápido. Envolvendo suas
pernas em volta da minha cintura para uma mudança repentina de poder. Eu
nunca parei de beijá-la enquanto eu voltava para a cama. Colocando-a sobre o
colchão, pairando acima de sua estrutura inebriante, fazendo com que sua
respiração acelerasse quando ela percebeu que estava agora debaixo de mim.
—Pelo amor de Deus, o que você está fazendo comigo? —Eu sussurrei,
descansando minha testa na dela, olhando para os lábios inchados.
279
Ela era tão linda.
Tão amorosa.
Tão inocente.
O jeito que ela estava olhando para mim como se eu fosse tudo o que ela
sempre quis.
Minhas mãos continuaram a vaguear sobre seu corpo. Saber que eu era o
único homem que alguma vez tocou-lhe desta forma, estava fazendo todos os
tipos de coisas para minha mente.
Era conflitante.
Ela inclinou a cabeça para trás, dando aos meus lábios mais acesso à sua
pele corada. Eu nunca tinha sido assim com qualquer outra mulher, tomando o
meu tempo, querendo explorar cada centímetro de seu corpo.
Precisando dela...
Desejando-a...
280
De uma forma que eu nunca senti com mais ninguém.
E essa foi a minha ruína. Meu cérebro assumindo meu pau, percebendo o
que estava fazendo, o que eu estava prestes a fazer. Saltei da cama, deixando-a
ali ofegante e exposta. Cheia de luxúria e excitada.
A primeira vez que eu beijei foi principalmente para que se calasse. Desta
vez...
281
Eu respirei fundo. Agarrei minha camisa da cadeira, jogando-a para ela. —
Coloque alguma roupa, porra. —Eu rosnei, principalmente chateado comigo
mesmo por deixá-la ir tão longe.
—Ei... —Ela agarrou meu braço, me virando para encará-la. —Está tudo
bem, Creed.
—Eu te amo. —Disse ela do nada, quase tirando meu ar. —Eu sempre te
amei.
—Você nem sabe o que isso significa, querida. Isto é minha culpa. Eu
nunca deveria ter beijado você. Eu nunca deveria ter cruzado essa linha com você.
Mas atirar-se para cima de mim... Não está certo.
—Merda... Mia, você não sabe o que está dizendo. Você é uma garota.
Uma maldita virgem. Que só conseguiu seu primeiro beijo a uma semana atrás, e
agora você acha que está apaixonada por mim e quer foder? Porque isso é o que
eu faço. Isso é quem eu sou. Não sou seu namorado. Eu nunca serei o homem de
seus contos de fadas, querida. Eu mal sou seu amigo, porra. —Lamentei as
palavras assim que saíram da minha boca.
Ela recuou como se eu tivesse dado um tapa no rosto dela, e eu acho que
de uma forma eu dei.
282
—Pippin... —Estendi a mão para ela, mas ela recuou.
—Mal é meu amigo? —Ela repetiu, franzindo a testa. —Então nós não
somos amigos. Eu sou apenas uma garota que é virgem, e apenas se atirou em
você. É isso? —Ela zombou em um tom magoado.
—Eu sou um homem, Mia. Não é preciso muito para deixar o meu pau
duro. Especialmente quando ele é fodido a seco por sua buceta.
Ela ficou mais alta, olhando-me de cima a baixo. —Você não está
enganando ninguém, além de si mesmo, Creed. Você está usando isso como uma
desculpa, me afastando porque você está com medo. Você tem sido meu amigo
desde o momento em que você esperou por mim na praia, observando-me surfar.
Sorrindo pela primeira vez em Deus sabe quanto tempo. Tanto quanto você quer
lutar contra isso, eu sei que você me ama também! Eu posso sentir isso aqui.
—Se você não sentisse, você não teria ficado em minha vida nos últimos
seis anos. Procurando por mim! Vindo me ver! Dizendo-me adeus antes de sair
para a guerra quando você não tinha que fazer isso. Levando meu patch da
coragem com você! Só então, você ainda teria uma parte de mim com você
mesmo quando você estava a quilômetros de distância. Lendo todas as minhas
cartas que eu lhe enviei! Seguindo-me para o lago. Ouvindo-me quando você não
ouve ninguém. Se importando sobre como me sinto quando você nem sequer se
importa com o que você está sentindo! —Ela argumentou, fazendo uma pausa
para deixar suas palavras afundarem.
283
encontro. Agindo todo ciumento por eu estar saindo com alguém que não era
você! Praticamente mijando em mim, marcando o seu território assim que
empurrou sua jaqueta contra o meu peito. Não querendo os olhos de qualquer
outro cara em mim a não ser os seus! E se isso não fosse o suficiente, você me
beijou. Certificando-se de que seus lábios fossem os primeiros que eu sentisse,
não dando a mínima que estávamos em um estacionamento para qualquer um
ver! Especialmente meu irmão! Você teve muito mais chance de ser pego naquela
noite do que o que fizemos aqui.
—Mas acima de tudo, você não teria deixado o que acabou de acontecer
em primeiro lugar. Por mais que você ache que não é bom para mim, usando a
desculpa de que eu tenho apenas quinze anos! Você quer se certificar de que eu
só me lembre do seu toque. Seu cheiro... seus lábios... suas mãos em cima de
mim. Você quer que eu seja sua, e isso o assusta mais do que tudo, porque você
nunca quis isso com qualquer outra pessoa. Nem com qualquer uma das
mulheres com quem você já dormiu. Nem mesmo Autumn. Então corte o papo
furado do caralho, soldado, e seja homem! Você não está me machucando... você
está prejudicando apenas a si mesmo.
Agora não.
Nunca.
—Achou que você tinha tudo planejado para mim, não é? Você ainda nem
arranhou a porra da superfície, querida. Eu não te amo. Não estou apaixonado
por você. Quando você exibir suas tetas e buceta por aí, eu vou tentar pegá-la. Eu
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já te disse, eu sou um homem, eu fodo. Isso não faz de você a porra da minha
namorada, querida. Só faz de você outra das minhas putas.
Falei com convicção, mesmo que isso me matasse por dentro. —A verdade
dói. Você é uma garota, Mia. Eu sou um homem crescido, que deveria te evitar.
Fim da história. Agora leve o seu rabo de volta para dentro, você não pertence à
minha fodida cama.
Com isso, eu a deixei lá, sabendo que eu tinha acabado de partir seu
coração.
285
Eu estava com quase vinte e cinco anos de idade e no meu quarto
destacamento no Afeganistão. Em poucos meses, eu seria dispensado do Exército
por servir o meu país nos últimos quatro anos.
Eu estava mais fodido agora do que quando me alistei, isso era certo.
Acima de tudo, eu sentia falta dos patches que ela me mandava. Não
apenas os mais engraçados que sempre me faziam rir pra caramba, mas também
286
os que tinham apenas uma palavra de encorajamento escrito sobre eles.
Enviando-os nos momentos em que eu realmente precisava deles, como se ela
soubesse. Sentindo meu desespero como se ela me sentisse a milhões de
quilômetros entre nós. A última carta que ela me enviou, tinha sua foto da escola
nela. Por alguma razão, no dia em que saí para o destacamento, eu a trouxe de
volta comigo. Começando a carregá-la comigo em todos os lugares.
—Porra, não, eu não ouvi isso. Nós estivemos aqui durante sete dias,
patrulhando a mesma área, mais e mais e mais, e eu não ouvi uma maldita coisa.
Filhos da puta estúpidos. Eles não dão a mínima para você, eu, ou qualquer outra
pessoa. É tudo sobre o todo-poderoso dólar, Creed. Você sabe disso, e eu
também. Mais três semanas, meu amigo. Três semanas e todos eles podem
chupar o meu pau.
287
Virei-me e empurrei Owen, tentando dar-lhe algum sentindo, ordenando-
lhe a parar de falar. —Cale a boca, Owen.
Owen tinha sido dispensado, uma vez que ignorou nossas ordens e foi
para casa há um pouco mais de um mês. Ou foi o que eles disseram. Todos nós
sabíamos por que estávamos aqui, e não tinha nada a ver com a papelada. Não
precisou de mais células no cérebro para descobrir isso, mas isso não importava.
Nós não tínhamos visto outra alma nesta missão durante os últimos sete dias.
Tornando mais fácil para ele deixar sua guarda vacilar um pouco quando ele
deveria ter ficado alerta. Owen sabia disso. Ele estava apenas chateado por estar
lá quando não deveria estar, deixando isso consumi-lo a ponto de se descuidar.
Owen tossiu por causa do pó, quase colocando o pulmão para fora antes
de continuar a ser um maldito idiota. —Acalme-se, cara. Toda a unidade está nos
dando cobertura. Ninguém está aqui. Você sabe a primeira coisa que eu vou fazer
quando chegar em casa, Creed? Eu vou tomar um banho de espuma com o sabão
cheiroso da minha esposa. Eu não me importo se isso me faz um maricas. Eu não
me importo se eu cheirar como a fragrância que ela pulveriza depois que eu faço
cocô no banheiro. Eu vou ficar sentado lá, sabendo que eu nunca terei que voltar
aqui novamente. Respirar essa merda que quem diabos sabe se vai nos dar um
câncer um dia. Ou o cheiro de corpos podres cada vez que o vento muda de
direção. —Ele acenou com a cabeça para trás. —Você viu essa merda?
Eu vi.
288
Desse ponto em diante tudo se tornou um borrão e não era da rajada de
vento enchendo nossos olhos com areia seca. Aconteceu tão rápido, mas parecia
tão lento. Eu puxei a minha arma para o cão, correndo de um beco no momento
exato em que peguei o atirador com o canto do meu olho, com o objetivo certo
em Owen. Percebendo rapidamente que o cão era uma maldita manobra de
distração.
BOOM!
No início, eu nem sequer soube o que aconteceu. Meu corpo sacudiu com
o impacto da mina, sendo jogado em uma pilha de escombros e pedras. Dor
irradiava ao longo de todo o meu núcleo, chegando a lugares que eu nem sabia
que você poderia sentir dor. O ar foi tirado de mim com tanta força, porra, que
eu senti como se meus pulmões tivessem sido arrancados, e eu estivesse
sufocando até a morte.
Quando abri meus olhos, eu não conseguia ver nada, além do branco
brilhante em minha volta. Minha cabeça latejava com uma dor de cabeça súbita.
O toque alto em meus ouvidos bloqueou todo o caos ao meu redor. A dor em
minhas têmporas me fez pensar que meu cérebro tinha acabado de explodir.
Nublando meu julgamento, minha força, e minha vontade de me manter de pé.
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—Creed! Cara, merda! Creed! Você foi atingido?! —Eu ouvi Mason
gritando acima de mim. —Irmão, não faça isso comigo! Você não pode fazer isso
comigo! —Ele bateu no meu peito, meus braços e minhas pernas. Tentando sentir
se eu fui atingido.
—Merda! Eu volto já! Estamos sendo atacados! Vou acabar com esses
filhos da puta! Não. Se. Mova! Você me entendeu?! Fique aqui! Eu vou voltar!
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freneticamente tentando ver quem tinha sido atingido, se foi mais dos meus
homens.
Armas em punho.
Não sabendo se alguma coisa poderia, até que cheguei à sua forma
quebrada. Havia muito sangue saindo do que restava de seu corpo enquanto ele
convulsionava, tremendo incontrolavelmente, enquanto eu o observava morrer
bem na frente dos meus olhos. Eu não pensei duas vezes sobre isso. Agarrei-o,
arrastando o corpo flácido para dentro do prédio próximo a nós. Deixando um
rastro de sangue manchando a sujeira. Eu não tinha forças para carregá-lo, jogá-lo
por cima do meu ombro como eu tinha feito por tantos soldados antes, para nos
levar para fora de lá.
—Ahh, merda, Creed. —Ele continuou em um tom que não era dele. Como
se ele já tivesse desistido da vida.
—Você está bem, cara. Você está bem. Eu vou cuidar de você. —Eu
coloquei-o contra o muro, inclinando-me e cobrindo o seu corpo com o meu
como um escudo.
—Creed...
Por ele.
Olhei para baixo, para o soldado que tinha conhecido durante o que
pareceu uma vida inteira, vendo o que restou de seu corpo, uma cena horrível
saída de um filme de guerra. Exceto que isso era uma realidade.
Nada do homem que arriscaria sua vida por mim foi deixado. Qualquer
coisa que fazia dele um humano tinha acabado de explodir, e me certificaria de
que não parasse por aí.
292
—Eu estou aqui, irmão. Eu estou aqui. —Eu disse entre dentes, os lábios
tremendo.
Estendi a mão e agarrei a sua do único braço que tinha ficado, apertando-
o, oferecendo qualquer conforto que podia. Deixando-o saber que eu estava lá
com ele.
—Eu quero ver minha família... Minha menina, Creed... —Ele gemeu,
engasgando com o sangue que saía de sua boca.
—Você vai para casa, amigo. Você vai para casa! Você está me escutando?
Você não vai morrer. Você não vai! Não aqui, não agora! Lute, filho da puta, lute!
—Eu gritei, sem saber a quem eu estava tentando convencer.
—Porra... cara... —Ele sussurrou, olhando para mim com metade de seu
rosto desfigurado e coberto de sangue. —Diga a minha menina... Eu a amo...
Creed. Diga a minha menina... Eu morri com honra... eu morri um homem... um
maldito soldado... lutando para mantê-la segura... —Ele deixou escapar, ofegando
através do desespero. Por sua próxima respiração. —Diga a minha mãe para não
ficar triste... diga a ela que morri um homem feliz... com ela em minha mente...
Você... diga-lhes... que eu não sofri... Você certifique-se... que elas saibam disso...
por favor... porra... por favor... me prometa... jure-me... elas saberão... que foi
rápido e eu não soooffrriiiiii...
—Não me peça para fazer isso... Por favor... —Eu implorei, sabendo o que
ele estava me pedindo para fazer.
—Faça! Corte o cordão! Eu não vou para casa! Isso pode acabar em uma
fração de segundo! E você sabe disso! Bala na cabeça! Deixe-me morrer com
honra do caralho! Deixe-me morrer como a porra de um soldado e com a porra
da minha dignidade, e não este homem lamentável sangrando! —Ele cuspiu mais
sangue, forçando seu corpo a gritar comigo. Dizendo-me o que ele precisava.
—Shhh... shhh... shhh... Owen... assistir seu bebê nascer no vídeo que sua
esposa enviou foi uma das coisas mais bonitas que eu já vi, cara. Shhh... —Eu
repeti, lembrando de tempos mais felizes. Querendo que ele morresse com boas
lembranças, um coração sedado, a porra de uma consciência limpa.
—Sim, Creed... —Ele engasgou por ar. —Ela é... linda... a mais... linda... do
mundo.
294
—Eu prometo que vou dizer-lhe tudo sobre você. Ela vai saber quem era o
seu pai, e o que ele fez pelo nosso país. —Meus olhos encheram com lágrimas,
mas eu as pisquei, querendo ser forte por ele.
—Eu te amo, cara. Obrigado por ser meu amigo. —Eu disse baixinho,
abraçando-o mais perto. Segurando-o mais, apertei meu braço, até ouvir um pop
muito alto.
Liberdade.
E apenas assim.
295
—Finalmente! Você demorou tanto. —Jill disse assim que cheguei a seu
carro, fechando a porta atrás de mim,
Jill era da minha aula de Inglês. Nós nos conhecemos depois que fizemos
par em nosso último trabalho escolar. Ela era uma garota selvagem para dizer o
mínimo, me contando tudo sobre as festa que ia para beber e brincar com os
garotos o tempo todo. Seus pais se divorciaram, e realmente não importava o que
ela fazia enquanto tirasse boas notas.
—Seus pais são ridículos. Você fará dezesseis em dois meses. —Ela
respondeu, dirigindo para fora do complexo de apartamentos de Giselle. —Você é
uma das meninas mais inteligentes em nossa classe, eles devem aprender a
confiar mais em você.
—Não é realmente minha mãe, é o meu pai. Mas eu não quero falar sobre
eles mais. Onde estamos indo?
—Para uma das melhores festas que você um dia irá. Eles dão essas festas
o tempo todo. Então garota, você terá um inferno de uma noite.
296
Não demorou muito tempo para nós chegarmos lá, mesmo que
tivéssemos que dirigir pelo bosque. Era difícil ver onde estávamos indo, ramos
raspavam o topo do carro enquanto ela dirigia por uma estrada escura e estreita.
Os faróis eram a única coisa que iluminava a nossa frente, tornando a noite
assustadora como o inferno. Por um segundo eu pensei que ela pudesse ter se
perdido, mas, de repente, um enorme armazém apareceu no meio do nada.
Fileiras de motocicletas estavam alinhadas na grama e cascalho, juntamente com
os carros espalhados no meio. Eu podia ouvir a música rock estridente através do
sistema de som, ecoando contra as janelas de seu carro.
—MC?
297
Eu não o tinha visto desde aquela noite horrível há vários meses. Mason e
ele voltaram para a guerra. Eu parei de escrever-lhe, eu parei de enviar-lhe
patchs, mas eu nunca parei de pensar nele.
Era por isso que ele me disse que não era bom?
298
Não me admira que ele pensasse em mim como uma menina se isso era o
que ele estava acostumado. Eu não teria chance com ele.
Eu estava prestes a dizer a Jill que eu ia chamar Giselle para vir me pegar,
mas me virei e vi que ela se foi.
—Merda... —Eu sussurrei para mim mesma, lembrando que deixei meu
celular no carro dela.
—Bem, olhe o que temos aqui, carne fresca. —Alguém sussurrou atrás de
mim, me fazendo tropeçar com as costas contra a parede. Ele me encurralou com
os braços sobre os lados da minha cabeça. —Eu nunca a vi antes. Eu me lembraria
de um rostinho tão bonito e corpo melhor ainda. —Respondeu asperamente
muito perto de meu rosto, cheirando a álcool e maconha. —Você tem um nome?
—Nome bonito para uma menina bonita. O que você está fazendo aqui?
299
—Uma amiga? —Ele perguntou, inclinando a cabeça para o lado. Sorrindo,
ele falou. —Não vejo a amiga em qualquer lugar. Tudo o que vejo é você. Talvez
eu e você possamos nos tornar amigos. No meu quarto, sozinhos. E aí?
Olhei para trás e para frente entre eles. —Umm... Não, obrigada.
300
não. Escolha suas batalhas com sabedoria. O menino bonito lá só pensa com seu
pau.
—Sim... Posso ver isso. Mas, humm... Obrigada. Você meio que me salvou
lá.
—Mia, mas você pode me chamar de Pippin. —Eu respondi sem pensar.
—Quantos anos você tem? —Ele questionou, me puxando para longe dos
meus pensamentos.
Ele riu. —Certo... Meninas não gostam de dizer sua idade. Não é?
—Será que é porque eu não estou vestida como uma prostituta? —Eu
soltei, incapaz de me segurar.
Eu sorri, meu rosto ficando vermelho beterraba. Foi a primeira vez que um
cara tinha falado comigo dessa maneira.
—Cerveja?
—Sim.
302
Paramos no bar e ele pegou uma garrafa de vodka do refrigerador em vez
de cerveja, pegando um copo e um refrigerante também. Segui-o para fora,
passando pelos foliões, indo para o campo onde a maioria dos carros estava
estacionada. Ele nunca soltou a minha mão, o que eu estava grata. Eu ainda não
estava completamente confortável com toda a situação. Embora ele tivesse
melhorado as coisas.
—Você vai precisar de alguma ajuda. —Disse Rebel, olhando para mim
com o mesmo sorriso que eu esperava. Ele puxou para baixo a porta traseira ao
seu enorme caminhão Chevy turbinado, batendo no metal para que eu tomasse
um assento. —Eu estou acostumado a grandes coisas. —Piscando para mim, ele
agarrou minha cintura como se eu não pesasse nada, gentilmente me
estabelecendo na traseira. Pisando entre as minhas coxas e ainda segurando
minha cintura quando ele terminou, ele declarou: —Você fica bem em meus
braços, Pippin.
Ele riu de dentro de seu peito, jogando a cabeça para trás. —Eu gostei de
você, porra. —Afastando-se, ele pulou em cima do caminhão para sentar-se ao
meu lado. —Nunca trouxe uma menina para o meu caminhão.
—O suficiente.
Fiquei aliviada que ele fosse apenas três anos mais velho do que eu,
mesmo que ele não tivesse que saber disso.
Ele balançou a cabeça, tomando outro gole da garrafa. —Não quero falar
sobre mim. Eu sei tudo sobre este filho da puta aqui, quero aprender sobre você.
—Ele informou, batendo em meu ombro com o seu.
304
de sua vida. Minha mente me perguntava se eu não seria mais virgem se ele não
tivesse parado naquela noite? Se eu fosse até ele em uma semana ou um mês
depois sem ser uma virgem, ele teria me aceitado?
Não Creed.
Eu trouxe meu copo vermelho aos lábios, bebendo muito mais do que eu
tinha antes. Querendo me livrar dos pensamentos e memórias do cara que me
machucou de propósito. Abafando um sorriso quando vi Rebel me olhando por
cima da borda de sua garrafa. Olhando para mim com nada, além de luxúria em
seus olhos.
Eu queria esquecer.
E eu sabia que Rebel era o cara perfeito com quem eu poderia fazer isso.
Ele era um problema da melhor maneira possível.
Ficamos ali por não sei quanto tempo, trocando brincadeiras. Tomando
bebida após bebida como se fosse água, até que a garrafa de vodca estava quase
no fim. Meus lábios formigavam, meu rosto estava em chamas, e meu corpo
estava dormente. Foi a primeira vez em que me senti tão despreocupada,
jogando a cabeça para trás, rindo, apreciando a forma como ele me fez sentir.
Divertindo-me com um cara que só queria isso, como eu.
305
—Você é como um salvador, não é? Você é meu príncipe encantado? —Eu
ri, de pé em seus braços.
Ele acariciou o lado do meu rosto, esfregando o polegar sobre meus lábios
em um movimento de vaivém. —Já fui chamado de coisas piores.
Até que senti uma mão forte agarrar meu estômago, me puxando para
trás contra seu peito duro. Balançando-nos lentamente com a melodia. Ele
agarrou meu queixo, inclinando a cabeça para trás e fazendo-me olhar para cima
em seus olhos azuis escuros dilatados. Sua expressão se transformou em
inebriante, combinando com a minha. Lambi meus lábios, a boca de repente,
tornando-se seca. Seus olhos seguiram o movimento da minha língua enquanto
ele se inclinava, suavemente beijando meus lábios. Virando-me de volta para que
o seu corpo quente estivesse nivelado com o meu enquanto nossas bocas
dançavam uma contra a outra. Começando lento, mas rapidamente aumentando
ao ponto em que suas mãos começaram a vagar pelas minhas costas, chegando à
minha bunda. Agarrando forte, fazendo-me gemer em sua boca.
306
—Uhullll! Rebel, acabe com ela, rapaz! —Alguém gritou do clube.
—Vai embora! Seu fodido! Não há nada para ver! —Ele gritou de volta.
Concentrando sua atenção de volta em mim.
Ele sorriu sem dizer uma palavra, colando sua boca na minha, enquanto
me levantava em seus braços e me levava para o clube. Colocando-me de pé, uma
vez que atingiu os foliões. Ele me pegou pela mão e me levou para dentro em
direção a um corredor longo e estreito. Eu fiz uma nota mental para me lembrar
de quão longe da porta da frente seu quarto estava. Ele abriu a porta,
imediatamente fechando-a com um chute e me apoiando contra ela com um
barulho alto, como se ele não pudesse obter o suficiente de mim. Beijando-me
exatamente da mesma maneira que ele tinha feito toda a noite.
A única coisa que eu sabia ser verdade era que, naquele momento, eu o
queria. Eu queria seu beijo, seu toque, seu gosto, e suas mãos em cima de mim.
Estendi a mão para seu colete, e ele me ajudou a retirá-lo dele, jogando-o
para fora do caminho. Continuando o ataque a nossas bocas como se
estivéssemos colados e não pudéssemos nos afastar nem mesmo por um
segundo. Eu nunca tinha sentido nada assim antes. Eu não tinha nenhum controle
sobre minhas ações, meu corpo querendo desesperadamente algo que eu nunca
tinha experimentado. Ao mesmo tempo, parecia que eu sabia o que eu estava
307
fazendo, meus movimentos instintivos como se tivessem sido programados
dentro de mim desde o nascimento.
Pela primeira vez, eu entendi como minhas amigas poderiam ter relações
sexuais sem sentido, como você poderia querer dar-se a alguém, dar-se ao
momento em que se sentia realmente bem. Sem emoções, sem eu amo você,
apenas o desejo primordial para algum tipo de alívio.
—Ei... ei... ei... Acalme-se... Eu não vou a lugar nenhum. —Ele gemeu,
sorrindo contra meus lábios e alcançando a barra do meu vestido.
—Você cheira bem pra caralho. —Ele gemeu contra os meus lábios,
movendo-nos para cima da cama. —Alguém já te disse isso?
308
Ele olhou para mim com os olhos cheios de luxúria, descendo pelo meu
corpo, arrancando a minha calcinha, jogando-a de lado, também. Quando percebi
o que ele ia fazer, eu agarrei os lados de seu rosto. Trazendo-o de volta para me
beijar. Isso trouxe de volta muitas memórias de Creed, e ele era a última pessoa
que eu queria pensar naquele momento...
Sua mão deslizou entre as minhas coxas. Não demorou muito para a
minha respiração tornar-se pesada, sentindo meu peito subindo e minhas costas
arqueando quando ele moveu os dedos em todo o meu núcleo. Minhas pernas
começaram a tremer. Eu não conseguia manter os olhos abertos, e eu senti como
se estivesse prestes a explodir. Eu não aguentava mais, o quarto começou a girar
e minha respiração vacilou.
Caí no precipício.
—Ah... —Eu engasguei uma e outra vez. Não querendo que essa sensação
terminasse.
Eu gozei por tanto tempo quanto eu poderia, até que ouvi um barulho de
algum tipo à minha direita. Abrindo meus olhos, eu percebi que ele estava
rasgando um preservativo. Puxando a camisa sobre a cabeça e chutando as botas
e jeans. Ele deu um meio sorriso enquanto eu tentava esconder o olhar
surpreendido em meu rosto quando vi seu pau duro livre. Decidi olhar para o
outro lado enquanto ele estava deslizando o preservativo em seu comprimento.
Ele recuou, arqueando uma sobrancelha. Olhando para baixo para mim,
confuso. —Que porra é essa? As meninas não querem que a sua primeira vez seja
especial ou alguma merda assim? —Ele fez uma pausa, contemplando o que diria
em seguida.
Respirando fundo, ele soltou. —Mia, eu não sou esse cara. Quer dizer, eu
gosto de você... mas, porra... Eu não sou... você sabe... Eu não... Merda isso é
difícil... —Ele balançou a cabeça, pensando que ele estava machucando meus
sentimentos, mas eu entendi o que ele estava tentando dizer.
—Eu não sou essa garota, ok? Você não tem nada para se preocupar. Eu
sei que isto é apenas... seja o que for. Eu não espero nada de você. Tudo que eu
quero é ter algum divertimento, você é divertido. —Eu honestamente falei,
esperando que ele fosse entender, mas não sabendo o quanto eu poderia dizer-
lhe para que ele continuasse.
310
Ele suspirou com os olhos arregalados, puxando o cabelo para trás de seu
rosto com a mão direita. Olhando para baixo para mim com um olhar de
preocupação. —Jesus... eu... quero dizer... porra, você está bem... Eu não sei... Eu
nunca teria... quero dizer... você é a primeira virgem... que eu já... porra... —Ele
rosnou. —Eu te machuquei muito?
Eu sorri. —Eu estou bem. —Eu sussurrei, agarrando a parte de trás do seu
pescoço, beijando-o novamente. O álcool continuava correndo em mim.
Eu posso ter perdido minha virgindade com Rebel naquela noite, mas
minha mente nunca se afastou de...
Creed.
311
—Obrigada por me trazer de volta para cá, Jill. Eu realmente te agradeço.
Eu sei que é muito cedo. —Eu disse quando ela parou no clube.
Eu sorri.
—Além disso, eu disse a Tank que eu passaria por aqui, o acordaria, você
sabe... para conversar e outras coisas. —Ela sorriu. —Só me mande mensagem
quando estiver pronta. Eu sei que você tem esse batismo.
Jill e eu andamos pelo corredor juntas até que ela entrou no quarto de
Tank, fechando a porta atrás dela. Eu fui até o quarto de Rebel, batendo na porta,
mas ninguém respondeu.
312
Eu entrei, fechando a porta atrás de mim. Movendo pelo seu quarto, eu
me sentei na beira da cama, tomando a decisão de esperar por ele. Olhando ao
redor do espaço aberto.
—Pippin?
—O que você está fazendo no quarto de Rebel? —Eu soltei, sem saber o
que dizer.
—Eu cheguei, esta manhã, Noah. Você saberia, se tivesse lido a porra das
minhas cartas. Eu servi meus quatro anos. Terminei.
—Noah? —Eu entrei na conversa, olhando para ele. —Eu pensei que o seu
nome fosse Rebel?
—É. Ninguém me chama de Noah, além dele. —Ele apontou para Creed.
—Pippin, o que...
313
—Pippin? —Creed interrompeu, olhando para ele. —O nome dela é Mia.
—Ele balançou a cabeça. —Que porra é essa? —Ele falou tentando controlar seu
temperamento. Não só era outro homem me chamando de Pippin, mas isso
confirmava por que eu estive lá. Estreitando os olhos para mim, ele rosnou. —
Você está de sacanagem comigo?
—Eu posso fazer o que diabos eu quiser. Você não me possui, Creed!
Olhei entre eles sem saber em quem olhar. —Vocês são irmãos?
—Este não é o seu quarto. É meu. Essa é a minha cama na qual você
estava sentada. Diga-me, querida, você fodeu nela, também? —Ele violentamente
comentou, indo para o seu armário. Tirando um jeans.
—Creed, Jesus Cristo... Você não tem dormindo aqui por mais de uma
semana a cada vez nos últimos quatro anos. Tem sido a porra do meu quarto,
mais do que o seu. —Rebel argumentou, sem recuar. —Que porra está
acontecendo, afinal? —Ele olhou para mim. —Como você a conhece?
314
—Não se preocupe com isso. A questão é como diabos você a conhece? —
Ele colocou seu jeans sob a toalha, arrancando-a e jogando-a sobre a cama.
—Ela veio aqui uma noite para uma festa. Eu acordei na manhã seguinte, e
ela tinha ido embora.
—Pare de dizer isso assim! Deixe-o ir! —Eu gritei, trazendo sua atenção de
volta para mim.
—Isto é ridículo! Você não pode usar as suas palavras, em vez de punhos?
—Eu observei.
Creed ignorou seu irmão, caminhando de volta para mim. —Você está me
dando sermão agora, Pippin? Incrível, porra.
—Eu não sabia que ele era seu irmão. Eu juro. Eu nunca faria isso com
você. E você sabe disso.
—E isso torna tudo bem? Você dormiu com meu irmão mais novo!
Sabendo ou não, seu pau esteve dentro de você. —Ele rosnou. —Não é possível
até mesmo olhar para você agora. —Ele recuou e saiu do quarto, batendo a porta
atrás dele com força suficiente para sacudir as paredes. Fazendo-me pular.
315
Eu me sentei na beira da cama, incapaz de me segurar por mais tempo.
Agachando-me para frente, segurei meu estômago, tentando engolir a bile
subindo na minha garganta.
—Você é a garota dele? —Rebel perguntou o que eu sabia que ele vinha
pensando desde o segundo em que viu seu irmão todo magoado.
Ele me deu um breve aceno de cabeça. —O que você está fazendo aqui?
Você me deixou sozinho naquela manhã. Eu pensei que talvez eu tivesse
imaginado você ou alguma merda assim. Nunca fui usado assim antes. Não posso
dizer que gostei, também.
—Me desculpe por isso. Eu não o usei, Rebel... Noah... Seja lá o seu nome.
Eu me diverti muito naquela noite. Com você. Mas, obviamente, você sabe que eu
nunca tinha feito nada parecido antes. Não é quem eu sou. Eu acho... Eu só não
sabia o que fazer em seguida. Então eu o deixei, tornando mais fácil para nós dois.
—História longa.
316
Ele estreitou os olhos para mim assim que ele percebeu o que era, lendo a
única palavra que eu estive olhando pelos últimos três dias.
Positivo.
Eu balancei a cabeça, mordendo meu lábio. Esperando por onde quer que
isso nos levaria.
Eu fiz uma careta, fechando meus olhos. Ouvi-lo dizer essas palavras foi
como um toque de despertar. Era realmente o que Creed vinha dizendo que eu
era o tempo todo.
—Olhe, Mia, eu não te conheço. Não estou tentando ser um idiota aqui.
Mas você aparecer aqui com semanas de atraso me dizendo que está grávida...
Dizendo que eu sou o único que a engravidou? Sim, eu posso ter tirado sua
virgindade. Mas isso não significa que você não abriu as pernas para mais
ninguém desde então.
Eu não hesitei, abrindo meus olhos. Olhando direto nos seus. —Eu acho
que ser um babaca vem de família.
317
Não havia como voltar atrás. O estrago estava feito, e eu não tinha
ninguém para culpar além de mim mesma.
—Eu sabia que ela parecia familiar. Eu pensei quando os vi juntos que...
—Droga... —Ele deu um passo para trás, levantando suas mãos. —Esta
menina realmente mexeu com você. Nunca pensei que veria esse dia. Como um
cara feio como você arranjou uma garota tão jovem? Sua buceta deve ser
apertada pra caralho.
—Fale sobre a sua buceta mais uma vez, filho da puta, e verá o que
acontece. —Rosnei cada palavra.
Na porra do clube.
Voltei para o meu quarto uma hora mais tarde, o meu sangue fervendo e
meu temperamento queimando até o ponto da dor do caralho. Encontrei Noah
sentado em uma cadeira de costas para mim como se ele não tivesse se movido
do lugar onde ele estava sentado.
—Não acho que eu possa mais fazer isso. —Ele deixou implícito, olhando
para o lixo.
—Ela tem quinze anos. Ela é menor, porra. Você sabia disso?
—Ela me disse que tinha dezoito anos. O que quer dizer com ela ter
apenas quinze anos?
Eu me abaixei e peguei. —Que porra é essa? —Eu disse em voz alta, quase
caindo de bunda quando vi a vara de gravidez positiva em minhas mãos.
320
Eu coloquei uma camisa, meu colete e botas, e saí do meu quarto. —
Noah! Onde diabos está você?! —Eu gritei tão alto que ecoou pelas paredes.
Lá fora, vi que seu caminhão tinha ido embora, eu não pensei duas vezes
sobre isso. Saltei na minha moto, e corri como uma alma fugindo do inferno. Eu
fui à casa dos pais de Mia primeiro, não dando à mínima se eles descobririam
sobre mim.
—Onde ela está? Mia! Onde diabos você está?! Eu sei que você está aqui!
—Eu gritei, passando pela porta.
Eu fui até ela em quatro passos, ficando bem na sua cara. Seus olhos azuis
brilhantes estavam largos e ansiosos.
321
—Creed! —Ela gritou, tentando se afastar.
Eu o vi com o canto do meu olho, antes que ele viesse direto entre nós
sem pensar nas consequências.
—Feche a boca se você sabe o que é bom para você. E dê o fora dessa
casa. —Ele ordenou, olhando-me de cima a baixo com um olhar ameaçador.
Eu zombei, combinando com seu olhar. —Foda-se! Agora você quer ser
todo protetor? Você está muito atrasado. Sua filha de quinze anos de idade ficou
grávida. Parabéns, vovô. —Eu o empurrei, querendo tirá-lo da porra do meu
rosto. Ele mal vacilou, pronto para atacar.
—Creed! Chega!
322
Eu reconheci a voz. Meus olhos voaram para Martinez, que estava
casualmente caminhando até nós. Eu recuei, atordoado que ele estivesse lá.
Fiz uma careta. —Desde quando você se preocupa com algo assim?
—Uma vez que esta é a casa da minha sobrinha. E seus filhos são o meu
sangue. Eu e seu clube nunca tivemos quaisquer problemas. Se você quiser
mantê-lo assim, eu sugiro que dê fora daqui.
E não acabou.
323
O estrondo de sua motocicleta quando ele acelerou sacudiu toda a sala de
estar. Afastando, levando meu coração com ele. Doeu demais quando ele
arrancou a vara da gravidez na frente de todos, incluindo os meus pais. Jogando-
me sob o ônibus, e deixando-me lá para enfrentar a ira que ele desencadeou. Isso
não me incomodou tanto quanto ele pensar que eu tinha feito isso
intencionalmente para feri-lo. Eu poderia jurar sobre a vida de todos olhando
para mim na sala, que eu não sabia que Rebel era seu irmão. Eu nem sabia que
ele tinha um irmão! Ele não tinha falado sobre sua vida todas as vezes em que
vimos um ao outro.
Pela primeira vez desde que eu o conheci todos esses anos atrás, eu tive
pavor dele. Eu nunca o tinha visto tão zangado, cruel ou com tanto ódio. Fazendo-
me questionar se eu realmente conhecia o homem por trás do colete.
O verdadeiro Creed.
324
—Eu nem sabia que você tinha um namorado? E agora isso? O que você
estava pensando? Você esteve envolvida com um MC? Quantos anos tem esse
cara? Ele tem que estar em seus vinte e tantos anos.
Seus olhos se encheram de lágrimas quando ela trouxe a mão à boca. Meu
pai ficou lá com raiva em seus olhos, mãos em punhos ao seu lado. Seus amigos
prontos para segurá-lo, de mim. Meus olhos brilhantes olharam em torno da sala,
mortificada, sobrecarregada sem saber o que dizer.
—Não é dele. É do irmão mais novo dele. Eu sinto muito, mamãe. —Eu me
vi dizendo, correndo pela porta dos fundos. Eu precisava sair de lá, eu precisava
de um pouco de ar fresco. As paredes estavam desmoronando em mim.
Corri todo o caminho para o meu lugar especial no outro lado do lago.
Curvando na árvore de salgueiro, esvaziei o conteúdo do meu estômago. O que
não era nada de novo nos últimos tempos. Olhando por cima da água, eu tentei
me acalmar, lembrando-me de um dos dias mais felizes da minha vida com ele.
Aqui neste lago. Pensando sobre onde eu errei desde então. Indo de Mia inocente
a uma de quinze anos de idade, grávida e sozinha.
—Por favor, apenas se apresse. Estou do outro lado da casa do tio Austin.
O lado oposto do lago pelo salgueiro. Eu só preciso sair daqui.
—Mia, você está me assustando. O que está errado? Por que não está lá
dentro com todos para a festa de batismo? Eu estava a caminho daí. —Ela
divagava.
325
—Giselle! Por favor! —Eu desmoronei, soluçando. Minhas emoções
assumindo.
—Por que você está chorando? O que está acontecendo? —Ela perguntou,
recuando, olhando-me no rosto.
—Oh meu Deus. —Sua mão foi para o peito. —É Mason? Aconteceu
alguma coisa com ele?
Meu irmão realistou-se por mais dois anos no Exército, muito para o seu
desânimo. Eu acho que eles estavam agora separados, ou era o que parecia.
—Eu sinto muito. Você pode me levar para casa, por favor? —Eu me
inclinei contra a janela acolhendo a sensação de frescor do ar-condicionado.
326
—Eu não quero falar sobre isso! —Eu gritei, os hormônios no meu corpo
falando mais alto.
—Ok, ok... —Ela colocou as mãos na frente dela. —Você sabe que pode
falar comigo, certo?
—Eu sei. —Eu sussurrei, ainda olhando para fora da janela. —Você vai
descobrir em breve. —Eu disse para mim mesma. Enquanto ela partia.
Eu fechei a porta atrás de mim, logo atrás dela. Todo mundo parou de
falar e todos os olhos caíram sobre mim, uma vez que entrei na sala. Mamãe
estava sentada no sofá, parecendo como se ela não tivesse parado de chorar
desde que a verdade foi jogada em seu rosto. Tia Lily estava sentada ao lado dela,
esfregando suas costas. Papai estava de pé junto à parede oposta, fervendo,
ainda mais chateado do que ele estava antes de eu sair da casa do Tio Austin.
Todos os meus tios estavam ao redor da sala. Giselle foi até seu pai, tio
Dylan, com uma expressão confusa no rosto, murmurando: — O que está
acontecendo?
—Eu sei que vocês estão decepcionados comigo, mas eu juro que eu
nunca quis que isso acontecesse. Foi minha primeira vez. Vocês me conhecem...
Eu não sou essa garota. Usamos proteção. Eu acho que apenas rasgou.
327
A boca de Giselle caiu aberta, os olhos arregalados de choque.
—O que, Alex? Você vai desculpar a sua filha por engravidar aos quinze
anos? Quem você acha que vai criar esse bebê? Hã? Quem vai ajudá-la? Nós
vamos! Perdoe-me se eu não estou passando a mão na cabeça da minha filha por
sua irresponsabilidade que vai estragar todo o seu futuro e o nosso! Que porra
você estava pensando, Mia?
—Agora, você não vai passar a mão na minha cabeça? Essa seria a
primeira vez. Você acha que eu quis isso? Você acha que eu estou pronta para ser
uma mãe adolescente? Você é de verdade, pai? Tudo o que fez nos meus quase
dezesseis anos de vida foi me tratar como se eu ainda tivesse cinco anos de idade.
Eu não posso ir ali! Eu não posso ir lá! Eu não posso fazer isso! Eu não posso fazer
aquilo! Estou surpresa que você me deixou ir à escola e não arranjou uma
professora particular para que eu não nunca tivesse que sair de casa!
328
Ele deu um passo em minha direção, mas o tio Dylan colocou o braço na
frente dele, parando-o. —Você está me culpando? Por protegê-la?!
—Por me sufocar! —Eu fiquei de pé, caminhando até ele, não dando à
mínima se eu estava prestes a cruzar a linha. —Mason erra o tempo todo! Lembra
quando você encontrou maconha em seu caminhão? Quantas vezes ele chegou
em casa bêbado antes mesmo de completar dezesseis anos? Quantas vezes a
escola o chamou porque ele matou aula ou foi suspenso? Quantas vezes, quantas
vezes, quantas vezes... a lista poderia continuar e continuar e continuar. Alguma
vez ele foi punido? Não! O que você fez... Nada! Ele recebeu um tapinha nas
costas. Por quê? Porque garotos são garotos, certo? Não é isso que você disse?
Bo faz o que quer. Ele nunca teve nem mesmo um toque de recolher! Você até
mesmo deixa as meninas em seu quarto! Imagine o que ele fica fazendo lá, pai! —
Fiz uma pausa para permitir que as minhas palavras afundassem. —Eu, por outro
lado, recebo só nota alta, quase nunca perdi um dia de escola, e nunca posso sair
de casa! O que você esperava que fosse acontecer?! —Eu gritei, batendo meu pé.
—Respire fundo, Mia, isso vai ajudar. —Ela falou, puxando meu cabelo das
minhas costas.
—Quem é ele? —Meu pai exigiu em um tom duro. Alertando tio Dylan.
Eu olhei para cima, vendo sua expressão que eu nunca tinha visto antes.
Ele me olhou de cima a baixo, como se ele odiasse me ver machucada, mas a
decepção era demais para ele ignorar.
Meu pai estreitou os olhos para mim. —Então, ele engravida você, e o
merdinha não vai assumir a responsabilidade por seu próprio filho? Qual o nome
dele, Mia?
—Eu não vou te dizer. Você vai até lá. Você não sabe com quem você está
lidando, pai. Quem são seus amigos e familiares.
330
—Mia, a família dele é toda motociclista? É essa a sua preocupação? —
Mamãe perguntou, tentando juntar as peças.
—O que quer dizer com você não sabe? Precisamos falar com seus pais.
Eles precisam saber o que está acontecendo. Não é tão simples quanto você dizer
que está grávida, fim da história. O menino precisa...
—Você não o conhece? —Repetiu meu pai, dando um olhar para mim. —
O que você quer dizer com você não o conhece, Mia? Ele não é seu namorado?
Meu coração estava batendo tão rápido, que pensei que fosse sair do meu
peito enquanto eu olhava ao redor da sala. O rosto de Giselle estava cheio de
preocupação e culpa. Eu queria gritar “Isso não é culpa sua!”, mas eu não queria
delatá-la. Ela era a única pessoa que tinha estado lá para mim. Isso não tinha nada
a ver com ela.
Então, eu disse a única coisa que era verdade. —Eu fui a uma festa...
Meu pai fechou os olhos como se ele soubesse o que eu estava prestes a
dizer em seguida.
—Uma coisa levou à outra. Ele era legal. Eu não sei o que mais você quer
que eu diga.
—Eu sinto muito. Eu sei que não faz qualquer coisa melhor. Eu só queria
uma noite para me sentir como uma adolescente normal. Eu sei o que a minha
decisão me custou. Eu provoquei isso, certo? Eu não posso mudar o passado. Eu
331
gostaria de poder, mas aconteceu. Estou grávida. Nada vai mudar isso. Ele não fez
nada de errado. Foi tudo minha iniciativa. Assumo total responsabilidade por isso.
Então, por favor... só deixe-o.
Eu balancei a cabeça. —Eu disse a ele, mas eu não quero que ele seja
parte de nada. Eu só disse a ele porque era a coisa certa a fazer. —Eu menti, já
sabendo o que meu pai queria fazer.
Eu podia ver isso em seus olhos, tudo o que eu estava dizendo era inútil.
Não acabaria aqui. Isso era certo.
Ela olhou para mim procurando um sinal do que dizer. Implorei a ela com
os meus olhos. Pedindo-lhe para não contar a ele.
Se ela lhe desse um último nome, ele poderia encontrá-lo, ele era um
detetive. Tudo o que ele precisava era de um sobrenome.
Eu perdi a batalha.
332
Eu invadi a casa de Ma procurando Noah. Ele estava longe de ser
encontrado na sede do clube, eu esperei por ele durante toda à tarde. Ele nunca
apareceu.
Seus olhos estavam vidrados, abrindo a boca para dizer algo, mas
rapidamente a fechando. Olhando para trás, para a nossa mãe.
—Oh, não... Noah... por favor, me diga, você não fez isso? —Ela ponderou,
sua intuição falando mais alto.
—Por favor... Diga-me que não foi uma das prostitutas do clube. Eu vou
matar o seu pai.
—Como você...
333
—Seu pequeno merdinha! —Alguém interrompeu-a, batendo na porta da
frente. Ecoando através das janelas abertas. —Sai daí, seu pedaço de merda!
Você acha que pode engravidar a minha filha! Usá-la! Saia e fale comigo de
homem para homem!
Saí antes que ele pudesse responder. Puxei minha arma e a deixei no meu
quarto. A última coisa que eu queria era ir de cabeça quente me encontrar com o
pai de Pippin, então eu deixei minha arma para trás. Se nós lutaríamos, seria com
os nossos punhos. Mesmo que eu não quisesse desrespeitá-lo mais do que já
tinha. Permitindo que a minha raiva obtivesse o melhor de mim.
Eu não podia culpá-lo por aparecer aqui. Eu teria feito o mesmo se fosse a
minha menina.
—Eu não estou aqui por você! —Ele gritou, quando eu abri a porta. —
Onde ele está? Onde está seu irmão?
—Eu sei que você está chateado, senhor. —Ela calmamente disse. —Eu
sou sua mãe, Diane. Eu só soube da notícia segundos antes de você aparecer, na
verdade. Eu não estou feliz com isso também, mas que tal você entrar e falarmos
como adultos. —Ela deu um passo para o lado, fazendo um gesto para que eles
entrassem.
Eu olhei para ela cautelosamente quando ela passou por mim com todo
mundo a reboque, lançando-me um sorriso tranquilizador. Embora não tenha
sido sob as melhores circunstâncias, senti uma sensação de orgulho por ela.
Finalmente percebendo o quão longe ela realmente iria.
334
—Você gostaria de algo para beber? Posso arranjar-lhe alguma coisa? —
Perguntou ela, acenando para eles.
—Onde está o seu filho? —Seu pai não queria perder tempo.
—Lucas. —Um de seus amigos com longo cabelo loiro, amarrado num
rabo de cavalo, falou.
—Eu não estou aqui para uma conversa agradável, eu quero falar com o
seu filho. Agora, onde diabos ele está? —Seu pai rosnou, trazendo a minha
atenção de volta para ele.
—Escuta, cara, eu sinto muito, eu sei que ele fodeu tudo. Mas é preciso
dois para dançar o tango. Ela é tão culpada quanto ele. —Proclamei, mesmo que
me matasse pensar em Mia como outra coisa senão pura e inocente.
Minha Pippin.
Ele tinha chegado a mim em três passos, indo direto na minha cara. Seus
amigos imediatamente vieram, preparando-se para segurá-lo.
335
—O inferno que você vai! —Eu o empurrei para trás, lamentando que já
estivesse chegando a isso. —Vai ter que passar por mim.
Aprendi então que, com o pai de Mia não se brinca. Tínhamos mais em
comum do que eu jamais teria pensado.
Eu os afastei de mim, abrindo a porta para elas antes que elas batessem.
Mia instantaneamente olhou ao redor da sala com uma expressão preocupada
escrita claramente em seu rosto, sabendo exatamente o que tinha acabado de
acontecer entre mim e seu velho.
—Por favor... Não faça isso. —Ela implorou, correndo para ficar na frente
de seu pai. Colocando a mão em seu peito, na esperança de acalmá-lo.
—Você não pode fazer isso! Isso não vai mudar nada! Por favor... Não é
culpa do Creed!
—Não é culpa sua, também, Mia. —Noah anunciou, entrando na sala. Ele
nunca ouvia uma palavra do que eu dizia, porra.
—É ele?
336
Mia balançou a cabeça, segurando seu pai.
—Eu sou Noah. —Acrescentou, olhando para Mia que tinha uma
expressão de surpresa em seu rosto. —Senhor, eu assumo total responsabilidade
por minhas ações. Você quer um homem, aqui estou eu. —Deixando-o sem
palavras e todos os outros também.
Seu pai olhou-o de cima a baixo, vendo suas tatuagens, seu colete, e o
jeito que ele estava de pé. Em seguida, de volta para mim, olhando para mim da
mesma forma exata com nada além de ódio e raiva em seu olhar.
—Seu merdinha! Vou prendê-lo! Ela tem quinze anos! —Ele se lançou para
Noah assim que pisei na frente dele, mas ele foi rapidamente interrompido pelo
detetive o agarrando no último segundo.
337
Deitei na grama junto aos antigos trilhos de trem com uma das mãos
apoiando a cabeça, e a outra descansando na minha barriga. Olhando para cima
no céu, observando as nuvens brancas macias passarem, bloqueando o sol
quente. Pensando em como minha vida tinha mudado e no que ainda estava por
vir.
Mamãe me levou para o obstetra alguns dias depois que descobri que
estava grávida, e o médico só confirmou o que eu já sabia. Ela chorou, eu chorei,
eu senti como se nunca fosse parar de chorar. Papai não disse uma palavra
enquanto ele estava lá, mas minha mãe disse que ele se aproximaria. Ele estava
apenas sendo teimoso e cabeça dura, e eu sempre seria seu bebê, não importa o
que acontecesse. Ele levaria um tempo para aceitar a ideia de que seu bebê teria
um bebê.
Eu odiava ser a razão de tanta tensão na minha casa novamente. E foi por
isso que eu comecei a passar mais tempo na praia ou nos trilhos do trem. Eu
vinha aqui de vez em quando, andando de bicicleta quando as coisas estavam no
seu pior na vida. Eu me imaginei pulando em um trem e nunca olhando para trás.
Para ficar longe de tudo. Mais ou menos como eu imaginava fazer agora.
Desaparecendo por um minuto. Por um momento. Minha vida não poderia ficar
mais complicada se eu tentasse.
Pela primeira vez, doía-me tê-lo olhando para mim do jeito que ele estava,
como se ele estivesse me vendo com olhos diferentes. Não mais a menina que ele
pensou que eu era, mas a mulher que estava carregando o filho de seu irmão. Eu
sabia que isso mudaria as coisas entre nós, e eu odiava isso mais que tudo.
Durante o mês passado, eu pensei sobre como o nosso primeiro encontro
aconteceria. O que eu diria, o que ele responderia, o que viria da nossa conversa.
Eu não queria brigar. Eu só queria que ele entendesse.
339
Sem imaginar que seria tão difícil.
Quando seu olhar deslocou para a minha mão, que ainda estava na minha
barriga, eu juro que vi um vislumbre de esperança em seus olhos, como se
estivesse contemplando as coisas que ele sentia que não deveria.
—Eu não fiz isso de propósito. —Eu sussurrei alto o suficiente para ele
ouvir, concentrando-me em minha barriga. Precisando desabafar. —Eu nem sabia
para onde estávamos indo até a minha amiga, Jill, estacionar em frente ao clube.
Assim que eu vi os homens usando o mesmo colete que o seu... —Balancei a
cabeça a isso. —Eu achei que você pudesse estar lá. Era parte da razão pela qual
eu saí do carro.
Ele não fez nenhum som, ouvindo cada palavra que eu estava dizendo.
—Eu acho que você pode dizer que seu irmão me salvou. Ele foi bom. Eu
me senti confortável e segura com ele. Por que você acha que isso aconteceu,
Creed? —Fiz uma pausa, olhando para ele. —Ele é uma parte de você. Eu não
sabia na época, mas ele é seu irmão, e havia algo sobre ele que era tão familiar,
embora eu nunca tivesse o conhecido antes. Eu acho que é por isso que eu disse
que ele poderia me chamar de Pippin, porque eu queria talvez fingir que era você.
Eu sei que soa tão estúpido e imaturo, mas eu senti sua falta... —Expliquei com
minha voz embargada.
340
Temi a próxima parte do que eu estava prestes a dizer, sabendo que só iria
continuar a sua dor. Feri-lo mais do que já tinha.
Ele foi o primeiro a quebrar a nossa conexão, olhando para longe na frente
dele, cambaleando pela minha confissão. Abrindo a boca, mas fechando-a
rapidamente, lutando com o que ele precisava dizer. Mordendo a língua com o
que ele queria dizer. Ele respirou fundo, enfiando a mão no colete e puxando seus
cigarros. Acendendo um, ele elevou-o aos lábios, inalando a metade dele em seus
pulmões antes de deixá-lo lentamente sair pelo nariz e boca.
341
Dei um passo para trás, para longe dele, balançando a cabeça com os
olhos arregalados, boca aberta. Eu não podia suportar a visão dele por mais um
segundo.
Eu imediatamente virei-me para sair, não cheguei a dar três passos até
que ele me pegou pelo pulso, me girando para encará-lo novamente.
—Vá se foder! Solte-me! —Lutei para ficar longe dele, mas ele não ia me
soltar. Ele agarrou meu outro pulso, me puxando para frente, fazendo-me perder
o meu equilíbrio. Batendo em seu peito duro.
—Isso é o que você quer, não é? Provocar-me. Isso te deixa molhada? Ser
rude com você?
Ele maliciosamente sorriu. —Será que o meu irmão fez você gozar, Pippin?
Será que ele sabia como tocar o seu corpo pecaminoso, porra? Sua pequena
buceta tentadora? —Ele rosnou perto de minha boca.
—Você é um idiota!
342
Seus olhos dilataram, segurando na parte de trás do meu pescoço, ele
bateu a boca na minha. Agarrando o lado do meu rosto com a outra mão e
mordendo meu lábio inferior, exatamente do jeito que eu tinha fantasiado fazer
desde nosso encontro no quarto de hóspedes. Suas mãos caíram para a minha
bunda, agarrando-me forte, me pegando em um movimento rápido, e fazendo
com que o meu vestido subisse até as minhas coxas. Fazendo-me escarranchar
em sua cintura, me puxando contra ele.
Ele montou sua moto comigo agora em seu colo, me puxando para mais
perto, moldando-nos em uma só pessoa, e me beijando como se sua vida
dependesse disso. Gemi em sua boca, ele gemeu na minha enquanto puxava meu
cabelo. Sua outra mão deslizou para o lado do meu peito e para a costura da
minha calcinha.
Ele puxou meu cabelo para trás para olhar nos meus olhos. Ele estava
lutando uma batalha interna que eu queria ganhar pra caralho.
Engoli em seco.
—Porra, você está tão molhada. Eu fiz isso para você. Eu. —Ele rosnou,
continuando a trabalhar no meu clitóris.
343
Eu me inclinei para beijá-lo novamente, mas ele puxou o meu cabelo para
trás com mais força, querendo que eu ficasse onde eu estava, bem aberta para
ele.
Só ele.
Foi então que eu percebi que ele queria ver-me gozar, e eu juro que eu
poderia ter gozado só com a forma intensa, predatória, amorosa com a qual ele
estava olhando para mim.
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—Aqui? —Ele zombou, empurrando com mais força contra o meu ponto
G.
Ali mesmo.
—Goze nos meus dedos, Mia. Quero sentir sua buceta doce me
apertando.
Mordendo meu lábio inferior novamente, ele ordenou. —Olhe para mim.
Ele me deu um olhar longo, duro e falou com convicção. —Só eu posso te
fazer gozar assim. E agora eu vou fazer você gozar no meu pau.
Eu ligeiramente ofeguei.
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Ele sorriu, vendo o olhar na minha cara. —Não se preocupe querida, eu
vou começar devagar.
Isso era tudo o que precisava para convencê-lo. Ele me abaixou sobre o
seu eixo, deixando escapar um gemido quando ele estava profundamente dentro
de mim. Permitindo eu me acostumar com o tamanho de seu pênis.
Segurando o que era agora dele entre suas mãos, ele colocou a testa na
minha.
Suas mãos desceram até meus quadris mais uma vez, guiando meus
movimentos. Encontrando um ritmo enquanto dirigia seu pênis dentro e fora de
mim. Eu não aguentava mais. Eu me inclinei para trás, saboreando o que estava
acontecendo entre nós. Dominada pelos sentimentos que ele estava
desencadeando em mim. Era tudo o que eu sempre quis, precisava, para
finalmente, me sentir completa. Permitindo que a dor familiar assumisse. Ele
agarrou os lados do meu rosto, trazendo seus lábios para os meus, me beijando
com tanta paixão.
Tanto amor.
Tanto tudo.
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—Chega de besteira entre nós. Você quer ser beijada, tocada, fodida. —
Ele gemeu contra os meus lábios. —Então eu te fodo. Eu estou reclamando você,
Pippin. Você é minha, porra.
E eu era.
Ela sorriu, olhando para mim com olhos maliciosos, enquanto eu a ajudava
a descer da minha moto. Enfiando meu pau de volta em meu jeans, eu apertei o
cinto e me ajustei no assento.
—Pippin...
—Eu sei que você me ama. —Ela me interrompeu. —Eu não estou
esperando você dizer isso de volta. Tanto quanto eu queria que isso acontecesse
entre nós, Creed, e você sabe que eu quis mais do que qualquer coisa. —Ela olhou
para mim com tanta preocupação em seus olhos. —Eu estou grávida de seu
irmão, e eu nunca quero que você pense que o que aconteceu entre nós foi um
erro. Não foi. Mesmo que Noah e eu nunca fomos um casal, nós nem sequer nos
conhecemos, foi um acidente... Eu simplesmente não posso deixar de me sentir
mal. Você sabe que eu não sou essa menina... certo? Por favor, me diga que você
sabe que eu não sou uma daquelas prostitutas do clube.
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Eu coloquei o rosto entre as mãos, olhando para ela com adoração, do
jeito que eu queria desde o momento em que lhe dei o primeiro beijo. Mia tinha
sido sempre minha. A partir do momento em que a assisti saltar do carro de sua
mãe, com tranças e tudo.
—Você está muito longe dessas prostitutas. Confie em mim, querida, elas
não podem sequer chegar perto de você. Merdas acontecem. Eu sei disso mais do
que ninguém. Não posso continuar te empurrando para longe. Olha o que me
custou. —Eu balancei a cabeça em direção a seu estômago. —Eu fodi tudo. Não
vou fazer isso novamente. Eu sei quem você é, Mia Ryder. Desde o primeiro
momento em que eu te vi, e eu amei você todos os dias depois isso.
—Eu perdi uma mulher porque eu pensei que estava fazendo bem a ela.
Merda... Eu quase perdi você. Não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Quero
você na parte de trás da minha moto, Pippin, você quer isso?
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Três vezes o martelo soou, trazendo a missa em sessão.
—Estive fora por muito tempo, velho. E até antes de eu ser dispensado, a
merda ainda estava acontecendo. Acho isso surpreendente, é só.
—Eu cuido do meu clube. Tem sido assim antes mesmo de você nascer,
Creed. Eu sei o que estou fazendo. Deixe-me preocupar com nossas alianças.
O ar era tão espesso entre nós. Ele tinha sido assim desde o dia em que eu
lhe disse que me alistaria ao Exército, mas ainda mais agora que eu estava de
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volta. O Prez não me assustava mais do que o meu velho já fez. Eu tinha passado
por muita merda para dar a mínima para ele por mais tempo.
—Qualquer outra pessoa tem algo a dizer? Fale agora ou cale a boca. —
Acrescentou, sabendo muito bem que ninguém iria contra ele. —Foi o que eu
pensei.
—Que porra é essa? —Eu sussurrei para mim mesmo, olhando para uma
foto de minha mãe quando ela era mais jovem, sentada nos braços de um homem
que não era meu pai.
—Você foi até a casa de sua Ma? —Diesel perguntou da porta, trazendo a
minha atenção de volta para ele.
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Eu cliquei na tela, colocando meu celular no bolso de trás. Saí do quarto
com ele seguindo atrás de mim. —Não, vou vê-la amanhã. Acabo de voltar, eu
estou esgotado.
Pops me fez viajar muito pelo clube, tanto quanto antes. Eu tinha estado
lá no Arizona pelas últimas três semanas.
—Sim. A mãe do seu bebê. Ela está com cinco meses agora, certo?
Saí de lá, pulei na minha moto e acelerei. Acelerei até em casa para
descobrir o que diabos estava acontecendo. Por que nenhum deles sentiu a
necessidade de mencionar o jantar. Não levou muito tempo até que eu parei na
calçada, vendo o jipe preto de Mia estacionado na estrada em frente.
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meses, a menos que ela lhe mostrasse sua barriga. Seu cabelo escuro, ondulado,
comprido caía em cascata ao longo dos lados de seu rosto e pelas costas.
Sua gravidez tinha ido bem até agora. Ela ficava mais linda a cada dia que
passava. Eu já amava esse bebê dentro dela, mesmo que ele não fosse
tecnicamente meu.
—Claro que não. Eu presumi que estaria no clube, querido, desde que
você acabou de voltar esta tarde. Oh, você tem que ver isso! —Ela comemorou,
correndo para mim. —Mia trouxe isso com ela. Olha, querido! É uma menina! Nós
teremos uma menina! —Ela sorriu.
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Peguei a foto da mão dela, olhando para o bebê em meu alcance. Não
havia palavras que pudessem descrever o que senti segurando um pedaço de
Mia, um pedaço de merda do meu coração na minha mão naquele momento.
Meus olhos percorreram a imagem, vendo os braços, pernas, mãos e pés do
pequeno ser. Lábios carnudos como sua mamãe.
—Irmão, não vejo razão pela qual ela tenha que ligar para você. Você não
é o pai. —Noah respondeu.
Tanto quanto eu odiava dar razão a Noah, ele tentou ir a cada consulta
médica, para desgosto meu e do pai de Mia. Ele estava sendo homem, fazendo a
coisa certa para o seu bebê. O que também significava que ele estava gastando
muito do seu tempo livre com Mia, ambos começando a conhecer um ao outro.
Descobrindo como eles fariam isso funcionar antes que o bebê viesse ao mundo
em poucos meses.
Eu estava viajando pra caralho para o clube, e eu odiava deixá-la para trás,
mas não havia muito que eu pudesse fazer sobre isso. Não é como se eu pudesse
levá-la comigo. Era muito perigoso, e ela estava muito grávida, para não
mencionar que seu pai não aceitaria isso. Ela estava sempre na minha mente, no
entanto. Não importa onde eu estava ou o que eu estava fazendo, meus
pensamentos sempre iam para ela. Falávamos ao telefone, muitas vezes, mas não
era o mesmo. Nem perto.
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—Meninos... —Ma advertiu, olhando para trás e para frente entre nós. —
Mia veio com uma grande notícia. Vocês podem discutir sua testosterona lá fora.
Vocês estão me ouvindo? Não essa noite. O jantar não vai demorar. Comportem-
se. Vou chamar Stacey e Laura e dizer-lhes que teremos uma menina.
Ela sentou-se na minha cama, preparando-se para a minha ira. Ela sabia
que eu estava chateado.
—Creed...
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—Você gostou do meu vestido? Ele é novo... —Ela sorriu, batendo os
cílios. —Eu comprei só para você, querido. Eu sei como você ama a cor branca em
mim.
—Pippin? —Eu disse entre beijos. —Por mais que eu quisesse fodê-la e
fazê-la gozar agora, eu fiz uma pergunta a você, e espero a porra de uma
resposta. —Eu me afastei, deitando-me na cama com as mãos debaixo da minha
cabeça.
—Você não sentiu minha falta? —Ela fez beicinho, moendo seus quadris
no meu pau duro, fazendo-me rir. Ela não desistiria, era implacável pra caralho.
—Creed? Mia? Que porra vocês estão fazendo? —Noah bateu na porta.
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Ela suspirou, finalmente cedendo. —Noah estava apenas animado sobre
descobrir que teremos uma menina. Ele se empolgou. Não importa. Você não
confia em mim?
—Você me ama tanto que eu sou o último a descobrir que teremos uma
menina?
—Isso não é justo. A minha consulta foi esta tarde. Eu sabia que você
estava voltando para casa. Você não poderia ter ido... Além disso, você não teria
ouvido a minha ligação de qualquer maneira.
Ela suspirou. —Eu não sei como tudo isso funciona, Creed. É um território
novo para mim, também. Eu quero que meu bebê tenha um pai e Noah esteve lá
para todos os meus compromissos, ele sabe tudo o que está acontecendo. Ele
parece empenhado em fazer parte e me ajudar a criá-la. Estamos apenas
começando a conhecer um ao outro, para que possamos ser os melhores pais
para o nosso bebê. Isso é tudo.
—Eu respeito vocês por isso. Mas eu vou ser uma parte tão grande, se não
maior, na vida deste bebê como ele será. Você me entendeu?
Ela assentiu com a cabeça, e uma sensação de incerteza passou por sua
expressão. —Eu sei que você disse isso, mas eu não compreendo inteiramente o
que isso significa. Você é meu namorado? Será que estamos juntos?
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Beijei ao longo de seus lábios. —Não fodi mais ninguém, Pippin. E já tem
um tempo. Quem é a minha menina?
—Eu quero ouvir você dizer isso. Não vou pedir de novo, Creed. —Ela
zombou, fazendo-me sorrir quando eu passei meu nariz de seu queixo até a
clavícula, beijando seus seios.
—Como você cheira tão bem o tempo todo? Você é minha garota. —Eu a
tranquilizei, puxando para baixo a frente do vestido. —Eu amo...
—Oh meu Deus! Ela acabou de chutar. —Mia me cortou. —Me dê sua
mão. Você precisa sentir isso. —Ela tomou minha mão, colocando-a em seu
estômago. —Diga alguma coisa, eu acho que ela gosta de sua voz.
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Quando olhei para trás para baixo, Mia estava recuando de dor, agarrando
seu estômago.
—Porra! Querida, você está bem? —Puro pânico assaltou meu núcleo,
pensando que ela pudesse ter sido atingida.
Noah veio para o quarto com uma Glock em cada mão, quebrando minha
linha de pensamento. Eu ainda podia ouvir sons de tiro na frente da casa.
A violência sempre tinha sido uma parte de nossas vidas do caralho, mas
desta vez parecia pessoal. Algo não estava certo, vindo à nossa casa. Trazendo a
violência até aqui. Não fazia sentido, porra. Especialmente quando havia balas
atingindo todas as malditas paredes. Corri até o outro lado do corredor e no
escritório, indicando para Noah puxar a porta do carpete e madeira que levava ao
porão. Pops certificou-se de que houvesse sempre uma forma de que
pudéssemos sair com segurança. Havia vários lugares na casa para se esconder,
apenas no caso de merdas como essa um dia acontecer.
—Eu volto já. Não se mexa! —Eu falei em um tom mais duro do que eu
pretendia. Eu estava em pânico por deixá-la sozinha ali.
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—Creed... Por favor... —Ela gritou, não tenho certeza se era de dor ou de
medo. —Não me deixe... Por favor... Por favor, eu preciso de você! —Ela
implorou.
Não dela.
—Mia, você precisa ficar aqui. Proteger a nossa menina, tudo bem? —
Noah entrou na conversa, me irritando ainda mais.
—Prometa, baby. Eu já volto. —Eu beijei sua testa, deixando meus lábios
permanecerem lá por um minuto.
Odiando que ela estivesse com dor e eu tivesse que deixá-la ali sofrendo.
Quando me virei, eu escutei, ouvindo mais rodadas de tiros ecoando.
—Não! Você não vai lá em cima sozinho. Podemos acabar com todos eles.
Os rapazes estão a caminho. Não vai demorar muito.
—Noah...
Dei uma última olhada para Mia, precisando ver seu lindo rosto antes de
voltar para a porra do caos que sempre tinha sido a minha vida.
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sala de estar. Balas vinham do lado de fora. Dois homens usando bandanas pretas
cobrindo seus rostos apareceram à nossa esquerda, desencadeando várias
rodadas do lado da casa, uma me atingindo na perna.
O sangue estava escorrendo através do meu jeans. Tiro após tiro irrompeu
de nossas mãos. Parecia que seria para sempre, até que ouvi os motores de
Harleys roncarem descendo a rua. Fazendo com que todo o fogo cessasse e os
filhos da puta dessem o fora daqui.
—Pegue Ma! —Eu pedi a Noah, correndo rápido pra caralho pelo
corredor, ignorando a dor aguda na minha perna e o sangue que estava perdendo
no processo. Correndo de volta para o escritório.
Sem grito.
Sem choro.
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Sangue.
—Que porra...
Continua...
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