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Série Ravage MC
Ryan Michele

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Ravage MC – Livro 1
Cruz & Harlow
Ravage Me Copyright © 2014 Ryan Michele

SINOPSE

Depois de passar dois anos atrás das grades por um crime que não cometeu, o
tempo de Harlow “Princesa” Gavelson estar presa finalmente acabou, e ela está
pronta para se vingar. Infelizmente, ser a filha do vice-presidente do Ravage
Motorcycle Club atrapalha seus planos, porque as ordens devem ser seguidas. Tentar
voltar para sua vida revela-se algo difícil quando o jogo se inverte e a mulher que ela
entregou está fora, querendo sangue. Sorte da Princesa, que cresceu em um clube
MC que a ensinou como se virar.
Depois de passar anos no inferno no exterior, Donavon “Cruz” chegou em casa
para perder a única coisa que lhe importava, o que o enviou para um dos momentos
mais escuros da sua vida. Se juntar ao Ravage MC dois anos atrás foi o seu porto
seguro, e ele protege sua família a qualquer custo.
Quando a linda garota de cabelos escuros entra na loja do clube, ele é pego de
guarda baixa, mas imediatamente sabe que ela é aquela por quem ele faria qualquer
coisa. Osso duro de roer e sem aceitar a porcaria de ninguém, ele é cativado pela
mulher que poderia lidar com esse estilo de vida. Tentar conciliar os negócios do
clube com a vontade do seu coração se torna algo difícil quando os dois colidem, e
vidas estão em jogo.
Podem esses dois encontrar uma maneira de ficarem juntos, ou as necessidades
do Ravage MC lhes custarão tudo, até mesmo suas vidas?

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PRÓLOGO

Essa foi a vida em que eu nasci, e o derramamento de sangue, de alguma forma,


sempre desempenhou um papel proeminente na mesma. Hoje, tudo estava chegando
a um final explosivo. Com a arma esmagada contra a minha têmpora, tudo que eu
podia pensar era nele... em tirá-lo daqui vivo. A vadia colocou tanto tempo e energia
em vir atrás de mim, eu sabia que isso estava chegando. Agora ela tinha a coisa mais
preciosa da minha vida. Eu nunca soube como a minha vida era vazia, ou como o
amor pode ser tão profundo que te corta como uma faca. Eu faria qualquer coisa para
o tirar daqui vivo. Os tiros começaram, e meus olhos encontraram os dele. Eu rezei
pela nossa sobrevivência.

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CAPÍTULO 1
HARLOW

2 anos... um mês... 5 dias...


Eu estava vivendo a monotonia perpétua da minha vida por exatamente dois
anos, um mês e cinco dias. Era como se a minha vida fosse o epítome do Dia da
Marmota1, se repetindo uma e outra vez, corroendo a minha alma.
Eu odiava branco. Não podia suportar essa cor do caralho. Em todos os lugares
que eu olhava havia essa fria e úmida esterilidade tentando me sufocar, me
obrigando a ceder. Mas isso não ia acontecer.
Por setecentos e sessenta e cinco dias da minha vida, olhei para as paredes
sólidas e barras frias da prisão, apenas para ganhar o direito de sair uma hora por dia.
Eu sabia que era para minha segurança, mas sentia falta de me encontrar deitada ao
sol, o sentindo aquecer minha pele e levando tudo embora. Aqui não havia
relaxamento... nunca.
Não vou ser uma vadia. Eu fui extremamente sortuda, e sabia muito bem disso.
Sem as conexões do meu pai com os guardas e as pessoas poderosas do lado de fora,
minha vida nesse lugar teria sido um inferno muito pior. Ter meu próprio quarto
acabou se tornando a melhor das regalias, porque lá as cadelas não podiam me
alcançar. Elas me queriam. Eu sabia. Todos sabiam quem eu era e o que eu
representava. Conseguir se vingar em mim daria a elas status nas suas famílias, e eu
não estava disposta a dar isso a ninguém.
Eu estou me escondendo? De jeito nenhum. Eu ficaria mais do que feliz de
enfrentar essas cadelas, mas não aqui. A merda sorrateira que essas mulheres faziam
quando ninguém estava olhando era mortal, e meu objetivo era cumprir meu tempo
e sair daqui viva. Eu sabia o que essas vadias eram capazes de fazer, e elas sabiam das
minhas capacidades também.

1 O Dia da Marmota é a tradução literal de um filme americano de 1993 que, no Brasil, ganhou o nome de
Feitiço do Tempo. Nele o personagem principal repete uma e outra vez o mesmo dia – que no caso é o Dia da Marmota,
no qual se celebra um festival nos EUA – sem nunca avançar para o dia posterior.

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Eu tive meus próprios incidentes aqui. Eles foram todos relacionados ao clube, e
ter ajuda de dentro fez com que eles acontecessem sem problemas. Eu tive que pagar
por essa ajuda, mas fiz o que precisava ser feito, e não lamentava merda nenhuma.
Fiz isso pela minha família.
Eu posso ter uma boceta, mas não sou uma mulherzinha. Tenho bolas maiores
do que a maioria dos caras lá fora. Mesmo que eu nunca vá ser um membro do clube,
porque isso não é possível, mantenho minha cabeça erguida. Aprendi em uma idade
muito jovem que mulheres não ganham patches2, e aceito isso, mas estaria louca se
agisse como a princesinha do clube.
Crescer com o Ravage MC não foi fácil. A vida, o mundo, era diferente dos civis,
e eu aprendi isso muito bem. Desde que era um bebê, minha vida foi o clube. Pops3
tem seu patch desde antes de eu nascer, e Ma4 sempre ficou ao seu lado. Mesmo que
eu tenha sido protegida todo o possível, vi mais morte, armas, drogas, sexo e sangue
nos meus vinte e cinco anos do que a maioria das pessoas poderia tolerar. Esse era o
meu normal. Essa era a minha realidade. Aceitei isso muito tempo atrás.
Eu senti falta da minha vida, e sempre soube o meu lugar nela. Ser filha do vice-
presidente não me deixou idealizar que eu sou nada mais do que exatamente isso. Eu
não tenho privilégios especiais porque, no fim das contas, não sou, nem nunca vou
ser, um membro pleno do clube. Eu conquistei o respeito que ganhei dos irmãos
aprendendo o que eles tinham tempo para me ensinar. Eu prosperei nisso, e não
podia esperar para ter tudo de volta.
Estava pronta para dar o fora desse buraco do inferno e, finalmente, voltar para
a minha família. Voltar para a vida que me foi tirada há dois anos, quando as coisas
deram errado. Eu mal podia esperar, porra.

*****

2 Patch é o emblema costurado no colete dos motoqueiros que lhes confere o status de membro oficial do clube.
Antes de receber um patch, aquele que quer ser membro vira um prospecto, uma espécie de estagiário e faz tudo que,
após votação do clube (geralmente há uma votação), ganha seu patch ou não.
3
Abreviatura carinhosa de Papai
4
Abreviatura carinhosa de Mamãe

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Caminhando pelo corredor, a luz do sol entrava em cascata através da pequena
janela retangular. Comecei a piscar os olhos, me preparando para o ajuste quando a
porta se abriu. Nunca gostei de surpresas, elas te matam rapidamente. Eu esperava
que meus instintos do mundo exterior estivessem de volta depois desse tempo todo.
Essa era a única coisa que eu tinha medo de perder. Aprendi a me manter afiada aqui
dentro para ficar viva, mas ser livre era um tipo diferente de sobrevivência.
— Aqui, — o tom frio do guarda, algo que eu nunca perdia, me fez ir em frente.
Alguns desses babacas eram indivíduos completamente escrotos que assediavam
mulheres diariamente. Felizmente eu só tive dois encontros com eles. Quando
quebrei o nariz de um, ele decidiu que eu não valia a pena o trabalho. Fui trancada na
solitária por alguns dias, ganhei alguns hematomas, mas eu realmente gostava de lá.
Eu era deixada em paz. Pensei em fazer isso outra vez, quem saber estender minha
estadia, mas minha mente sempre se voltava para a sobrevivência e dar um jeito de
sair daqui do jeito mais fácil possível.
O outro eu tentei bloquear da minha cabeça. Assim que meus pés passassem
pela porta, eu iria esquecer o que ele fez e nem uma única alma jamais saberia.
Observei o guarda estender a mão, segurando uma sacola plástica. Eu a peguei e
não havia muito dentro. As roupas que eu estava usando quando caí nesse buraco do
inferno foram rasgadas quando não me movi tão rápido quando o policial mandou,
então poucas coisas restaram. Dentro da sacola havia a corrente de cruz que eu usava
naquela noite, minha identidade e alguns dólares. Isso realmente me surpreendeu;
eu jurava que já teria desaparecido, com todo esse tipo de gente por aqui.
— Gavelson! — eu não queria me virar para a voz, não com a saída tão perto.
Mas eu sabia que eles ainda me tinham até que passasse pela porta. Até lá, eu
precisava me controlar.
— Sim, senhor, — eu disse, lentamente me virando para ver o guarda se
aproximando. Sua constituição atarracada e a barriga caindo por cima da calça do
uniforme não era nada excitante, mas ele provou ser um bom aliado enquanto estive
aqui. O guarda Dunn estava na folha de pagamento de Pops, e sempre vinha com

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coisas legais para mim. Ele até me trouxe algumas coisas que Pops mandou durante a
minha estada. Então eu o respeitava tanto quanto uma pessoa enquanto estava
trancada. Se confiava nele? Não. No momento que você confiava em alguém aqui,
acabava morto.
Olhando diretamente nos meus olhos, vi uma faísca de preocupação ali
enquanto ele inclinava ligeiramente a cabeça para o lado. Sua voz me lembrava a de
um adolescente, embora ele estivesse muito longe dessa idade. Sua voz soava áspera,
como se ele fosse passar pela mudança novamente. — Não volte aqui, garota.
— Vou fazer o possível, — eu respondi, imediatamente sabendo que não havia
garantias nessa vida, e a sua palavra era o seu único laço. Se você não tinha isso, não
tinha nada. Eu não ia fazer-lhe uma promessa; não sabia se poderia mantê-la. Mas
com certeza ia dar o meu sangue para nunca mais colocar os pés aqui outra vez.
— Se cuide, Princesa, — o guarda sussurrou enquanto batia no meu ombro
gentilmente. Meu sangue ferveu quando me virei para ir em direção à porta. Passei
toda a minha vida tentando provar a todos que eu não era uma maldita princesa, mas
o apelido continava me seguindo como se fosse merda grudada no meu sapato.
Muitas mulheres no meu mundo teriam amado esse título. Para mim, no entanto,
representava fraqueza. E eu não suportava ser relacionada com fraqueza.
Quando o guarda abriu a porta, a luz brilhante me cegou. Pisquei rapidamente
para voltar a enxergar. Tapando os olhos com a mão, olhei ao redor até encontrar o
familiar Chevy ’56 vermelho com chamas brancas pintadas no capô. E mais
importante, encontrei a mulher parada ao lado dele, Casey.
— Bem, você não tem um sorriso de merda no rosto, — o sorriso de Casey era
um dos mais bonitos que eu já tinha visto em uma mulher. Com seu cabelo loiro e
corpo elegante, ela podia conseguir o que quisesse, onde quisesse, mas nunca usava
isso como vantagem. Casey e eu éramos melhores amigas desde crianças, crescemos
juntas no clube. O pai dela, Bam, foi um membro pleno do clube e morreu alguns
anos atrás.
Nós experimentamos tudo juntas. Ela era minha companheira de crimes e eu
senti a sua falta. Segurando seu rosto entre as minhas mãos, encarei seus olhos de

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esmeralda antes de lhe dar um beijo nos lábios. Ela tinha gosto de cereja, me
lembrando das pequenas coisas que eu senti saudade. Então eu me mexi e lhe dei um
beijo na bochecha.
— Uau, oi para você também, garota, — ela riu da minha atitude e enrolou os
braços apertados ao meu redor, me agarrando até me deixar sem ar.
Dando um passo para trás, disse, — Eu apenas senti sua falta, baby. Me tire
daqui agora, — e abri a porta do carro. Pulei dentro do automóvel bonito. O carro era
incrível, um clássico. Em nosso mundo, era chamado de jaula, uma vez que tudo que
não era uma moto era considerado assim.
O pai de Casey a ajudou a consertá-lo na oficina, passando horas e horas para
que ele ficasse perfeito. Ele ensinou tudo que ela precisava saber sobre conserto de
carros e motos. Quando seu pai morreu, esse carro era a única conexão que restou
com ele. Era a coisa mais preciosa para ela em todo mundo, e cuidava dele como se
fosse um filho.
Casey trabalhava na loja, Banner Automotive, que era ligada ao clube. Ela podia
ser uma garota toda feminina, mas era só lhe dar uma chave de fenda e um motor
que ela se transformava. Para não mencionar que os caras realmente gostavam dos
jeans apertados que ela usava. Homens eram tão previsíveis.
— Claro, você está pronta para ter esse esfregão domado? — os olhos de
Casey viajaram pelo meu cabelo castanho feio, espigado e embaraçado. Eu sabia que
parecia uma merda, e por isso essa era umas prioridades a serem resolvidas.
— Absolutamente.
Depois de três horas na cadeira, conversando com Cam enquanto ela fazia sua
mágica no meu cabelo, eu me sentia uma nova mulher. Meu cabelo castanho escuro
estava de volta, com brilhantes mechas vermelhas, assim como gostava. Em vez de
espigado, ele estava suave e macio. As ondas naturais eram um complemento.
Mantê-lo comprido na cadeia tinha sido um sacrifício que eu nunca iria querer
repetir. Só porque Pops mantinha os caras na folha de pagamento, isso não queria
dizer que as coisas eram fáceis para mim. Eu tinha que merecer, imagine se não. Isso
não é algo que eu queria reviver jamais.

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A viagem até em casa foi rápida, e não podia esperar para tirar essas roupas de
prisão. Precisava tirar o fedor daquele lugar de cima de mim. Amarrando meu cabelo,
pulei no chuveiro e deixei que a água limpasse os últimos dois anos no inferno.
Depois de virar uma ameixa seca, me arrumei rapidamente. Encontrei minha calça
jeans favorita, com milhares de buracos nos lugares certos, e minha camiseta preta e
justa da Harley. Depois de um pouco de maquiagem, eu estava pronta para ver minha
família.
Entrando na sala de estar, vi Casey jogada no sofá com um controle remoto na
mão, passando sem parar pelos canais. — Onde está ela? — eu perguntei, querendo
a minha garota de volta.
— Vamos lá, — Casey se levantou e foi até o seu quarto, eu a seguindo logo
atrás. Ela cavou no seu armário e puxou uma caixa fechada. Casey colocou a caixa
sobre um gaveteiro. Então procurou um pouco na primeira gaveta, pegou uma chave
e abriu a caixa.
Ali dentro estava a minha garota. 9mm de poder que cabiam na palma da minha
mão perfeitamente. Aprendi a atirar com essa arma. Meu pai me deu quando eu
tinha catorze anos, e eu nunca saía de casa sem ela.
Sentindo o peso em minha mão, acariciei o bonito pedaço de metal, me
sentindo feliz e em paz. Eu sempre me sentia protegida quando ela estava comigo.
Foi uma das coisas que me manteve viva por tanto tempo. Eu não sou apenas rápida,
mas uma ótima atiradora. Dois anos é bastante sem praticar, no entanto. Eu
precisava ir para o campo de treinamento e atirar por algumas rodadas.
Verificando minha arma, me certifiquei de que ela estava cheia e carregada.
Travei a segurança, lhe dei um beijo suave e a coloquei debaixo da minha camiseta,
em um pequeno coldre às minhas costas.
Casey enrolou seus braços ao meu redor, me abraçando apertado, e eu devolvi.
— Estou tão feliz de ter você de volta, — ela sussurrou baixinho em meu ouvido.
— Eu também. Vamos ver os rapazes.

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Eu me afastei e encarei seus olhos. Ela era a única pessoa que eu sabia que
sempre cobriria minhas costas, não importava a razão. — Vamos, — ela sorriu, me
puxando pelo braço até à porta.
As coisas pareciam exatamente as mesmas pelas ruas de Sumner, Georgia. As
mesmas lojas e bancos estavam alinhados no centro da cidade, com as pessoas
andando pelas ruas sem nenhuma preocupação no mundo. Elas eram livres, assim
como eu era e pretendia continuar.
Boas pessoas viviam aqui. Elas eram honestas; bem, na maior parte. Quando um
pessoal de fora veio para cá, foi quando começámos a ter problemas.
Infelizmente, eu fui mantida no escuro sobre a maior parte do que estava
acontecendo no clube. Quando Ma ia me visitar, ela nunca falava sobre os irmãos, e
eu nunca perguntei. As pessoas sempre estavam nos ouvindo, então não podíamos
arriscar. Eu não sabia o lado bom e ruim do que estava acontecendo, e me sentia um
pouco perdida. Ma apenas me dizia que minha família me amava. Isso eu sabia.
O que eu não sabia era no que eu ia entrar assim que chegasse à loja e ao clube.
Isso era um pouco enervante, mas não podia deixar aparecer. Eu nunca mostrava
fraqueza... nunca.
Puxando os portões fechados com arame farpado enrolados na parte de cima, o
sorriso que se espalhou pelo meu rosto foi irresistível. Eu estava finalmente em
casa.
Um homem que eu nunca vi antes, usando um colete de prospecto, apareceu
no lado da janela. — Ei, Casey. Você está trabalhando hoje?
Sorrindo para ele, ela pegou a minha mão e apertou com força. Ele era bastante
quente para um prospecto novato. Seu cabelo escuro caía sobre as orelhas, mas não
chegava aos ombros. Seus olhos castanhos eram cor de chocolate, combinando com
a suavidade da sua voz. Seu nariz parecia já ter levado algumas batidas ao longo dos
anos e era um pouco torto. Era um gato muito gostoso.
Apertando a mão de Casey de volta, eu a deixei saber que entendia toda aquela
gostosura, e ela finalmente falou, — Ei, Tug. Eu trouxe Harlow para casa.

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Tug me olhou de cima a baixo. — Dê uma boa olhada, amigo, — eu disse com o
sorriso malicioso que era minha marca registrada e que eu sabia que ia fazê-lo comer
na minha mão.
— Com certeza, querida. Então você é a famosa Princesa, hum? — revirando os
olhos, virei para encarar o estrago já feito na nossa conversa. Passar a vida inteira
tentando provar algo errado era exaustivo, e eu sabia que todos aqui continuariam
me chamando assim.
— Vamos lá, — eu disse, estalando os dedos na minha frente, apontando para o
portão.
— O seu pai está realmente animado em te ver, mas eles estão em uma missa5.
Vão sair logo, — Tug se virou para o portão e destravou o cadeado. As portas de aço
começaram a se mover até abrir totalmente.
Quando o caminho ficou livre, dei uma olhada. À esquerda estava a loja, Banner
Automotive. Esse era um dos negócios que o Ravage MC possuía que ia muito bem,
para não mencionar que precisávamos de um lugar para trabalhar em nossas motos.
Minha mãe trabalhava com a contabilidade e lidava com os clientes que chegavam
por uma outra entrada, oposta àquela por onde os caras entravam. Ela fazia isso
desde que eu era criança. Passei muito tempo no escritório com a minha mãe. Meus
olhos estudaram as motos dos membros e prospectos estacionadas à direita. Uma ao
lado da outra, eu podia dizer os nomes dos donos de quase todas. Era assim que eu
sabia que havia caras novos, membros ou prospectos.
Casey estacionou o carro na frente da loja e desligou o motor. Ao entrar, eu
realmente me sentia inquieta. Não reconheci ninguém, mas todos cumprimentaram
Casey. Eu deveria ter esperado uma nova equipe; elas mudavam com frequência. Os
negócios do clube eram mantidos separados da loja. Podia sentir seus olhos em mim,
mas mantive os meus fixos na porta dos fundos. Eu queria ver os meus homens.
— Moça, você não pode entrar aí! — um dos caras gritou.

5 Reunião dos membros do MC

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— O inferno que não, — comecei a marchar na direção da porta, sabendo que
meu paraíso pessoal estava do outro lado. Eu tinha que vê-lo. Eu tinha que senti-lo
entre as minhas coxas. Um dos homens segurou meu braço, me virando para olhar
para ele direto em seus olhos. Ele era bonitinho, de um jeito mecânico-que-tem-as-
mãos-sujas-o-tempo-todo. Seu cabelo loiro era curto e seus olhos verdes tinham a
cor das folhas.
Se eu não estivesse tão puta por ele colocar as mãos em mim, talvez ficasse um
pouco atraída por ele, mas no momento eu estava apenas furiosa.
— Eu disse que você não vai lá. Por que diabos você trouxe essa vadia aqui? —
ele acusou Casey. O cara foi de bonitinho para babaca em dois segundos. Antes que
Casey pudesse dizer algo, eu puxei o braço do seu agarre e balancei, meu punho
acertou o seu nariz e sangue se espalhou por tudo. — Sua puta! Chame Diamond! —
ele latiu para os caras se virando e vindo na minha direção. Pode vir, filho da puta.
— Não! — eu ouvi Casey gritar, mas a ignorei totalmente. Eu sabia que podia
lidar com ele se fosse esperta.
Ele atacou com a mão direita, mas errou, o fazendo perder o equilíbrio.
Aproveitando a chance, juntei os dedos e criei um punho maior, como um taco.
Puxando para trás, ataquei com força, acertando-o direto nas costas e o fazendo cair
de joelhos no chão. Ele gemeu e eu fiquei feliz com a minha habilidade. Chutando
com a perna direta, minha bota acertou seu rosto com força, e sangue voou no ar. Ele
caiu com um baque.
Olhando ao redor da loja, percebi os outros homens que estavam só encarando
começarem a vir para mim. Sorri. Eu amava essa merda. Era muito diferente de lutar
apostando na prisão.
— Por favor, pare, — Casey disse, olhando para as suas unhas como se estivesse
totalmente entediada.
— Você podia me ajudar aqui, sabe, — eu disse, rindo.
Seus olhos encontraram os meus. — Você tem tudo sob controle e eu acabei de
fazer as unhas enquanto você terminava o seu cabelo. Nunca faço as unhas. Eu quero
mantêlas bonitas e tenho que trabalhar com elas — Casey me deu seu sorriso bonito.

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Ouvindo passos de botas atrás de mim, olhei rapidamente ao redor para ver
outro homem tentando me atacar. Eu adorava quando eles pensavam que podiam
fazer isso. Quando o cara se aproximou, me virei rápido e chutei com força e alto,
acertando o seu rosto.
Minha alegria acabou rápido quando uma arma foi pressionada na minha nuca e
engatilhada. Merda. Bem, então é assim que vamos jogar, ein?
— Querida, você acabou de começar uma tempestade de merda, — o sotaque
sulista em sua voz, misturado com o cheiro de couro, cigarros e muita testosterona
fez a minha boceta apertar, mas ele arruinou tudo ao colocar uma arma na minha
cabeça.
— Calma, não, — eu ignorei Casey, como sempre. Rapidamente, virei meu
corpo. Quando alcancei a arma para batê-la da sua mão, eu congelei
instantaneamente. Os três patches presos no seu colete eram como um sinal
vermelho para os meus olhos. Eu parei na hora, levantando as mãos. Eu nunca tocaria
em um irmão fora do ringue.
O homem de pé na minha frente tirou meu fôlego e colocou meus nervos em
curto-circuito. Seus ombros largos estavam cobertos por uma camiseta preta
apertada e um colete de couro adornado com vários patches que lhe caíam como
uma luva. Seus braços enormes eram cobertos de tatuagens a partir do punho. Eles
estavam flexionados; um apontava a arma com precisão, o outro estava fechado
apertado ao seu lado. Seu cabelo caramelo claro era curto dos lados, mas comprido
na parte da cima, implorando para que uma mulher passasse os dedos por ele. Sua
barba era bem curta, me fazendo salivar, me perguntando como seria tê-lo entre as
minhas coxas. Seus olhos de safira estavam estreitados para mim, enquanto eu o
encarava sem esforço, incapaz de falar.
— Mas que diabos está acontecendo aqui? — afastando meu olhar do homem,
foquei na voz familiar da qual senti tanta saudade. Os olhos de Pops correram pelo
cômodo e quando caíram sobre mim, sua raiva desapareceu instantaneamente. —
Que porra é essa? — ele olhou para o homem com a arma apontada diretamente
para a minha cabeça e fechou as mãos em punhos.

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— Ei, Pops, — eu disse, virando os olhos para o bonito espécime na minha
frente, querendo que ele soubesse que eu não estava com medo. Se eu precisava de
uma bala na minha cabeça, então que fosse. Eu não ia me encolher.
— Você conhece essa vadia? — o gostosão idiota na minha frente disse, e meus
lábios se curvaram lentamente. Se ele não estivesse usando esse colete, eu ia mostrar
a vadia que eu podia ser.
— Abaixe essa maldita arma, Cruz, — Pops disse brincando. A raiva se
derramando do rosto do homem à minha frente me disse que ele não achava nada
disso divertido. Ele começou a dar um passo mais perto. — Cruz. Pare! — Pops latiu
alto quando os outros caras começaram a se agrupar atrás dele. Cruz parou na hora,
mas manteve a arma apontada para mim. — Cruz, essa é a minha filha, Princesa.
— Merda. Você está brincando comigo, porra? — a raiva de Cruz na verdade era
bem engraçada, e eu tive que segurar uma risadinha que queria escapar. Eu tinha
respeito demais para deixar escapar. Mas o olhar chocado no rosto desse homem
durão tatuado não tinha preço. Talvez eu devesse ter contado a ele antes, mas o que
posso dizer... eu nasci uma vadia.
— Não, eu não estou brincando. Saia de perto dela e abaixe essa maldita arma,
— virando a cabeça na direção de Pops, pude ver que ele estava fumegando. Sempre
que Pops ficava irritado sua testa ficava vermelha, as linhas de expressão se tornavam
mais proeminentes e a veia em seu pescoço saltava na batida do coração. Enquanto
estava crescendo, essa era uma visão que eu odiava; ele costumava me assustar
demais.
Meus olhos correram de volta para Cruz, que estava me encarando. — Se você
ainda está irritado por antes, podemos nos encontrar no ringue, — eu sorri
docemente. Podia ver a fumaça saindo dos seus ouvidos. A confusão marcava os seus
olhos, mas eu não ia me explicar agora. Estendi a mão para Cruz, — Prazer em te
conhecer. Eu sou Harlow.
Ele me encarou como se pudesse me fazer entrar em combustão instantânea.
Desculpa querido, seus superpoderes não vão funcionar. Eu estive aqui por tempo
demais para deixar isso me atingir.

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Ele baixou a arma hesitantemente, a colocou nas costas e estendeu a mão para
mim. Eu a apertei e era quente, áspera, forte, e um arrepio correu pelo meu corpo,
começando nas nossas mãos conectadas e indo até os meus pés, me deixando em
chamas. — Cruz, — acordando, eu puxei a mão rapidamente, não querendo que ele
sentisse o mesmo. Me afastando do seu olhar intenso, pisquei, bati nele ao passar e
me atirei nos braços de Pops. Ele me pegou e abraçou apertado.
— Oi, pai, — eu sussurrei no seu ouvido, assim só ele podia ouvir. Eu nunca o
chamava assim em público desde que era criança. Ele era Pops para todo mundo
aqui, inclusive para mim.
— Ei, baby. Já estava na hora de ter você de volta, — ele me apertou mais forte
e me colocou no chão. Olhei para ele, sua longa barba escura agora tinha muitos tons
de cinza, fazendo ela grisalha. O cabelo em sua cabeça também estava assim, mas
com ainda mais mechas cinzas. Seus olhos ainda eram do azul mais poderoso. Olhos
que me passaram segurança durante todos esses anos. Percebendo todas as linhas ao
redor dos seus olhos, me perguntei como ele estava indo.
— Você está bem, Pops? — eu perguntei, inclinando a cabeça para o lado e
levantando as sobrancelhas. Minhas mãos descansavam no seu peito.
— Eu estou agora, — sua barba tentou esconder seu sorriso, mas eu o vi ali, seu
dente prateado brilhando para mim, esse sorriso me aquecendo como nenhum
outro. Meu Pops podia não ter uma vida convencional, mas uma coisa era certa: ele
amava a sua família e faria qualquer coisa por nós.
— Você está de volta e eu não ganho nada? — me virando para a voz baixa, eu
me atirei nos braços do meu irmão e o abracei o mais apertado que pude, tirando o
ar dos seus pulmões. Meu irmão... esse, de sangue. Enquanto crescíamos, sabíamos
que ele ia virar um membro do clube assim que pudesse ganhar o seu patch. Nós
fomos criados aqui juntos. Ma sempre me manteve longe de GT, mas era por razões
óbvias. GT ganhou seu patch quando fez dezoito anos. Eu fiquei absolutamente
orgulhosa dele.
— Oi, GT, — eu disse, me empurrando no seu peito forte.

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— Oi, garota. Como você está? — ele era absolutamente lindo. Uma barba curta
cobria seu rosto, enquanto o cabelo loiro escuro caía sobre os ombros. Ele tinha os
mesmos olhos azuis que eu, e cada vez que olhava para eles, sentia a mesma conexão
de quando éramos crianças. Eu faria qualquer coisa por ele, e sabia que ele faria por
mim. Seus braços tatuados eram rocha sólida, e a camiseta que ele estava usando era
apertada nas mangas, mostrando cada contorno. Seu nariz pequeno e maxilar forte
completavam o pacote. Não que eu estivesse atraída por ele ou algo assim, mas as
hordas de mulheres que iam e vinham até aqui atrás dele com certeza estavam.
— Sim, irmãozinho. Estou bem, — eu sorri, me virando para ver todos os
homens que conheci a minha vida inteira. Orgulho e alegria se misturaram no meu
coração. Depois de abraçar Dagger, Rhys, Zed e Becs, procurei por ele. Nosso
Presidente. Eu sabia que não era um membro, mas essa era nossa família e Diamond
era nosso líder.
— Onde está Diamond? — eu perguntei a Pops, olhando atrás dele para os
homens que eu cresci aprendendo a gostar. Sim, eles eram difíceis e ninguém iria
querer vê-los irritados, mas para mim, eles eram família. Eu amava cada um à sua
maneira.
— Está lá dentro. Ele queria checar tudo antes de vir aqui fora, — Diamond era
um rei por aqui. Todos nós o respeitávamos e aceitávamos as suas palavras e regras.
Ele assumiu como Presidente depois que meu avô morreu, e Pops virou seu vice-
presidente. Ele era afiado como uma navalha e conhecia a sua merda. Era um homem
de negócios muito esperto e viajava com o clube regularmente. Você nunca diria que
ele estava chegando aos setenta.
— Eu vou vê-lo em um minuto. Preciso ver Sting, — precisava dele mais do
precisava respirar.
— Vamos lá, — GT jogou os braços sobre os meus ombros e apertou enquanto
me levava para fora da sala.
Bloqueando nosso caminho estava o homem com quem briguei primeiro. — Me
desculpe. Eu só estava tentando protegê-lo, — sua voz era trêmula, mas quem
poderia culpá-lo? Eu desloquei seu nariz.

19
— Tudo bem. Obrigada, — eu sorri suavemente. Eu sabia que ele estava fazendo
seu trabalho. Eu só não me importava, porque ninguém me obrigava a ficar longe dos
meus homens. Poderia ter lidado com as coisas de forma diferente, claro, mas merda
acontece.
GT abriu a porta, e ali no meio estava o meu homem. No meio do aposento
estava orgulhosamente estacionada a minha Ultra Groundpounder Hadtail 976. Seu
corpo duro de cromo e a bonita pintura preta e vermelha combinavam totalmente.
Era a moto das motos. E era ótima entre as minhas pernas, além de sempre estar lá
quando precisei. Amor e calor correram pelo meu corpo.
— Alguém o levou para passear? — eu perguntei aos vários homens
amontoados ao nosso lado.
— Sim. Ele está em bom estado, — a voz do meu pai veio de trás de mim. Eu
sabia que podia contar com ele.
— Obrigada, Pops, — eu disse, acomodando a minha besta entre as coxas.
Alcançando o manche, liguei o motor. O rugido e as vibrações fizeram minha calcinha
ficar imediatamente molhada. Eles não chamavam essa máquina de vibrador
Milwaukee7 por nada.
— Humm... você está bem, Princesa? — GT perguntou olhando para mim, um
grande sorriso no rosto. — Eu não vou sentar aqui e ver você gozar.
Olhando para ele, respondi, — Então é bom você sair daqui rápido, — meu
corpo estava queimando por alívio. Já fazia muito tempo e as vibrações eram boas
demais, batendo no meu clitóris perfeitamente.
— Eu vou ver, — Dagger cortou, cruzando os braços sobre o peito.
— Dagger, você pararia para ver dois cães trepando, — eu digo, balançando
minhas sobrancelhas sugestivamente.
— Exatamente, e a única coisa melhor do que ver você gozando seria o meu pau
fazendo esse trabalho, — Dagger estava no clube por anos, e era um grande cafajeste

6
Trata-se uma moto e que ela diz ser seu homem.
7
É uma furadeira, mas também é um termo associado a motos muito potentes.

20
que transava com tudo que tivesse um buraco e fosse feminino, claro, e não fazia
nenhum segredo sobre isso, nem mesmo para sua old lady. Dagger era um homem
muito áspero. Sua pele áspera curtida era mascarada por seu longo cabelo loiro
trançado pelas costas e preso com uma bandana vermelha, branca e azul sobre a
testa. Ele nunca fez segredo para ninguém que adoraria me levar para um passeio.
Infelizmente para ele, eu nunca saía com os irmãos.
— Vocês não vão ficar vendo a minha garota. Dêem o fora daqui! — Pops latiu
para os homens, mas nenhum deles pareceu se mover, me surpreendendo. GT e
Pops, no entanto, saíram rapidamente. Balancei a cabeça, engolindo a risada.
Voltando à tarefa em minhas mãos, senti meu corpo quase lá. Esfreguei os
quadris para a frente e para trás no banco, sentindo meu homem forte cuidando de
mim. Fechando os olhos, fui tomada por uma onda de calor enquanto continuava a
me balançar. Eu não dava a mínima se os caras estavam aqui. Eu já os tinha visto
fazendo mais merda pelo complexo do que me importava em contar.
Faíscas voaram pelo meu corpo e minha respiração ficou mais rápida. Jogando a
cabeça para trás, aproveitei as sensações correndo pelo meu corpo. Droga, eu amava
o meu homem. Abrindo os olhos, todos estavam me encarando, e eu não pude evitar
me divertir. Desliguei Sting e desci, sentindo minha calcinha molhada esfregando
contra o jeans, o que me fez sorrir. Eu tinha que sair com ele para uma corrida muito
em breve.
— Porra, garota, — meus olhos caíram no enorme sorriso de Zed. Estudei seu
corpo com satisfação. Podia ver a grande ereção tentando explodir da sua calça de
couro. Eu amava ter efeito nos homens. Eu podia não dormir com eles, mas provocar
nunca machucou ninguém.
Apontando para o seu pau, — Talvez você precise cuidar disso.
— Você quer cuidar? — ele deu um passo mais perto, agarrando o pau. Seu
cabelo bastante curto tinha cor de água embarrada, e os olhos escuros como a meia-
noite eram penetrantes. Sua constituição sólida era intimidante para a maioria, mas
não para mim.

21
— Nos seus sonhos, — eu disse com a voz firme, empurrando-o ao passar, me
certificando de esfregar o braço apenas o suficiente para fazê-lo reagir.
E então veio, — Droga, baby, — ele rosnou, me fazendo sorrir.
— Certo, estou melhor. Vamos ver Diamond, — olhando ao redor do lugar, vi
Cruz me encarando. — O que foi, garotão? Não consegue lidar com isso?
— Com certeza. Só estava me perguntando se você consegue, — quando seu
olhar me atravessou, me fiz a mesma pergunta, mas não precisei responder. Meu
coração acelerou e essa foi uma resposta que me assustou pra caralho. Mas não
demonstrei nada. Jamais.
— Claro, coloque para fora e vamos começar, — eu queria ver se esse homem só
estava me provocando ou se era feito de um material duro de verdade. Me torturar
era sempre divertido e eu sabia que nunca ia fazer um movimento. Nunca cometi o
erro de dormir com um irmão.
O canto da sua boca se curvou em um sorriso sexy quando ele começou a abrir o
cinto. — Certo, todos para fora. Agora! — Pops latiu do outro lado da porta, sem se
incomodar em entrar.
— Vamos lá, Pops, Cruz e eu temos assuntos não resolvidos aqui, — eu disse,
meus olhos nunca deixando Cruz enquanto ele desabotoava a calça e puxava o zíper
para baixo.
— Vocês não vão fazer essa merda, — a voz de Pops ficou mais irritada e ele
entrou na sala, parando do meu lado. Seus olhos estavam focados apenas em mim.
Me virando para Pops, busquei as profundezas dos seus olhos, sabendo que ele
estava me protegendo. — Pops, eu sei as regras, — levantei a mão e lhe dei um
tapinha no peito.
— Certo, mas você está brincando com fogo com esse daqui, — Pops saiu
apressado e os outros caras foram atrás. Andando até à porta e fechando-a, eu ouvi a
batida do trinco.

22
Eu me viro lentamente; Cruz segura seu pau duro e grosso na mão, e se acaricia
metodicamente. Observá-lo faz meu corpo esquentar de novo, pegar fogo, e minha
boca fica seca. — Você gosta disso, baby? — Deus, esse profundo sotaque sulista na
sua voz me faz estremecer.
— Ah sim. Dois anos é muito tempo. Talvez você possa ajudar uma garota a se
aliviar, — eu baixei a minha voz para um miado baixo e sedutor e fiz a garota estúpida
batendo os cílios para ele. Os caras sempre amam essa merda.
Ele se aproximou. Minha boca começou a salivar quando o cheiro dele me
assaltou. Eu o queria. Muito. Estendi a mão e corri as unhas pelo seu peito, sentindo
os músculos definidos do seu abdômen por baixo da camiseta. Antes que eu pudesse
me afastar, Cruz agarrou a parte de trás da minha cabeça com força e esmagou os
lábios nos meus. Foi um beijo duro e intenso, que tomou todo o ar do meu corpo.
Meu corpo estava me dizendo que eu precisava disso.
Mas então meu cérebro fez uma aparição e eu sabia que precisava parar. Uma
coisa que eu não fazia era dormir com os irmãos. Causava muita tensão, e eu não
queria lidar com essa merda. Juntando cada grama de energia que podia, eu me
afastei dele e tentei recuperar meu fôlego não existente. Olhei para os seus
penetrantes olhos azuis e, pela primeira vez, desejei que meu cérebro tivesse ficado
quieto. Eu queria esse homem.
Lambendo os lábios, caminhei até à porta e segurei a maçaneta. — Que pena
para você que eu não dou para os irmãos, — eu não dei a ele a chance de responder.
Me virei rapidamente e saí da loja na direção do pátio do complexo, deixando-o
sozinho com o pau na mão.
Meu corpo estava inflamado pelo gosto dos seus lábios. Eu me perguntei o que
seu corpo faria com o meu. Depois do nosso breve interlúdio, eu sabia que ele ia me
virar do avesso. A parte triste era: eu queria saber como seria o seu toque... como ele
me faria gritar, porque não havia jeito que um homem desses não me fizesse gritar...
várias vezes.
GT estava esperando na área comum. Sentado em um banco no
estacionamento, seus olhos não estavam em mim. Seu foco era apenas na loira

23
gostosa dobrada sobre um motor na loja, Casey, o que não me surpreendia. Ela era
uma linda mulher, e meu irmão, adorado por Deus, amava mulheres. — Você acha
que eu não posso cuidar de mim, irmão? — eu disse me sentando ao lado dele no
banco, tentando acalmar meu corpo em chamas e tirar a atenção dele de Casey.
GT estendeu sua carteira de cigarros e eu peguei um. Colocando-o entre os
meus lábios, ele acendeu e eu inalei lentamente, sentindo a queimação. Enquanto
estava presa não tinha permissão de fumar, novas regras, alguma merda sobre
códigos de prevenção de incêndio, essa porcaria toda. Eu fiquei ali sentindo minha
cabeça girar um pouco por causa da nicotina, o que me fez tragar com mais força.
— Eu sei que pode cuidar de si mesma. Como você está? — nós olhamos do
outro lado do pátio, observando a ação perto da loja, as pessoas indo e vindo,
mecânicos trabalhando em carros e motos. Todos seguiam com suas vidas sem
nenhuma preocupação no mundo.
— Eu estou bem, agora que saí, — eu não tinha me sentido tão bem em muito
tempo. Estar preso em uma cela era algo que ninguém jamais deveria ter que passar,
especialmente se for por alguma coisa maldita que você não fez. Chantagem, sim,
certo. Se eu realmente tivesse feito a merda pela qual fui acusada, não teria sido
estúpida de deixar tantas evidências.
— Eu sinto muito por você estar lá. Eu deveria ter feito algo, — ele disse,
balançando a cabeça de um lado para o outro. Eu sabia que ele se sentia culpado,
assim como os outros irmãos, mas não havia nada que eles pudessem fazer. Foi o que
o advogado disse.
Colocando um braço nas suas costas, comecei a esfregar para cima e para baixo.
— Não havia nada que você pudesse fazer. Foi uma armação, e de alguma forma ela
conseguiu que desse certo. Não foi culpa de ninguém, só dela, — e minha, por não
acreditar em meus instintos.
— Você vai cuidar disso agora? — os olhos de GT voltaram para Casey, que
estava falando animadamente com as mãos com um dos mecânicos.

24
— Porra, sim. Aquelas vadias não vão saber o que as atingiu, — passei os últimos
dois anos planejando a sua derrocada, então ia de veloz e furiosa para lenta e
dolorosa. Tudo dependeria do meu humor no dia em que tudo acontecesse. Levei um
ano trancafiada para descobrir que foi Babs que fez a armação. Eu não queria contar
para Ma porque sabia que ela ia contar para os irmãos, e eu queria a vadia. Mas
contei mesmo assim, sabendo que eles mereciam saber o que tinha acontecido. Mas
Babs desapareceu do radar por um tempo. Eu não sabia se isso era bom ou ruim. —
Mas eu preciso pensar e colocar a minha merda no lugar primeiro.
— Você precisa ser esperta. Eu não quero você de volta lá... nunca, — seus olhos
encontraram os meus, cheios de seriedade. Isso tocou fundo no meu coração.
— Eu nao vou voltar. Cometi um erro ao confiar na pessoa errada. Eu deveria
estar mais preparada. Não vai acontecer de novo, — apagando o cigarro na mesa, me
inclinei para trás e senti o sol quente aquecendo a minha pele.
— Eu te amo, — a mão de GT parou na minha perna e apertou. Meu coração
derreteu na hora.
— Eu te amo também, — sentados ali em silêncio por um tempo, deixamos que
os barulhos cotidianos da oficina enchessem o espaço. Era bom ter o sol na minha
pele e não ter que me mexer por ninguém. Se eu quisesse ficar aqui todo o dia, eu
iria. Sim... eu nunca ia voltar. — Então, o que tem de novo por aqui? Ma não podia
me contar muito quando ia visitar.
— Desculpe, eu não podia ir, — nenhum dos membros do clube foi me ver em
dois anos. Parte de mim se sentia renegada por eles, mas lá no fundo eu sabia que
eles estavam protegendo o clube. Uma palavra errada e tudo podia vir abaixo. Eu não
poderia viver com isso.
— Não se preocupe. Me conte.
Exalando profundamente, GT começou a discorrer sobre algumas merdas novas
e velhas que estavam acontecendo. Eu sabia que ele não podia me contar dos
negócios do clube, então se manteve nas coisas básicas sobre pessoas e famílias,
principalmente.

25
— E o meu estúdio? — dois anos antes de ser presa, eu tinha começado o Studio
X. O clube gerenciava o negócio, mas ele era meu. Eu o comecei do chão e fiz dele o
clube número um de strip em Sumner. Toda cidade precisava de um, e as pessoas
vinham de quilômetros de distância para curtir, principalmente homens casados que
precisavam de uma escapadinha. Eu não gosto de traição, mas no meu mundo isso
acontecia o tempo todo. Por mim, eu nunca permitiria isso.
O clube de strip era um jeito legal do clube fazer dinheiro, e eu estava feliz em
ajudar. Para não mencionar os meus pagamentos, que me permitiam viver uma vida
muito confortável. Era um sistema ganha-ganha. Mas enquanto eu estava fora, não
sei que diabos aconteceu. Eu só sabia que estava pronta para voltar.
— O X está ótimo. Liv está comandando o espetáculo, mantendo tudo na linha.
Tivemos alguns problemas para lidar. Nada demais. Algumas garotas foram
espancadas. O dinheiro é bom, — GT disse soprando a fumaça do cigarro e pausando.
— Você vai voltar a trabalhar?
— Sim. Vou ver tudo amanhã. Essa noite é de festa, — me levantando, tirei o pó
do meu traseiro. — Vou dar oi para Diamond.
Com o canto do olho, vi Cruz caminhando até à loja, com uns óculos escuros no
rosto que só deixou seu conjunto sexy ainda mais sexy. Será que isso era possível?
Quando ele virou a cabeça e encontrou meu olhar, balançou a cabeça e continuou
andando. — Qual a história dele?
— Ganhou seu patch há um ano, confiamos nele completamente. Era Fuzileiro
Naval e é um homem honrado. Ele já provou isso várias e várias vezes, — minha
mente imaginou Cruz de uniforme e gostei do que vi.
Então captei um homem no canto da oficina usando um colete de prospecto e
varrendo o asfalto, e acenei na sua direção. — E ele? — seu longo cabelo liso cobria
seu rosto, mas sua barba escura era comprida o bastante para que eu visse além das
pontas. Seu corpo era magro e esguio, mas seus movimentos eram fluidos e
estudados. Os olhos de GT seguiram os meus.

26
— Esse é Rocky. Muito quieto, mas fala quando é importante. Ele só está aqui há
seis meses, — inclinei a cabeça para o lado, tentando vê-lo melhor. Algo nele parecia
familiar, mas nada que eu pudesse apontar.
Eu me virei para GT — Senti sua falta, — eu disse, puxando meu irmão caçula
para um abraço apertado, que ele devolveu sem esforço. Desde que nós éramos
crianças, ele sempre agiu como se fosse o mais velho. Ele me ensinou mais do que
qualquer homem no clube. Esteve comigo no ringue, no tiroteio e ao meu lado
durante todos esses anos, me ensinando a ser a mulher que sou hoje. GT, também
conhecido como Gage Thomas apenas em sua certidão de nascimento, era a rocha
pela qual eu lutaria até parar de respirar.
— Também senti sua falta, Princesa.
Acenando, comecei a ir na direção da casa principal do complexo, com Cruz
alguns passos na minha frente. — Eu sei que você está aí, garota, — eu podia me
perder no profundo sotaque na sua voz. Não diminuí o passo, mas respondi.
— Eu vou ver Diamond.
Cruz se virou de repente, me fazendo parar no meio do caminho. — Vamos falar
sobre isso mais tarde.
— Vamos, é? Você acha que sabe como isso funciona? — me inclinando mais
perto dele, meus lábios quase tocando a sua orelha. — Eu não dou para os irmãos.
Isso não vai mudar.
Ele me desafiou de volta, se inclinando na minha orelha, o seu cheiro assaltando
meus sentidos. — Tudo muda.
Eu segurei o estremecimento que correu pelo meu corpo. Eu não ia ceder. Não
podia. Eu tinha visto muitas mommas8 entrando e saindo do clube, e os caras as
chamavam de vadias do clube. Os nomes eram intercambiáveis entre eles. Eu nunca
seria uma delas.

8Elas não eram necessariamente mães dos filhos deles, mas a ideia é como se elas fossem aspirantes a isso,
queriam se prender com os motoqueiros e ter uma família com eles, pela fama.

27
Uma coisa era encontrar um cara de fora do clube, ter um bom tempo e ir
embora. Aqui... aqui não havia como ir embora. Eu não ia passar nas mãos dos caras e
lidar com todo o drama de vê-los com outras mulheres. Eu era forte, mas sabia que
certas coisas eram demais.
Me afastando dele, passei pelas portas da casa. O cheiro de cerveja velha e
cigarros tomava conta de tudo. Ajustando meus olhos à escuridão, dei uma olhada
em todo o ambiente. Painéis escuros envolviam toda a sala. Uma parede era um
mural de fotos dos nossos amados já falecidos. A outra parede era o bar. Espelhos
cobriam as paredes com propagandas brilhantes de cervejas. Bebidas e copos
enchiam as prateleiras. O bar em formato L tinha toneladas de riscos e arranhões,
representando todos os anos de homens bebendo e se tornando irmãos.
Um homem da minha idade usando um colete de prospecto estava atrás do bar.
— Oi, querida, posso ajudar você?
— Oi, querido. O que eu quero, você não pode me dar, — eu miei, me inclinando
no bar apoiada nos ombros, dando a ele uma boa visão dos meus seios. Sim, ainda
estava flertando.
— Com certeza posso, — seus olhos se arrastaram sobre o que eu coloquei na
sua frente, e ele lambeu o lábio de cima.
Uma mão bateu com força no bar logo próximo a mim, me pegando fora de
guarda e me fazendo saltar um pouco. Cruz parou ao meu lado, encarando o
prospecto. — Ela é sua? — ele perguntou a Cruz.
— Sim. Caia fora, — Cruz rosnou.
Meu temperamento ferveu. De jeito nenhum no inferno esse cara ia me
reivindicar. Eu sabia como essa merda funcionava. Quando um irmão reivindicava
uma mulher, ela era intocável para todos os outros. Eu não devia me incomodar com
isso, uma vez que não queria ninguém do clube, mas a minha independência falou
mais alto. Isso realmente não estava acontecendo. — Cai fora você. Eu não sou sua.
Eu não sou de ninguém. Vamos deixar essa merda bem clara desde agora, — o
prospecto parecendo todo nervoso só me deixou mais irritada. — Ganhe bolas, — eu
murmurei, o encarando.

28
— Quem diabos você pensa que é? — o prospecto me encarou fixamente. O
caminho para o respeito era longo, e se esses merdas não o mostrassem agora... eles
nunca iriam começar.
Antes que pudesse mostrar ao imbecil o que eu sentia, Cruz se meteu. — Cale a
boca. Você não vai falar com ela assim, porra. Me ouviu? — seus olhos caíram
enquanto ele voltava a limpar o bar.
— Eu não preciso ser resgatada. Posso cuidar de mim mesma, porra, — agarrei o
lado do bar com força o bastante para deixar meus dedos brancos.
— Talvez esse seja o problema. Você precisa de um homem de verdade, em vez
desses viadinhos que deixam você vir com essa atitude de merda, — Cruz disse
pegando uma garrafa de cerveja do bar e tomando um longo gole. Observei seu
pomo de Adão balançar enquanto ele engolia, e segurei um gemido que queria
escapar dos meus lábios secos.
— Você sabe o que eu preciso? — eu me inclinei mais perto e senti seu cheiro,
mas consegui me controlar. — Eu preciso de um pau. Um que não tenha nada a ver
com o clube, e vou conseguir isso hoje à noite. Depois disso, tudo vai ficar bem. Não
preocupe o seu coraçãozinho com isso, — ao ouvir a respiração de Cruz ficar presa,
me virei do bar sorrindo.
— Princesa? — me virei na direção das portas da igreja9 e Diamond estava ali
parado todo alto e orgulhoso. Cara, esses dois últimos anos o envelheceram. Ele
ainda era lindo como sempre, no entanto, com seu cabelo cinza curto e olhos verdes
brilhantes; era óbvio que o tempo estava lhe favorecendo. Eu podia sentir o poder
irradiando dele.
Antes que eu pudesse caminhar até lá, Cruz agarrou o meu braço. — Nós não
acabamos aqui.
Assentindo e me puxando para longe de Cruz, eu me joguei nos braços de
Diamond. — Você está bem, seu velho?

9 Local do clube onde os membros se reúnem, u como dizem têm missa (reunião).

29
— Nunca estive melhor, agora que você está em casa, — Diamond enrolou os
braços ao meu redor com força, beijando a minha bochecha. — Eles deixaram você
usar essa merda vermelha no cabelo na prisão? — a sua própria pergunta o fez rir. Ele
sempre estava me dando palestras de merda sobre meu cabelo selvagem. Se fosse
contar, eu tinha tido apenas três ou quatro cores. Ele apenas gostava de pegar no
meu pé.
— Sim, quem fez foi uma vadia chamada Berta. Ela me fez chupar a sua boceta
primeiro.
Sua risada profunda era como música para os meus ouvidos. — Fico feliz de ver
que essa boca espertinha voltou para casa também.
Eu o apertei mais forte. — Obrigada, Di.

30
CAPÍTULO 2
HARLOW

Diamond me deixou entrar pela grande sala onde os irmãos se reuniam para a
missa e ir na direção do seu escritório. Quando me sentei na sala grande, ele segurou
minhas duas mãos. — Princesa, eu sinto muito que você teve que lidar com toda essa
merda.
— Eu estou bem, Diamond. Estou fora agora, — Ma contou aos irmãos que eu
estava reclamando um pouco por não ter controle sobre o meu destino. Eles
contrataram os melhores advogados e nós lutamos, mas no final a vadia má venceu.
Naquele tempo, eu não sabia que era Babs. Aquela cadela fez um bom trabalho em
coletar todas as evidências contra mim. Podia sentir a tensão no meu corpo começar
a crescer só de pensar nela. Agora não era a hora de explodir.
Quando ele apertou a minha mão, tentei segurar a minha raiva. — Primeiro, eu
queria agradecer por você lidar com tudo isso por nós. Eu sei que pedimos um pouco
demais.
O encarando nos olhos, toda a raiva deixou meu rosto. — Eu faria qualquer coisa
por esse clube. Você sabe. Aquelas vadias mereceram o que tiveram, — ele sorriu,
não tocando no assunto de novo. Eu sabia que esse era o seu jeito. As coisas que eles
faziam eram secretas, e eu não podia deixar de sentir um pouco de orgulho por ser
uma privilegiada. O fato é que me deixaram entrar apenas o bastante para me
inteirar do que precisava ser feito, e eu fiz. Derrubar as vadias que mexeram com o
clube foi uma honra.
— Por agora, vai ter um irmão com você o tempo todo, — olhei para ele
confusa, me perguntando o que estava acontecendo. Eu cuidei de mim mesma por
anos antes de ser presa e nunca precisei da ajuda de ninguém, nem mesmo dos
irmãos.

31
Fogo correu pelo meu corpo, fazendo um xingamento explodir, mas eu me
controlei e respirei fundo. Falei o mais calmamente que pude. — Com todo o
respeito, eu não preciso de babá. Posso cuidar de mim.
A felicidade natural de Diamond desapareceu, e eu soube que tinha passado dos
limites. Merda. Seu rosto ficou apertado e cada músculo se contraiu. Seus olhos
ficaram ameaçadores e perderam o calor e carinho do cara que tinha acabado de me
abraçar alguns minutos atrás, fazendo um arrepio de medo correr pelo meu corpo. —
Isso não está em discussão, moça. Você vai estar acompanhada de um irmão o tempo
todo.
Baixei a cabeça com vergonha. Desapontar Diamond fez com que dor corresse
pelo meu corpo, e eu poderia passar a eternidade sem sentir de novo. — Desculpe,
Diamond.
Ele se inclinou para trás na sua cadeira e cruzou os dedos juntos atrás da
cabeça. — Ouvi dizer que você teve um pequeno desentendimento com os
mecânicos.
Claro que ele já sabia. Nada passava pelo homem. — Sim, senhor.
— Você sabe que não pode sair por aí batendo nos meus funcionários, — seus
olhos estavam sérios, mas o calor voltou a emanar das suas palavras.
— Eu sei. Sinto muito.
— É bom mesmo que você sinta. Você vai se desculpar, — Diamond e Pops eram
os únicos a quem eu obedecia. Não tinha medo deles. Bem, talvez um pouco, mas era
por uma boa razão. Eu os respeitava com cada fibra do meu ser. Confiava neles e
sabia que eles sempre cobririam as minhas costas.
— Nós temos uma festa planejada para você essa noite, — um sorriso apareceu
no seu rosto. Eu sabia que eles não iam deixar a minha volta passar sem nada. Quase
fiquei desapontada quando cheguei e não vi uma festa de boas-vindas com força
total. Mas não deixei aparecer.
Diamond se inclinou mais perto e segurou minhas mãos, parando o movimento
rítmico que eu nem notei que estava fazendo. — Nós faríamos qualquer coisa por
você. Sabe disso, certo?
32
— Eu sei.
— Você precisa manter os olhos e ouvidos abertos o tempo todo, — eu me
perguntei sobre quem diabos ele estava me avisando, mas sabia que não teria
respostas nem se perguntasse.
— Você vai me contar para quem devo olhar?
Ele me encarou, a expressão inalterada. — Todo mundo. Agora saia daqui e vá
ver sua Ma, — ele acenou na direção da porta. Entendi que estava dispensada e me
levantei. Quando alcancei a porta, Diamond completou. — E também se desculpe
com Cruz.
Meu corpo congelou; foi como se todo o sangue tivesse se perdido na hora. A
mão que segurava a maçaneta da porta a apertou com tanta força que eu tinha
certeza que ia arrancar a coisa. Sem olhar para trás, perguntei, — Essa é a minha
punição?
Ele riu, mas não disse nada. Eu sabia a resposta. Uma coisa que era difícil como o
inferno para mim era mostrar fraqueza para os irmãos. Como mulher, eu já era
considerada fraca. Passei a minha vida toda tentando provar que isso estava errado.
Desde lutar, atirar e pilotar... eu fiz de tudo para que os irmãos me vissem como
alguém forte. Isso ia ser uma merda.
O bar estava iluminado, como sempre. O prospecto atrás dele e Cruz eram os
únicos dois homens no recinto, mas o que pegou a minha atenção foi a megera de
longos cabelos castanhos e pequenos pedaços de pano que mal cobriam suas
intimidades, parada ao lado de Cruz. Ela com certeza era uma vadia do clube. Todas
pareciam iguais: sem roupas e com uma ansiedade sobre elas que gritava vagabunda.
Eu já vi muitas dessas ao longo do meu tempo aqui. Se eu gostava? Não. Mas elas
eram parte disso, e eu as ignorava. Elas eram boceta de graça para os caras, todos os
caras, algo que eu me recusava algum dia ser.
A mão da mulher começou a correr de cima a baixo pelo braço forte de Cruz
enquanto ela se empurrava contra a sua lateral, seus peitos falsos se esfregando nele
sem parar. Normalmente eu só reviraria os olhos para a cena e andaria para o outro
lado, mas dessa vez fiquei presa no lugar. Os homens pegavam vadias do clube o

33
tempo todo, usavam todos os seus buracos e nada mais. Mas essa mulher estava
tocando Cruz, e eu não podia deixar de desejar ir até lá e lhe dar uma surra.
Mas eu sabia que não faria isso. Ele não era meu, e eu não queria que fosse.
Certo? Afastando esses pensamentos, me aproximei do bar. Soltando uma respiração,
eu sabia que tinha que pedir desculpas primeiro, mas não queria fazer isso com ela
pendurada sobre ele. Eu realmente precisava pegar Sting e limpar minha cabeça, o
que com certeza seria o meu próximo passo.
Empurrei os ombros para trás e endireitei a espinha o máximo que pude. O
prospecto arregalou os olhos quando cheguei mais perto. — Sinto muito. Eu não
sabia que você era a Princesa, — Cruz deve ter lhe enchido um pouco sobre a minha
história. O que eu não sabia por quê, considerando que Cruz não sabia merda
nenhuma sobre mim.
Eu sorri suavemente. — Sem problemas. Prazer em te conhecer.
— Como foi? — Cruz perguntou, interrompendo enquanto tomava outro gole da
sua cerveja. O som da sua garganta engolindo chegou aos meus ouvidos, e meus
olhos queriam desesperadamente ver seu pomo de Adão se mover, mas eu me
obriguei a olhar para o outro lado.
— Tudo certo. Posso falar com você um minuto? — eu perguntei me sentando
no banco ao seu lado.
— Você pode falar comigo sempre que quiser, baby, — sua voz me derretia
como manteiga, e eu queria chutar meu traseiro por isso. Precisava manter a cabeça
no lugar perto desse homem, mas temia não ser uma tarefa fácil. Ele se virou para a
mulher ao seu lado. — Saia daqui.
Seu grito agudo me fez revirar os olhos de nojo. — Mas, Cruz. Eu estou com
tesão, — Sério? Por que essas mulheres faziam essa merda eu nunca ia entender. Eu
e Casey prometemos jamais sermos assim. Nós nunca começaríamos a transar com
os irmãos e nos tornaríamos em algo como essa mulher com Cruz.
— Eu também, — seus olhos encontraram os meus quando as palavras saíram
da sua boca. A mulher apertou seu braço com força, mas meus pensamentos
correram para o beijo que ele me deu pouco tempo atrás, e meu rosto corou.

34
— Bom. Vamos lá para trás dar um jeito nisso, — ela miou alto o bastante para
todo mundo ouvir, mas eu tinha certeza que era um show para mim.
— Vamos ver. Eu tenho que ver se mais alguém vai me ajudar, primeiro, — seus
olhos nunca deixaram os meus enquanto a mulher reclamava. Ela se virou e me
encarou. Eu ri na sua cara. Não consegui impedir. Eu sabia que isso era infantil e
malvado, mas foda-se, se ela queria se colocar nessa posição, então era essa a merda
que acontecia.
— Vá dar uma volta, — ele disse para o prospecto no bar, que fez como ele
mandou e saiu da sala. — O que é tão engraçado? — ele perguntou, virando seu
corpo para mim sem sair do banco.
— Você, — balançando a cabeça, peguei a cerveja que o prospecto tinha
deixado para mim antes da sua rápida saída.
— Eu? Você é uma provocadora de pau, — sua voz tinha um pouco de humor,
mas também estava amarrada com frustração.
Eu sorri porque sabia que eu também estava assim. Fiquei surpresa por ele não
estar furioso, assim como a maioria dos homens ficaria depois da minha brincadeira
na oficina. Precisando terminar isso, soltei uma respiração profunda. Puxei cada
grama de força que pude e comecei a bater os dedos sobre o bar, então senti como
se o local estivesse com uns mil graus e eu estivesse queimando por dentro. Eu só
tinha que terminar isso. — Olhe, me desculpe por antes, — eu olhei para o bar, não
querendo fazer contato visual.
Depois de alguns segundos de silêncio, me virei para ele e vi um homem
memorável, com queixo forte e barba áspera. Isso fez minha boceta apertar, e eu
apertei as coxas para tentar aliviar a pressão. Sua mão agarrou o meu queixo, o que
fez uma corrente elétrica correr pelo meu corpo. Quando levantei a cabeça
completamente, estávamos nos encarando nos olhos. Minha respiração ficou presa
enquanto eu olhava nos mais bonitos olhos azuis.
Ele sorriu como se soubesse o que eu estava pensando, fazendo meu interior
derreter. Então me chocou. — Aquilo foi a coisa mais quente que eu já vi na vida.

35
Meus olhos se arregalaram. Eu esperava que ele viesse com merda para cima de
mim, gritasse comigo... alguma coisa. Essas palavras não eram o que eu estava
esperando. Mantive a boca fechada.
Ele se inclinou mais perto, seus lábios a apenas alguns centímetros dos meus.
Seus braços se enrolaram em volta da minha cintura e ele me puxou para perto,
batendo os lábios nos meus pela segunda vez. O gosto de cerveja, cigarro e desejo
invadiu minha boca, fazendo com que cada parte minha convulsionasse em arrepios.
Meus braços agarraram seu pescoço, e eu o puxei para perto instintivamente. Fazia
muito tempo que não sentia esse tipo de paixão por um homem, e estava
completamente perdida nisso.
Começamos a puxar os lábios um do outro, mordiscando, sugando e explorando.
Sua língua empurrou dentro da minha boca, e nós duelamos por poder. Suas mãos
apertaram mais o meu corpo, me puxando para ele. Sua ereção dura como pedra
pressionou contra mim, fazendo minha boceta doer. Eu queria isso... precisava.
Comecei a me esfregar contra ele como uma gata no cio, tentando conseguir o
máximo de fricção possível. Eu precisava gozar desesperadamente, e já que o meu
cérebro tinha decidido tirar férias, estava me afogando nas sensações dele.
— Mana! — a voz de GT explodiu pelo salão. Eu pulei rapidamente para tentar
sair dos braços de Cruz. Eu não gostava da sensação de parecer uma adolescente
sendo pega no flagra. — O que porra está acontecendo aqui? — meu irmão latiu.
— Nada, — eu disse, limpando os lábios com as costas da mão, me sentindo um
pouco envergonhada. Claro, ele já tinha me pego em situações comprometedoras
antes, mas nunca com um irmão. Eu realmente não estava gostando da sua reação
exagerada.
— O diabo que não é nada, — Cruz enrolou os braços na minha cintura, puxando
meu corpo com força. Eu podia sentir a sua ereção contra o meu traseiro, fazendo
minhas pernas tremerem, o querendo muito mais. Fechando os olhos, esperei que
meu cérebro resolvesse funcionar logo.
— Cruz, se afasta. Ela não teve um pau em dois anos. Ela não transa com os
irmãos. Nunca. Ela não é uma vadia do clube, — GT cruzou os braços sobre seu peito

36
largo e parou como meu protetor, mesmo que eu não precisasse de um; ainda assim,
foi uma atitude doce.
O corpo de Cruz endureceu com essas palavras. Eu não sei se ele pensou que eu
talvez me tornasse a puta dele ou sabia que eu era diferente. Esperava que fosse o
segundo. Ele não disse nada, e então sua voz soprou — As coisas mudam, — no meu
ouvido.
— Essa merda não vai mudar. Fique longe dela, — GT começou a se aproximar, e
então meu cérebro resolveu se juntar à festa.
Agarrando os braços de Cruz, eu me empurrei para longe do seu corpo. — Se os
garotos terminaram o concurso para ver quem mija mais longe, eu vou ver a Ma.
— Princesa, não. Você precisa colocar a cabeça no lugar, — GT latiu.
Colocando as mãos no peito do meu irmão, eu agarrei a sua camiseta e o puxei
para focar nos meus olhos. — Minha cabeça está fodida desde que aquela vadia
armou para mim. Eu já tenho um Pops, não preciso de outro. Eu não digo uma
maldita palavra sobre as cadelas que entram e saem do seu quarto. Não se atreva a
começar a fazer isso comigo.
GT colocou as mãos nos meus ombros e começou a esfregar de cima para baixo.
— Eu sinto muito que você tenha passado por tanto. Você sabe que eu tenho as suas
costas, — ele se virou para olhar para Cruz. — Em tudo.
— Estou bem, mano. Só preciso de uma corrida. Volto logo, — soltando a
camiseta de GT, eu a alisei, passando as mãos para cima e para baixo.
— Princesa! — a voz de Diamond ecoou do seu escritório.
Me virando para o som, respondi — Sim, — educadamente.
— Cruz vai com você, — ele ordenou sem hesitar um momento.
— Eu vou com ela, — GT disse com firmeza.
— Não. Cruz vai. Fim de discussão, — com essas palavras o problema foi
resolvido, e eu sabia que era Cruz quem ia comigo.

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— Eu estou bem. Sem problemas. Cruz vai me proteger de todas essas pessoas
más aí fora, — eu disse, revirando os olhos.
— Cuide dela, — GT disse enquanto parecia ter uma conversa privada e
silenciosa com Cruz sobre o meu ombro.
Me endireitando, eu sabia que precisava de Sting. — Encontro você lá na frente,
— eu gritei para Cruz enquanto meu pulso acelerava na possibilidade de montar o
meu homem.

***

Sentir o vento em meu cabelo e a vibração entre as minhas coxas era a melhor
sensação do universo. Era melhor até que drogas ou sexo. Era o único momento em
que me sentia realmente livre. Mesmo quando deixei os portões da prisão, não me
senti assim de verdade. Isso... isso eu sentia. Ter Cruz ao meu lado era um bônus, um
que eu não estava esperando. Sentado em sua moto, ele se manteve em sintonia
comigo. Ou talvez eu estivesse em sintonia com ele. Eu realmente não sabia, mas era
lindo.
Parei na casa de Ma, meu amado primeiro lar. Eu amava o cheiro da casa estilo
rancho de um andar, pintada de amarelo. Cresci aqui e o lugar tinhas inúmeras
memórias maravilhosas. Junto à comprida cerca de madeira branca havia todos os
diferentes tipos de flores que minha mãe amava. Ela me disse várias vezes quais
eram, mas eu não conseguia lembrar. Tudo que eu sabia é que elas eram rosas, roxas,
amarelas e brancas, e ela cuidava excepcionalmente bem de todas. Eu? Eu matava
qualquer coisa verde que tocasse. Mas se você me desse um motor ou um
carburador, eu poderia reconstruí-lo como uma campeã.
Ma deve ter ouvido o rugido de Sting, porque saiu correndo da casa com um
sorriso enorme no seu rosto bonito. Assim que ela me abraçou, eu me senti
completa.

38
CAPÍTULO 3
CRUZ

Harlow, a Princesa. Porra. Eu ouvi falar sobre ela desde que me tornei um
prospecto, dois anos atrás. Ela era tudo em quem os irmãos podiam pensar por muito
tempo. Eles estavam morrendo de preocupação por ela ter que ficar um tempo na
prisão. Não havia nada que o advogado pudesse fazer. A vadia responsável realmente
usou a cabeça e fechou um caso sólido contra Princesa, afirmando que ela estava
chantageando o prefeito por ir ao Studio X, ameaçando contar para todos na cidade.
Como se ela fosse fazer uma merda dessas. Eu a conhecia há apenas algumas horas e
já pude ver o jeito que ela era com os caras. Ela faria tudo por eles... e eles por ela.
Pops e GT estavam loucos nos primeiros meses em que ela esteve presa. Eles
viviam ansiosos para descobrir se ela estava bem. Eu era apenas um prospecto na
época e não tinha os privilégios de saber tudo. Então eu só observava, e você ficaria
impressionado com o que era possível ver.
Eu sei que a vida na prisão era dura, e quando você tem um clube como o
Ravage nas suas costas, a merda é ainda mais difícil. Tudo que precisou foi uma
mulher descontente e irritada porque matamos o seu homem para fazer da vida de
Princesa um inferno na terra.
Diamong e Pops colocaram muito esforço e dinheiro para garantir que ela
ficasse segura lá dentro. Ela não sabe tudo que eles tiveram que fazer, mas eu sei que
eles fariam tudo de novo sem hesitar. Vendo-a abraçar a sua mãe, eu totalmente
podia ver porquê.
Ela era tudo que eu sabia que queria em uma mulher. Ela era forte, feroz,
esperta, carinhosa. E descobri tudo isso em apenas algumas horas. Quando diabos eu
me tornei um viadinho?
— Vou vigiar o portão, — eu estava ali para fazer guarda e proteger. E era
exatamente o que eu estava planejando fazer.

39
— Você quer uma cerveja? — Ma perguntou. Todos nós a chamávamos de Ma.
Ela era a mãe oficial do clube. Ela não aceitava comportamentos de merda e deixava
isso bem claro, mas sabia seu lugar no clube, e todos nós a respeitávamos por isso.
Sua filha tinha aprendido muito com ela. Eu podia dizer, aliás, que ela estava com
Diamond.
— Sim, senhora.
— Droga, Cruz. Não me chame assim. Me faz sentir velha, — ela sorriu. Era tudo
menos velha. Ela era loira, pernas compridas e um corpo de matar. Aos quarenta e
três, ela ainda era muito gostosa. Não era de se admirar que Pops nunca pulasse a
cerca.
— Desculpe, — respeito. Era tudo sobre respeito, e ele corria dos dois lados. Eu
tinha o mais elevado respeito por Ma. Ela me alcançou uma cerveja e eu me
acomodei confortável na cadeira. Era inacreditavelmente pacífico aqui fora. Não
passavam muitos carros, e aqueles que passavam sabia quem morava aqui e que era
um local fora dos limites. Todos nessa cidade sabiam com quem não deveriam mexer.
O Ravage MC estava no comando desde 1953, graças ao pai de Pops, Striker.
Striker era o presidente e tinha muito tino para os negócios. Ele começou
seccionando o grupo e criando novas facções ao longo do caminho. Agora nós temos
um nome forte e facções por todo o país. As pessoas não mexem com a gente. Nós
matamos primeiro e pensamos depois. Se você é uma ameaça, vai ser tratado como
uma. Nossas ameaças se tornaram mais numerosas quando outros começaram a
querer o que nós tínhamos. Dinheiro. Tudo se resumia a dinheiro. Mas,
principalmente, nós tínhamos uns aos outros.
Nossas corridas se tornaram mais longas e mais frequentes. Mas o dinheiro
corria bem, nos mantendo em uma vida muito confortável. Também sempre fazíamos
nossas corridas de caridade. Nós amamos nossa comunidade e a protegemos com
tudo que temos. É por isso que a maioria das pessoas que vivem aqui nos deixam
ficar e não se metem nos nossos negócios. Elas recebem a nossa proteção, vivem
suas vidas felizes e nós vivemos as nossas. É um ganha-ganha.

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Para mim, entrar no clube foi uma corda de salva-vidas. Depois de passar muito
tempo no mar em um buraco do inferno lutando por esse país, voltei para uma mãe
muito doente com somente mais um mês de vida. Câncer de mama. Ele se espalhou
como um incêndio na floresta, e não havia tratamento que pudesse ajudar.
Infelizmente, ela não tinha plano de saúde, e em vez de gastar o dinheiro, ela
esperou... tempo demais. Essa foi uma das razões pela qual eu optei por sair cedo da
vida militar. Eu amava cada segundo com ela, mas sua morte me rasgou por dentro.
Assim que a uma vez linda Clara Cruz morreu em meus braços, parte de mim morreu
junto com ela.
Meu velho foi embora quando eu era criança, e eu nunca mais o vi ou ouvi falar
dele. Eu nem saberia dizer como ele se parece. Minha mãe dizia que eu era muito
parecido com ele, mas eu espero que ela esteja errada. Não queria ser nada como
ele. Supostamente, ele tinha outra pessoa por quem nos deixou. Isso acabou com a
minha mãe, mas ela sempre foi forte e nunca deixou que isso a derrubasse.
Minha mãe ralava muito, tinha dois empregos como garçonete, um em uma
lanchonete, outro em um bar, para manter um telhado sobre nossas cabeças e
comida na mesa. Quando eu era velho o bastante, comecei a dar duro cortando a
grama, limpando merda e fazendo absolutamente qualquer coisa que podia para
arranjar dinheiro. Me matava ver ela chegando em casa todas as noites e desmaiando
no sofá de exaustão. Ela geralmente tirava uma soneca rápida, então se levantava no
“modo mãe”, arrumava a casa e preparava o jantar. Ela sempre dava o seu melhor.
Assim que fiz dezoito anos, me juntei aos Fuzileiros Navais para tentar ganhar a
vida. Dar duro para cuidar da minha era realmente tudo que eu sabia. Pensei que
comigo longe ela respiraria um pouco aliviada e não teria que se matar tanto. Eu
podia mandar dinheiro sem ser um fardo, e talvez fosse para a faculdade depois. Esse
plano se perdeu no vento enquanto segurava minha mãe nos braços.
Minha raiva tirou o melhor de mim depois que minha mãe morreu. Eu voltei ao
“modo de luta” de quando estava no mar e ficava irritado o tempo todo, o que me fez
ser preso. Foi por pouco tempo, apenas seis meses, por agressão. Mas o bastardo
mereceu. O filho da puta tentou me roubar dinheiro. Aposto que ele nunca mais fez
uma merda assim de novo... pelo menos não comigo.
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Eu tinha um amigo, Steeler, que era um faz-tudo no Ravage MC e não pensava
muito sobre isso na época. Eu estava muito perdido, e minha única salvação era
dirigir. Quando Steeler me falou sobre virar um faz-tudo com ele, eu zombei da ideia.
Mas no fim me juntei a ele, conheci os caras e a coisa foi em frente. O que eu mais
gostava era que esses homens não levavam merda de ninguém. Eles seguiam suas
próprias regras e tinham seu próprio estilo de vida. Não respondiam a ninguém. Era
exatamente assim que eu me sentia naquela época. E com tanta boceta ao redor,
esse era um maldito bônus. Ser prospecto, no entanto, foi um inferno. Limpar as
merdas dos caras, limpar seu vômito depois das festas... acredite, não era glamoroso.
Mas eu tive a minha cota. E quando eles votaram para eu ganhar meu patch, eu fui às
nuvens. Não podia imaginar minha vida sem o clube.
Eu me perguntei quanto Princesa sabia sobre o que acontecia no clube. Eu tinha
certeza que ela sabia mais do que as outras mulheres, considerando a merda que
todos nós votamos para ela fazer enquanto estava na prisão. Uma vadia que tivemos
que cuidar, depois que nós transamos e eu desmaiei. Aparentemente, ela encontrou
o meu livro. Era onde eu mantinha informações importantes sobre o clube. Não havia
muitos documentos, só números. Quando descobri que ela tinha essas informações,
ela já tinha sido presa com acusações de drogas.
Foi aí que a Princesa entrou. Ela fez isso silenciosamente, e todos lá dentro
fizeram vista grossa.
Eu não posso dizer que nosso primeiro encontro foi agradável. Podia sentir pelos
seus movimentos na loja que ela estava planejando tirar a minha arma, mas o fato
dela ter parado tão abruptamente assim que viu meu colete foi impressionante.
Respeito. Ela tinha muito disso.
Então me desafiou para o ringue. Eu não bato em mulheres, não é meu estilo. Eu
ouvi histórias dos caras que a Princesa tinha derrubado ali dentro, ela inclusive
chutou o traseiro de Dagger, e eu vou admitir que amaria vê-la dando uma surra em
alguém. Só de pensar nisso, meu pau fica duro.
Quando ela subiu na sua moto e gozou na frente de todos os irmãos, eu quase
fiz o mesmo nas minhas malditas calças. Foi a coisa mais quente que eu já vi na vida,

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seu longo cabelo preto caindo sobre o corpo curvilíneo. Eu sabia que seus seios eram
de verdade, aliás; eles balançavam sob a camiseta, cheios e pesados. Aqueles jeans
rasgados deixavam pouco para a imaginação, e a sua camiseta justa da Harley
mostrava um pouco de uma tatuagem sob a manga. Eu sabia então que tinha que
estar dentro dela. Ela me deu uma desculpa fajuta de não dormir com os irmãos, mas
isso não me irá deter. Verdade seja dita: eu gostava do fato dos meus irmãos nunca
terem estado com ela.
Ela seria realmente minha. E estaria debaixo de mim.
Aqueles lábios eram incrivelmente macios. Eu ainda podia sentir o gosto de
cereja na minha língua. O jeito como a sua língua duelou com a minha me fez querer
atirá-la no bar e foder duro, ali mesmo. Eu mal podia esperar para estar entre as suas
pernas. Quando ela gozou na moto, foi tão silenciosa. Mas não quando eu acabasse
com ela. Ela ia estar gritando a porra do meu nome.
E então...
Pop... pop... pop... uma arma saiu atirando de um carro preto que passou com a
porta aberta. Agarrando a minha arma, eu atirei numa reação rápida e me joguei
atrás da cerca. A porta da frente se abriu e Princesa se lançou para fora, a arma
apontada com uma boa mira, e acertou o carro várias vezes. Os tiros continuavam
vindo, e Princesa não se deteve ou se encolheu. Ela desviou algumas vezes, mas
continuou se movendo.
Nós dois começamos uma corrida mortal em nossas motos, sem parar de atirar
no carro. Desviando entre os carros, mantivemos o ritmo, disparando uma e outra
vez. Eu não pude evitar uma ereção ao ver Princesa atirando com uma mão e
conduzindo sua moto com tanta facilidade com a outra. Não é hora para essa merda.
Parando ao lado do carro, comecei a atirar sem parar, acertando um dos caras.
Princesa acertou outro, que caiu para fora do veículo, mas teve que parar
abruptamente, incapaz de sair do caminho a tempo. Atirando de novo, eu mirei nos
pneus, mas errei por pouco. De jeito nenhum eu ia deixar ela sozinha aqui.

Me virando, voltei até onde ela estava, abaixada no chão verificando o atirador.

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— Morto?
— Sim... — pegando meu telefone, liguei para Dagger e dei a ele nossa
localização e um pedido de limpeza. Eu sabia que só demoraria cinco minutos até a
cavalaria aparecer.
— Você está bem? — olhando para ela, podia ver que estava tudo bem, nada de
sangue, mas nós nunca sabemos como as mulheres reagem a uma merda dessas.
— Eu estou bem, — ela sorriu. — Lar, doce lar. Você conhece esse cara?
— Parece alguém da gangue de Rabbit — Droga. Rabbit era conhecido por
traficar drogas pelo Estado e nós estivemos lutando com eles. Isso não pode ser bom.
— Acho que ele era o todo mundo que Diamond queria que eu estivesse de olho,
ein? — ela parecia estar estudando o corpo na sua frente, levantou sua camisa,
inspecionou todas as tatuagens e marcas, absolutamente como se não estivesse
olhando para um cadáver.
— Tipo isso, — o rugido das motos ao longe me colocou em ação. — Pegue a sua
moto e volte para a casa da sua mãe. Eu vou enviar uns caras até lá.
Se um olhar pudesse matar, eu estaria caído morto ao lado do homem na
estrada. — Eu sou tanto parte disso quanto você, — ela rosnou. Isso foi sexy como o
inferno, mas as suas tentativas de tomar o controle tinham que parar logo.
— Eu não vou dizer de novo. Vai, porra. Agora, — eu ordenei.
— Se você não lembra, fui em quem deu a porra do tiro que matou esse infeliz,
— ela se levantou e foi até à moto. Eu podia ver em seu rosto que a estava matando
deixar a cena, mas ela ouviu e foi pelo caminho de onde veio. Eu segurei a risada.
Maldita mulher.
— Pops e GT estão em casa. Que porra aconteceu? — Dagger falou, olhando
para o corpo morto aos meus pés.
— Atiradores. Carro preto. Cinco homens dentro. Dois de trás foram baleados;
esse aqui caiu. O carro fugiu, — eu resumi.

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— Porra. Esse é um dos caras de Rabbit, — Zed disse, se ajoelhando para ver os
ferimentos. — Ela atirou nele, não foi? — ele me olhou com desconfiança.
— Sim. Ela saiu quando as armas começaram a atirar e eu não tive tempo de
discutir com ela para ficar em casa. Ela acertou ele, eu peguei o outro, — enfiei as
mãos nos bolsos.
— Tenho certeza que você pegou o outro, — Rhys disse, rindo. Porra. Eu não
precisava dessa merda.
— Vocês cuidam disso? Quero ter certeza que está tudo bem na casa.
— Vai. Nós cuidamos disso, — quando Dagger, Guns, Zed e Tug começaram a
trabalhar, eu dirigi rapidamente até a casa de Ma.

***

— Porra, eles atiraram nela, Pops! — a voz de Princesa estava furiosa, a raiva
escorrendo de cada palavra que saía de sua boca. Eu percebi manchas de sangue em
uma das paredes, enquanto entrava na casa. Ma estava segurando seu ombro e
parecia estar morrendo de dor, mas não proferiu uma queixa. — Chame o Doc aqui
agora! — ela latiu.
Princesa começou a rasgar as roupas de Ma, encontrando a entrada da bala. A
virando com cuidado, ela pareceu também encontrar o ferimento de saída.
— Eu vou encontrá-los. Não se preocupe com isso, porra, — GT rosnou,
correndo para fora da sala.
— O que você precisa? — perguntei, uma vez que ficar ali parado observando
não ia ajudar em nada.
— Preciso de toalhas e uma fita adesiva, — Princesa ordenou.
— Aqui, — GT veio à frente e entregou tudo para ela. Observar Princesa
trabalhar como uma máquina bem treinada era lindo. Ela não se intimidou pelo
sangue ou deu aqueles chiliques que a maioria das mulheres davam. Ela se atirou

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nisso e fez seu trabalho. Eu estava um pouco impressionado. Cada movimento que
essa mulher fazia me deixava com mais vontade de afundar o pau nela. Merda.
Pops parou a minha admiração. — Cruz, leve Princesa e Ma de volta para o
clube. Ligue para Breaker e Buzz trazerem o carro. Ligue para Doc e o leve para o
clube agora, — eu assenti enquanto ele se virava para GT — Nós dois vamos dirigir.

***

O clube estava zunindo enquanto Doc trabalhava em Ma. Ela parecia estar bem,
mas uma mulher não estava. Princesa não tinha parado de andar desde que Doc
começou a cuidar de Ma. De vez em quando ela parava para virar uma dose de
uísque e voltava a caminhar.
Todos a deixaram sozinha, não querendo ser o alvo da sua raiva, eu assumi, mas
não podia me importar menos em irritá-la. Parando na frente dela, agarrei
gentilmente os seus ombros.
— Não, — ela latiu para mim.
— Vamos lá, — ela olhou para Ma deitada e sendo costurada na mesa de sinuca,
e balançou a cabeça. — Só vai levar um minuto. Confie em mim, — ela olhou nos
meus olhos como se estivesse em uma batalha interna, então suspirou.
Ela acenou. — Certo. Alguns minutos, então eu volto.
Sorrindo, eu a levei para fora da casa e na direção da academia nos fundos. Já
estive no seu lugar antes, vendo alguém que eu amava sendo ferido e não sendo
capaz de fazer droga nenhuma sobre isso. Quando Steeler foi baleado fora do clube,
eu não sabia que porra fazer. Os irmãos assumiram e cuidaram de tudo, e naquele
exato momento eu soube que essa vida era para mim.
— O ringue? — ela perguntou, olhando para o grande espaço quadrado no
centro da academia, seus olhos arregalados.
— Sim. Vamos relaxar.

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Ela sorriu. — Você quer lutar comigo? — eu podia ver suas engrenagens
esquentando.
— Eu não vou lutar com você. Só quero que você coloque um pouco dessa
frustração para fora, — de jeito nenhum eu queria bater nessa mulher. Ela aceitasse
ou não, eu ia protegê-la até minha última respiração. Deus, eu conhecia essa maldita
mulher há um dia e ela já estava grudada sob a minha pele.
— Ah, vamos lá. Você só vai me deixar bater em você como uma mulherzinha?
— o brilho perverso em seus olhos me deixou completamente intrigado.
— Eu vou enfaixar as mãos, mas não vou atacar.
— Viadinho.
Depois de nos ajudarmos a enfaixar as mãos e tirarmos nossas botas, subimos
no ringue. Ela prendeu o cabelo em um coque enquanto inclinava o pescoço de um
lado para o outro. Eu tinha ouvido histórias sobre a habilidade de Princesa no ringue,
e admitia que estava intrigado. Os caras supostamente a ensinaram a lutar, e ela
sempre acabava com a cabeça erguida, mesmo que estivesse sangrando. Pelo menos
foi o que me disseram. Agora eu ia ter minha própria experiência pessoal.
Quando começamos a nos mover, meu pulso acelerou. Eu desviei de um golpe
atrás do outro até que ela me acertou direto na boca, fazendo sangue voar. Limpando
meu rosto, começamos uma dança de luta. Eu nunca atacava, somente bloqueava.
— Vamos lá. Lute comigo, droga! — ela rosnou para mim, atacando com força,
me chutando na barriga.
— Não, — eu disse, recuperando a compostura e me levantando. Eu não ouvi a
porta da academia ser aberta, somente as vaias e vivas de todos os meus irmãos e
Ma já dentro do lugar. Merda.
— Ei, garotos. Esse viadinho aqui não vai lutar, — ela zombou de mim. Eu sabia o
que tinha que fazer. Não queria, mas sabia que precisava. De jeito nenhum eu
deixaria meus irmãos me verem sem reação.

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Ela lançou vários ataques, mas fiz contato com o punho direito na sua bochecha
e ela tropeçou para trás. Parei o que estava fazendo e corri até ela. Princesa me deu
um soco de direita sorrindo, o que me fez perder um pouco do equilíbrio para trás.
Isso se seguiu por uma eternidade. O sangue escorria dos nossos rostos. O sino
ao lado começou a tocar quando Dagger o bateu com força. Nós sabíamos que tinha
acabado. Foda-se se essa vadia não tinha as maiores bolas que eu já tinha visto.
Caminhei até ela, e seus olhos se arregalaram. Eu não tenho certeza de como
meu rosto parecia, mas tudo que podia sentir era meu pau latejando de necessidade.
A agarrando, bati meus lábios nos seus; eu ia tirar o máximo possível dela. Quando
seu corpo derreteu no meu, continuei o beijo, não dando a mínima para a multidão
ao nosso redor. Sentir o gosto de suor e sangue na minha boca me excitou.
Princesa se afastou, estremecendo. Assim que olhei para o seu lábio, pude ver
que ele estava rasgado. — Doc ainda está aqui? — eu gritei.
— No clube! — Rhys respondeu alto.
— Vá dar uma olhada nisso, — eu disse olhando para o seu lábio, sem acreditar
no que eu tinha feito, um pouco envergonhado de mim mesmo.
— Eu estou bem, — ela argumentou e deu um tapinha no lábio com a mão.
— Eu não perguntei. Vá, — eu ordenei. Parando bem na sua frente, — Leve seu
rabo até lá e veja isso. Agora, — minha voz era mortalmente calma e absolutamente
séria, e quando seus olhos brilharam com aceitação, eu sabia que ela tinha
entendido.
Princesa desceu do ringue, e eu fui atrás. — Você tem certeza que quer essa aí,
irmão? — Dagger perguntou. Ele estava sempre na defensiva. Eu não achava que ele
tivesse qualquer outro modo de ser.
— Porra, sim, — eu disse, limpando o sangue do meu rosto com uma toalha.
GT parou na minha frente. — Se você a machucar, eu vou enfiar uma bala na sua
maldita cabeça, porra.
— Eu não esperaria menos, — e não esperava. Ela era seu sangue. Você protege
seu sangue e sua família a todo custo. Eu respeitava isso em GT
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— Eu estou falando sério, caralho. Ela não é boceta livre, — a raiva irradiando do
meu irmão era tangível. Eu entendia, mas ele estava me irritando.
Ficando cara a cara com GT, nunca pensei que iria querer tanto arrancar fora a
cabeça de alguém. — Você acha que eu não sei disso, porra?
— Estou começando a me perguntar. Você se esquece que eu vejo as mulheres
saindo do seu quarto.
— E eu vejo as que saem do seu, — eu atirei de volta, sabendo que ele não
queria que sua irmã soubesse dos seus negócios.
— Apenas não foda com ela, — GT me deu um encontrão no ombro ao passar
em direção ao clube. Foda-se essa merda. Quando comecei a caminhar na direção
dele para lhe mostrar o que eu pensava com os meus punhos, as palavras de Dagger
me fizeram parar.
— Cruz. Você precisa trazer seu garoto para cá. Nós estamos em bloqueio.
Porra. Essas palavras fizeram tudo girar. Eu sabia que se Cooper viesse para cá, a
vadia da sua mãe faria disso um ponto para vir também. Isso ia ser uma merda.

49
CAPÍTULO 4
HARLOW

As doses de uísque ajudaram a entorpecer a dor correndo pelo meu corpo. Eu


não sabia como Cruz sabia o que eu precisava, mas maldito seja ele. Se sentir perdida
e quebrada não era fácil. Eu queria rasgar aqueles filhos da puta ao meio por terem
atirado na minha mãe. Poder dar uns socos foi um alívio, e eu não sabia se ele sabia,
mas trouxe de volta algumas memórias incríveis. Eu aprendi tanto naquele ringue, a
maior parte com GT, mas com os outros irmãos também.
Casey saiu mais cedo, durante o dia, e estaria de volta a qualquer momento.
Como estávamos em um bloqueio, todos envolvidos com o clube de alguma maneira
estavam vindo para cá. Casey foi à nossa casa pegar as nossas coisas, e eu a queria
desesperadamente de volta aqui.
Pops foi bem legal em deixar ficar um pouco no seu quarto depois da briga. Eu
precisava descansar, e com o bloqueio, eu não queria estar na área principal do clube
ou nos abrigos, com todas aquelas crianças correndo por lá. Eu precisava de um
pouco de paz.
Tomei outro gole de uísque direto da garrafa e a coloquei sobre a mesa de
cabeceira ao lado da cama. Depois me atirei sobre a colcha vermelho-sangue e
travesseiros combinando, algo que eu tinha certeza que Ma tinha escolhido, porque
Pops não dava a mínima para a aparência desse lugar. Meu rosto estava doendo pra
caralho, e eu apostava que ele parecia tão ruim quanto.
Depois que o Doc deu um jeito nos meus ferimentos, tomei um banho e liguei
para Casey para dar a ela a lista de coisas que eu queria. Só Deus sabia quanto tempo
iríamos ficar em bloqueio. Ninguém estava falando merda nenhuma sobre o cara que
atirou em Ma. Quando eu perguntei, me disseram que era negócio do clube.
Bang, bang, bang! Eu saltei, sentindo minha cabeça girar horrivelmente por ter
me movido rápido demais. Esperava não ter uma concussão por causa do soco forte

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que Cruz acertou em mim. — Já vai, — eu rosnei enquanto me levantava da cama.
Abri a porta e Casey estava ali. Seu sorriso bonito instantaneamente se desfez
quando ela me viu. — Está tão ruim assim, hum? — eu ri.
— Puta merda, garota. Você não estava brincando sobre essa briga, — Casey
estudou o meu rosto enquanto entrava no quarto, fechando a porta atrás dela.
Quando ela levantou a mão para tocar, eu me esquivei e voltei para a garrafa de
uísque, tomando outro longo gole.
— Pelo menos essa merda ajudou? — ela perguntou, jogando nossas malas em
um canto. Se nós estávamos em bloqueio, ela estava em bloqueio também. O seu pai,
Bam, morreu a três anos atrás, durante uma corrida. Nós nunca soubemos os
detalhes, mas Bam era tudo que Casey tinha. A vadia da sua mãe a deixou quando ela
era um bebê. Bam a criou aqui, nesse mundo. Ela durona, mas não uma lutadora,
como eu. Ela era do tipo mais inclinada a usar o cérebro do que os punhos para
conseguir o que queria. Mas como ela a filha de um membro, mesmo que ele
estivesse morto, ela era protegida também.
— Um pouco, — sentando na beira da cama, eu suspirei.
— O que foi? — ela perguntou, sentando perto de mim e passando um braço
por cima dos meus ombros.
— Case, eu estou em casa não faz vinte e quatro horas ainda, e já dei uma surra
no cara da loja, estive um tiroteio, vi minha mãe ser baleada e saí toda machucada de
uma briga com um dos irmãos.
— Bem-vinda de volta, — ela disse, sorrindo.
Rindo, — Sim, bem-vinda de volta. — Eu parei, pensando. — Eu não tive nada
dessa merda acontecendo por dois anos. Senti saudade disso.
— Eu senti saudade de você, — ela disse, me apertando. — Vamos lá. Essa é a
sua festa. vamos sair daqui e aproveitar.
Depois que Casey fez a sua mágica para dar um jeito no meu rosto, nós fomos
para o bar. Ela não estava brincando quando disse que o lugar estava lotado. Havia
pessoas de uma parede a outra, e eu não fazia ideia de onde toda essa gente ia

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dormir, mas também não sabia porque me importava. Provavelmente nos abrigos. Eu
não podia lembrar da última vez que houve uma festa durante um bloqueio.
Enquanto caminhávamos pela multidão de gente, comecei a ver mais e mais
pessoas conhecidas. Depois de abraçar uma delas, fui para o bar e pedi uma dose de
Jack Daniels para Buzz ou Breaker. Eu não sabia dizer qual era qual. Eles levavam a
ideia de gêmeos idênticos para outro nível. Talvez eu devesse dizer a eles para fazer
uma tatuagem na mão ou algo assim, então eu saberia como diferenciá-los. Ri com a
ideia, sim, certo.
Legs, Bubbles e Flash estavam lá, com os braços abertos, me abraçando
repetidamente. Essas old ladies estavam por aqui desde quando eu era criança, e elas
eram as melhores amigas de Ma. Elas vestiam com orgulho seus coletes de
“Propriedade de”, e enquanto algumas ficavam grudadas nos seus homens, outras,
como Flash, não queriam saber disso. Ela voava livremente, e Dagger nunca disse
uma palavra, já que ele fazia o mesmo.
Só de ver as outras old ladies que eu não conhecia tão bem e observar as suas
crianças correndo ao redor do complexo me fazia sentir confortável. Os caras tinham
construído um espaço ao lado da academia para todas as crianças brincarem. O lugar
também tinha vários beliches, então elas podiam ter uma grande festa do pijama.
Pops disse que eles precisavam disso, uma vez que havia muitos irmãos e suas
famílias precisavam de proteção.
Estudando o lugar, meus olhos pararam em um adorável garotinho. Seu cabelo
era castanho claro e seus olhos eram de um tom de azul brilhante. Ele usava uma
adorável jaqueta jeans por cima de uma camiseta onde se lia “Apoie o Ravage MC”.
— Cooper! — eu ouvi a voz de Cruz e meus olhos correram para a sua direção. Ele
pegou o garotinho e começou a arremessá-lo no ar. O menino ria
incontrolavelmente. Ele tinha que ser o filho de Cruz. Droga.
Parada perto de Cruz estava uma linda mulher loira de cabelos compridos,
usando um short realmente curto que fazia suas pernas parecerem ter muitos
metros, terminando com uma regata que mostrava a maior parte dos seus peitos,
menos os mamilos. Seu corpo era de matar. Seus seios enormes e quadris curvilíneos

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faziam-na se destacar no meio do mar de gente, e ela andava como se soubesse
disso. Porra, até eu sabia disso. Quando a mulher tocou o braço de Cruz, ele se virou
e sorriu para ela. Meu coração caiu. Ela devia ser a sua old lady, e eu o beijei algumas
horas atrás, na frente de todos os caras. Merda. Merda. Merda.
— Foi com ele que você lutou? — Casey perguntou, seguindo na direção que eu
estava olhando.
— O que te deu a dica? O olho roxo ou o lábio partido? — meu sarcasmo
escondia meus verdadeiros sentimentos.
— Ha. Ha. Então, o que você acha? Ela é a old lady dele? — ela perguntou e eu
não quis responder. Eu só queria beber. Muito. Essa era a exata razão pela qual eu
nunca me envolvia com os irmãos. Agora eu estava em bloqueio com eles e tinha que
ficar vendo a porra da família feliz. Eu não podia suportar essa merda. Esse era o
motivo pela qual eu tinha malditas regras para seguir, ainda que elas fossem
autoimpostas.
— Parece que é. Eu preciso de uma bebida, — eu disse, me virando na direção
do bar. — Meninos! — eu chamei, batendo a mão no bar e sem me dar ao trabalho
de reconhecer quem era quem. — Preciso de uísque e cerveja. Por favor.
Virei o uísque e comecei a cerveja. Eu precisava esquecer como fui idiota.
— Princesa? — a voz profunda de Cruz atrás de mim enviou arrepios pela minha
espinha, e eu quis me dar um chute. Me virando lentamente, fiquei cara a cara com o
adorável garotinho que era uma réplica exata do pai, e se eu tivesse que adivinhar,
diria que ele tinha uns dois anos. Não que eu fosse uma especialista em crianças. Mas
o seu sorriso radiante era contagioso.
— Oi, garotinho, — eu disse, sorrindo para o menino. — Você é igualzinho ao
seu pai.
— Cooper, diga oi para a Princesa, — Cooper me deu seu sorriso mega
iluminado e riu.
— Pin... esa, oio, — a adorável vozinha tentou dizer, me fazendo sorrir ainda
mais.

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— Prazer em conhecer você, amigo. Eu estou bem. O oio não dói, — sim, claro.
Quando a loira linda apareceu do lado de Cruz, senti meu corpo endurecer. Então, ao
ver Cooper se encolher no colo do seu pai, um milhão de sinos de alerta explodiram
na minha cabeça, mas isso não era da minha conta.
A loira correu suas unhas postiças pelo braço de Cruz e uma maldita parte de
mim queria arrancar o seu braço fora. Mas eu me mantive sob controle, tomando
outro gole da minha garrafa de cerveja quase vazia. Observei a cena se desdobrando
na minha cena. Eu deveria saber que Cruz teria uma old lady. — Quem é essa? — sua
voz muito estridente questionou.
Ele se dirigiu a mim, e não a ela. — Princesa, essa é Mel, mãe de Cooper, — eu o
encarei, esperando pela outra parte da apresentação, mas ela nunca veio.
— Harlow, — eu disse, acenando. — Tenho merda para fazer, — olhando para
Casey, eu apontei com o queixo para a porta, mas ela balançou a cabeça.
— Eu não vou lá fora, — ela disse, virando uma dose de Jack.
— Por quê?
— Apenas não quero. Vá lá. Eu vou ficar bem, — ela acenou para a porta. Eu me
afastei da pequena família feliz, precisando de ar. Peguei outra cerveja e deixei Casey
no bar, então fui para o pátio. Os caras fizeram um espaço separado logo ao lado do
prédio do complexo que era todo protegido por altos portões. No centro havia uma
grande fogueira que crepitava.
Pops e Ma estavam sentados ao redor, junto com muitos dos irmãos. Quando
dei uma olhada na área, GT estava inclinado contra uma cerca conversando com uma
morena que parecia uma das vadias do clube, a julgar pela sua falta de roupas. Essa
era outra razão pela qual eu odiava bloqueios, ter todas a vadias e esposas no mesmo
espaço não era uma boa ideia. Um deslize e o caos iria explodir, enviando tudo para
uma espiral de confusão.
Fazendo meu caminho até Ma, perguntei a ela, — Como você está se sentindo?
— e sentei ao seu lado.

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— Estou bem. Nada que a bebida não cure, — Ma disse, sorrindo. Ela sempre
era tão forte. Eu a invejava. Eu nunca disse que queria ser ela quando crescesse, pelo
simples fato de que não iria me permitir ficar tão próxima de um irmão a ponto de
me tornar uma old lady. Mas aprendi com a sua força e o jeito como ela encarava
todas as situações.
— Você sabe quem foi? — eu perguntei, sabendo que meu Pops ia interferir,
mas eu tinha que tentar.
Pegando a dica, ele disse, — Negócios do clube, Princesa, deixe para lá, — era o
jeito de Pops de me dar uma ordem direta sem que eu explodisse. Eu amava que ele
me conhecia tão bem.
— Pops, por que você não me disse que Cruz tem uma old lady? — sem ofensa,
mas os irmãos me conheciam e sabiam que eu não me metia com eles. Saber que
nenhum deles me disse que Cruz tinha uma old lady me deixou muito puta,
considerando que a maioria deles estava ao lado do ringue e viu nosso beijo.
— Ele não tem. E não é minha história para contar, — Pops disse com firmeza.
Eu sabia que ele nunca falaria da vida dos irmãos para nenhuma mulher, mas achei
que sendo sua filha a história seria diferente. Mais uma vez, estava enganada.
— Eu acabei de a conhecer, Pops. Mel e Cooper, — eu disse, olhando para o
fogo, bebendo da garrafa na minha mão, tentando colocar para baixo as emoções
que corriam por mim.
— Ela é apenas a mãe do seu filho. Ela está tentando tê-lo de volta faz anos. Mas
ele não a quer. Ela é uma vadia, — eu não respondi. Não tinha porquê. Eu sabia o que
tinha visto, e ela o estava reivindicando. Certo. Que seja. Hora de superar.
— Então, como você se sente estando livre, garota? — a voz de Dagger veio de
trás de mim. Ele era como um tio para mim, mas eu usava o termo vagamente,
porque ele sempre estava tentando transar comigo, desde quando eu conseguia me
lembrar. Era por isso que ele tinha esse nome, eu ouvi; ele era muito bom com a sua
faca10. Não que eu o tenha visto em ação. Uma barba clara e um bigode marcavam

10 Dagger é ‘adaga’ em inglês

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seu rosto, caindo pelo peito. Seu cabelo estava preso por debaixo da bandana com o
símbolo da caveira em chamas do Ravage MC na frente. Ele se sentou do meu lado, e
eu me virei para encará-lo.
— É como estar em casa, — eu respondi honestamente.
— Bem, estamos felizes de ter nossa Princesa de volta. Nós sentimos falta de
toda essa sua atitude por aqui.
Eu revirei os olhos. Alguns amavam o meu temperamento, outros nem tanto. —
Ei, alguém tem que manter seus garotos na linha.
— E nós estamos muito felizes que você está de volta para fazer isso, garota, —
Dagger passou um braço pelos meus ombros, me puxando apertado contra ele.
Descansando a cabeça no seu ombro, inalei o cheiro familiar de couro e cigarro que
me lembrava tanto de casa. Fechando os olhos, deixei o calor do fogo e do corpo de
Dagger me aquecerem.
Dagger era um notório mulherengo. Ele e sua old lady, Flash, tinham uma
espécie de acordo, ou foi o que me disseram. Tudo que eu sabia era que tinha visto
Dagger com muitas vadias do clube, dentro e fora desse lugar, e Flash nunca disse
uma palavra sobre isso. Flash estava sempre flertando com todos os caras, mas eu
não sabia se ela tinha ido além disso. Realmente não era da minha conta.
— Que porra é essa? — Cruz rosnou e eu abri os olhos, mas não fiz um
movimento para me afastar dos braços de Dagger. Eu não precisava. Em um braço,
ele estava carregando Cooper, e não muito atrás estava a sua mulher.
— Algum problema? — eu perguntei, fingindo estar entediada com a pergunta.
— Por que diabos você está enroscada com o meu irmão? — sua voz se tornou
perigosamente irritada, enviando arrepios pelo meu pescoço. Eu não o conhecia, mas
depois que estive com ele no ringue e vi a preocupação em seus olhos depois que ele
me acertou, me fez ter certeza que ele não iria me machucar fisicamente.
Eu não ia aceitar isso. — Ele está me dando as boas-vindas, — sim, claro. Eu o
estava provocando, me processe.

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Cruz se aproximou, entregando Cooper para Pops. Eu o observei com atenção,
mas permaneci quieta. Pude ouvir a risadinha baixa de Dagger, mas ele não disse uma
palavra. — Porra, você acha que eu estava brincando quando disse a todos que ela é
minha garota? — sua pergunta era direcionada para Dagger, não para mim.
— Eu não sou a sua garota, — eu respondo, mas minhas palavras foram
ignoradas.
— Eu estou dando um pouco de conforto para a nossa garota, — Dagger
também o estava provocando; isso era muito claro. Mas por quê? Só pela zoeira?
— Se ela precisar de conforto, eu vou cuidar disso, inferno. Saia de perto dela, —
minha raiva estava crescendo, mas eu a controlei. Dagger soltou o meu braço quando
me sentei para trás na minha cadeira, cruzando os braços sobre o peito, empurrando
meus seios ainda mais para cima.
Cruz agarrou meus braços rudemente e me puxou para ele, nossos corpos
colados um contra o outro. Ele bateu os lábios nos meus, e meu corpo cedeu.
Ofegando, eu o empurrei. — Eu não vou fazer isso. Especialmente na frente da sua
old lady e do seu filho, — eu me empurrei para longe do seu aperto e virei na direção
do prédio principal do clube.
Cruz não me deixou ir muito longe. Enrolando os braços na minha cintura, ele
me puxou contra o seu corpo mais uma vez e eu tentei escapar. Ele se inclinou na
minha orelha. — Você acha que aquela vadia ali é a minha old lady? Porra, não. Ela é
a mãe do Cooper. É o máximo onde isso vai.
— Eu não vou ser a amante de ninguém. Nunca. Jamais.
— Não, você definitivamente não vai, mas vai estar debaixo de mim essa noite,
— a sua arrogância era irritante pra caralho, mas a autoridade com que ele me
tratava estava deixando a minha calcinha molhada. Eu precisava de espaço. Sua
presença era esmagadora.
— Não, porra. Vai sonhando, — lutando para sair do seu abraço, eu estava em
desvantagem com todo o álcool correndo pelo meu sistema.

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— Querido, o que está acontecendo? — Mel estava parada atrás de nós. Eu olhei
em seus olhos e quis arrancá-los fora. Eu a odiava apenas por respirar. Merda.
— Não me venha com essa merda de querido. Volte para o clube, — ela deu um
passo para trás e caminhou na direção das portas.
— Espere! — eu gritei quando ela se virou, me encarando, seus olhos
absolutamente frios. — Você é a sua old lady? — eu queria ouvir da boca dela.
Ela parou por um momento enquanto eu esperava as palavras saírem dos seus
lábios. Ela parecia estar com dor ao dizê-las. — Não, eu não sou.
— Mas você quer ser, — eu disse, sem perder um instante.
— Eu sou a mãe do filho dele, — ela estalou, colocando uma mão no quadril.
— E isso não significa merda nenhuma, — a voz veio do corpo duro de Cruz atrás
do meu.
Eu me virei nos braços de Cruz e o encarei. — Olhe, eu não curto todo esse
drama. É por isso que eu fico longe dos irmãos, — eu lhe dou um beijo rápido nos
lábios. — Tchau, — saí do seu abraço e voltei para o clube.
Passando pelo meio da multidão, caminhei até o bar. — Meninos, preciso de
outra dose de Jack, por favor.
Ele a colocou no bar e eu tomei, rapidamente sentindo a queimação quando o
álcool alcançou meu estômago. Não havia porque ir com calma, o quarto de Pops
estava a apenas alguns metros de distância caso eu precisasse apagar no chão, e eu
sempre poderia dividir um beliche com Casey.
Falando na bruxa, onde ela estava?
Procurando no mar de gente, muitos dos irmãos já estavam acompanhados,
prontos para transar. Isso fez meu estômago apertar. Eu não deveria estar em um
bloqueio. Eu deveria estar lá fora procurando um pau, mas em vez disso tinha que
sentar e observar. Muito divertido.
— Ei, baby, — uma voz desconhecida veio do meu lado. Parado ao meu lado
estava um homem alto, ombros largos, cabelo loiro e olhos verdes; atraente à sua

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maneira. Seu sorriso era enorme antes dele colocar um cigarro entre os lábios. Ele
não estava usando um colete. Ele não parecia um mauricinho, mas definitivamente
não parecia um motoqueiro também. Promissor.
— Oi. Quem é você?
— Irmão de Buzz e Breaker, Nick. Eles me disseram que eu precisava vir aqui. Eu
estou ao redor... pensando em entrar para o clube.
Eu olhei para ele. — Mas você ainda não é um prospecto?
— Não. Mas vou ser em breve, — isso não podia ser mais perfeito.
— Eu sou Harlow. Prazer em te conhecer, — eu lhe dei o meu sorriso mais
sedutor, sabendo que ele estava comendo na minha mão. Estendi a mão e a rocei no
seu peito, aumentando o calor entre nós.
— Quer me dizer o que aconteceu com você? — ele perguntou, olhando para o
meu olho roxo, mas não parecendo nem um pouco desencorajado por causa disso.
— Um pequeno desentendimento, — dei de ombros.
— Você ainda é gostosa pra caralho, — ele disse, invadindo o meu espaço. Eu
peguei minha dose de uísque e virei em um gole.
— Sério? Você quer me mostrar quanto? — perguntei, sem rodeios. Não havia
motivos para isso. Neste momento esse homem não tinha nenhuma filiação com o
clube, e ia ser algo de apenas uma noite. As chances dele realmente se tornar um
prospecto eram pequenas, a julgar pela sua atitude. Ele era muito mole para essa
vida; nada como os irmãos pareciam ser.
— Claro, — ele disse, apagando o cigarro e se levantando. — Posso pegar um
quarto emprestado? — ele perguntou aos seus irmãos.
— Não! — eles gritaram juntos. — Você não vai transar com ela, — um deles
disse com firmeza.
— Garotos, garotos... — eu disse, deixando minhas palavras escorregarem como
mel. — Está tudo bem. Nós vamos dar um jeito, — eu disse, agarrando a sua mão.

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— Cara. Se você quer entrar para o clube... não deve tocar nela, — um dos
gêmeos disse.
— Vamos lá, — eu puxei seu braço antes que ele tivesse chance de pensar.
Ninguém precisava saber. Ia ser uma foda rápida e fim. Me apressei pelo corredor
porque precisava do seu pau dentro de mim agora.
Chegando no banheiro, bati a porta e a tranquei, empurrei Nick contra a porta e
beijei seu pescoço enquanto puxava suas roupas. Seu peito era definido, mas ele
tinha uma leve barriguinha. Eu não dava a mínima para isso. Abaixei suas calças e
comecei o trabalho.

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CAPÍTULO 5
CRUZ

Depois de colocar Cooper no seu berço no meu quarto, fui procurar a Princesa,
mas ela tinha desaparecido. Eu sabia que ela tinha que estar em algum lugar.
Ninguém se atreveria a deixar a propriedade.
Encontrei Breaker e Buzz e ele me alcançaram uma cerveja. — Vocês viram a
Princesa? — os dois se olharam, como se estivesse conversando com os olhos. Isso
me irritou. Que diabos estava acontecendo?
— Eu fiz uma maldita pergunta. Onde ela está? — eu rosnei, batendo a mão no
bar e fazendo tudo estremecer.
— Nós trouxemos nosso irmão para o bloqueio, — Buzz disse, visivelmente
nervoso, como ele deveria estar.
— Ela está transando com ele? — fúria correu pelo meu corpo quando eles
ignoraram a minha pergunta. Eu ia quebrar esse pequeno filho da puta e então dar
uma surra na bunda dela. — Onde?
— Banheiro, eu acho, — Breaker murmurou.
— Eu cuido de vocês depois, — indo pelo corredor, não havia como controlar o
meu temperamento. Eu estava pronto para explodir. Se ela queria uma foda... eu ia
cuidar disso. Virei a maçaneta da porta; estava trancada. — Abre essa maldita porta,
Princesa! — eu disse batendo na porta com força, fazendo as paredes estremecerem.
— Agora!
— Vá embora! — ela gritou do outro lado.
— Abra ou eu vou colocá-la abaixo! — Foda-se. Usando a minha bota, chutei a
porta com toda a minha força, enviando pedaços de madeira para todos os lados.
Princesa não se moveu do seu lugar no balcão, mas o imbecil que estava de joelhos
na frente dela saltou o mais longe possível, batendo contra o banheiro. Que viado.

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Encarando o sujeito, eu puxei seu traseiro nu do chão, o atirei pela porta
quebrada e o bati contra a parede, junto com as suas roupas em uma pilha. — Eu não
quero ver você aqui mais tarde, — eu rosnei em advertência.
— Que diabos há de errado com você? — Princesa disse. Ela estava sentada ali,
de sutiã de renda preto e com o jeans desabotoado. Ela parecia uma deusa
maravilhosa, e se eu não estivesse tão puto, iria tratar ela como uma. Mas nesse
momento, eu estava irritado demais.
— O que há de errado comigo? Eu vou te dizer; você está comigo e vai lá transar
com um babaca qualquer? — parando entre as suas pernas, eu olhei para todas as
curvas do seu corpo, e isso fez minha boca secar e minha garganta apertar. As
tatuagens no seu ombro e braço eram obras de arte... caveiras, chamas com flores
intricadas se misturando, sem dúvida um tributo ao clube.
— Eu não sou sua. Você não pode reivindicar alguém que não quer ser
reivindicada, — ela cruzou os braços, levantando ainda mais aqueles peitos lindos e
me deixando ver os mamilos duros por trás do sutiã.
— Besteira. Você está aqui há tempo o bastante para saber como essa merda
funciona. Nenhum outro cara toca em você. Nenhum. Cara. Toca. Em. Você. Jamais.
Exceto eu.
— Só porque você quer, — ela disse, tentando se afastar de mim como se isso
realmente tivesse alguma chance de acontecer.
— Só porque eu quero o caramba. Eu já consegui, — agarrei suas pernas e a
puxei até a borda do balcão. Ela tentou se esquivar, mas eu a prendi debaixo do meu
braço. — Não, você sabe que quer isso.
Puxei suas calças para baixo e vi que ela estava pronta, o que só fez meu pau
latejar ainda mais. — Eu não posso, — ela disse baixinho.
— Porra, você pode sim, — ela agia como se estivesse lutando consigo mesma.
Ela não estava lutando com o que eu estava fazendo, mas também não estava
participando. Algo dentro dela estalou quando ela arrancou as minhas roupas. Em
uma questão de segundos... nós estávamos pelados. Seus lábios bateram nos meus e
ela tentou tomar o controle, mas eu não permiti. Esse era o meu show.
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A respiração dela ficou mais rápida. Alcançando entre os nossos corpos, minha
mão caiu na sua boceta molhada. Deslizei os dedos pela carne quente e a sua boceta
apertou, os puxando para dentro com fome. — Você gosta disso? — Princesa fez um
tipo de som estrangulado no fundo da garganta que me incitou.
— Me responda, — eu rosnei. — Sempre me responda.
— Sim, — ela sussurrou.
Ela estava quieta demais. De jeito nenhum ela não ia acabar gritando o meu
nome. Sua respiração rápida estava me deixando louco, mas eu queria ouvir ela
gritar. Alcançando meu jeans no chão, peguei uma camisinha e coloquei em tempo
recorde. Eu precisava sentir aquela boceta em volta do meu pau. Puxei suas pernas
para cima e a segurei pelos joelhos, seus pés pousaram no balcão e ela estava toda
aberta para mim, então coloquei meus braços em cada um dos seus lados e a
aprisionei. — Isso não vai ser gentil, — eu disse antes de bater meus lábios nos dela e
me enterrar na sua carne macia.
Empurrei meu pau dentro dela, e não foi nenhuma surpresa ela ser tão
apertada. O conhecimento de que ninguém tinha estado dentro dela por dois anos
me fez bater mais forte. Eu queria reivindicar essa mulher, e assim que essa merda
estivesse resolvida, ela seria toda minha. Ela gritou quando eu empurrei os últimos
centímetros do meu pau para dentro. — Porra, você é tão apertada, baby.
— Deus, isso é muito bom, — ela disse com a cabeça jogada para trás. Me
levantando, eu bati dentro e fora com força, amando o aperto cruel da sua boceta. O
banheiro começou a girar e suor escorria pelo meu corpo, se misturando com o dela,
criando um cheiro erótico que meu pau não podia suportar.
— Hora de gozar, Princesa, — usando o polegar, esfreguei seu clitóris com força,
fazendo ela explodir. Ela gritou alto o meu nome, assim como eu disse que ela faria.
Meu pau pulsava cada vez que ela apertava e puxava cada última gota do meu gozo.
Caí sobre ela, nossos corpos trêmulos colidiram enquanto tentávamos recuperar o
fôlego. Eu não queria me desconectar dela ainda, essa conexão era demais.
Palmas vieram da porta e nós dois viramos para o som. Merda. A maldita porta.
— Saiam daqui! — eu gritei.

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Dagger e Rhys estavam parados na porta com sorrisos de merda grudados no
rosto. — Que show bom do caralho. Agora eu preciso transar, — Dagger saiu, mas
Rhys continuou ali parado.
— Chame um dos prospectos e achem uma maldita porta para colocar aí! — eu
rosnei quando ele olhou para o corpo da Princesa. Não que ele conseguisse ver
muito, mas eu não gostei. Ele riu, balançando a cabeça.
— Sai daqui, — Princesa disse, tentando me empurrar para longe.
— Não, — seu maldito cérebro estava assumindo o comando outra vez.
— Agora! — ela gritou com raiva.
— Não. Pare de pensar o que você está pensando, — eu podia apenas imaginar
a merda que estava correndo naquela cabeça dura. Ela parecia gostar de estragar
com toda a diversão.
— É por isso que eu não transo com os irmãos. Não vai acontecer de novo, — ela
tentou me empurrar, mas eu não me movi.
— Me escute. Já chega dessa besteira. Meu pau dentro de você nesse instante
está dizendo que ninguém além de mim vai tocar em você outra vez. Entendeu?
Seus olhos mostraram um pouco de vulnerabilidade que eu não tinha visto
antes. Ela sempre era tão forte e difícil de ler. — E ela? — sua voz era quase um
sussurro.
— Ela não é nada. Ela só está aqui porque não quis deixar Cooper sozinho. Mas
essa merda vai mudar.
— Como?
— Você vai ser a minha old lady. Você vai ser parte da vida de Cooper. Eu não
quero ela andando por aqui.
— Você quer que eu seja a mãe dele? Nós acabamos de nos conhecer! Você está
louco, porra? E sério, old lady? — seus olhos brilharam com pânico e sua respiração
engatou.

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— Eu não estou jogando. Não é o meu estilo. Você é minha e vai ficar ao meu
lado, — seu corpo relaxou um pouco e ela derreteu contra mim, mas a trepidação
ainda estava ali. Eu precisava achar um jeito de me livrar disso.
— Você não tem ideia do que está fazendo, — ela disse, balançando a cabeça.
— Pelo que eu já vi, provavelmente não, — sorrindo para ela, escovei os lábios
nos seus e ela arqueou o corpo, levando o beijo para outro nível. Meu pau inchou
dentro dela, e meus quadris começaram a bombear. Seus gemidos e miados me
encorajaram ainda mais.
Quando já estávamos sem fôlego pela segunda vez, me afastei dela, precisando
tirar a camisinha antes que ela explodisse.
Movimento na porta chamou a minha intenção quando Princesa tentou cobrir
seu corpo desordenadamente com as mãos.
— Cruz? — a voz de Tug veio da porta.
Pegando a porta dele, eu disse, — Obrigado.
— Precisa de ajuda? — ele olhou para Princesa, eu rosnei — O que você acha?
— Até depois.
Em vez de prender a porta nas dobradiças, eu a encostei contra a moldura para
bloquear os malditos olhos que estavam em todos os lugares. Princesa desceu do
balcão, agarrou suas roupas e as vestiu rapidamente. — Eu vou para a cama, — ela
disse sem olhar para mim. De jeito nenhum ela ia ficar envergonhada.
— Você vai para a minha cama, — eu disse, puxando seu braço e a virando para
encarar seus lindos olhos azuis.
— Não posso, — ela sussurrou e sua cabeça caiu no meu peito.
— Por que não, porra?
— Eu tenho um colchonete no quarto do Pops. Eu só vou me atirar lá, — sua
cabeça balançou levemente no meu peito.
Coloquei a mão no seu queixo e obriguei seus olhos a encontrarem os meus. —
Você não me ouviu direito. Vá agora para o meu quarto e feche a maldita porta. Coop
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está dormindo no quarto ao lado. Eu tenho algumas merdas para cuidar. É melhor
você estar lá quando eu voltar. Se não estiver, eu vou atrás de você, — meus olhos
não deixaram os dela até que ela assentiu. Eu movi as portas e saí do banheiro
apertado.
Eu precisava resolver minhas merdas com Mel. Estava cansado daquela vadia. Eu
jurava por Deus que ela tinha feito furos no meu preservativo quando nós transamos.
De que outra maneira ela ia acabar grávida? E Coop era totalmente a minha cara,
então eu nem podia dizer que não era meu filho. Não que eu quisesse. Desde que ela
me disse que estava grávida, esteve tentando se amarrar comigo. Claro, eu transei
com ela algumas vezes, e porque não, era uma boceta fácil. Mas eu não queria nada
com ela. Eu estava apenas agradecido por ela ter me dado o meu garoto.
Sentada em um sofá na sala principal do clube, ela estava cheirando
desajeitadamente o pó que o cara ao lado dela derrubou; eu não podia acreditar que
estava preso a essa mulher pelo resto da vida. Ela olhou para mim, os olhos dilatados,
completamente chapada.
— Oi, querido, — ela sorriu o máximo que conseguiu e tentou se orientar.
— Não vá para o meu quarto. Fique longe de mim.
— Quero ver o meu filho, — ela choramingou, mas eu não dei a mínima. Eu
estava acabado com essa puta.
— Não, você pode vê-lo amanhã. Até lá, fique longe de mim, — eu me virei, Mel
disse algumas palavras que eu não entendi e também não me importei. Eu tinha uma
Princesa que precisava de atenção.
Entrei no meu quarto e não pude deixar de sorrir ao ver Princesa deitada na
minha cama, coberta dos pés à cabeça com as minhas cobertas, e isso me fez ficar
duro outra vez. Eu precisava estar dentro dela, mas hoje eu já tinha lhe dado um soco
e nós tínhamos acabado de foder pra valer. Ela precisava descansar.
Verifiquei Cooper e fiquei feliz ao ver que ele estava em sono profundo. Coop
sempre foi um grande dorminhoco; nada podia acordar o garoto. Isso era bom,
considerando que só Deus sabia o que acontecia na casa da sua mãe.

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Depois de trancar a porta, me atirei na cama e puxei a linda mulher que estava
ali contra o meu corpo. Quando ela derreteu contra mim, eu sabia que tinha feito a
decisão certa em ficar com ela.

***

Bang! Bang! Bang! — Mas que porra? — Princesa gemeu debaixo de mim. De
alguma forma, durante a noite, ela se deitou de costas e meu corpo caiu sobre o dela.
Essa pequena interrupção antes que eu pudesse ter meu pau dentro dela outra vez
não me fez feliz.
— Calma aí, baby, — pulando fora da cama, coloquei minha calça jeans e não me
incomodei em fechar o botão.
Abri a porta e fui imediatamente confrontado com um furioso GT — Que merda
está acontecendo aqui? — ele disse entrando no quarto, seus olhos caindo sobre a
mulher puxando os lençóis contra o seu corpo nu na minha cama.
— GT, calma, você vai acordar o meu garoto.
Princesa se sentou na cama, seus olhos arregalados enquanto tentava falar
alguma coisa, mas permaneceu em silêncio. Ela era a porra de uma mulher adulta e
não tinha razão para ficar constrangida.
— Princesa, que merda está acontecendo aqui? — GT se moveu para o seu lado
da cama e se ajoelhou no chão, seus olhos ficando mais suaves ao encarar sua irmã.
Princesa olhou para o seu irmão e tentou abrir a boca, mas nada saiu. Quando
seus olhos encontraram os meus, eles brilharam, não me dizendo muito sobre coisa
alguma, mas ela olhou de volta para o irmão e palavras saíram da sua boca. — Me
tire daqui.
Me afastei da porta; eu estaria condenado se deixasse ela me afastar. —
Princesa, você não vai a lugar nenhum, — fiquei parado no fim da cama, olhando para
ela. Princesa enfiou o queixo no peito.

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— Sim, eu vou, — sua voz era tão baixa quanto um sussurro. Essa não era a
mesma Princesa que eu tinha conhecido ontem. Essa era tímida, perdida e eu não
gostava disso nem um pouco. Essa não era a mulher feroz que eu conheci.
— Baby... — minhas palavras foram interrompidas abruptamente quando GT
ficou cara a cara comigo, tão perto que eu podia sentir o cheiro de cerveja da noite
anterior na sua respiração.
— Não! — GT estalou e Princesa saltou. — Eu vou tirá-la daqui, e que Deus me
ajude, porque eu vou te dar uma surra se você tentar me impedir.
— Parem, — a voz de Princesa voou sobre a onda de testosterona engrossando
o ar. Nós dois olhamos para ela. — Cruz. Isso foi um erro. Eu tenho que ir, — Princesa
se moveu para a borda da cama e GT parou de costas para ela, seus olhos fixos em
mim.
— Isso não foi um erro. Você está deixando seu cérebro atrapalhar tudo de
novo, — eu rosnei, minha raiva chegando com tudo.
Ela começou a juntar suas roupas e as vestiu rapidamente, sem nem uma vez
mostrar para mim ou para o seu irmão um pedaço de pele. Seus movimentos eram
rápidos e metódicos. Era como se Princesa tivesse decidido tirar umas férias e outra
mulher apareceu para ficar no seu lugar. Mas que porra? O que me incomodou mais
foi ela não ter respondido o comentário que eu fiz sobre o seu cérebro. Nada, nem
uma resposta espertinha. Nenhum xingamento... nada... apenas frieza.
Os olhos de GT estavam presos em mim, mas eu não dei a mínima. Ele não era a
minha prioridade.
— Princesa, pare com essa merda, — eu sabia que estava falando com ela como
quando repreendia Cooper, mas azar. Ela não ia embora assim. Não mesmo.
Princesa deu a volta em GT, que tentou puxar o seu braço e afastar ela de mim,
mas ela o empurrou para longe. Seus olhos encontraram os meus, e ali dentro eu vi
uma espiral de emoções que não consegui distinguir. Normalmente ela expunha
abertamente o que estava pensando, mas agora não estava me dando nada.

68
Ela levantou a mão e cobriu a minha bochecha esquerda, seus dedos se
movendo pelo meu pescoço. Eu amei as suas mãos macias em mim, apenas esse
toque e eu já era dela. — Cruz. Me desculpe. Eu não posso fazer isso. Eu sei que você
não entende, mas eu não posso.
— O diabo que você não pode, — eu rosnei quando ela fechou os olhos com
força, apenas para abri-los outra vez.
— Você não me conhece. Essa não sou eu. Não posso transar com um de vocês e
não ligar para as consequências.
— Pode sim. Você só transa comigo, baby, — seus ombros caíram quase que em
derrota. Isso não podia estar acontecendo. Não podia.
— Eu apreciaria se você deixasse isso apenas entre nós, — suas palavras me
chocaram completamente. Ela não queria que ninguém soubesse. Foda-se isso.
— Querida, eu vou contar para cada maldito homem nesse lugar. Ninguém vai
tocar em você.
Foi como se as minhas palavras acendessem uma luz dentro dela. Seu corpo
caído se endireitou instantaneamente e sua espinha ficou dura e firme. Ela ficou cara
a cara comigo e seu fogo começou a queimar mais uma vez. — Faça o que tem que
fazer. Mas isso, — seu dedo se mexeu apontando entre nós dois, — acabou. Não vai
acontecer de novo. Cometi um erro na noite passada. Não vai se repetir.
Princesa começou a se mover, mas eu não a deixei ir muito longe. Agarrei seu
braço e ela puxou o mais forte que conseguiu, mas eu mantive o aperto.
— Eu ga-ran-to que isso vai se repetir. Vou deixar você ir agora, mas essa merda
está longe de acabar, — ela puxou o braço rapidamente, dessa vez se
desvencilhando, e caminhou até à porta.
— Eu disse a você para não fazer essa merda. É a única maldita coisa que ela já
disse que nunca faria. Você acha que ela não sabe o que é parecer uma vadia nesse
clube? E agora... se você abrir a sua maldita boca... todos os caras vão saber.
— Dagger e Rhys nos viram juntos. Tenho certeza que todo mundo já sabe, e
mesmo que não, é para todos saberem que a Princesa é minha.

69
— Ótimo, bom pra caralho, — GT começou a balançar a cabeça em descrença
enquanto caminhava até à porta.
— Você sabe que não acabei com ela.
— Eu não achei que você tivesse, — foi tudo que ele disse enquanto terminou
seu caminho e bateu a porta ao passar.
— Porra, — eu murmurei para mim mesmo quando me joguei na cama e encarei
o teto. Não era assim que queria ter passado a minha maldita manhã... eu deveria
estar com as bolas enterradas na Princesa. Merda!

***

Ver Princesa sentada no bar, brincando com Buzz e Breaker pela última hora,
tinha deixado meus nervos à flor da pele, mas eu deveria supostamente estar
ouvindo o que Dagger e Rhys estavam dizendo aos outros membros do clube, então
tentei entrar na onda. Uma pena que eu estava tendo um péssimo momento para
focar em qualquer merda.
— Eu quero ver o meu filho! — Mel bateu o pé como uma maldita criança
mimada quando parou ao meu lado. Era meio-dia e ela tinha acabado de sair de
qualquer que tenha sido a cama onde ela passou a noite. Eu estava cansado dessa
puta. Como cresci apenas com a minha mãe, eu sabia como ela era importante na
vida de Cooper. Era por isso que eu deixava algumas coisas passarem. Eu sabia que
não devia, mas as palavras da minha mãe sempre vinham à minha cabeça: um garoto
sempre precisa da sua mamãe. Eu não podia esquecer isso, mesmo que ela fosse uma
viciada.
— Cooper! — eu gritei da sala principal. Ma estava com ele na cozinha, ajudando
a fazer sanduíches para todos. Ele amava ajudar.
Cooper saiu correndo da cozinha, mas em vez de correr para Mel ou para mim,
ele foi direto para Princesa, que ainda estava rindo no bar. — Pin... esa! — ele gritou,
levantando aos mãozinhas no ar para que ela o pegasse, o que ela fez sem hesitar.

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— Oi, garotão. Como você está? — seu sorriso bonito iluminou toda a maldita
sala, e eu vi como Cooper estava encantado com ela.
— Bem. Eu cozinhei!
— É mesmo? O que você fez? — ela perguntou, quando a conversa deles foi
rudemente interrompida por uma Mel muito irritada. Pessoalmente, eu tinha até
esquecido que ela estava na maldita sala.
Mel se lançou para o lugar em que Princesa estava segurando Cooper. — Me dê
o meu filho!
Cooper se agarrou em Princesa, a segurando como uma tábua salva-vidas, e isso
me assustou pra caramba. Eu sabia que as coisas não eram perfeitas de maneira
alguma com Mel, mas isso realmente me fez pensar.
Me aproximando deles, eu exigi, — Que porra está acontecendo aqui? —
estendendo os braços, esperei Cooper pular deles, mas ele parecia gostar de onde
estava. Eu não podia culpá-lo.
— Essa mulher não quer me dar o meu filho, — Mel bufou, mas eu
honestamente achava que ela estava mais irritada pela cena na frente de todos do
que por Cooper não querer nada com ela.
— Ele não quer você, dá para ver, — Princesa disse enquanto segurava Cooper
mais apertado, o que deixou Mel ainda mais furiosa.
— Sua vadia. Me dê o meu filho agora! — Mel agarrou o braço de Cooper e
começou a puxá-lo até que ele gritou. Eu segurei Mel pelo pescoço e a puxei para
longe do meu filho e de Princesa. Suas tentativas de respirar não foram registradas
pela raiva correndo por mim.
— Você nunca mais toca nele assim, porra, — eu lati, minhas mãos querendo
ensinar uma lição para essa mulher. Mas uma coisa que eu não fazia, que a maioria
dos caras do clube não fazia, era bater em mulher. Mas essa bem que merecia uma
surra. — Você vai sair daqui agora. E nem ao menos pense em voltar.
— Não vou deixar meu garoto aqui, — ela teve a audácia de discutir.

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Eu involuntariamente comecei a apertar sua garganta, a empurrando contra a
parede. Seus olhos se arregalaram; minha voz se tornou ameaçadora com a raiva que
escorria de mim. — Inferno, você vai ficar longe dele, e se você não fizer isso, eu
mesmo vou te matar, — eu precisava que ela entendesse que eu não ia tolerar que
ela colocasse as mãos no meu filho outra vez.
Suas palavras foram incompreensíveis. Ela não podia falar, e quando conseguiu,
todos os pensamentos de não dar uma surra nela foram intensificados. — E o
dinheiro que você me manda? — O quê? Dinheiro?
— Você está brincando comigo, sua vadia estúpida? Você está preocupada com
dinheiro? — meu outro punho fez contato com a parede, quebrando o gesso ao lado
da cabeça de Mel e fazendo ela engasgar. — Dê o fora daqui, porra! Agora!
Soltei a sua garganta e ela começou a esfregá-la uma e outra vez, mas eu não
disse uma palavra enquanto ela caminhou até à porta. Eu nunca quis deixar Cooper
longe da mãe, e eu com certeza sabia a dor de não ter um pai por perto. Mas porra,
ela era tóxica, e eu estaria condenado se visse ela colocar mais uma vez as mãos no
meu filho.
A raiva pulsava em minhas veias. Eu realmente precisava socar alguma coisa.
— Cruz? — a voz de Princesa chegou até mim enquanto eu continuei a ofegar.
— Sim... — eu respondi sabendo que não era sua culpa, mas eu estava em um
mau momento.
— Eu vou levar Cooper para brincar, ok? — olhei para Cooper enrolado em
Princesa; o meu coração apertou e a raiva diminuiu um pouco. Merda. Eu não queria
que ele me visse assim.
— Sim, obrigado, — eu saí e fui até à academia, precisando de um alívio.

***

72
A tarde passou rápido, com mais homens e suas famílias entrando e saindo do
clube. Diamond organizou vários pequenos quartos no porão há cerca de um ano e
meio, para acomodar toda a gente que ia e vinha. Ele também criou uma pracinha
para as crianças. Graças a Deus; pelo menos todos estariam confortáveis durante o
bloqueio.
— Missa! — Diamond gritou de pé da porta da igreja, com os braços cruzados
sobre o peito.
Quando tomamos nossos lugares e a porta foi fechada, os lugares de pé ficaram
para os membros que vieram. A grande mesa retangular de orvalho no meio da sala
estava cercada por cadeiras onde passamos muitas horas falando de negócios.
Diamond sentou em uma ponta. Pops estava à sua esquerda, Dagger à sua direita. GT
e Becs estavam ao lado de Pops, e Rhys e Zed do lado de Dagger. Meu lugar era na
outra ponta da mesa, de frente para Diamond.
Uma das paredes estava coberta de fotos dos irmãos; havia de tudo, desde
fotografias de festa até retratos de prisão alinhados ali. A outra era o nome Ravange
MC e o nosso símbolo, uma caveira com chamas em cima, que também estava nas
costas dos nossos coletes.
Diamond bateu na mesa de madeira. — Olhem. Nós sabemos que foi Rabbit
quem atirou na casa de Pops, e acabamos de descobrir o motivo, — Diamond nos
encarou absolutamente sério. — Princesa.
Essas palavras fizeram meu sangue gelar e minha raiva inflamar ainda mais. — O
que tem ela? — eu perguntei, e todos os olhos na mesa se voltaram para mim. — O
quê? Ela é minha e eu vou protegê-la.
— Não foi o que ela disse essa manhã, — a voz profunda GT estalou para mim,
mas antes que eu pudesse responder, Diamond interferiu.
— Filho, ela é de todos nós, — Diamond disse, me encarando. —
Aparentemente, Rabbit gosta de Babs. Para os que não sabem, Babs foi a peça-chave
para colocar Princesa na cadeia. Ela sumiu do radar cerca de um ano atrás, e agora
reapareceu, com proteção dessa vez. Eles estavam mandando uma mensagem.

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— Eu tenho uma maldita mensagem para ele; eu vou matar todos; — meu pulso
estava correndo ao ponto de pensar que vapor ia sair das minhas orelhas. Ninguém ia
tirar essa mulher de mim. Nunca.
— Não se preocupe, filho; ele já está morto por atirar na casa de Pops. Mas a
sua gangue cresceu nos últimos anos, e isso não vai ser bonito. Nós também temos
um problema com as corridas no seu território. Vamos ter que encontrar outra rota.
— Não podemos deixar que ele dite para onde nós vamos! — eu gritei, sem nem
ao menos tentar me controlar.
— Se acalme, porra, — Pops disse, batendo a mão na mesa e pegando todos
com a guarda baixa. Ele normalmente é calmo em situações estressantes. Mas dessa
vez o perigo estava muito perto de casa. — Ele não vai. Nós precisamos pensar em
curto e longo prazo. Agora, ninguém mais está em perigo além de Princesa. Ela vai
ficar puta, e todos sabemos como ela fica quando está puta, — grunhidos ecoaram
pela sala.
Diamond interrompeu. — Vamos dar uma suavizada no bloqueio para todos,
com exceção de Ma e Princesa. Elas devem ficar aqui dentro, a menos que sejam
escoltadas por um irmão.
— Ela vai ficar puta, — GT disse, esfregando o rosto.
— Sim. Mas ela é uma boa mulher. Ela vai fazer o que é certo, — Diamond olhou
para mim. — Ela é sua garota?
— Sim, senhor, — eu disse sem perder uma batida. Mas GT tinha mais coisas a
dizer.
— Ela não é sua garota, porra! — GT pulou do seu assento e acabou derrubando
sua cadeira no processo.
Me levantei e encarei fixamente o seu olhar, a fúria se derramando do seu
corpo. Eu nunca quis tanto bater em um irmão quanto nesse momento. Eu queria lhe
dar uma verdadeira surra. — Cale a maldita boca!
— Parem, agora! — a voz dura de Diamond fez com os dois voltassem a se
sentar. — Então... você mantém ela aqui. Se ela sair, você se certifica que alguém vai

74
com ela. Ela é sua responsabilidade, — ele sorriu e o resto da sala riu. Droga, eu sabia
que ia ter muito trabalho, e com certeza não precisava de nenhuma zoeira dos meus
irmãos.
— Ela não vai deixar você chegar a dois metros dela. Boa sorte com isso! — a
irritação se derramou dos meus poros, mas eu sabia que não ia ajudar em nada reagir
agora. E eu sabia que ia ter muito trabalho. GT provavelmente estava certo, mas eu
não ia deixar isso me impedir.
Ma bateu na porta da igreja, gritando em pânico. — Pops, venha aqui agora!
Princesa!
Pulando do meu assento, corri até o clube para ver a cena na minha frente.
Princesa bateu com um taco de bilhar na cara de uma mulher loira, acertou seu nariz
com força e sangue voou para todos os lados quando ela gritou. Danny, um membro
da facção de Clayton, estava pronto para atacar Princesa quando minha voz estalou.
— Danny, pare!
Danny olhou para mim. — Você vai deixar essa vadia bater na minha old lady?
Estreitando os olhos, eu trovejei. — Essa vadia é a minha old lady. Deve haver
uma maldita razão para ela querer arrancar a cabeça da sua garota, — me
aproximando dela, eu disse, — Princesa, você está bem?
— Eu estou bem, porra. E eu não sou a sua maldita old lady, — sua voz era fria e
desapegada, algo que eu realmente não gostei.
— Danny, se afaste! — Pops gritou. — Princesa, o que está acontecendo aqui?
— sua voz se acalmou ao falar com ela, a gentileza de um pai assumindo.
— Você se lembra daquela coisa de dois anos na prisão, — ela disse
sarcasticamente, agarrando o taco com tanta força que eu pensei que a madeira iria
ceder. — Bem, essa puta aqui... é parte da gangue de Babs. Ela fez parte disso.
— Merda, — foi uma palavra ouvida coletivamente na sala.
— Irmão, sugiro que você tire ela daqui se a quiser inteira, — Pops estalou para
Danny.

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— Ah, Pops, — o sarcasmo de Princesa voltou. — Acho que essa vadia precisa de
uma lição antes de ir.
— Não aqui. Não sob esse teto, — Pops rosnou quando Princesa se virou para
ele, suas mãos fechadas em punhos. Balançando a cabeça, ela se afastou deles e
jogou o taco no chão, mas a fúria emanava do seu corpo.
— Irmão, ela não está mais saindo com elas. Babs é parte da gangue de Rabbit.
Merda. Droga, Danny, você podia ter mantido a maldita boca fechada.
Princesa parou no meio do caminho e se virou para parar ao meu lado, não
chegando até Pops. — O quê? — ela perguntou, cobrindo a boca como se não
quisesse dizer as palavras em voz alta.
— Mindy não é mais parte da gangue de Babs. Babs é a old lady de Rabbit.
— Você só pode estar brincando comigo, — Princesa rosnou baixinho e
caminhou até Pops. — Foi ele quem atirou em Ma. Eu sou a razão disso ter
acontecido, — porra, essa garota era esperta e rápida demais para o seu próprio
bem. E droga, isso fazia o meu pau ficar duro como aço.
Pops colocou as mãos nos ombros dela. — Princesa, o clube vai cuidar disso.
Pela rigidez do corpo de Princesa, eu sabia que ela queria discutir, mas tudo que
ela fez foi acenar e ir embora. Ela não parou para olhar para mim. Ela passou por mim
o mais rápido que pôde, indo na direção do corredor. Merda.

76
CAPÍTULO 6
HARLOW

Merda. Merda. Merda. Que merda eu estava pensando ao ir até à sala principal?
Não apenas aquela vadia da Mandy estava lá, mas o maldito Cruz também. Por que
diabos ele tinha essa força magnética que me puxava, fazendo com que fosse tão
difícil resistir?
Eu não podia ficar com ele. Isso apenas se tornaria a mesma merda que eu já
tinha visto acontecer um milhão de vezes por aqui. Um irmão começa a ver uma
mulher, transa com ela um milhão de vezes, cansa dela e então a repassa para os
irmãos. Eu não vou ser essa garota. Eu posso ter aberto as pernas, mas não para
esses caras... pelo menos, até Cruz aparecer. Que merda eu estava pensando?
Eu sabia... eu estava com tesão. Pura e simplesmente. Por que ele tinha que
ser... bem, Cruz? Poder emanava dele, me prendia, me sufocava. Eu jurava que
aquele homem ferrava com os circuitos do meu cérebro apenas com o seu cheiro. E
só de ficar no mesmo espaço que ele, meu corpo tremia de desejo. Isso nunca tinha
acontecido com os irmãos, nunca. Tinha que ser por causa dos meus dois anos na
seca.
Se eu não estivesse nesse maldito bloqueio, ia dar o fora daqui e apagar minhas
memórias de Cruz... ao menos eu ia tentar.
Porra. Abri a porta do quarto de Pops e encontrei Casey sentada na cama. —
Onde diabos você estava? — eu lati. Ela não olhou para mim, apenas torceu as mãos.
— Eu dormi em um dos quartos no porão, — Casey se virou para mim. — Então
após uma noite você é uma old lady. Que diabos aconteceu?
Sentei na cama e explanei, — Eu não sou... — corri os dedos pelo meu longo
cabelo escuro e balancei a cabeça. O último dia tinha sido uma montanha-russa. Eu
sabia que voltar para essa vida faria as coisas interessantes; eu só não sabia o quanto.
— Achei que você não transava com os irmãos, — ela disse, continuando a
torcer as mãos no colo.
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— Eu sei. Só que ele é tão esmagador e eu não pude dizer não, eu não queria
dizer não.
— Isso é algo do tipo “eu precisava de um pau” ou é para valer? — ela me
perguntou, brincando.
— Para mim... é apenas sexo. Ele diz que é para valer, mas ele é um irmão. Eu
não sou idiota. Enfim, mesmo que eu achasse que fosse para valer, isso não ia
funcionar. Eu estaria fodida.
Saber que se eu o deixasse eu estaria fora, fora do clube, fora da vida, era outra
razão pela qual ele me assustava pra caralho. Não importava que eu fosse a filha do
VP ou a irmã de membro. Uma vez que eu fosse uma old lady, meu status junto ao
clube mudaria para sempre, e não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Regras
do clube. Essa foi a minha família pela vida toda. Eu não estava pronta para desistir.
— Eu acho que Cruz é uma boa opção para você, — sua voz foi baixa, mas séria.
Eu olhei para ela como se tivessem nascido três cabeças, não reconhecendo a
mulher ao meu lado. De todas as pessoas, nunca pensei que essas palavras viriam
dela. Nós sempre falamos sobre as mulheres do clube e como cada uma tinha o seu
lugar. E um desses lugares era para as vadias do clube. Essas mulheres passavam de
irmão para irmão como boceta livre, e por alguma razão, elas amavam isso. Era o
único papel que nós juramos jamais assumir.
E mais recentemente, havia razões que Casey, e mais ninguém, sabia. Razões
que eu trancava lá no fundo e elas ficariam lá naquele maldito lugar.
— O quê?
— Cruz é um bom homem na maior parte, — ela disse, sorrindo. Nós sabíamos
muito bem que nenhum desses homens eram anjos, longe disso. — Ele é ótimo com
o filho. Aquela vadia é um pé no saco, pelo que eu ouvi, mas além disso, ele não vem
com um monte de drama, — ela se virou para me encarar. — E ele consegue segurar
você, — ela sorriu e eu retribuí, balançando a cabeça.
— Eu não posso. Não vou ser uma vadia por aqui, uma que os irmãos pensam
que podem passar entre eles. Não posso. Não vou.

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Casey vacilou. — Ninguém está dizendo isso.
— Por que diabos você de repente está bem com a ideia de eu estar transando
com um dos irmãos? Foi você mesma que sentou lá e me fez fazer um pacto de que
nós nunca faríamos isso. Até mesmo cortou seu dedo para aquela merda de
juramento de sangue.
Ela riu alto e o som foi bonito. — Sim. Eu fiz isso. Nós também tínhamos treze
anos. As coisas mudam, — ela disse, soprando uma baforada de ar.
Respirando fundo, encarei Casey. Ela era minha melhor amiga há muito tempo.
Se eu pudesse falar com alguém sobre isso, seria ela. — Há algo lá. Eu já vi mais caras
entrando e saindo desse maldito lugar do que posso contar. Nenhum fez o que Cruz
fez. Ele desperta algo dentro de mim, algo que eu nunca senti antes. Mas foi apenas
uma noite, e vai ser a última.
— Você não tem que apressar essa merda.
Uma batida na porta me tirou dos meus pensamentos. Abrindo a porta, fiquei
surpresa ao ver Diamond parado ali. — Sim?
— Preciso de um minuto, — seus braços estavam cruzados sobre o peito e poder
irradiava dele.
— Deixa que eu vou, — Casey sabia o protocolo, e eu dei um passo para o lado
para deixá-la sair. Sempre que o Presidente queria conversar, todos sabíamos que
precisávamos sair imediatamente.
— O que está acontecendo? — eu perguntei tentando parecer calma, mas por
dentro meus nervos estavam em chamas com essa visita inesperada.
Diamond me encarou intensamente. — Nós vamos suavizar o bloqueio, exceto
para você e Ma. Vocês duas não vão sair do clube. Se você precisar ir a algum lugar,
leve um irmão. Sem discussões... — minha raiva começou a ferver. Tudo isso era
culpa de Babs e foda-se se eu não queria matar aquela puta. Mas apertei os lábios e
ele continuou. — Eu sei que você está irritada, Princesa, mas essa é a decisão do
clube. Isso é o melhor para o clube. Você quer o melhor para nós, certo?

79
Baixei a cabeça. — Claro, — em todos os meus anos nesse clube eu sempre quis
deixar os irmãos orgulhosos, e agora não seria a exceção, mesmo que eu odiasse isso.
— Olhe, Princesa, nós temos acordos com Rabbit e a sua gangue. Precisamos ter
isso em mente enquanto lidamos com a situação.
Engoli meu orgulho e disse, — Eu entendo.
— Ótimo.
— Preciso ir ao Studio X verificar as coisas por lá.
— Então leve um irmão com você... e a sua arma, — ele disse quando saiu do
quarto sem olhar para trás.

***

Cruz seguiu ao meu lado o caminho todo até o X. Depois de discutir sobre quem
iria me acompanhar, Cruz ganhou a competição quando Diamond se intrometeu e, de
novo, mandou ele ir. Eu não estava feliz, mas as coisas eram como eram. Ma disse
que ia cuidar de Cooper, assim eu tinha certeza que ele ia virar um pestinha mimado.
Quando chegamos no X, eu estava feliz de ver o prédio exatamente como o
deixei dois anos atrás. As janelas pretas à prova de balas estavam refletindo a luz do
sol. Um grande X pairava acima da porta, mas como ainda estava fechado, as luzes
vermelhas estavam apagadas. Estacionei minha moto perto da entrada dos fundos e
Cruz me seguiu de perto. Eu mantive a guarda alta, mas não vi nada.
Entrando, o lugar estava totalmente quieto. As paredes negras tinham cortinas
vermelhas que vinham penduradas ao redor do salão. Havia um grande bar em uma
ponta e o palco com os poles na outra. As mesas e cadeiras pretas estavam
exatamente onde deveriam estar, me enchendo de orgulho. Eu comecei esse lugar
para ajudar o clube a lidar com dinheiro limpo, mas ele trazia muito lucro.

80
— Harlow? — Liv falou do escritório e veio correndo na minha direção, sorrindo.
— Oh, meu Deus! — ela gritou. Liv esteve administrando esse lugar para mim esse
tempo todo, e pelo jeito das coisas, ela estava indo muito bem.
Seus braços vieram ao meu redor. — Oi, garota. Como estão indo as coisas?
Ela se afastou. — Ótimas. Nós triplicamos nossos lucros e eu trouxe cinco
garotas novas. Você vai amá-las; são muito gostosas, — ela olhou Cruz de cima a
baixo, e sua respiração ofegante me disse que ela gostou da avaliação. — Oi, Cruz, —
ela deu a ele um sorriso sedutor, e maldita seja se isso não me irritou. Não que eu
tivesse algum direito de ficar irritada.
— Vocês dois se conhecem? — eu não queria saber a resposta, mas eu amava
me punir, e se eu não podia estar com ele, talvez fosse bom jogar sal na ferida.
Liv se aproximou dele e passou as mãos pelo seu peito. Tomou cada grama de
força do meu corpo ficar parada no lugar. — Cruz e eu... — suas palavras foram
interrompidas por Cruz.
— Eu a fodi algumas vezes, — sua voz era completamente sem remorso.
Eu não queria dar a ele a satisfação de um som escapar dos meus lábios, mesmo
que meu estômago tenha caído aos meus pés e o ar tenha saído dos meus pulmões.
Eu não queria me sentir desse jeito, mas saber que ele transou com Liv me fez querer
arrancar os olhos dela fora. Merda. Ele não é seu, Harlow.
— Espere um minuto. Eu estou perdendo alguma coisa? — Liv se virou para
mim, questionando.
Olhei para Cruz e me virei de novo para Liv. — Nah, estamos bem.
Cruz chegou e enrolou os braços na minha cintura enquanto eu tentei afastá-lo.
— Ela é minha old lady. Ela não quer assumir isso ainda, então estou assumindo
por ela.
Os olhos de Liv se arregalaram. — Achei que você não namorava os irmãos? E
você só está fora o quê... há um dia?

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— Não, eu não sou a old lady dele. E sim, um dia. Vamos voltar aos negócios. Me
deixe ver os documentos de perdas e lucros e os arquivos das novas garotas, — eu
disse, indo para longe do aperto de Cruz enquanto ele ria.
Depois de ver a papelada e dar uma olhada nas garotas quando elas chegaram,
nós voltamos para o clube. Eu não queria ficar a noite toda, e Cruz precisava voltar
para Cooper.
O clube estava em total silêncio, mas depois da noite passada isso era
compreensível. Os caras estavam bebendo no bar, e Ma estava brincando com
Cooper na mesa de colorir. Algumas mulheres estavam sentadas nos sofás, mas não
disseram uma palavra. Vadias do clube. Revirei os olhos e as ignorei.
— Aí está ela! — Dagger gritou, correndo até mim e passando os braços ao meu
redor.
— Aqui estou eu... o que foi? — eu andei até ele e respirei o cheiro de bebida e
cigarros, seu odor familiar.
— As coisas ficaram mais interessantes com a sua volta, baby, — suas palavras
me fizeram rir.
— Sim. Tenho certeza que você tem muita coisa acontecendo sem a minha
interferência.
Zed chegou e beijou a minha bochecha. — Princesa, essa é a maior diversão que
eu tive em um tempo.
— O quê? Me ver dar uma surra naquela mulher? — eu disse revirando os olhos.
Eles riram. — Algo assim.
Cruz se meteu. — Tirem as malditas mãos dela, — eu não me mexi. Ele não tinha
direitos sobre mim, e precisava aprender isso rapidamente.
— Cara, se acalme, porra. Nós conhecemos ela desde que era criança.
Parte de mim estava um pouco feliz com esse lado macho alfa de Cruz. Eu
realmente nunca tive isso antes com um homem. Esses malditos sentimentos. Eu.
Não. Quero. Ele.

82
— Pin... esa! — Cooper gritou do outro lado da sala. Meus olhos sorriram para o
garotinho correndo na minha direção e pulando nos meus braços.
— Você se divertiu com Ma? — eu perguntei, tirando o cabelo do seu rosto.
— Sim. Ganhou biscoitos, — eu comecei a fazer cócegas na sua barriga e ele riu
incontrolavelmente.
— Onde estão os meus? — ele apontou para a sua barriguinha. Levantei o seu
pequeno corpo e comecei a fingir que estava comendo a sua barriga, fazendo
barulhos estranhos, o que o fez rir mais e mais.
Olhei para Cruz e ele tinha um olhar misterioso no rosto. — O quê? — eu
perguntei.
Ele acendeu um cigarro e balançou a cabeça. — Apenas achei incrível que a
mulher que me enfrenta de igual para igual pode de repente se transformar no que
eu acabei de ver.
— E o que é isso?
— Uma mãe carinhosa e atenciosa, — suas palavras me fizeram congelar,
tornando difícil respirar. Eu lentamente entreguei Cooper para Ma, não estando
pronta para ouvir a merda que saía da sua boca e querendo me livrar da plateia da
sala.
— Eu vou me deitar um pouco, — me virando, não parei quando meu nome foi
chamado uma e outra vez. Em vez disso, me tranquei no quarto de Pops. Caindo no
meu colchonete no chão, acomodei a cabeça no travesseiro improvisado enquanto
minha mente corria para tentar domar o tornado de pensamentos me
bombardeando.
Mãe. Sério, porra? Eu conhecia esse homem há um dia, e ele já estava falando
sobre eu ser a mãe do seu filho? Eu não sabia absolutamente merda nenhuma sobre
crianças. Nunca pensei em ter uma.
Por que essa maldita ideia me empolgou? Por que estar com Cruz me inflamava?
Emoções, eu as odiava. Elas sempre me tornaram em uma completa idiota, e era
exatamente por isso que eu tinha sempre ficado longe de qualquer tipo de
83
relacionamento. Deixava a minha cabeça pesada e maluca. Eu preferia entrar na
minha casca dura não sentir nada.
Uma batida forte na porta me fez tapar a cabeça com as cobertas, tentando
escapar de tudo e de todos, mas a persistência da pessoa acabou me fazendo ceder.
Abri a porta e o oxigênio deixou o meu corpo quando vi Cruz na minha frente. Sua
camiseta preta justa se ajustava perfeitamente, mostrando cada curva dos seus
músculos. Seu cabelo estava na natural forma despenteada, e seus olhos estavam
queimando de luxúria.
Meu pulso acelerou quando o sangue começou a correr mais rápido pelo meu
corpo. Meu coração estava prestes a explodir no peito e o ar ao nosso redor ficou
elétrico. Me lembrei da noite passada e da intensidade que emanava do seu corpo.
Eu sabia que precisava de Cruz. Droga.
O sorriso sexy no seu rosto me disse que ele sabia exatamente o que eu estava
pensando. Eu me recompus. — O que você quer? — meu tom trouxe de volta um
pouco da minha atitude. Quando GT nos encontrou juntos, eu não sei o que
aconteceu comigo. Eu sabia que tinha parecido uma criança rabugenta, mas, de certa
forma, eu era. Eu estava envergonhada de mim mesma e não gostei da sensação.
Muitas memórias que eu queria manter trancadas começaram a correr pela minha
cabeça, e eu precisava me afastar dele. Hora de tomar minha merda de volta.
— Fale, — foi a única palavra que ele disse, me confundindo. Levantei uma
sobrancelha e cruzei os braços sobre o peito.
— Sobre? — eu voltei com todo o meu desafio.
— Pare com essa merda. Que diabos aconteceu essa manhã? — sua voz sexy me
varreu, me lembrando das palavras que ele grunhiu no meu ouvido durante a noite,
quando pensou que eu estava dormindo. Só essa voz já era capaz de fazer uma
mulher arrancar a sua calcinha, tão feroz, tão profunda e sexy.
— Não tenho nada para dizer. Isso foi um erro, — normalmente os homens
ficavam felizes com uma transa de uma noite e me deixavam em paz. Mas não Cruz,
por alguma maldita razão.

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— Não foi um erro, porra. Você não pensou assim quando meu pau estava
entrando e saindo dessa boceta apertada.
Fiquei molhada com as suas palavras. Eu não podia evitar ficar quente como o
inferno quando ele falava assim. Fazia com que cada parte de mim formigasse de um
jeito que nenhum homem jamais tinha conseguido.
— Eu não sou uma daquelas mulheres no sofá. Não posso ser, — eu endureci
minha voz, não deixando a vulnerabilidade passar. Eu já tinha tido dado muito disso
para ele essa manhã.
— Eu não sei porque diabos você fica repetindo essa merda. Mas você precisa
lidar com isso e superar. Agora. Você quer que eu te trate como uma puta? Posso
arranjar isso. Mas eu não quero. Essa é a maldita diferença.
— O que acontece quando você se cansar? Eu conheço as regras. Eu vou ser
banida. Essa é a única vida que eu conheço, — maldito seja esse homem se ele não
trazia à tona todas as minhas fraquezas quando eu tentava escondê-las. Família. Eu
não queria perder a minha família.
— Primeiro, eu não vou me cansar. Segundo, se algum desses homens tocar em
você, eu vou acabar com eles, — ele deu um passo para frente e fechou a porta. O
quarto ficou instantaneamente eletrificado com uma corrente tão forte que eu
estava sendo puxada para baixo. — Terceiro, eu não disse que você era a minha
vadia. Eu disse que você era a minha garota, a minha mulher, minha old lady. Fim de
discussão, — ele me agarrou pelos ombros e me puxou contra o seu corpo. Eu não
queria resistir. Meu corpo estava no meio de um furacão e minha cabeça girou.
— Você nem me conhece.
Olhei em seus olhos azuis e eles me aqueceram, meu interior derreteu. Droga.
— Vamos para o que eu conheço. Você é forte; você me enfrenta de igual para igual,
algo que nenhuma outra mulher jamais tentaria fazer, você tem bolas de ferro e sabe
cuidar de si mesma. E você é boa com o meu filho, que já está gostando de você.
Rápido. Sim. Mas é assim como eu vivo a vida. Eu vejo. Eu pego. Eu estou pegando
você.

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Incerteza correu por mim, mas meu corpo estava desejando o toque desse
homem, os seus lábios mágicos me enviado sobre a borda. Tudo ao meu redor girou
fora de controle. Por que diabos isso estava acontecendo? Eu sempre fui tão segura
de mim, e um dia com esse homem, me fazia estar questionando tudo.
Foda-se.
Agarrando a camiseta de Cruz, eu o puxei com força contra os meus lábios e
tomei o que queria dele, e ele me deu, me punindo em retorno. — Fico feliz que você
veja as coisas do meu jeito, — ele murmurou, antes de cobrir a minha bunda e me
levantar. Enrolei as pernas ao redor do seu corpo e minhas costas bateram contra a
porta. Nossos lábios e bocas atacaram um ao outro em um frenesi de desejo.
Tudo aconteceu tão rápido que, antes que eu pudesse processar ele tirou as
minhas calças; Cruz estava encapado e com as bolas enterradas em mim. Seu corpo
martelava no meu tão duro e rápido que eu esqueci onde estava e... quem eu era.
Meu corpo se tornou uma grande terminação nervosa de sensações prestes a
implodir.
O nome de Cruz escapou dos meus lábios quando ele ofegou meu nome, deu
mais duas batidas e lentamente parou quando gozamos juntos. Nossas respirações
eram inacreditavelmente ásperas, e eu descansei a cabeça no seu ombro, tentando
me recompor.
Balancei a cabeça com a realização do que tinha acabado de acontecer. Se mais
nada, seu pau estava se tornando uma droga, e eu queria mais. Felizmente, ele
provou valer o risco.

***

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DOIS DIAS DEPOIS

Abri bem as pernas e me ajustei na minha posição. Fazia muito tempo que eu
tinha feito isso, praticado. Eu era realmente muito boa em acertar aquele maldito
alvo uma e outra vez.
Levantei os braços, cobri minha garota com as mãos e amei sentir o seu peso.
Quando puxei o gatilho uma e outra vez, o som familiar de cada tiro me fez sorrir.
Mantive os olhos no alvo e continuei atirando.
Quando empurrei o botão que trouxe para perto o alvo de papel, fiquei estática
ao ver que acertei minha marca repetidamente. Eu ainda estava no jogo.
— Ótimo resultado, — a voz suave de Cruz veio detrás de mim. Me virando, sorri
e encarei seus lindos olhos azuis. Esses dois últimos dias tinham sido um vendaval. Eu
não estava apenas tentando aprender todas as mudanças que tinham ocorrido desde
que eu fui presa, mas também estava aprendendo sobre esse homem forte atrás de
mim. E maldito seja ele se não jogou a minha toda em uma espiral – se isso era bom
ou ruim, era outro debate.
— Olhe, — eu puxei o alvo de papel para baixo e o entreguei para ele, então
coloquei outro.
— Você o matou, isso é certo.
— Ela...
— Quê? — Cruz me olhou como se eu tivesse ganhado outra cabeça.
— Você disse que eu matei ele... quando, na verdade, eu matei ela.
— Babs? — eu assenti, apertando o botão e enviando o meu alvo de volta para
sua posição ao longe.
— Fogo! — eu gritei segundo antes de começar a atirar no alvo outra vez,
pensando em Babs sangrando no chão, engasgando com a sua última respiração. Isso
só me motivou mais e eu continuei atirando, pus outro pente de balas na arma e
recomecei outra vez, sem parar até que o papel estava mal pendurado no gancho.

87
Coloquei minha arma no coldre e me virei para ver Cruz me encarando. — O que
foi?
— Eu sei que os irmãos te ensinaram a atirar, mas droga, baby, — ele chegou
mais perto de mim e suas mãos correram pelos meus cabelos, puxando, seus olhos
nos meus. — Isso foi muito quente.
Seus lábios escovaram os meus daquele jeito sexy que era a sua marca
registrada, e meu corpo reagiu na hora. Durante os últimos dias, meu corpo sempre
se acendia com Cruz, o querendo mais do que imaginei ser possível. Não que eu diria
isso a ele, mas meu corpo não mentia.
Alguém limpando a garganta interrompeu nosso beijo profundo e nos viramos
para ver Rocky parado na porta do galpão.
— E aí, cara? — Cruz perguntou e passou um braço sobre os meus ombros.
— Eu vim atirar, — a voz de Rocky era tão baixa que eu senti como se precisasse
levantar as orelhas para ouvir melhor. Mas havia algo na sua voz. Algo sobre ela. Algo
familiar, mas não conseguia identificar o que era.
— Você acabou? — Cruz perguntou, olhando para mim enquanto eu sorria e
acenava. — Todo seu, cara.
— Obrigado... — Cruz bateu no ombro de Rocky e nós fomos para a saúda.
Quando ele passou por mim, meu corpo ficou em alerta, com sirenes vermelhas
piscando. Alguma coisa. Eu não sabia o que era, mas alguma coisa nele estava me
inquietando, e não de uma boa maneira.
Me virei e o encarei. Seu cabelo longo, barba e corpo esguio não era de ninguém
que eu já tivesse visto antes. Procurando no meu cérebro, tentei me lembrar, mas
tudo era branco. Quando saímos do galpão, Cruz deve ter sentido algo. — O que foi?
Eu não era do tipo tímida, então disse, — Rocky. Ele já estava aqui antes de eu
ser presa?
— Não, por quê?
— Eu não sei. Tenho a impressão de já o ter visto antes.

88
— Como onde? — ele perguntou, parecendo interessado.
— Não sei. Pode ser apenas coisa da minha cabeça.
— Até onde eu sei, ele nunca esteve perto do clube. Mas vou verificar, — Cruz
me puxou para perto. — Vamos dar uma volta.
Eu sorri para ele, acenando a cabeça.

***

Estar na parte de trás da moto de Cruz era uma experiência totalmente


emocionante. Eu sempre amei andar de moto, mas algo sobre as minhas coxas
pressionadas contra o corpo duro desse homem fez esse o melhor passeio de todos.
Seu cheiro de couro e testosterona combinavam com o rugido da moto e fazia meu
corpo pulsar, latejar e arder. Pressionei minha boceta o mais perto possível da bunda
dele e comecei a me esfregar lentamente, tentando me dar um pouco de fricção
junto com a vibração da moto.
A mão de Cruz apertou minha coxa, como se ele soubesse o que eu estava
fazendo, antes de voltar para o acelerador. Quando ele aumentou a velocidade, eu
tive fricção o suficiente para fazer meu corpo tremer. Não era um orgasmo
devastador de maneira alguma, mas foi bom e diminuiu brevemente a dor.
Quando minhas mãos soltaram o aperto firme que parecia que tinha sobre o
abdômen de Cruz, seu corpo começou a se mover como se ele estivesse rindo. Com
meu corpo muito relaxado, eu apenas me segurei, desfrutando do meu primeiro
passeio com ele.
Cruz estacionou a moto em uma pequena lanchonete chamada Sam’s, logo na
saída de Sumner. Eu senti falta desse lugar enquanto estava presa. O cheiro de
gordura e batata frita entrou pelo meu nariz e meu estômago tomou conhecimento e
rosnou. Eles tinham os melhores hambúrgueres e batatas fritas, e eu não podia
esperar para afundar os dentes neles.

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Depois de descer da sua moto, Cruz envolveu meu corpo com os seus braços e
me puxou para ele. — Você me deve, — ele sussurrou nos meus lábios.
— O quê? — eu disse; minha respiração mal deixava o meu corpo.
Ele balançou a cabeça lentamente. — Você acabou de gozar e não me deixou
ver. Não. Vai. Acontecer. De novo. — seus lábios colidiram com os meus e eu me
perdi em tudo que Cruz era. Me assustava como esse homem parecia ter algum tipo
de feitiço que hipnotizava o meu corpo instantaneamente.
Me afastando, — Eu talvez deixe você ver da próxima vez, — eu sorri dando um
tapinha no seu peito largo antes de me virar para a porta.
Não demorou mais que um minuto para Cruz ser notado na lanchonete. Vários
caras vieram falar com ele, apertando a sua mão e dando aquele típico abraço
masculino. Ele não me apresentou, o que significava que ele não queria que ninguém
soubesse quem eu era, ou que eu era insignificante. Esperava que não fosse a última
opção.
Em vez de Cruz se sentar no banco de frente para mim, ele se sentou ao meu
lado, me empurrando contra a parede com todo o seu corpo grande. — Você sabe
que pode sentar do outro lado, né? — eu disse, balançando para ganhar espaço.
— Então eu não poderia fazer isso... — Cruz se inclinou para baixo e deu o mais
doce e suave beijo nos meus lábios, fazendo o meu interior se agitar.
— O que vocês vão querer? — ouvi a voz da garçonete, mas não pude me tirar
do choque com a gentileza que acabei de testemunhar. Esse homem rude, que me
mostrou um lado duro e exigente dele, tinha também um inacreditável lado suave,
quem diria.
Um aperto firme na minha mão enviou uma onda de dor pelo meu braço e me
fez acordar. — O quê?
Cruz riu. — O que você quer comer, baby?
Merda. Balançando a cabeça, sorri para a garçonete, mas imediatamente isso se
desfez. Seus olhos estavam totalmente focados em Cruz, enviando uma onda de fogo
pelo meu corpo. Como se sentindo isso, a mão de Cruz veio embaixo do meu queixo,

90
me puxando na direção do seu rosto. Meus olhos se encontraram com os dele no
momento em que ele colocou outro beijo em meus lábios.
— Peça o que você quer, — ele piscou.
Sem olhar de novo para ela, fiz o meu pedido, então Cruz também pediu e a
mandou embora. — Você não gosta que ela olhe para mim, baby?
Eu não dei a ele a satisfação de uma resposta porque nem eu me entendia
completamente. — Então, você esteve nos Fuzileiros Navais?
Seu corpo endureceu. — Sim.
— Você não gosta de falar sobre isso? — perguntei quando a garçonete colocou
nossas bebidas na mesa e eu peguei a minha.
— Nah...
Eu sabia melhor do que ninguém como era não querer falar sobre as merdas da
nossa vida. Então, mudei de assunto. — Por que você se juntou ao Ravage?
Um sorriso levantou o canto da sua boca. — Eu percebi que aqui é o lugar onde
eu pertenço. Essa é a minha família.
Sua resposta foi totalmente diplomática e não me deu muito para seguir a
conversa, mas lá no fundo eu entendia. A irmandade não era algo sobre a qual a
maioria dos homens falava. Mesmo que eu tenha crescido aqui e conhecesse essa
vida, ele se manteve distante.
— Você tem uma família fora do Ravage?
— Não, minha mãe morreu quando eu terminei de servir. Ela era tudo que eu
tinha.
— Você não conheceu o seu pai? — eu me arrependi instantaneamente da
pergunta quando ouvi sua voz.
— Ele me deixou quando eu era novo. Se apaixonou por outra mulher. Isso
acabou com a minha mãe. Não foi nada bonito.
Meu interior se agitou por esse homem. Eu não podia imaginar Pops me
deixando algum dia, me abandonando. Ele me ensinou tanto nesses anos. Segurei sua
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mão e apertei quando seus olhos encontraram os meus. Quando tentei soltá-lo, ele
me segurou mais forte, e eu comecei a relaxar. Ele começou a traçar distraidamente
círculos com o polegar, enviando choques pelo meu corpo a cada movimento. — Eu
sinto muito.
— Não sinta. Esse é quem eu sou, mas chega de falar de mim. E você? — eu não
sabia o que dizer. Nesses dois últimos anos, tudo que eu fiz foi sobreviver. O que
responder à essa pergunta? Ele deve ter sentido a minha apreensão. — Vamos lá.
— Essa sempre foi a minha vida. Estar em volta do clube e dos irmãos é tudo que
eu realmente sei. Eles me ensinaram a ser quem eu sou.
— Deve ter sido estranho crescer perto de todos esses caras.
— Não. Na verdade, não. Eles eram todos irmãos do Pops e me tratavam muito
bem. Eu sempre os respeitei, e eles a mim, — não ia dizer que eles não tentaram
transar comigo quando fiquei mais velha, resolvi deixar essa parte de fora.
— Você já pensou em ir embora daqui?
Sua pergunta me pegou de surpresa, mas eu respondi imediatamente. — Não.
Essa é a minha casa. Você quer me falar sobre Mel? — eu perguntei sem querer
realmente saber, mas pensando que eu deveria.
— Não. Ela é inconsequente, — havia perguntas ali, mas eu podia dizer que o
assunto tinha sido encerrado. — Você quer me falar sobre o seu tempo lá dentro?
Não, eu não queria, mas falei mesmo assim. — Chato. A mesma merda em dias
diferentes. Eu fiquei na minha o máximo possível. Meu único objetivo era sair de lá
viva.
— Compreensível. Ouvi que você tinha o seu próprio espaço.
— Sim. Pops e Diamond conseguiram arranjar isso, e eu devo muito a eles, — eu
devia. Eu sabia disso. É por isso que quando eles me pediram para cuidar de algumas
coisas para eles eu nem hesitei.
Ele não respondeu. Quando olhei ao redor da lanchonete, todos os olhos
estavam em nós. Era a mesma coisa quando eu saía com Pops e GT O patch do
Ravage tinha muito significado e era muito bem visto por aqui, para não mencionar a
92
curiosidade que despertava. Eles todos provavelmente queriam saber tudo sobre a
vida de Cruz. Esse pensamento me fez rir baixinho, porque ninguém iria perguntar...
não que eles fossem ter uma resposta, de qualquer maneira.
Quando nossa comida chegou e nós engatamos uma conversa leve, eu me senti
feliz, algo que não sentia há muito tempo.

***

De dormir em um colchão que parecia uma tábua na prisão a estar enrolada nos
braços de Cruz em uma cama macia era uma grande mudança. Eu tinha que admitir
que os seus braços estavam começando a se tornar um dos meus lugares favoritos. A
prisão era tão dura, e Cruz era uma... vida tão colorida e brilhante.
— Você vai me dizer o seu verdadeiro nome? — eu perguntei a ele, passando os
dedos para cima e para baixo no seu abdômen definido.
— Cruz, — ele respondeu deitado, com um braço cobrindo os olhos.
— Ok, Cruz o quê?
Levantando o braço, ele olhou para mim. — Donavan Cruz, mas ninguém me
chama assim além dos policiais. Eu amo montar, então Cruz se encaixa bem.
— Donavan, ein? Vou começar a te chamar assim.
— Porra, nem pense nisso. É Cruz. Ponto final. Entendeu? — eu assenti,
escondendo o meu sorriso. Como eu cresci no clube, nunca chamei nenhum dos
irmãos pelo seu nome real. Meu irmão GT era chamado assim desde bebê. Ninguém
jamais usava o seu verdadeiro nome, exceto quando eu estava realmente irritada. Eu
posso ter falado seu nome algumas vezes só para irritar ele também. É o mesmo com
o meu nome. Ninguém me chama de Harlow por aqui, embora eu ache que seja um
nome muito foda. É sempre Princesa.

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— Entendi. E que tal idiota? Posso te chamar assim? — eu sorri, olhando em
seus olhos azuis que me engoliam todas as vezes; minha cabeça descansou no seu
peito.
— Baby, você pode me chamar da porra que você quiser, — eu sorri e escalei
seu corpo para lhe dar um beijo nos lábios.
Bocejando, eu murmurei, — Estou exausta.
Me curvei ao lado de Cruz enquanto ele começou a esfregar distraidamente
círculos no meu ombro até eu cair no sono.

***

Não... eu não quero... isso dói. Eu queria choramingar, mas sabia que não devia.
Não ia ajudar o que estava prestes a acontecer. “Cale a boca. Você quer isso, sua
putinha suja”. Ele me empurrou de barriga para baixo na cama dura enquanto meus
braços tentavam me manter de pé; ele me empurrou com mais força, sua barriga
redonda de cerveja empurrando a parte baixa das minhas costas. “Eu sei que você
precisa do que eu tenho. Deite aí e aceite... ou lute. Eu não dou a mínima para o que
você escolher”. Tudo em mim queria lutar, queria dar uma surra nesse babaca, mas
eu sabia que não podia. Eu sabia que precisava do que ele tinha para mim. Eu tinha
que fazer isso pelos irmãos. Quando ele empurrou dentro de mim, me rasgando, eu
estremeci pela dor, mordendo o lábio com tanta força que senti gosto de sangue. Ele
nunca era gentil, mas sempre trazia lubrificante. Acho que era mais para ele do que
para mim. “Sua putinha de merda. Fazendo isso pelo papai, ein?”. Sempre que ele
vinha até mim, ele dizia essas mesmas palavras fodidas. E a parte triste é que elas
eram verdade. Meu corpo estava em chamas e piorava cada vez que ele empurrava;
ele ia me rasgar mais e mais... eu não podia respirar... eu estava sufocando...
— Princesa! — meu nome sendo chamado começou a me acordar. Quando me
virei para a voz, Cruz estava sentado na cama, pairando sobre mim, como se ele
estivesse trabalhando duramente em algo. — Você está bem?
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Eu esfreguei os olhos, tentando me acordar. — Sim. Por quê?
Ele passou as mãos pelo meu rosto. Podia sentir o suor deslizando sobre os seus
dedos. Porra. O sonho. Tudo voltou de uma vez só, mas de jeito nenhum eu ia contar
para Cruz sobre ele. De jeito nenhum no inferno. — Sério. Eu estou bem.
— Você estava murmurando e se debatendo. Não parecia nada.
— Sério. Eu estou bem. Só preciso dormir, — eu não sabia como, mas por pura
sorte ele me soltou e me envolveu em seus braços, dando um beijo na minha cabeça.
— Apenas estou cansada.
— Você vai me contar essa merda, — sua voz era firme e absoluta, mas eu não ia
contar a ele. Jamais.

***

— Cooper! — chamei, procurando o garotinho. Uma coisa que eu podia admitir


é que esse menino aquecia o meu coração de maneiras que eu nunca pensei que
fossem possíveis. Quanto mais tempo eu passava com ele, mais eu queria passar
tempo com ele.
— Pincesa! — eu ouvi antes de ver ele tropeçando pelo corredor, Ma o seguindo
logo atrás.
— Oi, garotão, — o peguei no colo e o apertei em meus braços. — Você está
pronto para sair?
— Sim! — ele pulou nos meus braços animado.
— Ei, Ma, ele está pronto para ir? — quando eu precisava ir ao X, Ma cuidava de
Cooper quando Cruz não podia e, ultimamente, isso tem sido bem frequente, por
causa dos negócios do clube e tudo mais. Ma tem ajudado muito. Eu admito, me
tornar cuidadora de uma criança de uma hora para outra tem sido um desafio. Mas
se tratando dessa criança, eu realmente não me importava.

95
— Sim. Tenho que voltar para a loja, — seu sorriso brilhante apareceu quando
ela saiu pelas portas do clube.
— Obrigada... — apertando Cooper, nós saímos para o pátio para aproveitar o
dia. Os caras tinham construído todo esse parquinho que fariam muitos outros se
envergonharem. Ele tinha escorregadores, balanços, trepa-trepas, uma pequena casa
na árvore, gangorras, parede de escalada, balanço de pneu e muito mais. Também
tinha uma grande caixa de areia com vários carrinhos e motos de brinquedo, claro.
Esse era o lugar favorito de Cooper e eu não podia culpá-lo; era o sonho de toda a
criança.
— Pincesa, vem me pegar! — Cooper gritou e começou a correr. Ele amava
brincar de pega-pega, e eu descobri que amava também. Amava quando o pegava, o
jogava no ar e podia ouvir a sua risada linda.
Cooper sai correndo ao redor do parquinho. — Merda! — meu pé prendeu em
um dos carrinhos que eu não vi que estava no caminho e caí duro no chão, acertando
a minha perna com um baque. Ondas de dor subiram pela minha perna rapidamente
quando o sangue começou a escorrer. O short que eu estava usando não oferecia
nenhuma proteção, mas eu podia lidar com a dor. Era o sangue que eu ia ter que
limpar e ter certeza que o corte estava ok.
— Pincesa! — Cooper gritou e começou a chorar histericamente ao ver a minha
perna.
Envolvi rapidamente meus braços ao redor dele e comecei a balançar seu
pequeno corpo para trás e para frente, sua cabeça enterrada em meu peito. — Eu
estou bem, garotão. É só um pouco de sangue. Nada grande...
— Dói... massucado, — ele disse através dos soluços abafados na minha
camiseta enquanto eu esfregava as suas costas.
— Só um pequeno massucado, está tudo bem, — eu esfreguei suas costas
gentilmente e beijei sua cabeça. Me surpreendi por ter feito isso, mas então logo
depois sorri.
Passos de alguém usando botas vieram correndo em nossa direção e eu levantei
o olhar para ver Rocky. Eu ainda ficava inquieta com a sua presença, mas desde que
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tinha falado com Cruz isso diminuiu um pouco. — Fique aí, — foi tudo que ele disse
quando olhou para a minha perna e saiu correndo. Quando voltou, trazia um kit de
primeiros socorros, e começou a cuidar de mim sem dizer uma palavra.
— Eu preciso de pontos? — eu perguntei com Cooper ainda agarrado em mim.
— Nah... — ele procurou no kit por um líquido especial; essa coisa era como
supercola e queimava pra caralho. Quando ele continuou trabalhando na minha
perna, Cooper se acalmou o bastante para começar a olhar o que ele estava fazendo.
Ele até sorriu quando Rocky colocou um Band-Aid do Super-Homem no meu corte.
— Agora eu pareço você, — provoquei Cooper, que riu. — Obrigada, Rocky, —
eu sorri para ele. Ele estava provando, cada vez que chegava perto, que a minha
reação inicial sobre ele estava errada.
Em vez de responder, ele grunhiu e foi embora. Era um homem de poucas
palavras. Meio estranho, mas eu na verdade gostava disso, de um jeito meio
distorcido. Quero dizer, inferno, um cara que não dá a mínima para você? Por que
não gostar, certo?

***

DUAS SEMANAS DEPOIS

— Mais forte! — eu gritei, sentindo a maravilhosa mistura de dor e prazer de


Cruz batendo fundo dentro de mim. Ma estava cuidando de Cooper por hoje e nós
estávamos aproveitando cada segundo do nosso tempo sozinhos. Os caras iam sair
para uma corrida amanhã e iam ficar fora por alguns dias. Ia ser nossa primeira vez
longe um do outro desde que nos conhecemos.
A nossa necessidade pelo outro estava ficando cada vez mais incontrolável; eu
nunca tinha o bastante dele. Mais do que isso, nós também conversávamos mais.
Fomos de não saber absolutamente nada um do outro, exceto nossas mentes cheias
de desejo, para aprender muito no curso de suas semanas.

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Ele nunca mencionava os negócios do clube, e eu respeitava isso. Não precisava
saber nada, de qualquer forma, uma vez que tudo estava calmo, nem Rabitt ou Babs
tinham feito qualquer movimento, me permitindo relaxar um pouco. Os irmãos não
me tiraram do bloqueio, no entanto. Isso estava começando a me incomodar. Havia
apenas um número de vezes que uma garota podia ir até o campo de tiro ou malhar
antes de começar a ficar louca.
Cruz começou a bombear em mim com tudo que ele tinha. Ele me pegou, me
virou de barriga para baixo, empurrou meus joelhos e bateu fundo dentro de mim,
me dando um orgasmo poderoso. Um grito escapou dos meus lábios. Cruz ficou
imóvel atrás de mim enquanto ele próprio tinha a sua libertação. Nós ainda
estávamos usando camisinha. Eu tinha tomado uma injeção anticoncepcional, mas
ainda faltava uma semana antes dela ser completamente efetiva. Os dois fizemos
exames e, graças a Deus, estávamos limpos.
Caímos na cama, ofegantes.
— Merda.
— Sim... merda, Cruz.
— Quando eu estiver fora, você não vai a lugar nenhum sem Buzz, Breaker,
Rocky ou Tug. Me entendeu?
— Sim, entendi, — meu coração se derreteu por esse homem, e eu sabia que
estava na merda. Me apaixonar por um irmão nunca esteve nos meus planos, mas
isso estava acontecendo e eu não podia fazer nada para impedir. Eu não tinha certeza
se queria.
— Você sabe que transar com outras mulheres por aí não vai dar certo para
mim, — minha mente correu para a relação de Flash e Dagger; eles conseguiam lidar
com essa merda; de jeito nenhum eu conseguiria. Então me lembrei dos pais de
Cruz... eu não ia aguentar. Eu podia lidar com armas, drogas, assassinato... mas meu
coração não era tão forte. Eu sabia disso. Também aprendi ao longo dos anos que
muitos irmãos tinham suas vadias de estrada, mulheres que cuidavam das suas
necessidades quando eles estavam em uma corrida. A maioria das corridas eram
consistentes, mas às vezes acontecia deles terem uma vadia de estrada em outra

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cidade. Eu não podia lidar com isso. Se eu não era mulher o bastante para o meu
homem, ele não precisava ser meu.
Cruz se deitou de lado, apoiando a cabeça na sua mão. — É mesmo?
— Olhe, Cruz, eu sei como isso funciona. Eu já vi isso. Eu já vi as mulheres ao
redor quando as old ladies não estão por perto. Não sou idiota. Eu só não vi isso
acontecer com os meu pais. Não posso fazer isso. Não sou uma mulher que aguenta
ver meu homem com outra pessoa. Se esse for o caso, então precisamos acabar aqui.
Eu não posso lidar com isso.
Cruz tirou o cabelo do meu rosto, — Eu também não, — ele se inclinou e me
beijou suavemente.

***

Os caras tinham saído há dois dias e nós estávamos esperando que eles
voltassem amanhã à noite. Coop e eu estivemos nos curtindo, mas não tenho visto
muito Casey. Tenho que dizer que isso é bastante chocante, considerando que mal
nos vimos desde que eu saí. Ela continua dando desculpas sobre o que está fazendo.
É legal ter ela por perto, mas alguma coisa está errada.
Viver no clube não era difícil. Coop e eu nos adaptamos a uma ótima rotina, com
Ma cuidando dele enquanto eu ia ao X um pouco todos os dias. Eu ouvi Cruz e
sempre levava um prospecto comigo quando deixava o clube, que tinha recebido
rígidas instruções de que eles vão te ajudar com o que você precisar.
— Princesa, chegou algo para você, — um dos gêmeos gritou do outro lado da
porta.
Pegando o envelope grande, eu agradeci e fechei e tranquei a porta do quarto
de Cruz. Eu tenho ficado aqui desde a primeira noite. Cooper estava brincando no
chão com alguns brinquedos que Tug conseguiu trazer para ele, totalmente perdido e
feliz no seu mundo.

99
Quando abri o envelope, comecei a olhar e ler todos os papeis que havia dentro.
Estive esperando isso chegar desde que eu saí, mas não deve ter sido possível me
mandar até agora. Dentro tinha informações sobre Babs, onde ela vivia, trabalhava,
seu histórico familiar, números do seguro social, certidões de nascimento, sua gangue
e fotos recentes dela e Rabbit andando pela cidade. Também havia uma descrição
detalhada de como ela passou a última semana, desde a hora que ela dormiu a cada
passo que ela deu durante o dia.
Enquanto estava lá dentro, fiz alguns amigos, e eles tinham olhos e ouvidos em
todos os lugares. Embora tenha dado a Diamond a minha palavra de que não me
envolveria nos assuntos do clube, tinha meus assuntos pessoais com Babs para
resolver.
Meu celular tocou, me fazendo pular. Vi que era Liv e atendi imediatamente. —
O que foi?
— Venha para cá, agora. Tem uns caras quebrando todo o lugar. As garotas
estão trancadas no quarto dos fundos, e eu estou no escritório, — a voz de Liv veio
apressada pela linha. Comecei a guardar todos os documentos de volta no envelope e
o joguei em uma gaveta, fechando rapidamente.
Ouvindo tiros ao fundo, peguei Coop no colo e corri até ao quarto de Ma. —
Estou a caminho. Eles disseram o que querem?
Bati na porta de Ma e gritei, — Ma, cuide de Coop, eu preciso ir ao X.
Ela abriu a porta e assentiu.
Comecei a correr pelo corredor. — Eles não disseram nada. Só perguntaram se
você estava aqui e, quando eu disse que não, eles começaram a quebrar tudo.
— Merda. Fique trancada onde você está. Vou chegar logo aí, — entrei no
quarto de Cruz, peguei minha arma e a coloquei no coldre nas minhas costas, junto
com as duas menores que levava nas botas. Correndo pelo clube, gritei para os
gêmeos e Tug se apressarem. Eu tinha que ir. Rocky tinha saído para encontrar a sua
mulher, que eu não sabia que ele tinha.

100
Eles não discutiram, apenas me seguiram até as motos. — O que diabos está
acontecendo? — Tug perguntou.
— X. Eles estão sob ataque e as minhas garotas estão em perigo.
— Merda, — Tug mandou uma mensagem de texto rápida; estava assumindo
que era para os irmãos, enquanto corríamos para o X.
Desviando no tráfego com as nossas motos, chegamos lá em dez minutos. Não
havia policiais à vista, mas era apenas questão de tempo. Estacionamos as motos e
fomos para a entrada de trás do X. — Fique atrás de nós, Princesa, — um dos gêmeos
disse.
Eu não tinha tempo para essa merda. — Não me tratem como se eu fosse uma
maldita criança. Vamos lá! — eu lati, abrindo a porta do lado. Quando nenhum tiro
foi disparado, coloquei a cabeça lentamente para dentro e acenei para eles passarem.
Apontei para o gêmeo um ir para a esquerda e o gêmeo dois ir para a direita, então
para Tug vir atrás de mim.
Tiros começaram a chover de todos os lugares e, pelo som, nós estávamos indo
direto para a linha de fogo. — Fique abaixado e só atire quando tiver a mira limpa, —
sussurrei para Tug. Ele assentiu. Com nossas armas à nossa frente, começamos a
contornar a esquina, ficando fora da sua linha de visão. Três homens usando coletes
verde e preto estavam atirando nos espelhos, destruindo a sala. Todas as garrafas de
bebida tinham sido quebradas, espalhando álcool por tudo.
Levantei a arma e tinha a mira perfeita no Imbecil Um. Olhei para Tug, que
estava com a arma apontada para um deles também. Nós acenamos um para o outro
e atiramos ao mesmo tempo, acertando nossos alvos. O Imbecil Três veio correndo
na direção da porta, nos bloqueando, atirando sem parar. Eu atirei de volta, mas
mantive os tiros baixos porque não o queria morto ainda.
Ele gemeu e grunhiu quando as balas o atingiram, enviando uma onda de euforia
por mim. Nenhuma droga poderia dar um barato desses a uma pessoa, nada tão bom
quanto montar, mas ainda assim maravilhoso. Espreitando no canto, Imbecil Três
estava grunhindo, sua arma a um metro de distância do seu alcance. Andando
lentamente até ele, Tug foi até a arma e a jogou para mais longe.

101
Eu fui até ao babaca sangrando por todo o meu lindo carpete; que bom que ele
também era vermelho sangue. O chutei no estômago, — Quem enviou você aqui? —
eu lati, apontando a arma para a sua cabeça.
— Sua puta estúpda! — eu o chutei outra vez. O babaca precisava aprender o
que era respeito, o que ele obviamente não conhecia, ao entrar atirando no meu
estabelecimento.
— Tug, dê uma olhada ao redor — Tug se retirou imediatamente.
— Ouça, filho da puta. Você me queria. Agora você me tem. O que diabos você
quer aqui? — eu lati, agarrando minha arma.
— O chefe disse que é para você ficar longe de Babs, ou isso vai acontecer de
novo.
Eu ri. Tudo voltava para aquela vadia estúpida, e ainda assim ela não tinha
coragem de mostrar a cara.
— Isso é por causa daquela puta? — eu acertei sua cabeça com o cabo da arma,
fazendo sangue espirrar.
— Puta! — ele gritou, segurando a cabeça.
— Me diga porque ela acha que eu estou atrás dela.
— Vá se foder.
Tug voltou para a sala. — Tudo limpo.
— Leve as garotas para fora.
— O prazer é meu, — ele se virou e foi na direção dos fundos do lugar.
— De novo. Me diga porque ela acha que eu estou atrás dela, — cada palavra foi
enfatizada com um chute. Esse filho da puta obviamente pensava que era uma
coisinha fraca. Eu precisava lhe mostrar como ele estava errado.
— Vá se foder, — ele rosnou, tentando rolar para o lado.
— Não, eu não quero foder, mas obrigada pela oferta, — eu sorri, apontando a
arma para a sua cabeça. — Não preciso de você vivo, não dou a mínima se você vive

102
ou morre. Essa escolha é sua, — a absoluta calma na minha voz era estranha até para
mim, mas eu usei isso muitas vezes na vida.
— Ela colocou você na cadeia... não quer que os irmãos vão atrás dela.
— Não é com os irmãos que ela precisa se preocupar, não é mesmo? Você acha
que vir aqui e quebrar todo esse maldito lugar vai fazer ela cair nas nossas graças? —
eu parei, olhando para Liv quando ela entrou. — Liv, se certifique que as garotas não
venham aqui. Leve-as para fora.
Ela correu na direção que eu indiquei. — Agora. O que fazer com você? Nós já
matamos dois dos seus homens. Então talvez eu deixe você viver para entregar uma
mensagem, — levantei a arma e atirei uma vez em cada perna. Seus gritos me
fizeram sorrir.
— Você gostaria disso? Viver? — ele balançou a cabeça como o maricas que era.
— Ok, aqui está a mensagem. Diga a Babs que eu amo ela.
Ele parecia chocado. — O quê?
— Você ouviu, — parando, eu olhei para Tug do outro lado da sala. — Você
talvez queira olhar para o outro lado, — eu sorri presunçosamente, mas ele não se
virou.
— Coloque seu pau para fora, — eu ordenei ao babaca.
— Não, puta, — ele rosnou para mim.
Bati nele com o cabo da minha arma de novo, dessa vez no nariz, e mais sangue
voou. Eu ordenei, — Faça isso. E se você me chamar de puta outra vez, eu vou
explodir o seu maldito pau. — Sem deixar de olhar para o imbecil, senti Tug parar ao
meu lado. — Tug, como você não está olhando para o outro lado, venha ficar
apontando a arma para ele. — Ele obedeceu. — Prenda as mãos dele com isso, —
entreguei a Tug um pedaço da cortina que tinha sido rasgada e estava caída no chão.
Com minha arma na mão direita, lentamente consegui puxar o pau do babaca
para fora. — Agora, você quer o seu pau ou as suas bolas?
— O... quê? — ele estava visivelmente tremendo com a pergunta.

103
— Você quer usar o seu pau ou as suas bolas? — quando ele não respondeu,
tomei a decisão por ele. Envolvi uma mão ao redor das suas bolas e puxei com toda a
minha força, sentindo os ligamentos e a carne se rompendo. Quando ele gritou, puxei
com mais força. Ouvi um pequeno gemido de Tug, mas ele não parou de olhar.
Recondicionando minha mão em torno das suas bolas para segurar melhor, puxei
mais uma vez com bastante força, me certificando que ele só usasse esses meninos
novamente depois de muitas cirurgias. Eu não precisava que ele se reproduzisse.
— Você se lembra da mensagem? — eu perguntei inocentemente, como se não
tivesse acabado de arrancar as bolas do homem.
Quando ele não respondeu, agarrei seu pau, e medo brilhou nos seus olhos. —
Si... sim.
— Qual é? — minhas palavras eram doces como mel.
— Dizer a Babs que você ama ela, — ele gaguejou.
— Bom. Tug, tire-o daqui. Leve-o para bem longe, — Tug assentiu, pegou o seu
telefone e fez os acertos. — Onde estão os gêmeos?
— Cuidando das garotas... ei, Princesa? — ele perguntou.
— Sim, — eu disse olhando ao redor do buraco que o Studio X tinha acabado de
se tornar.
— Me lembre de nunca irritar você, — eu me virei, sorrindo para ele, sem
responder.
Os gêmeos moveram os corpos rapidamente, os levaram para longe daqui. E
quando os policiais chegaram, havia somente a bagunça e toda a destruição para
lidar. Eu disse a eles que alguém tinha invadido e destruído o lugar, atirando em tudo.
Na hora em que eu cheguei aqui, eles já tinham ido embora.
Os policiais não fizeram perguntas. Nós conhecíamos o xerife há anos, e ele
mantinha os nossos negócios... bem, nossos.
Liv apareceu, visivelmente abalada. — Garota, você está bem?

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— Vou ficar, — ela respondeu enquanto seus olhos estudavam o lugar,
registrando toda a destruição.
— Vou perguntar a Cruz se os prospectos podem ajudar a limpar essa bagunça, e
as garotas vão ajudar. Nós vamos arrumar tudo e voltar a funcionar em breve, — eu a
abracei, esfregando suas costas. — Vamos precisar fechar por alguns dias, — ela
assentiu.
— Princesa, telefone, — Tug entregou seu telefone para mim. — Cruz.
Eu imaginei o que vinha e disse com todo o meu charme, — Oi, baby. Como está
a viagem?
— Não, que porra aconteceu aí? — depois de explicar em detalhes o que tinha
acontecido, ele não estava muito feliz comigo. — Tire o seu rabo daí e volte para o
clube agora, — ele gritou alto o bastante para que eu tivesse que afastar o celular do
meu ouvido.
— Nós temos que terminar as coisas por aqui.
— Não. Agora.
Tentei engolir minha frustração, mas estava difícil. — Eu estou bem. Todos estão
bem.
— Você não está bem. Você atirou em dois caras e arrancou as bolas de um
terceiro. Isso para não mencionar que o Studio foi destruído. Como eu disse, leve o
seu rabo para o clube, agora. Eu estou a caminho. Chego aí em duas horas.
Soltando um suspiro profundo, eu disse, — Estou saindo agora.
— Ótimo. Se tranque na porra do meu quarto com o meu garoto e não saia dali.
Revirando os olhos, respondi, — Ok.
Esperei ele desligar.
— Vamos embora, — eu disse para Tug, entreguei o telefone para ele e então
virei para os gêmeos. — Você dois levem Liv para casa, por favor, e tranquem todo
esse lugar.

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CAPÍTULO 7
CRUZ

Nós tivemos uma corrida perfeita, sem problemas ou complicações... exceto


pela minha garota. Droga. Eu não vi a mensagem de Tug até que paramos para
abastecer, e depois disso eu dirigi como um morcego saindo do inferno. Ouvir Tug
narrar toda a cena fez a porra do meu sangue ferver. Não apenas havia alguém atrás
de Princesa, ela decidiu cuidar do assunto com as próprias mãos. As duas horas na
estrada não fizeram nada para me acalmar. Depois de estacionar no clube, minha
primeira parada era Tug.
— Mas que porra aconteceu? — eu explodi, cruzando os braços sobre o peito,
tentando me impedir de ir direto para o pescoço do filho da puta. Ele nunca deveria
ter deixado ela sair.
— A sua garota deu uma surra pra valer nele, — ele respondeu, imitando a
minha posição.
— Por que diabos você a deixou ir?
Ele riu. — Você conhece a sua garota? A gente não ia conseguir fazê-la mudar de
ideia, mas fizemos o nosso melhor para estar lá e protegê-la.
— Porra, — esfreguei as mãos no rosto. Essa era uma situação fodida.
Assentindo em entendimento, andei para o clube.
— Ei, Cruz! — Buzz me chamou do bar.
— O quê? — eu disse sem parar de caminhar, porque não queria ouvir merda de
ninguém.
— Você está sério com essa garota? — suas palavras me fizeram parar. Me virei
para encarar Buzz, minha raiva se derramando.
— Por que você quer saber, porra? — eu disse, estreitando os olhos pra ele.
Algo brilhou nos seus olhos, mas ele não recuou. — Porque eu vi o que ela pode
fazer. Ela é incrível.

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— Ela é minha. Fique longe dela, — ele levantou as mãos e eu dei um passo para
trás.
— Entendi.
— Não esqueça isso, porra! — caminhando na direção do meu quarto, não pude
evitar o pequeno sorriso que se formou nos meus lábios. Princesa não tinha apenas a
adoração de todos os membros antigos, agora os prospectos também estavam
encantados por ela. Droga.
Virando a maçaneta, vi que a porta estava trancada. Meu coração se aqueceu
porque ela realmente me escutou e fez o que eu disse. Destranquei a porta e pude
ver ela endurecer do lugar onde estava no chão brincando de Lego com Cooper. —
Papai! — Cooper correu para os meus braços e eu me ajoelhei para pegá-lo no meio
do caminho.
— Ei, garoto. Como você está? — perguntei, beijando o topo da sua cabeça.
— Pincesa bincando com bocos, — ele deu um sorriso enorme, e eu podia dizer
que ele também estava encantado por ela.
— Ela está brincando de blocos com você, hum? — ele balançou a cabeça.
— E Ma me deu biscoitos!
— Parece uma delícia. Você vai ficar com Ma um minuto, ok? Eu tenho que falar
com a Princesa.
Depois de deixar ele com Ma, encontrei Princesa deitada de costas na cama, um
braço cobrindo seus olhos. — Eu sei que você está aí e está puto. Eu tinha que ir
proteger as minhas garotas. Eu faria isso de novo sem hesitar, — ela disse, olhando
para o teto.
Bati a porta e tranquei. Fui até ao fim da cama e parei entre as suas coxas
abertas. Deitei em cima dela e tirei o braço, batendo meus lábios nos dela,
precisando senti-la, prová-la e saber que ela estava viva comigo.
Princesa se fundiu a mim enquanto eu tomava o que queria dela. Não
desperdicei um segundo, arranquei sua camisa pela cabeça, beijando, lambendo e
mordiscando o seu pescoço e a curva dos seus seios lindos. Arranquei seu sutiã, eu
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precisava devorá-la. Puxei seus mamilos com os dentes, dei pequenas mordidas e
chupei com força.
Quando sua respiração ficou presa e seus gemidos ficaram mais alto, meu pau
ficou dolorosamente duro e eu precisava estar dentro da sua boceta apertada. Dando
beijos no caminho até o seu jeans, os arranquei rapidamente do seu corpo. O pedaço
de nada que ela usava como roupa de baixo rasgou facilmente nas minhas mãos.
Olhei para a linda mulher embaixo de mim, eu queria saborear ela inteira. Fui
descendo e beijando seu corpo até minha boca se prender ao seu clitóris e chupar
duro. Ela explodiu na minha boca, cobrindo a minha língua com a sua doçura. Antes
que ela se recuperasse totalmente, me enterrei dentro dela e bombeei com tudo que
eu tinha.
— Camisinha, — ela engasgou entre cada batida.
— Não. Você é minha. Essa boceta é minha, — ela não discutiu; em vez disso,
revirou os olhou para trás e suas costas se arquearam. Enquanto meu pau deslizava
no seu calor molhado, levou tudo que eu tinha para não gozar. Gritando, ela chamou
o meu nome uma e outra vez. Eu não mostrei compaixão, muito pelo contrário,
empurrei ainda mais duro.
Quando ela gozou pela terceira vez, soltei minha liberação dentro do seu corpo.
Cada parte do meu corpo tremia enquanto eu a sentia no fundo da minha alma.
Caindo sobre ela, lentamente rolei para o lado, a levando comigo.
— Então, você está muito puto, ein? — ela perguntou, sorrindo, tentando
recuperar o fôlego.
— Melhor agora.
— Ótimo, — ela me apertou com força. Eu senti falta da presença dela, merda;
estive fora por apenas dois dias.
Odiava ter que quebrar o momento. — Diamond quer ver você.
— Merda. Eu juro que não comecei isso, — sua voz estava cheia de
preocupação.

108
— Ele apenas quer saber o que aconteceu e o que foi dito. Ele quer essa merda
resolvida.
Assentindo, ela rolou para fora da cama e me deu uma maravilhosa visão da sua
bunda, o que me deixou duro outra vez. Mas não tínhamos tempo, Diamond estava
esperando.
Caminhando até à sede do clube, Princesa foi na frente. Ela levantou o queixo
em cumprimento para os caras sentados no bar. Dagger foi até ela. — Você está
bem?
— Claro, — ela deu de ombros.
— Que bom, eu não quero essa bunda linda levando um tiro, — eu tentei conter
um rosnado, mas não consegui. Isso apenas fez Dagger rir. Quando Princesa veio
detrás dele e segurou a minha mão, entrelaçando nossos dedos, não pude evitar um
sorriso presunçoso.
— Princesa. Venha aqui! — Diamond chamou do seu escritório. — Você
também, Cruz.
Princesa me levou pela mão até o escritório. Não vou mentir, fiquei excitado que
ela estava nos assumindo para o clube. Finalmente.
— Sente, — Princesa e eu sentamos um ao lado do outro no sofá enquanto
Diamond sentou na cadeira atrás da sua mesa.
— Então, que tempestade de merda essa em que você se meteu, garota.
— Diamond, eu não comecei isso... — Princesa começou, balançando a cabeça e
apertando a minha mão. Eu retribuí.
— Eu sei. Nós temos que descobrir que porra está acontecendo. Comece do
início, — enquanto Princesa revivia a cena, ela soltou a minha mão. Ouvir cada
detalhe do que aconteceu e do que ela disse me deixou com a impressão de que
alguma coisa não encaixava na situação toda.
— Por que a mensagem dizia que você amava ela? — Diamond a encarou.

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— Prometi a você que não ia começar merda nenhuma. Imaginei que esse era
um jeito de dizer o eu queria sem mentir, — ela deu de ombros como se isso não
fosse nada demais. Mas eu sabia que era. Ela seguiu as ordens de Diamond e isso só
fez o meu orgulho por ela aumentar.
— Você não entrou em contato com ela?
— Não, senhor.
— Então por que ela está atrás de você?
— Não tenho certeza. Para se prevenir? Ela sabe que eu a quero; isso não é
segredo. — Diamond me olhou e disse secretamente que ele concordava comigo.
Algo não estava certo. — Eu fiz uma coisa... — Princesa soltou um suspiro profundo.
— Eu não entrei em contato com ela, mas estive vigiando seus passos.
— Como? — Diamond perguntou, unindo seus dedos e colocando-os sobre a
mesa.
Princesa puxou um envelope pardo de dentro da sua jaqueta de couro. — Uma
amiga de dentro da prisão, Deara, conseguiu isso para mim. — Diamond abriu o
envelope, analisando o conteúdo de dentro, que ele olhava e passava para mim. —
Eu acabei de receber isso e não fiz nada com todos esses documentos e fotos ainda.
— Essa amiga, como diabos ela conseguiu isso? — eu perguntei, me
perguntando a profundidade de toda essa merda.
— Ela é parte dos Lambalinis.
— Você se meteu com eles? — meu temperamento estourou. Eu não a queria
envolvida com esses imbecis de maneira alguma. Eles podiam cortar a sua garganta
sem pensar duas vezes sobre isso.
— Está tudo bem. Eu ajudei Deara lá dentro; ela estava me devendo. Esse é o
meu pagamento. Não tenho que dar nada em troca.
— Você tem certeza? — Diamond perguntou desconfiado.
— Sim. Ela até disse que faria o que eu precisasse para pegar essa vadia. E eu
acredito nela.

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— Eu vou confiar em você.
Ela sorriu. — Sim, senhor. Qual o plano com Babs?
— Negócios do clube, — Diamond respondeu.
— Com todo o respeito, essa vadia mandou aqueles homens destruírem o meu
negócio. Isso é do meu interesse, também.
Diamond olhou para ela, seus olhos inexpressivos. — Você sabe o que precisa
saber.
— O que você quer que eu faça? — ela perguntou timidamente quando recuou
do olhar de Diamond. Eu sabia que estava lhe matando não poder fazer parte dessa
merda.
— Nesse momento, limpe o Studio e cuide das garotas. Deixe que nós vamos
lidar com a gangue de Rabbit, e isso inclui Babs.
— Quando a hora chegar, eu posso ficar com Babs?
— Ela vai pagar por colocar você lá dentro, — quando ele não lhe deu uma
resposta definitiva, ela suspirou em derrota.
A porta foi aberta de repente. Todos os olhos se viraram para Ma. — Venha aqui
fora. Mel está aqui e veio buscar Cooper.
— Ah, mas nem pensar! — Princesa disse, pulando de pé mais rápido que eu e
Diamond. Fomos até à sala principal do clube, e Mel estava lá parada com a mão no
quadril, olhando para Princesa quando ela se aproximou. — Que porra você está
fazendo aqui? — a voz de Princesa era fria como gelo.
— Eu quero o meu garoto, — Mel disse, a ignorando e olhando para mim, o que
foi um movimento errado. Princesa parou na frente dela, as duas cara a cara.
— Você quer ele. Vai ter que passar por mim primeiro, — ela rosnou.
— Você não vai ficar com o meu filho, sua puta, — Mel não viu chegando o soco
que o punho fechado de Princesa acertou no seu queixo, fazendo seu rosto apertar
em agonia. — Sua vadia! — Mel começou a se lançar contra Princesa, mas eu sabia
que essa merda tinha que acabar.

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— Chega! — eu gritei e Princesa estremeceu, mas ela se controlou e parou do
meu lado. Cruzei os braços sobre o peito, tentando conter a raiva correndo por mim e
a vontade de apertar o pescoço dessa puta outra vez. — Mel, você precisa ir embora.
Cooper não vai a lugar nenhum. Os advogados já entregaram os papeis e você não é
propriedade do clube.
O rosto de Mel caiu, ficando branco como papel. — Que papeis?
— Da guarda. Você vai recebê-los amanhã e eu quero que você assine. Do
contrário, vou dar para a polícia todas as fotos e documentos que eu tenho que
comprovam que você é usuária de drogas, assim como todos os hematomas que
encontrei no meu garoto.
Princesa agarrou meu braço com força, — Ela bateu nele... — ela sussurrou.
Colocando as mãos nela, dei um aperto gentil. Os olhos de Mel se arregalaram.
— Se você acha que essa puta é uma mãe melhor do que eu, você está
redondamente enganado.
— Se você a chamar de puta outra vez, vou sair da porra do caminho e deixar
que ela cuide de você. Vá embora. Assine os malditos papeis ou vá para a cadeia...
você decide, — eu podia ver nos seus olhos que Mel queria brigar. Ela se virou e saiu
pela porta. Quando a porta se fechou, Princesa soltou o meu braço e foi para o
corredor sem dizer uma palavra.
— Cruz, aqui, agora, — a voz de Pops veio de trás de mim e apontou para a
igreja.
Segui Pops e Diamond até à mesa, eles fecharam a porta atrás de nós e se
sentaram nos seus respectivos lugares. — Você está sério com a minha filha ou é algo
de momento?
Eu estava na verdade surpreso que Pops demorou tanto para perguntar isso. —
Sério.
— Então ela é a sua old lady?
— Sim.
— Ela concorda com isso? — ele perguntou, sorrindo.
112
— Estou trabalhando nisso, — Pops e Diamond riram alto, o que me fez rir
também. — Pops, ela é durona, mas eu não vou desistir.
— Ótimo. Você tem aquela vadia, Mel, sob controle? — Diamond perguntou.
— Os advogados preparam a papelada. Ela deve sumir para sempre em alguns
dias. E se por alguma razão isso não funcionar, eu vou dar um jeito dela ir embora.
— Certo. A merda ficou feia, — eu olhei para Pops quando ele falou. — Nosso
pessoal de dentro disse que Babs está falando para Rabbit um monte de merda sobre
Princesa estar ameaçando-a.
— Merda, — eu gemi enquanto acendia um cigarro.
— Por isso essa porra toda. Eu pedi uma reunião, mas ele não respondeu. Mas
tem mais, — ele parou e olhou para Diamond. — Existem boatos de outra armadilha
para Princesa ser presa de novo.
Minha raiva aumentou. — Como é que é?
— E se Princesa a matar, vai ter um prêmio de um milhão de dólares pela sua
cabeça.
— Você só pode estar brincando comigo. A boceta de Babs é tão boa que Rabbit
entrou nessa merda?
— Aparentemente, — Diamond se reclinou para trás na sua cadeira e colocou as
mãos atrás da cabeça quando olhou para mim.
— Então, qual o plano? — eu perguntei, esfregando as mãos na cabeça.
— Vamos analisar todas as informações que Princesa conseguiu, ver se
conseguimos descobrir alguma dica sobre essa suposta armação. Você precisa
continuar a mantê-la em rédea curta. O que eu sei que vai ser fácil, — Pops riu. —
Esperamos falar com Rabbit e ver se ele ainda tem algum bom senso. E você vai
encontrar aquela cadela que veio aqui com Danny e conseguir o que puder dela.
— E ela? — eu perguntei, querendo ter certeza de que quando eu abrisse a boca
para ela não seria o meu fim.

113
— Ela sabe o que precisa saber por agora, — balancei a cabeça e Diamond
levantou o queixo para mim, o que queria dizer que eu estava dispensado.
Princesa estava enrolada na minha cadeira reclinável, segurando Cooper nos
braços enquanto ele dormia. Quando ela secou as lágrimas silenciosas, nossos olhos
se encontraram. A dor que eu vi ali fez meu coração doer. Me ajoelhei na frente
deles, coloquei uma mão em Cooper e a outra no joelho dela. — Você está bem,
baby?
— Não. Eu não estou bem, — ela sussurrou.
— Fale comigo, — Princesa olhou para Cooper em seus braços, pegou a sua mão
e tirou o cabelo do seu rosto antes de dar um beijo na sua testa.
— Ela não pode ficar com ele. Eu não vou deixar, — o tom de Princesa foi de
gentil para feroz em segundos. — Cooper é meu. Não vou permitir que ele sofra. Eu
vou matar ela antes que toque nele outra vez, — um sorriso apareceu no meu rosto.
— Não estou brincando, Cruz. Eu vou acabar com ela se ela encostar nele.
— Eu sei, baby. Isso não vai acontecer. Ela em breve vai sumir para sempre, —
minha mão começou a subir e descer pela sua coxa para acalmá-la, mas a maneira
feroz como ela protegia o meu garoto só me fez querer foder com ela bem aqui e
agora. Para não mencionar que encheu meu coração com mais amor do que pensei
que fosse possível.
— Ótimo. Se ela aparecer aqui de novo, isso não vai acabar bem, — ela apertou
Cooper com força. — Eu vou segurar ele um pouco enquanto ele dorme.
— Eu tenho coisas para fazer. Volto logo. Não saia daqui, — ela não discutiu;
apenas assentiu e puxou uma coberta sobre ela e Coop. Achei que ela fosse bonita
antes, mas ver ela com Coop me fez ver como ela era maravilhosa.
Beijei os dois e saí, sabendo que precisava resolver as coisas.

***

114
Encontrar Mindy não foi difícil. Tug, Rocky e eu dirigimos rápido até à facção de
Clayton. Eu tinha o sentimento urgente de voltar logo para Princesa e o meu garoto.
— Danny! — lati quando estacionamos no clube. — Vocês ficam aqui, — como a
nossa facção era a matriz, todas as sub-facções não diziam nada quando nós apenas
entrávamos no clube. — Danny! — eu lati de novo, olhando ao redor do clube, muito
parecido com o nosso.
— O que foi, irmão? — Danny perguntou do corredor.
— Preciso falar com Mindy.
— Sobre?
— Não é da sua conta. Traga ela aqui, agora, — eu disse. Ele estava fodido se
pensasse por um segundo em proteger o rabo dela. Suspirando, ele saiu e voltou com
uma Mindy muito assustada.
— Me diga o que você sabe, — eu disse cruzando os braços e parando na frente
dela com o todo o meu 1,90m. Eu sabia que a minha presença era ameaçadora, e não
dava a mínima.
— Eu... eu não sei nada, — ela gaguejou.
Me aproximei dela e Danny parou na sua frente, o que me irritou muito. — Saia
do caminho, porra, — eu disse, meu nariz tocando o dele.
— Você não vai machucá-la, — ele exigiu, o que transformou minha raiva em
fúria.
— Saia da porra do meu caminho antes que eu coloque uma bala na sua cabeça.
— Você vai atirar em um irmão dentro do clube? — ele perguntou, confuso.
— Se o filho da puta me impedir de proteger a minha família, então ele não é
meu irmão, em primeiro lugar, — eu o encarei sem piscar. Depois de alguns
segundos, ele saiu do caminho e Mindy estremeceu.
— Você vai responder as minhas perguntas e me dizer tudo que sabe sobre
Babs. Agora.
— Eu... realmente não sei nada.
115
— Sente e fale, — eu disse, apontando para os sofás ao nosso lado. Eu
realmente não queria machucar a cadela, mas se ela não abrisse a boca logo, a merda
ia explodir.
Mindy olhou para Danny para se tranquilizar, e quando ele acenou com a
cabeça, ela começou a falar. — Dois anos atrás, Babs estava irritada porque a
Princesa era, bem, a Princesa. Ela tinha tudo que Babs queria. A Princesa tinha o
clube e todos os caras cobrindo as suas costas. Ela era fodona com a moto, e sabia
atirar e nunca errava. Ela também tinha poder. Princesa nunca se exibia; é apenas
quem ela era. Mas Babs não gostava. Ela queria isso, e era algo que nunca poderia
ter, — Mindy parou para pensar. — Babs queria se livrar dela de uma vez por todas,
mas acho que as coisas não aconteceram do jeito que ela queria.
— O que você quer dizer com isso? — controlar a minha raiva estava ficando
cada vez mais difícil.
Soltando um suspiro profundo, ela disse, — Ela pensou que se ela se livrasse de
Princesa, poderia se aproximar dos caras do clube e tomar o seu lugar. Mas quando
isso não aconteceu, sua raiva só ficou maior e a consumiu. Ela queria destruir
Princesa. Foi estúpida de pensar que o clube a receberia de braços abertos depois
dela mandar a sua adorada mulher para a prisão.
— Sim. Muito estúpido. Qual foi a sua participação? — a mão de Mindy
começou a tremer e ela a estendeu para Danny. Ele não nos disse para parar; apenas
apertou a mão dela.
— A única coisa que me pediram para fazer foi levar Princesa para o Studio X.
Tudo que eu fiz foi ligar para ela. Eu juro. Não tive nada a ver com o que aconteceu
depois. Eu não diria que Princesa e Babs eram amigas, elas apenas eram conhecidas
que se respeitavam. Babs fez um pequeno trabalho no Studio X, mas eu nunca diria
que elas eram amigas.
Quando Princesa foi presa, eles queriam fazer dela um exemplo para o resto de
nós. Ela foi condenada por chantagem e por adulterar os livros de contas do Studio X.
Todos sabíamos que isso era mentira, mas de alguma maneira aquela vadia entrou no
escritório de Princesa e trocou os livros. Ela até mesmo tinha fotos em que parecia

116
que Princesa estava recebendo dinheiro do nosso proeminente prefeito, Stan Mason.
Ele foi ao tribunal e mentiu descaradamente sobre Princesa o chantagear porque ele
tinha passado um tempo no Studio X. Quando Pops foi atrás dele, ele mudou sua
história. Mas o prefeito não viveu o bastante para contar nada a ninguém. Babs fez
um ótimo trabalho com a prova que ela tinha, porque nosso advogado não achou um
jeito de se livrar disso. O foda é que nós só descobrimos isso tudo um ano depois que
Princesa foi presa. Fiquei sabendo de tudo isso através de Pops, quando virei um
prospecto do clube.
— Então, qual o negócio agora?
— O que você quer dizer? — ela perguntou, confusa.
— O que Babs está tramando?
— Eu... eu não sei. Eu fui embora depois do que aconteceu. Eu vi o que ela podia
fazer e não queria fazer parte disso, — a voz de Mindy quebrou e despareceu.
— Então, com tudo que você sabe, ela apenas te deixou ir embora? — alguma
coisa aqui não estava certa.
— Não. Eu fiquei mais um ano. Então, quando ela se juntou com Rabbit e sua
gangue, nós meio que nos afastamos. Ela não aparecia muito. Acho que ela conseguiu
o lugar de Princesa, só que em outro clube.
— Eu vou te dizer o que você vai fazer, — ela arregalou os olhos quando eu a
encarei fixamente. — Você vai ligar para Babs e ser bem legal com ela. Descubra o
que ela está preparando para a Princesa e porquê.
— Não quero ter nada a ver com Babs, — ela disse, o que me irritou. Porque
diabos ela pensou que poderia se recusar estava além de mim.
— Eu não dou a mínima. Você quer ser a old lady de Danny e consertar essa
merda? — ela assentiu. — Então você vai nos ajudar. Quero todas as informações
sobre os planos e pensamentos de Babs. Você vai entrar.
Suas mãos começaram a tremer incontrolavelmente. — Mas ela vai me matar.

117
— É um risco que estou disposto a correr, — eu disse me inclinando para trás no
sofá. — Você vai entrar lá. Descubra tudo que puder, e depois que essa merda estiver
feita, você dá o fora.
— Isso não vai ser fácil, você sabe muito bem, — Danny latiu.
Eu o cortei bruscamente. — Se eu quisesse a porra da sua opinião aqui, eu
pediria.
— Essa é uma merda fodida. Você não pediria para a old lady de mais ninguém
fazer isso, — a raiva de Danny se derramava nas suas palavras.
— Eu moveria a porra do mundo todo para proteger a Princesa. Mantenha esse
pensamento em mente, — eu nivelei nossos olhos e deixei que ele visse dentro do
meus. Então me virei para Mindy. Exigi, — Você tem dois dias. Entre lá e descubra
alguma coisa.
— Dois dias. Como diabos ela vai descobrir algo em dois dias? — Danny
perguntou.
Estalei meus dedos e levantei do sofá. — Não faço a mínima ideia, caralho.
Dêem um jeito nisso.
Saindo do clube, eu sabia que precisava descobrir como diabos tudo isso ia
funcionar.

118
CAPÍTULO 8
HARLOW

Brincar com Cooper tinha sido o ponto alto do meu dia. Eu precisava ir ao Studio
X, mas esperei Cruz voltar. Só Deus sabe o que ele tinha que fazer.
Quando a porta se abriu e Cruz entrou, ele parecia totalmente comestível, seu
cabelo uma bagunça total, como se ele tivesse passado muito as mãos entre os fios.
Seu colete de couro vinha por cima da camiseta preta de mangas longas que ele
estava usando. Seu jeans caía baixo, e eu sabia que se ele tirasse a camiseta, eu iria
ver o mais gostoso V de todos, que me levava direto para o seu pau grosso, junto com
as muitas tatuagens deslumbrantes que marcavam o seu corpo magnífico. Ele era de
morrer. Sorrindo para ele, eu virei Coop para ele poder ver o seu pai. — Papai! — ele
gritou, correndo para os seus braços.
— Ei, garoto, — ver Cruz segurando seu garotinho nos braços fez meu coração se
agitar. Ver ele ser um pai tão bom para Coop foi a minha ruína. Esse era o meu
homem. Eu o amava. Mesmo que tudo fosse um turbilhão, não tinha como negar
isso. Ele era meu.
— Papai, eu estou pintando.
— Estou vendo, garoto. Preciso falar com a Princesa um pouquinho, então
vamos para o seu quarto.
Eu me sentei na cadeira reclinável e esperei enquanto ele cuidava de Coop. — O
que está acontecendo?
— Coop está em bloqueio aqui. Ele não vai sair por motivo algum. Ele vai ficar
seguro, — suas palavras eram tranquilizadoras, mas eu precisava saber o que poderia
acontecer.
— E se ela não assinar os papeis?
— Ela vai, — eu não sabia porque ele achava que isso ia ser tão fácil. Muito pelo
contrário, essas últimas semanas tinham provado que nada era fácil nesse mundo. —

119
Eu sei que você pode se proteger, mas até que essa merda esteja resolvida, você
precisa ser extra cuidadosa.
Eu sabia que ele estava certo, mas ter restrições me lembrava da prisão. No
entanto, eu sabia que ia ouvi-lo, porque ele era o meu homem.

***

DOIS DIAS DEPOIS

— O que você quer dizer com “ela se foi”, porra? — a voz áspera de Cruz ecoou
pelo clube. Sentada em um banquinho do bar com Cooper no colo, deixei que ele
brincasse com os porta-copos, alinhando-os repetidamente, numa tentativa de
distraí-lo dos gritos do seu pai.
— Ela não pode ter apenas desaparecido, Danny! — eu assumi que ele estava
falando de Mindy. Balancei a cabeça, ouvindo com um ouvido a conversa de Cruz ao
telefone, sabendo que eu não deveria, mas não o suficiente para me impedir.
— Você sabe onde ela está, caralho. Me diga! — Cooper não estava prestando
atenção ao seu pai, ele estava muito ocupado brincando com todos os porta-copos.
— Eu vou até aí fazer você me dizer. Você tem vinte e quatro horas para ela
aparecer. Depois, a merda vai ficar realmente séria, — Cruz desligou o telefone e o
colocou dentro do seu colete, a raiva se derramando dele.
— O que está acontecendo? — Pops perguntou antes que eu pudesse.
Cruz se aproximou de Pops e disse algo baixinho no seu ouvido. Pops assentiu.
Pops se virou para mim. — Você está bem?
— Estou bem.
— Preciso que você faça algo para mim, — Pops disse, quase nervoso, o que não
era seu estilo.

120
— Claro, qualquer coisa.
— Preciso que você entre em contato com Deara e consiga todas as informações
recentes sobre Mindy e Babs. Você acha que consegue isso rápido?
— Sim, tenho um contato aqui fora que pode entrar em contato com ela. Vou
ver o que posso fazer, — não pude evitar a felicidade correndo pelo meu corpo em
saber que eles confiavam em mim para conseguir essas informações.

***

Deitada na cama, eu não conseguia dormir. Minha mente continuava pensando


em toda a merda que tive que lidar nas duas últimas semanas e últimos dois anos. E
tudo porque aquela cadela era invejosa. Ela morria de inveja da minha vida. Tentei
escapar dessa vida e ser mais durona, como os caras, para me entrosar com eles. Ela
tinha ciúmes de uma vida em que eu tinha tentado incansavelmente não ser
chamada de Princesa, embora eu tenha me apegado a ela no final. Eu amava essa
vida. Mas não conseguia afastar a sensação de que havia mais coisa aí. Tinha que ter.
Quem me odiaria tanto assim que trabalharia com ela e a ajudaria a me
destruir... porque eu sabia que tinha que ter mais alguém nisso.
Pensando em dois anos e meio atrás, minha vida era simples. Eu tinha o meu
negócio, o clube, os irmãos e a minha família. Nós não queríamos nada mais.
Estávamos muito bem. Se eu queria transar, encontrava algum idiota inocente no bar,
curtia o momento e nunca mais ligava.
Não havia ninguém com quem eu tivesse uma desavença pessoal, pelo menos
não que eu soubesse. Eu sabia que o clube tinha uma tonelada de inimigos. Isso era
um fato, mas eu não causei nenhum problema. Apenas lidei com os problemas
quando eles apareceram.
Eu tive que chutar alguns caras para fora do X porque eles estavam sendo muito
rudes com as garotas, mas nada demais. Eu não conseguia afastar a sensação de que
Babs estava trabalhando com alguém, porque considerando o fato de que nós duas

121
nunca fomos classificadas como amigas aos meus olhos, tinha que haver mais coisa.
Minha mente continuou tentando encontrar algum motivo ou razão para essa
loucura, mas nada apareceu.
Cruz tinha saído para cuidar de assunto do clube há algum tempo, deixando
Coop e eu sozinhos para passar o tempo. Eu realmente amava ficar com ele.
Esses malditos sonhos que eu continuava a ter estavam me matando. Cada vez
que eu fechava os olhos, via e sentia-o. Eu só queria entrar sob a água escaldante e
deixar que ela derretesse a pele do meu corpo. Não queria fechar os olhos, com
medo de ver outra reprise.
Cansada, precisava de algo para distrair minha mente dessa merda. Fui até ao
salão principal do clube e encontrei Rhys, Becs, Breaker e Buzz todos sentados no bar
conversando, mas eles pararam imediatamente quando me viram. Revirando os
olhos, me aproximei lentamente, vendo duas mulheres sentadas no sofá ao longe.
Era como se elas nunca saíssem daquele maldito lugar.
— Oi, Princesa. Como você está? — Becs perguntou enquanto tamborilava os
dedos no bar. Seu cabelo vermelho fazia com que ele se destacasse dos outros caras.
Não era um vermelho vivo, mas algo puxando para o marrom, e seus olhos eram de
um verde penetrante. Ele era um homem muito atraente. Seu nariz mostrava que ele
esteve em algumas brigas e não foi colocado no lugar do jeito certo, porque havia um
grande caroço no centro, mas para mim isso mostrava o seu caráter. Ele sempre agiu
como se fosse um segundo irmão para mim ao longo dos anos.
— Estou presa aqui, — eu disse, deslizando em um dos banquinhos. — Posso ter
uma dose de uísque, por favor? — perguntei a um dos B.Boys, que era como eu
chamava os gêmeos. Um dia eu conseguiria identificar quem era quem, mas não ia
ser essa noite.
— Você e Cruz, ein? — Becs perguntou quando virei a minha dose de Jack,
sentindo a queimação na minha garganta, e bati o copo no bar. Precisava de outra.
Acenei para os B.Boys.
— Nunca pensei que veria o dia em que você finalmente cederia para um irmão,
— ele bebeu a sua cerveja enquanto balançava a cabeça.

122
Eu sorri. — Me chocou pra caralho, também.
— Você estava bem, lá dentro? — a voz grossa de Rhys enviou arrepios pelas
minhas costas. Havia algo em uma profunda voz de barítono que fazia meu corpo
estremecer. Rhys não era como os outros caras para mim. Eu o achava mais perigoso,
mais assustador, mas nunca deixei isso aparecer. Ouvi histórias que eu não deveria
ter ouvido quando era criança, de como ele lidou com as pessoas que se meteram
com ele. E isso me assustou pra caralho, então eu estava muito feliz de ter Rhys ao
meu lado.
— As primeiras semanas foram difíceis. Eu tinha que encontrar o meu lugar, e
não foi fácil. Mas quando isso acabou, ficou melhor. Então quando Pops pagou aos
guardas para eu ter meu próprio quarto, ficou muito melhor. Dormir com um olho
aberto é mais difícil do que pensei. Mas sobrevivi.
— Sim, com certeza você conseguiu passar por isso. Nós temos muito orgulho de
você. Não são muitas as mulheres que seriam tão fortes, — Rhys passou os braços
pelos meus ombros, e parte de mim queria se afastar, mas eu nunca seria
desrespeitosa com ele.
— Obrigada...
— Você conseguiu falar com aquela garota para conseguir as informações? —
Becs perguntou, tomando um gole da sua cerveja.
— Tive uma resposta há pouco. Ela tem alguém cuidando disso. Eu não sei quem
é, mas felizmente nós vamos ter o que precisamos pela manhã, — depois da merda
em que eu me meti por usá-la, fiquei surpresa por terem me pedido para conseguir
mais informações com Deara.
— Ótimo. Odeio tatear no escuro, — Rhys disse.
Virando outra dose de uísque, senti olhos queimando em mim. Me virando, vi
que os B.Boys estavam me observando. — O que foi?
— Você é a única garota que eu conheço que pode cuidar de dois homens e
arrancar as bolas de um terceiro sem nem suar, — sua admiração era engraçada,
então eu ri.

123
— É melhor você lembrar de não me irritar, — os caras gemeram. — Ah, vamos
lá, não é como se eu tivesse feito isso com vocês.
— Ah, querida, só de pensar nisso o meu pau dói, — Rhys agarrou suas calças, se
ajustando.
— Você é uma dor no pau, — eu disse, sorrindo.
— Você sabe que apenas você e Ma podem vir com essa merda para mim,
certo? — não havia o que eu pudesse dizer, porque sabia que era totalmente
verdade. Rhys não levava desaforo de ninguém para casa.
— Achei ela! — a voz de Cruz ecoou pelo clube. Pulando do meu assento, fui ver
exatamente quem ele tinha achado. Caminhando na sua frente estava uma Mindy
totalmente desgrenhada. Seu cabelo estava uma bagunça e suas roupas, rasgadas.
Ela tinha vários arranhões e hematomas.
Antes que eu pudesse fazer qualquer pergunta, Cruz disse, — Venha, Baby. Eu
estou exausto.
Não pude deixar de perguntar, — Mas e ela?
Cruz se inclinou para falar no meu ouvido, — Deixe que eles cuidem dela, — suas
palavras enviaram arrepios pela minha espinha e deixaram a minha calcinha
molhada.
Meus pensamentos entraram em conflito. Queria saber o que essa mulher tinha
a dizer, mas meu corpo queria Cruz. Meu corpo ganhou. — Vamos lá, — Cruz passou
o braço pelos meus ombros e me levou para o seu quarto. Demos uma checada em
Coop e ficamos felizes em ver que ele dormia profundamente.
Eu precisava de algo de Cruz. Algo que ele ainda tinha que me dar. Nós sempre
tivemos momentos de paixão e luxúria sem barreiras na cama, mas dessa vez eu
precisava de algo mais.
Caminhando sedutoramente até ele, o empurrei até ele cair na cama. — Baby, o
que você está fazendo? — ele sorriu para mim quando comecei a tirar minha camisa
lentamente, revelando cada centímetro de pele até tirá-la pela cabeça. Suas mãos
começaram a tocar o meu corpo, mas eu o impedi.

124
— Deixe suas mãos sobre as coxas, — eu sussurrei quando me virei para
desabotoar meu jeans. Colocando os polegares dentro das calças, eu lentamente as
puxei para baixo e me dobrei para tirá-la pelos pés, dando a Cruz uma visão perfeita
da minha bunda, coberta apenas por uma calcinha.
A respiração de Cruz ficou presa quando eu me virei e encarei seus olhos lindos.
Tirando meu sutiã e calcinha, eu lentamente me aproximei da cama até meus joelhos
tocarem a borda. Com a ponta dos dedos, acariciei lentamente seu peito, começando
pelo pescoço e descendo até chegar à bainha da camiseta. Passei a mão por debaixo
da borda e encontrei seu peito duro esperando por mim. Quando movi as mãos para
cima, levei junto a sua camiseta, sentindo os contornos de cada músculo no caminho.
— Levante, — eu sussurrei. Ele obedeceu, me encarando nos olhos.
— Está se divertindo? — eu assenti com a cabeça, sem emitir som algum.
Minhas mãos foram para o seu rosto e senti sua bárbara áspera. Puxando seus lábios
para os meus, o beijei com paixão, mas sem ser muito agressiva. Eu não queria nada
muito agressivo dessa vez. Chupei e mordiquei seus lábios e as mãos dele foram para
a minha cabeça. Eu me afastei na hora.
— Mãos nas coxas, — eu ordenei, piscando para ele.
— Então é assim que vamos jogar essa noite?
— Sim, baby. Apenas se deite e aproveite, — beijei todo o seu peito e dei uma
atenção especial aos mamilos. Ele gemeu quando minha língua fez um ótimo trabalho
neles. Corri as mãos pela parte de cima do seu peito, onde se podia ler as palavras
Live and Let Live11. Sorri e beijei cada uma delas. Fui descendo lentamente até
alcançar o seu cinto.
Enquanto beijava seu abdômen, abri metodicamente seu cinto e as calças.
Alcançando dentro da sua cueca boxer, puxei-a e suas calças para baixo, não
permitindo que minha boca chegasse perto do seu pau. Ele ia ter que esperar para
isso, mas meus lábios acariciavam todas as outras partes enquanto eu me movia.

11 Viva e deixe viver.

125
Quando subi pelo seu corpo de novo, minha língua e dentes deram a ele leves
lambidas e mordidas ao longo das pernas, coxas e peito. Eu estava muito orgulhosa
dele conseguir manter as mãos onde eu mandei, mesmo que ele estivesse as abrindo
e fechando em um punho, o que aqueceu o meu corpo. Pelo menos ele estava
tentando. Eu sabia que era difícil para um homem como Cruz ceder completamente o
controle, e eu estava aceitando o presente que ele estava me dando.
Quando alcancei seu pau, minha mão se fechou sobre ele da melhor maneira
que consegui, lentamente subindo e descendo. Minha língua se arrastou da base até
à cabeça, fazendo todo o seu corpo saltar. Quando minha mãe apertou mais em
torno da base, comecei a girar e bombear a mão em um ritmo lento. Ele estava
totalmente ereto e pronto para mim, mas ia ter que esperar. Eu precisava disso.
Minha mão subia e descia muito lentamente, sentindo a maciez do seu pau. Vi ele
fechar as mãos em punhos mais uma vez, seus dedos ficando brancos. Decidi dar a
ele um pequeno alívio.
Beijando a cabeça do seu pau, lambi todo o pré-gozo que tinha vazado da ponta,
gemendo ao sentir seu gosto forte. Lentamente, começo a chupar enquanto envolvo
meus lábios ao redor dele e deixo uma mão na base, bombeando de leve. Cruz tem
um pau bonito; o tamanho é absolutamente perfeito e, assim como a minha boceta,
minha boca se encaixa perfeitamente. Levo ele na minha boca o máximo que posso;
sua cabeça toca o fundo da minha garganta várias vezes, mas continuo respirando
pelo nariz e controlando o reflexo de ânsia.
Os quadris de Cruz começam a se mover no mesmo ritmo das minhas chupadas
e do balanço da minha cabeça, suas mãos coçando para agarrar o meu cabelo. — Eu
vou gozar se você continuar, — ele rosna para mim.
— Talvez seja essa a deia, — eu sabia que ele podia se recuperar logo. Ele já
tinha provado isso várias vezes, e eu queria o seu gosto na minha língua. Eu quero
sentir ele cobrindo a minha garganta.
— Porra, — foi todo o aviso que recebi antes de receber os jatos quentes dentro
da boca. Engoli ritmicamente enquanto ele continuava a gozar dentro de mim. Depois

126
que os últimos jatos deixaram o seu corpo, lambi a ponta do seu pau, querendo até à
última gota. — Porra, baby, — ele disse, ofegante.
Minha calcinha estava completamente encharcada, e eu podia sentir o cheiro da
minha excitação, o que só me excitou ainda mais. — Agora, fique aqui, — eu disse a
ele. — Você pode usar suas mãos em um minuto.
Sorrindo para ele, me levantei, tirei minha calcinha e o sutiã, balançando um
pouco os seios com meus olhos focados nos dele, o calor neles enchendo o quarto.
Subi sobre o seu corpo, precisava dos seus lábios no meu corpo. Ele ia me comer até
que dissesse para parar, e amava cada segundo disso. Montando sobre a sua cabeça,
agarrei a cabeceira da cama à minha frente e não disse uma palavra. — O que eu
devo fazer com isso? — ele me perguntou com um tom arrogante.
— Você não sabe? Acho que posso encontrar alguém que saiba, — eu atirei de
volta, olhando para baixo em seus olhos que instantaneamente pegaram fogo e
queimaram a minha alma.
— Ninguém além de mim toca nessa boceta, — ele rosnou, agarrando minhas
coxas e puxando minha boceta para baixo, direto para a sua boca. Sua língua fez a sua
mágica enquanto ele me comia como um homem faminto. Sua língua entrava e saía
das minhas dobras com perfeita precisão. Quando ele alcançou o meu clitóris e
começou a chupar, vi pontos brancos enquanto gozava. Não gritei com medo de
acordar Coop. Em vez disso, trouxe minha mão até à boca e mordi com força,
abafando o som. — Você gosta disso, baby? — eu acenei sem fôlego. — Você acha
que eu não sei como chupar uma boceta? — balancei a cabeça, não; esse homem
com toda certeza sabia o que estava fazendo.
Quando finalmente recuperei o fôlego e voltei para Terra, caí sobre o seu corpo
e esmaguei meus lábios nos dele, provando o meu gosto, o que me deixou excitada
outra vez na mesma hora. As mãos de Cruz se enrolaram na minha cintura e ele me
virou para deitar de costas.
— Nós fizemos isso do seu jeito, agora vai ser do meu, — Cruz não me deu
tempo para pensar ou discutir quando empurrou dentro de mim com uma estocada
dura e profunda. Seus quadris se tornaram pistões entrando e saindo de mim com a

127
força de um turbo jato. Em vez de gritar, eu mordi com força o seu ombro, abafando
o som mais uma vez. Ele saltou em surpresa. — Você me mordeu.
Eu sorri para o seu choque. — Eu não posso gritar; esse é o único jeito.
— Então é bom eu estar pronto para você virar uma vampira, porque você vai
querer gritar, — quando Cruz começou as suas estocadas frenéticas dentro e fora do
meu corpo, inclinou os quadris, dando a ele um ângulo melhor, e fazendo a minha
cabeça girar em mil direções. Seus lábios bateram nos meus ao mesmo tempo em
que ele acertou o ponto dentro do meu corpo que me fazia gozar todas as vezes. Em
vez da mordida, seus beijos abafaram meus gritos quando a onda do orgasmo correu
por mim, enviando meu corpo em um tremor convulsivo.
Cruz rosnou quando senti seu pau liberar jorros quentes dentro de mim, me
enchendo completamente. Ele caiu em cima de mim, seu peso me empurrando na
cama. Eu não senti seu peso, no entanto; eu me senti amada, totalmente amada.
Nenhum homem já tinha me feito gozar assim antes. Senti isso até à minha alma.
— Eu amo você, — eu sussurrei tão suavemente que não achei que ele tivesse
ouvido, sem saber qual seria a sua reação.
— Porra, finalmente, baby, — ele levantou seu corpo e me olhou nos olhos,
paixão e amor passando através deles. — Eu também amo você, querida. Apenas
você.
Meu coração inchou mais do que eu pensei que fosse possível. Envolvi meus
braços ao redor do seu corpo forte, puxando-o para baixo, e o beijei com tudo o que
tinha.
Um som alto ecoou do outro lado da porta. Tiros. — Merda, — Cruz saltou da
cama, agarrou seu jeans e o vestiu, enquanto eu fazia o mesmo. Depois de vestirmos
nossas camisetas, pegamos nossas armas. — Fique com Coop! — ele ordenou
enquanto saía do quarto.
Mais tiros são disparados, um atrás do outro. Posso ouvir os homens gritando, as
mulheres também. Coop começou a chorar por causa do barulho, o que me
surpreendeu porque ele geralmente não acorda com nada. Guardando minha arma,
eu o peguei no colo e o embalei nos meus braços enquanto secava suas lágrimas.
128
Pegando a arma novamente, fui para a cadeira, onde continuei o balançando
suavemente de um lado para o outro, apenas esperando.
A porta voou aberta e Cruz entrou. — Vocês dois estão bem? — ele disse
ofegando.
— Sim. O que está acontecendo?
— Danny veio buscar Mindy. — Merda. Isso não ia acabar bem. Um irmão não
podia entrar na principal facção do clube abrindo fogo. Nunca tinha ouvido falar
disso.
— Estão todos bem?
— Pops foi atingido no ombro, mas estão todos bem. Mindy está gritando
porque atiramos nas pernas de Danny. É uma confusão do caralho.
— Papai! — Cooper gritou e estendeu os braços, tentando alcançar Cruz.
— Venha aqui, garoto. Está tudo bem. O papai está aqui com você, — Cooper
descansou a cabeça no ombro de Cruz e enrolou seus bracinhos em volta do seu
pescoço.
— Eu vou ver se Pops está bem, — quando cheguei na sala principal, Ma estava
chorando sentada no chão, e Pops estava sentado ao seu lado, esfregando as costas
dela. Do outro lado da sala, Danny estava gritando e Mindy estava ao seu lado, meio
gritando e meio chorando. Rhys tinha uma arma apontada para a cabeça de Danny, e
Dagger tinha a sua apontada para a de Mindy.
Caminhei até Ma e Pops e perguntei, — Você está bem? — podia ver o sangue
manchando a camisa de Pops, mas ele não estava se esforçando muito para conter
isso.
— Sim, eu estou bem, — ele disse, me dando um sorriso triste. Seus olhos
mostravam estar cansados de anos de uma vida dura.
— Me deixe dar uma olhada, ok? — eu perguntei a ele, pegando uma tesoura no
bar. Depois de tirar seu colete, que tinha um furo no local onde a bala entrou e que ia
ter que ser costurado depois, eu cortei a sua camiseta o bastante para ver a ferida.

129
Ela era bastante profunda, mas a bala não tinha ido muito longe. Ia ser fácil dar um
jeito. Ele ia ficar dolorido, mas bem.
— Buzz, pegue o kit de primeiros socorros, por favor. Breaker, pegue toalhas
limpas. Tug, preciso de uma agulha, linha e álcool, — eu pedi aos prospectos, que
imediatamente foram atrás de conseguir o que eu precisava. Era legal ter uma
relação com eles em que eles não pensavam que eu era apenas uma vadia querendo
lhes dar ordens; eles entendiam que eu precisava de ajuda. E estavam dispostos a me
ajudar.
Depois de dar uns pontos em Pops, dei a ele algumas doses de uísque antes de
levar Ma para a cama. Os caras tinham colocado toalhas nas feridas de Danny, e
parecia que o sangramento tinha parado. — Você quer que eu dê uma olhada? —
perguntei a Dagger.
— Nah. Ele está bem. Doc vai estar aqui em meia hora. Ele não vai se esvair em
sangue, — ele se virou para Danny, suas palavras pingando veneno. — Se ele chegar
aqui a tempo.
Mindy decidiu que seus gritos iam cessar por um momento, por tempo o
bastante para falar. — Eu não queria que isso acontecesse. Eu apenas deveria ficar lá
até que tudo se acalmasse.
— Você é realmente muito idiota. Que porra você esperava que acontecesse? —
a minha irritação estava no limite.
— Princesa, eu não posso ir até Babs. Ela vai me matar, — Mindy disse, e pelo
menos agora eu sabia qual era o plano do clube, mas mantive isso para mim.
— O que diabos você acha que esses caras vão fazer com você? — eu acenei
com o braço na direção de todos os homens na sala. — Isso não é uma brincadeira,
porra.
— Você acha que eu não sei?! — ela gritou para mim e eu saltei.
— Sua putinha estúpida. Quem você pensa que é? Alguém especial? Não. Você é
uma vadia do caralho, e porque você ajudou Babs, me deixou na prisão por anos.
Talvez eu devesse te trancar em um quarto com mais nada por dois anos, então você

130
vai saber como é. Daí vou aparecer algumas semanas e te dar uma surra, só por
diversão. E se você for boazinha, vou achar uma vadia que gosta de boceta e fazer
você dar para ela, várias e várias vezes. E depois vou deixar os caras se revezarem
com você, fodendo cada buraco que você tem no corpo. — Os olhos de Mindy
cresceram enquanto ela absorvia cada uma das minhas palavras. Eu exagerei um
pouco o cenário, mas ela não precisava saber dessa merda.
— É isso que você quer, sua puta? Porque é isso que poderia acontecer com
você aqui. A morte seria um piquenique comparado ao que tenho planejado para
você. E se você pensa por um minuto que está salva por dar essa boceta para um dos
membros, está muito enganada. O fato desse idiota ter vindo aqui atirando contra os
seus irmãos é motivo para ele perder todos os seus malditos patches.
Mindy não se moveu. Ela ficou ali sentada me olhando como se eu fosse Deus e
pudesse lhe dar absolvição por toda a merda que ela pôs em movimento. Ela estava
redondamente enganada.
Olhando para Mindy, eu disse, — Você vai limpar todo esse sangue do meu
chão, porque com toda certeza eu não vou fazer isso. — Olhando para Tug, falei para
ele, — Você pode arranjar alguma merda para ela usar, por favor?
— Claro.
Doc entrou pelas portas, observando a cena. — Princesa, você não fez isso, —
ele balançou a cabeça. Doc me conhece desde que sou um bebê e sempre me viu
como um dos seus filhos. Mesmo em tempos como esse, ele encontra humor.
— Bem, Doc, você sabe. Minha arma tem uma grande dificuldade em ficar no
coldre, — eu sorri.
Quando Doc começou a trabalhar em Danny, eu observei Mindy limpando o
sangue do seu namorado do chão. Sentada no bar, bebendo uísque e fumando, eu na
verdade me senti calma. Mulheres normais provavelmente não estariam, mas era
para isso que eu queria voltar. E aqui estava, bem na minha frente.
Depois que Doc cuidou de Danny, foi embora. Eu caminhei até Danny, ainda
deitado no chão, e não tive nenhuma pena da dor que ele estava sentindo. Ele

131
chegou atirando no clube, nos meus irmãos, no meu pai e muito perto do meu
garotinho.
Eu sabia que não podia abrir a boca e falar assim com um irmão, então foquei
em Mindy. Olhei para ela. — Vadia, eu não estou brincando com você. Esses homens
podem não matar mulheres, mas com toda certeza eu faço isso sem pensar duas
vezes, — com isso, eu me virei e fui encontrar meus meninos.

132
CAPÍTULO 9
CRUZ

Dois dias depois e a vadia não chegou a lugar nenhum. Babs a estava evitando
como uma praga, e a única razão pela qual eu sabia que era verdade era porque Buzz
tinha grampeado seu telefone. Descobrimos essa habilidade de Buzz por pura sorte,
conversando como gostaríamos que isso fosse possível. Buzz começou a falar sobre
um monte de merdas tecnológicas e eu arrumei tudo. Ele então colocou todas
aquelas câmeras de vídeo pelo complexo. Agora podíamos ver quem chegava e saía o
tempo todo, e até mesmo gravar para registro. Buzz estava provando ser um grande
trunfo para o clube.
Ouvir conversas telefônicas era chato pra caramba. Mindy passou toda a
primeira ligação falando merda sobre os velhos tempos. Ela na verdade soava mais
calma do que eu pensei que estaria. Mas Babs não estava mordendo a isca. A cadela
era um pouco mais esperta do que eu tinha imaginado.
O homem de Babs, Rabitt, ainda não tinha entrado em contato com Diamond, o
que lhe deixou muito puto. Nessa comunidade respeito era tudo que você tinha, e
quando isso era ignorado, não sobrava nada. Essa merda ia começar uma guerra.
Eu na verdade estava surpreso que Diamond tenha esperado tanto. Essa merda
toda estava pesando sobre todos nós, mas ainda não sabíamos quem estava atrás de
Princesa. Íamos ter algumas informações chegando, com sorte essa tarde, e
esperávamos ter algumas respostas também.
Mel ainda não tinha assinado os malditos papeis que me davam a guarda total
de Cooper. Ela não tinha pisado no clube, mas tinha passado por Burnzie e dito que
“não ia ter uma princesinha motoqueira criando o seu garoto”. Mal sabia ela que a
princesinha motoqueira era uma mãe muito melhor para o meu garoto do que ela
jamais seria.
Eu não ia conseguir manter Princesa longe disso por muito tempo, no entanto.
Ela estava no meu pé sobre Mel não chegar perto de Cooper. Quanto mais ela

133
perguntava e mais eu desconversava, mais irritada ela ficava. E a Princesa irritada não
era nada divertida.
— Missa! Dez minutos! — Pops gritou do outro lado da sala. Cada um de nós
largou seu celular na velha caixa de papelão sobre a mesa de sinuca antes de entrar
na sala e tomar seu lugar.
Diamond bateu o martelo enquanto pedia orde na reunião. — Primeiro assunto
do dia. Princesa. Devemos conseguir informações de Deara hoje. Qualquer coisa
entregue deve ser trazida para mim imediatamente, — todos nós assentimos.
— Nossa corrida amanhã. Precisamos ter cuidado. Dagger, Rhys, Becs, Cruz,
Pops e eu vamos correr. GT, Zed, Tug, Buzz e Breaker vão ficar aqui com Ma, Princesa
e Cooper. Deve ser uma corrida de apenas um dia, um bate e volta, — todos
assentiram outra vez.
— Último assunto do dia. Studio X, — comecei a prestar mais atenção. — Desde
o tiroteio, Liv tem cuidado dos negócios e feito um grande trabalho. Eu sei que
Princesa ainda não voltou por causa de toda essa merda que está acontecendo. Estou
pensando que precisamos de mais segurança lá.
O que você quer dizer? — perguntou Dagger. — Nós monitoramos o lugar e
fazemos checagens o tempo todo.
— Não. Eu quero que Becs comece a monitorar os livros. Quero ele lá
monitorando Liv também. Princesa vai ficar puta, porque ela confia em Liv, e eu
também quero confiar, mas não vou correr riscos. Precisamos ter essa merda
resolvida. Todos a favor, — todos nós levantamos a mão para votar sim. Diamond
bateu o martelo.
— Cruz. Tudo que Princesa precisa saber é que Becs vai ajudar Liv. Nada mais,
porque você sabe que Liv vai dizer alguma coisa.
— Entendi.
— Algo mais? — Diamond perguntou, olhando para nós.

134
— Consegui duas corridas extras. Isso vai trazer uns trezentos mil para o caixa,
mas vou precisar que GT, Cruz, Rhys e Zed venham comigo, — Dagger disse. — Não é
uma viagem longa, vai levar uns dois dias. Um para ir. Um para voltar.
— Para quem é a corrida? — Diamond perguntou.
— Ransom, — Diamond assentiu. Nós corremos para esse cara muitas vezes
antes.
— Quando? — eu perguntei.
— Logo depois dessa corrida. — Merda. Isso significava que eu ia ficar fora três
dias. Dagger olhou para mim. — Algum problema?
— Nah, — eu não queria ficar longe de Princesa e Cooper tanto tempo, mas ia
superar.
Diamond largou o martelo, nos dispensando.

***

— Onde diabos você esteve? — eu olhei para uma Princesa muito irritada e
estava aliviado de não ser o causador disso tudo dessa vez.
GT tinha acabado de sair da missa e pegado seu telefone. — Por aí.
— Mentira, você não esteve por aí. Eu estou aqui o tempo todo, porra, e você
não estava em lugar nenhum! — Princesa latiu, chegando perto do seu rosto.
— Eu tinha merda para fazer, — GT não ia escapar assim tão fácil, e ele sabia
muito bem disso.
— Não dou a mínima para o que tem que fazer. Eu fui solta e você me viu... o
quê... duas, três vezes. Não, nenhum como você está, Harlow? Ou você está lidando
bem com tudo? — GT puxou um cigarro e o rolou entre os dentes. — Não. Você está
me evitando, porra. Então me diga, onde diabos você esteve? — a raiva de Princesa
estava alcançando picos mais elevados que o usual, e eu senti meus punhos
querendo fazer contato com a cara de GT
135
— Eu não preciso de outra maldita mãe. Uma já basta. Não se meta nos meus
negócios, porra.
— Não me meter nos seus negócios? Você está brincando comigo, porra?
— Você é só uma maldita old lady, e é melhor você se lembrar dessa merda
antes que eu te derrube no chão.
— Pode vir, Gage Thomas, — Princesa tirou sua jaqueta de couro, o convidando
para a luta.
— Você acha que eu sou um frouxo como aquele cara ali? — GT apontou para
mim quando comecei a andar na direção dele.
— Pare! — Princesa gritou quando me viu chegando perto. — Isso é coisa de
irmãos. Cinco minutos no ringue. Vamos ver como você é frouxo.
— Cai fora, porra. Eu não vou entrar no ringue, — GT estalou.
— Sim. Você vai, — Princesa se virou e foi pelo corredor para o meu quarto.
— Mas que merda é essa, seu idiota? — eu disse, ficando cara a cara com ele. —
Por que diabos você está provocando ela desse jeito?
— Eu não gosto dessa merda. Ela precisa se acalmar e se lembrar que nenhuma
cadela manda aqui. Ela pensa que manda, mas tenho novidades para ela, essa merda
acabou.
— E o quê? Você é homem o bastante para impedi-la de alguma coisa? — eu ri,
sabendo que havia apenas três homens que podiam com a Princesa, e GT não era um
deles. — Seu otário, ela não pensa que manda em nada aqui. Você saberia isso se não
estivesse com a cabeça enfiada na bunda.
— É melhor você cuidar da sua garota, — GT cruzou os braços sobre o peito, e a
arrogância que veio dele fez a minha mão se fechar, coçando para fazer contato com
o seu queixo.
— Essa garota é sua irmã, seu sangue. É melhor você se lembrar disso. Seja lá o
que for que está acontecendo, é melhor você trabalhar isso no ringue e resolver essa
merda de uma vez por todas.

136
— Que seja, — nós dois sabíamos que ele não ia recusar um desafio, fosse feito
pela sua irmã ou não. Ele não ia querer parecer um covarde, mesmo que levasse uma
surra.

***

A luta durou muito mais do que nós pensamos que ia durar. Aparentemente, os
dois tinham um monte de merda para resolver. Tanto GT quanto Princesa estavam
sujos de sangue dos cortes no rosto e um pouco vacilantes de todos os chutes no
peito. Mas os dois ainda estavam de pé, ainda que oscilando. Nenhum deles estava
recuando, e isso era o que eu esperava. Os dois são muito teimosos para desistir.
— Papai! — eu ouvi a vozinha de Cooper atrás de mim enquanto ele corria para
os meus braços. Ma o seguia de perto.
— O que diabos está acontecendo aqui? — ela latiu, fazendo Cooper olhar para
o ringue. Todo o seu corpo ficou rígido no meu colo, como se ele fosse uma estátua.
Olhando para o choque e horror no seu rosto, eu não me movi rápido o bastante
quando ele escapou dos meus braços e se moveu mais rápido do que um peixe
escorregadio.
Corri atrás de Cooper, chamando seu nome, mas ele não diminuiu. — Mamãe!
— ele gritou quando alcançou o ringue comigo logo atrás em seus calcanhares. —
Mamãe! — ele gritou outra vez, fazendo minha boca cair no chão.
Princesa parou de lutar com o seu irmão, saindo da posição de guarda. Ela
deslizou por baixo da corda do ringue e se ajoelhou no chão em frente a ele, olhando
nos seus olhos. — Eu estou bem, bebê, — seu tom era suave e gentil.
— Massucado. Dodói, — Cooper disse olhando para o rosto de Princesa.
— Me dê uma toalha, — ela pediu para ninguém em particular. Ela limpou o
rosto com cuidado, tirando um pouco do sangue. — Viu, querido. Eu estou bem. Só
alguns arranhões.

137
— Por que lutar, mamãe? — ele perguntou inocentemente. Princesa olhou para
mim, seus olhos mostrando o pequeno brilho de uma lágrima que queria escapar com
uma tonelada de perguntas não respondidas girando dentro deles. Ela respirou fundo
para recuperar o controle.
— Eu só estava treinando para ser forte. Um dia eu vou te ensinar, — ela tirou o
cabelo do rosto dele com ternura.
— Eu sou forte, — ele sorriu.
— Você é, garotão.
— Mamãe? — Princesa parecia atônita, como se ela não soubesse se devia
responder. Ela olhou para mim pedindo permissão, e eu, claro, sorri, amando o fato
de que estar testemunhando essa troca notável.
— Sim, bebê?
— Você precisa de Band-Aid? — Princesa riu, enrolando com força os braços em
volta do seu pequeno corpo.
— Sim, garotão. Claro que sim. Vamos ver se achamos um do Homem Aranha.
Acho que eles vão deixar tudo melhor, — Princesa levantou Coop no colo e o levou
para o clube, o enorme sorriso que ela tinha no rosto, mesmo com o lábio cortado,
era lindo.

***

— Você está com dor? — eu perguntei, entrando no quarto e esperando ver


Princesa com Coop, mas encontrei apenas ela.
— Eu vou ficar bem, — seu rosto tinha sido maltratado, mas o sangue foi
removido. Ela estava começando a apresentar uns hematomas realmente feios, mas
a sua beleza ainda brilhava por trás disso.
— Que diabos foi aquela merda?

138
— Que merda? Meu irmão ou o fato do seu filho ter me chamado de mãe? —
ela olhou para mim. Não senti necessidade de tocar no comentário sobre ser
chamada de mãe, então segui em frente.
— O seu irmão. O que está acontecendo?
Ela soltou um suspiro profundo. — Porra, eu não sei. Ele está distante desde que
eu saí, e quando ele falou aquelas coisas, eu não me segurei. Mas mesmo no ringue
ele não falou comigo, — ela deu de ombros.
— Vocês dois lutam muito assim?
— A gente costumava fazer isso. Ele me ensinou a lutar e como me proteger.
— Enquanto eu estiver fora, vocês precisam resolver isso.
— Sim... pai, — suas palavras pingavam com sarcasmo enquanto ela revirava os
olhos. — Você está bem com Coop me chamando de mãe?
Caminhei até a cama e sentei na borda. — Acho que a pergunta é como você se
sente com isso.
— Por que você faz isso? Eu pergunto como você se sente sobre algo e então
você joga isso para mim. Eu odeio essa merda.
Dou a ela um sorriso sexy e digo, — Eu estou totalmente bem com isso. Você é a
minha old lady e, muito em breve, minha esposa.
— Esposa? — ela pareceu chocada. Eu não respondi; apenas deixei ela se
acostumar um pouco com a ideia. Se ela não quisesse casar comigo, ia jogar ela sobre
o meu joelho e espancar a sua bunda, e o fato dela ainda não ter confirmado que era
minha old lady não passou batido por mim.
— Nós vamos sair pela manhã, — eu disse, puxando-o do lugar onde seus
pensamentos estavam correndo e envolvendo meus braços ao seu redor.
— Ok, — ela sussurrou.
— Seja esperta. Se você precisar de qualquer coisa, os prospectos vão dar um
jeito. Você mantém o nosso garoto seguro.
Ela fixou os olhos nos meus. — Sempre.
139
— Você sabe que eu quero te foder, mas você tem que se recuperar dessa surra.
Agora eu estou ferrado.
Princesa se moveu da cadeira e caiu de joelhos na minha frente. — Vamos ver se
eu posso ajudar.

140
CAPÍTULO 10
HARLOW

Acordei com o som de um choro me assustando pra caralho, e pulei da cama


para ir até o berço de Cooper. — O que foi, querido? Venha aqui, — eu o peguei no
colo. Ele estava suando, queimando. Gritando da porta do quarto, — Ma! — eu
chamei o mais alto que podia.
Coloquei Cooper de volta no berço quando seus gritos diminuíram um pouco
agora que seu pequeno corpo estava acordando. — O que está errado, querido?
— Dói, — foi tudo que ele disse.
— Você está com dor? — eu disse, esfregando a sua perna, sem ter certeza do
que deveria fazer.
— Sim.
— Onde?
— Não sei... dói, — imaginei que essa era a melhor resposta que ia conseguir.
— Ok, vamos ver o que podemos fazer. Fique aqui um minuto.
— Não, não vai! — ele gritou e se agarrou ao meu braço.
— Ok, baby, venha comigo então, — o levei para a sala principal do clube, onde
duas vadias do clube estavam deitadas nuas sobre a mesa de sinuca. Eu tinha certeza
que elas eram as sobras da noite passada, e não queria que Coop visse isso, então
cutuquei Tug. — Você pode tirá-las daqui? — pedi a ele, apontando para Cooper.
— Claro, — ele foi até elas e bateu nas suas coxas. — Dêem o fora daqui, agora.
Essas mulheres eram todas iguais. Elas queriam a vida e chupavam o pau de
quem fosse para chegar lá. Mas elas não entendiam que nunca iriam conquistar um
dos irmãos dessa maneira. Eles não queriam vadias como old ladies. Meu estômago

141
revirou. Eu sabia agora que Cruz não faria isso. Mas era algo que estava sempre no
fundo da minha mente.
Elas foram embora enquanto eu gritava, — Ma!
Ela entrou bocejando e esfregando os olhos. — O que aconteceu?
— É Coop. Ele está suando e quente. Ele acordou gritando. Ma, eu não sei o que
fazer, — ouvi o pânico na minha própria voz, e era algo muito justificado. Buracos de
bala eu podia remendar, mas uma criança doente, não tanto.
Entreguei ele para Ma enquanto ele tentava se agarrar a mim. — Está tudo bem,
garotão. Ma só quer ver se ela consegue nos ajudar a fazer você ficar bom. Eu não
vou sair daqui, — esse sentimento dentro de mim era terrível. Era como se eu
arrancasse meu coração do peito para que esse garotinho nunca mais sentisse dor
alguma. Eu periodicamente pensava sobre ser mãe, mas nunca me fixei muito nisso
por causa da minha regra de não dormir com os irmãos, e nunca me atreveria a
transar com alguém de outro clube. Eu via isso como um desrespeito. É incrível como
tudo muda.
Agora eu não podia imaginar a minha vida sem esse garotinho. Ele é meu, assim
como o seu pai.

***

Depois de descobrir que Cooper estava gripado, nos aconchegamos no sofá no


porão do clube. Ma fez canja de galinha, que ele não quis comer muito, e me fez dar
muito líquido para ele beber. Vimos um filme atrás do outro, o que normalmente não
me incomodaria, mas quantas vezes nós íamos ver esse mesmo filme de carros
falando uns com os outros? Eu estava ficando um pouco cansada.
Cruz ligou e eu o atualizei sobre o que estava acontecendo. Ele disse que ia
tentar voltar antes, mas eu sabia que isso não ia acontecer. Uma corrida era uma
corrida, e ele tinha que terminar o que começou. Mas estava tudo bem, no entanto;
eu tinha tudo sob controle – ao menos, era o que eu pensava.

142
Na segunda noite, a febre de Cooper cedeu e trouxe de volta a criança alegre
que eu aprendi a amar. Era meio louco admitir isso, mas eu meio que gostei de ele
estar doente. Ele era um ótimo abraçador, e eu amei cada minuto disso – menos a
parte dos filmes sem fim, mas era suportável. Eu estava feliz que ele estava melhor e
que Cruz estaria logo em casa.
Ele me chamava de mãe e mamãe repetidamente, e eu nunca o corrigia. Eu não
queria. Cada vez que ouvia a palavra sair da sua boca, meu coração se aquecia.
Ainda não tinha tido chance de falar com GT Eu queria, mas nossos horários não
estavam se encontrando. Eu precisava falar com ele; algo estava acontecendo e ele ia
me contar o que era. Eu não fazia a menor ideia do que podia ser, mas só estive fora
da prisão por pouco tempo, então com certeza eu não podia ter irritado ele tanto
assim.
O envelope de Deara chegou hoje, e Diamond o pegou antes que eu pudesse dar
uma olhada. Eu amaria saber o que tinha dentro, porque segurar esse garotinho em
meus braços me fazia querer resolver essa merda rápido. Ele não precisava disso em
sua vida. Inocência como essa não precisava ser manchada por nenhuma besteira
estúpida.
Mas Diamond estava escondendo tudo de mim, e eu sabia que não adiantava
perguntar, porque ele não iria me dizer.

***

No terceiro dia, Ma quis passar um tempo com Cooper, e eu não podia culpá-la,
mas ficar sozinha com Tug, Rocky, Breaker e Buzz não estava funcionando para mim.
Eles não eram muito animados, mas eu precisava sair um pouco.
Ir até o Studio X era muito relaxante. Eu amava pilotar Sting, sentindo o ronronar
do seu motor entre as minhas coxas e a brisa gelada passando pelos meus cabelos.
Breaker e Buzz foram os eleitos para ir comigo, o que não me incomodou. Eles não se
metiam nos meus negócios e ficavam cuidando de tudo nos fundos. Eu gostava disso.

143
Eu precisava disso. Parecia que cada um dos meus movimentos era monitorado por
alguém, e ter qualquer pedaço de liberdade era incrível.
X estava apenas começando a ganhar vida quando nós entramos. A maioria dos
homens enchia as mesas e bebia pra valer. Pour Some Sugar on Me começou a tocar
nos alto-falantes quando a cortina se abriu. Todos os olhos estavam em Dallas Knox, a
morena curvilínea com bunda e peitos enormes e um corpo voluptuoso. Os pequenos
triângulos da sua roupa deixavam pouco para a imaginação, e ver os homens no salão
ajustando suas calças me fez rir. Ela era uma garota muito inteligente, que dançava só
para conseguir ir para a faculdade. Ela também era a minha garota número um. Eu a
conhecia por anos.
Enquanto Dallas descia e subia pelo pole, suas roupas eram lentamente
removidas do seu corpo, prendendo a atenção de todos. Olhei para os B.Boys, que
estavam totalmente entretidos por Dallas, suas bocas abertas.
— Ei, garotos. Eu vou encontrar Liv. Aproveitem o show, — bati nas suas costas e
fui na direção do escritório. Abri a porta e vi Liv atrás da mesa, trabalhando no
computador. Ela se virou na minha direção e ficou me encarando. — O que foi? —
perguntei, imaginando de onde isso tinha vindo.
— Você colocou Becs para me vigiar? — sua voz era irritada enquanto ela
empurrava a cadeira para trás, ficando de pé com os braços cruzados.
— De que diabos você está falando? — eu estava confusa enquanto pensava em
tudo que tinha acontecido, e não consegui descobrir o que Becs tinha a ver com isso.
— Becs... tem vindo aqui para ver os livros.
Primeiro eu fiquei furiosa, me perguntando que diabos estava acontecendo. —
Que porra é essa que você está falando? Eu não sei nada disso.
— Você vive com eles, — ela me olhou acusadoramente. — Você sabia e nem se
importou em me ligar e me dar uma dica? Becs se mete em tudo.
— Liv, sério. Eu não sabia. Primeiro, o que exatamente você quer dizer com ver
os livros?

144
— Os livros... todo o dinheiro que entra e sai, tudo que eu supostamente estou
fazendo, — ela apontou para a mesa para enfatizar suas palavras.
— Talvez ele só tenha vindo para te ajudar?
— Ah, vamos lá. Eu tenho feito isso por dois anos. Você vem para casa e de
repente eu não sou mais capaz? Besteira, — suas palavras estavam cheias de fúria.
Pensando nas últimas semanas, eu entendi. — Não é você. Sou eu. Eles estão
tentando me proteger.
— Eles estão te protegendo de mim? — ela perguntou, como se isso fosse a
coisa mais estúpida do mundo.
— Basicamente. Liv, eu não posso te dar os detalhes. Os caras apenas estão
lidando com essa merda toda do jeito que eles sabem, que é tomando o controle de
tudo. Não se ofenda com isso, e Becs não é um cara mau.
— Eu não disse que ele era mau, apenas que ele se mete em tudo, e isso está me
deixando louca.
— Ele está tratando você e as garotas bem?
Ela suspirou. — Sim.
— Assim que essa merda acabar, tudo vai melhorar. Eu vou poder estar aqui, e
Becs vai embora.
Respirando fundo, ela disse, — Certo. Como você está aqui, temos que
conversar, — ela se sentou, e eu a segui, sentando do outro lado da mesa, de frente
para ela. — Coca e heroína.
Meus olhos saltaram. Desde que comecei o X, sempre houve uma política que
proibia as garotas de usarem drogas pesadas. Eu entendia que algumas precisavam
relaxar antes de entrar no palco, então um pouco de maconha não fazia mal a
ninguém, mas coca, heroína, metanfetamina, isso nem pensar. — O que tem isso?
— Algumas garotas estão usando, e eu posso lidar com isso. O problema é o
tráfico, — ela entrelaçou os dedos e os apoiou na mesa. — Estão dizendo que Stella e

145
Moxie se meteram em problemas, e o único jeito de cair fora disso é traficando, o
que elas estão fazendo aqui no X.
— O que você fez? — raiva nem chegava perto de definir o que eu sentia. Eu
totalmente podia lidar com armas, sangue, lutas, mas o meu homem traindo e drogas
no meu bar eram um grande não para mim. Quando comecei isso aqui, não queria
um monte de garotas viciadas que não fossem capazes de se controlar. Se elas
queriam usar, não trabalhavam no Studio X.
— Isso só apareceu há alguns dias. Eu não fiz nada ainda. Preciso pegá-las no
flagra.
— Besteira. Você as manda embora. Traga-as aqui agora. Eu vou até os seus
armários, pegar essa merda e jogar na privada. Depois elas vão dar o fora daqui e
nunca mais voltam. Elas não vão subir no palco.
— Mas e elas?
— Elas? Elas foram avisadas para não trazer drogas para cá, fim de discussão.
Não é assim que as coisas funcionam aqui, — Liv tinha um coração mole que eu
estava tentando endurecer antes de ir embora. Parece que não tive muito sucesso...
ainda. — Eu vou cuidar disso.
Me levantei e caminhei até o vestiário, indo diretamente para o armário de
Stella. Peguei meu celular, liguei para Buzz ou Breaker, um deles. — Preciso de um
alicate, traga aqui no vestiário, por favor.
Minutos depois, eu estava arrebentando a tranca da porta e mexendo nas
merdas de Stella, jogando longe os saltos, sutiãs e calcinhas que apareciam no
caminho. Bem no fundo do armário, havia uma caixa de metal. Peguei e tentei abrir,
mas estava fechada. — B.Boys, vocês podem conseguir um cabide de arame e uma
pequena chave de fenda, por favor?
Arrebentei essa outra fechadura, abri a caixa e não fiquei nada chocada de ver
aproximadamente vinte e cinco pacotinhos de pó branco com várias notas de
dinheiro enchendo o fundo da caixa. — Prove isso, por favor. — Abri um dos
pacotinhos e coloquei meu mindinho dentro. Usando a ponta, coloquei o dedo na
boca de um dos gêmeos. — E?
146
— Coca, — ele disse sem hesitar.
Era o que eu pensava. Fui até as coisas de Moxie e provei a mesma coisa. Decidi,
enquanto estava nisso, que ia checar as coisas das outras garotas também. O
contrato delas tinha uma cláusula que permitia que nós fizéssemos revistas a
qualquer momento. Eu estava invocando esse direito. Tinha camisinhas e vibradores,
mas nada de drogas.
Olho para os B.Boys, — Buzz, vá achar Stella e Moxie, por favor. Traga-as aqui,
agora, — o homem na minha direita acenou e saiu.
O outro homem perguntou hesitante, — O que você vai fazer?
— Chute-as daqui pra fora, — minha voz estava vazia de emoção. Eu precisava
separar os negócios dos meus sentimentos.
Moxie e Stella entraram no quarto, tentando puxar os braços do aperto de Buzz,
que não estava facilitando as coisas. — Então, moças. Algo que vocês querem me
dizer? — os olhos das duas correram para mim e seus rostos ficaram brancos, como
se elas fossem vomitar. Não pude deixar de me sentir um pouco convencida com a
sua reação, mas não ia mostrar isso.
Nenhuma delas falou, mas pararam de lutar com Buzz, que então soltou seus
braços. — Encontrei uma coisa no armário de vocês. Gostaria de falar sobre isso, —
eu andei até à mesa do vestiário e coloquei duas caixas idênticas na minha frente,
tamborilando os dedos sobre elas ritmicamente. — Vejam... que engraçado.
Encontrei algo aqui que não é permitido no meu estabelecimento, — Moxie engoliu
em seco e Stella ficou ali imóvel. — A venda de drogas vai ter que acabar. Vocês vão
juntar a sua merda e dar o fora daqui.
Stella saiu do seu transe. — A gente tinha que vender, ou então ele ia nos
matar.
— Quem?
— Rabitt, — filho da puta. Eu estava cansada de ouvir o nome desse homem.

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— Você tem que estar brincando comigo, — algo não estava certo. Merda. —
Ligue para Tug, diga para ele trazer a caminhonete, por favor. Essas duas vêm com a
gente, — eu disse aos gêmeos.
— Não podemos ir com você. Nós vamos subir no palco agora, — Stella colocou
uma mão no quadril, como se essa posição fosse me ameaçar de alguma forma.
— Se você acha que algum dia vai pisar de novo no meu palco, então você está
vivendo na porra de um conto de fadas. Nós vamos para o clube e vamos resolver
essa merda.

***

Depois de passar as informações para Diamond e Pops, na verdade me senti


inacreditavelmente sortuda por ter esses homens cobrindo as minhas costas. Nós não
somos uma família tradicional, mas ajudamos uns aos outros, não importa qual seja o
problema. E eu estava feliz em ter eles ao meu lado. Eles disseram que iam falar com
as garotas. Pops queria que eu colocasse elas em bloqueio, o que significava trancá-
las no único quarto sem janelas e com a fechadura do lado de fora.
Diamond disse que ia convocar uma missa assim que os caras voltassem para
resolver essa merda. Até lá, ele queria o Studio X limpo de quaisquer tipos de drogas.
Esse era o trabalho de Rocky e dos B.Boys.
Liguei para Liv e disse a ela que mais dos meus caras iam aparecer por lá. Ela
disse que as outras garotas ficaram desconfiadas quando todas as suas coisas
apareceram reviradas, mas parecia que só Dallas sabia o que as duas estavam
aprontando. As outras não tinham ideia. Isso queria dizer que as garotas estavam
vendendo para os clientes, não para as dançarinas, o que me deixou um pouco mais
aliviada.
Me curvando na cama, enrolei os braços em volta de Cooper, que estava
dormindo. Eu sabia que devia colocá-lo no berço, mas não podia. Dessa vez eu
precisava de aconchego.

148
CAPÍTULO 11
CRUZ

Porra. Porra. Porra. As balas voavam por cima da minha cabeça, uma atrás da
outra. Essa maldita troca não saiu como planejado, realmente. Era para ser uma coisa
simples, mas uns filhos da puta apareceram. Eu não reconheci nenhum, e eles não
usavam coletes.
Assim que pegamos o dinheiro, os tiros começaram, e todos nós corremos para
nos proteger, incluindo o pessoal de Ransom. Ele obviamente não tinha nenhuma
ideia de que porra estava acontecendo, porque ele estava lutando pela droga da sua
vida também. Joguei a mochila em que estava o dinheiro sobre o meu ombro,
mantendo-a perto de mim. Nós continuamos atirando de volta. Todos os caras
tomaram as melhores posições que podiam. Tínhamos apenas duas automáticas; o
resto eram 9mm.
Dagger e eu estávamos no meio, com GT e Rhys à direita e Zed à esquerda. Com
um aceno para Dagger, todos abrimos fogo imediatamente, incluindo Ransom e a sua
gangue. Rhys e Zed tinham as automáticas, e eles limparam a casa bem rápido.
Muitos dos filhos da puta saíram correndo, conseguimos derrubar alguns deles,
mas um foi embora a pé. Depois de ter certeza que estava tudo limpo, GT e eu fomos
atrás dele, nossas armas levantadas enquanto corríamos. O desgraçado se virou e
atirou algumas vezes em nós, mas ele tinha uma péssima pontaria. Saltando no ar, eu
me atirei sobre ele e o levei ao chão, com GT logo atrás de mim.
GT chutou a arma do cara para longe enquanto eu socava e chutava e dava uma
surra nele, seu rosto ficando vermelho do sangue. — Irmão! — GT chamou, mas a
fúria tomou conta do meu sangue; eu queria acabar com esse fodido com as minhas
próprias mãos. — Irmão! — ele latiu. — Nós precisamos dele vivo para nos dizer que
são esses filhos da puta! — Eu reassumi algum controle, me afastei e olhei para o
homem espancado na minha frente. Não senti nada além de ódio por ele.

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Ficando de pé, andei para longe do homem no chão, precisando de ar. — Você
tem ele? — eu perguntei a GT enquanto os outros começavam a se aproximar.
— Sim... — caminhando para longe, tentei me acalmar, mas eu estava muito
agitado. Sempre que eu lutava, realmente lutava, por algo como a segurança
daqueles que eu amava, a adrenalina que pulsava por mim demorava um pouco para
diminuir.
Quando voltei, o babaca estava amarrado a uma árvore, pendurado pelos
braços, seu sangue caindo no chão. Parecia que os caras tinham feito um bom
trabalho nele. — Conseguiram algo?
— A única coisa que esse cara sabe é que o chefe dele, o Sr. Snider ali — Dagger
apontou para um homem morto no chão — ligou oferecendo dois mil dólares para
acabar com a gente.
— Mais nada?
— Nah. Se ele soubesse mais coisa, a gente saberia. Ele é só um soldadinho
enviado para fazer um trabalho, — Dagger acenou para GT, que colocou uma bala na
cabeça do cara.
— Mas que diabos foi essa merda, gente? — a raiva de Ransom era palpável
enquanto sua gangue parava ao seu lado, armas na mão.
— Cara. Eu não sei o que foi isso. A melhor pergunta é, como diabos eles sabiam
que a gente ia estar aqui? — Dagger se virou para Ransom.
— Se você pensa que a gente falou alguma coisa sobre isso para alguém, você
está louco, porra.
— Porra! — Dagger rosnou, chutando o corpo morto aos seus pés. — Que porra
está acontecendo aqui?
— Eu não sei. Pegue o telefone do Sr. Snider e rastreie as ligações.
Provavelmente ele usava um celular diferente para as ligações, mas vamos ver se
Buzz consegue fazer a sua mágica, — eu disse, parado no meio de corpos mortos. —
Precisamos limpar esse lugar e nos livrar dessa merda. Ransom, nós vamos resolver

150
isso, — ele assentiu, então sua gangue subiu em suas motos e foi embora
rapidamente.
Essa limpeza era demais para fazer individualmente; levaria tempo demais, e eu
queria chegar em casa logo e ver o meu garoto e a minha garota. O velho armazém
estava fora do caminho de sempre, então nós podíamos manter o fogo contido o
bastante para não chamar atenção até que tudo estivesse resolvido. A questão que
permanecia, quem diabos queria todos nós mortos?

***

Voltando para Sumner, eu só queria abraçar o meu filho e a minha garota. Eles
eram minha razão de respirar. Eu amava o clube e os meus irmãos. Eu faria tudo para
proteger todos eles. Dagger tinha ligado para Diamond e Pops antes de sairmos,
então eles sabiam o que tinha acontecido.
Dagger parecia um pouco distraído depois da ligação, mas esse era Dagger.
Depois de seis horas montando, nós paramos no clube, que estava calmo e tranquilo.
Entrei na casa principal, onde Pops estava sentado no bar, bebendo uísque com
Coca-Cola, enquanto Buzz limpava continuamente o balcão. — Está tarde, coroa. O
que está acontecendo?
Quando os outros caras entraram também, Pops anunciou. — Missa às oito da
manhã, em ponto. Vão dormir agora, — ele nos dispensou, ou assim eu pensei. —
Cruz, fique.
Acenando para os caras enquanto eles iam para os seus quartos, Buzz seguiu
atrás deles com GT logo atrás, explicando o que precisava ser feito ao telefone. — O
que foi?
— Sei que vocês tiveram uma corrida de merda, mas você tem que saber antes
de ir ver a minha menina, — os cabelos na minha nuca se arrepiaram. Muitas
possibilidades começaram a correr pela minha cabeça, e nenhuma delas era boa.

151
— O que aconteceu? — perguntei quando me sentei no bar ao seu lado e peguei
uma cerveja.
Cada palavra que saía da boca de Pops ressoava na minha cabeça enquanto ele
recontava o acontecido. Eu fiquei preocupado, mas orgulhoso em saber que Princesa
foi até os irmãos, e não tentou resolver tudo sozinha. — O que elas disseram?
— Stella não está falando, mas tenho certeza que ela vai, com a persuasão certa.
Moxie sim. Ela disse que cerca de um ano atrás estava bem para baixo. O seu
namorado a deixou, blá blá blá. Enfim, o pessoal de Rabbit apenas apareceu e
ofereceu a ela algo para se animar. Ela estava em um lugar tão ruim que aceitou.
Depois ficou viciada e se endividou, e então a única forma de se livrar disso era
vendendo para eles, o que ela vem fazendo há oito meses.
— Eles armaram para ela, sabendo que a Princesa logo sairia da cadeia.
Pops acenou. — Moxie não sabe nada disso. Ela só queria ficar chapada, mas é
isso que eu penso.
— Então Babs tem drogas no Studio X, faz uma denúncia anônima para a polícia,
eles invadem o lugar, acham as drogas e, com o passado de Princesa, a prendem na
parede, e ela sendo ela só ia conseguir mais problemas, — Pops olha para a sua
bebida. — Então essa é uma boa armadilha para a mandar de volta para a prisão.
Qual é o plano?
— Essa merda está ficando séria. Você está pronto para isso, filho?
— Se isso significa proteger a minha família, com certeza, porra.
Pops bate nas minhas costas. — Não se atrase para a missa, — ele se levanta e
vai pelo corredor na direção do seu quarto. Depois de fechar e trancar tudo, eu
precisava ver a minha família.
Destrancando e abrindo a porta, pude ver uma luz fraca vindo do banheiro,
iluminando suavemente o quarto. Princesa estava dormindo de costas para mim. Fui
até o berço de Coop, meu coração afundando quando vi que ele não estava dentro.
Procurando rapidamente, meus olhos pousaram na cama. Coop estava curvado em

152
uma bola, com o braço de Princesa enrolado apertado em volta dele. Os dois estavam
dormindo.
Me aproximei e me abaixei para pegar Cooper e colocá-lo no berço. Antes que
pudesse me levantar totalmente, uma arma foi apertada contra a minha cabeça
enquanto uma Princesa meio grogue ficava de pé. — Fique longe do meu garoto! —
ela latiu, seus olhos embaçados de sono.
— Baby, sou eu, — eu disse suavemente, ao mesmo tempo em que ela me
reconheceu. Ela baixou a arma e a colocou novamente debaixo do travesseiro.
— Desculpe. Eu tenho estado um pouco nervosa, — ela disse, esfregando os
olhos e olhando para Coop. — Eu só queria segurar ele um pouco.
— Baby, você não precisa se desculpar por isso, — acomodando Cooper no colo,
andei até o seu berço e o coloquei ali, fechando a porta atrás de mim. — Senti sua
falta, baby, — eu disse, me ajoelhando do lado da cama.
— Senti sua falta também.
— Como Cooper está?
Ela sorriu. — Perfeito, — ela pausou. — Acho que ele voltou ao normal, só um
pouco preguiçoso, mas está tudo bem.
— Você cuidou muito bem dele.
Os olhos dela trancaram nos meus. — Cruz, eu não sabia o que fazer. Ma teve
que me ensinar bem rápido.
— E aposto que você tirou de letra e fez o que precisava ser feito, — eu tinha a
mais absoluta confiança na minha garota. Eu vi ela costurar ferimentos de bala. Sabia
que ela não ia ser pega por uma gripe.
— Sim. Ele é um ótimo menino, Cruz.
— Eu sei que ele te ama.
Ela abriu um grande sorriso. — Sim. Eu sei. Eu amo ele, também.
— Você quer me falar sobre essa noite?

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Ela suspirou, mas me contou todos os detalhes do que tinha acontecido. — Eu
acho que Babs está tentando armar para mim de novo, — Deus, a minha garota era
tão esperta.
— Você acha?
Princesa rolou de lado, colocando um cotovelo na cama, a cabeça descansando
na mão. — Você não pode me dizer que é coincidência o homem de Babs ser o
traficante das minhas garotas. E além de fazer elas venderem drogas, isso estava
acontecendo dentro do meu negócio. Acho que Babs sabia que eu ia sair logo e quis
armar para mim de novo.
Olhei para a mulher linda e inteligente à minha frente. Não havia palavras que
pudessem descrever o que eu sentia por ela. Amor não parecia o bastante. Alma
gêmea era uma coisa meio gay de se dizer. Mas era algo. Uma conexão profunda
estava acontecendo entre nós. Meu coração apertou.
— Você acha que é isso que está acontecendo? — ela me perguntou, direto ao
ponto. Eu não podia divulgar nada sobre os negócios do clube, mesmo que ela
estivesse envolvida de alguma forma
— Pode ser, — ela me encarou, e eu sabia que ela queria perguntar se eu sabia
alguma coisa, mas se conteve. Eu amava o fato dela saber que não deveria fazer
perguntas. — Vou tomar um banho rápido, — me levantei e tirei a roupa. Sentir a
água quente escorrendo e levando embora o sangue e a sujeira me ajudou a relaxar
um pouco. De jeito nenhum eu podia contar a Princesa o que tinha acontecido na
corrida. Toda essa merda tinha que continuar a ser segredo. Eu falaria sobre isso na
missa de amanhã de manhã.
Me atirei na cama com meu corpo nu ainda molhado, e tudo que queria sentir
era a pele de Princesa. Mas tudo que senti foram suas roupas, e me lembrei que ela
estava deitada com Coop. — Tire isso, baby, — eu cheirei o seu cabelo. Ela não
hesitou. — Preciso de você, — eu disse, pressionando meus lábios nos dela, sentindo
um arrepio correr pelo seu corpo.
Ela instantaneamente cedeu ao meu beijo, dando tanto quanto recebia. Rolando
em cima dela, meu corpo a pressionou contra o colchão enquanto ela abria bem as

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pernas para mim, dando as boas-vindas ao que eu tinha para lhe dar. Beijei seu
pescoço, chupei cada um dos seus peitos lindos, rolando os mamilos entre os dentes,
amando os gemidos escapando dos seus lábios. Eu precisava sentir o gosto da sua
boceta, mas também precisava dos lábios dela ao redor do meu pau.
Caindo de costas na cama, eu disse, — Baby, vem aqui e senta na minha cara. —
Princesa escarranchou sobre mim, encarando a cabeceira. — Se vire, — ela fez
exatamente como eu instruí, sem hesitar. Quando ela desceu na minha boca,
comecei meu assalto com a língua entrando e saindo da sua boceta. Deus, eu amava
o gosto dela. Usando o braço, pressionei a parte baixa das suas costas, a guiando na
direção do meu pau.
Ela não demorou um segundo para descobrir exatamente o que eu precisava.
Quando sua língua correu meu pau de cima a baixo, entrei no meu próprio pedaço de
paraíso. Aquele lugar onde eu nunca iria realmente entrar, mas enquanto estivesse
aqui, podia aproveitar cada segundo. Sua boca quente envolveu o meu eixo e ela
começou a me foder duro, subindo e descendo freneticamente como a pequena
víbora que ela era. Ela não usou as mãos; elas estavam ao seu lado, lhe dando apoio,
o que deixou a sensação muito mais intensa.
Quando meu pau tocou o fundo da sua garganta, ela engoliu e gemeu
repetidamente. Eu estava pronto para me perder. Comecei a chupar seu clitóris com
força e a bombear os dedos dentro e fora do seu corpo quente, acertando aquele
ponto mágico.
A boceta de Princesa apertou meus dedos com força enquanto seus gritos eram
abafados pelo meu pau dentro da sua boca. Quando ela continuou chupando, minhas
bolas apertaram e o final da minha espinha começou a pulsar. Um jato atrás do outro
saiu de mim quando o orgasmo bateu no meu corpo. Princesa engoliu cada gota,
lambendo meu pau até estar limpo antes de cair ao meu lado na cama. Mas eu não
tinha acabado com ela ainda.
Me sentando, agarrei as suas pernas e a girei ao redor na cama. Sua risada era
linda. — O que você está fazendo? — ela perguntou, ainda tentando recuperar o
fôlego.

155
— Qualquer maldita coisa que eu quiser, — meus lábios bateram nos dela,
provando o meu gosto, e meu pau ficou duro outra vez na mesma hora quando ela
começou a balançar os quadris contra mim. Rolando em cima dela, agarrei seus
braços e os prendi acima da sua cabeça. Sua rendição imediata me fez sorrir. A minha
garota era perfeita.
Deslizando o pau dentro dela, amei o quanto ela estava quente e molhada para
mim todas as malditas vezes. Usando um braço para manter ela pressionada para
baixo, levei o outro ao seu joelho e puxei alto até o seu peito. Queria estar o mais
dentro possível dela. Se eu pudesse escalar dentro dela, com certeza eu faria. Um
empurrão atrás do outro, senti ela pulsar abaixo de mim enquanto seu corpo
arqueava para fora da cama. Eu bati cada vez mais duro dentro dela, reivindicando
essa mulher uma e outra vez como minha. Quando ela gritou meu nome, eu gozei
com um rugido, o suor pingando do meu corpo. Caí em cima de Princesa, esmaguei
seu corpo com o meu peso, mas ela não reclamou.
Quando soltei seus braços, ela os enrolou apertados ao meu redor, subindo e
descendo as mãos pelas minhas costas. — Eu te amo, — ela disse baixinho.
— Eu também, — minhas palavras foram abafadas pelas cobertas e pela
exaustão correndo pelo meu corpo. Com a última gota de energia, puxei meu pau de
dentro dela, puxei suas costas contra o meu peito e caí no sono.

***

— Ela sabe, — foram as palavras que eu disse durante nossa discussão na missa
sobre Princesa e o plano para colocá-la de volta na cadeia.
— O que você quer dizer com ela sabe? — Diamond acusou.
— Eu não contei a ela, porra. Ela é inteligente. Juntou um mais um na noite
passada. Ela disse que acha que as drogas foram colocadas lá para mandá-la de volta
para a prisão, — de maneira nenhuma eu queria que os irmãos pensassem que eu

156
tinha contado algo para Princesa. Eu a amava, mas tinha dado a minha palavra de que
manteria os negócios do clube separados.
— Droga, — Pops disse. — Eu deveria saber que ela logo ia descobrir tudo, — ele
esfregou a mão na cabeça. — O que você disse a ela?
— Só que “pode ser”. Eu não falei merda nenhuma, — comecei a tamborilar os
dedos na mesa.
— Não vamos confirmar isso para ela. Princesa obviamente sabe o que está
acontecendo, então não precisamos dizer, — eu assenti com a cabeça para Diamond.
— O próximo assunto é Danny, — todos sabíamos o que ele tinha feito, então
não havia razão para narrar os fatos. — Todos a favor que ele perca seu patch...
Todo o clube votou sim. — Aprovado. Vamos ter um problema com a tatuagem
nas suas costas. Ela vai ter que ser removida. Ele tem uma semana para dar um jeito
nisso, — Diamond bateu o martelo. Eu sabia, no fundo da minha mente; Dagger
provavelmente seria aquele removendo essa tatuagem em oito dias, com fogo ou
com facas.
Diamond acenou para Pops quando ele falou. — Mindy não está conseguindo se
aproximar de Babs. Digo para deixá-la ir, mas continuar monitorando o seu telefone.
Mais uma vez, todos votaram sim. Não havia razão para manter essa vadia perto
de Princesa mais do que o necessário. E se ela não estava nos dando informações,
não tinha utilidade alguma.
— Deara dessa vez não nos deu nada. Mas uma nota interna dizia que eles
estavam trabalhando nisso. Então vamos esperar.
Todos acenaram.
— A armadilha, — Diamond deu um olhar cortante para Dagger, uma vez que foi
ele quem organizou tudo.
— Sim, Chefe. Eu não sei que porra aconteceu. Falei com Ransom, ele não sabia
merda nenhuma, mas quer retaliação. Ele perdeu três homens.

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— Alguma ideia de quem começou essa merda? Como se não tivéssemos
bastante coisa acontecendo no momento, caralho, — Diamond disse correndo as
mãos pelos cabelos.
— Não, — GT disse. — Buzz rastreou o telefone e não chegou a lugar nenhum.
Era um pré-pago, e não conseguimos nada com ele.
— Merda, — Diamond estalou. — Precisamos disso agora. Duzentos mil para
acabar com vocês... essa merda é pra valer.
— Estamos cuidando disso, — Rhys disse ao seu lado. — Vamos descobrir quem
são esses filhos da puta.
Diamond assentiu e então continuou. — Próximo assunto... Studio X. Princesa
trouxe Stella e Moxie para cá ontem à noite. Elas são viciadas em coca e estão
vendendo no X, — todos os olhos viraram para Diamond. — Stella não está falando,
mas Moxie sim. — Diamond repetiu as palavras de Moxie. Todos na sala
murmuraram, — Merda.
— Elas estão presas agora. Estamos achando que Babs quer dar um jeito de
colocar Princesa de volta na cadeia, e por um longo tempo.
Falando pela primeira vez, eu disse, — Acho que deveríamos deixar Princesa
persuadi-la.
Diamond acenou. — Concordo. Todos a favor, — todos disseram sim. — Cruz,
entre com ela lá e não a deixe ir muito longe.
— Mais alguém percebeu que a maior parte da missa ficou ao redor de
Princesa? — Zed interrompeu.
— E daí? — eu perguntei.
— Talvez você precise apertar mais a coleira dela, — ele me acusou e eu apertei
tanto as mãos que os dedos ficaram brancos. Mas não precisei dizer nada quando
Pops fez isso por mim.
— Você sabe muito bem que isso não é culpa dela. Ela não fez merda alguma
para merecer isso, exceto sair da prisão.

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A tensão ficou grossa na sala, e Diamond pode sentir isso, também. — Já chega.
Ela não fez nada errado, — ele bateu o martelo, dispensando todo mundo.

***

— Preciso que você venha comigo, — eu disse para Princesa quando ela estava
brincando com Cooper na mesa, logo depois que saímos da missa. Ela olhou para
mim e sorriu.
— Ma. Você pode olhar o Coop, por favor? — ela perguntou enquanto se
levantava. — Eu já volto, amigão, — seus lábios tocaram a cabeça de Coop e ela
bagunçou um pouco do seu cabelo com a mão.
A levando pelo corredor, eu disse, — Preciso que você entre lá e faça Stella falar.
Seus olhos se arregalaram com o reconhecimento do que eu tinha acabado de
lhe pedir, e então ela acenou com a cabeça. — Ela não falou com Diamond ou Pops?
— Não. Precisamos da sua ajuda.
— Sem problemas, — caminhando com ela até à porta, destranquei a trava e
encontrei Stella caminhando pelo quarto, enquanto Moxie estava deitada na cama.
Bati na coxa de Moxie para chamar a sua atenção. — Levante. Vamos lá, —
Moxie rolou para o lado meio vacilante, mas fez o que eu mandei. — Tug, fique de
olho nela.
— Entendido, — ele disse quando levou Moxie do quarto e eu fechei a porta.
Pegando uma cadeira, a coloquei na frente da porta e sentei, bloqueando a saída.
— O que é isso? — Stella perguntou.
Princesa sorriu e olhou para mim. Acenei, um sinal de “vá em frente”. Amei o
fato dela pedir permissão. Isso literalmente deixou meu pau duro.
— Sente, — Princesa latiu e apontou para a cama.

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— Acho que vou ficar de pé. — Princesa sorriu. Ela estava no seu habitat. Com
um giro e um chute, ela derrubou Stella; ela bateu no chão, duro. Stella ficou ali
parecendo atônita por um momento.
— Acho que agora você vai ficar sentada no chão, — Princesa riu alto.
— Mas que porra é essa? — Stella latiu, não demonstrando medo algum.
Princesa deve ter ouvido isso, também, porque os primeiros socos fizeram Stella
segurar seu rosto e seu peito enquanto ela gemia.
— Primeiro, você não faz as perguntas. Eu faço. Segundo, você sabia que não
devia levar cocaína para o meu negócio, especialmente vender lá. Isso me irritou
muito, — Princesa puxou Stella do chão e a empurrou sentada em uma cadeira
exatamente igual a minha. Ela então começou a andar pelo lugar, como um tigre
olhando para a presa. Isso era quente pra caralho.
A respiração de Stella ficou mais rápida e uma linha de suor começou a se
formar entre as suas sobrancelhas. A mão de Princesa bateu com força na bochecha
de Stella, fazendo sua cabeça estalar para o lado.
— Agora me diga porque você começou a usar, — Stella olhou para mim e eu
cruzei os braços, deixando ela saber que não ia fazer merda alguma para parar
Princesa. Esse era o show dela.
Soltando uma respiração profunda, o sangue do seu lábio começou a escorrer
pelo rosto. — Meu homem me deixou dizendo que não suportava ver a namorada
tirando a roupa na frente de outros homens. Ele estava irritado por causa das danças
privadas, então ele foi embora.
— Essa foi a única razão?
— Isso e o dinheiro curto.
— Como você chegou em Rabbit e sua gangue? — eu não podia deixar de sentir
orgulho dela. Minha garota era muito boa nisso.
Quando Stella não respondeu, Princesa lhe deu um soco no queixo, forte o
bastante para ouvir o osso estalar. Stella gritou de dor quando Princesa começou a

160
caminhar ao redor dela outra vez. Ela não se moveu da cadeira, mas apertou o rosto.
— Responda! — Princesa gritou.
— Não era ele, primeiro. Era alguém do seu grupo, chamado Turbo. Ele veio falar
comigo no Studio. Fui a um hotel com ele aquela noite. Ele me ofereceu coca; eu
aceitei e então não pude mais parar. — Stela deixou a cabeça cair.
Princesa agarrou seu cabelo, puxando os olhos de Stella no mesmo nível dos
seus. — E então?
— O mesmo que Moxie. Fiquei viciada e endividada. Eu estava transando com a
gangue dele para pagar; então Rabbit disse que eu tinha que pagar em dinheiro ou
ele ia me matar.
— Continue, — Princesa puxou seu cabelo, então soltou, parando na frente dela
com os braços cruzados, empurrando para cima os seus peitos lindos.
— Eu não vendia para as garotas, só para alguns clientes regulares. Um dos
garotos de Rabbit vinha pegar o dinheiro e me dava mais droga. Eu usava um pouco e
vendia o resto.
— Então você conheceu alguém da sua gangue.
— Sim, eu dei para seis caras e vi algumas mulheres por lá.
— Você deu para Rabbit? — a vadia olhou para Princesa.
— Porra, não. Aquela cadela ia me matar, — sorrindo, eu estava absolutamente
orgulhoso da minha garota.
— Me fale sobre essa cadela, — quando ela não falou, Princesa levantou a mão
para bater.
— Pare, eu vou dizer, — Princesa recuou e ouviu. — O nome dela é Babs. Ela
parecia estar comandando o show por ali, mais do que os homens. Não achei que era
assim que um MC funcionava, — porra, não era assim. Mas que diabos?
— Ela nunca me bateu, mas mandou os caras fazerem isso. Ela me ameaçava
dizendo que Rabbit e os outros homens iam me estuprar e me matar. Ela me disse

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que se eu não começasse a levar mais clientes para o Studio e vendesse mais, seria o
meu fim.
— Então você fez o que ela mandou?
— A cadela ia mandar me matar, e eu sabia que ela não estava brincando. Os
olhos dela eram frios e mortais. Não havia emoção alguma ali.
— Babs disse mais alguma coisa?
Stella começou a chorar, sem dúvida por causa da dor que os punhos de
Princesa deixaram. — Ela perguntou de você. Queria saber a data exata que você ia
sair. Eu não queria dizer a ela, mas ela mandou um dos caras colocar uma arma na
minha cabeça. Eu não tive escolha.
— E o que você disse a ela? — Princesa perguntou e deu um passo para frente.
— Só disse o dia que você ia sair. Era tudo que eu sabia.
— Quando você devia encontrar esse cara para a próxima troca? — Princesa
perguntou, parecendo imperturbável.
— Amanhã às 19h no Studio.
— Quem você ia encontrar e quanto dinheiro ele buscar?
— Nunca sabia quem ia aparecer. Podia ser um membro da gangue ou o próprio
Rabbit. Mil e quinhentos dólares.
— Você está lucrando mil e quinhentos dólares por semana vendendo cocaína
no meu Studio? — a raiva de Princesa aumentou. Ela agarrou Stella e a fez ficar de pé.
Então ela atacou. Soco atrás de soco, ela bateu na mulher até ela cair no chão.
Quando Stella ficou de joelhos, Princesa estava ofegando.
— Já basta, — eu lati. Princesa olhou para mim e acenou, caminhando para
parar ao meu lado.
— O... o que vai acontecer comigo? — Stella perguntou.
— Você vai ficar sabendo, — passando um braço pelos ombros de Princesa, eu a
levei para fora. — Tug, traga a outra para cá, dê a ela um kit de primeiros socorros e
tranque a porta outra vez. — Tug acenou e foi fazer o que mandei.
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Caminhei com Princesa até o meu quarto, trancando a porta atrás de nós. —
Preciso usar o banheiro, — sua voz estava muito distante.
— Você está bem?
Ela me deu um pequeno sorriso. — Sim. Vou tomar um banho, — ela se virou e
fechou a porta atrás de si.
Saí do quarto e fui contar para Diamond e Pops tudo que Stella tinha dito. Eles
concordaram que devíamos ir atrás desses homens amanhã à noite, e nós decidimos
falar sobre isso na próxima missa.
Voltei para o quarto e encontrei Princesa curvada embaixo das cobertas, de
costas para a porta. Seu corpo estava tremendo, me fazendo pensar que ela estava
chorando. Tirei as roupas e entrei embaixo das cobertas com ela. Instantaneamente
ela enrolou seu corpo nu no meu, me agarrando como se eu fosse sua tábua de
salvação.
Enquanto eu esfregava suas costas, ela começou a relaxar contra mim. — Fale
comigo, — eu disse suavemente.
— Eu não entendo. Como ela pode me odiar tanto a ponto de querer me
destruir? Algo está faltando. Preciso da peça que está falando, e não tenho ideia de
onde conseguir isso.
— Eu não sei, baby, mas nós vamos descobrir.
— Eu preciso de você, — ela sussurrou no meu peito, sua respiração quente me
fazendo arrepiar.
— Estou bem aqui, baby, — Princesa abriu as pernas e eu deslizei meu pau
profundamente dentro dela. Isso não era uma foda rápida. Eu balançava os quadris
dentro e fora dela com movimentos lentos e sensuais. Secando as lágrimas do seu
rosto, eu me inclinei e beijei seus lábios. Quando gozamos juntos, a apertei firme em
meus braços, pressionando nossos corpos.
Depois de rolar para o lado, encarei Princesa enquanto me apoiava em um
cotovelo. — Sabe, eu amo você, — minha outra mão tirou os fios de cabelo que
caíam sobre o seu rosto lindo.

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— Eu sei. Eu te amo também, — seu sorriso era a coisa mais bonita do planeta.
Eu amava ser aquele que o fazia aparecer em seu rosto.
— Preciso te perguntar algo, — ela assentiu. — Você é minha old lady?
Seu sorriso ficou maior. — Sim, baby. Eu sou.
Eu beijei a sua cabeça. — Ótimo. Eu tenho algo para você.

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CAPÍTULO 12
HARLOW

Vendo a bunda linda de Cruz atravessando o quarto, meu corpo vibrou. Eu


amava esse homem. Amava a sua lealdade. Amava a sua honra com o clube. Amava o
fato dele ser um pai maravilhoso. Amava como ele me amava.
Cruz abriu a primeira gaveta da sua cômoda e pegou um colete de couro preto.
Meu coração acelerou no peito, e eu achei difícil respirar. Então era isso. A única
coisa que eu disse que nunca faria, e agora a única coisa que eu queria mais do que
tudo.
Quando ele caminhou de volta para a cama, eu me sentei, deixando as cobertas
caírem e me expondo para ele. — Eu fiz isso para você. Estava esperando você dizer,
e como isso acabou de acontecer, quero que você o use.
Tentei segurar as lágrimas, mas minha visão ficou borrada. No meu mundo, isso
era o mesmo que um pedido de casamento. Isso era tudo. Cruz segurou o colete,
virando a parte de trás para mim. Não pude segurar a lágrima que escorreu pela
minha bochecha, mas eu rapidamente a sequei.
A parte de trás tinha, no topo, a palavra Ravage escrita, e abaixo estava o grande
patch que dizia “Propriedade de Cruz”. Eu sabia que, assim que vestisse esse colete,
ia ter que me comportar, não deixar que nenhuma das minhas ações refletisse de
forma negativa em Cruz. Eu estive fazendo o meu melhor nessa última semana, mas
agora o melhor não era o bastante. Eu precisava ser ainda mais.
Olhando Cruz nos olhos, senti o amor que se derramava dele. — Eu te amo, —
disse baixinho.
— Se vire, baby, — quando eu fiz, senti o couro gelado tocar a pele das minhas
costas, enviando arrepios pelo meu corpo. Movendo os braços, passei um deles pela
abertura no colete, depois o outro, sentindo o couro cobrir o meu corpo como uma
luva. — Levante. Eu quero ver.

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Saindo da cama, parei nua na frente dele, exceto pelo colete, enquanto girava
lentamente ao redor, dando a ele uma vista incrível de cada parte minha. — Droga,
baby, — ele rosnou, fazendo o meu interior derreter.
Cruz não me deu tempo para pensar quando agarrou a minha bunda, me
levantando no ar, minhas pernas instintivamente se enrolando em volta dele. Cruz
passou um braço, e então o outro, sob os meus joelhos, me abrindo para ele. Quando
seu pau deslizou dentro de mim, ele começou a bater como o pistão de uma
máquina. Antes que eu pudesse me controlar, comecei a gozar duro, mas Cruz ainda
não tinha acabado. Seus quadris continuaram a empurrar até eu gozar outra vez.
Senti meu aperto no seu pescoço começar a escorregar, então o segurei com
mais força. Uma e outra vez, ele me mandou sobre a borda. Quando ele gozou dentro
de mim, eu o segurei como uma tábua de salvação, não querendo jamais deixar esse
homem ir.
Todo meu corpo parecia gelatina quando ele me deitou na cama. Não achei que
fosse capaz de me mover novamente. Cruz olhou para mim deitada de costas, usando
o seu colete. Podia sentir o seu orgulho, e sabia que jamais iria querer desapontá-lo.
Eu não podia desapontá-lo. Bocejando, meus olhos começaram a se fechar. — Baby,
tire um cochilo, e então nós vamos dar um passeio.
Eu assenti enquanto me curvava em uma bola, caindo rapidamente em um sono
satisfeito.

***

Quando entrei no salão principal do clube, senti todos os olhos em mim... bem,
porque eles estavam. Cruz tinha um braço sobre os meus ombros, me guiando.
Quando os assobios e gritos começaram, senti o calor subir pelas minhas bochechas,
não de vergonha, mas de felicidade. Ninguém nesse momento podia apagar o sorriso
no meu rosto.

166
— Nos deixe ver! — a old lady de Zed, Legs, apareceu sorrindo. Quando me virei
lentamente, o barulho ficou ainda mais alto. — É lindo, garota. Estou tão feliz por
você.
Me virando, dei um abraço apertado em Legs. — Obrigada. — Legs tinha esse
nome porque ela mal tinha 1,50 m, era uma coisinha pequena. Era assim que os
nomes funcionavam por aqui. Dependia da pessoa. Se você era baixinha, seu nome
era Legs12. Se você ria muito e era a alma da festa, seu nome era Bubbles13.
Ela se afastou. — Nós vamos ao Bimbo’s hoje à noite. Vocês querem vir? — eu
fiquei parada em choque. Eu nunca tinha sido convidada para sair com elas antes.
Sendo a criança do clube, eu não era chamada para nada. Para as festas sim, mas
realmente sair com os irmãos e irmãs? Isso era novo... e emocionante.
— Preciso falar com Cruz primeiro, — ela sorriu, sabendo do que eu estava
falando. Bubbles, a old lady de Becs, e Flash, a old lady de Dagger, vieram me abraçar
também. Eu conhecia essas mulheres a vida toda, mas isso era diferente. Era um
abraço diferente. Era um abraço de irmãs.
— Claro. Nós vamos sair às oito, — acenando, caminhei até Cruz. Ele sorriu para
mim, passando o braço ao meu redor e me puxando com força para o seu peito,
então beijou o topo da minha cabeça.
— Nos convidaram para ir ao Bimbo’s hoje, se você quiser, — eu disse no seu
peito, que cheirava a couro e cigarro.
— Claro, baby. Vamos lá, temos um lugar para ir.
Excitação correu por mim. Essa seria a primeira vez que eu ia montar como old
lady de Cruz.
Enquanto o vento soprava ao nosso redor, eu curti ter meus braços em volta de
Cruz. Entre o cheiro dele e a vibração entre as minhas coxas, eu estava ficando
excitada.

12 Legs significa Pernas.


13 Bubbles significa bolhas, borbulhas.

167
Estar na parte de trás da moto de alguém era algo com o qual ainda estava me
acostumando. Depois de uma hora e meia na estrada, nós paramos para comer e
voltamos à viagem. Tivemos sorte que Ma disse que ia cuidar de Cooper a noite toda,
então estávamos livres por um tempo. Mas a minha mente continuava a voltar para a
merda que estava acontecendo na minha vida, e cada vez que fechava os olhos, não
conseguia afastar a sensação de que algo ruim ia acontecer.
Quando paramos em um estacionamento, Cruz desligou a moto. Descendo, nos
movemos entre os bancos de piquenique e eu coloquei a cabeça no seu ombro. —
Está tudo bem, baby?
— Desculpe. Minha cabeça não para. Estou tentando desligar, mas não está
funcionando.
Ele passou um braço ao meu redor e me apertou com força contra ele. — Nós
vamos resolver tudo isso.
— E a questão com Mel? — o corpo de Cruz ficou rígido ao ouvir o nome dela,
mas eu não disse nada. — Ela não assinou os papeis ainda. Ela não pode ficar com o
meu garoto.
— Eu estava dando a ela o benefício da dúvida. Não sei porque, mas estava.
Agora... — sua voz sumiu e ele me apertou e beijou a minha cabeça. — Eu vou cuidar
disso.
— E Babs?
— Isso é assunto do clube, baby, — eu acenei, sabendo que ele não ia dizer mais
nada. Respeitava isso, embora eu quisesse saber.
— Gostaria de voltar a estar o tempo inteiro no Studio X. Tudo bem por você? —
perguntar a ele não era tão difícil quanto eu achei que seria. Se tornou algo natural.
— Sim, baby. Se você tiver um prospecto com você o tempo inteiro, claro.
Eu sorri. — Becs anda muito por lá, — ele endureceu. — Está tudo bem, querido.
Eu sei que você só está cuidando de mim. Eu disse isso para Liv. Mas ter ele lá vai
ajudar. Eu só preciso de alguém que vá e volte comigo.

168
— Leve um dos prospectos, — acenando, eu relaxei contra ele. Esperava que
voltar ao Studio tirasse minha cabeça dos problemas. Talvez, se eu fizesse isso,
conseguisse ter uma visão clara da conexão de todas as coisas. — E Cooper? — ele
perguntou.
— Vou ver se Ma consegue cuidar dele na loja, e o mais provável é que eu não
saia até ao meio-dia, então vou ficar com ele nesse tempo.
— Eu vou ficar um pouco por lá, também. Temos algumas corridas planejadas
que vão me deixar fora por uns três ou quatro dias, mas vou fazer o meu melhor.
— É difícil ser pai o tempo inteiro? — eu disse, me aconchegando contra ele.
— Eu não sabia o que esperar. Eu apenas sempre pensei que ele estaria melhor
com a Mel. Ela deveria amar e cuidar dele. Mas no último ano, tudo desmoronou, —
ele deixou sua cabeça cair.
— Quando você descobriu que ela estava batendo nele? — eu não tinha certeza
se queria a resposta para essa pergunta, mas apenas escapou da minha boca. Parte
de mim precisava saber.
— Umas semanas antes de você sair, eu percebi que algo estava errado, mas
não mexi nisso até uma semana antes de você estar aqui. Então, quando vi ela
agarrar Coop no clube, sabia que não podia mais deixar ela chegar perto dele.
— E me ter por perto ajudou?
— Claro. Isso me mostrou a mãe que Coop precisava, — ele me apertou com
força.
Meu coração aqueceu, não apenas porque ele pensava que eu poderia ser a mãe
que Coop precisava, mas pela perspectiva de ser essa pessoa na vida de Coop. Eu
nunca pensei em ser mãe. Eu não era o tipo que planejava o futuro ou tinha essas
expectativas. Até onde eu sabia, uma transa rápida, meu Studio e o clube era tudo
que eu precisava. Era de explodir a mente o quanto minha vida tinha mudado.
Fui de solteira na prisão para ter um old man e uma criança em um curto
período de tempo, mas não mudaria absolutamente nada.
— Tem certeza que quer ir hoje à noite?
169
— Claro. Vai ser bom você conhecer as old ladies.
— Você sabe que eu conheço Legs, Bubbles e Flash há muito tempo, mas agora é
diferente.
— É porque agora você é uma old lady. Tudo vai ficar bem.
Sorri para ele quando ele se abaixou e beijei seus lábios. Puxei sua cabeça contra
a minha, o beijando com tudo que tinha. Antes que eu soubesse o que estava
fazendo, o empurrei na mesa de piquenique, esfregando meu corpo contra o seu pau
duro. — O passeio te deixou excitada, baby? — ele perguntou contra os meus lábios.
— O que você acha? — meus quadris tinham mente própria enquanto
empurravam e empurravam. Eu estava quase gozando.
— Tire suas calças, — ele latiu com a voz grossa.
Olhando ao redor, tive um momento de pânico. Aqui nós estávamos em público,
e qualquer um que passasse poderia nos ver. Meu corpo congelou.
— Eu não vou dizer de novo. Tire as calças, — e olhei para ele e senti meu
interior me sufocar. Eu queria fazê-lo feliz, e também queria transar com ele. Foda-se.
Me apoiando nele, tirei minhas botas e minha calça de couro. Parei na frente
dele e a fome em seus olhos me deixou sem fôlego. Ele lentamente abriu o zíper da
sua calça e puxou seu pau duro para fora. Lambendo os lábios, eu o queria. O sol
estava queimando a nossa pele, fazendo o calor que eu já sentia ser dez vezes mais
forte.
— Venha aqui e monte em mim, baby, — ele disse, puxando o meu corpo para o
seu. Sem pensar duas vezes, subi nele, o afundando dentro de mim com um
empurrão profundo. Subindo e descendo, eu o montei o mais duro que podia na
posição em que estávamos. Eu batia a perna na mesa repetidamente, mas não parei
para reclamar.
Me abaixando, cobri o rosto de Cruz e o puxei para dar um beijo apaixonado. Ele
quebrou o beijo, e eu realmente comecei a impulsionar meus movimentos usando
minhas pernas para subir e descer mais rápido.

170
Jogando a cabeça para baixo, senti as ondas querendo me levar. Não podia
segurar. Eu precisava gozar. — Você está perto, baby? — eu perguntei a ele.
— Desde quando você me pergunta isso?
— Eu quero gozar com você, baby, — eu disse, agarrando seus ombros para ter
mais estabilidade.
— Mais rápido, — ele rosnou. Fazendo o que ele disse, senti seu pau crescer
ainda mais dentro de mim. Eu sabia que isso estava vindo, e eu estava pronta para
ele. — Agora, — nós gozamos juntos, gritando o nome um do outro.
Com Cruz ainda dentro de mim, tentamos recuperar o fôlego. Com o sol batendo
no meu traseiro nu, voltei de volta à realidade de onde estávamos. Levantei a cabeça
e verifiquei o parque. — Relaxe, baby, — ele puxou para fora de mim e sorriu. — Se
vista.
Me apressei em colocar a calça de couro e as botas de volta, e arrumar minha
trançar. Mais tranquila agora, eu estava pronta para montar.

***

Entramos no Bimbo’s e eu não pude deixar de sentir um pouco do nervosismo


no meu estômago. Esse seria o meu primeiro teste como old lady. Eu conseguiria
manter meu temperamento sob controle? Eu conseguiria me encaixar com essas
mulheres que têm feito isso por anos? Eu conseguiria ser uma boa old lady?
Eu queria ser. Eu realmente queria fazer Cruz feliz.
Dentro do bar, todos os olhos estavam em nós. Eu os sentia, mas mantive o
aperto na mão de Cruz, seguindo de perto atrás dele. Eu sabia que podia me
defender, mas isso era diferente. Eu sabia que todos os olhos estavam em mim
porque eu era a sua old lady.
Cruz nos levou diretamente para onde Zed, Legs, Becs, Bubbles, Dagger e Flash
estavam sentados ao redor de uma grande mesa, bebendo e rindo. Assim que nos

171
aproximamos, todos se levantaram e nos abraçaram e beijaram nossas bochechas. Os
abraços das mulheres foram apertados e calorosos. Os dos homens também foram
calorosos, mas cada um deles sussurrou no meu ouvido.
Zed, — Estou tão feliz que você está aqui. — Becs, — Estava na hora de você
virar uma irmã com seu próprio patch. — Dagger, — Você deve ser o que Cruz estava
esperando. — Isso me fez querer chorar, mas me contive.
Depois que sentamos, a garçonete veio e anotou o que queríamos beber. Eu
sabia que ia beber apenas um ou duas doses, porque não podia ficar bêbada para
andar na parte de trás da moto de Cruz. Já é difícil dirigir com alguém nas suas costas,
mas se for uma mulher bêbada que não está pensando direito... não é uma boa
combinação. Não só isso, eu iria fazer ele morrer de vergonha.
Ter Cruz ao meu lado, seu braço enrolado em mim nas costas da minha cadeira,
junto dos seus irmãos e irmãs, era incrível. Imaginei que assim que felicidade se
parecia.
— Irmãos, vamos caminhar, — Zed disse levantando o queixo, me deixando com
as três old ladies. Olhando ao redor da mesa e reconhecendo as mulheres que
conhecia a vida toda, não pude deixar de vê-las de uma forma diferente. Elas eram as
amigas da minha mãe. Agora, elas eram minhas amigas também, minhas irmãs.
Considerando que eu não tinha irmãs e que Casey tinha desaparecido e não atendia
minhas ligações, isso era excitante e assustador ao mesmo tempo.
Legs sorriu, batendo na minha mão. — Ei, garota. Você está bem?
— Sim, por quê?
— Você parece distraída. Distante.
Soltando uma respiração profunda, — É que eu conheço vocês a vida toda e isso
é... diferente.
— Você não precisa ficar assustada ou nervosa. Você apenas vai nos conhecer.
Não as mães correndo atrás dos seus filhos, mas quem somos de verdade. Acho que
você vai gostar do que vai ver, — Legs riu, e as outras a seguiram.
— Eu sei que vou gostar de vocês, só não sei se vocês vão gostar de mim.

172
— Ah, que besteira, garota, — Bubbles falou. — Nós amamos você ser tão
atrevida e falar o que pensa. Você faz isso com a gente, mas não com os irmãos, —
ela piscou. Agora que eu era uma old lady, sabia que tudo que eu falava refletia em
Cruz, então precisava aprender a me controlar.
— Nós todas somos meio loucas, cada uma do seu jeito. Você vai aprender isso
logo, Princesa, — Flash disse, jogando seu longo cabelo loiro para trás. Seus olhos
verdes estavam marcados por uma sombra esfumada, realçando-os de uma maneira
muito sensual.
— Bebida! — Bubbles gritou.
— Obrigada, garotas. Mas eu estou indo com calma, — eu já tinha ficado bêbada
muitas vezes na frente dessas mulheres, mas sempre dentro do clube, onde eu podia
desmaiar no quarto de Pops, nunca em público.
— Ah, não! Você bebe. Essa é a sua celebração, — a garçonete colocou uma
dose de uísque na frente de cada uma de nós. — À nossa nova irmã e seu patch! —
elas levantaram os copos e eu as imitei. Bebendo o líquido, pude sentir a queimação
descer, e depois da quinta dose, estava me sentindo muito bem e relaxada.
Meu estômago na verdade estava doendo de tanto rir com essas mulheres, e
elas estavam certas. Esse era um lado totalmente diferente delas, e um que eu
realmente gostava. Todas as minhas angústias e preocupações foram embora
conforme a noite passava. Essas mulheres me tratavam, bem, como uma delas. Elas
não me viam como uma criança ou se seguravam; isso fez com que eu me
apaixonasse por elas pela segunda vez, e de um jeito totalmente diferente.
Nós observamos os homens jogando sinuca e fazendo seja lá o que eles estavam
fazendo. De vez em quando, Cruz me dava uma levantada de queixo, apenas me
deixando saber que ele tinha me visto. A noite estava melhor do que eu tinha
esperado.
Essas mulheres eram diversão. Elas eram mais diversão do que eu tive em muito
tempo, incluído o meu tempo antes da prisão. Na verdade, era algo notável que
nenhuma delas me perguntou sobre isso. Parte de mim pensou que esse seria o
tópico da noite com elas, a idiota que foi incriminada por uma cadela. Nenhuma delas

173
riu de mim de modo algum, no entanto, e isso me deixou mais relaxada. Eu tenho
certeza que elas ainda vão perguntar algo em algum momento, mas não hoje, e só
por isso eu poderia beijar cada uma delas.
— Olhos atentos, moças, — Legs disse, olhando para os homens do outro lado
da sala. Meus olhos correram para a direção onde três mulheres jovens, usando
quase nada, se aproximaram dos nossos homens. Duas delas foram espertas; elas
foram embora quando Becs e Dagger as dispensaram. A terceira já não era tão
esperta. Vi com meus próprios olhos quando Cruz acenou com a cabeça na direção
que ela veio, eu imagino, pedindo a ela para ir embora. Mas a vadia idiota não pegou
a dica. Suas mãos começaram a correr pelo braço dele, e ele deu um passo para trás
para fugir do seu toque.
A raiva ferveu dentro de mim. Eu queria retalhar essa cadela.
— Vamos lá, — Flash disse rapidamente. Mas eu estava um pouco apreensiva.
Eu sabia que se fosse até lá, ia dar uma surra nessa vadia, e eu não queria
envergonhar meus irmãos e irmãs.
Flash viu a minha apreensão. — Se você deixar aquela cadela colocar as patas no
seu homem, isso vai acontecer toda vez que vocês vierem aqui. É o seu trabalho
acabar com isso, — com suas palavras encorajadoras, eu sabia o que precisava ser
feito. Deslizando da minha cadeira, caminhei na direção deles. Estava com os punhos
fechados com tanta força que minhas unhas se enterraram nas palmas. Eu ia tentar
ser civilizada primeiro.
— Com licença, — eu disse, batendo no ombro da mulher. Ela se virou fazendo
uma careta para mim.
— O quê? — ela latiu e eu trouxe minhas mãos para a frente, entrelaçando os
dedos... ou mais precisamente, tentando me conter para não dar um soco na cara
dela.
— Você precisa se afastar, — ela me olhou de cima a baixo, viu o colete no meu
corpo, mas não se deteve. Ela até olhou para as mulheres paradas atrás de mim, e
isso não a perturbou. Vadia estúpida.

174
— Cai fora, — ela disse e se virou, sua mão indo direto para o braço de Cruz.
Olhando nos olhos dele, tentei fazer com que ele visse a raiva feroz queimando
dentro de mim. Quando ele levantou levemente o queixo, eu agarrei a vadia pelos
cabelos e a puxei para longe de Cruz. Minhas irmãs formaram um círculo ao meu
redor, mas se mantiveram afastadas e me deixaram ter o controle.
— Cai fora, ein, vadia? — eu a joguei no chão e ela caiu com um estalo dos seus
estúpidos saltos. — Se levante! — eu gritei. Ela ficou de pé, oscilando.
— Qual é o seu problema, porra? — ela latiu.
— Você quer saber o meu problema? Você está tocando o meu homem. Ele te
disse para cair fora... e a sua estupidez não ouviu. Então eu pedi a você para fazer a
mesma coisa, e você não ouviu. E agora isso... — eu balancei, meu punho se
conectando com o seu rostinho bonito, fazendo sangue voar.
— Sua puta, — Deus, essa mulher claramente sentou no vagão da burrice.
Levantei a perna e a chutei diretamente no estômago, então com a mão direita
bati no rosto dela duas vezes, me certificando que o corte fosse grande e profundo.
— Puta, ein? Não, eu sou a old lady dele e essa merda não funciona comigo, —
depois de mais dois socos, senti uma mão forte apertando o meu ombro. Pude sentir
o corpo de Cruz contra o meu. Me endireitei e olhei para o grupo de garotas idiotas
que eram amigas dela, merdinhas que não a ajudaram nem uma vez. Pelo menos eu
sabia que as minhas irmãs cobriam as minhas costas.
— Me deixe ver as suas mãos, — Cruz disse quando me virei para ele, sem saber
se ele estava irritado porque eu causei uma cena. Seu sorriso deixou meus joelhos
fracos. O seu orgulho por mim brilhava em seus olhos. Levantei as mãos e ele as
tocou gentilmente. Sem estarem protegidas, elas ficaram bem machucadas. Eu tinha
muitos arranhões e sangue, e claro, hematomas, mas nada que impossível de curar.
Cruz soltou minhas mãos depois de inspecioná-las e seus lábios esmagaram os
meus. Meus braços foram instantaneamente ao redor do seu pescoço, puxando-o
com força contra mim. Assim que ele se afastou, sussurrou, — Obrigado, baby, —
então ele sorriu do seu jeito sexy. — Vamos pegar uma bebida para você,
Esquentadinha.

175
Revirando os olhos, o segui de volta até a mesa e ele pediu para mim uma dose
de uísque.
— Porra, garota, — Legs disse, se sentando. — A sua mãe sempre disse que você
sabia lutar, mas nunca te vimos em ação. Droga, você arrasou.
Sorrindo, senti a queimação da bebida descer pela minha garganta.

***

A noite acabou sendo ótima. E mesmo que eu estivesse um pouco bêbada, Cruz
provou ser totalmente capaz de me levar na garupa da sua moto. Outra das minhas
preocupações que foi picotada em pedacinhos.
Paramos no clube e havia muitas pessoas por lá, o que era uma surpresa,
considerando que quatro irmãos estavam fora até agora. Imaginei que os outros
decidiram fazer uma festa. Também havia muitas mulheres andando por lá, e a
maioria delas encarava Cruz como se ele fosse o seu próximo alvo. Senti as adagas
saindo dos meus olhos para cada uma delas, fazendo-as ficarem longe do meu
homem.
Cruz nem uma vez soltou a minha mão, exceto para abraçar os irmãos da facção
de Davis que vieram falar com ele. Eu me senti completamente deslocada aqui, por
alguma razão.
Quando Cruz nos levou para o seu quarto, trancou a porta atrás dele. — Você
fica aqui com a porta trancada. Eu vou pegar Cooper e trazer ele para cá, — acenei
com a cabeça enquanto ele saía do quarto.
Tirei minhas roupas e coloquei uma legging e a minha camiseta com os dizeres
“Eu apoio o Ravage MC”, então peguei uma garrafa de água do pequeno frigobar de
Cruz. Bebi tudo rapidamente e fui atrás de algum remédio para a dor que já estava se
formando na minha cabeça.
Quando a porta se abriu, Cooper veio voando pelo quarto direto para os meus
braços. — Achei que você estava dormindo, garotão.
176
— Ma viu filmes.
— Ahh... e ela deixou você ficar acordado, ein? — Coop assentiu.
— Eu tenho que ir, baby. Fique aqui com a porta trancada. Eu já volto, — com
um beijinho rápido nos meus lábios e uma bagunçada nos cabelos de Coop, ele nos
deixou.
— Quer se deitar comigo, querido? — meus olhos estavam começando a fechar.
Tinha sido um longo dia, e se eu não podia dormir aconchegada em Cruz, tinha o
outro homem da minha vida.
— Mamãe, tô com fome, — Coop disse, esfregando a barriguinha.
— Nós vamos dormir e amanhã de manhã vamos tomar café.
— Não... mamãe... minha barriga tá fazendo baruio, — eu sorri pela maneira que
ele explicava o que estava sentindo.
— Roncando, querido. Sua barriguinha está roncando, — fui até a pequena
estante onde nós guardávamos alguns salgadinhos e biscoitos e comecei a alcançar
para ele, mas ele não queria nada daquilo. — Então o que você quer?
— Pasta de amedoim e geleia, — ele sorriu animado.
— Eu não tenho isso aqui, garotão. Vamos escolher outra coisa.
Cooper começou a chorar alto. O pânico correu por mim enquanto pensava no
que fazer. Nós ainda não tivemos momentos em que eu disse não a ele, ou que ele
não podia fazer alguma coisa. Nós estávamos aprendendo juntos como as coisas
funcionavam. Acho que esse era o primeiro teste.
— Venha aqui, amigão.
— Não... eu quero pasta de amedoim! — ele gritou no meu rosto.
— Certo, certo. Eu vou até à cozinha buscar. Sente aqui e assista aquele
programa do coelho que você gosta. Eu já volto.
Saí do quarto e tranquei a porta, e na mesma hora senti que estava fazendo algo
errado, que deveria virar e voltar, mas olhando para a porta, sabia que havia um
garotinho do outro lado que eu precisava cuidar.
177
Me levantei, joguei os ombros para trás e caminhei até o salão principal, que era
caminho para a cozinha. Rapidamente fiz o sanduíche de Cooper, e peguei um
salgadinho e refrigerante para mim. No momento em que pegava tudo do balcão,
gritei quando uma mão passou ao redor da minha cintura.
— Pare, — eu disse depois que o choque passou.
— Por que eu faria isso? — disse uma voz profunda, que eu não reconheci.
— Porque eu sou a old lady de Cruz, — eu disse com força enquanto me virava
para encarar um homem que eu nunca tinha visto antes. Ele deve ser novo por aqui.
— Não tem nenhuma old lady por aqui essa noite, e você não tem o patch dele,
— ele disse movendo a mão pelo meu corpo, até chegar e tatear meus seios. Eu saí
de perto dele, voando para o outro lado da cozinha.
— Eu sou a old lady dele. Estou em bloqueio aqui. Tive que pegar algo para o
meu garoto comer, — eu disse, rapidamente olhando os patches no colete do
homem. Ele era um membro pleno de outra facção do clube. Merda.
— Vadia, pare de cuspir mentiras sobre o meu irmão, — ele disse irritado
enquanto andava até mim. — Você sabe o que nós fazemos com putas sujas que
mentem por aqui.
— Eu não estou mentindo. Vá atrás dele. Ele vai te dizer, — eu pedi, sem saber o
que ia acontecer, e sabendo que, como ele era um membro pleno com patch, eu
precisava me controlar.
— Puta. Não me diga o que fazer, porra. Quem diabos você acha que é? — as
costas da sua mão colidiram com força com a minha bochecha, mas eu não me movi.
Eu fiquei ali parada, encarando-o diretamente nos olhos.
— Eu sou a old lady de Cruz, — eu disse muito séria.
— Sim, vamos ver. Eu vou chamar ele aqui, e quando ele me disser que você não
passa de uma mentirosa, nós vamos nos revezar para foder cada maldito buraco do
seu corpo.

178
Precisei de toda a minha força para não arrancar as suas bolas e fazer ele engoli-
las. Eu queria socar, chutar e matar esse filho da puta na minha frente. Mas ao ouvir
que ele ia chamar Cruz, fiquei aliviada.
— Não saia daí, caralho, — ele latiu para mim, e eu não movi um músculo.
— Princesa! — a voz de Cruz encheu a cozinha. Me virei para ele, aliviada. —
Que porra você pensa que está fazendo aqui? E sem o meu maldito colete? — ele
rosnou furioso.
Eu fiquei ali parada, chocada, e meu estômago foi ao chão. Eu nem parei para
pensar em colocar o colete. Eu apenas queria conseguir comida para o meu garoto.
— Me desculpe, — eu sussurrei.
— Me desculpe? Eu disse a você para ficar no meu quarto, porra! — ele berrou
quando o outro homem se aproximou, cruzando os braços na frente do peito.
— Ela é sua? — ele perguntou a Cruz.
— Sim. Minha old lady.
— Porra, irmão. Essa é a Princesa? Eu não sabia. Ela não tem o seu patch.
— Não, ela não tem. Você pode nos deixar a sós, mano? — de repente eu queria
que o psicopata maldito estivesse na cozinha com a gente, assim Cruz não ia matar
bem onde eu estava.
Eu nunca tinha sentido medo de Cruz, mas estava sentindo isso agora. Pensei
que deveria explicar. — Cooper queria um sanduíche de manteiga de amendoim e
geleia. Eu só vim fazer um para ele.
— Eu mandei você ficar no quarto. E então você aparece aqui sem o seu colete.
Isso significa que você está disponível para todos os irmãos. É isso que você quer?
Que todos eles se revezem para te foder?
— Não.
— Exatamente, não. Eu disse a você que essa boceta é minha. Você é minha.
Volte para o quarto. Agora.
Pegando apenas o sanduíche, corri para o quarto e tranquei a porta.
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— Oba, mamãe! Obigado! — Cooper começou a mordiscar o sanduíche
enquanto continuou a assistir seu desenho do coelho.
— Coop, eu vou tomar um banho. Volto em um minuto. Fique aqui, — ele
acenou com a cabeça, sua boca muito cheia para responder.
Me sentei no vaso e enterrei a cabeça nas mãos, deixando as lágrimas caírem
livremente dos meus olhos. Meu primeiro dia como old lady e já tinha estragado
tudo. Envergonhei Cruz e a mim mesma na frente de um irmão, a única coisa que eu
não queria fazer. Eu deveria ter vestido o colete, eu deveria saber que era assim que
funcionava.
Tirei as roupas e sequei as lágrimas, querendo estar apresentável novamente
antes de voltar para Cooper.
Ele estava deitado no chão, a maior parte do sanduíche comido em cima do
prato na sua frente. Seus olhos estavam quase fechados.
— Vamos lá, garotão, — em vez de colocá-lo no berço, o levei para a minha
cama. Enrolando os braços em volta dele, ouvi sua respiração suave. Eu queria mais
do que tudo cair no sono. Me chame de covarde se quiser... não dou a mínima. Eu
não queria encarar Cruz. Não depois desse desastre.
Enquanto olhava os números vermelhos luminosos do relógio se arrastarem
para frente, meu corpo não relaxava o bastante para eu dormir, mas quando a porta
se abriu, fechei os olhos, esperando que ele pensasse que eu estava apagada.
O farfalhar de roupas atrás de mim veio junto com o impacto de botas caindo no
chão. Mantive os olhos fechados e senti o lado da cama onde Coop estava dormindo
afundar, e então ele foi levantado. Eu até acalmei a minha respiração, sabendo que
ele ia estar de volta em um minuto.
A cama voltou a afundar quando seu corpo quente deslizou sob as cobertas. —
Eu sei que você está acordada, Princesa, — eu não me movi, esperando que ele visse
que estava enganado. — Vamos lá, se você estivesse dormindo, teria colocado uma
arma na minha cara quando eu peguei Coop.

180
Soltando uma respiração profunda, eu abri os olhos lentamente e esperei ele
falar.
— Você tem que usar o seu colete. Não importa aonde você vá dentro do clube,
você precisa usá-lo. Ele é a única coisa que te protege, — ele rolou para o lado, sua
voz calma e controlada, nada parecida com o tom de antes, na cozinha. Como sua
raiva passou, eu relaxei um pouco e escutei. — Aquele cara se chama Butch. Ele é da
facção de Davis e não tinha ideia de quem você era. Se ele tivesse, eu teria dado uma
surra nele por bater na minha garota, — soltando um suspiro profundo, ele
continuou. — Eu sei que você estava cuidando do nosso garoto, mas você precisa
usar o seu colete.
— Me desculpe, — eu sussurrei, não querendo dizer muito.
— Me desculpe também, baby. Eu perdi a cabeça, — Cruz me puxou para ele,
enrolando os braços apertados ao meu redor. Com minha cabeça acomodada em seu
peito, eu respirei seu cheiro, confortada pelo seu toque gentil.
— Eu vou usar. Eu prometo, — depois de ficarmos deitados assim por um
tempo, eu falei. — Cruz?
— Sim?
— Eu estava com medo. Estava com medo do que eu teria que fazer, — eu
sussurrei, sentindo que precisava contar para ele como me senti sobre a coisa toda.
Não disse uma palavra sobre o homem ter me batido. Não precisava jogar ainda mais
merda na porra toda. Mas se ele tivesse ido além, eu teria me protegido, irmão ou
não.
— Eu sei, baby. Eu sei, — ele esfregou as minhas costas, lentamente me levando
para outro sono agitado.

***

181
— Baby, eu vou montar, — Cruz gritou da sala principal. Eu entrei com Coop em
meus braços e meu colete nas costas. Coop se contorceu para ir para o colo do pai. —
Eu vou voltar. Eu amo você, — Cruz beijou a sua bochecha e o apertou com força.
Olhando profundamente em seus olhos, havia muitas coisas que eu queria dizer.
Como tome cuidado, fique bem, não seja baleado, etc., mas mantive isso para mim.
Eu sabia exatamente onde ele estava indo graças a Stella, e não podia dizer que eu
gostava. Mas isso era assunto do clube, apenas deu o acaso de eu estar bem no meio
dessa merda. Me irritava estar colocando os irmãos em perigo e, para piorar, eu não
sabia que diabos estava acontecendo.
Cruz me deu instruções diretas para ficar longe do Studio X essa noite, e eu
estava totalmente bem com isso. Eu não queria ficar no caminho ou ter alguém se
preocupando comigo enquanto tudo acontecia. Eu queria ficar aqui a salvo com o
meu menino.
Mas eu não gostava disso. Eu não gostava de ver ele partindo para um lugar
onde poderia ser morto. Eu não podia imaginar a minha vida sem ele. Isso acabaria
comigo. Embora eu soubesse que essas situações faziam parte da sua vida, não
queria dizer que eu gostava.
Cruz passou seu outro braço ao meu redor, — Eu vou ficar bem, baby. Eu te
amo, — ele me deu um beijo apaixonado, com Coop ainda em seus braços.
Quando ele se afastou, disse para Coop, — Eu amo você também. — Cruz me
entregou Coop e saiu do clube.
Os braços firmes de Ma se enrolaram em mim. — Ele vai ficar bem.
Eu dei um sorriso fraco para ela, sabendo que ela esteve por aqui tempo
suficiente para saber como as coisas funcionavam. Dessa vez, eu queria que não.

***

Ma levou Coop para passar um tempo na loja para dar a ele uma mudança de
cenário, e também para me dar uma folga. Embora ele seja uma excelente distração
182
para tudo que vem acontecendo, eu precisava de um tempo sozinha. Andando pelo
complexo, amei ver todos os banners e pinturas que decoravam as paredes. A
maioria tinha o símbolo das caveiras em chamas do Ravage MC, e outros tinham
Harleys.
Quando olhei para a loja, vi Casey dobrada sobre um motor, trabalhando
concentrada. Estava me matando o fato da gente não ter se visto muito desde que eu
saí da prisão. Eu não entendia. Era como se ela estivesse me evitando a todo custo.
Ela sabia que eu estava aqui, e mesmo vindo trabalhar todos os dias, nunca apareceu
para me dar um oi.
Parando atrás dela, minha voz a assustou e ela saltou. — Oi, garota.
— Merda. Você me assustou, — ela disse, se afastando do motor e limpando as
mãos no pano mais próximo, sem fazem contato visual.
— Onde você esteve, Casey?
— Por aqui, — a sua evasão me irritou.
— Que diabos está acontecendo? — ela deu de ombros. — Mentira. Me diga
agora, — meu temperamento estava ameaçando explodir, querendo saber que
merda estava acontecendo.
— Não há nada para dizer. Eu só quero acabar essa encomenda, — ela disse,
acenando com a mão para o carro na nossa frente.
— Qual é a porra do problema? Eu saí da prisão, passei por mais de um tiroteio,
ganhei um old man e uma criança e você não estava em lugar nenhum. Você não é
assim, Casey. Você precisa me dizer.
Casey olhou ao redor da oficina e viu que só havia nós duas aqui. Quando seus
olhos encontraram os meus, pude ver a dor lá no fundo, e muita mágoa. Também vi o
conflito dentro deles. Ela queria me contar, mas não queria. Parei ali e esperei para
ver qual deles ia ganhar.
— Eu transei com ele, — sua voz era vazia.
— Quem?

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— GT — choque e exasperação inundaram meu corpo. Essa não era a mesma
mulher que estava me questionando algumas semanas atrás por ter dormido com
Cruz?
— Você deu para o meu irmão? — eu perguntei enquanto ela acenava. — Só
uma vez? — ela balançou a cabeça para dizer que não. — Há quanto tempo?
— Alguns meses. Mas eu terminei com ele faz duas semanas.
Normalmente eu não pensaria nada sobre isso, mas nós sempre dissemos que
nunca iríamos transar com os irmãos. Eu acabei quebrando essa regra, mas nunca
pensei que Casey faria o mesmo. — Por que você terminou?
Seus olhos ficaram frios em um instante. — Porque eu não vou ser uma das suas
putas, que ele pode foder quando quiser. Ele come todo mundo por aqui. Eu não
podia fazer isso, não podia ver.
Eu entendia isso muito bem. Já tinha visto GT com muitas mulheres, e algumas
imagens me fizeram querer arrancar meus olhos, mas isso não ia acontecer. Ele não
tinha vergonha de meter o pau em qualquer buraco que encontrasse, e as mulheres
faziam filas quilométricas para isso. Elas amavam isso. E ele também.
— Então você esteve evitando a mim ou meu irmão?
— Os dois.
— Por quê?
— Não queria que você ficasse brava comigo, e não podia aparecer no clube
quando ele estava lá. Não queria que os outros caras pensassem que podiam transar
comigo também. Isso não vai acontecer. Eu não quero mais saber de motoqueiros.
— O que você vai fazer?
— Eu vou embora, — eu a encarei como se ela tivesse ganhado mais uma
cabeça, enquanto meu estômago caía no chão.
— O quê? — meu mundo parou e eu me senti vazia e desamparada.
— Eu vou para a faculdade em Cherry Vale. Quero conseguir um diploma em
Administração, assim vou poder começar meu próprio negócio e construir algo para

184
mim. Tenho dinheiro guardado do tempo que trabalhei aqui, e também o que meu
pai me deixou.
— Quando você vai? — eu perguntei, querendo me enfiar em um buraco. Eu
estive sem ela por dois anos, e agora ela estava indo embora. Como isso podia estar
acontecendo?
— No final da semana.
— Quê! Você não pode ir embora em quatro dias! — eu gritei, minhas mãos
voando no ar. O que diabos essa mulher estava pensando! Ela não podia apenas ir
embora assim, porra.
— Eu preciso. Consegui um trabalho em uma oficina lá, vou conseguir conciliar
com as aulas. Eles querem que eu comece o quanto antes.
— Você só está indo para fugir de GT, — eu não escondi a minha raiva. Eu estava
furiosa pra caralho.
Casey parou na minha frente, colocando as mãos nas minhas bochechas. — Ei,
você sabe melhor do que ninguém que, mesmo que eu seja a filha de um antigo
membro, isso não significa nada. E somando isso ao fato de que eu transei com GT
sem compromisso... isso me coloca na categoria das putas. Eu estive por aqui tempo
o bastante para saber que esse não é um lugar onde quero estar. Isso é tudo que eu
conheço. Essa oficina. Esses homens. Preciso ir embora e começar uma vida nova
longe daqui, — a gentileza na sua voz me fez querer chorar, mas não que eu fosse
fazer isso.
— E nós duas? — eu perguntei baixinho.
— Eu te amo. Você sabe disse. Mas você tem uma família agora, e precisa estar
com eles, — ela suspirou profundamente e andou até o lado do carro. — É aqui que
você pertence. É onde sempre vai pertencer. Você nasceu para ser uma old lady. Eu
não; eu preciso seguir em frente. Eu sei que tenho sido uma amiga de merda, e sinto
muito por isso. Mas nós vamos manter contato, eu prometo.

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Algo lá no fundo me dizia que eu não veria minha amiga outra vez. Essa jornada
a levaria para longe de tudo, incluindo a mim. E eu não podia ser egoísta e pedir-lhe
para ficar, embora eu quisesse fazer isso mais do que respirar.
— Vou sentir saudades, — eu disse, deixando minha cabeça cair.
— Eu vou sentir saudades também, mas assim é melhor. Você sabe.
— Eu não sei merda nenhuma. Mas se é isso que você quer, eu vou te apoiar.
Estouros altos começaram a vir de algum lugar perto do escritório da loja. — Se
abaixe e fique aqui! — eu gritei e comecei a correr na direção do som. Pegando
minha arma presa na parte de trás do meu jeans, eu espreitei para dentro para ver o
que estava acontecendo.
Ma estava deitada no chão, segurando seu braço que sangrava, enquanto Mel
estava de pé, apontando uma arma para a cabeça dela. Eu não conseguia fazer
contato visual com ela. Cooper estava chorando como um louco enquanto Mel
gritava — Cale a boca, porra! — para ele, fazendo meu sangue ferver. Então ouvi as
palavras que temi por tanto tempo. — Eu vou levar o meu menino!
Virando a esquina o mais silenciosamente possível, me movi para o lado da
porta. Espiando do outro lado, vi Mel de costas para mim. Bem quando eu tinha um
tiro certeiro para ela, Cooper gritou, — Mamãe! — nesse momento, tudo virou um
caos. Algo quente me acertou em cheio nas costas, tiros, enquanto Mel apontava a
arma para o meu rosto.
— Sua vadia maldita, — meu ombro estava em chamas por causa dos tiros. De
algum lugar atrás de mim, algo duro atingiu minha cabeça, me fazendo cair de
joelhos. Mel chutou a arma da minha mão quando meu aperto diminuiu por estar um
pouco desorientada pela pancada, e eu caí de barriga no chão, a dor em minha
cabeça mais do que podia suportar. Mantive o olhar firme no meu garotinho. Quando
uma pancada atrás da outra atingiu a minha cabeça, lutei para me manter consciente.
Era engraçado que eu aguentasse um soco atrás do outro dos caras, mas algumas
pancadas inesperadas atrás da cabeça podiam me fazer apagar.

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— Coo... per... — eu o chamei, tentando alcançá-lo, mas meu corpo não me
ouvia. A dor em minha cabeça e ombro era demais. Cooper veio gritando na minha
direção, e quando eu estava prestes a segurá-lo, Mel o puxou para longe. — Não....
Mel me deu um chute duro no rosto, o que normalmente não me afetaria, mas
com todo o resto, eu vi estrelas. Eu queria conseguir ficar de joelhos, mas não pude.
Eu estava presa naquele lugar. Estendida no chão da loja, minha visão entrava e saía
de foco. A última coisa que vi foi Mel carregando Cooper para fora, e não havia uma
maldita coisa que eu podia fazer sobre isso.

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CAPÍTULO 13
CRUZ

Enquanto nos sentávamos nas árvores, esperando esse imbecil aparecer, eu


repassei a noite passada em minha cabeça. Se Butch tivesse tentando transar com
ela, eu teria matado ele. Não importa que ela não estivesse usando o colete, ela disse
a ele que era a minha old lady. Claro, as vadias do clube mentiam, mas a minha
garota não. Eu apenas estava feliz que as coisas não chegaram a esse ponto.
Essa tocaia de merda era para passarinhos. Becs estava dentro do escritório,
como sempre. Ele enviava algumas mensagens de vez em quando, mas nada tinha
acontecido ainda. Dagger estava escondido no vestiário com Stella. Rhys, Diamond,
GT, Pops e eu estávamos esperando do lado de fora. Precisávamos nos livrar das
ameaças externas primeira, e então nos movermos para dentro.
O som de motos ao longe nos deixou prontos. O plano era fazer tudo de modo
limpo e apenas capturar os filhos da puta. Felizmente as coisas sairiam como foram
planejadas.
Três motoqueiros estacionaram usando o patch do Bobcat Demon, nenhum
deles eu conhecia. Um dos homens ficou de vigia do lado de fora, enquanto os outros
dois entraram. Acenando uns para os outros, nós nos mexemos para atacar o filho da
puta cuidando das motos. Apontei minha arma diretamente para a sua cabeça; ele
tentou pegar a sua. — Não, — eu ordenei, e seu braço parou na mesma hora.
— Que porra você quer? — ele disse enquanto eu arrancava as armas do seu
corpo, entregando-as para Rhys. Quando ele não tinha mais nada, eu empurrei o
homem para Rhys.
— Você vai descobrir logo, seu filho da puta, — acenando, Rhys levou o
desgraçado para a caminhonete que nós tínhamos colocado no estacionamento ao
lado do prédio.
— Vamos lá, — colocando nossas armas de novo presas nos jeans, nós
lentamente caminhamos até o prédio. As mulheres estavam dançando, seus peitos

188
balançando para todos os lados, inconscientes do que estava prestes a acontecer nos
fundos.
Dentro do vestiário, Stella estava de joelhos, com o pau de um dos imbecis
deslizando dentro e fora da sua boca. — Rápido, vadia. Nós não temos muito tempo,
e eu ainda quero a minha chupada, — o outro idiota disse, dando um tapa na sua
bunda, fazendo Stella engasgar. Ao ver Dagger no canto da sala, eu acenei. Com GT e
Pops ao meu lado, nos movemos rapidamente. A arma de GT foi apontada para a
cabeça de um dos filhos da puta, e a minha para a do outro; eles imediatamente
tentaram pegar suas próprias armas, mas Dagger veio para a frente, saindo das
sombras.
— Não se mexam, otários, — sua voz era um rosnado baixo quando ele veio para
a luz, apontando sua arma para os dois.
Stella caiu para trás no chão quando o cara que estava com o pau na sua boca
lhe deu um chute no estômago. — Sua puta do caralho. Você está morta, — ele
rosnou. O cabo da minha arma atingiu o crânio do filho da puta, estalou alto e ele
caiu no chão de joelhos.
— Não se mexa, — eu rosnei, apontando para sua cabeça enquanto nós
recolhemos suas armas rapidamente. — Stella, saia daqui, agora.
— Caras, — GT disse do meu lado. — Drogas e grana.
— Pegue, — Diamond disse de trás de nós. — Vamos colocar os dois malditos na
caminhonete e levar ela para o celeiro. Encontro vocês lá em quinze minutos.

***

O celeiro era um antigo prédio que o Ravage MC tinha adquirido dez anos atrás.
Ele estava localizado no centro de uma fazenda de cem acres, onde ninguém podia
ouvir nada. A estrada até o celeiro era tortuosa, o que nos impedia de ir até lá de
moto. Nós colocamos nossas motos em um barracão na borda da propriedade e
subimos em um carro, os homens presos na caminhonete, logo atrás da gente.

189
O celeiro era muito austero. Guardávamos suprimentos ali e usávamos o lugar
para reuniões informativas ocasionais. O chão estava sujo e as vigas de madeira já
tinham visto dias melhor, mas ele ainda servia ao seu propósito.
Rhys e Dagger soltaram nossos convidados especiais e os trouxeram para o meio
do chão sujo. — Nos dêem os seus coletes, — GT ordenou.
— Vai se foder! — eles latiram em uníssono. Eu sorri. Isso ia ser divertido.
Nos revezamos em dar socos na cara deles, os deixando totalmente
ensanguentados, mas ainda capazes de falar. Diamond agarrou os coletes
descartados dos homens e grunhiu. — Parece que vocês precisaram tirá-los, de
qualquer maneira. Pelo menos fizeram isso com honra, — Diamond disse rindo.
— Por que vocês estavam mirando nas garotas do X? — Pops latiu. Nenhum dos
homens disse nada, o que lhes garantiu mais alguns socos. — Falem!
— Rabbit nos mandou fazer isso, — nenhuma surpresa aqui.
— Por quê? — Pops obviamente estava liderando o interrogatório. Quando
ninguém falou, algumas pancadas na cabeça os fizeram mudar de ideia.
— Ele está indo atrás de Babs, — o que estava mais à direita disse. Nós então
ficamos sabendo que ele era o elo fraco.
— Amarre e amordace esses dois bem apertado, Rhys, — Diamond disse e Rhys
começou a trabalhar. — Então, o que Babs disse?
Ele arregalou os olhos quando nós paramos ao seu redor, loucos para começar
uma briga. Ele hesitou e Diamond ordenou, — Amarre as mãos dele e as prenda no
gancho do teto.
GT e eu fizemos como foi ordenado, deixando o homem pendurado a alguns
metros do chão. Ele se movia e contorcia, tentando soltar a corda, mas nós sabíamos
que isso não era um problema. Uns socos no estômago detiveram seus movimentos.
— Agora tente de novo. O que Babs disse?
— Princesa está atrás dela. Nós temos que tirá-la do caminho, — mais merda
que a gente já sabia.

190
— E o que acontece se Princesa pegar ela? — quando ele não respondeu,
Diamond acenou para Dagger, que pegou sua faca. Ele começou a girá-la entre os
dedos, como uma máquina em perfeito funcionamento. Ele cravou a faca na camiseta
do homem e começou a, lenta e meticulosamente, cortá-la. Quando se livrou do
tecido, Dagger começou a correr a lâmina pelo esterno do homem, sem nunca cortar
a carne. Ele estremeceu. — Ou você nos diz ou nós vamos te estripar e ficar vendo
você sangrar até morrer.
O babaca não hesitou. — Existe uma recompensa de 50 mil pela cabeça da
Princesa. — Eu fiquei ali parado por um momento. Nossos informantes não tinham
dito que era um milhão?
— Você tem certeza sobre essa quantia?
— S...sim, — eu não acreditei nele. Podia dizer, pela sua careta, que Diamond
também não.
Diamond rosnou. — Dagger.
Dagger começou a cravar a lâmina no peito e estômago do homem, o bastante
para cortar, mas não o suficiente para atingir algum órgão interno. A cada corte, os
gritos do homem ficavam mais altos. Os dois homens ajoelhados no chão apenas
observavam, mas com as mordaças em suas bocas, tudo que eles podiam fazer eram
grunhidos estranhos.
— Qual a maldita quantia? — Diamond gritou.
— Cinquenta mil, eu juro... por favor... — o babaca chorou.
— Quem colocou esse prêmio pela cabeça dela?
— Rabbit... — ele gemeu.
— Ele foi o único?
— Si... sim...
Eu ainda achava que Babs estava trabalhando com alguém. — Como vocês
sabiam que as garotas estavam passando por momentos difíceis e precisavam das
drogas?

191
— Eu não sei... nunca nos disseram, — Dagger cortou mais algumas vezes perto
das suas costelas e ele rosnou. — Eu não sei... acho que foi Babs.
Quando meu celular tocou, o peguei para apertar o botão de rejeitar, mas
quando vi o número de Ma, olhei para Pops, que acenou para mim.
Caminhei para fora e atendi. — Oi, Ma. O que está acontecendo?
— Cruz, venha para o hospital. Mel... ela atirou em Princesa e bateu na sua
cabeça, foi feio. Ela está muito machucada, e Mel levou Cooper, — meu mundo todo
congelou com as suas palavras. Eu não podia formar uma única palavra. — Cruz! —
ela gritou, me acordando.
— Mel está com Cooper, — eu repeti para ela. — Ele está machucado?
— Não. Ele estava bem quando ela o levou, — isso era um alívio, mas não
significava que ele ainda estava bem.
— Princesa, ela está bem?
— Eu não sei. Ela está em cirurgia. Ela levou um tiro no ombro, mas o pior foi a
sua cabeça. Deus, Cruz... isso não é bom, Cruz. Não é bom, — ao ouvir os soluços de
Ma, dei um chute alto no ar.
— Vou estar aí o mais rápido possível, — desliguei a chamada e voltei para
dentro do celeiro. — Diamond, Pops! — eles viraram as cabeças para mim e
começaram a andar.
— Princesa levou um tiro e Cooper foi levado pela Mel. Nós temos que ir...
agora!
Diamond latiu, — Acabe com isso, — e três tiros foram ouvidos. — Dagger e
Rhys, limpem isso aqui. Nós vamos para o hospital; Princesa foi baleada.
Todos entramos no carro e corremos até nossas motos.

***

192
Assim que chegamos nas motos, pedi a Zed e Becs para ligarem para Tug, Buzz e
Breaker e procurarem na casa de Mel, na dos pais dela, no seu trabalho e em
qualquer lugar que eles lembrassem. Eu me juntaria a eles logo, mas primeiro
precisava ver como Princesa estava.
Correndo pelos corredores do hospital com Pops, GT e Diamond nos meus
calcanhares, eu me sentia apavorado... total e completamente apavorado. Eu podia
tê-la perdido. Eu não sobreviveria. E Coop, só Deus sabia para onde aquela vadia o
tinha levado. Eu jurei que assim que a encontrasse, e eu ia encontrá-la, ia acabar com
ela. Foda-se a regra de não matar mulheres, aquela puta estava morta.
Ter que perguntar a cada maldita pessoa de jaleco branco onde estava Princesa
me deixou muito irritado. Todos os funcionários estavam assustados e petrificados
com a gente, grandes motoqueiros maus, dentro do seu hospital. Se eles não me
dissessem logo onde ela estava, eu ia dar a eles bem rápido uma razão para ter
medo.
Finalmente, uma senhora obesa de cabelo grisalho nos levou para a sala de
espera, onde Ma estava apoiada em um canto com as mãos cobrindo seu rosto. G.T
correu até ela. — Ma! O que está acontecendo?
Ma olhou para ele, seus olhos vermelhos e inchados. — G.T! — ela gritou e
saltou, passando os braços ao seu redor, o abraçando apertado e soluçando. Seus
joelhos cederam, e GT a pegou e a acomodou gentilmente na cadeira.
— Você está bem, Ma? — Pops perguntou, olhando para a bandagem e o
sangue na camisa dela.
— Só um arranhão, nem precisei de pontos, — Pops passou os braços ao redor
dela, beijando a sua testa.
— Como ela está? — eu disse em pânico, sem esconder isso em momento
algum. Era incrível como meu mundo podia entrar em uma espiral de caos tão rápido.
— Eu sinto muito, Cruz, — Ma choramingou. — Ela está em cirurgia. Os socos da
cabeça a fizeram desmaiar. A bala não fez tanto estrago, mas eu não tive uma
atualização ainda. Só estou esperando.

193
— O que aconteceu? — quando Ma nos contou toda a cena, meu coração
apertou e minha fúria ferveu. — Quem mais estava lá, além de Mel?
— Isso é o que eu não sei, Cruz. Eu não os vi.
— Mel disse para onde ela ia levar Coop?
— Não. Ela só disse “eu vou levar o meu menino”. Eu sinto muito. Depois da
pancada na cabeça, eu fiquei zonza e não pude ajudar muito, — ela soluçou mais
forte. — Eu sinto muito, falhei com os meus bebês.
Pops puxou Ma para o seu peito enquanto ela chorava incontrolavelmente. Eu
estava preso entre a cruz e a espada. Eu queria ficar aqui e ver como Princesa estava,
mas precisava ir encontrar meu garoto. Graças a Deus meus irmãos estava fazendo
isso, porque eu ia enlouquecer se eles não estivessem do meu lado nesse momento.
O tique-taque do maldito relógio era incansável. Parecia que eu estava
esperando a uma eternidade. As old ladies chegaram, junto com membro de outras
facções do clube. Quando Dagger e Rhys entraram, eu saltei imediatamente da minha
cadeira. — Algum sinal do meu filho?
— Ela não está em casa, nem na dos pais, nem no trabalho. Nós até fomos a
alguns hotéis, mostrando a foto de Coop... nada. Mas um atendente de um posto de
gasolina jurou ter visto um garotinho indo usar o banheiro junto com uma mulher
com a descrição de Mel. Ele também os viu entrando na parte de trás de um Honda
verde de quatro portas. Ele ainda nos deu a placa, que conseguiu nas câmeras de
segurança. Buzz voltou para o clube para ver se consegue algo. É a pista mais sólida
que temos até agora.
— Porra! — eu gritei e passei as mãos nos cabelos, puxando-os com força. Eu
nunca me senti tão sem controle sobre a minha vida. Eu me sentia inútil pra caralho.
Eu não podia ajudar Princesa; ela estava nas mãos dos médicos, e eu não tinha a
menor ideia de para onde aquela vadia tinha levado o meu filho. Droga.
Dagger passou os braços ao meu redor, me abraçando com força. — Nós vamos
achar ele. Não se preocupe. Becs. Zed, Tug e Breaker estão esperando no carro por
novas instruções. E os homens aqui, — ele gesticulou para a sala cheia de homens das

194
outras facções, — já concordaram em montar assim que tivermos uma localização.
Nós vamos achá-lo.
— Os familiares de Harlow Gavelson, — um homem de uniforme verde chamou
assim que passou pela porta, seus olhos correndo pela sala cuidadosamente.
— Aqui, — eu lati. Quando ele olhou para os homens e mulheres, engoliu em
seco. Sem dúvida nos ver todos juntos era intimidante. Ótimo. Era melhor mesmo
que ele tirasse ela dessa viva.
Quando ele se aproximou, linhas de suor começaram a se formar na sua
têmpora, apontando o seu nervosismo. — Eu sou o old man dela. O que está
acontecendo? — eu disse assim que parei na sua frente, cruzando os braços.
Ele limpou a garganta várias vezes, parecendo estar tentando controlar seus
nervos. — Senhor, ela teve um pequeno ferimento de bala no ombro, que foi
facilmente reparado. Não causou maiores danos. Infelizmente, os socos na cabeça
causaram uma grave concussão. Nesse momento, esperamos uma recuperação
completa. Ela está anestesiada, mas daqui uma hora esperamos conseguir falar com
ela. Harlow talvez esteja um pouco confusa. Vou avisar vocês quando ela estiver no
quarto.
— Obrigada, Doc, — eu disse, estendendo a mão. Ele engoliu, pegou minha mão
e balançou. Depois que ele saiu, eu fui cercado por irmãos e irmãs com abraços e
batidinhas nas costas. Embora eu estivesse aliviado, não estaria cem por cento até
ver e falar com ela, garantindo que ela estava viva e bem.
A espera foi eterna. Os minutos passavam. Sem poder ver Princesa e não
ouvindo nada de Buzz, eu estava prestes a abrir um maldito buraco no chão de
linóleo do hospital. Minha mente continuava focada no meu garoto, imaginando para
onde Mel poderia tê-lo levado. Ela não o amava. Ela não o quer. Quando ele era um
recém-nascido, ela tentou inúmeras vezes dá-lo para mim, mas na época eu não
queria toda essa responsabilidade. Agora, eu tenho vontade de me chutar com toda a
força. O que diabos ela quer com ele agora?

195
Diamond parou no meu caminho, e suas botas foram a primeira coisa que eu vi.
Quando levantei o olhar, seus olhos eram máscaras. — Buzz tem uma pista do carro.
É a três horas daqui.
— Porra, — eu balancei a cabeça e entrelacei os dedos atrás da cabeça. Eu
deveria ficar aqui com a minha garota ou ir atrás do meu menino?
Não tive tempo de decidir quando a mesma enfermeira de cabelo grisalho que
nos ajudou mais cedo entrou na sala. — Família de Harlow Gavelson? — eu fui até à
porta com Ma logo atrás de mim.
— Sim.
— Vocês podem vê-la agora. Ela ainda está um pouco sonolenta, mas está
voltando lentamente. Um de cada vez agora.
Me virando para Diamond, eu pedi, — Por favor, vá. Me mande o endereço por
mensagem, eu vou estar lá em breve.
Ma me deu um tapinha no ombro e eu saí correndo para o quarto de Princesa.
As paredes eram estéreis e brancas. Ela tinha máquinas apitando nos dois lados da
sua cama, e uma outra fazia barulhos estranhos. A minha garota estava deitada com
tubos e fios saindo de todas as partes do seu corpo. Ela não se moveu. Ela apenas
ficou ali deitada... sem vida.
Meu estômago caiu no chão com o pensamento de perdê-la. Puxando uma
cadeira, eu a coloquei do lado da cama e peguei a sua mão, segurando-a como uma
tábua de salvação. Ela estava quente, o que foi um conforto. Não tinha certeza de
quanto tempo fiquei assim. O tempo fugiu de mim. Quando Princesa começou a fazer
barulho, olhei para o seu rosto. Linhas profundas marcavam a sua testa e ela estava
mexendo a cabeça lentamente de um lado para o outro.
— Baby. Está tudo bem. Você vai ficar bem, — eu sussurrei gentilmente no seu
ouvido.
Os olhos de Princesa começaram a piscar repetidamente para abrir e se ajustar
às luzes do hospital. Ela encarou o teto enquanto eu falava calmamente com ela. —
Princesa. Você está bem. Eu estou aqui.

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— Não... não me toque... — ela grunhiu, seus olhos reviraram para trás e as
pálpebras se fecharam, o que me assustou pra caralho. Comecei a gritar pela
enfermeira e pulei quando ela entrou no quarto. — Seus olhos rolaram para trás. E
ela não está se movendo, — eu era incapaz de esconder o pânico na minha voz.
— Está tudo bem. O efeito dos remédios está passando. Dê um tempo a ela.
Eu não tinha tempo. Eu tinha que ir atrás do meu filho. Enviei uma mensagem
para Diamond dizendo que ia precisar ficar um pouco mais, mas, assim que pudesse,
estaria a caminho. Ele me respondeu na hora, dizendo que meus irmãos iam
encontrar o meu garoto. Uma pequena onda de alívio me invadiu, sabendo que eles
estavam lá fora procurando por Coop.
Esperar, esperar, esperar. A maldita cadeira era desconfortável pra caralho.
Durante o curso de duas horas, Ma, Pops e as old ladies entraram, um de cada vez.
Era uma maldita porta giratória, mas fazia o tempo passar. Ma tentou me fazer
descansar, mas de jeito nenhum isso ia acontecer. Os policiais tinham muitas
perguntas para fazer, mas mesmo que eu pudesse responder, não iria. Me sentia
cada vez mais perto da borda do precipício. Os policiais falaram com Ma na sala de
espera, mas Pops estava lá para cuidar disso.
Casey passou rapidamente. Ela pegou a mão de Princesa e chorou, dizendo que
sentia muito. Quando eu perguntei o motivo, ela disse que não deveria ter ouvido
Princesa. Aparentemente, a minha garota disse a sua melhor amiga para se esconder,
em vez de ir com ela. Era a coisa certa a se fazer, mesmo que Casey não visse isso
agora.
Olhando para a TV, eu nem ao menos podia dizer o que estava passando. Eu só
queria o barulho. Não podia suportar os bipes das malditas máquinas. Um deles me
dizia que Princesa ainda não tinha acordado. Os médicos continuavam dizendo que
ela ia, mas quanto mais o tempo passava, mais minha ansiedade crescia.
De repente os gemidos que vinham da cama ficaram um pouco mais altos, e eu
corri até Princesa. Ela piscava freneticamente, e seus braços começaram a se mexer
um pouco. Comecei a dizer as mesmas palavras suaves de antes, — Princesa. Está
tudo bem. Você vai ficar bem.

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Ela abriu os olhos, mas continuou a piscar. Quando seu olhar se fixou em mim,
ela apenas me encarou, sem dizer uma palavra. Depois de quinze minutos ouvindo
minhas palavras tranquilizadoras, os olhos de Princesa mudaram, como se algo
dentro dela tivesse ligado e ela agora tivesse acordado.
— Cooper, — ela coaxou, sua voz nada parecida com a dela. Nesse momento ela
ganhou força e começou a puxar os braços. Quando viu os fios, ela pegou todos
juntos e os puxou de uma só vez. As máquinas começaram a apitar loucamente.
— Princesa, pare! — eu disse ferozmente, mas ela não ouviu. Ela continuou a
puxar quando eu a segurei, agarrando suas mãos, a prendendo na cama. — Pare!
— Eu não posso. Eu... eu tenho que encontrar Cooper... ela está com ele, — a
dor nos olhos de Princesa quebrou o meu coração. Eu sabia que ela o amava tanto
quanto eu. Eu só não estava preparado para essa reação quando ela acordasse.
— Baby. Eu sei. Nós estamos cuidando disso. Vamos achar eles, — eu disse,
ainda segurando suas mãos na cama.
— Eu sinto muito, querido. Eu sinto muito, — suas palavras vieram entre soluços
altos quando eu soltei suas mãos, tirando o cabelo embaraçado do seu rosto. Ela
rolou para o lado e puxou os joelhos contra o peito, como se estivesse tentando se
esconder.
— Está tudo bem. Nós vamos achá-lo, — eu tentei tranquilizá-la.
— Eu não pude pará-la... eu não pude fazer nada. Fiquei ali deitada, vendo ela
levá-lo embora. Eu vi ela levar ele embora! — ela gritou essa última parte, seu rosto
coberto de lágrimas.
— Você estava protegendo o nosso garoto. Não é sua culpa. Nós vamos
encontrá-lo.
— Ela ligou?
— Não, baby. Mas nós vamos encontrá-lo.
— Cruz. Você precisa ir e achá-lo. Agora! — sua voz se tornava mais
determinada a cada palavra que dizia.

198
— Eu vou. Eu vou, — as enfermeiras começaram a entrar correndo no quarto,
porque todos os apitos e bipes foram desligados.
— Sra. Gavelson, você precisa relaxar, — a enfermeira disse e começou a
prender todos os fios novamente no corpo de Princesa.
— Eu não posso! — ela latiu para a enfermeira, que pegou uma grande seringa.
— Que diabos você está fazendo? — eu perguntei, pronto para derrubar a vadia
no chão se ela sequer pensasse em espetar Princesa com isso.
— Senhor, é um sedativo. Ela acabou de sair de uma cirurgia e precisa se
recuperar. Ela não pode ficar agitada ou irritada. Isso apenas vai fazer com que ela
durma por um tempo.
— Cruz... não deixe elas me darem isso. Eu vou atrás do nosso garoto! —
Princesa pediu, mas eu acenei para a enfermeira. Por mais que me matasse, era
melhor que ela descansasse.

***

Nada... porra nenhuma. Antes que eu pudesse pular na minha Harley e fosse
encontrar os caras, Diamond ligou. Ele disse que o carro não estava lá. Eles tinham
ido embora uma hora antes deles chegarem lá, então agora meus irmãos estavam na
estrada, indo na direção que o gerente do hotel tinha indicado, mas até o momento,
nada. Pelo menos nós tínhamos o modelo do carro e a placa.
Cada uma das nossas facções estava agora procurando por esse carro e pelo
meu filho. Diamond ligou para cada um dos presidentes pedindo ajuda, e todos eles
começaram as buscas. Eu mantive a esperança. Deveria estar lá fora procurando pelo
meu filho, mas ele estava a mais de quatro horas de distância, e até eu chegar lá... ele
poderia estar a mais quatro horas de distância. Eu sempre ficaria para trás. Era
melhor deixar isso para aqueles que estavam mais perto.
Uma informação obtida no hotel era interessante, no entanto. O gerente disse
que Mel estava viajando com outra mulher. Pensei nas pessoas na vida de Mel. Liguei
199
para Buzz e fiz ele colocar rastreadores em cada uma das amigas da cadela que
consegui me lembrar. Precisava descobrir qual delas estava lhe ajudando.

***

— Vocês ainda não o encontraram, — Princesa gemeu quando se virou para


mim. Já haviam se passado dois dias e até agora nada. Nem uma pessoa tinha visto
qualquer sinal deles. Meu palpite é que elas tinham um lugar para ir e esconder o
carro. Talvez a cadela fosse mais esperta do que eu imaginei, ou a mulher com quem
ela estava que era inteligente.
Princesa teve uma concussão séria, então eles quiseram que ela ficasse no
hospital esses dois dias. Eles estavam falando em lhe dar alta. Uma pena que a sua
cabeça não estivesse boa. Ela se culpava repetidamente por Coop ter sido levado. Ela
não parecia entender que quando você é baleado e espancado, isso meio que tira
você do jogo. Mas, mais do que ninguém, eu sentia a sua dor e culpa.
— Nós vamos.
— Você continua dizendo essa merda, mas ele não está em lugar nenhum! Como
ele pode ter desaparecido do planeta? — ela fechou os punhos. A raiva subia por ela
como uma mãe leoa prestes a atacar sua presa. E embora eu achasse isso sexy pra
caralho, queria que a hora fosse melhor, no entanto.
— Estamos trabalhando nisso.
Ela me encarou. Eu sabia que ela estava cansada de ouvir essa merda, mas era
tudo que eu podia lhe dar; eu não tinha nada mais para compartilhar.
— Trabalhando nisso. Como?
— Nós vamos achar ele.
— Porra! Eu só quero saber como você vai achar o meu garoto. Não quero saber
dos negócios do clube. Só quero que meu filho seja encontrado! — ela jogou as

200
pernas pelo lado da cama, se levantando. Ela foi até o banheiro e bateu a porta ao
passar.
Porra. Não podia dizer a ela tudo que descobrimos. Seu estado mental estava
fazendo com que fosse difícil para ela confiar em mim. Mas eu sabia que lá no fundo
ela confiava. Assim que ela parasse com todos esses malditos remédios, ia voltar à
razão. Eu só tinha que esperar.
Diamond entrou no quarto quando eu apenas estava ali sentado, tentando
descobrir o que ia fazer. — Você está bem, filho?
— Na verdade não, — eu disse, balançando a cabeça.
— Nós vamos achá-lo. Temos cada irmão no país procurando por ele. É só uma
questão de tempo, — eu não estava perdendo a esperança, mas quando mais o
tempo passava, piores as coisas pareciam.
Princesa marchou para fora do banheiro. — Você também não vai me dizer
como vocês vão encontrar o meu garoto? — ela falou de forma acusadora.
— Princesa, — Diamond disse em tom de aviso.
— O quê? Parece que todos podem encontrar ele, menos eu. Mas então as
pessoas em quem eu confio para o achar não me dizem merda alguma! — ela latiu.
Os olhos de Diamond mostraram toda a sua fúria, e eu sabia que ele ia explodir.
— Princesa. Chega! Você me ouviu? Chega! — ele rosnou. Ela arregalou os olhos e
caiu de joelhos no chão, a máquina ao seu lado caindo também com um estrondo.
Ela estava chorando incontrolavelmente e eu corri até ela. Minha mulher forte
estava quebrando diante dos meus olhos e, nesse ponto, eu não sabia o que fazer
para consertá-la. Sentei no chão e a puxei para o meu colo, envolvendo meus braços
ao seu redor, segurando-a apertado. — Eu sinto muito, — ela chorou na minha
camiseta.
Quando as enfermeiras vieram correndo e viram a cena, rapidamente
levantaram a máquina que tinha caído, mas disseram que Princesa não precisava
mais daquilo e a levaram embora.
— Vamos, baby. Me deixe te colocar na cama.
201
Ela assentiu e eu a levantei em meus braços, colocando-a na cama. Me deitei
com ela e a segurei apertado até ela cair em sono profundo.

202
CAPÍTULO 14
HARLOW

Meu interior estava dormente; meu coração só estava batendo para bombear
sangue pelo meu corpo. Ele não tinha outra função. Os ferimentos do ombro e da
cabeça tinham sido curados, mas não era isso que doía. Meu garoto estava
desaparecido fazia duas semanas. Duas semanas de nada. Nem uma palavra de Mel e
nem uma pista do maldito carro.
Eu deitei na cama e me curvei em uma bola. Era onde eu estava desde que tinha
saído do hospital. Não olhava nem falava com ninguém. Só fazia isso para perguntar a
Cruz sobre Cooper. Eu totalmente o fechei do lado de fora. Seu conforto não estava
mais funcionando. Nesse ponto, ele podia foder todas as putas desse lugar que eu
não daria a mínima. Meu coração estava vazio.
Meu ombro ainda doía pra caralho. Doc veio outro dia e disse que precisava
mexê-lo, ou então ele ficaria travado, mas eu não escutei. A dor latejante na verdade
me ajudava a sentir alguma coisa. Era também uma lembrança de que eu deveria ter
salvado Cooper, que isso era tudo minha culpa.
Quando comecei a assumir esse papel de mãe, nunca esperei que a dor fosse tão
profunda. Nunca pensei que fosse doer tanto. Eu estava morta por dentro, mas meu
corpo também poderia estar. Eu não queria ter nada a ver com comida, e só tomava
banho quando Cruz me obrigava. Eu não queria ter nada a ver com nada, só com o
meu garoto.
Quando meu celular tocou, rosnei enquanto procurava por ele na mesa de
cabeceira. Só atendia quando era Cruz ou Pops. Quando apareceu um número com
outro código de área, joguei a coisa para o lado da cama e enterrei a cabeça sob os
travesseiros. O telefone tocou de novo, e ao ver o mesmo número, relutantemente
atendi.
— Sim, — eu disse, não querendo falar com quem estivesse do outro lado.

203
— Ora, ora, ora. Ela está viva, — a voz era de alguém que eu achei que nunca
mais escutaria outra vez.
— Mel?
— Ding ding, temos uma vencedora! — seu sarcasmo não passou despercebido
para mim.
Me sentando rapidamente, — Onde está Cooper? — fúria misturada com pânico
invadiu meu corpo intensamente.
— Olhe você, fingindo ser toda protetora com o meu filho, — a raiva ganhou
quando cresceu de forma incontrolável. Mas eu tentei me controlar. Ela queria
alguma coisa, e eu precisava descobrir o que era.
— Ele está machucado? — eu perguntei, sem conversa fiada.
— Eu nunca machucaria o meu garoto, — ela estalou, mas eu sabia que isso era
mentira, porque a vi agarrando ele bem diante dos meus olhos. Meu estômago caiu;
era melhor que ela não tivesse encostado em um fio de cabelo dele.
— Posso falar com ele? — ouvi a súplica na minha voz, embora estivesse
tentando esconder isso, mas foda-se, porque eu daria tudo para ouvir a voz do meu
garoto.
— Ouça bem. Me dê o que eu quero, e eu devolvo o merdinha para você.
Eu ia estripar essa cadela maldita assim, arrancar seus membros. Assim que eu
colocasse minhas mãos nela, ela estava morta.
— Eu quero cem mil dólares em dinheiro, notas pequenas. Você pega a sua
motinha e dirige para o norte pela I-95. Em duas horas, eu ligo de volta. Não traga os
caras, ou eu vou matar Cooper, — Mel enumerou suas exigências como se tivesse
praticado isso várias vezes, mas eu não dei a mínima.
— Não o machuque, porra! — eu rosnei.
— Oh, aí vai você de novo. Olhe, eu só quero a grana, então você pode ficar com
ele. Feito. Falo com você em duas horas, — Mel desligou o telefone.

204
Vestindo minha calça jeans, camiseta, as botas e o colete rapidamente, eu corri
para o salão principal do clube para encontrar Cruz. Eu sabia, pela música alta, que
tinha uma festa acontecendo, mas eu estava pouco me fodendo para isso. Quando vi
uma vadia loira tentando abrir as pernas de Cruz enquanto ele estava sentado,
conversando com os outros caras, me deixou muito irritada. Eu sei que disse que não
ligava com quem ele transava, mas eu menti. Agarrando a cadela pelos cabelos, eu a
joguei o mais longe possível do meu homem. — Dê o fora daqui. — Cruz olhou para o
meu colete.
— De volta ao mundo dos vivos, — quando a raiva subiu, precisei aliviá-la de
alguma forma. Agarrando a vadia loira no chão, dei alguns socos na sua cara. Isso me
fez sentir melhor, mas não muito. — Vou levar isso como um sim.
— Mel ligou, — eu lati para ele e todos no clube congelaram.
— Fora! Todo mundo que não tem um patch dê o fora daqui agora! — Cruz
rosnou enquanto levantava e andava até mim. Os irmãos cuidaram para colocar
todos para fora do clube e então fecharam e trancaram as portas. — O que ela disse?
— Eu tenho duas horas para conseguir cem mil dólares. Preciso dirigir para o
norte pela I-95, e ela vai me ligar para dizer onde vamos fazer a troca. Ela disse que os
irmãos não podem ir.
— Foda-se se ela pensa que eu vou ficar para trás.
— Eu sei, Cruz, mas ela disse que ia matá-lo, — a cor foi drenada do seu rosto às
minhas palavras. — Precisamos ser mais espertos do que isso, — eu precisava da
ajuda dos irmãos, e de jeito nenhum eu seria tão arrogante de querer fazer isso
sozinha. Havia muito em jogo.
— Aquela cadela maldita. Eu vou acabar com ela.
— Não se eu pegar ela primeiro. Nós conseguimos todo esse dinheiro em notas
pequenas? — eu perguntei a ele.
— Sim. Diamond? — ele olhou para Diamond, que acenou e estalou os dedos
para Becs, que saiu correndo.

205
— Eu sei que você não me quer no meio disso, mas eu tenho que ir. Ela quer que
eu vá. Se vocês forem, precisam ser discretos, — old lady ou não, era a mim que ela
queria.
— Eu sei, baby. Vamos pegar o nosso garoto, — Cruz me puxou apertado contra
o seu peito e eu respirei pela primeira vez em semanas.
— Se você transou com alguém enquanto eu estava mal, eu vou descobrir e
cortar o seu pau fora, — eu sussurrei.
— Eu sabia que você faria isso, e não fiz nada, — eu acenei a cabeça, confiando
nele. Estava na hora de encontrar o nosso menino.

***

Duas horas depois, eu estava sentada no Sting com uma mochila de dinheiro
amarrada às minhas costas, dirigindo. O ar da noite estava frio, então eu estava
usando o capacete com o visor abaixado, para bloquear o vento, e toda a minha
roupa era de couro. Dirigi no limite de velocidade, me certificando de não criar
problemas ao longo do caminho. Com minha arma acomodada no coldre às costas e
mais duas no coldre das botas, eu não queria ser parada e perder tempo.
Se ela vadia pensava por um segundo que ia escapar dessa, ela estava
redondamente enganada.
Os caras estavam me seguindo em duas caminhonetes. Alguns deles tinham
colocado suas motos dentro da maior, mas nós queríamos ser o mais silenciosos
possível. Vários tubos de motor rugindo matariam essa oportunidade.
Eu podia ver as caminhonetes alguns carros atrás de mim. Eles estavam fazendo
bem em manter certa distância, mas não que eu achasse que Mel tinha o poder de
me seguir o caminho todo. Depois de uma hora de viagem, parei para verificar o meu
telefone, e havia uma chamada perdida. Liguei de volta rapidamente. — Mel.
— Imaginei que você ligaria logo. Algum dos caras está com você?

206
Mantendo minha voz o mais vazia possível, — Não.
— Como você conseguiu o dinheiro? — a vadia era mais esperta do que eu
pensava.
— Peguei do Studio X, — eu menti.
— Ótimo. Continue pela I-95 até a saída na 107. Cerca de oito quilômetros
depois vai ter um hotel à esquerda, com um letreiro luminoso cor-de-rosa. Vá ao
quarto 18.
— Entendi, — eu estalei.
— É melhor você não estar mentindo para mim sobre os irmãos.
— Não estou. Você acha que eu sou idiota? Eu quero o meu menino, — ela riu.
Aquela vadia maldita. Eu mal podia esperar para dar uma surra nela.
— Ótimo. Venha rápido, — ela disse com uma voz doce nauseante e desligou.
Liguei para Cruz e repeti as informações que ela me deu. Ele disse que irmãos de
outras facções estavam vindo nos encontrar, e que ele iria ligar para eles e pedir que
se colocassem em posição.
Parei no estacionamento do hotel, que estava estranhamento quieto. Somente
alguns carros parados na frente de alguns quartos, mas a maior parte era apenas um
hotel rotativo que alugava seus quartos por hora. Olhando nos retrovisores, vi os
caras estacionando também. Eu não sabia onde eles iam estar, mas sabia que iam
estar por perto.
Bati no quarto 18 e a porta abriu lentamente, como se a tranca estivesse
quebrada e a porta não fechasse completamente. Mel estava sentada no canto mais
distante do quarto, segurando uma arma apontada diretamente para mim, mas o
lugar estava vazio. — Onde está Coop? — eu perguntei rapidamente.
— Não está aqui, — ela disse satisfeita.
— Onde ele está? — eu rosnei, minha raiva atingindo novos picos enquanto eu
cerrava os punhos.

207
— Com uma amiga. Agora veja, é assim que isso vai funcionar. Tem alguém que
quer muito te ver. Acho que você a irritou pra valer. Ou seja. Ela quer você. Então eu
vou fazer a entrega.
— Você armou para mim, porra?
Ela riu. — E você caiu direitinho, cadela burra, — ela acenou a arma. — Venha
aqui e coloque a mochila na cama. Junto com as suas armas, — tirando a mochila, a
coloquei, junto com uma das armas que eu tinha na bota, em cima da cama. — Onde
estão as outras? — alcancei lentamente nas minhas costas e peguei o meu bebê,
colocando-a na cama também. — Mais alguma?
— Não.
— Levante tudo para eu poder ver, — lentamente levantei a minha camiseta,
chegando mais perto dela no processo, mas não o suficiente para ela notar. — Ótimo.
Agora deite na cama com o rosto para baixo e coloque as mãos nos tornozelos.
Sério, essa vadia era muito estúpida se acha que podia me amarrar e segurar
uma arma ao mesmo tempo. Me deitei exatamente como ela mandou, esperando a
minha vez. — Sabe, Princesa, Cruz com certeza é uma ótima foda, — a raiva invadiu
meu corpo. — Ele lambia a minha boceta e me fazia gritar sem parar por ele, — com
minha cabeça virada para o lado, vi a cadela pegar uma corda marrom da bolsa na
mesa. Quando chegou mais perto, ela latiu, — Não se mexa, porra.
Senti as suas mãos tentando amarrar a corda e aproveitei a chance. Lançando
minha perna o mais rápido possível, chutei a vadia para trás e ela bateu com força na
parede. Voando para o lado, peguei a arma da minha bota e apontei para a mão dela
que segurava a arma, atirando. A sua arma caiu no chão quando o buraco que eu
tinha acabado de fazer na mão dela começou a vazar sangue. A porta foi chutada e
Cruz e alguns irmãos entraram com as armas levantadas.
— Onde ele está? — Cruz gritou.
— Ele não está aqui. A vadia diz que ele está com uma amiga. Ele nunca esteve
aqui, — eu bati no rosto da cadela com o cabo da minha arma. Seus gritos me
deixaram completamente irritada. Mas eu precisava dela viva para me dizer onde

208
Coop estava. — Preciso de algo para estancar esse sangramento. Ela tem
informações.
Cruz latiu, — Consiga toalhas, — para Becs, que correu para o banheiro e voltou
rápido trazendo o que foi pedido.
Me inclinei sobre o rosto de Mel. — Não se preocupe, cadela. Vou deixar você
sangrar muito em breve. — Enrolei as toalhas ao redor da sua mão, não querendo
que ela morresse ainda. — Me diga quem está com o meu garoto.
— Não vou te dizer merda nenhuma! — ela gritou.
— Cruz, você pode por favor me alcançar aquela mochila? — eu pedi enquanto
ficava de pé. — Obrigada.
Puxei Mel para sentar na cadeira mais próxima e peguei a corda que ela estava
segurando antes para amarrar seus braços e pernas na cadeira. — O qu... o que você
vai fazer?
— Oh. Não é tão durona agora, não é? Bem, como você não vai me dizer merda
nenhuma, acho que vamos ter que te convencer, — agarrando a mochila, puxei uma
pequena bolsa do bolso da frente. Quando a desenrolei na mesa de cabeceira, os
olhos de Mel se arregalaram. — Cruz. Eu tenho que fazer isso, — disse olhando em
seus olhos. Eu realmente precisava da aprovação dele para continuar. Quando ele
acenou, eu sorri. Eu poderia beijá-lo agora.
— Princesa, você tem certeza que quer fazer isso? — GT perguntou e eu olhei
para ele. Não tinha falado com ele sobre Casey ainda, mas isso era assunto para outro
momento.
— Absoluta, — agarrando as tesouras, cortei a camiseta e o sutiã de Mel. —
Olhem para esses peitos, rapazes. Bonitos, não? Sabe, Cruz, antes de você entrar aqui
Mel estava me contando como você comia a boceta dela e a fazia gritar. Eu não vou
comer essa boceta suja, mas prometo que vou te fazer gritar, — eu sorri
sarcasticamente.
— Rapazes, liberem o espaço, — Cruz disse e os caras assentiram, saindo do
quarto rapidamente. Os únicos que ficaram foram Cruz e GT

209
— Vamos começar com isso, — eu disse, pegando o alicate. — Hummm... devo ir
primeiro para os dentes ou para as unhas? — eu disse caminhado ao redor da
cadeira. — Você sabe que os dois vão te fazer gritar, mas se eu começar com os
dentes, talvez eu não pare. Vou te dizer, houve uma vez em que eu sonhei em ser
dentista. Humm... — sorri para mim mesma quando a cor deixou o seu rosto. — Ah,
merda, vamos começar por aqui, — prendi um dos seus mamilos com o alicate e torci
tão forte que ela gritou, o sangue escorrendo.
— Agora me diga quem está com o meu garoto! — eu estava me transformando
em uma vadia louca, mas não dava a mínima.
— Eu te disse. Eu deveria te entregar para Babs. Era para ela me ligar daqui a
quarenta e cinco minutos com a localização, — eu dei um tapa no seu rosto e ouvi
Cruz gritar — Vadia!
— Sim. Eu esqueci de te contar, querido. Era isso que ela ia fazer comigo, e a
cadela estúpida pensou que eu iria sem lutar, — soltei o alicate de um mamilo e fui
para o outro, dando a ele o mesmo tratamento enquanto ela gritava sem parar. Me
afastei, não querendo que ela desmaiasse ainda.
— Me diga com quem você estava quando pegou Cooper.
— Não posso. Ela vai me matar, — ela disse, balançando a cabeça de um lado
para o outro.
— Que porra você pensa que eu vou fazer com você? — eu disse, batendo no
seu rosto de novo, sua cabeça girando para o lado rapidamente.
Ela hesitou enquanto as lágrimas rolavam pelo seu rosto. Eu não sentia a menor
pena da puta. — Não era para as coisas saírem assim.
— Ah sim, e como elas deveriam sair? — eu perguntei, tentando conseguir o
máximo de informações dela, e se era por aí que a cadela imbecil queria começar,
então ok.
Puxando uma respiração profunda, ela explicou, — Eu ia ficar com o dinheiro e
entregar você para Babs. Então ela ia me devolver Cooper, e eu o daria para Cruz,
porque eu não o quero. E então eu ia desaparecer.

210
— Mas que pena que as coisas não funcionaram bem para você, não foi? — eu
lati. — Quem estava com você na oficina? Quem atirou em mim?
Ela soluçou. — A namorada de Babs.
Eu senti como se tivesse levado um soco no estômago, e Cruz, aparentemente,
também. — Namorada? — ele latiu para ela enquanto nos olhávamos com o mesmo
ar interrogativo.
— Sim. Ela estava ajudando Babs a pegar a Princesa.
— E quem é essa namorada? — a voz de Cruz se tornou puramente ameaçadora,
e Mel ouviu isso também, porque ela arregalou os olhos para ele. Ele abria e fechava
os punhos.
— Liv.
Meu mundo parou por um momento e parecia que bolas de fogo estavam
caindo do chão, queimando o chão ao meu redor, mas eu não podia me mover. Cruz
conseguiu dizer as palavras que eu tanto queria que saíssem da minha boca. — Liv do
Studio X?
Mel balançou a cabeça para dizer que sim. — É ela quem está com Cooper? —
ele perguntou e ela balançou a cabeça outra vez.
Porra. Porra. Porra! Olhei para Cruz, suplicando a ele com os olhos. Minha
mente tentou rever a impotência que senti apenas algumas horas atrás, antes da
ligação, mas eu tentei lutar contra isso. Eu precisava ser forte, mas havia um limite do
quanto uma pessoa podia aguentar.
Cruz viu a dor em meus olhos e os dele suavizaram para mim. Sentando na
beirada da cama, apertei a arma na minha mão, me perguntando qual seria o meu
próximo passo. Eu não precisava pensar; Cruz era capaz de fazer isso por mim.
— Vamos fazer o seguinte: Mel, se você estragar isso, de qualquer forma que
seja, eu vou explodir os seus miolos, — ela não se moveu enquanto nós duas
ouvimos. — Quando Babs ou Liv ligarem, você vai fingir que tem Princesa aqui
amarrada e pronta para elas. Pegue o local e a hora do encontro. Então você vai

211
dirigir até esse lugar com uma maldita arma apontada para a porra da sua cabeça,
com Princesa no banco de trás.
Eu olhei para Cruz, me perguntando como toda essa merda ia funcionar. Sempre
soava bem na teoria, mas na prática... não tanto.
— Eu não gosto disso, — GT estalou.
— Não dou a mínima para o que você gosta, — Cruz disse, se virando para ele.
— Você quer colocar a minha irmã na linha de fogo? Não vai rolar.
— GT, — eu finalmente encontrei minha voz. — Nós precisamos encontrar Babs
para recuperar Cooper. É assim que é. Eu posso cuidar de mim mesma.
— Desde quando uma old lady se envolve com os negócios do clube?
Cruz não hesitou. — Quando os negócios envolvem ela e a família dela.
— Merda, — GT se inclinou contra a porta. — Você tem certeza disso, Princesa?
— Se isso significa ter o meu garoto de volta, eu estou pronta, — minha voz
soou mais corajosa do que eu realmente me sentia.
— Vou precisar ser um pouco duro com você agora. De jeito nenhum Babs vai
pensar que essa vadia dominou você facilmente. Ela já parece que esteve em uma
briga, mas vamos ter que te dar alguns arranhões também, baby.
Eu assenti.

***

Até onde a gente sabia, Babs mordeu a isca. Nós até decidimos colocar eu
gritando algumas palavras selecionadas no telefone, abafado por uma pequena
toalha para fingir que eu estava amordaçada. Dei a Mel minhas luvas de couro depois
de enfaixar a sua mão com uma toalha, a vadia reclamou o tempo todo que doía, mas
eu não dei a mínima. Fui estúpida ao cortar a sua maldita camiseta, mas por sorte ela
tinha uma mala com mudas de roupa no porta-malas do seu carro.

212
Deitada no banco de trás do carro de Mel, segurava com força a minha arma. Se
qualquer coisa desse errado, eu iria atirar e matá-la em um piscar de olhos. Babs
queria que Mel me levasse para um antigo armazém que ficava a uns 16 Km correndo
por uma estrada de chão batido. Cruz deu a localização para os irmãos e disse que
todos eles já estavam lá. Eu teria uma toalha enfiada em minha boca, e quando nos
aproximássemos, colocaria a arma nas costas e deslizaria as mãos dentro dos nós
frouxos que Cruz tinha preparado para mim.
Nós só precisávamos ver Cooper, e então os caras podiam entrar. Eu precisava
comprar um pouco de tempo. — Não faça nada estúpido, Mel, ou esses homens vão
te encontrar e te matar. Faça o que nós dissemos e você vai sair dessa viva, — eu
estava mentindo, claro, mas ela não sabia. Por alguma razão, ela acreditou em mim.
Talvez pensar que ela era esperta tenha sido uma ideia idiota.
— Eu posso ficar com o dinheiro? — revirei os olhos. Mas que porra?
— Sim, Mel. Você pode ficar com o dinheiro e recomeçar em outro lugar, mas
nunca mais entre em contato com Cooper, — eu dei uma forte entonação na última
parte, mas isso não a incomodou.
— Entendido.
— É melhor você não ter armado para mim, Mel. Estou falando sério.
— Não armei. Eu juro.
Quando o carro parou, coloquei a toalha de novo dentro da minha boca, guardei
a arma e amarrei minhas mãos nas costas, deslizando-as dentro dos nós. Eu até
espremi umas lágrimas falsas dos meus olhos para se misturar ao sangue na minha
bochecha, cortesia de Cruz.
A porta se abriu e Babs estava ali parada rindo. — Não achei que você fosse
conseguir, Mel. Pensei que ela já teria matado você a essa hora.
— Nah, eu mantive minha arma apontada para ela o tempo todo e consegui
controlar a situação, — a atitude convencida de Mel estava bem convincente.

213
— Parece que vocês duas tiveram trabalho, — Babs disse desconfiada,
provavelmente sabendo que eu daria uma surra em Mel mesmo com as mãos
amarradas.
— Ela tentou chutar a arma, mas eu bati nas suas costas, bem onde Liv tinha
atirado. Ela caiu no chão na mesma hora, — muito bem, Mel, muito bem.
Babs parecia ter comprado a narrativa dos acontecimentos e começou a olhar ao
redor. — Algum irmão por perto?
— Não. Ela queria tanto o garoto que veio mesmo sozinha.
Babs riu alto. — Para uma old lady, você com certeza é uma idiota, — Babs me
puxou pelo braço, me obrigando a sair do carro. Minha mente correu para o fato de
que ela já sabia que eu era uma old lady. Ela devia ter mais gente de olho em mim do
que eu achava, mas bem quando comecei a raciocinar sobre isso, Liv invadiu meus
pensamentos. Liv deve estar dando informações a ela. Me questionei há quanto
tempo isso vinha ocorrendo.
Quando entramos no grande prédio, o cheiro de mofo e almíscar invadiu meu
nariz. Com minha cabeça girando em alerta, procurei ao redor para ver se conseguia
ver Cooper, mas quando não o achei em lugar nenhum, meu estômago caiu.
Babs me jogou em uma velha cadeira no meio do lugar e eu continuei a procurar
em cada canto escuro ao redor.
— Eu posso pegar o meu garoto e ir embora? — Mel perguntou, como se
estivesse irritada de ter que esperar.
— Claro. É só passar por essas portas. Ele está ali, — Mel caminhou até às
portas e as abriu amplamente. Dois tiros foram disparados com um silenciador, e Mel
caiu no chão, morta. — Ela realmente é uma garota muito burra, — Babs caminhou
até Mel e começou a arrastar seu corpo até o outro canto do lugar. Meus olhos
estavam o tempo todo focados nas portas por onde Mel deveria ter passado. —
Limpo! — Babs gritou, e Liv entrou carregando Cooper no colo.
— Mamãe! — ele gritou e meus olhos suavizaram nele. Mas quando meus olhos
pararam em Liv, seu rosto uma vez bonito estava vazio de emoção. Era como se a

214
pessoa olhando para mim fosse alguém que nunca conheci, muito menos alguém que
comandou o meu Studio ou conquistou a minha confiança.
Babs começou a rir. — Essa vai ser a última vez que ele te chama assim. Veja, Liv
e eu vamos cuidar dele como nosso. Você nunca mais vai vê-lo outra vez. Bem, na
verdade você vai estar morta. Eu não quero assustar o pobre garoto.
— Surpresa, — Liv disse com a voz plana. — Você achou que eu ia deixar você
voltar e tomar tudo que eu trabalhei tão duro para conquistar nesses últimos dois
anos? Vadia. Se você tivesse ficado longe, nada disso teria acontecido.
A cadela estava louca pra caralho. Eu não tomei nada dela. Nunca foi dela, para
começar.
Com minha boca ainda amordaçada, olhei para Babs. Ela deve ter visto os
questionamentos nos meus olhos. Babs começou a falar, caminhando ao redor da
minha cadeira com uma arma apontada para mim. Mantive os olhos fixos no meu
garoto, mas ciente de onde ela estava o tempo todo.
— Você se lembra de Luke? — eu olhei confusa quando meu cérebro correu
para achar o nome, mas nada apareceu. Ela riu. — Sim. Eu não achei que você fosse
lembrar, uma vez que você se prostituiu com todo mundo nessa cidade, tão
determinada a não transar com um irmão... mas dar para qualquer um de fora
transformou você exatamente nisso, em uma puta. Incluindo o meu homem.
O homem dela? De que diabos ela estava falando?
— Posso ver pela sua testinha enrugada que você está tentando encaixar as
peças do quebra-cabeça. Então eu vou te ajudar, — o cabo da sua arma bateu no
meu ombro, bem no lugar onde fui baleada algumas semanas atrás, enviando faíscas
de dor pelo meu braço, mas não me movi ou fiz um som. Por dentro eu queria gritar
feito louca; o ferimento estava curado, mas ainda sensível.
— Luke era bartender no Damon’s, — eu instantaneamente soube de quem ela
estava falando. O homem de cabelos e olhos castanhos que eu fodi no quarto dos
fundos do bar, muito tempo atrás. Eu já quase nem lembrava mais dele. Como diabos
eu ia saber que era o homem dela? Foi um caso de uma noite apenas. — Vejo que
você se lembrou. Ele é difícil de esquecer, — seu punho colidiu com o meu estômago,
215
mas eu me mantive impassível. Cooper, por outro lado, começou a se contorcer. Eu
só precisava esperar o momento certo, com Babs na minha frente em vez de atrás de
mim.
— Sabe, ele na verdade era meu noivo quando você decidiu dar para ele. E você
quer saber como eu sei que isso aconteceu? — ela continuou andando, a raiva
crescendo na sua voz. — Porque ele me disse, porra. Ele disse que não queria mais a
minha boceta... que o “aperto firme” da sua boceta era o que ele queria, — ela latiu.
Como diabos ele podia querer ficar comigo depois de uma única foda? Sério?
Mas ela ainda não tinha acabado. — Ele disse que tinha um amigo que era um
faz-tudo no Ravage MC. Disse que como você era Princesa deles, ele iria querer se
juntar. Eu não podia deixar isso acontecer, — eu olhei para ela. — Ele tinha que ser
eliminado.
As peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar, mas isso parecia
minúsculo no grande esquema das coisas. Eu transei com o seu noivo; ela queria se
vingar de mim, e então criou todo esse elaborado plano. Essa garota era louca da
cabeça, muito mais do que eu tinha pensando no começo.
Ela caminhava pela lateral do espaço com a arma firme em sua mão. Aproveitei
esse momento para soltar a corda que prendia meus braços.
Quando ela caminhou na direção de Cooper, eu parei, observando. — Veja Liv
aqui, — ela correu uma mão carinhosamente pelo rosto de Liv, me fazendo querendo
vomitar. — Nós duas temos algo em comum. Nosso ódio por você. Embora o dela
seja puramente profissional, ainda existe.
Quando ela veio na minha direção, eu lentamente peguei a minha arma; eu
estava cansada desse show. Com um movimento rápido, apontei e atirei bem entre
os olhos de Babs; ela caiu como um pacote pesado no chão.
Liv gritou quando Cruz e os irmãos invadiram o lugar, entrando por todas as
portas ao redor. Apontei minha arma diretamente para Liv. — Me dê o meu garoto.
— Vá se foder. Eu mato ele antes de entregar ele para você, — ela latiu,
apertando a arma com a qual tinha atirado em Mel.

216
Cruz não perdeu tempo. Tiros ecoaram e Cooper caiu duro no chão, gritando. Eu
corri e o apertei com força, o levando para longe de tudo que estava prestes a
acontecer.
— Mamãe! — ele chorou, me agarrando com força. Eu o abracei apertado, não
querendo deixá-lo ir nunca mais.
— Está tudo bem, baby. A mamãe está com você. Você está seguro, — eu o
balancei de um lado para o outro enquanto suas lágrimas molhavam a minha
camiseta. Ouvi uma desordem e os gritos de Liv, mas ignorei tudo e me agarrei mais
ao meu menino.
— Baby? — Cruz se ajoelhou no chão na nossa frente, passando os braços ao
nosso redor para nos abraçar apertado. — Ele está bem?
— Não olhei ainda, mas ele parece estar.
— E você?
— Melhor agora. Ela se foi?
— Não, — ele disse, beijando a cabeça de Cooper e se levantando.
— O quê? — eu gritei chocada. — Por que não, porra? — me levantei com Coop
no colo e olhei para a mulher deitada no chão, em uma poça de sangue. Pelo
movimento do seu peito, eu sabia que ela estava viva. Os poucos tiros que ela levou
nas pernas não eram uma ameaça à sua vida.
— Assuntos do clube, — ele disse firme quando olhei para ele. Normalmente
eu deixaria essa merda de lado, mas dessa vez estava levando tudo de mim conseguir
me controlar.
Liv riu alto, deitada no chão, sobre uma poça de sangue e sujeira. — De que
porra você está rindo? — eu perguntei quando a cabeça de Coop se enterrou no meu
pescoço.
— Você matou Babs, agora alguém vai matar você, — GT bateu com o punho
fechado no rosto dela. Pude ouvir os ossos quebrando com o contato.

217
— Do... do que ela está falando, Cruz? — minha voz estava instável. Pensei que
essa merda ia acabar, mas estava muito longe disso.
Cruz olhou para todos os irmãos no armazém, que acenaram para ele. — Babs
colocou um preço pela sua cabeça, se você a matasse. O único que pode pagar por
isso é Rabbit. Então precisamos encontrá-lo antes que ele descubra. Vamos usar Liv.
Ela, no fim das contas, esteve transando com a old lady dele.
O corpo de Liv ficou imóvel, toda a arrogância de antes desapareceu com essas
palavras. — Você não pode contar para Rabbit. Ele não sabe nada sobre mim, — sua
voz tremeu.
— É com isso que eu estou contando, — Cruz disse e acenou para Dagger e GT
Eles amarraram seus braços e pernas e a amordaçaram, a arrastando para fora.
— Cruz, o que vai acontecer? — eu sabia que, em nosso mundo, ter um preço
pela minha cabeça significava que todos viriam atrás de mim. Todos iriam querer
colocar a mão nesse dinheiro. Só me restava ficar sentada como uma idiota,
esperando para morrer.
— Eu vou cuidar de você. Confie em mim, — eu assenti, porque se uma coisa era
certa, era que eu confiava nesse homem.
— Obrigada, — sussurrei para ele.
— Pelo quê?
— Por conseguir o nosso garoto de volta, — eu disse, apertando seu pequeno
corpo contra o meu.
— Baby, você conseguiu isso. Você o trouxe para casa. Eu só estava aqui como
reforço, — eu sorri para ele, sabendo que isso era apenas parcialmente verdade.
— Podemos ir para casa?
Cruz olhou para Diamond, que acenou para nós. — Sim, baby. Vamos lá.

218
CAPÍTULO 15
HARLOW

Deitada na cama ao lado de Cruz, pensei na semana que se passou. O turbilhão


de emoções estava me rasgando. A tensão ao redor do clube estava batendo no teto,
todos no limite com o encontro com Rabbit amanhã à noite. Cruz esteve em reuniões
sem fim, e eu não fui beneficiada com nenhuma informação. Parte de mim queria
muito saber o que diabos estava acontecendo, mas outra queria se distanciar o
máximo possível de tudo isso.
Fiz a minha missão de vida manter Cooper à vista o tempo todo. Mantive ele
agarrado ao meu quadril, sem deixar que ninguém mais cuidasse dele. Sabia que Ma
não tinha a intenção de deixar ele ser levado, e que faria todo o necessário para
protegê-lo, mas não ia arriscar.
Confiar ele a mais alguém era algo incrivelmente difícil. Apenas o pensamento
de outra pessoa cuidando dele chutava minha ansiedade lá para cima. Eu ainda não
tinha voltado ao X, e até onde eu sabia, Becs estava cuidando das coisas por lá.
Eu nem tinha vontade de ir até lá agora, ou deixar o clube por qualquer motivo
que fosse.
Acalmar meus pensamentos essa noite estava se provando ser algo mais difícil
do que pensei. Mesmo tomar algumas doses de uísque antes de me deitar não tinha
aliviado a incerteza do amanhã. A horrível parte de não saber o que ia acontecer
era... eu não sabia o que fazer para ajudar. Eles não queriam que eu ajudasse. Cruz
estava no limite, mas também estava fazendo tudo em seu alcance para se manter
calmo e controlado, por Cooper e por mim.
Ele estava fazendo um grande trabalho, considerando que às vezes eu me
perguntava se ele realmente estava afetado por isso tudo mesmo.
Depois de uma hora deitada aqui, não pude mais aguentar. Deslizando
cuidadosamente do abraço de Cruz, precisava de outra bebida. O relógio na mesa de

219
cabeceira marcava 1:37 da manhã, e eu sabia que alguém ia estar acordado no clube,
embora não tivesse nenhuma festa acontecendo.
Entrei no salão principal do clube e o lugar estava mortalmente silencioso, um
plano foi arruinado. Acho que 1:30 da manhã de uma segunda-feira não era um
momento muito festivo. Pegando uma garrafa de Jack, fui para até a sala de televisão
das crianças no porão. O lugar estava tranquilo agora que todas as famílias tinham
ido embora.
Fui andando lentamente pelo corredor, pensando que um filme com Vin Diesel
seria uma boa escolha. No meio do caminho, gemidos ásperos e altos chegaram aos
meus ouvidos. Quando passei pela porta do último quarto, as vozes ficaram mais
intensas. Revirando os olhos, continuei andando. Ouvir coisas assim não era novidade
no clube, na verdade eram bem normal.
— Você gosta de dar esse cuzinho, não é? — a voz. A voz me fez parar de
repente no meio do caminho, enquanto eu ouvia sem me mexer. — Sua putinha suja,
— uma tapa forte seguido por um gemido de mulher e o encontro de pele com pele
fez com que memórias que eu tinha enterrado no fundo da minha mente viessem à
tona instantaneamente. Obrigando meus pés a se moverem, espiei dentro do quarto,
precisando saber de quem era o rosto por trás da voz.
Olhei pela pequena fechadura, meu corpo tremendo enquanto minhas mãos se
fecharam em punhos. Rocky estava fodendo a loira que tinha tentado dançar no colo
de Cruz um tempo atrás. Não podia ser. Não podia.
— Sua putinha de merda. Fazendo isso pelo papai, ein? — minha respiração saiu
tão rápida que era como se eu fosse um balão e alguém tivesse acabado de me
espertar com um alfinete. Eu estava sufocando, mas não queria fazer um som por
medo dele me ouvir. Minha mente corria mais rápido do que eu podia acompanhar.
Era ele. Era ele, de verdade. Era?
Precisava sair daqui. Precisava ficar longe... ficar longe dele. Ele não podia estar
aqui. Rocky... não. Não podia ser. Correndo o mais rápido possível, voltei para o salão
principal do clube e me tranquei no banheiro.

220
Apoiando as mãos no balcão, minha cabeça pendia como se meu pescoço
tivesse decidido tirar férias. Isso não podia estar acontecendo. Não podia. Em
primeiro lugar, os irmãos teriam verificado o passado de Rocky. De jeito nenhum eles
deixariam que alguém como ele virasse prospecto do clube. Eles não sabiam. Era a
única explicação.
Suas palavras continuaram correndo pela minha cabeça sem parar,
repetidamente. — Sua putinha. Fazendo isso pelo papai, ein? — ele disse essas
mesmas palavras para mim uma e outra vez, noite após noite. Uma memória que eu
queria manter trancada para sempre subiu como vômito até minha boca. Olhei para
o espelho à minha frente e encarei meus próprios olhos. Puta. É o que eu sou. O que
eu fiz lá por esse clube... para proteger esse clube. Entre ele e Babs, eu tinha virado a
única coisa que nunca quis ser. Eu realmente me sentia uma puta.
As engrenagens na minha cabeça giravam rapidamente. Eu precisava proteger
esse clube de novo, mas precisa ter cem por cento de certeza que era ele. Na prisão,
ele era o guarda que providenciava o que fosse necessário para eu cuidar de alguma
mulher que estivesse causando problemas para o clube. Só que ele sempre queria
pagamento, regularmente. Mas Rocky não se parecia com ele... era a voz. A voz era
dele; eu sabia.
Eu sempre achei, desde o começo, que havia alguma coisa estranha nesse
homem. Só nunca imaginei que poderia ser isso. Seu corpo estava muito diferente;
eles tinham a mesma altura, mas o guarda da prisão era gordo, com uma barriga
protuberante. Rocky era magro e musculoso. O guarda tinha olhos verdes, enquanto
os de Rocky eram castanhos. O guarda não tinha pelos no rosto, enquanto o de Rocky
era coberto por barba e bigode, isso para não mencionar que ele tinha o cabelo
comprido, e o do guarda era curto.
Até onde era possível ver, nada entre eles era parecido, e eu pedia a Deus para
estar errada sobre a voz. Eu precisava ter certeza. Precisava saber. Minha mente
começou a formular um plano, e felizmente Casey, depois de tudo que tinha
acontecido, decidiu ficar mais duas semanas para nos ajudar... para me ajudar. E eu ia
precisar da ajuda dela se queria resolver isso de uma vez por todas.

221
***

O resto da noite eu passei deitada ao lado de Cruz, tentando controlar minha


respiração, não querendo acordá-lo. Hoje era um grande dia para a nossa família. Eu
não queria foder com a cabeça de nenhum irmão. Eles precisavam estar controlados,
e isso ia acabar com eles. O lado bom era que Cruz pensou que a minha agitação era
por causa do que ia acontecer logo mais. Enquanto eu pensava em todos os cenários
de como as coisas podiam acabar, precisava manter a cabeça no lugar e acabar com
isso de vez.
Pela primeira vez em uma semana, pedi a Ma para cuidar de Cooper. Eu fiquei
com muito medo, não por ter Ma cuidando dele em si, mas por ter alguém que não
era eu fazendo isso. Dei a Ma outra arma e disse a ela para atirar primeiro e pensar
depois. Eu não ia perder o meu garoto outra vez.
Depois de uma mensagem rápida para Casey dizendo a ela que precisava da sua
ajuda e que ela devia estar no clube por umas 15h, eu me recompus antes dos caras
partirem. Mais cedo perguntei a Cruz quem ia ficar com a gente, e quando ele disse
que era Buzz e Rocky, fiquei aliviada. Precisava de Rocky aqui. Precisava de respostas.
— Baby, tem certeza que você está bem? — Cruz perguntou enquanto amarrava
suas botas.
Caminhei até a cadeira em que ele estava sentado, me ajoelhei na sua frente. —
Sim. Apenas tenha cuidado, ok?
— Sempre. Vou estar em casa em algumas horas, e toda essa merda terá
acabado.
Eu queria acreditar nele. Eu realmente queria, mas o que eu estava prestes a
fazer... se eu estivesse errada, os irmãos iriam arrancar a minha cabeça. Eu estaria
morta, mas precisava saber a verdade, pelo clube e por mim mesma.
Me levantei e enrolei os braços em volta do seu pescoço, passando os dedos
pelos seus cabelos. Olhando seus lindos olhos azuis, meus lábios caíram nos dele. Ele

222
instintivamente me puxou mais perto, esquentando o beijo. Esperava que não fosse
nosso último beijo, porque se eu estivesse errada sobre Rocky, poderia ser. O medo
quase me impediu de fazer o que precisava ser feito, mas não podia permitir isso. Se
fosse verdade, os caras precisavam saber.
— Vou voltar logo, — acenando, nos levantamos.
— Papai! — Cooper gritou do seu quarto. Cruz sorriu, balançando a cabeça.
Depois de muitos abraços e beijos, Cruz entregou Coop para mim e partiu.
Liv ficou aqui no mesmo quarto em que Stella e Moxie tiveram o privilégio de
ficar algumas semanas antes. Eu não quis vê-la nem uma vez e me mantive o mais
longe possível de lá, embora fosse muito tentador ir até lá e bater nela até à morte.
Mas não fiz isso. Quis fazer, às vezes... mas não fiz. Só porque Cruz não deixou. Eles
precisavam dela; na verdade, eu precisava dela.
Depois de meia hora, o som do motor das Harleys encheu o lugar. Ouvi quando
eles deixaram o clube. Pegando Coop, eu o entreguei para Ma, que me olhou como se
soubesse que ia fazer alguma coisa, mas não disse uma palavra. Eu saí à procura do
meu alvo.
Ele estava aqui, só precisava encontrá-lo. Peguei a maior bolsa que eu tinha, de
tamanho gigante, porque precisava ter certeza de que tudo que guardei estava
comigo e bem escondido. Indo até o clube, encontrei Buzz limpando o bar e duas
vadias do clube esfregando o chão. — Oi, Buzz. Você viu Rocky?
— Acho que ele está na loja. — Perfeito. Tinha planejado fazer isso no porão do
clube, mas na loja seria ainda melhor. Além da parte de trás, onde Sting ficou por
tanto tempo, havia um pequeno quarto de cerca de 9 m², que era usado para guardar
suprimentos. Enviei uma mensagem rápida para Casey e fiz eu caminho até lá sob a
luz do sol.
Entrando na loja, o primeiro homem que vi foi Greg, o que eu tinha machucado
no meu primeiro dia aqui. Embora eu tenha me desculpado com ele, ainda me sentia
meio mal. O pobre homem só estava protegendo a minha moto. Caminhei até ele e
disse, — Oi, Greg. — Ele me deu um grande sorriso.

223
— Oi, Princesa. O que está acontecendo? — ele perguntou, limpando as mãos
em uma das toalhas da oficina.
— Só estou dando uma caminhada. Ei, eu vou procurar algumas coisas para o
Sting lá atrás. Estou pensando em dar uma calibrada nele, — balancei as sobrancelhas
sugestivamente.
— Você e o seu homem, — ele sorriu maliciosamente. — Pode deixar. Vá lá e
pegue o que precisa.
— Obrigada. Ei, você viu Rocky?
— Sim, no escritório.
— Você pode pedir a ele para ir me encontrar? Preciso falar com ele uma coisa.
— Claro, Princesa.
— Obrigada! — dei o sorriso mais doce de todos para o rapaz. Flertar sempre
funcionava nesse lugar. Uma coisa que os homens não conseguiam recusar era
boceta.
Fui até ao quarto nos fundos prestando atenção em tudo ao meu redor. Três
homens estavam trabalhando na oficina, mas pareciam estar totalmente
concentrados no trabalho. Parecia que Rocky era o único dentro do escritório, pelo
menos era o que parecia através dos vidros.
— Ei, cadela! — Casey chamou atrás de mim e acenou para todos os caras. Eu ia
sentir falta dela.
— Oi, querida. Veio me ajudar a procurar as peças? — eu pisquei para ela e olhei
para a enorme bolsa que ela também estava carregando. Os homens pareciam nunca
ligar para nossas bolsas. Mal sabiam eles.
— Claro, — desde que atualizei Casey hoje pela manhã sobre porque nós
faríamos o que estávamos prestes a fazer, me senti calma com ela ao meu lado. Eu
tive que dar a ela uma excelente razão, ou ela não iria querer se envolver. Era
perigoso demais, e eu não conseguia evitar o pensamento que vinha a todo instante,
e se eu estiver errada?

224
Afastando esses pensamentos, nós fomos para os fundos. Casey
instantaneamente começou a trabalhar, arrumando um pequeno espaço no centro
do quarto e colocando uma cadeira ali. Eu sabia que se fosse fazer isso, teria que ser
rápida e metódica... sem erros. Os caras já tinham ido há uma hora, e se tudo desse
certo, Cruz disse que ele estaria de volta em duas. Eu precisava começar logo.
— Você está pronta? — eu segurei o olhar dela. Casey pode não ter se tornado
uma garota durona que ama armas como eu, mas ela ainda tinha muito do seu pai, e
quando ele entrava no jogo, era para ganhar.
— Vamos ver quem é esse filho da puta, — acenando, me certifiquei de que
minhas armas estavam carregadas. Dei a Casey um taser e prendi o meu no coldre
lateral. Ele parecia apenas uma arma, e era a ferramenta que eu tinha escolhido para
essa inquisição. Nós estávamos prontas.
Eu não estava tão nervosa como na noite passada. Ter tempo extra para pensar
e não reagir de imediato me ajudou a manter a cabeça no lugar. Agora, se essa merda
se confirmasse, eu não podia dizer que me manteria dessa forma. Eu estava pronta
para improvisar.
Fomos para a sala conexa e começamos a procurar por peças para Sting, sempre
mantendo os olhos na porta. Quando ela abriu lentamente, olhei para Casey, que
acenou.
— Oi, Rocky. Você pode me ajudar a achar alguns obturadores para o Sting? —
ele grunhiu, mas ao ouvir suas botas se aproximando, me virei e sorri. Seus olhos
ainda eram do mesmo tom castanho das outras vezes, mas dessa vez eu os imaginei
verdes, e então um arrepio subiu pelas minhas costas. Mas não deixei isso aparecer,
no entanto; dei a ele o meu mais vibrante sorriso. — Obrigada.
Casey parou do outro lado de Rocky e ele se virou para ela, estudando-a de cima
a baixo. Isso era exatamente o que eu esperava que ele fizesse, com as suas longas
pernas e o jeans de cintura baixa; ninguém podia resistir a ela. — Ei, Rocky, você
conhece Casey, certo? — ele acenou a cabeça.
— Oi, Rocky, — a voz de Casey era um ronronar suave, muito sedutora e
convidativa. Essa mulher arrasava.

225
Rocky manteve a cabeça virada na direção de Casey e eu comecei a me
aproximar um pouco mais. Casey fez a sua parte e chegou mais perto de Rocky,
dando a ele aquele olhar me foda pelo qual todos os homens sempre caíam. Rocky
não era diferente. Pegando lentamente o taser do meu coldre, o coloquei nas costas,
esperando o momento perfeito. Casey se inclinou mais perto para sussurrar no seu
ouvido, mas mantendo uma distância razoável para evitar o choque que ela sabia que
viria. Trazendo o taser para a frente, o coloquei no pescoço de Rocky e apertei com
força o gatilho. Ele caiu no chão e começou a tremer, convulsionar e murmurar
alguma merda que eu não conseguia entender. Tasers só te davam um curto período
de tempo, e nós tínhamos muito trabalho a fazer.
— Agora vamos lá, — Casey agarrou um dos braços de Rocky, enquanto eu
agarrei o outro, e o arrastamos para o pequeno quarto ao lado. Colocando o
grandalhão na cadeira, cavei na bolsa de Casey e encontrei corda e fita adesiva.
Primeiro ia usar a corda para prendê-lo, mas então pensei melhor e resolvi que fita
adesiva ia funcionar bem também, e era mais difícil de se soltar.
Rapidamente, colei suas mãos com a fita atrás das costas e então as prendi nas
ripas da cadeira. Movendo seus joelhos para os lados, os prendi nas pernas de trás da
cadeira. De jeito nenhum ele conseguiria se levantar e bater a cadeira em uma de
nós, se tivesse a chance. Então colei suas coxas e torso com uma boa quantidade de
fita.
Casey procurou na sua bolsa e encontrou uma velha meia. — Perfeito para
agora. Eu vou cuidar de tudo; então nós vamos ter que tirar isso para fazer o resto, —
quando colocamos a meia dentro da boca de Rocky, ele começou a acordar do
choque.
— Oi, grandão. Se lembra de mim? — eu perguntei e ele arregalou os olhos,
então começou a balançar a cabeça. — Bem, eu acho que conheço você de algum
lugar, então vamos ter que verificar algumas coisas.
Ele tentou se mexer na cadeira, mas percebeu que o único lugar aonde
conseguiria ir era para o chão, o que para mim era tão bom quanto onde ele estava
agora. Procurando na minha bolsa, peguei um barbeador com bateria e o liguei.

226
Rocky começou a se contorcer. — Alguma coisa errada? Você tem algo para esconder
por baixo de todo esse cabelo?
Ele balançou a cabeça repetidamente, mas seu corpo estava tenso, ele estava
tentando puxar os braços das amarras de fita. Eu bateria algumas vezes no seu rosto,
mas queria ter total certeza de que estava certa antes de fazer qualquer coisa.
Agarrando sua cabeça, segurei com força na parte de cima enquanto meu barbeador
fazia o trabalho. Rocky tentou se afastar da máquina, mas não se esforçou muito.
Comecei a raspar seu cabelo, me desfazendo de todas as longas mechas, dando
a ele um corte militar. Agora ele estava mais parecido com o guarda. Os próximos
eram a barba e o bigode.
Movi o barbeador para mais perto do seu rosto e seus olhos cresceram, ele
começou a se debater mais. Isso não era bom. — Casey, taser nele, — depois que ela
lhe deu outro choque, raspei os pelos do seu rosto. Casey pegou uma navalha, uma
garrafa de água e sabão da sua bolsa. Depois dos primeiros cortes, meu coração
estava batendo como um trovão no peito. Minhas mãos ficaram suadas e meus olhos
viam vermelho. Eu respeito ao redor da sua mordaça; não havia necessidade de tirá-
la. Arranquei a fita que cobria a meia quando foi necessário, mas depois a colei
novamente, mantendo a mordaça no lugar.
Com ele ainda desmaiado por causa do taser, abri suas pálpebras e coloquei o
dedo na parte colorida dos seus olhos. Quando me dedo se moveu para o lado, notei
que se tratava de uma lente de contato castanha. Fiz o mesmo com a outra. Os olhos
verdes que eu tanto temia me encararam de volta.
Dei alguns passos para trás e vi o agente Macaffe sentando à minha frente. O
único homem que eu nunca mais queria ver ou pensar na vida. O único homem lá
dentro com quem eu transei, várias vezes, e não por vontade própria, o único homem
que realmente podia me chamar de puta.
Quando ele começou a balançar a cabeça, saindo da névoa do taser, eu o
encarei.
— É ele? — Casey perguntou, já sabendo a resposta.

227
— Esse é o agente Macaffe. Ele e eu ficamos muito próximos na cadeia. Não é
mesmo? — ele não disse uma palavra e sua cabeça caiu sobre o peito. — Eu deixaria
você falar, mas não dou a mínima para qualquer merda que você tenha a dizer.
Pegando minha arma do coldre das costas, bati com o cabo no lado do seu rosto
várias vezes, e dei alguns chutes nas suas costelas, enquanto Casey segurava a
cadeira. Era como se ela se soubesse o que eu ia fazer antes que eu fizesse. Eu amava
como isso funcionava.
Mas não era o bastante, no entanto. Eu queria que ele soubesse como era.
Como era ter algo enfiado na sua bunda uma e outra vez.
Ele ia sentir isso.

228
CAPÍTULO 16
CRUZ

Rabbit concordou em nos encontrar em um grande campo de algodão do lado


de fora de Sumner. Nós chegamos o lugar mais cedo, durante o dia, e não
encontramos nenhum lugar onde homens pudessem se esconder. Com o algodão
tendo sido colhido recentemente, mesmo que ele ficasse abaixado, estaria exposto.
Nós tínhamos Tug e Breaker nos carros, totalmente armados com automáticas e tudo
mais que pudéssemos precisar, e claro, Liv.
Quando chegamos, estacionamos nossas motos metodicamente em uma fileira,
a de Diamond era a primeira. Como o velho ainda andava por aí como se tivesse
trinta anos estava além da minha compreensão, mas isso me deixava muito
orgulhoso de estar ao seu lado.
A gangue de Rabbit estava parada ao lado dele, todos com armas em mãos, mas
abaixadas. Nós esperávamos que isso fosse difícil, mas também queríamos o melhor,
e com a quantidade de poder de fogo que todos tínhamos, não queríamos que
houvesse problemas. Quando Diamond falou com Rabbit no telefone ele não queria o
encontro, mas no melhor estilo Diamond, ele deu um jeito.
— Princesa matou a minha garota e vocês mataram três dos meus homens, —
Rabbit declarou com naturalidade para Diamond, que estava parado na frente dele,
todos nós flanqueando seus lados, armas na mão.
— Não, ela não matou. A sua old lady era uma traidora. Quanto aos seus
homens, eles estavam vendendo cocaína no nosso estabelecimento, você sabe que
isso é proibido.
— Mentira! — a mão de Rabbit que estava na sua arma começou a pulsar. Ele
queria atirar.
Diamond levantou as mãos na sua frente, e ele era o único de nós que não tinha
uma arma em punho. — Vou pegar um envelope no meu colete, — quando Rabbit

229
assentiu com a cabeça, Diamond puxou o envelope pardo que foi entregue hoje de
manhã pelas conexões de Deara. Ela realmente tinha conseguido algo para nós.
Diamond tirou de dentro fotos de Babs e Liv fodendo como animais no
apartamento de Liv. Ele mostrou a Rabbit uma foto após a outra, e sua mandíbula
apertou. — Então você vê, Rabbit, a sua garota era uma puta mentirosa. Estava
jogando com você. E para a sua sorte, nós temos a vadia que atirou na sua old lady.
Assim como nós suspeitávamos, os olhos de Rabbit queimaram com a traição.
Sem as fotos, no entanto, nada disso teria funcionado.
— E quanto aos meus homens? — ele estava furioso, a mão sobre a arma mais
ansiosa.
— Isso foi circunstancial. Você sabia que não devia vender drogas no Studio X,
meu estabelecimento, — Diamond disse casualmente.
— Porra. Eu deveria matar três dos seus, — os olhos de Rabbit estavam focados
na caminhonete à sua frente. — Entregue ela para mim, — ele exigiu.
Diamond não ia apenas sair entregando Liv; nós tínhamos as nossas exigências
também. — Se nós fizermos isso, Princesa está livre e liberada, nenhum prêmio pela
sua cabeça, e todos vão deixar ela paz. Além disso, não vai haver retaliação por causa
dos seus homens.
— Porra, — ele pensou por mais tempo que o esperado. — Fechado, eu não
tenho problemas com a sua garota. Era tudo coisa da Babs, aquela puta. Mas meus
homens eram bons homens, — Rabbit pausou. — Certo. Me entregue ela.
Diamond deu um passo à frente e estendeu a mão, que Rabbit apertou e
balançou para fechar o acordo. Eu não pude evitar me sentir um pouco aliviado. Foi
mais fácil do que eu esperei.
— Tragam-na para cá! — Diamond gritou para Tug e Breaker. Quando eles a
puxaram para fora da caminhonete, os olhos dela se arregalaram e ela começou a se
debater contra os homens. Ela sabia exatamente quem Rabbit era. Uma pena para
ela que ele não dava a mínima para quem ela era. Com a mordaça em sua boca,

230
somente ouvimos seus protestos abafados enquanto ela balançava a cabeça
profusamente.
A coisa era: de jeito nenhum podíamos deixar que eles fossem embora com ela
viva. Se ele não a matasse imediatamente, teríamos que cuidar disso. A sua boca era
um problema do qual não precisávamos. Se ela confirmasse que Princesa, de fato,
matou Babs, não tínhamos certeza se Rabbit ia ficar longe, com ou sem traição.
Tug e Breaker jogaram Liv aos pés de Rabbit e ela caiu de joelhos. O estalo alto
da arma dele batendo no rosto dela ecoou pelo campo, e ela choramingou. Não
podíamos ir embora ainda, embora todos quisessem fazer isso. Precisávamos ter
certeza de que como isso iria terminar e de que ela estaria com os lábios selados para
sempre.
Virei a cabeça porque não queria assistir essa merda. Eu não me importava com
Liv e a queria morta, mas esses imbecis eram loucos e estavam putos. Isso podia
realmente foder com a cabeça de um homem.
Depois do que pareceu uma eternidade, um som de um único tiro ecoou pelo
campo. Me virei para ver Liv morta no chão, com uma bala na cabeça, e finalmente
pude respirar. Princesa estava segura agora, e podíamos seguir com as nossas vidas.

***

A viagem de volta ao clube foi calma e tranquila. Eu não mudaria absolutamente


nada no meu relacionamento com Princesa. Foi tudo muito rápido, mas era assim que
eu vivia. Eu via uma coisa e tomava para mim. Nunca sabemos quando a vida vai
chegar e levar isso para longe.
Mal podia esperar para chegar em casa e deitar com ela na cama. Ela não sabia
ainda, mas ela não ia voltar para aquele maldito apartamento, nunca. Ela ia ficar
comigo e com Coop para sempre.

231
Estacionamos no clube e vimos que a oficina estava com mais movimento que o
normal. Buzz venho caminhando na nossa direção. Ele parecia quase nervoso quando
parou ao lado da minha moto.
— O quê?
— Hum... bem...
— Cospe de uma vez! — eu gritei quando minha raiva subiu, e os caras ao redor
começaram a prestar atenção na conversa enquanto tiravam seus capacetes.
— Bem. Princesa, Casey e Rocky foram para o quarto nos fundos da loja há um
tempo e os caras disseram que ouviram gemidos, — meu corpo começou a pulsar e
minha cabeça parecia que ia explodir. Com certeza Princesa não estava me traindo,
especialmente depois de toda aquela merda que ela me disse. Para não mencionar
que eu mataria ela, porra. Arranquei o capacete da cabeça, desci da minha moto e
corri para o prédio da loja. Meus passos longos não estavam me levando para aquele
maldito quarto rápido o bastante.
Passos de botas ecoavam atrás de mim; GT ouviu o nome de Casey e veio direto
em meus calcanhares. Virei a maçaneta da porta, mas estava trancada. Eu bati. —
Princesa, abra essa maldita porta.
— Um minuto! — ela gritou, parecendo ofegante. Foda-se essa merda. Levantei
o pé e chutei a porta até ela abrir, entrei com a arma apontada. Quando eu e os
irmãos invadimos o quarto, fazendo ele parecer muito menor do que já era, parei
para ver a cena à minha frente. Fiquei imóvel pelo choque.
Um homem que eu assumia ser Rocky, sem todo o seu cabelo e barba, estava
amarrado com as mãos nas costas, os joelhos dobrados em posição fetal, encostados
no torso. Uma meia estava enfiada na sua boca e ele estava deitado no chão com a
bunda de fora. Sangue cobria o chão, misturado com cabelo e vários objetos como
um cabo de vassoura, uma garrafa e um consolo grande. Seu rosto era uma confusão
manchada com sangue saindo de cada ângulo do seu corpo.

232
— Mas que porra está acontecendo aqui?! — Diamond explodiu enquanto eu
fiquei ali parado olhando para tudo. Quando Princesa se virou e encontrou meus
olhos, não a vi ali dentro. Essa mulher era fria, determinada e absolutamente furiosa.
Não havia nenhum calor ali.
Quando Princesa não disse uma palavra, olhei para Casey, que estava com os
braços cruzados sob o peito e encarava um GT muito zangado.
Diamond continuou, — Princesa, mas que porra você acha que está fazendo com
um irmão em potencial? — Diamond puxou a sua arma e apontou para a cabeça de
Princesa.
A atitude de Princesa não mudou e ela se levantou da posição agachada em que
estava no chão. Quando seus olhos encontraram os meus outra vez, havia um fogo
intenso queimando ali dentro. Isso me disse que ela queria realmente fazer tudo que
fez com Rocky, mas por quê?
— Princesa, por que você faria isso? — perguntei para ela com os dentes
apertados. Isso com certeza a faria ser expulsa do clube, e não haveria uma maldita
coisa que eu pudesse fazer.
— Porque ele é um traidor, — a voz de Princesa era vazia e monótona, como se
ela estivesse saindo de um transe ou algo assim.
— O quê? — eu estalei, com Diamond logo atrás de mim ainda apontando sua
arma para Princesa, que não vacilou um segundo.
— Você vai atirar em mim, Diamond? — isso não era hora para ser arrogante,
mas deixei Princesa dizer o que queria.
— Me diga agora mesmo que porra está acontecendo aqui, — ele exigiu,
destravando a sua arma, em vez de abaixá-la.
Princesa começou a andar ao redor do pequeno espaço, com suas mãos
ensanguentadas unidas nas costas. Todos nós apenas ficamos observando e ela
começou, — O agente Macaffe aqui...
— Mas que porra?! — agente? Eu conferi esse cara umas duzentas vezes e Buzz
o rastreou. Como diabos ele podia ser um policial? De jeito nenhum, porra.

233
Princesa se virou para mim, os olhos vazios. — Digamos que o agente e eu
ficamos próximos na prisão. Ele é um homem de bunda... como vocês podem ver
muito bem, — olhando para o seu corpo ensanguentado no chão, vi que havia sangue
escorrendo lentamente da sua bunda. Que diabos ela tinha feito com ele? — Para
conseguir as ferramentas necessárias para cuidar das vadias que vocês me pediram
para cuidar lá dentro, esse filho da puta aqui disse que eu precisava foder com ele
regularmente, ou então ele iria parar de me entregar as coisas.
Eu vi vermelho... um vermelho sangrento e intenso que consumiu a minha visão
e fez minhas mãos começarem a tremer. Me virando para os irmãos, vi que eles não
tomaram conhecimento do que ela tinha acabado de dizer, mas ajudou ter eles aqui
em unidade. Meu punho se conectou com a parede, mas não ajudou em nada para
diminuir a minha raiva.
— Como você sabe que é ele? — GT perguntou, parecendo ser o único pensando
no momento.
Princesa continuou a andar. — Eu não sabia até ontem à noite, quando ouvi ele
fodendo com uma das vadias do clube, — Princesa olhou para mim e então
continuou. — Ele disse ‘Sua putinha suja. Fazendo isso pelo papai, ein?’. Foi assim que
eu soube que era ele, mas não podia contar a vocês até ter cem por cento de certeza.
— É de onde vem todo esse cabelo? — GT começou a caminhar na direção de
Princesa.
— Não, — ela latiu para ele e GT parou no meio do caminho. — Eu tive que
cortar o cabelo e a barba para saber. Também tirei suas lentes de contato castanhas.
Ele tem olhos verdes. É ele.
— Princesa... eu... eu sinto muito, — a voz de Pops invadiu o quarto, mas
Princesa não pareceu registrar isso. O desespero nas suas palavras pairou sobre o
lugar como uma nuvem negra, no entanto.
Eu não conseguia ver merda alguma porque ele estava com os dois olhos
fechados de tão inchados. Princesa se abaixou, procurou na sua bolsa e pegou um
pedaço de papel amassado que entregou para mim, me olhando nos olhos. — Eu

234
sabia que se fizesse isso e estivesse errada, eu seria expulsa. Por mais que eu não
quisesse estar certa, eu estou.
Abri o papel e vi a foto do guarda olhando de volta para mim, mas ele não se
parecia em nada com o Rocky de hoje em dia. Merda. Merda. Merda. Entreguei o
papel para Diamond, que abaixou sua arma e olhou a foto. — Puta que pariu, — ele
murmurou e passou para a próxima pessoa ao seu lado.
— Vocês não sabiam, certo? — Princesa perguntou, uma tristeza amarrada na
sua voz.
— Não, baby, a gente não sabia, — eu disse, dando alguns passos na sua
direção, e quando ela não se opôs, parei bem na sua frente e a puxei para os meus
braços. Todo seu corpo começou a tremer e eu apertei o abraço para manter ela no
lugar.
— Me desculpe, — ela sussurrou em meu peito e a tensão do seu corpo
começou a evaporar.
— Você não tem nada para se desculpar, baby. Nada, — beijando o topo da sua
cabeça, senti quando ela começou a soluçar, mas tão rápido quanto isso veio... se foi.
Princesa se afastou olhando nos meus olhos. — Acho que eu me tornei uma
vadia do clube no fim das contas.
Quando olhei nas profundezas dos seus olhos, vi que era isso que a estava
assombrando. Não podia deixar que ela se sentisse assim. — Você não é uma vadia,
porra, nunca foi, nunca vai ser, — esmaguei meus lábios nos dela, provando e
engolindo suas lágrimas. Chega dessa merda.
— Eu preciso cuidar disso? — ela perguntou, se afastando e gesticulando para o
quarto.
Eu ri dessa maldita mulher. — Nah. Nós cuidamos disso.
Ela acenou, pegou coisas aleatórias ao redor do quarto e jogou-as de qualquer
jeito na sua bolsa, como se estivesse fazendo os movimentos de forma mecânica.
Casey começou a fazer o mesmo. — Princesa, me encontre no meu quarto, — ela
assentiu e saiu.

235
— Casey! — GT latiu e ela saltou e então olhou para ele.
— O quê? — Casey parecia magoada, era tudo que eu podia dizer.
— Venha comigo.
— Não. Eu estou indo embora, GT Cansei dessa merda, — Casey continuou a
guardar suas coisas, jogando tudo na sua bolsa.
Quando ela passou por GT ele agarrou o seu braço. — Isso não acabou, — ele
rosnou para ela.
— Acabou sim. Você não vai me ver outra vez, — Casey ficou na ponta dos
dedos do pé e deu um beijo na bochecha de GT — Adeus, GT, — ela murmurou e
caminhou para fora do quarto.
GT começou a ir atrás dela, mas parou quanto Diamond gritou, — Porra! — ele
chutou o homem deitado na nossa frente. Puta merda. Isso era ruim. — Pensei que
você tinha dito que checou esse otário! — ele apontou o dedo para o meu rosto
enquanto eu fiquei ali parado estoicamente, sem demonstrar nenhuma emoção. —
Isso é tudo sua culpa, porra! — ele rosnou. — Merda!
— Diamond, — Pops disse em tom de aviso. Ele era o único que conseguia fazer
Diamond baixar a bola, e não era sempre. — Vamos falar disso primeiro, — Diamond
balançou a cabeça, tentando clarear os pensamentos.
— Você checou tudo sobre ele? — Pops me perguntou; suas sobrancelhas
estavam levantadas e a culpa pelo que tinha sido revelado marcava todo o seu rosto.
— Sim senhor, tenho as cópias de todos os arquivos. Tudo que ele me disse está
comprovado nos papeis. Não havia nada que o ligasse à prisão ou a ser um policial.
— Porra! Isso significa que os malditos policiais mudaram tudo para o colocar
aqui dentro. O que ele sabe e o que ele contou para eles? Porra! — ele gritou,
chutando o filho da puta nas costelas.
— Só tem um jeito da gente descobrir, — Dagger cutucou Rhys e saiu do quarto.
Eu sabia que ele tinha ido buscar o seu kit. Que comece a diversão.

236
CAPÍTULO 17
HARLOW

Meu corpo estava esgotado, sem energia, sem sensações... nada. Cruz tinha ido
há horas, e eu não esperava que ele voltasse logo. Casey falou com Ma para cuidar de
Cooper por mais um tempo, e eu sabia que logo teria que falar com a minha mãe.
Olhando para a loira ao meu lado, vi que os olhos de Casey estavam se fechando
lentamente, e senti os meus fazendo exatamente a mesma coisa. Dessa vez eu
esperava que os pesadelos desaparecessem.

***

— Baby, — o leve balançar do meu corpo estava me tirando do sono que eu tão
desesperadamente precisava. Abri os olhos e vi Cruz pairando sobre mim. — Baby,
por mais quente que seja ter duas garotas gostosas na minha cama, eu só quero uma,
— olhando para o lado, Casey estava dormindo e o relógio marcava 6:06 da manhã.
— Entendi, — eu coaxei enquanto decidia que não queria acordar.
— Vou tomar um banho, volto em um minuto, — ele beijou a minha cabeça e foi
para o banheiro.
Cutuquei Casey, que começou a gemer, — GT, pare.
Revirando os olhos, a sacudi com um pouco de força. Uma coisa que eu não
queria ouvir essa manhã era sobre o relacionamento dela com GT
— Acorde, Casey, — quando seus olhos abriram lentamente, ela sorriu.
— Bom dia, bonita, — Casey esfregou os olhos, tentando limpar a névoa sobre
eles.

237
— Oi, garota. Cruz está de volta. Você tem que ir, — Casey rolou para fora da
cama sem dizer uma palavra. Isso era algo que eu amava nela. Ela conhecia essa vida
e sabia o que era esperado. Eu nunca tinha que explicar nada.
Enquanto colocava os sapatos, as palavras de Casey me mataram. — Eu vou
embora amanhã.
Fechando os olhos, segurei tudo... os pensamentos, sentimentos, raiva,
tristeza... Casey precisava disso, e eu tinha que ser forte. — Eu vou sentir sua falta.
Ela se virou para a cama e me abraçou. — Vou sentir sua falta, também. Se
cuide.
— Sempre.
A porta do banheiro foi aberta e Cruz saiu usando nada além de uma toalha em
volta dos quadris. — A menos que vocês duas queiram transar comigo, Casey, você
tem que ir, — eu olhei para ele e um sorriso sexy apareceu nos seus lábios.
— Tchau, garota, — eu disse, dando a ela um último aperto antes dela sair do
quarto.
— Ouvi que ela está indo embora, — Cruz disse se aproximando da cama.
— Sim, ela vai para a faculdade. Na verdade, ela está fugindo de GT
— Sim, — ele grunhiu. Não me chocava que ele soubesse. Eu esperava isso, e
mesmo que ele nunca tenha me dito nada, eu não fiquei brava. Ou talvez tenha sido
apenas uma noite horrível... ou manhã, agora.
— Ela vai embora amanhã.
— Sinto muito, baby.
— Eu só quero que ela seja feliz.
Cruz tirou a toalha que cobria seu corpo e me deu uma visão incrível do seu
abdômen definido com aquele V nos quadris sempre presente, e seu pau latejando
batendo contra a sua barriga. Eu sabia que nunca ia me cansar de ver esse belo
espécime de homem.

238
— Falando em feliz, você não vai voltar para aquele apartamento. Você vai vir
morar comigo e com Cooper. Os prospectos vão empacotar toda a sua merda e fazer
a mudança.
Eu me aconcheguei mais perto dele. — Ok.
O corpo de Cruz ficou imóvel. — Você não vai brigar?
— Não, muito cansada, — eu disse, bocejando.
— Não tão cansada, meu pau precisa de você agora mesmo.
Sorrindo, abri as pernas para ele, que deu um gemido baixo enquanto se
colocava entre elas. Cruz deslizou dentro da minha boceta; meu corpo sempre
parecia pronto para ele. Fechando os olhos, aproveitei a sensação do seu peso em
cima de mim enquanto suas estocadas ficavam mais poderosas e desesperadas. Meu
corpo subiu e subiu e nós explodimos juntos, no calor da paixão.
— Eu te amo, — sussurrei.
— Te amo.
Enquanto caía no sono, as palavras de Cruz chegaram aos meus ouvidos. —
Acabou, baby.
Suas palavras me levaram para um sono profundo e sem pesadelos.

239
CAPÍTULO 18
CRUZ

O que nós descobrimos de Rocky, ou melhor, agente Macaffe, explodiu a minha


cabeça. Os policiais sabiam mais do que nós imaginávamos. Eles aparentemente
estiveram rastreando as nossas corridas e nossa conexão com Rabbit muito antes de
toda essa merda com Princesa. Ela só foi um meio para um fim.
Drogas. Tudo isso por causa das drogas. Os policiais queriam Rabbit, não o nosso
clube dessa vez, mas acho que as coisas tinham mudado. Eles sabiam que estávamos
correndo no território de Rabbit e iam usar Princesa para conseguir informações,
apesar dela realmente não ter nenhuma. Eles logo perceberam que ela não ia abrir o
bico por nada no mundo, mesmo que soubesse alguma coisa.
Esses não eram os nossos policiais locais; era um grande time de policiais
federais. Aqueles filhos da puta eram implacáveis. Quando perguntei se transar com a
Princesa era parte do acordo, Rocky na verdade teve a coragem de me dizer que isso
foi apenas por diversão. Babaca do caralho. Depois de esfaqueá-lo algumas vezes,
ainda não me sentia melhor. Nada nessa situação estava fazendo eu me sentir
melhor.
E a pior parte é que agora nós sabíamos que os policiais viriam. Um deles estava
faltando e não seria mais encontrado. Nós sabíamos que eles iam invadir o clube e
tentar nos prender, mas nos certificamos de não ter nada por perto que nos
conectasse a Rocky. Todas as evidências daquele dia viraram cinzas ou foram levadas
embora. Fazia apenas algumas semanas desde que tudo aconteceu. Eu pensei que os
policiais viriam até o clube e virariam tudo do avesso, mas até agora nada.
Agora, estávamos apenas esperando.
Depois de Diamond liberar Princesa do bloqueio, não perdi tempo em levar
minha família para casa. Eu sempre passava mais tempo no meu quarto no clube do
que em casa, mas agora parecia que eu não conseguia sair daqui. Princesa iluminava
todo o lugar quando ela entrava. Eu não podia ter o bastante dela.

240
Cooper era o melhor filho que alguém poderia ter. Eu me chutava
frequentemente por ter perdido o seu crescimento diário quando ele era menor, mas
agora eu não perdia um segundo sequer disso. Princesa foi a melhor coisa que
aconteceu ao garoto. Depois de tudo que ele passou, ela era ferozmente protetora.
Eu vou ficar surpreso se ela o deixar ir à escola daqui alguns anos. Eu ri ao pensar
nisso. Ela provavelmente vai querer entrar atrás dele na sala de aula, com a sua
maldita mão na arma.
Balançando a cabeça para afastar o pensamento, me mexi para o lado e passei
um braço ao redor de Princesa, que estava deitada ao meu lado, completamente nua.
Traçando o contorno da sua tatuagem, meu pau ficou duro na mesma hora. Não
havia como domar o garoto quando se tratava dela.
Quando ela rolou para o lado, piscou até abrir os olhos. — Oi, baby, — eu amava
ouvir sua voz sonolenta e sexy pela manhã.
— Oi, — capturei seus lábios nos meus e quando ela tentou se afastar, eu a
segurei perto de mim, tomando o que eu precisava dela. Quando ela derreteu no
meu beijo, eu diminuí o ritmo. — Você está bem, baby?
Ela tinha estado no limite, e eu sabia que era por causa da revelação do que ela
fez com Rocky, mas não queria empurrar essa merda. Era melhor deixar certas coisas
quietas até que ela estivesse pronta.
— Sim, — ela apertou meus braços ao redor do seu corpo. — Posso fazer uma
pergunta?
— Qualquer coisa.
— Eu não queria que ninguém soubesse o que aconteceu dentro da prisão. Mas
agora que você sabe, está bem com isso? — sua voz era rachada e tensa.
— Porra, não. Eu não estou bem com isso. Aquele filho da puta nunca deveria
ter tocado em você, — a raiva que eu sentia pelo que tinha acontecido com ela
parecia nunca diminuir. Apenas pensar nisso me fazia querer trazer aquele maldito
dos mortos só para poder matar ele outra vez.

241
— Eu sei disso. Quero dizer, sobre a parte de eu ter usado meu corpo para
conseguir o que precisava.
— Não foi sua culpa, porra, — eu a afastei para poder olhar em seus olhos. —
Quero que você tire isso da cabeça. Ele nunca mais vai tocar em você. Nenhum outro
homem além de mim vai tocar em você outra vez.
Ela suspirou. — Bem, você sabe tudo sobre mim agora.
Eu sabia que isso era uma dica antes dela perguntar sobre o meu tempo com os
militares, mas eu não podia falar sobre isso. Não podia dizer a ela as merdas fodidas
que eles faziam lá só por diversão. Pelo menos quando nós fazíamos alguma merda
para o clube, era com propósito, uma razão que significava algo. Lá, eles só faziam
isso porque achavam divertido.
De jeito nenhum eu ia colocar esses pensamentos na sua linda cabecinha. Muito
pelo contrário, eu gostaria de apagá-los da minha. Eu apenas não podia.
Em vez disso, rolei em cima dela, que abriu as pernas para mim. Eu amava que
ela estava sempre pronta para mim, não importava quando eu a queria.
Deslizando no fundo, encarei seus olhos bonitos e senti todo o amor que eu
sentia por ela sendo retribuído dez vezes. Nós gozamos juntos, eu a segurei apertado.
Eu amava essa mulher com cada parte da minha alma.

***

TRÊS MESES DEPOIS

Tudo estava quieto, surpreendentemente. Nossas missas sempre consistiam em


teorias de como conseguir informações internas do nosso problema com a polícia, e
sobre o ataque que aconteceu quando fizemos a corrida para Ransom. Nosso Chefe
de Polícia local não sabia merda nenhuma, e nós estivemos trabalhando para

242
conseguir alguém do lado dos federais. Era sempre mais fácil falar do que fazer, mas
não era impossivel.
A polícia apareceu e fez perguntas sobre Rocky, como eles o chamavam. Eles
disseram que houve uma denúncia anônima que conectava o Ravage ao
desaparecimento do homem. Como ninguém do clube disse uma palavra e os polícias
pareciam pensar que nós não sabíamos que Rocky era um infiltrado, eles foram
embora sem maiores problemas. Mas fizemos uma varredura completa em todos do
clube, só para ter certeza. Até mesmo eu tive que me submeter, mas tudo bem.
Preferia que todos soubessem que eu era verdadeiro do que ter que ouvir quaisquer
perguntas sobre a minha lealdade. Não pensei por um segundo que os polícias já
tinham acabado com a gente. Era só uma questão de tempo antes que mais alguém
tentasse entrar e nos derrubar. Dessa vez nós estaríamos prontos.
Ainda não descobrimos nada sobre o ataque. Era como se fosse um delírio da
nossa imaginação. Todas as dicas que seguimos fracassaram. Sem pistas, sem
informações... nada. E nenhuma outra tentativa de acabar com o clube. Pensamos a
princípio que era por causa de toda a situação com a Princesa, mas conversando com
Rabbit descobrimos que essa teoria era um beco sem saída.
Esse encontro ia ser igual a todos os outros.
— Encontro com Rabbit às 15h, — Diamond ordenou e bateu o martelo. Rabbit
vinha falando com Diamond nos últimos meses, mas esse era o nosso primeiro
encontro desde que entregamos Liv e fechamos nosso acordo. Tudo com Rabbit
estava bem, e essas conversas renderam mais trabalho e dinheiro para o clube. Mas
nós sempre mantivemos a guarda alta com ele. Ainda havia uma retribuição pelo
tiroteio na casa de Pops que nós tínhamos que lidar, mas votamos por deixar isso
quieto por enquanto.
Saindo da igreja, eu precisava tratar de um assunto. — GT, — eu lati quando ele
pegou seu celular da caixa sobre a mesa de sinuca.
— O quê?
— Nós precisamos conversar.

243
— Nós não precisamos fazer merda nenhuma, — ele rosnou para mim. Desde a
luta com Princesa, ele não falava com ela. Já fazia vários meses agora, e essa merda
precisava acabar. Ela teve os seus momentos quando deixou toda aquela merda subir
à cabeça e isso a quebrou, mas ela conseguiu se recuperar. Ela tentou falar com ele
várias vezes e nada. Ele não respondia e não perdia um minuto do seu dia com ela.
— Nós vamos. Agora, — eu rosnei e fiquei cara a cara com ele. Eu já tive o
bastante dessa merda e estava pronto para a briga. A minha garota estava sofrendo,
e eu ia acabar com essa palhaçada.
— Que seja, — ele caminhou até os sofás e eu o segui de perto. — Caiam fora!
— ele latiu para as vadias do clube sentadas por ali. Observei elas correrem para
longe. Sem dúvida alguma GT já esteve dentro das duas.
— Por que diabos você está tão irritado com Princesa? — eu disse, sentando ao
lado dele.
— Isso não é da conta de ninguém, — ele estalou, e eu tentei controlar minha
raiva.
— É da minha conta sim. E como você não vai me dizer, vou dizer a você o que
eu acho.
— Não dou a mínima para as merdas que você acha.
— Que pena. Casey, — sua atitude não mudou e ele continuou encarando a
parede à sua frente inexpressivamente. — Tudo gira em torno dela. Você na verdade
está irritado com a sua irmã por ela ter saído do apartamento que as duas dividiam,
porque em última instância, foi isso que mandou a sua vadia da semana embora.
Ele virou a cabeça para mim e estreitou os olhos. — Se você chamar ela assim de
novo, eu vou te dar uma surra, porra.
Joguei a cabeça para trás e ri alto. Filho da puta estúpido. — Como eu disse, isso
não é culpa da Princesa. É toda sua. Coloque a porra da cabeça no lugar.
Me levantei do sofá e não me importei em olhar para GT Tinha coisas para fazer
antes do encontro.

244
***

HARLOW

Me mudar para casa de Cruz foi muito melhor do que eu pensei que seria. Tug e
os B.Boyz deram duro para trazer todas as coisas do meu apartamento para cá. Eu
não mantive muitos móveis, mas fiquei com uma tonelada de roupas. Eu realmente
queria as minhas roupas.
A primeira vez que entrei na casa, me senti imediatamente em paz, como se algo
no lugar se agarrasse a mim, algo que eu nunca tinha sentido antes. Eu vivi no limite
por tanto tempo que só me sentia em paz quando estava montando Sting, mas nunca
em casa.
A porta da frente se abriu e eu me virei para ver meu homem lindo entrar, seu
cabelo bagunçado, fazendo minha boca ficar seca. Deus, eu amava tudo nele.
Envolvendo meus braços ao seu redor, esmaguei meus lábios nos dele. Eu
precisava sentir o seu gosto. Nem em um milhão de anos eu pensei que fosse me
apaixonar assim por um irmão, mas era exatamente assim que eu estava.
Completamente apaixonada.
— Bem, oi para você também, baby, — sua voz sexy sempre deixava minha
boceta molhada. Tudo nesse homem me fazia querê-lo de um jeito que jamais achei
que fosse possível.
Aqueles casos de uma noite não eram nada comparados a isso.
O puxei para o sofá e o empurrei sentado, então montei em cima dele, me
escarranchando enquanto o beijava freneticamente. Meus quadris começaram a se
mover mais rápido quando seu pau bateu no clitóris, exatamente no ponto certo. —
Tire isso, — ele rosnou, e eu não perdi tempo em me despir. Cruz arrancou a
camiseta e desabotoou seu jeans apenas o suficiente para puxar sua ereção dura para
fora.

245
— Me monte, — ele disse, acariciando seu pau de cima a baixo. Me estiquei para
cima e o posicionei na minha entrada antes de bater para baixo com força. — Porra,
— ele gemeu quando apertei os músculos internos da minha boceta uma e outra vez,
trabalhando nele. Suas mãos foram para os meus quadris e ele começou a forçar meu
corpo para cima e para baixo em um ritmo intenso. Meus olhos começaram a rolar
para trás quando ele latiu, — Olhos em mim. — Instantaneamente obedeci. Ver a
paixão que eu tinha por esse homem se refletir em seus olhos era o meu ponto fraco.
Eu precisava gozar, e o apertei com tudo que tinha. — Goze agora, — ele ordenou e
eu explodi, me desfazendo em um milhão de pedaços ao seu redor. Cruz bateu mais
três vezes, rosnou o meu nome e se enterrou profundamente dentro do meu corpo.
— Eu te amo, baby.
— Eu te amo também.
Felicidade me cercava como se fosse uma bolha da qual eu nunca queria
escapar.

246
EPÍLOGO
CRUZ

Porra! Porra! Porra! Não era para isso acontecer, caralho. Ouvi os tiros ecoando
por todos os lados, então não fazíamos ideia de onde isso estava vindo. Porra.
Atirar de volta não estava nos levando a lugar algum, e nesse momento nós
estávamos encurralados em um maldito canto. Esse encontro com Rabbit não era
para ser assim, porra. Uma conversa. Isso era tudo que era para ser. Sim,
exatamente. Diga isso para a porra da bala voando sobre a minha cabeça.
Quando chegamos, o clube de Rabbit estava esperando por nós. O que não
esperávamos era que o clube de T-Dart estivesse com ele. T-Dart teve um problema
com a gente muitos anos atrás, mas só ouvi falar disso de boca. Diziam que Diamond
e o líder de T-Dart, Zane, tiveram uma desavença por causa de uma terra, mas a
disputa tinha sido encerrada há vários anos, quando nós compramos o lugar. Mas
quando Zane morreu há um ano, seu filho, Paine, assumiu o comando. Paine era um
filho da puta cruel, que aparentemente não acreditava que essa desavença estava
resolvida, uma vez que a arma que ele tinha apontada para nós estava disparando
uma bala atrás da outra.
Com as motos escondidas por aqui, nossa única opção de bloqueio era a
caminhonete na qual Tug e Buzz nos seguiram, mas ela estava a uns cinquenta
metros de distância, e chegar até lá estava se tornando um desafio. Em vez disso,
estávamos usando nossas motos como escudo. Diamond, Pops, GT, Dagger, Rhys,
Zed, Becs e eu estávamos todos atirando para salvar as vidas uns dos outros. Mas as
balas continuavam chegando.
— Fique atrás de nós, Diamond, — Dagger gritou acima do tiroteio. Ele deve ter
percebido, assim como eu, que essa merda estava piorando rápido. Mas, como
sempre, Diamond ficou ao nosso lado, não querendo a proteção que precisávamos
que ele tivesse agora.

247
Quando o tiroteio continuou, aproveitamos uma pequena chance de chegar até
à caminhonete. Tudo a partir desse momento aconteceu em câmera lenta. Mais tiros.
Diamond correu até à caminhonete e os tiros começaram a acertá-lo. GT o
empurrou para fora do caminho e tentou servir de escudo. Os tiros continuaram e
atingiram GT Correndo atrás dele, Dagger me cobriu enquanto peguei GT por debaixo
dos braços e o arrastei para trás do carro. Pops estava com Diamond, o puxando para
longe da linha de fogo. De repente o som ensurdecedor de armas automáticas ecoou
no ar, assim como gemidos e grunhidos chegaram aos nossos ouvidos.
Pops estava com Diamond enquanto eu verificava as feridas de GT Ele tinha sido
baleado no peito e no ombro. Havia tanto sangue. Merda! Tirei meu colete e então a
camiseta e a pressionei sobre a ferida, colocando o máximo de pressão que eu podia
para estancar o sangramento. As automáticas ainda estavam zunindo, mas não havia
mais tiros vindo dos outros caras. — Que porra está acontecendo? — eu gritei.
— Tug e Buzz! — Dagger gritou. — Eles estão o segurando. Eu vou entrar! —
Dagger saltou pela porta lateral da caminhonete, pegou uma das automáticas que
havia ali dentro e começou a atirar em tudo que não era nós.
— Pops! Temos que sair daqui... G.T está sangrando muito! — olhei para Pops, vi
que seus braços estavam em volta do corpo de Diamond. — Pops!
Ele olhou para mim. — Ele se foi.
Vômito subiu até minha boca. Ele se foi? Mas que porra? — Tudo para dentro da
caminhonete! Agora! — eu lati e todos começaram a se mexer rapidamente. —
Alguém dirige, porra!
Buzz pulou no assento do motorista e acelerou, nos levando pela estrada, assim
que todos se amontoaram por cima uns dos outros dentro do carro. Quando nos
acomodamos, GT ficou deitado em meus braços, enquanto Pops continuou a segurar
Diamond. Dagger estava ao telefone com quem eu achava ser o Doc, assim ele estaria
nos esperando. Nosso carro foi embora, os tiros cessaram e nós, de algum jeito,
demos o fora dali.
— Fale, Pops, — Zed disse de um canto, olhando para a visão à nossa frente.

248
— Ele se foi. Diamond está morto, — sua voz era solene e quebrada. — Como
está o meu filho? — ele perguntou, olhando para mim.
— Sangrando muito. A bala atingiu alguma coisa.
— Porra! — Pops gritou. — Dirija mais rápido! — ele latiu para Buzz, que enfiou
o pé no acelerador.
Estacionamos no clube, Dagger e eu carregamos um GT quase inconsciente para
dentro, e o deitamos sobre a mesa de sinuca. Ouvimos ofegos e choramingos das
vadias no canto. — Dêem o fora daqui! — eu gritei e elas saíram correndo. Doc já
estava pronto e esperando.
Pops e Zed entraram e colocaram o corpo de Diamond no sofá. Doc foi para ele
primeiro, colocando os dedos no seu pescoço. — Ele se foi. Cubra o corpo dele, — ele
latiu, correndo para GT — Mas que porra aconteceu aqui? Eles acertaram a sua
maldita artéria.
Doc não esperou alguém responder e começou a trabalhar imediatamente para
dar um jeito em GT Quando ele latiu todas as merdas que necessitava, Breaker foi
correndo conseguir.
— Fechem esse maldito lugar, agora! Tragam suas famílias para cá, já! — Pops
latiu e pegou seu telefone, sem dúvida chamando Ma para cá.
Eu fiz o mesmo. — Princesa, pegue Cooper e venha para o clube agora! — eu
disse assim que ela atendeu.
— O que está acontecendo?
— Vou explicar quando você chegar. Venha agora. Encha o porta-malas com
coisas para nós para algumas semanas. E seja rápida.
— Entendi. Vou estar aí logo, — desliguei e voltei para o lado de GT Ele estava ali
deitado e completamente inconsciente enquanto Doc fazia o que diabos devia fazer.
— Vá até a minha van e abra o cooler azul. Ali dentro tem sangue, — Doc latiu
para ninguém em particular, mas Zed era o mais perto da porta e foi fazer o que foi
pedido.

249
Depois que Doc costurou e deu sangue para GT, ele tirou as luvas, que
estalaram. — Ele precisa descansar e tomar os remédios, mas deve viver, — ele
pegou a sua maleta e tirou um frasco e uma injeção. — Isso é morfina. Ele precisa
tomar a cada quatro horas hoje. Volto amanhã de manhã para ver do que mais ele vai
precisar então.
— Eu faço isso, — eu disse, sabendo que Princesa seria muito provavelmente
aquela que estaria ao seu lado, ele querendo ou não.
— Certo. Coloque-o na cama e não o deixe se mexer por nada, exceto para ir
mijar. Ele vai acordar daqui a pouco. — Doc se virou para Pops. — O que você quer
fazer com Diamond?
— Conheço um cara do cemitério. Nós vamos cuidar disso, — Doc acenou e saiu
pela porta.
Porra! Eu sabia o que isso significava. Nós estávamos em guerra.

FIM

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