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Você é o homem que me ensinou que as águas tranquilas são profundas, que o Príncipe
Encantado pode ser um menino mau e que o amor é ainda mais bonito pelos obstáculos que você
precisa superar dentro de si mesmo e fora um do outro para ficarmos juntos.
“Não há nada bom ou mau, mas o pensamento torna-o assim.”
William Shakespeare, Hamlet, Act 2, Scene 2.
Capítulo Um
Não foi a primeira vez que vi um cadáver e sabia que não seria a última.
Não vivendo o tipo de vida que vivia como estudante de enfermagem e
filha do Presidente de um clube de motoqueiros fora da lei.
Sangue estava por toda parte num instante, em cima de mim como se eu
tivesse pulado numa chuva. Engasguei com o sangue que espirrou entre
meus lábios, mas não dei um passo para trás porque meus olhos estavam
presos nos olhos castanhos de Cricket, que foram obliterados por suas
pupilas dilatadas pela enorme quantidade de drogas em seu sistema. Eles
se arregalaram em choque com o impacto do metal afiado, que rasgou com
força brusca e sem sutileza através de seus tecidos conjuntivos e sua boca
se abriu como uma segunda ferida ao se cravar irreversivelmente em sua
clavícula.
Ele fez isso com tanta força que deixou hematomas; metaforicamente no
início, apenas em volta do meu coração como estrangulamentos e, depois,
fisicamente também.
Fazia muito tempo que dizia a mim mesma para não deixá-lo mais me
machucar.
Pelo menos, não até agora, não até que fosse tarde demais e o único
recurso que me restasse à disposição fosse um cutelo colocado de maneira
inconveniente.
Isso me lembrou que você nunca deve puxar um objeto estranho até ter
uma maneira de estancar o fluxo sanguíneo e saiba exatamente qual é o
dano à área circundante.
E ele não estava apenas morrendo. Não houve ataque cardíaco, nenhum
acidente de carro.
Só eu.
Sua assassina.
Meu homem estava morrendo no chão aos meus pés porque eu o havia
matado.
Estava no piloto automático, mas isso não explica porque liguei para ele.
Meu pai era a melhor pessoa para ligar. O Presidente do The Fallen MC
e um implacável protetor de seus entes queridos, Zeus Garro saberia
exatamente o que fazer com um cadáver, como limpar a bagunça e fazer
parecer que nada havia acontecido. Ele faria isso para que eu pudesse
retornar à minha vida como a conhecia, princesa dos caras do The Fallen,
mas removida da mancha de seus pecados. Poderia acordar amanhã de
manhã e fazer o que sempre fiz, pegar meu café Double-Double no Tim
Horton e fazer meu caminho para o último dos meus exames como uma
estudante normal, sua garota normal. O sangue ainda cobria minhas mãos
como luvas fantasmas enquanto eu preenchia as pequenas bolhas no
caderno de respostas, mas ninguém mais saberia porque meu pai teria
desaparecido com o corpo e o trauma de tudo isso, como uma espécie de
mágico fora da lei.
Ele era tão simples e profundamente bom. Acho que é por isso que
sempre gostei dele.
E pode até ter sido por isso que liguei para ele.
Não esperava que ele respondesse, não realmente. Não depois de três
anos e nenhum contato, não em seu número antigo.
— Harleigh Rose?
Houve uma pausa e sabia que onde quer que ele estivesse, ele estaria
mudando para a esquerda, enrolando o ombro em sua orelha para criar
uma barreira protetora, nós contra o mundo. Só então sua voz profunda e
suave se aprofundou ainda mais quando ele disse: — Rosie? Diga-me o que
está acontecendo.
Um soluço floresceu em minha garganta, as pétalas obstruindo minhas
vias respiratórias e os espinhos rasgando minha garganta enquanto
engasgava com o modo que ele me chamava.
Rosie.
Como se eu fosse uma coisa doce, jovem e inocente, com rabo de cavalo
no cabelo, em vez de sangue e plasma humanos.
O telefone caiu dos meus dedos dormentes quando olhei para Cricket
novamente.
Pareceu-me que pisquei e ele estava lá, pairando na minha frente como
um anjo justo vindo para me condenar ao inferno. O sol minguante
filtrando-se pelas janelas lançava um halo em torno de sua ampla fama,
mas obscurecia seu rosto com um véu de sombras. Não precisava ver para
saber que ele era bonito. Memorizei seus traços há muito tempo, a crista
larga de sua testa sobre as sobrancelhas fortes, o puro verde jade de seus
olhos e a forma como eles se enrugavam nos cantos num piscar de olhos
constante ou num sorriso raro que abria os planos de seu rosto, de modo
que seu espírito resplandecente se derramava como luz por fendas na
escuridão. Ele era bonito o suficiente para ser famoso, mas vestido de uma
maneira que o tornava sexy, como um caubói envelhecido ou um xerife do
Velho Oeste. Ele até cheirava assim, quente e reconfortante como homem
beijado pelo sol e terra recém-cultivada.
— O que diabos esse pedaço de merda fez com você? — Ele resmungou
baixo no peito.
Pisquei e desejei poder encontrar minha voz porque queria rir dele.
Queria provocá-lo e perguntar por que ele não estava assumindo que
fui eu, como sempre, que havia feito algo errado.
Queria chorar e perguntar a ele o que Cricket não tinha feito comigo?
Eu era tanto um corpo sem alma quanto Cricket estava morto no chão.
A dor me aterrou, mas foi a clareza vívida de seus olhos verdes que me
puxou como uma mão das profundezas da minha miséria.
— Pela primeira vez em sua maldita vida, você vai me ouvir e obedecer.
Vou tirar você desse pântano sangrento em que você está sentada e colocá-
la numa cadeira. Então, vou reportar isso. Enquanto esperamos a polícia
aparecer, você vai me olhar nos olhos e me contar o que aconteceu aqui.
Você me ouviu, Harleigh Rose?
— Porque você não me distrai com esses belos azuis, vou matar esse
pedaço de merda novamente por tudo o que ele fez que levou você sentir a
necessidade de enfiar uma lâmina em seu pescoço.
Danner leu a pergunta nos meus olhos e seu rosto severo suavizou de
rugas severas para seda lisa e amarrotada.
— Você não o matou a sangue frio, Rosie. Não preciso que você me dê
essas palavras para saber a verdade sobre isso.
— Você acha que não sei que, sob todo esse atrevimento espinhoso,
você tem um coração tão terno quanto uma rosa em botão, você pode
pensar novamente, — ele disse naquele tom neutro e seguro.
De certa forma, ele estava, se alguma vez houve uma chance de eu não
amar o Oficial Lionel Danner, foi apagada por esse momento e por essas
palavras. Meu coração estava preso pelo dele, independentemente de sua
falta de interesse.
— Eu ainda tenho que reportar, — ele me disse, severo, mas gentil, uma
contradição que ele dominou. — Se você pensou que eu deixaria isso
passar porque você é você para mim, estava errada. Você não ligou para o
seu papai, você me ligou, e vou resolver isso assim como ele faria para
você, mas meu jeito será muito diferente e mais legal que o dele, certo?
1 Nome do termo que contém as palavras: “Você tem o direito de ficar calado. Tudo o que você disser, pode
e será usado contra você em um tribunal. Você tem direito a um advogado...”
Quando assenti, sombras passaram sobre a grama verde de seus olhos
como nuvens no céu. Sua mandíbula apertou quando ele me olhou assim
por um longo minuto antes de se levantar e estender a mão para mim. Era
uma mão profundamente bronzeada presa a um pulso forte com veias
grossas que corriam para cima e sobre seus antebraços. Uma mão forte na
ponta de um braço forte no corpo do homem mais forte fora do clube que
já conheci.
Não ouvi as palavras que ele disse enquanto falava com o operador da
estação. Em vez disso, observei o modo como sua boca firme e lindamente
formada trabalhava sobre as palavras, observei sua língua rosa estalar
contra seus dentes brancos e quadrados. Era uma situação perturbadora
me sentir tão fisicamente atraída por outro homem quando meu velho mal
estava frio no chão, mas eu sempre fui irrevogavelmente atraída por
Danner e o observá-lo em seu elemento, o bom policial em ação, me
centrou.
— E você pode fazer isso, mas você o fará na delegacia e estarei na sala
de interrogatório com vocês dois. Entrei em cena depois que ela me ligou
em perigo. É óbvio que, mesmo que a vítima não tenha conseguido, ele
tentou estuprá-la. Este caso será aberto e encerrado dentro de 48 horas, e
você e eu sabemos disso. Então, corta a pose, faça o seu trabalho e tenho
certeza de que a promoção que você está concorrendo virá mais cedo ou
mais tarde, agora você está se preparando para fazer algum trabalho de
verdade.
Pisquei para Danner e não fui a única. Ele sempre foi quieto, até
reservado a ponto de desaparecer no fundo. Era o que o tornara um policial
tão bom, todos sempre estavam o ignorando, subestimando-o. Esse homem
se foi e em seu lugar estava um líder, o tipo de homem frio e implacável
que fez meu pulso disparar.
— Você está envolvido com a RCMP 2 há três anos, Danner. Você acha
que Van PD vai gostar de você interferir num caso de assassinato? — Outro
policial disse, este baixo e magro, com um bigode ralo.
— Na verdade, é melhor você varrer isso bem e rápido, para que não
comprometa meu jogo com a RCMP. Você não gostaria de ser culpado por
estragar a investigação de um ano, não é? E você acha que estou
mergulhado há três anos e não tenho contatos para puxar, se preciso?
Harleigh Rose Garro é minha responsabilidade, Sterling, então ouça com
atenção e me ouça claramente quando digo, ela não vai passar por essa
merda sem mim.
2 RCMP – Royal Canadian Mounted Police. Em português, Real Polícia Montada do Canadá. É a
organização policial do Canadá, constituindo a maior força de segurança do país, e é mais conhecida
como Mounties. A corporação canadense é a única do mundo em manter um policiamento federal,
estadual e municipal numa só organização em todo o Canadá.
com o impacto quando meu choque se rompeu e puro horror e agonia me
dominaram.
Fechei meus olhos mesmo quando a estação foi conectada ao meu redor.
Pensei em contar até dez, mas dar ao Presidente do The Fallen MC dez
segundos de vulnerabilidade eram dez segundos demais. O gigante de um
metro e noventa e cinco atualmente espreitando em minha direção como
um gato selvagem e furioso não era o tipo de homem com quem você
gostaria de foder.
Eu sabia.
Pode-se argumentar que foi uma lição que aprendi da maneira mais
difícil, quando deixei sua esposa adolescente ser sequestrada por um MC
rival.
Independentemente disso, sabia que não devia foder com ele agora.
Infelizmente, Zeus Garro não sabia que tinha ganhado meu respeito
relutante, então estava preparado e sem surpresa quando ele veio direto
para mim numa sala cheia de policiais cautelosos, ergueu-me com uma
enorme mão na minha garganta e me bateu contra a parede a sessenta
centímetros atrás de mim.
Ainda.
Seus olhos brilharam como pontas de faca e seu aperto no meu pescoço
se aumentou.
Não havia dúvida em minha mente que esse homem havia matado
homens com a mesma mão ou que os matou por muito menos do que
envolver sua filha em um caso de assassinato.
Eu era um feminista.
Loulou deu um passo à frente assim que ele estendeu a mão para ela.
Foi uma coisa pequena, mas aquela pequena sinfonia de sincronicidade me
atingiu no estômago. Claro, Louise tinha dezessete anos de idade quando
eles ficaram juntos e Zeus dezenove anos mais velho, mas aquela mudança
ali, era a razão pela qual não achei, no mínimo, nojento. Se alguma coisa,
meu intestino apertou com algo surpreendentemente perto do ciúme. Não
para ela, nunca para ela. Louise era quase linda demais para ser feita de
carne e osso, mas ela era uma das pessoas mais humanas que eu já conheci.
Em outra vida, onde ela permaneceu bem e eu finalmente venci minha
batalha constante para ser o mesmo, poderíamos ter terminado juntos.
— Que porra você meteu minha irmã? — King Kyle Garro gritou do
outro lado da estação quando atravessou as portas, mantendo-as abertas
para a mulher franzina que vinha atrás dele.
King redirecionou seu olhar de mim para sua mulher, mas seu rosto se
suavizou num sorriso afetuoso quando ele olhou para ela.
— Não vejo esse filho da puta há três anos, H.R. não tem problemas
com a porra dos porcos3 há três anos e de repente aqui está ele e minha
garota está em apuros de novo? — Garro gritou. — Comece a explicar.
Poderia ter dito mais, mas sou um homem de poucas palavras e sabia
que eles me entenderiam. Harleigh Rose me ligou, um homem que ela não
via há anos, para ajudá-la a sair do pior pesadelo de uma mulher. Ela me
ligou. Não para seu pai, o irmão ou um membro do clube do qual ela
nasceu princesa.
Ela me ligou.
— Que porra? — King perguntou. — Por que ela não veio até nós com
isso?
O que quer que aquele pedaço de merda, agora morto, fez com Harleigh
Rose nos últimos três anos, tinha cobrado seu preço e tinha sido por um
bom tempo. Eu conhecia H.R. bem o suficiente para saber que, quando ela
percebesse que estava num relacionamento abusivo com um canalha, ela
seria orgulhosa demais para pedir ajuda. Ela resistira pensando que era ela
quem tinha se metido na confusão e, portanto, era ela quem tinha que sair
dela.
Não porque a perda de Cricket (nascido Taylor Marsden) era uma farsa.
Por outro lado, eu não tinha perdido o tempo. Os últimos três anos
trabalhando para a RCMP em sua unidade de investigações secretas de
crimes organizados foram o ponto alto da minha carreira, e não apenas
porque eu estava fora do controle do meu pai corrupto em Entrance, BC.
Mas tudo isso era realmente uma besteira perto do verdadeiro motivo
pelo qual eu não estava lá.
Tive que sair exatamente pelo motivo que agora desejava ter ficado.
Nenhum policial que se preze deve se apaixonar por uma princesa MC.
Nenhum cavalheiro moral deve agir de acordo com os seus desejos mais
desviantes, muito menos com uma garota tão mais nova do que ele.
Nenhum homem poderia se apaixonar por uma mulher que seria sua
ruína, mas mais, ele era dela, sem ao menos tentar escapar desse destino.
E eu tinha.
— Ela não ligou porque foi abusada, pelo menos mental e verbalmente,
por anos e, quando percebeu, não queria se envergonhar contando tudo
para vocês. — Levantei a palma da mão para eles quando todos
começaram a falar uns sobre os outros e depois esperei que caíssem num
silêncio relutante. — Quando foi a última vez que você a viu?
— Semana passada, porra, — Garro retrucou.
— Não é de seu feitio deixar uma coisa dessas ficar sem controle, —
disse calmamente.
— Cuidado, porra, com o que fala. Você não sabe merda nenhuma sobre
a minha família. — Garro retrucou e pude ver na maneira como seu corpo
vibrou que ele estava a um fôlego de bater em meu rosto.
Foi um discurso brutal, e um dos mais longos que já fiz, mas a fúria
persistente que gelou meu sangue tornou impossível me preocupar com o
estremecimento de dor que sacudiu Garro como o golpe de um chicote.
Loulou parecia prestes a me chicotear ela mesma, mas foi King quem
pareceu o mais impactado. Ele olhou para mim com os olhos arregalados
que traíam o fato de que ele ainda estava fresco, um recruta de The Fallen
em vez de um irmão de armas iniciado. Só um homem sem sangue nas
mãos poderia olhar para um policial assim; como um garotinho cujo herói
que idolatrava era o policial da porta ao lado.
— Você joga isso na cara dele mais uma vez, não me importo se for
amanhã ou daqui a vinte anos, vou cortar, pessoalmente, suas bolas,
Danner.
Olhei para baixo dos olhos de Garro para ver Loulou inclinando-se para
frente, dentes à mostra, uma motoqueira com a constituição de uma Barbie,
lançando ameaças aos pés de um policial. Essa imagem deveria ser
engraçada, mas não era. Não era porque pude ver a ferocidade em seus
olhos, ler a fúria contida em seu corpo e a dor em seus lábios que os
fizeram se contorcer nos cantos. Acertei um nervo não apenas por seu
homem, mas, também, por ela. Afinal, ele foi para a prisão depois de matar
o homem que atirou em Loulou quando era uma garotinha bem no peito
numa guerra de gangues que eclodiu do lado de fora de uma porra de
igreja.
Enfiei meus polegares nos bolsos e levantei uma sobrancelha para ela.
Não poderia deixá-la saber, nenhum deles saber, o quanto eu,
relutantemente, os admirava, sua coragem e convicção, a maneira como
eles se fundiam numa porra de bela unidade familiar.
Tentei não passar muito tempo perto dos Garros porque, a cada vez que
o fazia, minha bússola moral dava voltas diante de seu magnetismo.
Ela puxou Garro pela mão e, com um último olhar cruel, direcionado
em minha direção, ele a seguiu, já puxando seu telefone para atualizar os
irmãos ou chamá-los para as armas. Foi sorte Cricket já ser um homem
morto, porque o dano que Garro teria feito a ele quando descobrisse a
extensão de seus crimes... vamos apenas dizer que a morte por cutelo foi
muito menos dolorosa.
King demorou um segundo, olhando para mim daquele jeito taciturno
que ele dominava desde criança. — O que você ainda está fazendo aqui?
Vá se certificar de que esses fodidos não fodam com ela.
Eles não estavam fodendo com H.R. quando eu saí. Conversei com os
dois oficiais de interrogatório, disse-lhes que não se tratava de derrubar um
associado de The Fallen, mas de ajudar uma vítima de longa data a superar
seu choque e horror após tirar uma vida.
Mas assim que vi Timothy Guzman, soube que as coisas tinham ido à
merda na minha ausência.
Calor correu da base da minha espinha até meu pescoço e eu tive que
morder fisicamente a fúria para não estrangular o homem ao meu lado.
Respirei fundo três vezes antes de enfrentar o pedaço de merda de
meia-idade que eu tinha que chamar de superior.
— Você não pode simplesmente dizer não, — ele disse entre dentes,
batendo a mão carnuda no balcão em frente ao espelho unilateral que dava
para a sala de interrogatório em que Harleigh Rose estava sentada. — Este
é um assunto oficial e eu sou seu chefe, Danner. Esta não é uma caixa de
sugestões em uma porra de café.
— Você não comanda esse show, Danner. Seu pai pode ser o Primeiro
Sargento de Entrance de merda, mas aqui, nesta cidade, eu digo o que vale.
E eu digo que Harleigh Rose, uma afiliada nascida em The Fallen MC,
longe de ser inocente, é a informante confidencial perfeita para nos dar
informações privilegiadas de The Berserkers.
Cerrei meus dentes e tentei contar até dez.
Não funcionou.
Nunca mais.
Nunca-mais-porra.
— Estou bem com isso, Danner. — Outra voz, mais profunda do que
qualquer outra que eu já ouvi, soou sobre o meu ombro e me virei para
encontrar o Sargento Renner, chefe do Projeto Fenrir e meu superior
imediato, nas minhas costas. — Mas se ela nos der qualquer indicação de
que ainda tem ligações sérias com esse MC, quero você com ela, ouviu?
Imediatamente meu cérebro bestial inventou uma imagem minha com
H.R. do jeito que eu queria estar nela desde que ela fez dezesseis anos e
passou de uma criança desengonçada para a porra de uma linda mulher;
suas pernas intermináveis enroladas quase duas vezes ao redor dos meus
quadris, seu cabelo loiro e dourado espalhado em meu travesseiro e seu
pescoço longo sob meus dentes enquanto eu a mordia, a fodia, marcava-a
como minha.
Só que eu não cedi aos impulsos quando tive a chance. Na verdade, fugi
deles o mais rápido que pude, porque, porra, pensar nela era quase demais,
mas a realidade dela era impossível.
Cricket.
Tão indiretamente ou não, eu era o culpado pelo abuso dela, pela morte
dele.
E agora isso.
Então, continuei.
— Você terminou.
Estendi a mão para enganchar meu dedo numa das presilhas de seu
cinto e puxei para que sua fúria se voltasse para mim.
— Estou bem, — disse a ele, minha voz baixa, apenas para nós.
Coloquei uma das minhas mãos sobre a dele na mesa e encarei seus
olhos furiosos. — Eu vou ficar. Apenas me tire daqui. Você sabe que os
policiais me dão arrepios.
Sim, apenas uma leve torção de seus lábios, mas foi o suficiente para
mim.
Isso não importava. O Lionel Danner que eu conhecia, agora era apenas
uma moldura dourada em torno de qualquer tipo de homem que ele se
tornou, um que eu percebi que era muito, muito mais sombrio do que o
anterior.
A policial vadia abriu a boca para vomitar mais veneno, mas o policial
bonito ao lado dela colocou uma mão restritiva sobre o braço e balançou a
cabeça. — Danner tem um ponto. Deixe a garota se limpar e descansar.
Podemos fazer uma visita em sua casa amanhã.
Seus olhos brilharam, mas então ela olhou por cima do ombro para o
espelho unilateral e eu sabia que ela estava lembrando de que Danner
havia dito que o capitão estava lá assistindo.
Pelo menos, não até que estivesse sozinha, isolada na casa do meu papai
como uma MC Rapunzel segura numa torre de metal protegida por elos de
corrente.
Ele puxou minha mão gentilmente, então girei para encará-lo. Seu rosto
era dolorosamente bonito, traços severos suavizados pela dor e
preocupação, seus olhos tão verdes que brilhavam contra seu bronzeado
dourado, seus grossos cílios castanhos. Pisquei com força e desviei o olhar,
com raiva de mim mesma por ser tão facilmente deslumbrada por ele.
Dedos firmes seguraram meu queixo, inclinando minha cabeça
ligeiramente para trás, então fui forçada a olhar em seu rosto. Seu olhar
varreu cada canto da minha expressão, detalhando cada cicatriz, cada
ângulo, plano e curva de minhas feições. Eu me perguntei se ele estava
combinando realidade com memória, se eu parecia diferente do que era
três anos atrás. Havia uma cicatriz na minha maçã do rosto esquerdo, logo
abaixo do meu olho, onde um dos anéis de Cricket havia partido a pele e
outra no canto inferior direito do meu lábio inferior, onde meu dente
cortou a carne quando eu caí no chão durante um de seus ataques de fúria.
Uma mão se moveu para embalar minha bochecha esquerda, seu polegar
passando sobre a cicatriz levemente, enquanto o outro arrastou sobre
minha boca, abrindo-a num beicinho.
Estremeci sob suas mãos, respirei fundo tão forte que doeu meus
pulmões e depois soltei o ar baixo e lentamente. Eu precisava do ar para
me sustentar, para inflar minha forma por mais um pouco, para não me
dissolver numa poça de lágrimas ali mesmo no chão.
Sua mão apertou brevemente meu rosto, mas eu não vacilei, porque se
eu soubesse apenas uma coisa na minha vida, era que eu estava segura com
Danner.
— Você foi, — concordei, então, porque não era o tipo de garota que se
continha, acrescentei: — Doeu como um filho da puta.
Os olhos dele brilharam. — O mesmo para mim.
— Sua escolha, então, não tenho nenhuma simpatia por você lá. Dito
isto, não seja um idiota de merda e assuma que sua deserção me levou a
ficar com um louco por mais tempo do que eu deveria. Você não
costumava ser tão cheio de si mesmo.
— Foda-se, — gritei para ele com os dentes à mostra. — Você não sabe
merda nenhuma!
Furiosa demais para perceber que ele estava me dando força da única
maneira que eu sabia como tomá-la — furiosamente — para que eu
pudesse ir para a sala principal e enfrentar minha família com força do jeito
que eu queria, mas fui apenas há alguns segundos, incapaz de fazer.
Fiz uma careta quando Danner apertou seus lábios, para não sorrir, ao
que parecia, e deslizou seu olhar preguiçosamente sobre meu corpo. Estava
coberta de sangue e machucada, minhas pontas dos dedos pretas com tinta
policial, mas ele olhou para mim como se eu fosse algo magnífico, algo
digno de admiração.
O medo que eu não tinha percebido que pairava sobre mim começou a
se dissipar, porque não havia lugar mais seguro para mim neste planeta do
que entre meus dois homens Garro. Meus olhos se abriram para procurar
Danner, porque eu sabia de uma maneira que não poderia descrever que
sentia o mesmo por ele, mas ele se foi.
Capítulo Quatro
Eu fui ao funeral.
Eu queria ir ao funeral.
Não sentia nenhuma obrigação para com ele, obviamente, mas ainda era
filha de meu pai e, mesmo que eu tenha sido de Cricket, era uma Garro
primeiro. Eu representava o The Fallen MC e nenhuma mulher nascida
com eles seria fraca o suficiente para parecer mal-humorada, zangada ou
malcuidada.
Wrath era o tipo de motoqueiro que foi adotado. Criado por dois pais
alcoólatras, a mãe uma stripper e o pai, segurança de uma boate, ele veio
de uma vida difícil e aprendeu cedo que a maneira mais fácil de sair da
pobreza era canalizar seu tamanho — dois metros aos dezesseis anos e
totalmente crescido — como uma ferramenta para emprestar às gangues
que governavam as ruas. Ele começou como um humilde executor da
Triad, o sindicato chinês do crime, e, então, rapidamente descobriu o apelo
de uma Harley entre suas coxas, prospectando para Berserkers aos dezoito
anos e, agora, doze anos depois, era VP. Isso não era pouca coisa, dada a
sua juventude, e estava diretamente relacionado com a quantidade de
sangue que ele derramou com aqueles punhos tipo martelo e a quantidade
de sangue que ele salvou de ser deixado dentro de suas próprias fileiras
graças ao seu QI acima-da-média de motoqueiro.
Como se isso não fosse aterrorizante o suficiente, Wrath era bonito.
Você acha que não há algo ameaçador na beleza, você nunca viu, não
realmente. Há tanto poder numa coisa bonita, em sua capacidade de
governar seus pensamentos e manipular suas ações. É uma coisa brilhante
e somos todos apenas corvos, impotentes contra seu apelo.
Wrath era uma das coisas mais brilhantes que eu já vi, tão bonito que
era assustador e tão aterrorizante que era, para alguém que apreciava essas
coisas, lindo. Eu nunca tinha visto um homem maior, nem mesmo meu pai
gigante era tão alto e esculpido em músculos de granito, mas toda essa
dureza foi suavizada por uma queda espessa e brilhante de cabelo
castanho-dourado e olhos grandes tão claros e pálidos de um azul que
parecia a superfície plácida de um lago. Sua boca era exuberante, uma
curva grossa acima e abaixo que cortava a escuridão de sua barba e
ampliava sua ridícula beleza.
Ao longo dos anos, fiz um estudo sobre Wrath Marsden, mas não
porque ele era bonito.
Mais do que isso, ele não acreditava que eu não tinha participado disso.
Foda-se.
— Harleigh, baby, — disse Reaper, sua voz tão ardente quanto a nuvem
de fumaça saindo de sua boca entupida de cigarro. Ele abriu seus braços
curtos e atarracados para mim. — Venha para Reaper.
Fui sem hesitação, embora a ideia de ser tocada ainda enviasse arrepios
violentos pelo meu corpo.
Ele tinha uns cinquenta anos, mas tinha a libido de um adolescente. Ele
nunca foi casado, mas, pelo que se sabe, tinha doze filhos, todos de
mulheres diferentes, e essas foram apenas as que tiveram a coragem de se
apresentar para conseguir dinheiro para a pensão alimentícia. Não entendi
o apelo, mas então, você não precisava achar Reaper atraente para transar
com ele. Passei a vida inteira assistindo mulheres atraídas para o bando de
motoqueiros, fascinadas pela emoção da rebelião, de domar um garoto
mauzão, de se revelar no pecado.
Dormir com um fora da lei era como dormir com um animal selvagem.
Somente as muito estúpidas ou muito corajosas enfrentavam o risco que
aquele animal viraria, arrancando seus olhos e comendo sua garganta antes
que você pudesse piscar. Conheci mulheres que escolheram bem, as
corajosas, como minha madrasta/melhor amiga Loulou Garro e a mulher
de meu irmão, Cressida Irons. Elas não tinham domesticado os mustangues
que encontraram, apenas aprenderam a montá-los bem, sobre o terreno
irregular de suas vidas de motoqueiros e através da selva de suas
realidades frequentemente violentas.
Pela milionésima vez nos últimos quatro anos, perguntei-me como pude
ter sido enganada por ele?
Foi uma mulher que me ensinou a me odiar, que eu não tinha nada a
oferecer e nada a ganhar com a vida porque eu não era nada. Nem mesmo
digna do amor da minha mãe.
Nada.
Em vez disso, deixei as lágrimas encherem meus olhos até a borda, mas
não transbordaram. Não adiantaria exagerar, e eles esperavam que eu fosse
dura duas vezes, como uma old lady e, mais, como uma Garro.
Fiz uma careta. — Anonymous MC adere a Langley, não sabia que você
tinha problemas com eles.
— Nós, não.
— Você acha que foi a porra de The Fallen? — exigi, dando um passo
em frente para ficar na cara feia de Reaper.
Ele deu de ombros. — Já faz um tempo, mas tenho certeza de que você
se lembra que seu tio Crux assassinou três de meus irmãos a sangue frio.
Para alguns, isso pode transformar seu pai num assassino. Para mim,
isso o tornou um herói.
Eu não disse nada disso para Reaper. Tomei cuidado com ele. Ele estava
muito feliz por ter um membro da família Garro dentro do rebanho
Berserker, e muitas vezes me pressionou ou tentou me manipular para
obter informações privilegiadas.
Escavação.
Queria revirar meus olhos, mas para um motoqueiro como Reaper isso
significava desrespeito flagrante que ele retificaria com os punhos.
— Vamos pensar desta forma, The Fallen tem uma coisa boa
acontecendo com seu produto e você tem uma coisa boa acontecendo com
seu comércio de armas, você acha que eles querem começar uma guerra
por algo que eles não dão a mínima para levar em si mesmos?
— Sim, talvez, — ele murmurou, mas eu podia dizer pela maneira como
seus olhos se voltaram para Grease, que estava saltando levemente sobre a
planta dos pés, que eles estavam ansiosos por algo, e eu tinha um
pressentimento poderoso de que esse algo era o sangue dos homens Fallen.
— Eles vão esperar até que eu, porra, diga isso, — Reaper latiu, seus
cabelos da nuca levantados por qualquer semelhança de alguém tomando
o controle além dele.
Ele odiava Wrath por sua inteligência, tanto quanto ele era grato por.
Era um equilíbrio perfeito e um que Wrath milagrosamente manteve sob
controle.
— O que você disser, irmão. Só estou de olho no tempo. Parece que vai
chover e vai ser um fracasso se não conseguirmos acender essa merda.
Assisti como dez dos irmãos mais fortes grunhiram e ergueram a canoa
pesada com o corpo de Cricket no ar em seus ombros. Ao mesmo tempo, a
multidão ao meu redor começou a zumbir e bater suas botas na areia
úmida. Adicionei minha voz ao aumento agudo de som e se a minha estava
tingida de dor e marcada pela raiva, ninguém percebeu.
— Ele amava você, — disse uma voz profunda, áspera de um modo que
falava de um maço de cigarros por dia. — Costumava dizer: “consegui
para mim a garota mais bonita do mundo”.
Não pude lutar contra o arrepio que puxou minha espinha. — Sinto
muito por sua perda, Wrath.
Empurrei seu peito e segui adiante na praia, longe dele. Não comecei a
respirar novamente até ter dado vinte passos sem Wrath me seguir. Não
havia nenhuma dúvida em minha mente que Wrath estava de olho em
mim, de maneiras mais incômodas do que uma.
— H.R., — uma voz gutural chamou, e me virei para ver Laken Bard,
minha única e verdadeira amiga nas cadelas Berserkers.
Inclinei meu queixo para ela, mas continuei andando. — Tenho que ir.
Ela franziu a testa e gritou, mesmo que tenha atraído olhares que eu não
queria que sobre nós: — Você vem ao clube para o velório.
Não era uma pergunta, mas até aquele momento eu não tinha certeza se
iria. Laken estava me lembrando da única maneira que podia que eu não
tinha escolha. Se eu não estivesse na esteira do meu old man, seria notado
e, embora eu tenha acabado tecnicamente com os Berserkers, para eles
ninguém estava acabado, a menos que eles próprios cortassem o cordão.
Tinha que dar a eles a oportunidade de fazer isso.
— Sim, vejo você, então, — gritei, prestes a me virar e pegar uma carona
com um dos motoqueiros que já estava saindo quando avistei um homem
alto e loiro envolvendo os braços em volta de Laken.
A maioria dos enlutados estava pelo menos muito bêbado, se não mais
fodido com coisas mais pesadas do que bebidas. Nunca gostei de ir a festas
Berserker porque os irmãos eram conhecidos pelo uso prolífico de drogas.
Sempre me pareceu irônico que os Berserkers, que vendiam armas, fossem
5 Uma pequena garrafa de 375ml de licor. Principalmente, um termo canadense.
usuários da pesada, enquanto os The Fallen, que vendiam maconha de
qualidade, prendiam-se apenas ao material suave.
— A maioria deles está tomado, — disse Jade. Ela era a old lady de
Grease, embora o apelido fosse impróprio porque a garota era duas
décadas mais jovem que ele.
Claro, essa foi uma decisão estúpida e eu aprendi isso cerca de trinta
segundos depois de ter decidido ficar.
— Não é uma canção de Natal, Pink, — Mutt apontou como se ele fosse
o mais inteligente quando ele definitivamente não era.
Twiz abaixou seu rosto peludo para traçar sua língua no meu pescoço
numa longa trilha pegajosa. — Você está disponível agora, querida.
— E nós agarramos você primeiro! — Pink Eye praticamente gritou, tão
alterado num coquetel de drogas que, por um momento aterrorizante,
minha mente transformou sua cara jovem e borbulhenta no mais bonito e
morto de Cricket.
Tentei manter meu juízo sobre mim, mas o sistema nervoso do meu
corpo estava inundado de adrenalina, fazendo minha pele suar e meu
cérebro derreter numa poça inútil. Não ajudou que Mutt estava alcançando
entre o meu corpo e o de Twiz para agarrar o meu peito.
Twiz e Mutt congelaram contra mim, mas Pink Eye começou a pular
para cima e para baixo gritando sim, sim, sim!
Eles pensavam que Cricket era burro, ou não duro o suficiente comigo,
que eles poderiam ser os únicos a me arruinar.
— Foda-se que você fez, — Mutt rosnou, e mudou de posição para que
ele não estivesse mais pairando sobre mim, mas Twiz. — A ideia de levá-la
foi minha, porra!
6 Chip no seu ombro, refere-se a alguém cujo comportamento indica que tem algo a provar.
Twiz se virou para encarar seu acusador e lá estava, aquele ligeiro
movimento que me deu espaço suficiente para levantar o joelho e enfiá-lo
impiedosamente em seus testículos.
Gritei quando uma mão forte me pegou pelo meu cabelo voando e me
puxou para trás com tanta força que lágrimas imediatamente surgiram nos
meus olhos e correram pelas minhas bochechas quentes.
Chutei minhas pernas no ar, tentando me lançar para frente com ímpeto
suficiente para jogá-lo por cima do ombro. Eu era alta, tinha mais de um
metro e oitenta, e já tinha feito a manobra antes, mas Pink Eye estava
fortalecido por uma mistura de drogas supersônicas e ele me segurou bem
o suficiente para nos levar ao chão. Aterramos com força, eu no mesmo
quadril machucado em que caí quando Cricket me jogou no chão. A dor
explodiu em meu corpo e ricocheteou em estilhaços de agonia por todo o
meu corpo.
— Porra! — gritei, momentaneamente cega pela dor.
Com meus olhos ainda nos dele, coloquei meu queixo no pescoço de
Pink Eye, inclinei minha boca e mordi selvagemente sua orelha.
Seu uivo de dor rasgou meus tímpanos, mas eu o segurei enquanto ele
se debatia, e quando ele se afastou de mim com força, ainda o segurei
mesmo quando um pedaço de carne se soltou de seu lóbulo. Ele rolou de
costas para longe de mim, mas eu o segui, pairando sobre ele para que eu
pudesse cuspir aquele pedaço sangrento em seu rosto deformado.
Pink Eye olhou para mim, preparando-se para remendar o que restou
de sua maldade de motoqueiro para que ele não fosse um constrangimento
completo.
Tencionei todos os meus músculos para não estremecer. Não era assim
que as coisas eram feitas no MC do meu pai. Uma mulher não era de
possuída por ninguém, a menos que fosse com seu consentimento, e então
ela era considerada intocável pelos outros, uma old lady digna apenas para
seu homem. As vadias de motoqueiros que rondavam a sede do clube não
eram boas o suficiente para serem consideradas propriedades dos Fallen.
— Que porra? O homem dela apenas morreu, ela não tem tempo para,
não sei, chorar?
Mas não, Danner estava lá logo atrás de Reaper, com o braço em volta
de Laken, o cabelo desarrumado sobre os olhos brilhantes.
Reaper lançou um olhar para Danner, mas não estava tão chateado
quanto poderia estar. — Você acha que vamos desistir da boceta Garro?
Pense novamente, Lion.
Lion.
Cadela.
— É, — disse Reaper com firmeza. — Agora, Wrath ia nos dizer por que
ele impediu um irmão de tomá-la como sua.
O que ele quis dizer foi por que Wrath impediu um irmão de me
estuprar para me reclamar, como se estivéssemos em algum sistema de clã
feudal do século XVII.
— Desde quando você quer uma old lady? — Reaper perguntou, seus
olhos se estreitaram em fendas. — Não é você que diz, boceta fresca é a
melhor boceta?
— Como você disse, você acha que vou desistir da minha chance da
boceta Garro? — Ele respondeu com facilidade.
Reaper olhou para nós dois por um longo momento, mas era o olhar de
Danner que eu podia sentir queimando buracos em minha armadura,
cavando tão fundo que me preocupei que faria uma cicatriz. Wrath deve
ter sentido a reticência de seu presidente, porque antes que eu pudesse
piscar, sua boca exuberante estava na minha, sua barba raspando
deliciosamente contra minha pele.
Não, incrível.
Ele não beijava como um homem gigante com mãos tão calejadas que
esfolavam meu pescoço, onde ele o segurou, assim como sua barba fez em
meu queixo.
Ele beijou como um homem com todo o tempo do mundo para adorar
uma mulher e fazer seu corpo cantar.
— Tudo bem, você quer, irmão, não consigo pensar num homem
melhor para tê-la, — Reaper sancionou com um movimento de cabeça.
— Bom, — disse Reaper em voz alta, sua voz soando com autoridade.
— Fico feliz por ter feito essa merda. Agora vamos festejar, porra, temos
algo para celebrar agora.
Tentei chamar a atenção de Danner para dizer-lhe para recuar, mas ele
estava preocupado com um encolher de ombros atrevido. — Parece o nome
dela, linda como uma rosa. Mas, se preocupe com os espinhos, sim? Tenho
a sensação de que eles podem te pegar no final.
Capítulo Seis
Eram as primeiras horas da manhã quando finalmente voltei para casa,
depois do velório, e o vazio das ruas no centro de Vancouver não ajudou a
resolver meu desconforto. Era uma cidade segura, e mesmo que meu
apartamento pudesse ser melhor, eu morava numa boa parte da cidade,
longe dos horrores crivados de drogas e do crime investidos em East
Hastings Street. Além disso, carregava a pistola Sig Sauer que meu pai me
deu num Natal em minha bolsa, bem como uma lâmina plana e fina que
Bat me deu enfiada na minha bota. Eu era uma motoqueira, sabia tomar
conta de mim.
Sabia que deveria abaixar a arma, que Danner não representava esse tipo
de ameaça, mas eu segurei a imagem enquanto ele entrava na mira, sua
pequena e letal abertura pressionada contra seu peito sobre seu coração.
Fixamos os olhos por cima da arma. Pude sentir seu coração batendo
forte contra a arma e, por um momento louco, sabia que ele me deixaria
atirar nele.
Mostrei meus dentes para ele. — Você acha que eles não achariam isso
suspeito, eu ficando longe quando meu homem foi assassinado.
— Suspeito, talvez, mas, pelo menos, você estaria fora de vista, fora da
porra da mente, Harleigh Rose. Você acha que aquele clube não está
empolgado por ter você em seu rebanho? Eles têm uma Garro do lado
deles e acho que provaram hoje que farão qualquer coisa para mantê-la lá.
— É uma coisa boa que eu queira ficar lá, não é? — joguei de volta para
ele, cavando minha arma em seu peito com tanta força que ele estremeceu.
— Por que diabos você iria querer ficar com aqueles bastardos?
— Pela mesma razão que você está disfarçado com eles, — assobiei,
levantando-me na ponta dos pés para ficar bem na cara dele. — Para
derrubá-los.
— Não.
Joguei meu cabelo por cima do ombro, observei seus olhos dançarem
sobre o comprimento glorioso dele e sorri. — Nunca subestime uma
mulher, Danner.
— Não, é exatamente por isso que quero fazer isso. Eles não são como
The Fallen, você acha que não tenho uma linha na areia entre o bem e o mal
só porque nasci com um código de honra diferente? Berserkers não são
bons homens e definitivamente não fazem coisas boas, uma dessas coisas
foi permitir, não, encorajar Cricket a me bater até a submissão. Então, sim,
sou louca o suficiente para querer denunciar o MC mais perigoso e nojento
do país, e também sou louca o suficiente para conseguir.
— Não preciso que você fale por mim, não tenho mais dezesseis anos,
— lembrei-o, em seguida, deliberadamente, passei meus dedos pela
extensão exposta do meu peito, bem entre meus seios erguidos.
— Você precisava que eu falasse por você quando tinha dezesseis anos,
porque se metia em situações impossíveis e a única maneira de sair delas
era eu defendendo você. Surpresa, surpresa, não te vejo há três anos, a
primeira vez que te vejo, você está precisando que eu fale por você
novamente, porra.
Ele leu o olhar nos meus olhos antes que eu pudesse escondê-lo,
xingando baixinho enquanto se aproximava para que sua grande fivela do
cinto fosse pressionada na minha barriga. — Rosie, você é muito fácil.
Ele se inclinou mais perto, seu hálito mentolado soprando meus lábios
abertos. — Sei disso. Também sei, você não está sozinha, nunca com o tipo
de família que você tem. Não sei quando você parou de contar comigo
como um deles, mas também vou cuidar de você, Rosie.
Abri minha boca para protestar cegamente por uma questão de protesto
quando seus lábios se moveram ainda mais perto, as bordas macias sedosas
movendo-se sobre os meus enquanto ele dizia: — Trouxe Hero. Vou descer
até o carro, trazê-lo para cima e depois dar uma olhada em seu lugar. Eu
insistiria em passar a noite, mas sei que você tem seus fodidos problemas
de independência, então deixarei isso passar desde que você leve o
cachorro.
Eu não o via há três anos e a dor de sua perda era quase tão pungente
quanto a de Danner.
Ele leu o encanto em meus olhos, mesmo à distância de um nariz, e
aqueles lábios contra os meus sorriram antes de sua mão no meu pescoço
me dar um aperto firme e depois me soltar.
— Não sou seu cachorro, Danner, — gritei atrás dele, um segundo tarde
demais, porque ele já estava na saída de emergência e descendo as escadas.
Meu pulso estava acelerado, meu sangue como uma luz de hélio em
minhas veias enquanto saltava pelo meu corpo. Eu odiava que Danner me
deixasse tão leve, tão fraca e frágil de uma maneira que até eu tinha que
admitir que me sentia bonita. Mas por mais bonito que fosse, também era
perigoso, especialmente no meu mundo. Não podia me dar ao luxo de ser
nada menos que titânio, especialmente se quisesse convencer Danner a me
deixar ajudar em sua investigação.
— Você sentiu falta da nossa garota, não foi, campeão? — Danner disse,
levando-me a olhar para onde ele se inclinava com uma bota cruzada sobre
a outra contra a parede ao lado da minha porta.
Senti uma coceira no lábio inferior que significava que queria tremer,
mas ignorei. — Tenho uma arma, uma faca e, se não me falha a memória,
um cutelo em algum lugar do meu apartamento, acho que estou bem.
— Vou verificar o apartamento, fique aqui com Hero até que eu sinalize
tudo limpo, — ele me disse enquanto se abaixava para remexer na minha
bolsa em busca das chaves.
Ri em seu pelo quente e limpo e passei meus braços em volta dele para
um dos melhores abraços da minha vida.
Ele olhou para mim enquanto eu tomava um longo gole frio da garrafa.
— Vai me oferecer uma?
— Quero que o leve com você em todos os lugares, H.R., — ele ordenou
novamente como se eu fosse um lacaio.
— Tenho aula, — lembrei a ele. — Não termino por mais três semanas e
não posso arrastar um cachorro comigo para meus laboratórios.
— É uma ferida que você usa atrás dos olhos, Rosie, — disse ele,
cruzando os braços sobre o peito e erguendo o queixo para mim como se
estivesse se preparando para controlar minha raiva, um montador de
touros agarrando sua montaria e achando-a divertidamente carente.
Danner olhou para mim daquela maneira implacável e imbecil que ele
tinha que não revelava nada, a não ser me fazer sentir com cerca de cinco
centímetros de altura, infantil e truculenta.
Pisquei para ele. Em todos os anos que conheci Lionel Danner aprendi
muitas coisas sobre ele. Ele era um cavalheiro da velha escola, do tipo que
mantinha as portas abertas para as mulheres, que dizia "por favor" e
"obrigado" sem pensar. Sua reserva, dedicação à justiça e o sotaque
canadense suave e baixo deram-lhe uma vibe de xerife caubói como John
Wayne ou Paul Newman, homens que tinham moral e lealdade em tal
abundância que você se sentia como um idiota apenas de pé ao lado deles.
Mas ele era discreto. Sabia que ele namorava, ou pelo menos, fodia com
várias mulheres, mas elas não falavam disso, mesmo que o desejo de se
gabar deve tê-las matado, e eu sabia que era porque Danner exigia isso.
Como uma garota apaixonada, seu sigilo deu espaço para minhas fantasias
florescerem, mesmo que ele sempre me tratasse, pelo menos até o fim,
como uma irmã mais nova ou amiga.
Esta foi a segunda vez que ele fez uma insinuação sexual comigo e,
honestamente, meu pobre corpo doente de amor mal podia lidar com isso.
— Você não pode simplesmente voltar para a minha vida e passar por
cima de tudo, Danner, — disse, mas a insolência não estava convencendo
como deveria. O calor do seu corpo tão perto de mim o enrugou nas
bordas.
Fiz uma careta para ele e o humor transformou seu rosto num plano
interessante que eu queria traçar com meus dedos.
— Tanto faz.
— Meu trabalho, Rosie, — ele disse suavemente, e era, mas o que ele
quis dizer é que ele sentia que cuidar de mim era seu dever tanto quanto
ser policial.
Mesmo que eu nunca tivesse dito as palavras em voz alta, ele sabia.
Eu sou dele desde o dia em que ele me comprou minha primeira rosa.
Capítulo Sete
2008
Eu tinha seis anos, tão jovem, mas já tinha idade suficiente para saber
que não deveria acordar minha mãe quando ela estava dormindo de
ressaca. Já estava ficando tarde, no meio da manhã, e era domingo, o que
significava que era hora de ir à Mega Music na Main Street para que eu
pudesse obter um novo disco. Era tradição. Claro, Papai começou isso, não
mamãe, mas se ele não estava por perto, então ele a fez prometer me levar
em seu lugar. Mamãe e King não se importavam muito com a música.
Mamãe estava muito ocupada com suas bebedeiras e festas, e King só
queria saber de seus livros, por isso, depois da loja de discos, apesar de não
termos um monte de dinheiro, nossa próxima parada era a livraria.
Mas, Papai e eu? Amamos música. Não as coisas novas e estúpidas que
tocavam no rádio que o Pai disse que soava como um bando de "ranhentos,
chorões ou babacas" ou "totalmente idiotas", mas as coisas antigas, como
Black Sabbath e Guns N' Roses. O Pai amava AC/DC, por isso eu também
gostava. Eu era uma filhinha do papai desde que eu pude cogitar e, mesmo
estando chateada que Papai não estava por perto para me levar, eu ainda
estava animada para ir à Mega Music e escolher um disco de rock para
mostrar a ele quando ele finalmente voltasse de onde o trabalho no The
Fallen MC o levou.
Pude sentir o cheiro da vodca assim que abri a porta do quarto dela.
Havia uma garrafa virada no chão que ela derrubou, provavelmente
durante o sono, e molhava o chão ao longo de toda lateral da cama. O
cheiro era nojento e químico, como removedor de esmalte, e prendi a
respiração enquanto andava na ponta dos pés pelo lodo.
Fiz uma careta para ele. — É domingo. Temos que ir à Mega Music, o
Velho Sam está esperando por mim.
Velho Sam era chamado assim porque ele era muito velho e parecia ter
sido assim por pelo menos meio século. Ele era dono da Mega Music, que
não era mega, mas na verdade uma pequena loja de discos que se recusava
a vender qualquer coisa, como iPods ou MP3 players, porque ele era
incondicional assim. Eu o amava. Eu o amava quase tanto quanto amava
meu pai e isso dizia algo. Eu não queria deixar o Velho Sam esperando,
porque sabia que ele teria um chiclete Hubba Bubba pronto para mim e um
disco todo escolhido para ouvir.
Ele tinha apenas oito anos, mas achava que sabia de tudo.
Honestamente, eu meio que pensei que ele soubesse, porque ele estava
sempre lendo aqueles livros grossos e citando pessoas mortas. Eu não me
importava com pessoas mortas, só me importava com os vivos, como
Papai, King, o Velho Sam e os irmãos de The Fallen, mas citá-los com
certeza fazia King parecer inteligente.
— Ela vai nos levar porque se não o fizer, Papai vai ficar tão zangado,
— lembrei-o de algo que ele sabia.
O único problema era que o Pai podia ficar mais zangado do que um
urso saindo da hibernação, mas a mãe era como uma cascavel, a apenas um
movimento de se aproximar de você com uma boca venenosa.
Bati minha mão levemente contra o rosto dela algumas vezes e, quando
isso não funcionou, empurrei seu ombro com força.
Minha mão voou para a dor ardente na minha bochecha, mas eu não
deixei as lágrimas dos meus olhos caírem deles porque mamãe odiava
quando eu chorava, especialmente quando ela estava de ressaca.
Além disso, não foi a primeira vez que mamãe colocou as mãos em mim
e provavelmente não seria a última.
King praguejou de seu lugar na porta, mas não fez nenhum movimento.
Fazer um movimento só deixaria mamãe mais irritada.
Mamãe era bonita. Sabia que ela era bonita desde criança, porque Papai
disse que ela pescava elogios de todos e sempre voltava com uma captura
gorda na linha, então ouvi mais pessoas do que eu poderia contar dizer
isso. Só então, seu rosto bonito estava azedo com irritação e era um olhar
que ela me dava muito, então eu não acho que ela era a mais bonita.
Eu não parecia com ela e acho que isso a incomodou porque, embora eu
tivesse ouro no cabelo, era escuro, mais cor de caramelo do que loiro
verdadeiro como o dela e o de King. Fora isso, eu parecia uma versão
feminina de Zeus Garro. Eu também agia como uma versão feminina do
papai e isso, por alguma razão, muitas vezes a irritava.
Como agora.
Ela revirou os olhos com tanta força que pensei que deveria doer e
empurrei minha mão do ombro dela para que ela pudesse rolar para longe
de mim na cama. — Mega Music é uma merda, Harleigh, e estou cansada.
Vá assistir TV ou algo assim e se o seu maldito Pai tiver a decência de se
lembrar de que deveria levá-la aos domingos, ele estará por perto para
pegá-la.
Ele sorriu o sorriso que as meninas já amavam. King tinha apenas oito
anos, mas, cara, ele tinha jogo. — Sim, H.R., eu te amo, porra.
Posso ter uma mãe de merda, mas meus homens me amavam, meu
irmão, talvez, acima de tudo.
Ele empurrou meu ombro e revirou os olhos, mas sua voz era tão
quente quando caiu sobre mim que parecia uma chuva tropical suave. — O
suficiente para levá-la à Mega Music em vez de encontrar Shelley Newborn
na lanchonete Stella para um milk-shake e um beijo.
— Ela tem aparelho, de qualquer maneira, — disse a ele algo que ele já
sabia quando o puxei pelo corredor em direção à porta da frente. — Estou
te salvando de gengivas sangrentas. Você pode fazer melhor.
— Que coisa de garota de se dizer, — argumentou King, saindo da casa
atrás de mim e fechando a porta com um pequeno “foda-se” para nossa
mãe. — Claro, ela tem aparelho, mas você viu os peitos dela? A primeira
garota da série a conseguir, e H.R., você não é um cara, então você não
entende o quanto uma maldita boca sangrenta vale uma vez com aquelas
belezas.
— Tarado.
— Pirralha.
Eu tinha apenas seis anos, mas conhecia homens, fui criada pelos mais
viris deles e já sabia como envolvê-los ao redor do meu dedo mindinho.
Velho Sam piscou para mim. — Eu não sei? Agora, peguei um pouco de
Johnny Cash hoje. Por que você não dá uma olhada enquanto eu lido com
alguma coisa?
— Garota, você não sabe nada sobre essa merda. Não vomite o que seu
papai disse sem ouvir por si mesma. Você tem uma mente própria nessa
linda cabeça?
Mordi meu lábio. A música country é uma droga, meu pai havia me
dito que toda a música fora do rock era para os que não os sem educação
musical. Mas eu confiava no Velho Sam. Ele puxou músicas para mim
todos os domingos e nunca me decepcionou. Então, mesmo que eu pudesse
ter feito uma mini birra e teria sido divertido discutir com o Velho Sam
sobre isso, segui o conselho dele e fiz o meu caminho pelas pilhas
desorganizadas até o meu cantinho com o toca-discos.
Eu não era uma musicista. No ano passado, tentei violão, piano e canto
(nem me fale sobre esse fracasso), então, não conseguia produzir beleza
com som, mas desde que eu era um bebê, eles diziam que eu amava isso.
Eu era uma mulher com um profundo poço de emoções suscitadas por
uma mãe cadela e uma irmandade de homens que em sua maioria, não
conheciam o seu traseiro emocional de seu cotovelo. Então, eu tinha muito
para sentir e não um monte de maneiras de dizer isso.
A música era essa voz para mim, e mesmo aos seis anos, sentada de
pernas cruzadas no chão da Mega Music, eu sabia que ela tocaria uma
trilha sonora vital para a minha vida.
“Give My Love To Rose” de Johnny Cash estava tocando quando o
notei.
E lá estava ele.
Ele segurava aquela guitarra como se fosse o amor de sua vida, por isso
não era de admirar que a onda da música que ele fazia com ela fez meu
nariz coçar de lágrimas.
Deus, eles eram a coisa mais verde que eu já vi. Mais verde que a grama
recém-regada, que a luz filtrada por um bosque de pinheiros até um trecho
de musgo do noroeste pacífico e o verde de um limão maduro. Olhando
para aquela cor cercada por uma franja cheia de cílios castanhos curtos e
pontiagudos sob sobrancelhas grossas e inclinadas, parei de respirar.
Ele não perdeu uma batida na música quando olhou nos meus olhos e
adicionou sua voz suave e baixa ao rosnado áspero de Johnny.
Queria dizer que sim, porque estava apaixonada por sua beleza. Ele era
apenas um garoto e era tão bonito que deveria ser vagamente feminino,
mas havia uma melancolia em seu caráter, um peso e severidade em seu
rosto que me lembrava de um homem.
Mas não fiz, porque eu era jovem, mas ainda era uma Garro.
— Você vive numa pequena cidade rural como nós, você gosta de
country.
Bufei. — Não sei com quem você anda, mas o country é para
perdedores.
Ele sorriu levemente de uma forma que me disse que não sorria muito.
— Então, você não gosta de Cash.
Mordi o lábio porque gostei de Johnny Cash. Sua voz tão profunda e
rosnada me lembrou a do meu pai, e sua música country não soava country.
Ele se agachou ao meu lado para trocar os discos e virou-se para mim
quando terminou, perto o suficiente para que eu pudesse ver o início de
uma barba rala em seu queixo. Quando os vincos sorridentes ao lado de
seus olhos se achataram de raiva, percebi que ele estava perto o suficiente
para ver a marca de mão vermelha contra a minha bochecha.
Sua voz era como um chicote estalando no ar, mas sua mão era suave
como um beijo de borboleta no meu queixo enquanto ele inclinava meu
rosto para ver melhor o hematoma.
— O que isso lhe importa? — perguntei, mesmo que meu lábio estivesse
curvado e a parte de trás dos meus olhos estivesse quente com lágrimas.
Seu rosto tenso com raiva deles se acomodou com simpatia. — Porque
eu não sou o cara que consegue andar pela tragédia sem fazer nada a
respeito, ok? E espero que você não seja esse tipo de garota também.
Mais uma vez, ele mordeu a boca como se estivesse tentando parar um
sorriso. — Sim, bem, não posso dizer que a violência é a resposta, mas
estou feliz que você não deixou isso passar. É nossa responsabilidade,
como humanos decentes, cuidar uns dos outros, caso contrário, estamos
todos perdidos. Então, vou perguntar novamente, quem fez isso com você?
— Você não vai me dizer. Meu pai é importante, posso fazer com que
ele ajude você.
Ele semicerrou os olhos para mim, seus olhos mais verdes que os
semáforos, encorajando-me a ir, ir, ir e contar-lhe todos os meus segredos.
— Qual é o seu nome?
— O que diabos você está fazendo com a minha irmã? — A voz de King
chamou atrás de mim e um instante depois estava enrolada em seus braços.
O garoto se levantou, muito mais alto que meu irmão mais novo que
teve que dobrar o pescoço para olhar para baixo para nós. — Certificando-
me de que ela está bem. Ela é uma criança, não deveria ficar sozinha numa
loja, mesmo numa cidade tão pequena quanto a nossa. Temos bandidos
morando aqui.
Sabia que ele estava vestindo a bela roupa do adolescente, sua camisa
de botões sob um blazer aberto e calça tão extravagantes que até tinham
um vinco na frente.
— Você está julgando um livro pela sua capa? — Lionel respondeu, sua
flecha acertando em cheio de uma forma que dizia que ele entendia os
rebeldes.
Morte.
Antes que eles pudessem me parar, me escapei dos braços de King,
desviei das mãos estendidas de Lionel e fui para o cartaz cobrindo a porta
da frente de vidro. Pressionei meu rosto numa lacuna nos cartazes e espiei
para fora.
Nada.
Algo estava errado. Tão errado, eu sabia que o que estava acontecendo
do lado de fora das portas da Mega Music era grande o suficiente para
mudar minha vida.
Havia homens com coletes de couro em todos os lugares, meu pai e seus
irmãos.
— Me deixar ir! — gritei quando outro tiro, este de alguma forma mais
alto que o resto rasgou o ar.
Gritei.
Não tinha idade suficiente para ter um pior pesadelo, mas se tivesse
sido forçada a pensar sobre isso antes, ver meu Pai cair não teria sido isso.
Ele era meu ídolo, meu ser humano favorito na terra, a pessoa que me
ensinou o que era amar.
Sem entender isso, sem precisar, senti meu mundo inteiro implodir
enquanto o via cair.
Gritei tanto e alto sem fôlego, por bem mais de um minuto, que no final
com os braços de Lionel ao meu redor, puxando-me para cima e contra seu
corpo para que pudesse me levar para longe da cena, eu desmaiei.
Nunca segurei uma rosa antes — minha família não era exatamente
pessoas de flores — então, me perguntava a profundidade das pétalas
vermelhas, enroladas firmemente, mas apenas abrindo no centro, um
vórtice tão complicado quanto lindo, aparecendo para eu ver.
Lionel
— Me mata, mas o cara estava certo. Não posso fazer muito para
proteger você e agora o Pai —, ele limpou a garganta quando interrompeu
a palavra, — agora que ele está indo para a prisão, temos que nos defender
sozinhos. Quero que você mantenha o número, H.R., e quero que você o
use se for preciso, mesmo que isso signifique ir contra a mãe e o que o
clube representa.
— Nah, — disse King, sua voz tão carregada com sabedoria que me
perguntei como as palavras não prendiam sua língua. — Somos apenas
crianças. Pensando que precisamos nos colocar em primeiro lugar agora.
Desdobrei cuidadosamente meus dedos da nota amassada e toquei
meus dedos sangrando na pequena escrita no bloco. Minha mente
memorizou os dígitos imediatamente e ao longo da minha adolescência,
viria a ligar para esse número dezenas de vezes, sempre que precisava de
Lionel Danner para me proteger, assim como ele fez naquele dia do
massacre na Igreja da Primeira Luz, mas para hoje, guardei aquele maldito
post-it ensanguentado dobrado com cuidado em minha carteira como um
lembrete da primeira vez que ele me salvou.
Capítulo Oito
Quando acordei, tinha cheiro de bacon e sabia o que isso significava.
— Ei, amigo. — esfreguei suas orelhas e sorri quando ele lambeu minha
mão. — Estou surpresa que você não tenha surtado quando meu pai
invadiu meu apartamento.
— Ele fez, — disse Zeus Garro da porta do meu quarto, seu grande
corpo ocupando toda a largura e altura da mesma. — Ainda bem que Lou
estava aqui e a fera já a conhecia senão eu estaria seriamente mordido
agora.
Disseram-me que cães tinham bons instintos e Hero era o melhor deles,
então não foi surpresa que ele soubesse que meu pai não representava uma
ameaça para mim, apenas para quem quisesse foder comigo.
— Na verdade, não.
Soprei uma mecha bagunçada de cabelo loiro com riscas para fora da
minha boca e bufei petulantemente. — Que tal você me dar tempo para me
preparar para o dia e talvez eu sinta mais vontade de conversar?
Ele me pegou com uma mão gentil em meu braço enquanto eu tentava
passar por ele. — Nah, querida, não sou um valentão e não vou permitir
que você diga algo assim de novo, brincando ou não. O que eu sou é um
pai cujo pior pesadelo de merda se tornou realidade quando ele descobriu
que alguém colocou a mão em sua princesa, a menina dos seus olhos, por
anos, sem ele saber de nada.
— Não estou bravo com você, Harleigh Rose, bravo comigo mesmo por
me tornar um bastardo egocêntrico.
— Nunca, — jurei. — Você nunca foi esse cara, Pai. Você teve muita
coisa acontecendo nos últimos quatro anos e, juro por Deus, tentei de tudo
o que pude para garantir que você não soubesse.
Ele fez um som baixo no peito como um urso ferido. — Não confiava
em mim?
— Odeio que você teve que tirar uma vida, mesmo que eu tenha ficado
feliz pra caralho que o carma o pegou no final.
— O quê?
— Essa é minha garota. E quero você em casa, Harleigh Rose, assim que
os exames forem concluídos, você está de volta em Entrance, segura e
amada.
Nova, não minha família de sangue, mas por direito, estava jogado no
meu sofá, uma mão sobre os olhos, as pernas abertas, uma sobre o encosto
do sofá e outra sobre a mesa de centro, com as botas sujas ainda calçadas.
Mesmo de ressaca, como eu sabia que ele provavelmente estava, ele parecia
lindo descansando ali, como um deus grego caído do Olimpo. Ele espiou
por debaixo do braço quando minha melhor amiga Lila, sentada no chão ao
lado dele, pintando as unhas na mesinha de centro ao lado de sua bota, o
acertou na lateral ao me ver.
— Você desaparece assim de nós de novo, juro por Deus, H.R., não vou
segurar seu pai da fúria que ele vai continuar, você me entende? — Ela
sussurrou em meu ouvido.
Lou me deu um pequeno sorriso feminino quando sua mão foi para sua
barriga enorme, inchada com meus meios-irmãos. — Oh, tenho meus
caminhos, baby.
— Ok, vômito. Quantas vezes temos que ter essa conversa, hein? Não
há mais insinuações sexuais ou informações sobre sua vida sexual com
meu pai,— ordenei a ela.
Claro, ela gargalhou e piscou para mim quando íamos para a cozinha.
Era quase impossível para eu acreditar que há quatro anos a derrubei no
chão e bati nela porque descobri que a mesma garota que fez meu pai ser
baleado quando eu tinha seis anos, era a mesma garota transando com ele
agora. Eu a odiava por isso e por tirar uma grande parte do seu tempo e
atenção, porque eu era jovem e egoísta pra caralho. Foi só depois que ela
foi deserdada por sua família e percebi, os horrores do câncer que tinham
destruído sua vida, que eu acordei.
Agora, não conseguia imaginar minha vida sem ela e, com certeza,
também não queria imaginar meu pai assim.
Sentei-me no bar enquanto ela deslizava sob o braço que meu pai a
segurava enquanto ele servia fatias de bacon perfeitamente crocantes nos
pratos.
— Está pronto, — ele chamou enquanto se torceu para baixo para dar
um beijo na boca erguida de Loulou.
— Não vejo seu nome nele e minha boca está nele agora. Você ainda
quer isso?
— Eu não faria isso, — Lila falou lentamente quando ela apareceu e deu
um beijo na minha bochecha e depois aceitou um prato de Lou. — Só o
diabo sabe onde esteve essa boca.
Todos nós rimos quando ela fingia estremecer, mas Nova apenas deu de
ombros e deu outra mordida enorme na torrada. — Quem sou eu para
negar às senhoras o que elas querem?
— Sim, tanto faz, Nova, — disse Cress, batendo nele suavemente com o
quadril enquanto se aglomerava ao nosso redor. — Quando você sabe,
você sabe.
Nova olhou para King em busca de ajuda, mas ele apenas deu de
ombros e sorriu: — Desculpe, cara, minha mulher fala a verdade.
— Ela faz, — Lila disse apenas para mim, seus enormes olhos castanhos
brilhando de alegria. — Nunca pensei que encontraria alguém que me
amasse de volta, mas eu fiz e ele é tudo.
Estava feliz por ela, mais feliz do que poderia expressar com meu pobre
vocabulário de palavras emotivas, então eu apenas dei a ela um aperto
suave.
Ela era minha garota, então ela me pegou e deu um grande sorriso.
Havia uma expressão em seu rosto que eu conhecia bem, uma torção
preocupada em sua testa forte e brilho em seus olhos prateados que
falavam de inquietação e fúria. Ele esperou até Lou se sentasse em cima
dele no sofá para começar, mas antes mesmo que ele falasse, sabia que era
ruim.
— Isto é negócio do clube, não preciso dizer a vocês, mulheres, que
normalmente, essa merda não se estende a vocês, mas por razões que logo
entenderão, tenho que informar vocês disso. Fomos ameaçados por alguns
lados agora e preciso que vocês estejam vigilantes.
— Ela nunca teve nada sobre você, Cress baby, — disse ele.
Honey.
Fechei meus olhos por um segundo e deixei isso me abalar. Honey era
nossa meia-irmã através de nossa mãe. O máximo de tempo que passei
com ela foram os nove meses que minha mãe estava grávida enquanto
Zeus estava na prisão, sua bunda traidora não esperou nem uns meses,
depois dele ter sido preso, para ficar com outro cara. Desde então, eu a vi
num total de três vezes e ficou claro que Farrah a criou como uma versão
em miniatura de si mesma, e as duas cadelas odiavam The Fallen e os
Garros.
— Ainda não, Farrah ligou para o Papai exigindo que ele lidasse com
isso, — respondeu King, uma borda na voz como uma faca serrilhada.
Papai olhou para Cress então para mim e seu rosto ficou em branco. —
Berserkers MC abordou sobre parceria. Rejeitei a ideia diretamente. Eles
não aceitaram muito bem.
— Como diabos eles pensaram que algo tão estúpido voaria com o
clube? — King perguntou, inclinando-se para frente para sentar com os
antebraços nos joelhos.
— Você não sabia sobre isso? — perguntei, surpresa que King não
estava por dentro, especialmente agora que ele começou a prospectar.
Ele finalmente mergulhou, mas King fazia parte do clube desde que
saiu do ventre podre de nossa mãe.
— Não me disse merda nenhuma desde que entrei para o clube, — ele
murmurou, mas seus olhos empalideceram de raiva.
Isso fez o cabelo da minha nuca se arrepiar porque Papai e King nunca
foram nada menos que unha e carne como ladrões.
Foi uma reação que me lembrou o quão longe ela estava de ser uma
professora rígida e afetada nos últimos cinco anos, mas o quão longe ela
ainda estava de ser uma verdadeira old lady ou uma garota motoqueira.
Porque, eu?
Minha reação não foi externa, ela floresceu em meu coração como uma
rosa sangrenta envolta em espinhos venenosos. Minha família estava sob
ameaça e nada no mundo importava tanto quanto eles, nem mesmo eu.
A prisão era muito boa para eles, mas era um substituto decente para o
assassinato, desde que cada membro daquele MC afundasse com a porra
do navio.
— Amo você, Loulou, — disse a ela, mas o que eu quis dizer era que eu
a amava o suficiente para me envolver com os Berserkers MC novamente e
derrubá-los por ela.
Capítulo Nove
Saí do prédio da enfermagem depois da minha última aula do dia para
ver um grupo de estudantes cercando algo no estacionamento. Acontecia
algumas vezes na UBC, Vancouver estava cheia de famílias ricas e os
estudantes internacionais tinham que ser muito ricos ou muito sortudos
para garantir uma vaga na escola, por isso não era incomum ver uma
Ferrari ou Aston Martin nos estacionamentos do campus.
Pessoalmente, não dou à mínima. Meu pai era dono da principal oficina
de carros e motos personalizados na costa oeste, já vi todos eles e mais
alguns.
Congelei.
Entendi a multidão.
— Tenho que ir para casa, Wrath, — gritei com um estalar dos meus
dedos. — Te vejo mais tarde.
— Por que você acha que estou aqui? Suba, — ele disse.
Porra.
Eu não queria. Eu queria ir para casa, limpar minha arma, levar Hero
para uma corrida e estudar para minhas provas finais em duas semanas.
Mas, Wrath era tecnicamente meu old man agora, e não tivemos tempo
para descobrir os detalhes.
Dado que era uma das minhas favoritas, uma que roubei do pai com o
AC/DC estampado em vermelho na frente que amarrei na parte inferior
para expor um pedaço da minha barriga bronzeada e o topo das meias
arrastão que eu usava debaixo do meu shortinho jeans. Era uma garota
motoqueira desde que podia falar, até mesmo tinha que admitir que eu
tinha o visual dominado.
Ele fez uma pausa quando um sorriso lento dividiu sua barba em duas.
— Não descobre isso até mais tarde, quando ela estiver de joelhos com seu
pau na boca e você descobrir como ela é boa em chupar você.
Bufei, terminei com o nosso jogo e me movi para me balançar sobre a
moto atrás dele. — Não apostaria em descobrir o poder decimal da minha
sucção, cara.
Nós decolamos e odiei amar estar na garupa de uma moto, tanto quanto
gostei do passeio pelas estradas curvas da UBC, vislumbres de casas
multimilionárias através de portões de segurança abertos e enormes
extensões de vista desobstruídas do oceano, o sol do verão na flor cheia do
meio dia sobre a água prateada. O vento estava no meu cabelo, o cheiro de
asfalto quente e motoqueiro vestido de couro no meu nariz e, em pouco
tempo, cedi ao impulso de jogar meus braços no ar e gritar indecifrável ao
vento impetuoso.
— Sim, nós temos. Temos que falar sobre o fato de eu não ser sua old
lady, — falei para ele.
Ele olhou para mim, suas mãos grandes girando uma base para copos
repetidamente em seus dedos. Não sabia se ele fez isso de propósito, mas
foi um bom lembrete de que ele não era alguém para porra brincar.
— Não quero você assim. Bonita pra caralho como um pêssego, mas
como eu disse antes, isso não importa muito para mim. O que faço é da
minha conta e você não precisa se preocupar com isso, exceto pela parte em
que você continua fingindo ser minha old lady.
— Acho que preciso me preocupar com isso, — disse lentamente, meus
olhos examinando o esconderijo dos motoqueiros em busca de qualquer
irmão Berserker que pudesse estar ouvindo. — Se isso envolver eu mentir
para o clube.
Ele bufou. — Vamos ver se entendi direito, tenho minha própria merda
acontecendo, mas ainda sou VP desta merda de clube e a única razão pela
qual não estou cavando em sua merda – merda tão rançosa que posso
sentir o cheiro a um quilômetro de distância – é porque eu preciso de você.
Reaper pode comprar esse olhar azul de olhos arregalados, mas vejo sua
segunda face, H.R., e sei que você tem merda a esconder, como eu.
Franzi os lábios, mas estava entre uma rocha e um lugar duro. Ele me
salvou daqueles motoqueiros imbecis, claro, mas ao fazê-lo, ele já nos
amarrou inextricavelmente. Se eu quisesse derrubar o MC, teria que seguir
o plano. E de certa forma, era vantajoso ter a proteção do VP,
especialmente sem ter que tomar seu pau.
— Sem dúvida, — ele concordou mais fácil, enfiando uma asa inteira
em sua boca e depois empurrando os ossos limpos entre os dentes.
Ele piscou para mim e seus olhos dispararam para a porta que se abriu
ao som de uma mulher rindo. Seu sorriso apareceu em seu rosto como se
puxado por um fio e agulhas quando ele olhou entre os recém-chegados e
eu.
— Feito.
Dois segundos depois, entendi por que ele estava sorrindo e não gostei
que ele soubesse o suficiente para gozar do meu desconforto.
Wrath mal escondeu seu latido de riso por trás de uma tosse e eu atirei-
lhe um olhar cauteloso, porque parecia que ele sabia demais sobre minha
história com Danner.
Laken serviu-se de uma das minhas asas e disse: — Harleigh Rose, este
é o meu homem, Lion.
Danner estava olhando para mim, seus olhos como pontas de faca
ardendo em minha pele, mas me recusei a olhar em sua direção. Se o
fizesse, todas as minhas paredes bem conservadas desmoronariam e tudo o
que restaria seria eu em minha forma mais baixa, fraca e terna e dele.
— Vamos a isso.
— Então, por que não usar Laken para fazer isso? — aventurei-me,
tomando cuidado para manter minha voz baixa e meus lábios imóveis para
que Laken e Wrath não escutassem a outra extremidade da mesa onde eles
estavam pedindo mais bebidas.
A mão de Danner foi para o meu quadril, fora da vista de alguém, presa
entre nossos corpos enquanto ele ficava um pouco atrás e ao meu lado, mas
eu senti o toque ilícito como pás de choque no meu coração.
— Não quero que você envolvida nessa merda, Rosie, — ele disse
suavemente, muito perto de mim, sua voz no meu ouvido e respiração no
meu pescoço.
Ele se afastou e eu não precisei olhar por cima do ombro para saber que
ele estava com os braços cruzados, os olhos treinados na minha bunda
enquanto me curvava sobre a mesa de sinuca para quebrar as bolas.
Era tarde. Não havia muitas janelas no Bernadette, então era difícil
dizer, mas o sol definitivamente tinha se posto. Bebi pelo menos cinco
cervejas e alguns drinques, uma especialidade provinciana que era uma
combinação inebriante de vodca, café, Bailey e Kahlua, mas por um longo
período de tempo para não ficar tão bêbada como poderia ficar, apenas um
pouco embriagada.
E Danner esteve muito perto a noite toda, mal flertando com Laken, em
vez disso trocando olhares comigo que me deixaram com calafrios no
corpo inteiro e uma dor entre minhas pernas que nenhuma quantidade de
contorções poderia diminuir.
Deveria ter sido mais cuidadosa, mas simplesmente não era esse tipo de
garota.
Ele estava curvado sobre a mesa, alinhando uma jogada difícil para
acertar a bola verde listrada na caçapa do canto, sem acertar a bola amarela
sólida na frente dela.
Laken estava no banheiro, mas não poderia dizer que não faria a mesma
coisa, mesmo se ela estivesse bem na nossa frente.
A camisa branca de Danner havia subido com seu colete, expondo uma
extensão das costas aos meus olhos famintos. Arrastei as pontas dos dedos
de uma mão num sussurro suave em toda sua largura e observei Danner
errar sua tacada.
— Você vai pagar por essa jogada, Rosie, — ele exclamou baixinho, e
pude sentir seu toque contra mim, mesmo que ele estivesse a centímetros
de distância. — Se você fizer isso de novo, não serei responsável pelo que
acontecerá a seguir.
Meu coração estava batendo tão forte que eu podia senti-lo nítido e
óbvio, tatuando meu desejo em cada ponto do pulso. Meus mamilos
endureceram sob minha camisa, minha respiração muito rápida entre meus
lábios entreabertos quando me virei para ver os olhos de Danner ainda em
mim. Estava iluminada pela luxúria como um fodido raio de farol, e não
me importei.
Só queria que Danner me cobrisse com sua forma de escuridão até
explodir em faíscas.
Mordi meu lábio, sem saber se queria admitir o quão duro tenho
tentado todos esses anos fazer exatamente isso. — Não apostaria nisso.
Ainda não consegui.
— Isso nunca está fodidamente bem, — assobiei para ele. — Você vem
vomitando essa merda por anos. Você é um homem, quer uma mulher,
porra, leve-a se ela quiser você de volta.
Então, quando ele começou a me perseguir, presumi que era para onde
ele estava indo. Em vez disso, ele passou por mim, sua mão agarrando meu
pulso e me arrastando atrás dele.
Mas, eu o segui. Eu o segui, porque fiz toda a minha vida e sabia que
sempre o faria.
Ele nos arrastou pelo corredor até os banheiros e depois virou para o
escritório do Bernadette nos fundos.
— Danner, o que... — comecei a perguntar, mas depois me empurrei
contra a parede com painéis e o comprimento longo e duro de seu corpo foi
empurrado contra mim.
— Você quer uma prova de que você me deixa louco, porra, — ele
murmurou, sua testa pressionada na minha, uma mão na parte de trás da
minha cabeça para protegê-la da parede e a outra apertada firmemente na
minha bunda. — Você precisa de mim para fazer algo estúpido como beijar
sua boca doce no fundo deste bar de merda, enquanto os homens que
ficariam felizes em nos matar estão a passos de distância apenas para
provar a você que eu faria qualquer coisa para estar perto de você, em
você, fodendo com você?
A mão na minha cabeça agarrou meus cabelos e puxou para trás, então
meu rosto estava inclinado e meus lábios se separaram num suspiro.
— Qualquer coisa para você, Rosie, — disse ele, uma bênção selvagem.
E, então, ele abaixou a cabeça e atacou.
Não tinha sua boca na minha há mais de três anos e, mesmo assim,
durou apenas alguns minutos. Ainda assim, joguei aquela experiência
repetidamente na minha cabeça como um rolo até que o filme foi distorcido
e manchado com o uso e o tempo.
Foi o momento mais lindo da minha vida, e tive sorte, tive muitos
momentos realmente lindos.
Senti seu suspiro, mas ele permaneceu curvado ao meu redor por mais
um longo momento antes de se afastar.
Levou tudo em mim para não cair de joelhos ali e balançar a boca nele
através do tecido.
— Rosie, — ele disse novamente, sua voz mais suave, mas a palavra
muito mais dolorosa.
— Não seja difícil comigo. — Ele estreitou os olhos e deu mais um passo
para mais perto, mas eu deslizei contra a parede para longe dele e comecei
a me afastar. — Você sempre vomita espinhos assim que me aproximo do
seu coração.
Deus, ele era adorável. Desejei, como eu sempre desejei apenas para ele,
que eu nascesse um tipo diferente de garota.
Mas, não era a boa garota para o seu bom rapaz e nunca seria.
Se Lionel Danner me quisesse, ele teria que vir para mim, para o lado
negro onde os fora da lei governavam, pecar era o caminho e o amor era
cego.
— Então, apenas devemos acreditar que você está fazendo isso pela
bondade do seu coração? — Renner perguntou, seus braços cruzados sobre
o peito, uma carranca fixada no rosto.
— Não tem nada a ver com o fato de seu pai ser o Presidente de um
clube de motoqueiros com sede em Entrance? Pelo que sabemos, eles não
têm uma história de discórdia, mas como podemos acreditar que você não
está fazendo isso para melhorar o clube de seu pai? — Renner perguntou.
Não tinha pensado nisso. Claro, eles estavam meio certos. Eu queria
derrubar o Berserkers MC por causa da minha família, porque queria
protegê-los. Não que eu fosse contar isso a eles.
— Acho que vocês não podem realmente saber, mas como você disse,
não há histórico de rixa entre os dois MCs. — Os dois policiais
compartilharam um olhar e senti a tração deslizar para fora debaixo de
mim. — Que tal isso? Prometo limitar o contato com minha família até que
a investigação termine.
Converso com minha família todos os dias, ainda mais desde o acidente.
Cress e King haviam se formado na UBC no ano anterior, mas estávamos
acostumados a nos ver semanalmente, então eles ligavam muito, apenas
para falar sobre merda. Loulou e eu tínhamos passado por um inferno
juntas, então não achei estranho enviar mensagens todos os dias, às vezes
apenas com memes ou sugestões de músicas, qualquer desculpa para fazer
contato. Meu pai me mandava mensagens duas vezes por dia, todos os dias
desde que me mudei para Vancouver para a universidade. Uma vez pela
manhã, antes de eu sair para a escola, dizendo "chute alguns traseiros
acadêmicos hoje, princesa" e a outra antes de eu ir para a cama todas as
noites, "bons sonhos, pequena durona".
Oh, garoto.
Ela riu e ficou na ponta dos pés para dar um beijo em sua bochecha com
a barba por fazer. — Você não deveria estar aqui, senhor.
Pisquei.
A garota Garro.
Não Rosie.
Balancei para trás com o puro calor de suas palavras e cerrei os dentes
para que eu pudesse me concentrar no que era importante. — Outra
namorada, Danner?
Ele olhou por cima do ombro para mim, seu olhar ardendo. — Vou
terminar com ela esta noite se você prometer estar na minha cama, pronta
para ser punida por dez.
Ele me lançou um sorriso perverso e torto que fez seus olhos verdes
brilharem e disse lentamente: — Sim, Rosie, vejo você esta noite.
A noite estava fria para junho e muito escura. Puxei minha jaqueta de
couro mais perto de mim, desejando ter trazido Hero comigo enquanto me
movia para o estacionamento. Uma pontada de desconforto disparou como
agulhas na pele delicada da minha nuca quando abri a porta do carro, mas
não havia uma alma à vista e disse a mim mesma que estava sendo
paranoica.
Deveria ter ouvido minha intuição. Eu era uma mulher e era uma das
ferramentas mais mortais do nosso arsenal.
— Não grite, vadia. Faça o que lhe digo e você pode terminar a noite em
segurança na sua cama, certo? — A voz era claramente de homem, abafada,
mas profunda sob o capuz.
— Sim, — sussurrei.
Era uma sexta-feira. Todos estavam em casa pela aparência dos carros
estacionados do lado de fora, pelo movimento de corpos nas salas
iluminadas com ouro. Loulou gostava de receber todo mundo tanto quanto
podia, especialmente depois de engravidar. Ela chamava de aninhamento,
meu Pai chamava de “irritante”, mas todos sabiam que ele amava seus
irmãos, sua família e ele amava, ainda mais, tê-los em sua casa.
— Sim, — respirei, o medo como uma coisa viva rastejando com oito
pernas no meu pescoço e meu rosto, cavando presas sob minha pele para
envenenar minha corrente sanguínea.
Não respondi, era óbvio que ele sabia que minha família era meu ponto
fraco.
Poderia dizer que ele estava fumando. Ele estava tentando parar antes
que os bebês chegassem, mas era um hábito difícil de desistir e Lou não era
uma chata, então estava fazendo isso lentamente. Não fiquei surpresa
quando, um minuto depois, a forma igualmente alta do meu irmão
apareceu, mais magro, mas crescendo com músculos grossos de passar
tanto tempo com os irmãos em sua academia no Complexo.
— Deus, pare, — resmunguei, meus olhos ardendo, tão secos, mas não
conseguia piscar, tive que assistir meu pai com meu irmão, tive que me
lembrar a cada segundo que eles estavam vivos e parados ali.
— Não me importo se levar dez anos, você fode com Berserkers MC,
vou matar cada um deles e deixá-la para o fim, você entende o que estou
dizendo? — Ele perguntou, balançando a lâmina na minha garganta
quando eu não acenei imediatamente com a cabeça. — Pensei que você era
inteligente o suficiente para me entender. Tenho que dizer, seria realmente
uma pena você se manter leal, aquela cadela Garro vale a porra mesmo
gorda como ela está.
— Nunca vou sair de casa sem você de novo, — disse a ele sobriamente,
colocando seu rosto doce em minhas mãos e olhando profundamente em
seus olhos castanhos chocolate. — Danner pode ter que comprar um novo
cachorro.
Quando Danner abriu a porta, ele estava sorrindo, e amei isso. Ele não
era um homem que sorria com frequência, mas fazia muito isso perto de
mim e sempre sorria. Amei ter dado a ele leveza para combater seu espírito
sombrio, que ele pesou meus impulsos selvagens apenas o suficiente para
me dar motivo para pensar antes de agir. Éramos tão opostos, mas tão
bonitos emparelhados.
Odiei quando o sorriso caiu de seu rosto e caiu no chão entre nós. Antes
que eu pudesse mentir e dizer a ele que estava bem, estava envolvida
ternamente em seus braços e ele estava me levantando e minha bolsa
grande facilmente pela porta da casa. Podia ouvir os sons de Hero
seguindo quando Danner trancou a porta atrás de nós, armou o alarme e
depois caminhou comigo para uma pequena sala de estar perto da cozinha.
Ele nos sentou, comigo em seu colo, minha bolsa esquecida ao nosso lado.
Hero pulou no sofá ao lado dele e soltou um gemido satisfeito.
Mas eu era Harleigh Rose Garro e fiz um pacto comigo mesma há muito
tempo, no dia em que disse a minha mãe à beira da morte pela última vez,
que não era o tipo de mulher que chorava.
Eu era forte
Ele os mataria. Podia ver isso escrito em seu rosto, suas feições
retorcidas com selvageria pagã e me ocorreu que esta não era a primeira
vez que Danner se ofereceu para fazer o mal por mim.
— Por que você está vestido? — perguntei quando ele pegou o xampu,
ensaboou um pouco entre as mãos e depois me virou no spray para que ele
pudesse massagear meu cabelo até fazer espuma.
Minha cabeça bateu no azulejo atrás de mim com um baque quando ele
fez seu caminho até o meu sexo novamente. — Lion, por favor.
Ele continuou sua lavagem lenta e metódica, seu rosto muito perto de
mim, deveria ter me sentido insegura ou desconfortável. Em vez disso,
meu sangue parecia derretido, chamuscando em minhas veias e agitando-
se na fornalha furiosa em meu coração.
Feito, torci meus dedos em seu cabelo curto e puxei brutalmente até que
ele olhou para mim. O desejo selvagem em minhas entranhas queimou
quando vi suas pupilas dilatadas, o rubor espalhado alto em sua bochecha.
Graças a Cristo, ele também me queria, mesmo quebrada e devastada como
eu estava.
Podia ouvir os sons molhados dele lambendo meu gozo, sentir seu
gemido de triunfo vibrar através do meu clitóris enquanto ele adicionava
dedos à minha boceta apertada e os enrolava para frente.
— Sim, Rosie, — ele disse com voz rouca, inclinando-se para trás para
ver seus dois dedos bombeando para dentro e para fora de mim, para ver
como minhas coxas tremiam. — Seja uma boa garota e goze nos meus
dedos. Quero seu gozo escorrendo pelo meu pulso.
— Sim, — ele elogiou, longo e lento, ainda movendo seus dedos para
dentro e para fora da minha boceta agarrada, mas mais lento agora,
observando-os brilhando comigo cada vez que ele puxava. — Sabia que
você teria uma boceta linda.
Estremeci com o elogio e passei meus dedos por seu cabelo molhado
num silencioso agradecimento.
— Acho que podemos fazer mais um, — disse ele, olhando para mim
com más intenções.
Estremeci só em pensar em ser boa para ele. Deus, eu nunca quis ser boa
para ninguém na minha vida, ou qualquer outra razão além dele, mas
foda-se se eu não queria provar a ele o quão boa garota eu poderia ser.
Demorou mais desta vez, sua língua no meu clitóris em golpes largos e
planos, seus dedos torcidos dentro de mim para esfregar contra as paredes
do meu sexo inchado de uma maneira que fez minha pele ficar tensa e meu
pulso muito forte. Ele me trabalhou de dentro para fora, arrancando um
terceiro orgasmo de mim brutalmente, quase dolorosamente, a ponta de
dor apenas tornando o prazer muito mais fenomenal. Senti-me totalmente
usada, completamente destroçada e estranhamente limpa, como se ele
tivesse me desconstruído apenas para me remontar adequadamente mais
tarde.
E ele fez.
Mas foi quando ele voltou, usando cueca boxer preta, que eu queria
arrancá-la com os dentes algum momento em que tivesse energia, e mexeu
com o sistema de som ao lado da cama até o som suave de “Like Real
People Do” de Hozier encheu o quarto que conhecia, se alguém poderia me
consertar, se alguém poderia amar o espírito selvagem e quebrado que sou
eu, esse alguém era Lionel Danner.
2010
Eu a vi imediatamente. Ela era alta para sua idade, fiquei surpreso por
ela ter crescido tanto nos nove meses em que estive fora no campo de
treinamento da RCMP, mas por outro lado, ela não mudou. O mesmo
cabelo loiro com mechas, tantos tons de dourado, amarelo e castanho mel
que brilhava mesmo sob as luzes artificiais do Evergreen Gas. Ela usava
suas botas de motoqueiro pretas, pesadas demais para seus membros
magros, também enfeitada com seu uniforme personalizado de jeans
rasgado e uma camiseta de concerto, esta do Pink Floyd. Ela parecia bonita
apesar de não querer, apesar da negligência escrita em seus cabelos
emaranhados, jeans sujos e bochechas magras.
Durante toda a minha vida, fui observador, notei que as pessoas fazem
coisas no meio segundo entre o tique e taque do relógio, nas horas sombrias
do crepúsculo e nas horas mortas da madrugada que eles pensavam que
poderiam escapar. Coisas ruins, coisas contra a lei que eu observei e não
senti escrúpulos em me relacionar com a polícia.
Mas, pela primeira vez na minha vida, ao ver alguém agir ilegalmente,
fiquei destroçado.
Quem não notaria uma garota bonita com todo aquele cabelo brilhante
vagando pela loja?
Ela era rápida e ágil e, mesmo quando o adolescente se lançou sobre ela,
não parecia preocupada ou com medo.
Apenas determinada.
Ela vinha mesmo para a porta, mesmo ao meu lado, quando estava ao
lado dela.
Mas seus olhos bateram nos meus quando ela disparou em direção à
porta de vidro e eles se arregalaram quase comicamente, uma cor azul-
marinho tão opaca que pareciam joias. Ainda assim, ela não perdeu o
ritmo. Ela correu, seus olhos em mim, e observei quando ela levantou uma
sobrancelha em pergunta silenciosa.
Então, eu queria rir de mim mesmo. Rosie perguntou a seu Lion se ele a
deixaria se meter em problemas, por mais triviais que fossem as
consequências disso.
Harleigh Rose passou por mim mesmo quando o caixa me chamou para
impedi-la. Fiz uma tentativa idiota de agarrá-la que esperava que iria
satisfazê-lo. Se a risadinha dela era alguma indicação, foi o suficiente para
satisfazer Harleigh Rose.
Harleigh Rose pode ter cortado um buraco na minha fibra moral, mas
não ia deixá-la rasgá-la.
Mais uma vez, tive que lutar contra minha diversão. Ninguém falava
tão eloquentemente através da música como Harleigh Rose e ela era apenas
criança.
— Pensei que estaria por perto, — disse o Velho Sam quando entrei e
levantei meu queixo para ele.
Hesitei, então mudei meu passo em direção aos fundos da loja onde
H.R. estava para o balcão onde o Velho Sam estava sentado.
Ele hesitou.
— Porra, me diga, — rebati. — Você acha que eu vou julgá-lo por não
fazer algo sobre isso, quando por anos me perguntei como você ficou
parado e assistiu isso acontecer? Sim, é tarde demais para isso, Velho Sam.
Então, me conte.
— Você não sabe do que está falando, garoto, — disse ele, mas não
parecia zangado, apenas cansado. — Ligo para o serviço social em Farrah,
você sabe o que acontece? Eles levam essas crianças de Entrance e longe da
possibilidade de estarem com o pai novamente. Então, eles fogem como
fazem, vêm para minha casa e Millie e eu cuidamos deles, o melhor que
podemos.
— Tudo bem, — disse. — Ok, Velho Sam, entendo você. Mas algo
precisa mudar aqui.
— Primeiro, você me liga. Você sabe o meu número, você sabe que se
precisar de mim, virei de Vancouver e pegarei o que você precisa, ok? —
Quando ela assentiu, uma das dezenas de notas amarradas com força em
volta do meu coração se soltou. — Você também liga para o Bat, ok? Você
ou King tem um telefone celular?
— Não, Papai deu à mãe o dinheiro para comprar um para nós, mas
acho que nós dois sabemos para onde isso foi, — disse ela casualmente,
como se o fato de sua mãe ter optado cheirar esse dinheiro na forma de
coca em vez de fornecer para ela e seus filhos fosse um comportamento
normal.
— Ok, amanhã vou levar você e King para a loja e vamos comprar um.
— King acha que não devemos mais sair com você, — ela me disse.
Não era como se eu estivesse com as crianças Garro, mas desde que o
pai deles foi baleado na frente da H.R. anos atrás, senti uma certa
responsabilidade em relação a eles. Com King, foi fácil. Às vezes, ele
passava pela casa dos meus pais no caminho da escola para casa e me via
na garagem, mexendo no velho Mustang Fastback 1968 do meu pai.
Mesmo aos oito e agora com doze anos, o garoto sabia mais sobre carros do
que eu, então arregaçava as mangas e ajudava. Com H.R., era um pouco
mais complicado, principalmente porque ela era uma criança complicada.
Passava algumas horas com ela todos os domingos na Mega Music, mas se
Farrah estava sendo uma cadela, H.R. muitas vezes fugia de casa.
Meu pai era muitas coisas, muitas delas ruins, mas minha mãe era um
anjo.
Então, sem hesitação, ela levou Harleigh Rose para nossa casa,
alimentou-a, deu banho e a colocou na cama no quarto de hóspedes ao lado
de sua suíte.
Tínhamos uma história, as crianças Garros e eu, mas, ainda assim, fiquei
surpreso com o quanto doeu ouvi-la dizer essas palavras.
Pisquei sua expressão sincera e ri. — Você e King não são motoqueiros.
Segurei a ponta do meu o sorriso, porque sabia que ela não gostava
quando parecia que eu estava rindo dela. — Essa é uma peça de
Shakespeare chamada Romeu e Julieta. É incrivelmente estúpido.
Como evidenciado pelo meu erro moral hoje, quando a deixei se safar
do roubo.
Mal conseguia respirar com o peso em meu peito quando entrei na rua
deles e notei uma fila de carros ao redor de seu pequeno bangalô. No
segundo em que desliguei a ignição, ouvi a música.
Porra.
— Vocês me ouviram? — perguntei a Harleigh Rose e King quando ambos
olharam para a casa e depois para mim.
— Claro, Danny, — disse King com um firme aceno de cabeça enquanto subia
pelo console do meio para se sentar no assento do motorista desocupado ao lado de
Harleigh Rose para que ele pudesse pegar a mão dela na sua.
Meu fodido Cristo, era a isto que King e Harleigh Rose eram
submetidos regularmente?
— Rosie, que diabos? Disse para você ficar no carro, — rosnei enquanto
empurrava outro casal para chegar até ela.
King também estava lá, agachado ao lado de sua mãe, sua cabeça em
seu colo, mas meus olhos foram para Farrah.
— King amigo, preciso que você tire meu telefone do meu casaco e ligue
para o 911, ok? — pedi-lhe gentilmente quando encontrava o pulso fraco de
Farrah e silenciosamente agradeci a Deus.
Ele não respondeu, mas ouvi os números sendo digitados no telefone e,
em seguida: — Olá, meu nome é King. Minha mãe teve uma overdose,
preciso que você envie a ambulância.
Fiz uma careta quando usei minha manga para limpar a boca de
vômito, depois joguei seu queixo para trás, apertei seu nariz e comecei a
fazer um boca a boca.
Olhei para baixo em seu rosto, maravilhado com sua beleza dada de
onde ela veio, o que ela experimentou nesta casa de horrores, e sabia que
não importa o quão estranho possa parecer, faria qualquer coisa para
protegê-la de mais danos, por mais imoral que possa ser.
Inclinei minha cabeça para trás e ri, adorando que ele pudesse me fazer
isso, mesmo depois da experiência horrível da noite anterior. Energizada
pela minha trilha sonora, saí da cama e dancei para o banheiro, balançando
a cabeça enquanto me apropriava de sua escova de dente e lavava meu
rosto.
Hero veio direto para mim, pulando para plantar suas patas na minha
coxa, mas meus olhos estavam fundidos em Danner.
Derreti assim que sua boca atingiu a minha, sua boca fria e úmida, sua
língua sedosa contra a minha quando ele inclinou minha cabeça para
aprofundar o beijo e pressionou seu peito suado ainda mais contra o meu
corpo. Ele engoliu meu gemido quando eu dei a ele, em seguida,
cantarolou sua aprovação antes de me afastar.
Coloquei minha mão no pulso da mão que ele tinha no meu rosto para
me orientar, atordoada por nosso contato labial. — Huh?
Ele riu, a sensação disso contra meus mamilos como uma carícia. —
Você parece bem. Assim como a visão de você nas minhas coisas.
Ele alcançou um armário aberto e sorriu para mim quando revelou uma
caixa de Cinnamon Toast Crunch9. — Minha especialidade.
Ri, voltando às primeiras manhãs antes da escola, nos dez meses que
passei morando com os Danners na escola primária. Nas manhãs em que
sua mãe, Susan, estava ocupada com seu trabalho de caridade ou compras,
Danner se encarregava de preparar o café da manhã para King e eu.
Cinnamon Toast Crunch era a extensão de suas proezas culinárias, por isso
era uma coisa boa que nós dois amamos esse negócio.
Olhei para ele e arrogantemente trouxe minha caneca de céu líquido aos
meus lábios. — Só não tomei café o suficiente esta manhã.
Falei na minha caneca antes que ele pudesse começar. — Você quer que
eu preste atenção, sugiro colocar uma camisa.
— Sim, eles repassaram suas regras, mas você vai ver Rosie, tenho
minhas próprias regras. A mais importante delas sendo, você não, sob
quaisquer circunstâncias, sai imprudentemente sem mim, entendeu? Sei
que você está decidida a acabar com este clube por uma variedade de
razões que eu não vou discutir que não são válidas, mas você não sabe
merda nenhuma sobre o trabalho policial e essa mesma paixão que a
colocou nisso pode acabar arruinando esta investigação.
— Você vai ter uma úlcera do jeito que bebe essas coisas, — ele me disse
enquanto caminhava para o outro lado do balcão, apoiou um antebraço
nele e se inclinou para acariciar a parte de trás da minha cabeça. — E você
ainda terá um bom dia, Rosie. Ainda não chegamos à parte boa.
Ele mordeu o canto do seu sorriso. — Você quer chegar lá, me diga que
vai ficar comigo nisso, ok? Preciso saber que você está segura ou farei
merdas estúpidas que não preciso fazer para ter certeza disso.
Não dizia coisas boas sobre mim que eu amava quando ele era estúpido
por mim, mais ainda quando ele fazia mal por mim.
— Oh.
— Como diabos você chama o que quer fazer agora? Isolando-se de The
Fallen?
— Estou fazendo isso por eles, — gritei, jogando minha caneca de café
pela sala, porque minha raiva não tinha eloquência e eu precisava que ele
entendesse. — Faria qualquer coisa para mantê-los seguros.
— Tenho salvado você desde que você tinha seis anos, Rosie, — disse
ele, os olhos em chamas. — Fiz isso várias vezes, mesmo quando
significava ir contra o que eu defendia, porque no final, o que eu defendia
era você, segura e feliz depois de toda a merda que você recebeu. Se eu te
deixei, acha que foi por qualquer outra razão além dessa?
— Talvez você não tenha notado, mas te disse todas as vezes que tocava
música para você, todas as vezes que saía contigo na Mega Music e todas as
vezes que ficava em casa quando jovem para cuidar de você e King. Te
disse quando comprei aquela motocicleta que você queria com a porra de
uma caveira rosa e quando a levei para escolher Hero e o nome dele. Isso
não é o suficiente para você, te disse quando atendi sua ligação, tendo
guardado aquele telefone antigo pelo única razão que queria tê-lo no caso
de você ligar e larguei tudo para arriscar meu cargo disfarçado e correr
para o seu lado.
Ele se inclinou mais perto, seus lábios contra os meus. — Você precisa
de mais, vou lhe dizer agora. Você disse que não abandona a família e isso
pode ser verdade, mas você está fazendo isso agora porque sua família
precisa disso e eu fiz isso com você porque você precisava, mesmo que não
soubesse. Não estava certo que nossa amizade estava se transformando em
algo físico, não quando você era uma adolescente, não quando sou do jeito
que sou.
— Não, Rosie, você não tinha. Porque, goste ou não, eu era o adulto e
você era uma criança. Não viemos do mesmo lado da lei e mais, nossos
pais se matariam se pudessem. Qualquer coisa romântica era, e é,
impossível.
— Eu disse, não dizendo agora que sei o que isso fez com você,
transformando você em Cricket como fez, que faria o mesmo agora. Talvez
eu pudesse ter encontrado a força para manter minhas mãos longe de você
e ainda protegê-la de todas as coisas feias do mundo. Mas, não fiz, e a
morte de Cricket está tanto em mim como em você.
Estive com Cricket para preencher até mesmo uma fração do vazio que
Danner deixou para trás e depois de um ano, quando ele ainda não havia
retornado, decidi que ter qualquer tipo de amor era melhor do que não ter
nada.
Queria me empanturrar com o corpo dele até ter a minha plenitude para
finalmente tirar o Lion Danner da porra do meu sistema.
Sua mandíbula cerrou, e sua mão apertou com força no meu cabelo. —
Estou com você até que estar com você ameace prejudicá-la, Harleigh Rose.
Você pode me dar essa porra.
— Covarde? — Danner disse, sua voz oitavas mais baixa, fria e pesada
como o peso de algemas de aço contra mim. — Querer mantê-la segura é
covardia?
Encarei seu rosto dele e assobiei: — Sim, Danner. Você se preocupa com
alguém, não o deixa ir em face de uma ameaça, você o agarra bem, o
mantém seguro e aquecido durante a tempestade e reza a Deus ou quem
quer seja, que vocês dois saiam disso vivos.
Danner ficou ali, implacável como uma estátua de pedra, seus olhos
sombriamente fechados quando terminei meu discurso e respirei
pesadamente no silêncio.
— Você me conhece, acha que eu sou o tipo de cara que quer bater em
adolescentes travessas e fodê-las tão forte que elas gritam? — Ele
perguntou sem rodeios. — Não. Levei muito tempo para aprender, mas
vou te ensinar. Só há força na submissão, só cuidado na Dominação.
Fazemos o que fazemos porque nos excitamos e deixamos a maior parte no
quarto. Você ainda pode ser a pequena rebelde e durona Rose, e eu ainda
posso ser o bom rapaz Danner.
Sua mão livre se moveu para me cobrir entre as pernas, sobre minha
calcinha vergonhosamente molhada. — Mas nós dois saberemos a verdade.
Pode ser o seu corpo, Harleigh Rose, mas eu o possuo.
Amoleci em seus braços como o corpo derretendo até que apenas suas
mãos em meu pescoço e sobre minha boceta me mantiveram de pé.
Agarrei-me a ele e abri mais minha boca para que ele pudesse me beijar
com mais força.
— Vou levar você, Rosie, — ele me disse contra a pele do meu pescoço,
sua língua lambendo meu pulso latejante. — Vou domá-la, deixá-la
selvagem o suficiente para lutar contra cada toque, resistir a cada impulso
do meu grande pau em sua boceta apertada e molhada.
Ele sorriu. — Minha garota safada fez alguma pesquisa depois que eu
brinquei com ela anos atrás?
— Você já jogou antes? — Havia uma ponta afiada de ciúme que correu
como uma ponta de faca através das minhas inibições controladas.
— Vou brincar com você, vou até quebrá-la com prazer até soluçar meu
nome, mas quando fizer, Rosie, você me chama pelo meu nome.
Ele atacou com uma mão e espancou minha boceta com força.
Gritei e tentei fechar minhas pernas, mas ele segurou-as abertas com seu
aperto cortante, inclinou-se e soprou ar frio contra o meu clitóris dolorido
antes de sugá-lo em sua boca para um beijo cheio e molhado. Quando ele
se endireitou, seus lábios estavam molhados comigo e seus olhos estavam
gelados contra a minha pele aquecida.
Gemi quando ele se afastou, mas ele apenas sorriu um sorrisinho cruel
que me tocou como sua boca na minha boceta e se afastou. Observei com os
olhos semicerrados quando ele abriu uma gaveta cheia de sacos plásticos,
elásticos, prendedores de roupa e outros materiais abrangentes.
Mordi o lábio quando ele voltou para mim, com as mãos atrás das
costas até que ele se agachou e revelou abraçadeiras numa mão. Ele viu
meus olhos se arregalarem, meu peito pesar enquanto ele lentamente atou
meu tornozelo esquerdo na gaveta de um armário e depois o direito em
outra. Podia ver a intenção em seus olhos, o brilho de maldade e satisfação
por estar aberta e protegida para ele.
Não havia nada para mim a não ser meus lábios nos dele, o
deslizamento quente e molhada de sua língua na minha boca e a forma
como sua barba rala raspava na minha bochecha, seus quadris magros
entre minhas pernas escancaradas, sua mão trabalhando entre, dentro e
fora de minha boceta, torcendo, enrolando, girando até que cada
centímetro meu cantava com prazer.
— Deus, — gemi quando ele afundou seus dentes nas cordas fortes do
meu pescoço, trabalhando seu caminho com beliscões suaves e mordidas
firmes na junção do meu pescoço e ombro, onde ele mordeu tão forte e
chupou tanto tempo que era pura agonia requintada. Sabia que ele estava
me marcando, que eu usaria seu amor e a propriedade dele como
hematoma por dias depois. Era um emblema perigoso de posse que eu
usaria com orgulho, que eu amava pra caralho, porque ele o fazia por
loucura, não por lógica, não como normalmente fazia.
Dessa forma, dizia que ele era tanto meu quanto eu era dele.
Seus lábios desceram até o meu peito, onde ele beijou meu mamilo
esquerdo em círculos cada vez menores, sem acertar o alvo. Enrosquei
minhas mãos em seus cabelos e forcei sua boca para mim.
Gritei quando ele agarrou minha mão com uma das suas, o aperto
firme, seus olhos eram sua própria reprimenda quando ele disse: — Não.
Você faz o que eu digo ou nada. Mãos atrás das costas ou vou amarrá-las
lá.
Ele não respondeu, mas não precisava. Em vez disso, ele deslizou seu
moletom cinza por suas coxas, revelando seu pau longo e curvo.
— Você acha que pode lidar com isso? — Ele zombou, seus olhos
escuros, ferozes.
— Experimente, — desafiei.
Uma mão envolveu minha parte inferior das costas para me aproximar,
enquanto a outra disparou do meu peito para minha garganta, onde ele
apertou.
— Como foi, Rosie? Você foi uma garota linda e boa para mim.
— Adorei, — respirei então porque era tão fodidamente bom dizer isso
e acrescentei: — Amo você.
Danner se inclinou para trás para sorrir na minha cara ao mesmo tempo
em que uma batida forte soou na porta da frente.
Então a batida veio novamente, desta vez mais alta e acompanhada pela
voz de Grease chamando: — Yo, imbecil, acorde e abra a porta, porra, está
quente como os peitos de uma stripper aqui fora.
Mas vamos lá, meu policial gostoso barra sexy motoqueiro disfarçado
tinha uma porra de roupeiro? Porra, eu mal sabia o que constituía roupa de
cama.
— Apenas entre nessa porra, — ele ordenou suavemente, asperamente,
em seguida, pegou minha mão enquanto me afastava para dar um beijo
duro na minha boca. — Fique quieta e fique lá até eu te pegar.
Soltei um fluxo de ar lento e silencioso e me senti grata por não ter feito
xixi na calcinha.
Esperei pelo que parecia quinze minutos depois deles saírem, até que
saí do armário e voltei para o quarto de Danner. Havia um telefone
descartável na pia do banheiro e uma nota escrita na condensação no
espelho, a pia tampada e cheia de água fervente.
Nasci assim e fui forjada ainda mais em sua imagem pelo fogo das
provações que sofri em meus anos de formação. Era uma boa semelhança,
uma que eu secretamente era orgulhosa de ter mais do que King, mas pela
primeira vez na minha vida, mesmo depois de tudo o que ele fez por nós,
entendi a incrível responsabilidade que Papai deve ter sentido sabendo que
ele tinha o poder para nos manter seguros e felizes.
Estava quieto quando fiz meu caminho para a velha casa Tudor, sem
surpresa, já que eram onze horas do domingo e isso era cedo pra caralho
para os padrões dos motoqueiros. Fui diretamente ao escritório de Reaper
nos fundos da casa, esperando poder me impor a ele sob o pretexto de
precisar de orientação após a morte de Cricket. Reaper era o tipo de
homem que gostava de ouvir sua própria voz e distribuir sabedoria como
uma espécie de falso profeta, então eu sabia que ele ficaria triste.
Com um sorriso. Reaper Holt não era o tipo de homem que sorria
facilmente, e a visão disso esticando seus traços carnudos e bulbosos em
alguma aparência de alegria enviou um eco de desconforto através do
buraco da minha barriga.
Então, a risada veio de novo, lixa no ar, áspera contra meus ouvidos.
Minha mãe.
Eu não tinha visto Farrah mais de duas vezes nos dez anos desde que os
Danner me acolheram e, em seguida, Papai saiu da prisão e nos fez um lar
novamente. Uma vez foi quando eu tinha dezesseis anos e ela me abordou
na escola, pedindo dinheiro, a próxima e última foi quando a encontrei na
rua numa viagem a Vancouver no meu aniversário de dezoito anos. Ela
olhou através de mim.
Mas, foram os olhos dela que me pegaram. Eles eram do mesmo azul
oceano tropical brilhante que os meus, o mesmo formato largo e redondo e
de cílios encaracolados. Só que os dela estavam cheios de rancor e
amargura que manchavam as bordas como cobre envelhecido.
Aquela velha cadela não era a mulher mais calorosa do mundo, mas ela
era Madonna comparada à Farrah. Ela também passou por muitos
momentos ao lado de Reaper, dezenas de casos e, pelo menos, uma dúzia
de filhos bastardos, além disso, eu não consegui a vê-la desistindo de sua
posição sem lutar.
Não herdei meu amor por garotas motoqueiras da minha mãe. Ela
odiava qualquer pessoa com vagina, especificamente se essa vagina fosse
mais bonita do que ela ou tivesse algo que ela não tivesse.
Deus, olhando para ela, lembrei-me de que metade do meu DNA era
formado a partir do mal puro e me dei uma folga por meu comportamento
não raro. Era natural, dadas as minhas origens.
Fiz o que me foi dito, avançando para ser envolvida em seus braços
fortemente perfumados. — Ei, mãe.
— Melhor, — ela sussurrou no meu ouvido antes de estalar seus lábios
num beijo no ouvido, alto que quase me deixou surda do lado esquerdo. —
Sabia que você ficaria feliz em me ver. As mulheres Maycomb juntas
novamente.
Interessante.
Repugnante.
Mas, útil.
Sabia pela maneira como o sorriso de Farrah deslizou por seus lábios
pintados de vermelho como uma cobra na grama que ela sabia que isso
também era útil.
— Encontrei-a num show de motos algumas semanas atrás. Ela me deu
uma volta, mas porra, peguei-a no final — ele terminou com uma
gargalhada quando beliscou sua bunda e ela o esbofeteou de brincadeira.
— E King?
Ela fez uma careta. — Ele escolheu seu pai, mas, novamente, ele nunca
teve seu cérebro, não é?
Ela estava certa, ele não, ele era muito mais inteligente do que eu.
— Estava dizendo à sua mãe como ela ficaria orgulhosa de saber que
você está conosco há sólidos três anos, primeiro com Cricket, RIP 10, porra,
agora com meu irmão, Wrath.
10 Descanse em Paz.
Ele estava orgulhoso de mim por isso, seu peito estufado, suas
bochechas vermelhas com a força de seu próprio elogio. Em outra vida,
uma vida inferior, sem Papai, Danner e King, eu me perguntaria se teria
sido fraca, o suficiente, para cair em seu feitiço.
— Ele pensa que você é leal, o suficiente, para saber nossos planos para
o clube do seu papai, — Farrah cantou, seus dedos percorrendo o peito de
Reaper e descendo. — Eu não tenho tanta certeza.
Vi meu vôlei marcar dois pontos, um nas torções cruéis dos lábios de
Farrah, e o outro no olhar chocado de prazer mostrado pelo Pres.
— Vamos atrás da carga de The Fallen esta noite, — ela retrucou, sem
paciência. — O que você tem a dizer sobre isso?
Reaper riu e quando Farrah lhe lançou um olhar, ele deu de ombros. —
Eu disse que ela diria isso, lábios doces. Dê um tempo para a garota. Por
que você não vai buscar umas cervejas para celebrarmos esta reunião como
deve ser, porra?
Assim que ela saiu pela porta, levantei uma sobrancelha e disse: —
Sério?
Ele riu novamente e ficou sério. — Você sabe que não deve nos ferrar
esta noite, H.R.? Você é a princesa Berserker agora, não faz parte dos Fallen
e eu não vou permitir que você os avise da emboscada na saída 78.
Fiquei olhando para ele por um longo minuto, observando como ele
coçou seu bigode e chutou suas botas sujas em cima da mesa. Não havia
absolutamente nenhuma maneira, não importa o quanto ele gostasse de
mim, de que ele me daria a localização exata do roubo, a menos que
estivesse me testando.
Respirei fundo, enchi meus olhos até a borda com sinceridade e disse a
Reaper a verdade: — Não vou foder.
Capítulo Quatorze
Danner
Até que Harleigh Rose apareceu numa loja de discos vestindo uma
camiseta do AC/DC do tamanho de uma criança e ouvindo Johnny Cash
como se ele falasse diretamente com ela através do toca-discos. Foi só
quando vi sua situação, vi como a realidade de sua situação com sua mãe
drogada era nada romântica, e como ela e seu irmão eram tão maravilhosos
como pessoas que comecei a reconsiderar como meu sistema estava
programado.
É aí que reside a ironia, porque quanto mais “corrupto” eu era aos olhos
desprezíveis do meu pai, mais forte me sentia, revestido de convicção
titânica e audacioso com confiança em meus próprios princípios
sombreados de cinza.
Inesperado.
Interessante.
Até agora.
Já tinha o suficiente sobre Mutt para encarcerá-lo pelo resto da vida. Ele
era um doente, sem se importar muito com sutileza, e o vi espancar um
homem até a morte no fundo de um bar uma noite no outono passado.
Ninguém no clube relatou o incidente ou denunciou o motoqueiro quando
a polícia finalmente apareceu. Berserkers eram uma ameaça bem conhecida
de Vancouver, ninguém falava contra eles, a menos que quisessem morrer.
Era a parte mais difícil do policiamento, a ideia de que uma parte não
era um substituto digno para o todo. Se começássemos a escolher
motoqueiros individualmente por suas transgressões, isso alertaria o MC
de uma presença policial maior em suas vidas e tornaria quase impossível
chegar perto o suficiente para destruir o clube inteiro. O objetivo era a
besta inteira, não apenas cortar uma de suas muitas cabeças.
Então, esperamos.
Era uma frase que repetia para mim mesmo todos os dias, às vezes,
várias vezes ao dia.
Nós fomos.
Era King.
Precisava entrar na briga, usar o sangue dos The Fallen nas minhas
juntas para que Grease e Reaper vissem mais tarde, como isso me ungia
irrevogavelmente como um deles.
Ele era o garoto que eu alimentei com Cinnamon Toast Crunch quase
todas as manhãs por quase um ano, que me ajudou a transformar meu
Mustang Fastback numa beleza brilhante que eu tinha orgulho de montar,
que sentou comigo à mesa na minha casa na cozinha da mãe fazendo lição
de casa por horas durante a semana, mesmo depois que ele voltou a morar
com Zeus.
— Você acha que eu poderia ficar sentada enquanto sabia que minha
família seria atacada e você ser morto, — ela fervia quando finalmente
terminou sua tarefa e começou a deslizar em sua barriga mais
profundamente no mato.
Porra.
— Cale a boca e faça pressão aqui, — disse, usando sua própria mão
para conter o fluxo de sangue. — Os policiais estão chegando e vão levá-lo
ao hospital.
— Sim, bem, não acho que alguém vai precisar adivinhar pelo jeito que
você me bateu. Jesus, terei dor de cabeça por uma semana depois disso.
Cress não ficará feliz com meu olho roxo.
King sorriu para mim e me bateu nas costas. — Bom te ver, cara. Tenho
que dizer, gosto mais do couro do que aquele visual de caubói canadense
que você geralmente usa.
King jogou a cabeça para trás e riu como se estivéssemos na minha casa
em Entrance atirando na merda da minha garagem, em vez de na beira de
uma estrada cheia de motos e corpos. — Sim, aposto que está pensando
que porra é essa agora, mas não temos tempo para te dar uma dica. Tenho
que ver se Axe-Man vai se safar e vocês dois precisam dar o fora daqui.
Apenas, Wrath não nos levou de volta para a sede do clube quando
entrou nos limites da cidade. Primeiro, ele dirigiu para as entranhas sujas
da East Hastings Street e virou para uma fileira imunda de habitação social.
Encostei ao lado dele quando ele parou diante de uma casa pintada de
branco e descascada e tirei meu capacete.
Wrath tirou o capacete, seu olhar virou-se para a casa, o rosto suave de
uma maneira que reconheci ao ver King com Cress e Zeus com Lou.
— Seu nome é Kylie, — ele começou, sua voz mais rouca do que o
habitual. — Conheci-a quando ela tinha quinze anos e sua mãe tentou
convencer Reaper a pagar pensão de alimentos novamente, porra. Ele
bateu na mãe dela, jogou-a direto no chão na entrada do clube e depois foi
embora. Não sabia que ela tinha quinze anos, mas ao vê-la neste vestido
roxo com o cabelo uma confusão cheia desses pequenos cachos, bateu-me
no rabo tão certo como a mãe dela. Ajudei-a a levantar-se e levei as duas de
volta para casa. Fiquei enquanto Kylie me fazia um fodido chá, como se eu
bebesse, mas bebi.
Ele olhou para as mãos com muitas cicatrizes. — Não se importa com as
mães dos seus bebês, não se importa com os filhos. Há alguns meses, não
sei como, ele tomou conhecimento da Kylie e começou a empurrá-la para
ficar no clube. Mutt chegou a ela.
Assobiei, imaginando o dano que Mutt poderia ter feito a uma garota.
— Ela é uma mulher adulta agora, com 22 anos, mas ela é pequena.
Mutt a mandou para o hospital. Ele cortou a boca dela com um canivete
para que ele pudesse colocar seu pau lá.
— Sim, levou tudo que eu tinha para não entrar na sede do clube numa
fúria de tiros, levando todos os malditos irmãos que pudesse. Eles estavam
lá naquela noite, você me entende? Eles viram Mutt levá-la para seu
quarto, ouviram-na gritar e chorar. Não fizeram merda nenhuma sobre isso
porque esta tripulação não defende a irmandade e a liberdade, ela
representa a supremacia masculina, violando e espancando mulheres até a
submissão, matando aqueles que se opõem a nós, mesmo que seja por uma
merda de cerveja derramada.
Ele parou, sua respiração rápida em seu peito. Uma luz acendeu e
apagou na casa silenciosa, acendeu e apagou novamente.
Um sinal.
— Ele me mataria se soubesse que ela era minha, — disse Wrath,
levantando uma mão para a casa, mesmo que eu não podia ver alguém
olhando para fora. — Me mataria e deixaria seus meninos matá-la, porque
seu senso de lealdade está abalado e ele gosta que provemos que vamos
para o inferno por ele.
— Kylie foi para a universidade com ele, eles fizeram amizade. Quando
a merda aconteceu, fui até King para comprar proteção para ela, mas ele
não queria dinheiro, ele só queria o mesmo para sua irmã. Caí naquele
trabalho, mas Cricket era meu primo e era complicado, mas agora estou
retificando isso agora, dando a ela a proteção de ser minha old lady.
Nem mesmo tentei conter a onda de alívio que inundou meu peito ao
ouvir que o relacionamento de Wrath e Rosie era um estratagema. A culpa
seguiu rapidamente como uma maré vermelha limpando tudo quando
pensei nos meus compromissos com Diana e Laken. Podia me livrar de
Diana, namorávamos há anos, mas não tínhamos uma centelha do que eu
tinha com Rosie. Na verdade, foi uma jogada de pau, mas decidi ligar para
ela naquela noite e acabar com isso por telefone. Ela merecia melhor, mas
Harleigh Rose também.
— Ele sabe que sua irmã está envolvida com a polícia? — perguntei,
porque mesmo que ele amasse sua irmã, não conseguia ver o novo
prospecto, King Garro, gostando dessa ideia.
— Nós temos, — disse, dando uma chance a ele, assim como ele
apostou em mim. — E ela está.
— Certo, bem, acho que não quer que eu conte a King, tudo bem, isso é
problema dela e pode foder com meu show. King manteve sua parte em
nosso acordo. Kylie está em Entrance até esta semana porque minha garota
ama sua mãe e é aniversário dela. Ela voltará depois disso. Não posso
arriscar.
— Ela vai ficar lá com o King para sempre? — perguntei porque sabia
que a resposta era não.
— Por que você não foi à polícia? Por que você não me entregou?
— Eles sabem que têm um infiltrado, não sabem quem é, só que estou
alimentando-os com informações sólidas. Não queria que esta merda se
espalhasse por isso apenas King sabe.
Levantei minhas sobrancelhas e soltei um assobio baixo. — Nem mesmo
Zeus Garro?
Wrath olhou de volta para a casa. — Nós dois temos garotas nessa
briga, acho que precisamos um do outro. — Ele olhou para mim e, pela
primeira vez nos três anos em que o conhecia, pude ver sua alma brilhando
em seus olhos, ampla e profunda também, aparentemente negra, mas cheia
de algo muito mais leve do que qualquer um lhe deu crédito. — Você está
comigo?
Mas, olhei nos olhos de Wrath Marsden e vi uma alma que eu podia
respeitar muito mais do que respeitava os burocratas com quem
trabalhava, o pai que me ensinou que a polícia estava elementarmente,
eternamente certa, e tomei outra de uma série de decisões em minha vida
que não eram moralmente boas, que me empurraram na direção de outro
tipo de irmandade que não aquela com os homens de azul.
Farrah ainda estava lá, e ela o conhecia. Claro, ela estava chapada e
obliterada, por foder qualquer coisa, toda vez que ele a visitava para
conversar com ela sobre como criar seus filhos direito, mas Danner não era
o tipo de homem que uma mulher poderia esquecer.
— Preciso de você para levar minha mulher para casa,— disse Wrath
em voz alta para Danner. — Ela tem aula amanhã e estarei aqui por algum
tempo. Você entendeu?
— Claro que a mãe da garota gostaria de passar mais tempo com ela.
Por que você não a deixa aqui enquanto terminamos nossos negócios? Não
vai demorar.
A raiva de Reaper açoitou o ar. — Não dou uma foda, não é, garoto?
Agora tragam suas bundas aqui e Harleigh Rose vá até sua mãe.
— Não preciso de sua ajuda com isso. Você pode, por favor, se cobrir?
Ela suspirou, mas ouvi o ruído quando ela saiu da cama. — Sim, ouvi
dizer que você manteve um homem por quatro anos. Impressionante, acho,
se você não tivesse deixado ele bater em você. Você nunca aprendeu nada
que tentei te ensinar.
— Oh, ouvi as lições que você ensinou, Farrah, — disse entre dentes. —
Ouvi aquela sobre não usar drogas que você me ensinou quando teve uma
overdose três vezes quando eu tinha dez anos. Ouvi aquela sobre ter
cuidado para não afastar um bom homem, o melhor homem por ser infiel
em todas as maneiras que a palavra significa. E acima de tudo, aprendi que
só porque você se acha uma boa pessoa, não significa que você é, porque
nada que você já fez foi bom ou honesto, e o fato de que você nem parece
entender isso torna tudo muito pior.
Farrah olhou para mim por um longo momento, seu rosto cruel e
impassível, antes de suspirar. — Você sempre foi dramática.
Eu não queria estar lá depois da noite que tive, ver o King cair do soco
de Wrath, ver o Axe-Man levar um tiro no estômago por um homem que
eu desprezava enquanto estava deitada na terra sem fazer nada. Eu queria
ir para casa.
— Você não entende isso porque era muito jovem, mas seu papai era
uma besta. Ele me ordenou como se eu fosse a porra de sua escrava e
depois tirou meus filhos de mim!
— Ele nos levou porque você era uma viciada em drogas, abusiva e
fracassada, — disse a ela categoricamente. — E não vejo você reclamando
de Jacob. Ele também tirou Honey de você.
— E olhe para ela agora! Ela é uma desistente do ensino médio, viciada
em drogas e estrela pornô.
— Tanto Zeus quanto Jacob deixaram você por causa do seu vício em
drogas, quem disse que Reaper será diferente?
Deus, eu esperava que ele fizesse. Esperava que ele a mantivesse e a
enredasse em sua teia imunda, para que, quando ele caísse, ela também
caísse.
Chegar perto dela era como se aninhar de boa vontade ao lado de uma
cascavel, mas havia um medo germinando em meu intestino e minha
intuição não me deixava desenterrar sem identificar a fonte.
Eu fiz.
Meu corpo inteiro estava apertado, numa tentativa de ser uma rocha
forte contra sua lança e cinzel, mas, ainda assim, eles me desgastaram.
— Foco, mãe, quem você quer morto?
Ela cantarolou baixinho por alguns longos minutos, mas não a empurrei
novamente porque herdei meu lado selvagem dela e sabia o que acontecia
quando você empurra um animal feroz com muita força para um canto.
— Você sabia que seu papai arranjou uma nova esposa? — Ela
perguntou docemente.
— O quê?
— Seu papai, ele conseguiu uma doce e jovem nova esposa. Reaper
disse que você não é próxima dele. Você sabia sobre ela?
Cada instinto do meu corpo gritava para mentir e fazê-lo melhor do que
já tinha feito antes. — Não, mãe. Não o vejo desde que me mudei de
Entrance para começar uma vida melhor.
— Minha garota, — ela murmurou, sua voz como açúcar, sua mão
gentil no meu cabelo. — Puxou a mãe.
Não.
Errado, minha mente berrou. Papai salvou Loulou da morte naquele dia
no estacionamento. Ele escolheu salvar a vida de uma garotinha e ir para a
prisão para se vingar em vez de fazer coisas como um covarde. Foi só mais
tarde, até que dezenas de cartas foram escritas, até que dezenas de
obstáculos foram superados e dez anos se passaram que eles se
encontraram como amantes.
— O que você vai conseguir para Reaper para fazer isso? — perguntei
baixinho, como se estivesse com pena da minha mãe, como se não me
importasse com a “putinha” do pai.
Sentei lá, minha colher congelada no ar, leite pingando na mesa, minha
boca aberta e frouxa com choque.
Danner riu com sua mãe, mas seus olhos estavam em mim, gentis e
avaliadores. Ele agachou-se na minha frente, antebraços nas coxas, o rosto
um pouco mais baixo que o meu sentado, mas perto o suficiente para
contar os cílios curtos e pontudos ao redor dos olhos.
Seus olhos eram minha parte favorita em seu rosto, mesmo que me
fizesse corar ao pensar nisso.
Olhei por cima do ombro para King e agarrei sua mão, mesmo sabendo
que isso me fazia parecer um bebê. — Você vai assoprá-las comigo? Não
quero fazer um desejo sem você.
O Velho Sam e sua esposa Millie estavam esperando por nós quando
aparecemos depois do bolo na Mega Music. Assim que abrimos a porta, o
Velho Sam começou a tocar a música de "feliz aniversário" em seu saxofone
velho e brilhante e sua esposa começou a cantar. Millie foi backing vocal de
estrelas como Aretha Franklin e Whitney Houston, então eu disse a mim
mesma que era natural que a beleza de sua voz cantando aquela música
para mim fez meu nariz coçar de lágrimas.
O Velho Sam fechou a loja e colocou disco após disco para dançarmos
numa pequena seção nos fundos da loja perto do toca-discos que eu
sempre usava. Millie e Velho Sam adoravam dançar swing e ensinaram a
Danner e eu alguns de seus movimentos mais legais. Lembrei-me de
balançar sobre os antebraços de Danner, meu cabelo como uma corrente de
ouro enquanto eu girava um círculo completo e pousava com seus braços
ao meu redor. Quando estávamos sem fôlego demais para continuar, o
Velho Sam colocou alguns discos lentos, alguns de Bob Dylan e Leonard
Cohen, músicas que você podia inclinar a cabeça para trás, fechar os olhos
e realmente ouvir. Finalmente, pouco antes do almoço, nós os deixamos,
mas não sem uma pilha de discos talentosos debaixo do meu braço.
Disse sem pensar sobre isso, mas quando Danner contornou o carro
para entrar no banco do motorista, a traição de minhas palavras me atingiu
como uma bala no coração.
Não era o melhor dia de sempre. Não poderia ser. Não com meu pai na
prisão, não quando eu não seria capaz de vê-lo.
Elas não ajudaram em nada com a falta dele, aquela dor fantasma que
sentia em meu coração como se estivesse faltando uma peça vital, mas elas
me faziam sorrir.
Não sorri então, olhando pela janela quando Danner entrou no carro,
ligou-o de modo que “Snake Song” soprou como fumaça pelo espaço entre
nós e a Main Street começou a passar por fora da minha janela. Toquei
meus dedos no vidro frio e imaginei quando meu Pai veria algo novo
novamente.
Estava nevando, apenas uma leve poeira, mas era quase Natal e as ruas
estavam cobertas por isso, assim como Danner, com flocos de neve
derretendo nas pontas de seus longos cílios, nos ombros largos sob o casaco
pesado. Eu queria capturar um dos flocos de gelo em sua bochecha e trazê-
lo para minha boca.
— Nada.
Ele bufou. — Rosie, odeio ser o único a te dizer isso, mas você tem uma
personalidade que envenena ou ilumina uma atmosfera dependendo do
seu humor. No momento, o ar aqui tem gosto de arsênico, então acho que
há algo errado no seu lado do carro.
Suspirei, rolando minha cabeça para trás no banco como se ele estivesse
me irritando quando, realmente, amei o fato dele ter notado.
— Tudo bem, estou sentindo falta do meu pai, ok? Eu sei que tenho
onze anos e muito velha para ficar toda ranhosa com algo assim, mas é
verdade, então tudo bem?
— Certo.
Lancei um olhar para ver se ele estava brincando, mas seus lábios
estavam firmes, cheios e planos.
Quando eu apenas continuei olhando para ele, ele ergueu o queixo para
fora da janela da frente e eu segui o gesto para ver a Ford Mountain
Correctional aparecendo à nossa frente.
Algo que estava germinando em meu peito por meses, que foi plantado
lá anos atrás por um adolescente quando ele me salvou de ver meu pai cair
num tiroteio, que foi regado e tratado desde então com atos após atos
generosos, entrou em erupção no solo desnutrido da minha alma e
desabrochou. Podia senti-lo desfraldado, vermelho, maduro e cheio de
pétalas rechonchudas curvadas em curvas femininas.
A mão dele apertou a minha, depois torceu para que nossas mãos
ficassem entrelaçadas. — Vamos lá, liguei antes e ele está esperando.
Danner
Havia um calor no meu peito que parecia algo mais do que orgulho em
fazer uma boa ação. Estava investido nas crianças Garro. Pode-se até dizer
que eu os amava.
Meu celular tocou nos meus bolsos e eu sabia quem era antes mesmo de
responder.
— Pai.
— Você sabe como são esses bandidos, Lionel. Você foi para a academia,
trabalhou com o Sgt. Renner e eu sei que você viu como essas gangues de
motoqueiros podem brutais.
Eu fui, e eu vi.
O clube em Vancouver, onde fiz meu treinamento policial, chamado
Berserkers MC, era um dos mais desprezíveis sindicatos do crime
organizado que já tive a infelicidade de estudar.
Era quando ele ficava quieto que você tinha que ser cuidadoso.
— Derrubar The Fallen tem sido nossa missão familiar desde que seu
avô estava no cargo e, se eu não terminar o trabalho, será seu dever, — ele
lembrou novamente de algo que cresci ouvindo.
Meu avô fez algumas incursões, prendeu alguns dos irmãos na década
de 60 por posse de drogas com a intenção de distribuir e algumas
acusações de agressão física.
Meu pai não tinha feito nada a menos que você chame Zeus Garro
matando um homem por atirar em uma criança de um bom trabalho
policial e não apenas uma prisão óbvia, visto que ele fez isso no
estacionamento da Igreja Primeira Luz.
Ele estava podre até o âmago, pútrido até a medula e movido pela
ganância a cada batida de seu coração egoísta.
Eu ainda era um novato e, mesmo sendo filho dele, ele ainda estava me
apalpando, até agora, eu tinha sido capaz de me manter fora de seu
“esquadrão de bandidos”, uma coleção de oficiais que ele confiava o
suficiente para incumbir com seu trabalho sujo.
Não sabia os detalhes desse trabalho sujo e realmente não queria saber,
mas tinha a sensação de que inevitavelmente chegaria a uma encruzilhada
onde teria que decidir que tipo de homem queria ser. Do meu pai ou do
meu.
Desliguei o telefone sem ouvir o que meu pai estava dizendo e sorri
para ela quando o guarda a deixou entrar na área de espera comigo.
— Então? — perguntei.
— Você merece, então estou feliz, — disse a ela e, quando seu sorriso
desmoronou, sua boca se apertou e seus olhos arregalaram com o esforço
de não piscar e deixar a umidade acumular.
Deus, aquela vadia da Farrah fodeu com ela tão bem que era uma
maravilha que Harleigh Rose acreditasse que ela merecia alguma bondade.
— Papai quer falar com você, — ela me disse depois de respirar fundo
pelo nariz.
— O quê?
Ela revirou os olhos. — Ele não é assim tão assustador, você sabe. Claro,
ele tem o dobro do seu tamanho, mas honestamente, ele tem o dobro do
tamanho de qualquer pessoa, então você não deve se sentir mal por isso.
Atravessar o espaço até Zeus Garro, que estava sentado com suas
poderosas coxas abertas, mãos enormes apoiadas na mesa e queixo erguido
como se ainda estivesse segurando o tribunal de motoqueiros da prisão, foi
uma das caminhadas mais longas da minha vida.
— É por isso que você está fazendo isso, então vou te agradecer? Então,
vou pensar que te devo uma? — Ele perguntou num rosnado baixo.
— Estou fazendo isso porque estava lá naquele dia em que você levou
um tiro para salvar Louise Lafayette e, apesar do que fui criado para
pensar, não acho que você seja totalmente mau. Mais do que isso, conheci
Harleigh Rose naquele dia, eu a vi desmaiar com a força do seu grito
enquanto ela via você cair e as pessoas formam laços sobre algo assim. Nós
fizemos. Mantive-me em contato vagamente ao longo dos anos e depois a
vi há três meses roubando barras de chocolate apenas para se alimentar.
Alimentei as crianças e as levei para casa para ter outra conversa com sua
boceta de ex-mulher e King e Harleigh Rose a encontraram morrendo no
chão. O que um homem pode fazer quando se depara com uma situação
como essa, além acolhê-los?
Garro olhou para mim por um longo minuto com olhos da mesma cor e
cortado como uma lâmina. Havia tatuagens que corriam de seus pulsos
para cima sob as mangas arregaçadas de seu macacão laranja e uma
enorme cicatriz irregular na junção de sua garganta e ombro como se
alguém tivesse levado um machado nele.
No entanto, havia algo sobre a maneira como ele estava com sua filha,
tão obviamente radiante em vê-la, tão confortavelmente apaixonado, mais
como um pai suburbano típico do que um motoqueiro fora da lei. Algo
também no modo como ele se sentou ali, relaxado, mas enrolado, casual,
mas astuto, que me fez querer dar-lhe meu respeito, mesmo depois de anos
ouvindo que motoqueiros e Zeus Garro, acima de tudo, eram sujeira.
— Grande homem, talvez ele chame a polícia, certifique-se de que as
crianças sejam colocadas numa boa casa ou empurre para um parente
distante para acolhê-las. Bom homem, ele as deixa na casa da mãe e se
afasta, sentindo-se como se tivesse feito seu bom trabalho de samaritano
durante o dia, o mês ou a porra do ano. Um homem mau nunca repararia
que Harleigh Rose foge de um edifício ao som de tiros e correria atrás dela,
para não estar aqui sentado comigo agora.
Ele fez uma pausa, seus olhos perfurando-me até que ele pareceu
encontrar o ouro que procurava. — Nah, tenho a sensação de que, apesar
de você ser filho daquele filho da puta do Harold Danner, você é algo
completamente diferente do que qualquer um desses homens. Você tem
coração e moral como nunca vi, fazendo o que está fazendo com meus
filhos. Você quer meu agradecimento ou não, conseguiu.
— As coisas vão mudar quando eu sair, — disse ele sobre o barulho das
correntes enquanto juntava as pontas dos dedos.
Dei de ombros. — Claro, eles vão morar com você, mas não vejo porque
não posso estar na vida deles.
Ele se moveu para frente para me encarar, seus olhos claros prateados
intensos. — No momento, você é o tipo de cara que salva crianças do outro
lado dos trilhos apenas porque elas precisam de ajuda, mesmo que não seja
da sua conta. Não significa que alguns anos mais tarde, fazendo mais
trabalho para o seu pai, você não muda. Não quero esse tipo de
intolerância em torno dos meus filhos, entendeu?
— Entendi, — cerrei os dentes, odiando que ele pensasse que isso era
mesmo uma possibilidade e odiando ainda mais que provavelmente era.
Ignorei isso.
Garro inclinou a cabeça para trás para manter contato visual comigo e
assentiu. — Rosie? Não acredito que minha princesa motoqueira deixa
você chamá-la assim.
— Disse a você que o tipo de coisa que passamos por você formam um
vínculo que nunca murcha.
Bati meus os nós dos dedos na mesa e girei nos calcanhares, deixando
para trás a incerteza que Zeus semeou em minha cabeça.
— Oh, meu Deus, oh, meu Deus, porra, — Harleigh Rose repetiu,
caindo de joelhos assim que o criador abriu o portão para o quintal, onde
os filhotes estavam brincando na neve. — Oh, meu Deus.
Deveria ter dito a ela para cuidar de sua boca, mas não o fiz. Ela estava
tendo um momento e não queria estragar tudo para ela.
— Eu quero fazer isso, juntos, — disse ela num tom que não mediou
argumentos. — Agora, entre aqui.
— Ele gosta de você, — observou ela, enquanto ele tentava beijar meu
rosto, sua língua lambendo uma milha por minuto, mesmo que ele estava
longe demais para fazer contato.
— Acho que devemos levá-lo, — disse ela pulando de repente para seus
pés para dizer ao criador. — Podemos levar este?
— Ele vai ser um cão policial, Rosie, você não acha que ele é mais um
amante do que um lutador? — perguntei quando o filhote rosnou e tentou
se lançar para frente em minhas mãos para que ele pudesse chegar até
mim.
— Ele já te ama, imagine o que fará por você se você estiver em perigo,
— disse ela com facilidade, como se não fosse de partir o coração que uma
criança de onze anos soubesse o suficiente para dizer isso.
Estava aconchegando Rosie na cama, mesmo que ela declarasse que era
velha demais para isso. Era o aniversário dela, no entanto, depois que
minha mãe terminou de falar baixinho com ela sobre o que as mulheres
falavam, peguei o novo cachorrinho e fui dar boa noite.
Palavras não podiam descrever o quão quente isso me fazia sentir. King
ficou exatamente assim no jantar também, lambeu seu prato praticamente
limpo, sua risada uma adição frequente ao ambiente enquanto ele
encantava minha mãe e eu com seu senso de humor maduro além dos seus
anos.
Foi, de longe, a melhor coisa que já fiz nos meus dezenove anos.
— Uh huh, acho que você não está entendendo que ele pode ser
tecnicamente meu cão policial, mas eu o peguei porque achei que você
também poderia usar um amigo.
Ela piscou para mim, a luz da lâmpada transformando seus olhos num
azul-turquesa profundo. — Acho que você é o melhor homem que já
conheci.
Não sabia o que dizer para fazê-la se sentir menos estranha por dizer
isso ou eu menos constrangido por ouvir.
— Sim?
— Sim, porque ele vai ser um cão policial e vai ser seu, então o nome
combina com ele duas vezes.
— Três vezes mais, então. Ele fará parte de vocês e se alguém merece
um herói, é você — falei honestamente, incapaz de manter as palavras na
minha boca.
Lembrava-me muito pouco de Jacob dos dois anos que ele morou na
casa de meu pai com minha mãe. Ele era um bom homem, levado pelas
artimanhas de Farrah até ela engravidar e era tarde demais para voltar
atrás. Lembrei-me dele fazendo panquecas para nós algumas manhãs,
quando a mãe estava desmaiada ou de ressaca na cama, como ele deixou
King sentar em seu colo uma vez em seu enorme caminhão de trabalho
para poder tocar a buzina. Farrah era apenas negligente em vez de cruel
quando estava por perto, mas, infelizmente, isso não era frequente porque
Jacob era um caminhoneiro de longa distância, então nossa vida não era tão
diferente com ele. Também não foi tão diferente quando Farrah
engravidou, porque ela apenas cortou as injeções e ainda bebia forte todo
fim de semana em suas festas.
Mesmo aos seis, disse à minha mãe que Honey era um nome estúpido
para dar a uma criança, mas ela insistiu que era doce. Ela não teve muita
escolha em nomear King ou eu, porque Zeus decidiu nossos nomes assim
que ele conheceu nossos gêneros, e acho que ela acreditava que dar a
“Honey” um nome tão borbulhante a ajudaria a ser uma garota
borbulhante.
Minha respiração deixou meu corpo num sopro forte, meus mamilos se
contraíram em pontos doloridos com força suficiente para cortar diamantes
e minha boceta apertou.
Este era o sujo Dom Danner e ele queria me punir por minha
imprudência.
O sorriso de Danner foi uma longa e lenta curva de seus lábios. — Não.
Inclinei meu queixo e olhei para ele enquanto lambia a baba do canto da
minha boca. — Você não me controla, ninguém faz.
Eu tremia, sim em meus lábios porque queria que ele me testasse e não
baixo na minha garganta pronto para ser gritado porque não queria
decepcioná-lo.
Só queria sentir.
Danner desabotoou seu jeans apenas o suficiente para puxar seu pau,
tão grosso que parecia impossível, coberto de veias tentadoras que eu
queria traçar com a minha língua.
Ele agarrou seu pau grande e puxou com força, de forma que uma
pérola de pré-sêmen brilhava na ponta. Uma de suas mãos encontrou a
parte de trás da minha cabeça, agarrando o cabelo para me segurar ainda,
para que ele pudesse se pintar nos meus lábios.
Minha mão desceu pela minha barriga e curvou-se através das minhas
dobras molhadas para encontrar meu clitóris. Joguei, mas fiz isso distraída,
todo o meu foco no meu homem diante de mim.
Ofeguei, minha boca aberta para Danner enfiar seu pau e ele o fez,
direto para o fundo da minha boca e depois com apenas uma breve
hesitação, o suficiente para me preparar, na minha garganta.
— É isso, — ele me encorajou, sua voz gutural. — Leve todo esse pau
grosso pela sua garganta.
Amei a dor disso, a luta para mantê-lo baixo e apertá-lo. Meus olhos
lacrimejaram, lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas e amei isso
também, porque ele me viu lutando e sabia que eu estava sendo uma boa
garota.
Dentro. Garganta abaixo mais suave agora, fodendo meu rosto com um
ritmo constante, minha mão em suas coxas não o empurrando, mas
arranhando-o, desesperada para ele se mover mais rápido, usar-me com
mais força.
No próximo impulso, uma de suas mãos pressionou com força na
minha garganta para que ele pudesse sentir o inchaço de seu pau lá e
gememos simultaneamente com a sensação.
Ele puxou o suficiente para que eu pudesse chupar sua ponta quando
inclinei minha cabeça para olhar em seu rosto severo e bonito. Ele parecia
um Deus em pé acima de mim, exigindo minha adoração,
maravilhosamente impressionado com a minha prostração.
Seu polegar tirou uma das minhas lágrimas e foi para sua boca para que
ele pudesse chupá-la. Tremi.
Eu fodi seu pau com minha boca, destruindo sua reserva até que suas
mãos estivessem no meu cabelo, apertando e me puxando para frente e
para trás contra seus quadris empurrando. Minha boca fez sons obscenos
enquanto eu sorvia e babava sobre o comprimento grosso e cheio de veias
dele.
— Abra sua boca e mantenha-a bem aberta para mim, — ele ordenou de
repente, seu punho apertado ao redor de seu pau vermelho-escuro e
raivoso. — Mãos atrás das costas.
Movi minhas mãos e abri minha boca antes que eu pudesse racionalizar
conscientemente seu pedido.
— Vou usá-la para gozar, mas você trabalhou duro para ter uma
escolha. Você quer meu esperma em sua boca ou no seu lindo rosto e seios?
— Ele perguntou quando ele lentamente puxou o punho apertado sobre o
comprimento pulsante de si mesmo, torcendo o aperto sobre a cabeça de
uma maneira que fez suas pernas tremerem ligeiramente.
Queria seu esperma na minha língua, para saber que o tinha agradado
da maneira mais óbvia, tendo a evidência entre os meus lábios.
Então, disse a única coisa que podia. — Quero que você goze onde
quiser.
Os olhos de Danner dilataram-se até que seus olhos eram piscinas
negras, revelando a escuridão que ele tentou manter escondida dentro dele.
Eu.
Ele me empurrou para baixo, então sentei na minha bunda com sua
mão ainda segurando a base do seu pau, ele se sentou em meus joelhos,
colocou a mão no meu cabelo e empurrou.
Meu corpo zumbia com poder cada vez que ele gemia, cada vez que
afundava seu pau em minha boca e eu sabia que estava lhe dando prazer.
Não fechei os olhos quando ele recuou um pouco, sacudiu seu pau com
força e começou a gozar na minha boca. Seu rosto estava torturado, a boca
rosa aberta, olhos bem fechados, seu cabelo suado e dourado caindo em
seu rosto, tão lindo que eu não conseguia respirar. Seu abdômen apertado e
suado, uma gota de suor rolando por sua trilha de tesouro na base de seu
pau tenso enquanto ele trabalhava, bombeando sua semente sobre meus
lábios e bochechas, explodindo em minha língua.
O gosto dele era ambrosia, um presente do homem divino que eu
sempre amei.
Meu corpo inteiro estremeceu e sorri para ele. — Com você? Sempre.
Gritei quando ele rolou para fora da cama, bateu meu tornozelo para
me arrastar para mais perto e depois me levantou sobre seu ombro como se
eu fosse uma coisa pequena e não dez centímetros mais baixa que seu um
metro e noventa.
— Foda-se! — gritei para ele enquanto ele ria, com segurança fora do
spray.
Ele sorriu para mim e me bateu mais forte do que o spray frio que eu
nunca o tinha visto mais feliz. — Parecia que você precisava se refrescar.
Foi preciso ver isso escrito em seu rosto ousado e brilhante como um
grafite para me fazer perceber que era verdade para mim também. Podia
sentir a leveza do meu coração, quente e confortável no meu peito pela
primeira vez na minha vida, como se estivesse envolto em feltro.
— E você parece sujo, Danner, — disse com um sorriso radiante que o
fez piscar. Eu me inclinei para frente para agarrar seu pau flácido e forçá-lo
a nadar para a frente do spray. — Por que você não me deixa limpar você?
Mais tarde, depois que tomamos banho, depois que Danner me fez
montar seu rosto em três orgasmos, seus dedos na minha boceta e na
minha bunda, para que eu ser fodida sempre que empurrava meus
quadris, depois Hero pulou na cama, ele estava pressionado contra mim de
um lado e Danner do outro, Danner me tomou em seus braços e o colocou
para fora de mim.
— Preciso que você entenda algo para mim, — ele murmurou, sua voz
suave, mas seu tom firme de uma maneira que eu sabia que suas palavras
me machucariam. — Sei que você é uma coisa selvagem e foda-me, mas eu
amo isso em você. Não tenho nenhum desejo de domá-la em qualquer
lugar, exceto no quarto e mesmo lá, estou disposto a lutar por isso. Mas
preciso que você reconheça que toda vez que você se coloca em perigo, é
tempo de me juntar a você ou serei incapaz de chegar até você, apesar dos
meus melhores esforços. Se algo acontecer com você porque eu não estava
lá para protegê-la, você está me condenando a uma vida de incapacidade.
Não me refiro fisicamente, Rosie, o que quero dizer é que, se você morrer,
vou continuar respirando, mas não vou continuar vivendo porque a parte
mais bonita da minha vida teria deixado de existir.
— Se eu fizer isso com você, — continuou ele, sua mão passando pelo
meu cabelo, sua voz devastadoramente casual como se o que ele disse fosse
apenas óbvio. — Você também precisa saber, estou feliz em morrer por
você. Se isso é o que você precisa em algum lugar no fundo, saber que, pelo
menos, alguém em sua vida te ama mais do que qualquer outro, que eles se
sacrificariam, porra, sem piscar se houvesse pelo menos uma chance um
por cento maior de você sobreviver, então eu posso te dar isso. Continue
vivendo imprudentemente, continue se jogando em situações sem saber e
sem se importar totalmente se você vai sobreviver. Mas, como eu disse,
você precisa saber que eu me importo, muito. Eu me importo o suficiente
para morrer por isso.
Estava chorando de novo, pelo que parecia ser a décima segunda vez
nas últimas semanas, após anos de olhos secos.
Não era que eu não fosse amada, porque eu era. Minha família me
amava tão lindamente que, às vezes, eu sofria com carinho por eles, meu
coração estava tão sobrecarregado pelo peso do meu respeito por eles que
não batia direito.
Era que eu sabia como o amor pode ser lindo porque eu o sentia e via o
brilho romântico entre King e Cress, Papai e Loulou, até mesmo o velho
Buck e Maja, mas nunca tive isso para mim. E me matou admitir, até para
mim mesma, mas sob toda essa confiança espinhosa e atrevida, abriguei o
coração terno e ganancioso de um romântico.
E por anos esse coração ansiava por amor, não apenas de qualquer um,
mas dele, o homem que me segurava com força em seus braços fortes.
Parecia uma impossibilidade minha vida inteira até que ele voltou
explodindo em minha vida, sempre o herói, salvando-me de mim mesma
com Cricket, assim como ele me salvou de mim por toda a minha vida.
Ele riu na minha mão. — Sim, rebelde. Minha boa garota na cama e
minha garota má lá fora, não posso dizer que não amo isso.
— Bom, — sussurrei, porque por mais que eu desejasse ser boa como ele
durante toda a minha vida, eu sabia que era muito motoqueira, muito
Garro e muito eu para sempre fugir do perigo se isso significava que algo
importante estava em jogo.
Mas, mesmo com o pensamento passou pela minha mente, meu coração
me lembrou de outra dor, aquela que doía como a perda de um membro.
Estava feliz com Danner de uma maneira que nunca pensei que poderia
estar, mas não estava completa.
Como eu poderia quando não via minha família?
Loulou: Seu pai está me deixando maluca, H.R. Sério, você vai ligar de
volta para ele parar de andar e abrir um buraco na nossa sala de estar? Não
quero que os bebês caiam quando chegarem.
King: Fui à Mega Music hoje. Atirei na merda com o Velho Sam. Disse
que não via você há um tempo e que está ficando cansativo, H.R., então eu
consertaria essa porra agora. Venha passar um domingo comigo como nos
velhos tempos. Iremos à Mega Music e passaremos pela antiga casa de
Danner para visitar Susan. Você sabe que ela deixou o velho Danner, certo?
Não me ignore, pirralha, ou vou arrastá-la sozinho montanha acima, porra.
Lila: Sinto sua falta, cadela. Sei que você provavelmente tem um bom
motivo para ficar longe, seja o que for. Mas, todos nós sentimos muito a sua
falta. Como vou planejar um casamento sem a minha cadela motoqueira de
honra?
Meus olhos estavam ardendo quando terminei de ler alguns dos muitos
textos e meu coração parecia fatalmente frágil, construído de cinzas, mal
sustentado pelo afeto e atenção constante de Danner.
Harleigh Rose: Preciso de mais tempo. Sinto sua falta também xxxx.
Capítulo Dezoito
2017.
— Não, sou bom, cara, — disse a Rick pela quarta vez. — Basta ficar
com o material suave, sabe?
— Ele não está aqui, está? — ele perguntou com um sorriso desleixado
antes de se aproximar.
Virei minha cabeça para que seus lábios molhados atingissem minha
bochecha e rosnei: — Avisei uma vez, vou avisá-lo duas vezes e não outra
vez, porra. Para trás. Fora.
— Tenho que ver se há algum doce sob esse ato, — ele murmurou para
si mesmo e depois me empurrou contra a parede com uma mão e enfiou a
outra direto nas minhas calças.
Meu joelho bateu forte, direto em suas bolas desprotegidas e quando ele
se dobrou com uma exalação de dor, empurrei a palma da minha mão em
Uma mão forte apertou meu ombro e eu olhei em volta bem a tempo de
ver um dos seus amigos enfiar a mão no meu peito.
— Porra, sai de cima dele, sua psicopata! — Ele gritou na minha cara
antes de me empurrar novamente contra a parede.
— Ele era o único que não queria me largar, porra, — rosnei para ele. —
E se você me tocar de novo, vou te dar um nariz quebrado para combinar.
O cara, mais alto que eu, mas não muito porque eu era alta, bufou e
estalou os nós dos dedos. — Ok, certo. Não me faça bater em uma garota.
Foda-se isso.
Pulei para ele, travando minhas pernas em volta de sua cintura e puxei
seu cabelo.
Notei cocaína circulando por aí, a coca faz isso com as pessoas.
Não durou muito, talvez dez minutos, antes que as luzes vermelhas e
azuis passassem pelas janelas da frente e os policiais descessem.
Fui presa por agressão, Rick gritando que prestaria queixa quando um
oficial novato me algemou e me escoltou até a traseira de seu veículo
policial. Não era minha primeira vez usando algemas ou estando naquela
gaiola no banco de trás, e a luta valeu a pena para provar algo, então eu
realmente não me importei em passar a noite na prisão.
Não o via há três meses. Nós dois sabíamos porquê, mas ele não tinha
me explicado. Não conseguia parar de flertar descaradamente com ele, de
incitá-lo com insinuações sexuais e usar shorts cada vez mais curtos e tops
mais profundos para chamar sua atenção. Acho que nós dois sabíamos que,
às vezes, metia-me em problemas só para ele aparecer e passar tempo
comigo.
Era fácil culpar nossa distância pelo fato de que ele se envolveu nos
negócios de The Fallen quando a mulher de meu irmão, Cressida foi
sequestrada sob sua supervisão e sua foda resultou no aumento do ódio de
Zeus por ele e solidificou o crescente desdém de King. Mas, nós dois
sabíamos a verdade. Encontraríamos uma maneira de passar um tempo
juntos, mesmo que isso significasse a ira de nossa família, mesmo que esse
tempo fosse gasto de forma platônica porque eu era muito jovem para ele e
ele era bom demais para mim.
Foi só no carro quando estendi a mão para mexer em seu iPod e “Short
Change Hero” murmurou baixinho através do carro, que ele olhou para
mim pelo canto dos olhos enquanto saía do estacionamento.
Dei de ombros porque era verdade e não queria lhe dar mais
combustível para adicionar ao fogo que ele estava tentando colocar aos
meus pés.
— Você tem orgulho disso? Você está feliz em saber que esses oficiais e
sua família, seus amigos, as pessoas desta cidade, que você chama de lar,
todos a conhecem pelo nome e reputação como a princesa de The Fallen,
como “a selvagem” que está prevista para acabar no reformatório mais
cedo ou mais tarde?
Eu não fiz.
Era muito ingênua para entender porque queria aquela borda da dor,
porque parecia certo que, mesmo de joelhos diante de mim, Danner estava
no controle, ditando meu prazer como um juiz cruel e insensível.
Só sabia que queria agradá-lo. Sabia que usava o desgosto dele como
uma blusa de pelos debaixo das minhas roupas, com comichão e coçando
até que seria lentamente enlouquecida o suficiente para implorar por
perdão da maneira que ele achasse adequado concedê-lo.
Ele não era um cara carinhoso e aberto, mas quando ele franzia a testa
para mim, seu rosto todo transformado pela paixão, e me repreendia com
palavras duras naquele tom áspero, podia sentir o peso de sua intensidade
por mim como um manto de pele em volta dos meus ombros. Era uma
maneira pagã de me sentir reconhecida, mas fazia sentido dada a
selvageria brutal com que meu coração adolescente ansiava por ele.
Um som chamou minha atenção, apenas algo fraco como o uivo de uma
tempestade de inverno gemendo pela casa ou o gemido de uma árvore
esfregando o telhado com o vento.
Minha mão voou para minha boca quando percebi o que estava
ouvindo.
Melhor.
Podia ouvi-lo agora, o leve thwap12, thwap, thwap de sua mão deslizando
sobre seu pau duro, a rajada dura sua respiração quando ele exalou e,
então, o som ainda mais baixo do pornô que ele estava assistindo.
Estremeci com a ordem daquela voz, com a forma como ela enviou uma
pulsação do meu cérebro pela minha espinha e direto entre as minhas
pernas, onde latejava, molhada e quente.
— Sim, senhor, por favor, senhor. Vou chupar você tão bem.
Ouvir com ele, o homem brincar com sua mulher, a maneira como ele a
ordenou em tons frios e comandantes que não continham argumentos e a
maneira como a mulher gozou, gritando enquanto ele a comia e
implorando por seu pau, sua língua e seu esperma em sua boca.
— Oh, Deus, — gemi, minhas coxas tão molhadas com gozo que
deslizaram juntas com um barulho audível.
Tinha dezessete anos e, apesar de ser virgem por razões que nem
Cricket nem eu entendíamos, fiz oral e todas essas outras coisas. Pensava
que sabia o suficiente sobre sexo para aguentar o que se passava.
Eu não sabia.
— Tudo bem, você quer que eu te trate como uma mulher responsável e
não como uma pirralha? — perguntou ele enquanto uma mão, a que não
me segurava, alisou uma perna e sobre minha bunda, arrastando minha
camiseta com ela para que minha pele nua fosse exposta ao seu olhar.
Estava ofegante, confusa e excitada e com tanta raiva que me senti feita
de fogo, correndo o risco de virar fumaça e explodir no segundo em que
suas mãos parassem de acender minhas chamas.
— Ok?
— Hum. — mordi o lábio, mas sabia o que dizer: — Tudo bem, Lion.
— Se for demais, apenas me diga para parar, Rosie. — Sua voz não
amoleceu, e fiquei grata por isso, porque teria arruinado o momento, mas
pude ler seu breve amolecimento na maneira como ele espalmou minha
bunda e no uso de seu apelido para mim.
Tapa.
O som estalou no ar, adicionando drama ao golpe que senti como dedos
enfiando em meu núcleo apertado.
Tapa.
Tapa. Tapa.
— Dê-me mais, — implorei, minha voz quebrando enquanto minha
mente se partia em pedaços carbonizados, dissolvida em cinzas.
Deus, eu faço. Pela primeira vez em anos, meu espírito se sentiu livre de
sua gaiola de autodúvidas e repreensões, livre de restrições sociais e
costumes. Achava que ser uma fora da lei era o mais livre possível, mas
estava errada.
Sabia mesmo quando me chocou. Ele nem sequer me tocou, pelo menos
sexualmente, realmente não. E, no entanto, estava à beira de um orgasmo
esmagador tão forte que sabia que desmaiaria quando ele finalmente
quebrasse e me carregasse para o limite.
— Lion, — gemi, virando minha cabeça em sua panturrilha para poder
mordê-la bruscamente numa silenciosa demanda por mais.
— Aí está ela, — ele elogiou quando uma mão deslizou pela minha
bunda na dobra encharcada entre minhas coxas. — Esta é a minha boa
Rosie.
Então, ele enfiou dois dedos na minha boceta e deu um estalo cruel na
nádega.
Peguei seu pulso quando ele empurrou o peso do meu cabelo para
longe do meu rosto e beijei seu pulso.
Fiz uma careta, arrastando-me das bordas do sono para poder discutir
seu ponto, mas quando abri os olhos, ele já estava do outro lado do quarto,
fechando a porta atrás dele.
Não o vi depois disso, exceto de passagem por mais seis meses e essa foi
a última vez que o vi por três anos e meio.
CapítuloDezenove
Estava na hora do exame. Como três semanas se passaram num borrão
de mudanças, não tinha muita certeza, mas lá estava eu sentada na sala de
exames com centenas de outros estudantes, fazendo o último teste que eu
precisava fazer antes de me graduar para me tornar uma enfermeira
totalmente qualificada.
Danner estava lá, encostado em sua Harley Davidson Sportster Iron 883
preta e dourada. Ele estava com o colete dos Berserkers, seu cabelo
castanho desarrumado em redor de seu rosto bonito, seus pés com botas
cruzados nos tornozelos enquanto se sentava de lado no assento.
Não havia multidão ao seu redor dele como havia com Wrath, porque,
embora Danner fosse menos fisicamente intimidante, havia algo em sua
aura que dizia às pessoas para ficarem longe ou se danarem.
Ele mordeu a ponta de seu sorriso daquele jeito que eu amava. — Não
acho que você já disse exatamente essas palavras, mas vou levá-lo.
Assenti firmemente. — Não sou uma garota florida, então se fosse você
pegaria o que você pode conseguir.
Desta vez, uma risada baixa e curta que ressoou por ele até mim. — Oh,
acho que você é muito florida. Quando eu te enraízo na cama com algemas,
você floresce para mim, molhada e aberta, tão rosa que é macia, e nunca vi
uma flor tão bonita.
Estremeci em seus braços, uma reação que eu estava começando a
equiparar à submissão em mim, aquela estranha dualidade que Danner me
falou por anos. Que eu poderia ser dura e suave. E eu era suave por ele,
macia, flexível e tão ansiosa para agradar.
— Oh, sim, — ele rosnou, mordendo meu lábio inferior com os dentes.
— Há um novo plugue anal de aço em casa com o seu maldito nome nele.
Vou usá-lo para abrir sua doce bunda enquanto dou meu pau à sua boceta,
então vou dar a nós dois um regalo enfiando meu pau grosso na sua
bunda, quatro dedos na sua boceta, minha língua na sua boca para que
você leve tudo de mim, em todos os lugares que você puder. Só então,
quando você levar tudo o que tenho para te dar como a boa garota que é,
vou te foder até que a única coisa que você lembre é como gritar meu
nome.
Ele riu na minha boca aberta e a beijou com firmeza, antes de me afastar
suavemente. — Não se preocupe, vou ter você dizendo fácil, implorando
sim, Lion, até o final da noite.
Esperei estremecer quando ele se virou para pegar meu capacete e pelo
tempo que ele me entregou, estava levemente composta. Ele me observou
jogar meu cabelo por cima do ombro, prender a redoma na minha cabeça e
subir na Harley atrás dele. Pressionei um beijo e depois uma mordida em
seu ombro e prometi: — Estou ansiosa para vê-lo tentar.
Era fácil esquecer, quando éramos apenas nós dois, que Danner não era
apenas meu.
Ele era seu namorado, ela disse, por mais de dois anos, mas ele
terminou com ela há mais de uma semana.
Ela parecia horrorizada com seu erro. Eu era uma criminosa de uma
família criminosa e sua informante confidencial. Não deveria haver uma
troca de informações pessoais. Mas as regras foram feitas para serem
quebradas, e Danner me disse que geralmente elas estavam entre o
supervisor e o C.I. porque não era um relacionamento que poderia se
formar sem confiança.
Diana Casey pensou que podia confiar em mim, e eu odiei isso que me
fez sentir culpada e boa ao mesmo tempo.
Não disse nada a Danner sobre isso, porque ele não disse nada para
mim. Era óbvio que ela não era importante o suficiente para trazer à tona,
ele nem sequer falou sobre ela uma vez no tempo que passamos juntos,
mas Laken era outra história.
— Pare de olhar como uma bruxa preparando uma maldição e comece a
jogar, — Wrath murmurou para mim enquanto se aproximava do feltro
para dar uma tacada ao meu lado. — Você está sendo óbvia pra caralho.
— É pouca merda, pensar que podemos enviar Mutt e Roper. Eles nem
se encontram com o meu cara, apenas mande uma mensagem com o
número, eles vão direto para o contêiner e pegam as armas.
— Vá, — disse Wrath quando hesitei, e percebi que ele podia sentir a
fúria em meu corpo tenso contra o dele.
13 Todo MC 1% tem seus membros ligados à criminalidade, usam armas e, normalmente, encontros com
outras gangues resultam em sangue, tiros e morte.
Podia sentir o cheiro de seu perfume doce misturando-se com o cheiro
másculo de caubói de Danner e isso me fez querer estrangulá-la.
— Sim.
Laken não era a garota mais inteligente do mundo, mas ela era a filha
favorita de Reaper, e ela aprendeu desde cedo a suspeitar de pessoas que
poderiam usá-la para se aproximar de seu pai. Era por isso que sempre nos
demos bem, entendia o sentimento.
— Não, acabei com meu último exame hoje, tenho andado muito
ocupada com a escola, — menti facilmente.
Ele tinha. Havia mais vermelho em seus lábios que nos dela.
Isso deixaria Laken desconfiada se seu homem lindo não quisesse foder
seu corpo lindo.
Caí na gargalhada. — Você não. Como ela acreditou nisso? Ela deixou
você dormir por aí sobre ela?
— Ela acredita que você não pode segurar um motoqueiro. O pai dela
ensinou-lhe isso.
Certo.
Eu já sabia disso.
Foi uma discussão que tive com ela uma vez sobre doses de tequila
quando confessei a ela que Cricket me batia, às vezes. Ela se perguntou
carrancuda se isso era pior ou melhor que a infidelidade.
— Ainda não gosto disso, — admiti, porque ele era um ímã, forçando
minhas confissões à superfície, então elas zumbiam na minha pele,
desesperadas para ir até ele.
— Eu também não. Você acha que eu quero os lábios dela nos meus
quando os seus são tudo que penso? — Ele perguntou sério.
Franzi minha boca. — Vou lembrá-lo de como eles são doces esta noite
quando chegarmos em casa.
— Oh, sim, — ele gemeu. — Não tenho dúvida de que você vai. Agora,
você promete ser boa pelo resto do tempo que temos que estar aqui? Nada
de olhares ou lutas.
Corri meu dedo sobre minha cabeça como um halo invisível. — Anjo se
apresentando para o serviço.
— Tem fogo?
Podia sentir seus olhos como mãos quentes agarrando minhas roupas.
— Sim. Meu old man.
— Ainda bem que os Berserkers não são uma multidão ciumenta, — ele
riu.
Depois se aproximou, sua mão indo para a minha bunda para beliscar
ou dar um tapa.
E eu estava cansada.
Tão cansada com os homens pensando que podiam tocar uma mulher
porque ela era bonita, ela gostava de se vestir bem para se adequar ao seu
estilo e não tinha medo de mostrar um pouco de pele.
Tão cansada com eles tratando minha irmandade como trapos de porra
descartáveis, como sacos de pancadas, como qualquer coisa menos que
fodido ouro.
Num segundo, sua mão estava alcançando, no próximo estava presa nas
minhas, seu braço torcido atrás de suas costas tão dolorosamente, este perto
de quebrar, que ele caiu de joelhos no chão com um grito chocado de dor.
— Você toca uma mulher sem a permissão dela, esteja preparado para a
porra das consequências, — gritei para ele enquanto colocava minha bota
em suas costas e puxava com mais força seu braço.
— Ei, — chamei, meu cigarro ainda preso entre os meus lábios, mas
caído agora. — O que se passa?
— Pensei que tinha dito para você ser boa? — Ele perguntou, olhando-
me cautelosamente quando pressionei o calcanhar da minha bota com mais
força na virilha do homem deitado gemendo aos meus pés.
Estava presa aos quatro cantos da mesa de centro por algemas de couro
implacáveis e amarrada à vontade de Danner por minha própria
submissão.
Eu gritei, debatendo-me com tanta força que ele teve que me segurar e
trabalhar duro para bombear seu pau na minha boceta apertada.
Eu não era corpo, era eletricidade, zumbindo contra ele, tendo espasmos
como uma corrente.
— Sim, — meu Danner sujo raspou quando ele alcançou sob seu pau
para torcer o plugue na minha bunda de uma maneira que me fez gritar
novamente. — Pegue tudo, Rosie. Goze para mim, deixe-me sentir sua
porra no meu pau.
— Você está pronta para tomar meu pau como minha boa puta? — Ele
me perguntou, sua voz como um dedo extra na minha bunda, me
enchendo com sua posse.
E, então, ele empurrou, não parando até que suas bolas estivessem
pressionadas nas minhas bochechas, seu cabelo áspero da virilha
empurrado contra minha boceta encharcada, esfregando ligeiramente
contra meu clitóris de uma forma que eu sabia que ele me faria gozar
novamente.
Como se soubesse que eu faria qualquer coisa para lhe trazer prazer.
— Sim, — disse a ele enquanto seu pau grosso latejava na minha bunda
e minha boceta vazia pulsava. — Mais, por favor, Lion.
— Sim, — ele falou quente e baixo quando trouxe a mão que não estava
na minha garganta para minha boceta encharcada.
Danner era meu Dom, meu controlador, e ele sabia que tinha poder
sobre meu último desejo.
Ele me segurou.
Apenas Rosie, sem seus espinhos e, até mesmo, de suas pétalas, apenas
uma semente de si mesma.
Isso, ele sabia, e agora podia admitir, era o que eu ansiava e o que meu
Dom Danner me dava.
— Você sempre foi um Dominante? — Perguntei depois que ele me
soltou das algemas, me carregou em seus braços e me deitou em sua cama.
— Tinha catorze anos quando tive minha primeira paixão real por uma
garota chamada Brittany Goodman. Gostava do pescoço dela de todas as
coisas, a graciosa, pálida coluna branca dela exposta por seu cabelo curto.
Imaginei-o adornado com hematomas escuros das minhas mãos e lábios,
com meus dentes mordendo-a e segurando-a enquanto a fodia. Como
pareceria bonito marcado como meu. — Eu podia senti-lo encolher os
ombros em suas mãos enquanto elas alisavam meus tríceps. — Isso me
assustou pra caralho no começo, mas quando cheguei a fodê-la, já tinha
pesquisado o suficiente para saber que os impulsos que eu tinha eram
torções.
— Oito.
— Sim. E eu sou o único que pode lhe dar o que você precisa. Ser minha
rosa selvagem, eriçada de espinhos e vermelha como sangue, mas também
a flor suave, delicada ao meu toque e facilmente arrancada entre meus
dedos. Eu sou o único a quem você dá tanta ternura.
— Sim, — concordei, tão feliz que ele entendeu sem eu ter que
encontrar as palavras para explicar a ele.
Ele sorriu contra meus lábios e depois se recostou para pegar a toalha ao
lado dele e limpar minhas costas. Então ele me enrolou sob os cobertores,
levantou-se para apagar as luzes e se juntou a mim na cama. Hero pegou a
deixa para se juntar a nós e se enrolou sobre nossos pés emaranhados.
Ele olhou para mim finalmente e seus olhos eram uma ardósia cinza em
branco. — Vi você na garupa da moto de Wrath, irmão deles, conversando
com Reaper quando ele estava parado na porta com a sua fodida mãe,
Harleigh Rose. Uma grande família de motoqueiros.
Só que não havia luz, não neste apartamento, não nesta situação.
Deus, seu tom de conversa jogava um contraste cruel com o olhar morto
em seus lindos olhos. Ele nunca ficou com raiva de mim assim. Nós éramos
lutadores, os Garros, meu pai e eu especialmente. Queimamos alto e claro
como uísque em chamas, em seguida, resolvemos, suave o suficiente para
conversar sobre o problema e aliviar a dor.
Este não era meu pai afetuoso e maluco dando um sermão em sua filha
amada e rebelde.
— Papai, — tentei explicar, minha voz, mais hélio do que som, alta e
brilhante com emoção aterrorizada. — Deixe-me explicar.
Ele olhou fixamente para suas mãos com anéis, para o meu nome
gravado no interior de seu pulso forte. A outra mão o encobriu, como se o
magoasse testemunhar seu amor por mim.
— Liguei para casa, tentei fazer com que Lou me ajudasse a entender de
onde minha garotinha poderia ter vindo. Como ela poderia desprezar sua
família por uma mãe que não merece esse nome, um homem que tirou
sangue dos Fallen, um Pres que quer sua família morta. Fiquei chocado
como a merda quando Axe-Man pegou o telefone e me disse que tinha
visto você na emboscada algumas semanas atrás, roubando da sua própria
família.
Minha pele parecia que estava se desfazendo nas costuras, como se meu
enchimento estivesse caindo, o instinto me levando a tapar os buracos,
costurar-me confessando a meu pai tudo o que eu estava fazendo por ele,
não contra ele.
Fui amada durante toda vida pelos melhores homens que já conheci.
Um irmão que espancou meus valentões no parquinho e enfrentou
nossa mãe mesmo quando isso significava ficar sem comida.
Um pai que me tratou como uma princesa, colocando-me tão alto num
pedestal que estava a salvo de perigos, aberta à admiração e afastada das
tragédias da realidade.
Não sei como errei, como escolhi um amor tão negro que me consumiu
em suas dobras escuras antes de pensar em me libertar. Mas, eu o escolhi
em vez deles antes mesmo de saber que havia uma decisão a tomar entre os
dois.
Eles disseram que eu era uma coisa bela, mas tudo que eu fiz foi causar
dor.
Não foi intencional, mas será que isso realmente importa no grande
esquema das coisas?
Que tinha virado as costas para tudo o que conhecia, para me juntar ao
mesmo MC que queria meu pai morto, a minha madrasta grávida
estuprada e o meu clube incendiado.
— Sempre tive orgulho da minha pequena fodona. Deus sabe que você
causou muitos problemas na sua vida para ganhar esse rótulo, mas eu era
um pai orgulhoso, porque você era esperta pra caralho e duas vezes mais
nobre em sua essência.
Meu lábio enrolou, balançando precariamente. Este não era um presente
que ele estava se preparando para me dar, não depois do que eu tinha feito,
o que ele pensou que eu tinha escolhido.
Zeus Garro, presidente do The Fallen MC, estava diante de mim, mais
alto, mais largo e mais feroz do que qualquer outro homem que já conheci.
Assisti quando esse homem fez a transição como Jeckel em Hyde do meu
pai para o meu Pres. O molhado em seus olhos cinzentos de lâmina
congelou demais e suas feições retorcidas e de coração partido suavizadas
e endurecidas como escotilhas. Ele levantou em sua altura total, forte,
deslumbrante e andou alguns passos pesados em minha direção na porta
aberta. Naqueles poucos segundos, ele me cortou de seu coração e se
fechou para mim para sempre.
— Você acabou de provar para mim, para todos que já pensaram que
havia algo de bom no cerne de todo o mal, que eles estavam fodidamente
errados. Você virou as costas aos seus amigos, à porra de sua família e
precisa saber, Harleigh Rose, agora nós viramos as costas para você. A casa
que mantivemos aberta para você, mesmo na sua pior e mais sombria hora
do caralho. Ela está fechada. Se fosse só a mim que você fodeu, talvez eu
pudesse deixar passar porque, porra, você é minha filha, mas você colocou
Lou em perigo e a seus irmãos não nascidos e a seu maldito irmão. Você
acha que posso deixar isso passar?
Ele deu um passo para longe de mim, apenas um pequeno, mas parecia
um milhão de quilômetros e ele já estava se afastando de mim quando deu
o soco final. — Você terminou. Em The Fallen e como uma maldita Garro.
Caí de joelhos, meu punho na boca para tentar conter a terrível força
dos meus soluços enquanto meu corpo estremecia de agonia. Desistindo da
contenção, afundei ainda mais no chão, então minha bochecha molhada
estava colada no chão frio, o mesmo chão que tinha visto o sangue de
Cricket, o mesmo chão em que quase fui estuprada, o mesmo chão em que
fui fodida transformado pela tragédia, agora órfã e sem nome.
Não sei quanto tempo fiquei deitada ali, mas foi o suficiente para
minhas lágrimas secarem, minha alma ensanguentada murchar como uma
casca seca, e estava entorpecida com tudo, exceto com a sensação do chão
contra minha bochecha.
— Rosie.
Havia tanta dor naquela palavra, cada sílaba com a forma de uma ferida
aberta. Sua empatia me acalmou. Lembrou-me que, se alguém podia
entender minha angústia, era Lion.
Não me mexi
— Ninguém poderia fazer isso com você, exceto seu pai, — ele observou
suavemente, e quando eu cantarolei fracamente em concordância, ele
pontuou seu descontentamento com um grunhido. — Bastardo fodido.
— Você está fazendo isso por ele, por sua família. Ele não sabe disso,
então talvez um dia eu possa perdoá-lo por estripá-la assim. Mas, você tem
que se lembrar disso. Você não é uma vítima aqui, Rosie, não está deixando
a vida te pegar nesta porra de tempestade. Você é a tempestade, esta é a sua
configuração, estas são as suas escolhas, e você é forte, e explodirá furiosa e
verdadeira até ver tudo isso passar. Você não é uma vítima, rebelde Rose,
mas uma mártir. Então, vou ficar aqui com você o tempo que você precisar
para absorver este golpe, depois vamos nos levantar e vou levá-la para
casa. Amanhã, vamos acordar juntos e enfrentar o dia dessa forma, lado a
lado, todos os dias a partir de agora até resolvermos este caso e depois
estarei com você quando subir a montanha e deixar sua família levá-la de
volta.
E estava, assim como estava desde que me apaixonei por ele no meu
décimo primeiro aniversário e, da mesma forma, que estaria no meu
nonagésimo.
Amei que ele chamou sua casa de nossa casa. Não conversamos sobre
isso, mas não passei uma noite sem ele desde que o homem encapuzado
me segurou com uma faca no meu carro.
Houve uma longa pausa e depois uma maldição cruel: — Que porra
você está fazendo agora?
— Estou sentada no meu carro, a uma quadra do Porto de Vancouver,
— disse a ele. — Vou aparecer no escritório de Grant Yves, fingindo
procurar por Jacob e Honey, e farei com que ele me diga que empresa e
contêineres de carga os Berserkers estão usando para transportar suas
armas ilegais.
Outra longa pausa. Esta ártica, sólida congelada de uma maneira que
me impediu de discernir o que ele poderia estar pensando.
Engoli em seco. — Sim, Lion, eu lembro. É por isso que estou ligando
para você.
Mastiguei meu chiclete, estalei uma bolha e tentei não deixar sua raiva
tocar o lugar submisso em mim que queria parar, cair e rolar sob seus
comandos.
— Uh, não.
— Não... então, como é que a polícia vai transformar um ativo se não
está envolvida nesta operação rebelde que você está indo?
— Bem, é aí que você entra. Pensei que você poderia trazer suas
algemas.
Danner soltou uma risada áspera e sabia que ele esfregaria uma mão
frustrada no rosto. — Ouça-me com atenção, Rosie. Isto é o que vamos
fazer. Vou reportar isto. Uma caminhonete vai aparecer em quinze minutos
com dois caras em quem confio para vigilância. Eles vão te equipar com
uma escuta, depois você vai conversar com Grant. Se uma única coisa
correr mal com essa conversa, você sai de lá, e quero dizer, se ele até olhar
para você de forma engraçada, você vai embora. Você me entendeu?
— Sabia que você estava farta de esperar e assistir, Harleigh Rose, mas
ainda temos que fazer isto de uma maneira que possamos derrubá-los para
sempre. Não quero você em perigo depois que for revelado que estava
metida nisso, entendeu?
Ele desligou.
Quinze minutos depois, uma van preta parou do outro lado da rua.
Ele se virou para mim com um brilho quando chegamos na parte de trás
da van e ele bateu na porta. — Quero ouvir você concordar comigo, sério,
Rosie.
Ele fez uma careta, mas antes que pudesse me repreender novamente,
as portas foram abertas e estava sendo puxada para dentro de uma van que
só tinha visto em filmes policiais. Havia equipamentos por toda parte, três
computadores, alto-falantes e duas TVs, um rack aparafusado ao chão com
armas e armaduras policiais.
Eles anexaram uma câmera ao colar que usava com "Rosie" escrito em
ouro, fixando-a no pingente de caveira e ossos cruzados que estavam
pendurados ao lado. Eles me explicaram as regras e regulamentos de fazer
uma “emboscada” e o que exatamente estava tentando fazer Grant dizer.
Nunca estive do lado certo da lei antes, mas, aparentemente, ela poderia
oferecer a mesma alta emoção, flagrantemente desconsiderando que
poderia reunir.
Então, fiz o que qualquer mulher que se preze faria nessa situação.
— O quê?
— Não me diga que não posso fazer isso, porque farei de qualquer
maneira e farei bem. Não quero que você tenha que engolir suas palavras
quando eu terminar, porque provei que você estava errado. — Deslizei os
cinquenta centímetros que foi preciso para me pressionar contra ele na rua
escura e vazia, pressionei meus lábios em sua bochecha mal barbeada e
uma mão, a mão segurando minha arma, na parte interna de sua coxa para
que eu pudesse pressionar meus dedos na protuberância esticando seu
jeans. Sim, meu homem desfrutava do perigo tanto quanto eu.
Ele rosnou, mas me libertei antes que ele pudesse me beijar do jeito que
seus olhos diziam que ele queria. Nunca faríamos nada se isso acontecesse.
— Agora, me dê um impulso por cima dessa cerca, — ordenei,
ignorando descaradamente a enorme placa afixada no metal que dizia: —
PROPRIEDADE DA AUTORIDADE DO PORTO DE VANCOUVER:
FIQUE LONGE!
— Você fez isso parecer fácil, — disse a ele com uma sobrancelha
impressionada.
Ele bufou. — Foda-me, vamos lá, vamos fazer isso para que eu possa
levá-la para casa e te virar sobre a porra do meu joelho.
Estremeci, mas corri atrás dele enquanto ele corria para as pilhas de
contêineres de carga multicoloridos empilhados no grande lote.
Ele parecia exatamente com Jacob, seu cabelo vermelho tão brilhante
que refletia como o anel externo laranja de uma chama na luz que saía de
seu escritório.
Havia uma chance de que ele ainda fosse amigo de minha mãe, afinal,
ela praticamente se gabou de ter conseguido o contato de Reaper na
Autoridade Portuária.
Mas, estava disposta a apostar minha vida que não era esse o caso.
— Sim, — ele disse, sua voz repentinamente pesada. — Por que você
não entra, querida?
— Escute, sinto muito ter que ser o único a lhe dizer isso, mas Jacob
morreu num acidente de carro anos atrás. Tentei ficar com a custódia de
Honey, doce garota, mas a província não me concedeu com merda de sua
mãe viva e esperneando, então eu perdi. Deve ter uns dois anos agora que
eu não vejo a garota, embora ela tenha fugido para mim antes.
Só morei com Farrah por nove anos. Não conseguia imaginar o que
dezesseis deles fariam com uma garota.
Ele pode ter sido um homem corrupto, mas ele era um tio amoroso.
Perfeito.
Minha voz estava trêmula quando disse: — Tenho uma amiga que está
namorando um irmão do Berserkers MC. Ela me disse que eles estão
procurando por Honey, que ela deve a eles algo como cinco mil dólares em
dinheiro de drogas.
— Não tenho certeza se você sabe muito sobre o clube, mas eles são
implacáveis. Se ela não pagar e logo, eles a encontram, eles a matarão.
— Puta merda, — disse ele, puxando seu bigode laranja com tanta força
que doía. — Foda-me. Eu não sabia.
Ele franziu a testa para mim, seu rosto turvo de confusão por um
momento glorioso antes de clarear como nuvens, revelando toda a força de
sua fúria percebida.
— Agora isso foi divertido, — disse, sorrindo para ele quando ele se
moveu em torno da mesa e começou a ler os direitos de Grant Yves.
Não era ideal ter que passar por um Berserker para chegar ao lugar
seguro, mas era bom que, se algo acontecesse com Runner, o MC não
questionasse. Runner estava sempre desaparecendo por um tempo.
Levantei minha arma e atirei. Não para ele, não precisava de mais
sangue em minhas mãos, mas perto.
— Ele vai ver você, porra— Danner sibilou enquanto colocava minha
arma na cintura e descia a escada. — Ele vai ver você e contar ao Reaper.
— Não se eu o pegar primeiro, — disse enquanto desaparecia pela
borda e descia.
Um tiro foi disparado, soando tão perto da minha mão na escada que
pude sentir o braço se mexer.
Podia ouvir suas botas pesadas batendo no chão atrás de mim, mas não
estava apavorada. Parecia que eu estava voando enquanto meus membros
longos me carregavam entre as imensas pilhas de contêineres, e o levava a
uma alegre perseguição que esperava poder terminar de volta na van.
Nada.
Bang!
Pulei ao som do tiro tão perto e me virei para ver Runner cair no chão
na entrada do beco entre os contêineres, quinze metros atrás de mim.
Então, Danner, aproximando-se de seu corpo caído, a voz áspera, mas
indiscernível, enquanto lia seus direitos e o algemava.
Danner fez uma careta para mim e depois se virou para Sterling, que
vinha atrás dele com Yves. Ele empurrou Runner para Sterling e pediu: —
Você os pegou.
Ainda assim, ele não falou. Ele me encarou por longos minutos antes de
seu rádio gritar e o outro policial na van, Henson, confirmou que Yves e
Runner estavam contidos.
Ainda assim, ele esperou, olhando-me com uma fúria tão palpável que
senti deslizar pela minha garganta e queimar meu interior. Queria me
explicar, mas sabia que não haveria palavras para fazer Danner entender
porque eu tinha disparado.
Virei fumaça assim que sua mão encontrou meu peito e apertou.
Ainda assim, fiquei surpresa quando ele atacou e deu um tapa nos meus
mamilos tensos com precisão perfeita, enviando uma corrente elétrica de
prazer doloroso direto para minha boceta gotejante. Joguei minha cabeça
contra o recipiente de metal e soltei um grito rouco.
— Você acha que merece esse pau? — Ele exigiu, a coroa do dito pau
posicionada na minha entrada, esfregando para frente e para trás em meu
clitóris, acendendo-o em chamas com o atrito.
Quando não respondi, ele bateu seu pau grosso direto na raiz da minha
boceta agarradora, os sons molhados do nosso sexo abafados pelo meu
grito.
Inferno, ele era a razão pela qual ela fazia parte de fato do clube em
primeiro lugar. Ele era a razão pela qual a conheci na escola primária, e foi
por causa dele que o clube a manteve por perto, apesar dela não ser sua old
lady.
Gemi. — Jesus, Lila, você está tão desesperada por ter as mãos de Nova
em você?
— Não seja uma cadela, — ela reclamou. — Não sou uma cadela com
você sobre o fato de você ter uma queda por um fodido policial.
— E você sabe que querer uma tatuagem é mais do que o que você
insinuou que era, — ela respondeu.
Inclinei meu queixo para ela e teci pela multidão em direção aos barris
situados no lado oposto da fogueira para mantê-los mais ou menos frios.
Alguns caras estavam cuidando dos barris, mas bombeei minha própria
cerveja antes de me virar para voltar para Lila.
Encarei sua cara de desprezo e fiz uma careta. — Saia do meu caminho
ou vou te derrubar como fiz na última festa.
Podia sentir seus olhos como dardos apontados para a parte de trás da
minha cabeça enquanto corria para longe, mas o tirei da minha mente,
determinada a continuar me divertindo.
Então, sua cabeça se abaixou e ele me beijou, seu hálito azedo na minha
boca, arsênico na minha língua. Tentei me afastar e tropecei ligeiramente.
— Ela está bem, acho que bebeu demais, — Rick disse com um pequeno
e odioso sorriso.
Estava num encontro com uma mulher bonita que dirigia a biblioteca
local quando recebi a ligação do telefone de Rosie. Foi rude aceitar, mas
aceitei assim mesmo porque era Rosie. Só que, não era. Era sua melhor
amiga Lila, sua voz frenética ao me contar o que havia acontecido, que
Harleigh Rose desmaiou nos braços do garoto que havia sido presa por
agressão seis meses atrás.
Não a via desde aquela noite, desde que eu a virei sobre meu joelho e
bati naquela doce bunda, levei meus dedos até sua boceta ensopada e a fiz
gozar na minha mão.
Ela ficaria bem, só precisava dormir e não tinha sido agredida, graças a
Deus do caralho.
Virei-me para meu parceiro Gibson, que estava de plantão naquela noite
e exigi saber o que estava sendo feito sobre o filho da puta que a drogou.
Ele hesitou antes de explicar que nada ligava Rick Evans à droga e ela
não havia sido agredida, então não havia nada a ser feito.
Ela ficaria comigo para que eu pudesse observá-la durante a noite e ter
certeza de que ela ficaria bem.
Ela virou a cabeça para mim, os olhos pesados, mas clareando antes que
eu pudesse me afastar.
— Lion, — disse ela na voz suave e sedosa como pétalas de rosa. — Faça
isso ir embora.
— O que, Rosie?
— O beijo dele. Não consigo dormir com isso na minha boca,— ela me
disse, seus olhos azuis como pedras preciosas derretidas.
Eu não deveria.
No intervalo desse minuto, com seus lábios macios nos meus, sua
língua sedosa na minha boca e o cheiro de sua pele floral e cabelo
estampado de fogueira em meu nariz, não havia futuro para mim além
dela.
Uma garota dez anos mais nova que eu que fingia ser experiente, mas
que era tão fresca e lindamente intocada quanto o orvalho da manhã.
Queria manchar essa inocência com minhas mãos ásperas e contaminá-la
com meu pau ao mesmo tempo que queria preservá-la, lutar para defendê-
la.
E então ela adormeceu. Pude ver como a cabeça dela caiu e sua
respiração se aprofundou.
Minha rebelde Rose parecia tão tranquila em seu sono, tão diferente de
suas horas de vigília quando parecia provocada a dominar o mundo. Essa
era a beleza de Harleigh Rose, ela era uma contradição ambulante, a
rebelde e a santa, a boa moça e a pecadora.
Achei que sentar de sentinela e ver com meus próprios olhos que ela
ficaria bem seria o suficiente para reprimir a raiva nuclear que explodiu em
mim repetidamente, mas não foi.
Não haveria justiça para Harleigh Rose porque, às vezes, muitas vezes,
não havia nada que a polícia pudesse fazer.
Eu a deixei lá.
Entrei no meu Mustang, "It Will Come Back" de Hozier tocando nos
alto-falantes porque a cantora me lembrava Rosie e dirigi para a Evergreen
Gas, onde os adolescentes do Entrance Public gostam de passear depois
das festas.
O porra estúpido estava lá, rindo com seus amigos como se não tivesse
acabado de tentar estuprar uma garota inocente.
Estacionei meu carro num terreno escuro do outro lado da rua e esperei.
Não precisei fazer isso por muito tempo, já era tarde, e eles ainda eram
crianças, mesmo que fingissem não ser.
Inclinei-me para ele, minha voz dura em seu ouvido. — Da próxima vez
que você pensar em mexer com qualquer mulher, quanto mais com a
Harleigh Rose Garro, você vai pensar novamente.
— Foda-se cara, — ele disse quando soltei sua boca ligeiramente. —
Essa cadela merece tudo o que ela recebe.
Uma que eu escrevi em seu corpo com azul machucado, com golpes que
teci como caligrafia em torno de seu torso e rosto, o florescimento de minha
assinatura em seus olhos pretos combinando.
A besta em mim, aquele selvagem que tentei durante anos reprimir com
banalidades e substitutos se enfureceu gloriosamente dentro de mim, bateu
no peito como um guerreiro pagão reclamando a vitória, como um alfa que
protegeu com sucesso sua companheira.
Meu telefone tocou assim que entrei na garagem e sabia quem seria,
como sempre fazia quando ele ligava, antes de atender.
— Papai.
— Lionel.
— Escute, filho, estou preparado para encobrir isso para você, — disse
ele, a voz do diabo, pedindo-me para assinar minha alma com tinta de
sangue. — Fácil de fazer, o garoto Rick Evans está apavorado e sem cérebro
e mal admitiu a Percy que você foi o único que bateu nele. Mas as crianças
ficam ousadas com o tempo, como tenho certeza que você sabe, — ele fez
uma pausa para deixar seu ponto velado afundar: — Então, é melhor
varrermos isso para debaixo do tapete agora, enquanto ainda podemos.
— Só preciso saber que posso contar com você como meu braço direito.
Há coisas acontecendo na cidade e eu poderia usar um bom homem, o
homem certo e meu filho como um jogador nele.
— Não.
— Não vou deixar nada de ruim acontecer com você, filho. Já está
resolvido, só queria te colocar a par. Junte-se a mim para jantar na casa do
prefeito Lafayette neste fim de semana. Vou apresentar você a um grande
amigo meu, Javier Ventura. E, Lionel, da próxima vez que eu ligar, esteja
pronto para servir seus irmãos de azul.
Fiquei olhando para o silêncio depois que ele desligou, furioso comigo
mesmo por não entender a profundidade da depravação que meu pai
sucumbiu. Ele estava esperando por isso, algum deslize para que pudesse
me chantagear para trabalhar com seus policiais corruptos.
Sentei-me no carro, olhando para a casa antiga dos meus avós, agora
minha, imaginando como muitas vezes fazia, a família que plantaria lá
dentro, a esposa, os filhos e o cachorro que iluminariam a casa vazia até
que soasse com risos e barulho.
Sempre imaginei o tipo de vida da cerca branca para mim, mas percebi
enquanto estava sentado ali, a voz do meu pai no meu ouvido, o sangue de
Rick Evan nos meus dedos doloridos, que o tipo de mulher que ansiava
não era desse tipo de mulher.
Ela era o tipo de mulher que escalaria uma cerca branca apenas para
grafitar a casa intocada. O tipo de mulher que socaria o valentão na
garganta e sacudia o cabelo enquanto o fazia, magnífica e selvagem.
Por pior que ela fingisse ser, por melhor que eu agisse, a verdade era
que, de nós dois, ela era a única que era boa demais para se contentar
comigo.
Precisava sair da cidade, para longe dela. Ela era muito jovem e
inocente para o minha perversidade e escuridão secreta, para a teia
emaranhada que meu pai acabara de me atirar com força.
The Fight14.
Havia trinta e nove irmãos e todos eles deveriam lutar, exceto Reaper,
que continuou a luta como o Imperador de Roma em seu coliseu. Ajudei os
irmãos a montar o palco, um pequeno círculo de terra no quintal, marcado
com estacas e fortes cordas brancas e destacado por enormes luzes
14 A Luta.
industriais que cegariam os olhos do competidor. Tivemos uma
tempestade de verão durante a noite, então a grama estava escorregadia, o
chão abaixo dela macio e sugador.
Mas a parte fodida da luta não era o fato de colocar homens que
deveriam ser irmãos uns contra os outros.
Não.
Era o fato de que cada homem tinha que dar uma garantia e essa
garantia só era aceita na forma de uma mulher. Se você perder, o vencedor
pode reclamar uma foda da sua mulher. Se você vencer a luta inteira, pode
escolher quantas garotas quiser por apenas uma noite.
Não passei muito tempo com ela nas últimas seis semanas, algo que ela
oficialmente não aguentava mais. Ela apareceu na minha casa naquela
manhã, felizmente enquanto Harleigh Rose estava fora com Wrath, e exigiu
passar o dia comigo.
Por pouco, evitei transar com ela, arrastando-a por Vancouver por
horas, levando-a para o Earnest Ice Cream, caminhando ao longo do
paredão e beijando-a no Stanley Park. Nunca a levei a um encontro como
esse e ela estava emocionada.
Obviamente, não disse a ela que tinha tomado Harleigh Rose no mesmo
dia anterior, que minha garota rebelde amava o sabor de uísque avelã de
Earnest e, que, quando nos sentamos ao lado do oceano, ela manteve uma
mão na minha e a outra torcida no pelo sedoso de Hero, seu rosto contente
porque ela estava com dois de seus homens, embora o outro a tivesse
excomungado.
Ela estava sob o braço enorme de Wrath, aninhada ao lado dele como se
fosse feita para ele, alta o suficiente para que ele não tivesse que se dobrar
ao meio para tocar seus lábios nos dela como estava fazendo naquele
momento.
Laken pressionou contra mim, agarrou meu rosto com uma mão e olhou
para mim. — Você acha que não vejo você sempre olhando para minha
amiga Harleigh, pense novamente, Lion. Não sou instruída, mas também
não sou burra. Sou sua old lady e é graças a mim que você conseguiu sua
parte, então que tal um pouco de gratidão?
Não sabia, mas quis dizer a garota do outro lado do quintal, aquela que
Wrath estava colocando como garantia porque ela era dele e Reaper
ordenou isso.
Agora, tinha que contar com Wrath vencendo The Fight para manter
Harleigh Rose segura.
— É meu dever, — disse Laken, voltando meu foco para ela. — É uma
honra como sua old lady.
Tradição, como vim a saber, era um deus falso que me recusei a adorar.
— Fodido, — repeti.
— Não se preocupe, vou fazer isso. Você se preocupa tanto, não perca,
— disse Laken com um sorriso largo.
Segundos depois, Reaper se juntou a nós com sua nova old lady debaixo
do braço.
Farrah.
Porra.
Harleigh Rose esteve interferindo a noite toda com sua mãe, tentando
mantê-la fora da minha vista para que ela não me reconhecesse, mas sabia
que isso era inevitável, especialmente no The Fight.
Era mais velho para começar e usava isso no rosto, mais áspero do que
dez anos atrás, enrugado e bronzeado por passar muitas horas fora de casa.
Usando um colete com o cabelo na cara e um tipo diferente de atitude no
ar, esperava como o inferno que fosse o suficiente. Deveria ter sido dado
que, nas vezes em que a vi naquela época, ela estava muito doida.
Farrah era viciada, mas era esperta demais para ser tomada como certa.
Então, quando ela se aproximou do braço de Reaper, sabia que teria que
usar todas as ferramentas do meu arsenal para fazê-la acreditar que era
outra pessoa.
Reaper levantou o queixo para ele e depois olhou para mim. — Você
está pronto para a sua primeira vez, irmão? Não há emoção como essa em
todo este maldito mundo.
Ele jogou a cabeça para trás e riu. — Wrath venceu nos últimos dois
anos consecutivos, você o vence, eu lhe darei permissão para foder
qualquer uma old lady por uma semana, não apenas uma noite miserável.
Você merece isso, porra.
— Pai, — disse Laken com um revirar de olhos amoroso, como se seu
pai estivesse apenas sendo bobo e indulgente, não imoral e psicótico.
— É uma pena levar uma pancada num rosto tão bonito, — Farrah
disse, seus olhos estreitos, fendas vermelhas. Estava claro que ela estava
chapada pra caralho.
Farrah olhou para mim por um longo momento, depois se virou para
bater os cílios para o velho. — Por que você não deixa esse belo Lion ir
primeiro, Reaper? Ele quer provar a si mesmo para sua mulher, por que
não o fazer passar por todas as trinta e nove rodadas para provar isso?
Então, lembrei-me que ela era uma vadia desprezível que gostava de
jogar jogos perigosos por esporte.
— Isso vai ser tão quente, — Laken sussurrou em meu ouvido quando
Mutt e Twiz me deram tapas nas costas para dar sorte.
Seria, muitas coisas, mas duvidava muito que seria quente.
Falsos.
Mas a besta em mim que suavizei ao longo dos anos no Dom em mim,
fervia com a ideia de que ela fosse tocada por um homem.
Que se dane que ele estivesse com ela assim para protegê-la.
Era desde que ela tinha seis anos e seria até que ela morresse em mais
ou menos cem anos, se eu tivesse algo a dizer sobre isso.
Meus pés me levaram escada acima para o quarto de Wrath antes que
qualquer esperança de minha mente racional pudesse entrar em ação.
Uma risada.
A risada sensual e encorpada que reconheci em qualquer lugar como a
de Harleigh Rose.
Um grunhido.
Profundo, viril.
Não dela.
Wrath.
Rastreei cada centímetro do corpo dela com meus olhos, testei o cheiro
no ar em busca de sexo como algum tipo de cão de caça, e depois fui até
ela, não satisfeito por ela estar vestida e intocada, e minha até que tivesse
meus braços em volta dela e minha boca na dela.
Comi seu grunhido de protesto até que era um gemido e ela derreteu
como sempre fazia em meus braços.
Sim. Minha.
— Irmão, já ouviu falar da porra de batida? — Wrath perguntou atrás
de mim.
Ele era grande, muito grande, e sabia que precisava de minha energia
para o The Fight.
— Cara, — resmunguei.
Olhei para ele. — Se você parasse de beijá-la, pode ajudar com isso.
— Foi por muito pouco, — admiti, sem vergonha do meu ciúme, porque
não tinha vergonha de como a amava. — Não queria te foder na luta.
Contando com você para manter Harleigh Rose longe das mãos de outra
pessoa.
A alegria de Wrath caiu de seu rosto e caiu no chão como uma pedra. —
Porra, conte com isso, irmão.
Ignorei-a, virando-a e puxando seus quadris para cima, para que sua
bunda ficasse inclinada como a porra de pêssego maduro.
Estendi a mão, desabotoei seu jeans e o puxei para baixo de suas coxas
para que o jeans as mantivesse fechadas. Ela engasgou quando agarrei o T
de sua calcinha e puxei para que o tecido se partisse ao meio e depois
novamente quando caí de joelhos e espalhei suas nádegas com meus
polegares para que eu pudesse ver seu centro rosa e úmido. Tão
fodidamente linda minha boca cheia d'água.
— Fique quieta enquanto como você, — pedi antes de lamber de seu
clitóris até sua bunda, seu doce sabor explodindo na minha língua, mel e
inebriante como hidromel. — Você faz um barulho e vou levá-la sobre o
meu joelho mais tarde e punir este bela bunda com um remo.
— Sim, Lion, — ela gemeu, balançando para frente na ponta dos pés
enquanto golpeava sua outra bochecha.
Ela era meio céu, meio inferno, cada encontro no ápice de suas coxas. E
quando adorava lá, era uma oração e um pecado.
Adicionei três dedos em sua boceta, mesmo sabendo que seria demais,
ansioso para vê-la lutar para seguir minhas ordens.
Um gemido cortou sua garganta quando ela resistiu contra meus dedos
bombeando, contra o polegar que eu girei em volta de sua bunda.
— Cada centímetro seu é meu para fazer o que eu quiser, — disse a ela
antes de me inclinar para morder sua bunda linda. — Sua bunda, sua
boceta e sua boca bonita.
Outro tapa.
— Não.
— Pegue meu pau como minha boa puta e deixarei você gozar. —
grunhi quando o suor gotejava pela minha testa e caía em sua bunda rosa.
Ela quebrou.
Quebrando entre minhas mãos e sobre meu pau latejante como ondas
quebrando numa costa rochosa. Sua boceta me puxou, uma maré de sucção
que fez meu pau inchar e finalmente explodir dentro dela.
— Deus, posso sentir você, — ela respirou com admiração enquanto
meu esperma bombeava dentro dela.
Minha.
Horas depois.
Meu corpo era uma contusão viva, cada membro tão pesado de fadiga
que era um milagre que eu ainda não tivesse caído no chão em derrota.
Mas, eu não poderia fazer isso com Laken, mesmo que ela pensasse que
dormir com outro homem para mim fosse algum tipo de versão distorcida
de romântico.
Não a amava, nunca cheguei perto, mas gostava dela. Ela era doce e
atrevida, uma mulher que amava sua família e gostava de rir. Ela não
merecia ser passada como cerveja num copo de campeonato.
Mas concentrei minha mente cantando, apenas mais um, apenas mais um.
Antes que ele terminasse de falar, Grease saltou para frente, seu punho
indo para minha têmpora.
Eu queria me mover, podia ouvir a voz de Harleigh Rose me
implorando para ter cuidado na confusão cacofônica de gritos da multidão,
mas não consegui encontrar a velocidade para escapar daquele soco fatal,
mesmo tentando.
Conectou com um som que senti mais do que ouvi, os nós dos dedos
esmagando contra esse ponto macio sobre meu ouvido, o punho
encontrando o osso com um estrondo surdo que explodiu em meu cérebro
e o atirou contra o outro lado do meu crânio.
— Vou ganhar essa coisa, não se preocupe, Harls, — disse ele baixinho,
com um aperto estranhamente reconfortante no meu braço.
— Mostre-se, — murmurei.
Então, ele passou a perna por cima da corda e entrou no ringue para
lutar contra Grease, que ainda estava de pé depois de mais quinze rodadas.
Ele falou com seu Sargento de Armas baixinho demais para eu ouvir,
mesmo estando tão perto dele, mas eu vi quando ele deslizou algo para
Grease que brilhava metálico nas luzes brilhantes do estádio.
Wrath começou feroz, seus punhos tão poderosos que um único soco
parecia balançar o lutador mais velho em seu âmago. Foi uma coisa incrível
de se ver, como Davi versus Golias só que desta vez, eu esperava como o
inferno meu Golias ganhasse.
Wrath pode ter sido uma potência, mas foi Danner que foi letal como a
ponta afiada de uma lâmina.
Nunca tinha visto nada mais quente do que ele, serpenteando em torno
de socos e mergulhando em corpos com uma série de socos viciosos,
acertando perfeitamente nos rins, maçãs do rosto e na saliência estreita da
mandíbula.
Estava ansiosa para foder com ele quando ele chegasse em casa, para
adorá-lo como um soldado que voltou da guerra, só que agora ele estava
em coma em algum lugar com aquela vadia, Laken, e eu estava assistindo
outro homem me defender.
Mas Grease estava perto o suficiente para acertar socos curtos e afiados
no estômago de Wrath, que floresceu repetidamente em feridas abertas.
Wrath o soltou com um grunhido de dor, sua mão indo para um corte
particularmente horrível.
Algo pegou e piscou para mim nas luzes, algo afixado na mão de
Grease.
— Você quer ser Berserker agora, garota, você tem que ser batizada com
o estilo Berserker, ungida com a porra de meus irmãos, — declarou Reaper.
— Bem com isso? — Ela perguntou, seu rosto tão semelhante ao meu
enrugado em choque. — Harleigh baby, foi minha ideia.
E o Golias desmoronou.
— Não, — gritei, tão longo e tão alto que fui lançada de volta ao dia em
que meu pai levou um tiro no peito, só que desta vez não tinha Danner
para me proteger da verdade.
Twiz apareceu por cima de mim e prendeu meus pulsos, Pink Eye ao pé
do sofá segurou minhas botas de chute. Grease zombou de mim e me
montou, depois se inclinou mais para sussurrar em meu ouvido.
Então, Wrath estava lá, puxando Twiz e Pink Eye de cima de mim,
enquanto ele sangrava por todo o chão por causa de seus ferimentos.
— Minha, — ele grunhiu para eles, então bateu em seu peito. — Porra,
minha.
— Você está terminado aqui, — disse Reaper numa voz como um golpe
de martelo. — Entregue seu colete e dê a porra do fora deste clube.
15 Anterior Cruciate Ligament (ACL) Injuries – Lesõ es do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) - a ruptura, ou
estiramento, do ligamento cruzado anterior é uma das lesõ es mais comuns no joelho.
Danner olhou para ele por cima do corpo gorgolejante de Grease. —
Esta merda está fodida, Pres. Não significa que não posso fazer minha
parte pelo clube.
Dei um passo à frente, para dizer algo para retificar a situação antes que
os últimos três anos do trabalho de Danner fossem pelo ralo, mas Wrath
me acalmou com uma mão cuidadosa e sutilmente balançou a cabeça.
Ele não olhou para mim, mas eu sabia que ele queria, enquanto saía
pela porta da frente para a noite.
Wrath grunhiu.
— E você, — ele me disse, colocando sua arma entre mim e o corredor
atrás dele. — Tenho outra maneira de provar que você é leal, você é muito
puritana para tomar uma porra de um pau. Chegue ao meu escritório.
Então, eu fiz.
Eu fiz, então entrei na sala para sentar numa das cadeiras do outro lado
da mesa dele. A raiva correu tão rapidamente em minhas veias, que eu
estava preocupada de não ser capaz de conter o fluxo dela da minha boca
se ele me pedisse para falar.
Eu estava muito cansada, muito zangada para dar a ele qualquer coisa,
senão uma dose de atrevimento. — Nenhuma merda.
Suas sobrancelhas dele saltaram. — Você sabe?
— É o Lion.
— Não estou, — corri para dizer. — Pensei tê-lo reconhecido, mas não
me lembrava de onde. Devia ser uma criança quando ele era policial lá, e
eu era filha de um motoqueiro, o que eu sabia sobre policiais?
Ele hesitou, respirando pesadamente, seus olhos escuros sinistros. —
Difícil de acreditar, garota, especialmente quando você não se permitiria
ter Grease. Como vou confiar em você?
Prefiro que ele exploda essa bala no meu cérebro do que pensar em fazer
algo tão grotesco com alguém tão malditamente bonito.
Caí de joelhos para lhe arranhar a orelha, mas mantive meus olhos no
meu homem. Ele não disse nada e até mesmo seus olhos estavam
indecifráveis quando dei um beijo na cabeça do cachorro e me aproximei
dele.
— Você está bem? — perguntei, orgulhosa por minha voz não tremer.
Foi uma provocação idiota, mas ele sorriu para mim. — Não queria que
você se preocupasse com isso quando voltasse. O banho e o cuidado
também me deram tempo para colocar minhas merdas sob controle. Você
demorou um tempo, o que aconteceu depois que eu saí?
— Quer dizer que você pode fazer mais do que cereais? — disse com
um falso suspiro para que ele sorrisse.
Ele pode.
Eu queria reunir todos os seus sorrisos e colocá-los numa jarra para tirar
e olhar mais tarde, quando tudo terminasse e nunca mais o visse.
— Sim, pirralha, acontece que eu faço a melhor porra de salsicha e
macarrão com queijo deste lado da fronteira, — ele me disse com orgulho.
— Mais uma vez, vou mencionar que três anos do trabalho da sua vida
foram pelo ralo... preciso verificar se você tem uma concussão?
Ele congelou, aquela quietude que ele podia afetar era árida, a sala ficou
se solidificou com ele. — Você não está comigo?
— Estou com você, só preciso ver isso até o fim, — sussurrei, meu
coração parando como uma coisa doente no meu peito.
Ele não percebeu que eu não estava usando um "nós" universal. Ele deu
a volta no balcão para olhar nos meus olhos. Tentei memorizar a maneira
como ele parecia me olhando daquele jeito, lindo e justo como o anjo
Gabriel descido do céu para matar todos os meus demônios.
— Isto não é Romeu e Julieta, Rosie. Você acha que apenas uma pessoa
vai morrer se formos descobertos? Não. Nós dois sabemos, se você se
permitir pensar sobre isso logicamente por um segundo, que continuamos
a fazer isso e seremos descobertos, não somos apenas você e eu em perigo.
São seus amigos e família, seu pai, Loulou e seus fodidos filhos por nascer,
seu irmão e sua namorada, uma de suas melhores amigas, Lila, Nova e Bat,
e Maja e Buck. Quer ver todas essas vidas pegando fogo porque fomos
muito egoístas para deixar de lado essa coisa que temos entre nós?
Ele me sacudiu suavemente pelos ombros, seus olhos tão verdes que
queimavam através de mim como ácido.
— Amar você nunca foi uma decisão que tomei. Não havia nada
consciente sobre isso, então como posso ser lógica sobre isso agora? Sei que
não faz sentido, nós dois, o mocinho bom e a garota má, com sua família e
minha família. Sei que te enlouqueço e que te irrito. Você acha que eu não
sei de tudo isso? Bem, eu faço. Então, pare de me dizer para pensar
logicamente sobre essa merda. Não existe lógica para o nosso amor, apenas
um sentimento que tenho tão profundo no meu coração se o arrancar, só
sei que vou parar de viver.
— Você está me dizendo que me ama? — Ele perguntou, tão baixo que
quase não ouvi as palavras, mas as senti. Cada uma tocou uma nota bem
dentro de mim, puxando um instrumento que só ele sabia tocar.
Pisquei para ele, mordi meus lábios e me xinguei por deixar minha
cabeça quente me colocar numa situação tão fodida e vulnerável,
especialmente em face do que eu tinha que fazer.
Era Danner ou eles. E havia muitos mais deles. incontáveis nomes que
ele acabara de exibir como uma lista de compras.
Um ou uma dúzia.
Decidi aproveitar o único momento que teria com ele, onde poderia
amá-lo livremente.
Sua cabeça tombou para trás enquanto ele ria, expondo a longa coluna
de sua garganta. Antes daquele momento, eu nunca soube que um pomo
de Adão podia ser tão malditamente sexy. Antes que eu pudesse me
sacudir para fora do meu estupor, ele estava em cima de mim, levantando-
me no ar para que eu instintivamente me envolvesse em torno dele.
Era uma maneira horrível de amar alguém, mas era o que eu sentia por
Lionel Danner e sabia que isso nunca mudaria.
Engasguei quando ele me deslizou para baixo de seu corpo, cada plano
duro deslizando contra minhas curvas leves como uma carícia áspera, e ele
aproveitou meus lábios separados, para selá-los com os seus.
Ele me beijou como se fosse meu dono, uma mão indo para a pele sobre
o meu coração e pressionando lá, quente e pesada, e a outra mergulhando
no meu cabelo para que ele pudesse me abraçar como queria. Senti sua
reivindicação quase dolorosamente quando ele se tatuou em cada
centímetro da minha pele, sincronizando-se com cada batida do meu
coração renascido.
Ele estava bem, acabou mal e foi tudo por minha causa.
Juntos, éramos muitas coisas, e nenhuma delas fazia sentido, mas todas
funcionavam.
Eu o segurei perto, beijando-o com toda a minha paixão feroz por ele e
cuidadosamente movi uma mão pelo balcão até a tábua de corte. Meus
dedos cerraram em torno do cabo frio, o peso da faca tão semelhante ao do
cutelo, mas a situação em tal contraste com a de Cricket que, por um breve
momento, hesitei.
Afastei-me dele para que ele pudesse ver meus olhos, cheios de
lágrimas e os destroços de um coração partido e sussurrei: — Sinto muito.
Hero latiu para mim, rosnando e uivando ao lado de seu mestre, sem
saber se eu era a ameaça ou também estava sob ataque.
Não sei o que esperava, exceto que sempre pensei em Lion como
imortal, uma divindade dos tempos antigos, feito de carne e osso, mas
animado por algo mais forte, mais seguro de espírito do que os meros
mortais já possuíram. Acho que é por isso que fiquei tão chocada quando o
sangue vermelho fluiu da ferida aberta em seu peito musculoso e
derramou em torrentes sedosas em sua frente.
Pisquei ao ver Danner pego como uma mosca na teia de seu próprio
sangue pegajoso. Então, pisquei novamente com a visão do cabo grosso da
faca de açougueiro saindo de sua carne.
Queria ir até ele, provar a ele que ainda não éramos a recontagem
moderna de Romeu e Julieta, que não o deixaria morrer e que não me
mataria se ele o fizesse.
Porque eu sabia que, não importa o que acontecesse, nunca seria uma
boa garota novamente.
Capítulo Vinte e Seis
Danner
Sabia antes de abrir os olhos o que tinha acontecido, mas não sabia se
estava vivo ou morto. Parte de mim esperava que estivesse morto. Se pude
me apaixonar perdidamente por uma mulher capaz de literalmente cravar
uma faca no meu coração, a morte seria o máximo de paz que poderia
esperar. Caso contrário, passaria o resto da minha vida como um
arqueólogo louco revisando cada centímetro do meu passado com Harleigh
Rose para ver onde errei.
Não queria acreditar que ela faria algo assim comigo, claro que não,
mas não havia exatamente uma desculpa razoável para ela me esfaquear
com a porra de uma faca de açougueiro, certo?
Porra.
Era oficial.
Zeus Garro.
Ele jogou a cabeça para trás e riu da mesma maneira que Harleigh Rose.
— Sempre disse que policiais não têm senso de humor, mas você está
me provando que estou errado há anos. — Ele balançou a cabeça,
empurrou para trás uma mecha de cabelo errante e se inclinou para frente
nos antebraços. — Ela deixou uma nota para você.
— O quê?
— Quem me encontrou?
Jesus Cristo.
— Agora, está tudo resolvido, porra, por que você não me diz o que
diabos você e minha filha andaram aprontando nos últimos dois meses? —
Ele rosnou, inclinando-se para frente em braços poderosos para chegar
perto do meu rosto. — Pode estar na cama, mas sou o tipo de cara que não
se importa de adicionar à sua miséria.
— Jesus, Garro, fui esfaqueado pelo amor da porra da minha vida, por
que não dá a um cara um minuto aqui? — rebati para ele, então estremeci
quando puxei meu ombro.
— Você está dizendo isso deitado numa cama de hospital com uma
facada que ela lhe deu, — ele apontou, mas havia um sorriso em sua voz e
eu o vi esfregar o polegar sobre sua grossa aliança de casamento, sabendo
que ele me pegou.
— Ela tinha uma escolha impossível e ela fez disso a única maneira que
alguém tão corajoso e leal como Harleigh Rose poderia fazer. Ela me
machucou para me salvar e salvar sua família. Ela quebrou seu próprio
coração repetidamente para se certificar disso.
Inclinei a cabeça no teto e, pela primeira vez na vida, contei tudo a Zeus
Garro.
Nos dias seguintes, eu me recuperei dolorosamente, embora não
solitariamente, no hospital.
Minha mãe estava lá com frequência, tão chateada com o ferimento que
não tive coragem de dizer a ela que foi Harleigh Rose quem fez isso.
O pai não.
Ele não me agradeceu por cuidar de seus filhos, mas contei algumas
histórias sobre o tempo que passamos juntos porque ele parecia precisar,
pressão num músculo tenso. Contei a ele sobre ensinar King a atirar com
sua primeira arma, como ele caiu de cara no recuo da espingarda, como
Harleigh Rose uma vez convenceu o Velho Sam a deixá-la fazer um
concerto para seus amigos e depois só convidou os irmãos de The Fallen.
Ele riu.
— Você não tem que lê-lo, — disse ela alegremente, inclinando-se para a
cama com olhos felizes. — Estou abrindo minha própria livraria, sabia?
— Ah, lá vai ela, Danny, — King riu, puxando uma mecha do cabelo de
sua mulher enquanto passava por ela para se encostar na janela. — Depois
que ela começa a falar de livros, é difícil impedi-la.
Não sozinha e odiando isso, mas sabendo que não havia ninguém para
quem ligar.
Até minha família falsa não viria quando chamada. Eles não eram esse
tipo de MC, e não era esse o motivo de estar fazendo isso?
Tentei preencher o vazio que se abria ao meu redor com essa e outras
razões. Estava fazendo isso com um propósito. Os Berserkers MC eram
uma ameaça que precisava ser eliminada. Meu pai me ensinou desde muito
jovem que o mal não pode ser desculpado ou ignorado. Tinha que ser
dizimado, arrancado das raízes e incinerado. Nunca estive tão diretamente
confrontada com o mal como agora, envolvida nos Berserkers, mas agora
que estava, tinha o dever de acabar com eles e foi meu pai quem me
ensinou isso. Portanto, mesmo que ele não entendesse, nem mesmo me
amasse depois de fazer isso, ficaria até o final amargo e enegrecido deles.
Porque era simples, faria qualquer coisa pela minha família. Mesmo que
isso significasse ir à guerra contra eles.
Obrigada, porra.
Tinha uma ideia muito boa de que esfaqueá-lo alto no peito esquerdo
causaria o mínimo de dano, mas se minha mão tivesse escorregado ou
tivesse calculado mal, se Cressida não fosse uma molenga e ela não tivesse
chegado em casa quando ela fez, Danner teria sido morto.
Obrigada, porra.
Estava cansada até a medula dos meus ossos, meu espírito era uma
coisa morta que eu carregava arrastando atrás de mim como um morto na
estrada. Precisava que isso fosse feito para descobrir o que fazer da minha
vida, uma vida que não envolveria mais Danner.
Então, caí de joelhos na porta e enterrei meu rosto em seu pelo enquanto
chorava, chorava e soluçava até que não havia mais umidade no meu corpo
para doar.
Nas últimas duas semanas, passamos muito tempo juntos, tanto que ele
até confiou em mim o suficiente para conhecer Kylie.
Isso me chocou muito, mas eles eram adoráveis juntos. Ela era uma
mulher negra baixa e curvilínea da minha idade, com um lindo conjunto de
cachos castanhos com pontas de mel e um sorriso doce. Wrath era Wrath,
imenso e imponente. Mas, de alguma forma, como Danner e eu éramos,
contra todas as probabilidades, eles funcionavam.
Sair com eles foi como socar um hematoma sensível, mas gostei.
Se não podia ser feliz, pelo menos poderia ver os outros serem felizes.
Para outro motoqueiro, isso pode ter sido normal, mas Wrath gostava
de manter o pulso na ação, porque ele era VP e porque precisava disso para
garantir que Kylie estava segura.
Wrath.
Pope estava com a arma apontada para a porta quando Wrath a encheu
com seu corpo e sua raiva.
Ele era totalmente aterrorizante, seu rosto brutal com raiva, seus
punhos cerrados em pedras duras que esmagariam ossos tão facilmente
quanto um sucateiro de metal.
Pope se encolheu e segurou a arma com firmeza. — Fique aí, Wrath.
Sabemos que você é o maldito traidor.
O brilho da Wrath se condensou ainda mais até que seus olhos eram
apenas fendas finas e brilhantes. Ele caminhou lentamente em direção a
Pope, que deu um passo para trás e se manteve firme.
— ONDE CARALHO ESTÁ ELA!? — Ele rugiu tão alto que a saliva
saiu voando e a luz pendurada sacudiu.
— Morta.
A única palavra perfurou o ar furioso na sala como um balão estourado.
— Matei aquele rapaz que a protegia, matei a mãe dela e a arrastei para
fora daquela casa pela porra do cabelo, — ele nos informou. — Nem
esperei para levá-la ao contêiner. Apenas atirei nela e matei-a na beira da
estrada e a empurrei no oceano.
Coloquei minha mão sobre minha boca para impedir que o soluço
explodisse quando o rosto de Wrath ficou cinza e pálido.
Seu rugido encheu a sala, mais alto ainda que o tiro que Hendrix
disparou em sua barriga quando ele se inclinou em direção à mesa. Ele
aterrou uma cadeira vazia e trouxe-a para baixo sobre a cabeça de Roper
antes que ele tivesse a chance de se mover, agarrou uma faca de manteiga
da mesa e enfiou no olho de Twiz quando ele empurrou para frente para
derrubá-lo e depois socou Pink Eye com tanta força na garganta que algo
audivelmente quebrou.
Outro tiro foi disparado, este da arma na mão de Reaper, de onde ele
estava na porta, seu sorriso visível através da fumaça da arma.
A bala atingiu Wrath no estômago, mas não o deteve.
Corri escada acima depois que Grease me soltou, depois que os meninos
levaram Wrath para fora pelos fundos e o puseram numa caminhonete que
ouvi arrancar de lá.
Eu estava.
Danner foi dado como morto, mas se foi para mim para sempre.
E passei por tantas provações para chegar a esse ponto que quase não
valeu a pena.
Já não tinha motivos para dar ouvidos a ninguém, então não dei.
Afundou.
Eu fiz isso.
Eles eram um mal que tinha cavado na sujeira para desenterrar pelas
raízes e eliminar.
Fechei os olhos, levantei o rosto e tentei não chorar.
Ele tinha a mão estendida para mim, um sorriso maior que o meu no
rosto.
Olhei fixamente para sua mão sem expressão e, de volta, para ele.
— E ele será elogiado por isso. Por razões óbvias que tenho certeza de
que você entende, você não vai. Então, se você quiser, gostaria de apertar
sua mão.
Ela fungou alto. — Você realmente vai ser tão rude com sua mãe
quando estou claramente angustiada?
Foi a vez dela suspirar, como se eu fosse uma criança estúpida de novo
e ela nunca pudesse me fazer entender. Ela pegou meu rosto com as mãos,
apesar de eu estremecer, e seus olhos azuis molhados, iguais aos meus,
percorreram meu rosto.
Ela se irritou. — Minha mãe morreu quando eu tinha quatro anos. Seja
grata que ainda tem uma mãe.
— Você fez isso consigo mesma, — disse a ela, puxando minhas mãos.
— Você não pode simplesmente escolher quando quer ter uma família,
mãe. Você sempre teve uma o tempo todo e não fez nada por eles. Não
espere que eu queira estar lá para você agora — falei, começando a fechar a
porta quando meu telefone tocou.
— Pelo menos me deixe entrar para que eu possa chamar um táxi, — ela
perguntou lindamente, com lágrimas de crocodilo em seus olhos.
Renner chamando.
— Ei.
— Srta. Garro, preciso informar que Reaper Holt não foi pego pela
equipe RCMP separada que vasculhou o complexo do Berserker esta noite.
Não havia nenhum sinal dele lá ou em qualquer um dos lugares habituais
do clube. Temos motivos para acreditar que ele tem um espião no
departamento. Estou enviando uma viatura para você agora. Um oficial
chegará à sua porta e o outro ficará do lado de fora para sua proteção
enquanto resolvemos isso.
Ouvi em silêncio, com o cuidado para manter meu rosto em branco,
porque minha mãe estava fingindo não me olhar, enquanto ela corrigia sua
maquiagem no espelho da entrada da frente, mesmo quando ela estava.
Pulei para trás, minha mão ardendo de dor, sangrando por todo o chão
da bala que raspou na carne do meu polegar, quando a porta se abriu e
Reaper apareceu.
— Ei, baby, — Farrah gritou como se ele tivesse batido na porta e estava
nos visitando para tomar chá. — A porta estava aberta. Acho que você
pegou Harleigh com esse tiro.
Ele resmungou, mas eu sabia que ele não tinha intenção de ser
cuidadoso comigo.
Ele sabia.
Ele sabia que eu era o rato. Ele provavelmente até duvidou que Wrath
ou Lion eram delatores agora que sabia que era eu.
Caí de volta ao chão com um grito agudo, batendo minha cabeça contra
a madeira.
Quando olhei para cima, Hero estava puxando sua cabeça para longe da
coxa encharcada de sangue de Reaper com um rosnado áspero e um puxão
afiado.
Uma mão agarrou meu tornozelo e me puxou quase para a porta. Meus
dedos arranharam o chão de madeira com tanta força que estilhaços
surgiram sob minhas unhas.
Outro baque.
Outro motoqueiro com uma alma com quem gostaria de tomar uma
cerveja.
Não havia dúvida de que ele estaria furioso o suficiente para fazer isso
sozinho agora.
Devia ter passado mais meia hora no centro da cidade, mas o brilho das
luzes azuis da cidade de Vancouver nos engoliu catorze minutos depois de
eu desligar a primeira chamada.
Liguei o motor.
Nada.
Garro olhou para mim, os olhos escuros sob as luzes fracas da rua. —
Feito.
— Presumo que você sabe onde aquele cretino enigmático quis dizer, —
ele gritou, andando para sua moto.
Harleigh Rose
— Reaper vai matar seu pai, — ela continuou, fazendo uma pausa em
suas tarefas de manicure para cheirar outra linha de coca da mesa ao lado
do kit de unhas. — E sei que você vai ficar toda virtuosa sobre isso, mas
você vai perceber que ele mereceu. Ele a abandonou para ir para a prisão
por causa de sua putinha, e agora ele deixou você de novo. O Reaper fará o
que ele precisa fazer e depois iremos para algum lugar novo.
Ela fez uma pausa, viu a baba pingando da minha boca porque a
mordaça estava esticando muito meus lábios, e se inclinou para enxugá-la
com as pontas do lenço.
Quando ela se sentou, ela deu um sorriso largo, feliz e alto na porra do
rosto para mim. — Estou pensando na Colômbia. Você sabe que é a capital
mundial da cocaína?
Ela deu aquela risada rouca e risonha que eu odiava desde que podia
me lembrar e depois, por causa disso, um grito rouco.
Meu coração levantou poeira no meu peito, despertando velhas
esperanças.
Deus, Papai.
Passaram semanas desde que vi seu rosto bonito sorrindo para mim. E
agora, isso estava acontecendo num trailer em um pátio de carga com a
porra de psicopatas presentes.
Se eu não estivesse tão cansada, tão doente com medo e dor, poderia ter
rido porque nosso reencontro era tão Garro.
Gritei atrás da minha mordaça quando meu pai travou os olhos nos
meus e caiu lentamente de joelhos.
— Ele vai matá-la, — Papai resmungou. — Farrah, ele vai matar a H.R.
por denunciá-lo.
Pela primeira vez na minha vida, fiquei feliz por minha mãe ser tão
idiota. Os lenços contra meus pulsos eram sedosos, o suficiente, para me
livrar e estava torcendo meus pulsos nos últimos quarenta minutos.
Movi-me para frente, apenas para sentir mãos frias me agarrando por
trás e a pressão de algo pequeno e afiado na minha jugular.
Ela se virou para ele e zombou: — Não, você não vai fazer porra
nenhuma comigo enquanto eu estiver segurando sua filha preciosa. Você
vai nos deixar ir.
Papai olhou para mim, seus olhos cheios de algo que já tinha visto
milhares de vezes e nunca desobedeci, nem nos meus dias mais profundos
de rebelião. Confiança.
Farrah riu e fez uma dancinha que perfurou minha pele com a tesoura.
Sangue gotejou e rolou em meu cabelo quando ela se inclinou para
sussurrar: — Vamos, baby, vamos explodir este lugar. Você e eu vamos
para a Colômbia. Tudo que eu preciso é a minha garota.
Bang!
— Rosie.
Meu coração disparou com uma gratidão tão calorosa que enviou um
rubor por todo o meu corpo.
Minha mãe se foi, morta pela mão firme de Danner. Ele não parecia
sentir remorso e nem eu. Mas, não ligamos para a polícia até que Papai
tivesse levado o corpo de Farrah para um descanso não tão pacífico com os
porcos na fazenda Angelwood. Não queria meter o Danner em problemas
por me salvar.
Tínhamos cicatrizes.
Tivemos batalhas.
Mas, isso finalmente foi feito e tive que acreditar que os horrores pelos
quais passamos apenas nos tornaram mais fortes, como indivíduos e um
par.
Comecei a virar para ver seu rosto, mas a mão nas minhas costas
achatadas me pressionou no colchão.
— Tenho um desejo de chupar sua doce boceta por trás até você
derreter em toda a minha língua, — disse ele, em seguida, chupou o lóbulo
de minha orelha em sua boca, liberando-a com uma mordida afiada de
seus dentes. — Seja uma boa garota e fique quieta para o seu Dom.
Deus, perdi isso.
Quase um mês sem essa voz forte no meu ouvido, essas palavras firmes
convocando a submissa das profundezas da minha alma. Estava molhado
com sua primeira palavra.
— Sim, Lion, — respirei mais do que falei quando ele se mexeu em cima
de mim, um de seus braços fortes, visível e apertado deliciosamente,
quando ele lentamente abaixou seu peso e deslizou pelo meu corpo para se
deitar entre minhas pernas separadas.
Gemi quando sua boca quente encontrou minha boceta, enquanto ele
lambia meu clitóris e tocava minha boceta até que eu estava empurrando
desenfreadamente de volta em seus lábios.
Sua risada era uma corda macia e escura que ele amarrou no meu
pescoço. — Você vai fazer o que digo ou não vou te foder.
Não se mexer.
Nem mesmo quando seus dedos ásperos atacaram para torcer meus
mamilos e puxá-los como caramelo.
Através de tudo isso, mal me mexi. Segurei meus músculos tão tensos
que queimaram e o suor rolou pelo meu corpo em ondas. A única
concessão que me permiti foi fechar os olhos. Era impossível absorver o
impacto dos dedos de Danner em meu corpo e olhar seus brilhantes olhos
verdes. Era muito fácil ler sobre a posse lá, saber que significava muito
mais além do sexo e perversão.
— Tenho as coxas trêmulas para provar isso! Ainda estava como uma
estátua do caralho— falei, raiva e vergonha rodando em meu intestino.
Queria agradá-lo e estava chateada por não ter feito isso e ainda mais
chateada por me importar tanto.
Ele viu minha boca cair num beicinho trêmulo. Seu polegar varreu o
lábio inferior carnudo e seus olhos brilharam quando enrolei minha língua,
sugando-a na minha boca. Estava tão ansiosa para agradá-lo, para corrigir
meu erro que as lágrimas ardiam no fundo dos meus olhos. Queria
implorar-lhe para me perdoar, para me deixar fazer o certo.
— Shhh, — ele me silenciou porque ele era meu Dom, ele sabia o quão
instável meu estado emocional era depois de uma cena, depois que eu o
decepcionei. — Você pode me compensar.
Então, eu fiz.
— Mais rápido, — ele exigiu, batendo na minha bunda com uma série
de golpes rápidos que me estimularam e me quebraram.
Gozei por todo o seu pau, minha boceta apertando com tanta força que
desencadeou seu próprio orgasmo quando ele gemeu em minha boca,
beijando-me até que ambos precisássemos de ar.
— Essa é minha boa garota, — ele murmurou no meu peito úmido,
acalmando a mão sobre minha bunda vermelha.
Ele sorriu e empurrou meu cabelo para trás da orelha. — Vou abrir uma
empresa de investigações privadas.
— Oh, meu Deus, você vai ser um assassino P.I., — disse a ele. — Você
vai me foder sobre sua mesa?
Ele riu. — Não vamos nos antecipar, Rosie. Primeiro, preciso de um
escritório e uma mesa.
— Certo.
— O quê, rebelde?
Dei de ombros como se não fosse grande coisa, mas nós dois sabíamos
que eu era uma mentirosa.
Fechei meus olhos e pressionei meus lábios nos dele, minha mão em seu
coração para que meus dedos descansassem levemente sobre a cicatriz que
eu lhe fiz para nos levar a esse momento.
E eu fiz.
Estávamos comendo cereais na cozinha quando Papai entrou correndo,
os olhos arregalados, o cabelo bagunçado em volta do rosto sorridente.
Uma pancada na janela nos separou, mas fiz uma careta ao ver Papai se
inclinando para nos fazer uma cara feia.
— Beijem-se no seu próprio tempo, porra, meus bebês estão aqui, — ele
ordenou antes de virar e rondar pelas portas da frente do hospital.
— A minha garota vai dar à luz dois bebês. Tenho Curtains fazendo
pesquisa e essa merda fica perigosa para a mãe bem rápido.
Mas, sabia que era um pesadelo que ele viveu antes e sua energia
nervosa não se dissiparia até que ele a visse por si mesmo.
— Você e meu pai na mesma sala sem brigar, não posso dizer que
alguma vez pensei que veria esse dia também, — apontei.
Congelei.
Dezenas de olhos vieram até mim, o peso de seu olhar coletivo como
areia afundando me sugando para baixo.
Não sabia o que fazer
Uma mão calmante correu pelo meu cabelo e uma voz doce falou perto
do meu ouvido. — Minha doce Harleigh Rose.
Chorei mais alto, minha mão cegamente se estendendo para agarrar
Cress e trazê-la para o nosso abraço. Ela se dobrou em nós e segurou tão
firmemente quanto nós.
Continuei chorando, mais suave agora que todo o MC, como toda a
minha família, se aglomerou ao meu redor e me aceitou de volta ao
rebanho.
Quando nos separamos, segurei meu irmão, Lila e Cress e virei todos
nós para olharmos para Danner, que se encostou na parede, botas
Timberland em seus pés cruzados, camisa jeans escura desabotoada apenas
o suficiente para ver o buraco sexy na base de sua garganta e uma poeira
de cabelo no peito, seus óculos aviadores empurrados em seu cabelo.
Ele estava de volta ao seu visual de caubói, ainda arrasando, mas agora
com uma tatuagem saindo da camisa, uma cicatriz na sobrancelha e o
coração de uma garota motoqueiro nas mãos.
— Danny. — King sorriu, avançando para pegar sua mão num aperto
firme que terminou com um tapa nas costas. — Porra, cara, é bom ter você
de volta.
Danner ergueu uma sobrancelha. — Sim, lembro que você não gostou
muito de mim quando Cress e Lou mexeram nas suas merdas.
King sorriu para ele, sem arrependimento. — Água sob a ponte, você
estava em conflito naquela época. Você está do lado certo das coisas agora.
Afastei-me das minhas garotas e fui para o meu homem, deslizando sob
seu braço, como tinha visto Lou fazer com meu pai tantas vezes.
Olhamos para os dois oficiais que vinham pelo corredor em sua direção.
O policial mais baixo pigarreou. — É bom ver você, Danner, mas este é
um assunto oficial.
Um ano depois
Isso não era incomum. Mesmo que meu homem tenha mantido seu
próprio horário trabalhando como detetive particular, ele ainda se
levantava cedo e muitas vezes tinha sua manhã esgotada para poder estar
em casa a tempo de tomar banho comigo antes de eu ir para o hospital.
Então, mantive meus olhos fechados e me deixei à deriva um pouco mais,
sentindo meu corpo solto e um pouco dolorido do trabalho que Danner me
deu na noite anterior. Ainda podia sentir a picada da nova raquete na
minha bunda e a pressão dos grampos de mamilo como um aperto
fantasma em meus seios. Adorei. As dores e marcas que ele me deu me
fizeram sentir amada e desejada, mesmo quando estávamos separados.
Depois de um ano de felicidade juntos, com tempo para explorar, ele só
descobriu mais e mais maneiras de me desvendar como um carretel de fio
solto.
Sorri para o travesseiro e afastei meu cabelo do rosto, mesmo mantendo
meus olhos fechados ao ouvir os sinais reveladores da porta da frente
abrindo e fechando, o alarme desarmando.
Outra lambida, depois outra, de uma língua que percebi ser muito
abrasiva, muito pequena para ser de Danner.
— Você está certo, — disse, estendendo a mão para tocar sua bochecha
áspera.
Ele encolheu os ombros. — Honestamente, estou surpreso que minha
garota esperta não esteja acostumada com isso até agora.
Bati no ombro dele, mas não consegui parar de sorrir quando olhei de
volta para a bela criatura no meu colo.
— Sim, — ele disse de uma maneira que atraiu meu olhar para ele, o
verde de seus olhos brilhando com amor tão forte que brilhavam neon. —
Sei que minha garota ama seus homens.
Levantei o cachorro para perto novamente, desta vez mais alto, para
olhar a coleira sob seu pelo. Algo brilhando chamou minha atenção e fiz
uma careta quando separei o casaco preto para investigar.
Uma pequena placa de ouro dizia "Saint", o nome perfeito, mas não foi
isso que me fez ofegar, novas lágrimas rolando para se juntar às secas em
minhas bochechas.
— Sim, — ele disse, doce, longo e lento, do jeito que ele faz quando eu
lhe digo algo que vale a pena saborear.
— Sim, — repeti em seu tom quando ele se afastou para colocar a porra
da incrível rosa de ouro no meu dedo anelar e, oficialmente, fiquei noiva
do amor da minha vida. — Sim.
Bang, bang.
— Você está pedindo por isso, mostrando-lhes como usar uma arma, —
disse Lysander ao sair da casa com duas cervejas abertas entre os dedos. —
Não sei se conheço alguma outra criança que durma com uma arma de
plástico, como se fosse um bicho de pelúcia como o Taz faz.
Ele tinha saído da prisão por mais de uma década nesse momento, mas
o olhar dele nunca o deixou. Ainda havia horrores na parte de trás de seus
olhos, uma ameaça cuidadosa a cada um de seus movimentos enrolados e
olhares escuros, como se ele não soubesse ser intimidador, como se ele nem
mesmo confiasse no mundo o suficiente para tentar.
Odiava isso por ele. Formamos uma parceria improvável nos últimos
anos e agora que ele estava passando por sua própria tempestade de merda
pessoal, estava determinado a protegê-lo.
Ele não acreditou, podia ouvir em sua voz, mas deixei passar.
Chegou um momento para todos nós: Zeus, King, Bat, inferno, até
mesmo Nova estava deste lado de seu feliz para sempre e se isso não
provasse que qualquer homem poderia se apaixonar, nada o faria.
— Papai, — Taz gritou quando ela correu para mim em suas perninhas,
cabelo loiro com mechas voando ao seu redor. — Papai!
Não respondi. Minha garota tinha uma maneira de gritar para mim,
mesmo quando eu estava ao lado dela. No início, isso me preocupou, como
se ela estivesse com medo de que eu a deixasse ou algo assim.
Foi Harleigh Rose quem decidiu que era algo muito diferente, que
minha garotinha estava orgulhosa de seu pai e queria gritar isso para o
mundo. Ela conhecia a sensação, ela disse, olhando nos meus olhos com
aqueles enormes azuis aquamarine, porque ela sentia o mesmo tipo de
orgulho desde que a fiz minha.
O primeiro foi ouvir sua mãe dizer seu suave e doce "Lion".
Taz correu para eles, os braços rodando e colidindo com o lado de seu
irmão com tanta força que ela quase caiu. Cash a pegou debaixo do braço e
a segurou apertado.
Jesus, mesmo como mãe, ela era gostosa pra caralho e durona como o
inferno.
Minha mulher subiu os degraus, uma garota motoqueira com suas botas
de combate em casa, numa fazenda.
Ela entregou a arma a Lysander com uma piscadela. — Lide com isso
para mim, sim?
Toquei meu polegar no canto de seu sorriso largo e engoli seu riso com
um beijo.
Ele largou seus bebês para envolver seus braços em volta da garota
adulta. Ela abaixou o rosto em seu peito e segurou firmemente.
Ela nunca menosprezou seus entes queridos, nem por um minuto,
desde que arriscou sua própria vida há tantos anos.
Foi Cressida quem me disse: "Ela tem que manter esse sentimento sob
controle, você não precisa se preocupar com as vezes que isso a comove,
Danner. Vai passar. E é um bom lembrete de que a felicidade que ela tem
agora, ela merece".
Isso era verdade, mas precisei que uma mulher sábia, que uma vez
condenei por foder seu aluno adolescente, deixar isso claro para mim.
— Vá se foder.
Agarrei o braço da minha esposa e a puxei para o meu lado para que eu
pudesse dar um beijo molhado em sua boca. — Amo você, rebelde Rose.
Amo a família que você me deu.
Além disso, a música é uma grande parte deste livro, por isso encorajo você a ouvir
enquanto lê <3
Tenho tantas pessoas para agradecer por amar e apoiar minha própria rosa com
espinhos e este livro.
Para minha segunda mãe, minha melhor namorada e minha confidente, Michelle
Clay. Não sei como você consegue, mas você conhece minha alma e como acalmá-la
melhor do que quase qualquer um. Obrigada por seus segredos, seus elogios e seu amor
sem fim.
Becca, você é uma das minhas melhores amigas e ainda nem te conheci. Um brinde
a uma vida inteira de amor, futuras viagens e possíveis projetos.
K Webster foi um dos meus autores favoritos e ela ainda é até hoje. Ela também é,
sem dúvida, uma das minhas humanas favoritas, e não apenas porque compartilhamos
um amor por papais gostosos, gestações surpresas e todas as coisas tabu.
Ellie McLove, editora do My Brother, salvou minha bunda com as suas edições e
abalou seriamente o meu mundo com sua nova amizade. Estou tão feliz por finalmente
ter encontrado o meu editor de sonhos e mal posso esperar para te dar todos os
projetos.
Najla Qamber é minha designer de capa e guru gráfica. Ela dá vida ao meu mundo
de maneiras maravilhosamente elaboradas que me deixam os olhos lacrimejantes. Te
amo, Najla, obrigada por estar na minha equipe desde o início.
Para Stacey, da Champagne Formatting, obrigada por tornar este livro maravilhoso
e todos os livros da série The Fallen Men tão bonitos quanto os homens entre as
páginas.
Para Marjorie Lord, pela sua perícia em revisão, eu seria confusão de erros sem
você.
Giana's Darling, vocês são as minhas favoritas. Eu nunca sonhei que poderia ter um
grupo tão bonito e dedicado de leitores fiéis e sou humilhada todos os dias por seu
amor e apoio.
O maior grito tem que ir para os leitores e blogueiros de livros da equipe ARC de
Dirty Danner! Eu te amo por seu entusiasmo e vontade de compartilhar meu trabalho
com os outros. Seu apoio é essencial para mim e vocês ajudaram a obter este livro em
inúmeras mãos, então, obrigada!
Acredito que você cria sua própria família e sou tão abençoada por ter tantas
amizades com belas mulheres e autores nesta comunidade. Não posso dar nomes a
todos, mas preciso gritar algumas pessoas especiais.
Sunny, mal posso esperar para te abraçar e dançar com o Shawn Mendes neste
verão. Seu amor por mim e pelos meus Fallen Men me faz querer chorar, mas estou
sendo uma garota motoqueiro e segurando as lágrimas para salvar a minha reputação
nas ruas. A sério, você é o máximo.
Leigh, eu amo você, amo seu trabalho e adoro que sempre responda às minhas
perguntas, às vezes, parvas ou fúteis. Sinto que você sabe quem eu sou e me ama,
mesmo que ainda não nos conhecemos e não posso esperar para corrigir isso!
Kristie Lewis, minha querida garota, amo muito você. Estamos nessa louca e
maravilhosa jornada juntas há um tempo e nunca fica menos interessante, mas sempre
fico feliz em ter você para conversar.
Ella Fields, quem me dera poder fazer um CD com nossas mensagens de voz do FB
para ouvir sempre que estou triste, porque sua linda voz australiana, inteligência e
discernimento sempre me fazem rir e sorrir.
Cassie, querida, simplesmente amo você. Você tem sido minha amiga do que parece
ser o começo e sempre está por perto para me apoiar e me dar doses infinitas de amor.
Sempre que escrevo sobre o Papai Z, penso em você.
Não posso listar todos os blogueiros de livros que fazem meu dia com suas resenhas
e teasers, mas agradecimentos especiais vão para Sarah no Musings of a Book Belle,
Allaa no Honeyed Pages, Keri no Keri Loves Books e as meninas no Kinky Girls Book
Obsessions. Meus Instagrammers @booknerdingout, @bookmarkbelles e
@peacelovebooksxo.
Minha melhor garota, Armie, é minha líder de torcida e ouvinte constante. Ela ouve-
me a ler em voz alta durante horas, a pontos de enredo em constante mudança e a
futuras ideias de projetos. Ela autoriza fotos de capa em dá amor quando me sinto
insegura. Ela é a melhor amiga que sempre li nos livros quando era criança, uma amiga
que nunca pensei que teria a sorte de ter para mim.
E como sempre, por último, mas nunca menos importante, este livro é dedicado a
você, meu amor, porque se alguém pode entender como superar obstáculos pode
fortalecer seu amor, somos nós. Obrigada por me amar do jeito que você me ama,
infinitamente, lindamente e, ocasionalmente, asperamente ;) Não sou grata por nada
nesta vida tanto quanto sou seu amor.
Sobre a Autora
Giana Darling é uma escritora de romances canadense especializada no lado tabu e
angustiado do amor e do romance. Atualmente, ela mora na bela British Columbia,
onde passa o tempo andando na parte traseira da moto de seu homem, assando tortas e
lendo aconchegada com seu gato Persephone.