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Mario Brum1
Introdução
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Doutor em História (UFF), professor e PNPD-CAPES no PPGECC/UERJ.
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Apud Matos, 2004, p. 77.
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h t t p : // p o r t a l g e o . r i o . r j . g o v . b r / e s t u d o s c a r i o c a s / d o w n l o a d % 5 C 3 1 9 0 _
FavelasnacidadedoRiodeJaneiro_Censo_2010.PDF.
dizia: “Ora, graças que me livro dessa praga! Dê-lhe pr’abaixo, mestre
Oswaldo”. A despeito do preconceito explícito ao tratar os moradores
como uma praga, a previsão da charge não se efetivou. Embora
houvesse despejos periódicos de moradores no Morro da Favela,
a resistência dos moradores é um fato que se vê pelas permanentes
condenações dos moradores na imprensa e tentativas de eliminar a
favela da paisagem urbana.
Assim, em 1927, a edição 1.297 do semanário O Malho, de 23 de
julho, estampava em sua capa uma charge em que o prefeito carioca
Prado Júnior perguntava a um constrangido presidente Washington
Luís: “E aquela passeata lá no morro da Favela?”, que respondia:
“Não quero saber mais dela...”, fazendo alusão a um episódio em que
moradores organizados recorreram ao presidente para permanecerem
no local. No que foram atendidos. Ao menos até o ano seguinte,
quando nova ameaça de despejo inspirou o sambista Sinhô a compor
o belo samba A favela vai abaixo. Entre o anúncio do despejo e as
medidas que os moradores do morro iriam tomar, já se configurava
uma imagem lírica e mais positiva da favela, como vemos no trecho
“Que saudades ao nos lembrarmos das promessas / que fizemos
constantemente na capela / Pra que Deus nunca deixe de olhar / por
nós da malandragem e pelo morro da Favela”.
A erradicação impossível
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Segundo levantamento de Diniz (1982b), no período que vai de 1946 a 1963, foram criadas
105 associações em favelas, a maior pare delas durante a Operação Mutirão.
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“Vila Kennedy fracassa como experiência para acabar com as favelas” Jornal do Brasil,
07/07/1968.
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CHISAM. Metas alcançadas e novos objetivos do programa. BNH / Ministério do Interior.
Rio de Janeiro, 1971.
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“Favelados querem seus chefes livres e apelam a Negrão”. Correio da Manhã, 12/02/1969.
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“Erradicação das favelas no Rio não deve se completar em 1976”: Jornal do Brasil, 9 e
10/05/1971.
A Redemocratização.
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“Governo vai urbanizar favelas” ( Jornal do Brasil – 23/05/1979). Embora a matéria fale
sobre “urbanizar favelas”, logo no início percebe-se o tom oposto: “Todas as favelas do Rio
e de outras capitais que não apresentarem condições de urbanização serão erradicadas
com a execução do plano habitacional para populações de baixa-renda, afirmou ontem o
Ministro do Interior, Mario Andreazza”.
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“Moradores do Timbau recebem seus títulos de propriedade” (O Dia, 11/06/1981).
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“Diretrizes para o estabelecimento de uma política de ação para as favelas do município
do Rio de Janeiro. SMDS. Rio de Janeiro, 1979.
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Proposta para ação nas favelas cariocas. SMDS. Rio de Janeiro, 1980.
16
Carlos Magno Nazareth Cerqueira. “As políticas de segurança pública do governo
Leonel Brizola.” Revista Arché. Rio de Janeiro, ano 7, n.º 19, 1998.
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“Rio é a cidade com maior população em favelas do Brasil”: O Globo, 22/12/2011.
18
“Crônica das Favelas Nacionais”: Jornal do Brasil, 06/10/1979.
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Um exemplo disso, entre os vários possíveis, é a matéria de capa da revista Veja, de
12/04/2010, após as fortes chuvas que o Rio sofreu: “Rio... Do descaso, da demagogia, do
populismo e das vítimas de suas águas” (...). “A maior tempestade da história do Estado
causa centenas de mortes nas favelas e expõe o lado sombrio da política de incentivos à
ocupação ilegal de áreas de risco nos morros”.
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Alguns exemplos: “Rio refém do medo”, O Globo, 01/10/2002; “Segunda-feira sem
lei”, O Globo, 25/02/2003; “23 dead since Sunday in Brazil slum violence”, ver http://
edition.cnn.com/2010/WORLD/americas/11/25/brazil.rio.violence/index.html (de
25/11/2009, consultado em 08/07/2018).
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TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. Monitoramento
Programas de Urbanização em Áreas de Baixa Renda. Rio de Janeiro, 2009.
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“Na Zona Oeste, milícia domina 38 conjuntos do ‘Minha casa, minha vida’ e até pinta
seu símbolo nos condomínios”. Extra, 26/03/2016.
Referências