Resumo do texto: “A nação na América espanhola: a questão das origens”
O autor inicia o texto destacando pontos principais que marcam o estudo da
história da América espanhola. Ele relata que foram 19 nações formadas no total a partir da América espanhola, ou seja, todas se originaram da monarquia hispânica. Além disso, destaca que há uma grande complexidade nos processos de formação dessas nações, visto que elas são heterogêneas desde o seu surgimento. François destaca duas problemáticas no estudo da formação dessas nações: a) a associação das independências da América Hispânica a uma “descolonização”. O autor diz que seria um “contra-senso” histórico, pois a palavra “colônia” revestia-se de um sentido diferente naquele período em comparação aos processos imperialistas. Além disso, não foram os próprios países subjugados que efetivaram o processo de independência, mas sim uma elite formada pelos descendentes dos próprios colonizadores (europeus); b) a utilização de termos como “emancipação nacional” ou nacionalismo” ao tratar sobre o tema. Segundo o autor não se deve utilizar esses termos visto que não havia uma nacionalidade formada na América hispânica que se diferenciasse da Europa: os colonos possuíam a mesma origem ibérica, mesma língua, mesma religião, mesma cultura, mesmas tradições políticas e administrativas. De acordo com ele, a independência, na América hispânica precede tanto a nação (estado soberano) quando o nacionalismo (sentido cultura, onde a comunidade é dotada de uma identidade singular). Após apresentar essas problemáticas, o autor indica o caminho que seria o correto ao analisar esse processo emancipatório. Segundo ele, deve-se utilizar a ótica de uma “ruptura de um conjunto multicomunitário”. O autor traça o seguinte caminho para a análise das independências da América hispânica: primeiro, é preciso e xaminar a estrutura política da monarquia hispânica; em seguida, deve-se estudar a crise política que começa em 1808 pela invasão napoleônica; e então, entender por que, como e em nome de quem essa porção americana da Monarquia se separa da “metrópole” e adota esta nova forma de existir que é a nação moderna. Ao sintetizar esse processo de ruptura, François inicia explicando que a América espanhola era um “mosaico” de grupos: criollos, chapetones, mestiços e indígenas, até que as ideias iluministas começaram a circular na América. No contexto europeu, houve a invasão napoleônica e abdicação forçada do rei da Espanha em nome de José Bonaparte. Isso levou a uma fragmentação do poder pois havia dificuldade em saber qual comunidade política deveria ser transfigurada em nação moderna, devido à heterogeneidade dos povos. Nesse momento, houve a formação de juntas provinciais para conservação dos direitos de Fernando VII, o que ainda não pode ser considerado a independência. A partir da formação dessas juntas, algumas cidades passam a se comportar como cidades-Estado, chegando às vezes a promulgar suas próprias Constituições, podendo ser considerado um passo importante a caminho da independência. O autor apresentar que Bolívar representava o desejo de uma unificação da América, mas o que ocorreu de fato foi uma fragmentação, ou seja, o surgimento de vários países como conhecemos hoje.