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Nacionalismo no Longo Século XIX e no Breve Século XX

R.: O longo século XIX e o breve século XX distinguem-se por diferenças nas
dinâmicas das relações internacionais e nos paradigmas políticos correspondentes.
Uma diferença registada entre os períodos históricos é a noção de nacionalismo e
como se propagou e prevaleceu nas relações internacionais.

Ao longo do século XIX, o nacionalismo surge como uma quebra ao funcionamento


monárquico e absolutista dos regimes dos Estados europeus. Presos a um espírito
conservador, a ordem social era hierárquica, as classes sociais elitistas eram as mais
privilegiadas, enquanto a classe social do povo agrupava os principais contribuintes
para a riqueza nacional, com maior carga fiscal, menos privilégios e empregos de
valor, e não tinham voz ou participação ativa na política. Inicialmente em França, em
1789, e ao longo da Revolução Francesa, sentimentos de nacionalismo (e também
liberalismo) levaram a classe social mais abrangente (liderada, principalmente, pela
burguesia) a exigir mais direitos, igualdade, sufrágio universal e oportunidades
iguais. A Declaração dos Direitos Humanos e do Cidadão ilustra, precisamente, o
caráter nacionalista da Revolução. A partir da mesma, motivações nacionalistas em
outras partes da Europa permitiram mudanças políticas e sociais, que, eventualmente,
levariam às Revoluções de 1830 e 1848 (A Primavera dos Povos). Estas revoluções
incorporaram o sentimento máximo nacionalista destas nações, que tinham o desejo
de emancipar-se contra regimes absolutistas, com mentalidades de censura e controlo,
e elevar-se a um espírito forte e unido de independência. Um caso de sucesso destas
revoluções é a Bélgica, que fez frente a uma Áustria anti-nacionalista, tomando a
independência da sua nação. Este sentimento de nacionalismo também permitiu, no
longo século XIX, a unificação italiana e alemã. Estas províncias e Estados
conseguiram, motivados pela ideia de uma nação soberana, única e própria, a
reformatar o mapa europeu, com duas novas grandes potências europeias.

No breve século XX, a noção de nacionalismo reaparece, alterando, mais uma vez, as
dinâmicas políticas internacionais. Este nacionalismo, contudo, pode ser classificado
sob diferentes aspetos, motivações e origens. Dois tipos de nacionalismo relevantes
deste período histórico são o nacionalismo sentido pela Alemanha, e aquele sentido
pela Itália, sendo estes dois bastante explicativos das origens dos primeiros fascismos
na Europa. Para entendermos estes nacionalismos, há que primeiro definir
características-base de uma ideologia fascista. Esta é anti intelectualista,
conservadora, e sobretudo, anti individual, ou seja, o coletivo é a força que a propaga.
Esta força vem, portanto, de um forte sentimento de nação, de prevalecer o Estado e a
identidade nacional, que, consequentemente, irá expressar-se em ações imperialistas.
Assim, dado que a Itália (Mussolini) e a Alemanha (Hitler) denotam claras intenções
nacionalistas, podemos classificar estes nacionalismos emergentes de duas formas. O
nacionalismo sentido pela Itália é um de insatisfação e gula. Fazendo parte dos
vencedores da Grande Guerra, estes não se sentiram justiçados com os seus prémios.
Assim, partem de uma coletiva de revolta, saciada apenas pelo reconhecimento
externo da sua nação gloriosa. O nacionalismo alemão, por outro lado, é um ferido,
angustiado. A Alemanha, como vencida da Grande Guerra, sente-se inferiorizada pela
restante dinâmica europeia, vendo as suas armas retiradas, poder militar reduzido, e
liberdade censurada. Desta forma, forma-se um sentimento nacionalista que fomenta
de recuperar o orgulho e glória que antes prevalecia.

Assim, o nacionalismo expressa-se de diferentes formas e produz diferentes


resultados ao longo da história.

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