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“Demoliberalismo, Nacionalismo

e Imperialismo: a coexistência
de vários “mundos””

“Com o triunfo do liberalismo, em 1848,


a preocupação primeira do Estado
liberal deixou de ser lutar contra o
Antigo Regime para passar a opor-se
às reivindicações das “classes
perigosas” (…) com exigências
crescentes de democracia. (…) As
estratégias diferiram, havendo (…) os
que procuraram combater dentro dos
limites do Estado Liberal –demoliberais
(…) que viria a ser dominante na
Europa Ocidental e no Atlântico Norte.
(…) Esta estratégia teve como
resultado o alargamento da cidadania
política – sufrágio universal, direitos
cívicos e políticos (…).

Boaventura de Sousa Santos, “Poderá o direito


ser emancipatório?”, Revista Crítica das
Ciências Sociais, nº 65, maio 2003.
As várias dimensões históricas na segunda metade
do século XVIII
As transformações políticas

Mapa político da
Europa, no início do
século XX.

Identifique: a) os tipos de sistemas políticos europeus; b) um dos direitos reivindicados.

Primeira metade do século XIX Segunda metade do século XIX e início


• Monarquias constitucionais do século XX
• Regimes liberais moderados • Alargamento da participação política

Demoliberalismo
Da monarquia à república

Críticas às monarquias República e monarquia

As monarquias estão gastas, estão caducas, Na república, a soberania vem inteira do povo e
estão podres. (…) As monarquias antigas é a virtude que leva os cidadãos (daí o culto do
subsistiam pela força e pelo terror; as chamadas civismo) a antepor o interesse público ao interesse
representativas subsistem pela mentira e pela particular. Na monarquia são outros os valores.
corrupção (…). Povo, essa realeza que aí nos O rei tem um valor absoluto, independente da
está custando tanto dinheiro, tanto sangue, vontade popular. (…) Por outro lado, a república é,
tantas lágrimas, fora uma criação do patriotismo por essência, laica e assegura normalmente a
iludido. (…) Diz-lhe que se retire e que vá separação do Estado e das igrejas como a forma
arrepender-se bem longe desta pobre terra mais eficaz de garantir a liberdade religiosa,
[Portugal], que tanto da alma sacrificou para, incluindo aí a liberdade de não ter nenhuma
como prémio, receber tantos ódios e maldades! religião.

Esperem e verão! – Textos republicanos Mário Soares, in Revista, 5 de outubro de 1990


clandestinos de 1848, Lisboa, Publicações Alfa. (adaptado).

Revoluções liberais Finais do século XIX – inícios do século XX


• Monarquia constitucional Repúblicas parlamentares (finais do
• Parlamentarismo – convergência séc. XIX e inícios do séc. XX)
entre a mudança e a continuidade • Modo mais aperfeiçoado de democracia
Do sufrágio censitário ao sufrágio universal

Na sua opinião, havia consenso quanto ao direito de voto das mulheres?


Justifique.
Do sufrágio censitário ao sufrágio universal

O sufrágio universal nos EUA

B. Em 1870, o direito de voto dos cidadãos dos


Estados Unidos não poderá ser negado ou cerceado
pelo governo federal, nem por qualquer Estado, por
motivo de raça, cor ou de prévio estado de servidão.

15.ª Emenda à Constituição dos EUA, 1870.

Democratização
De c. 1850 a c. 1900 do direito
Até c. 1850
Refira se a Constituição dos EUA
• Sufrágio em 1870
universal atendeu, oude
progressivo não, à emensagem
• Sufrágio censitário voto exercício de
• Voto secreto
expressa na imagem-caricatura. Justifique. funções políticas
Os Estados Autoritários

Nicolau II foi o último imperador da Rússia, rei da Polónia e grão-principe


da Finlândia. Governou de 1894 a 1917, quando abdicou devido à
Revolução Russa. Nicolau II foi considerado pelos seus críticos e
opositores como Sanguinário, devido à Tragédia de Khodynka, ao
Domingo Sangrento e pelos fatais programas antissemitas do seu
governo. Como chefe de Estado, aprovou a mobilização de agosto de
1914, que marcou o primeiro passo fatal em direção à Primeira Guerra
Mundial, a revolução e a consequente queda da dinastia Romanov.

Francisco José I foi imperador da Áustria (1848-1916), rei da Hungria


(1867-1916) e último governante influente da dinastia dos Habsburgo.
Restabeleceu a ordem no império e restaurou o domínio da Áustria na
Confederação Germânica (1849-1850).
O seu reinado durou 68 anos, e o seu lema era Viribus Unitis (União
de Forças). As reivindicações nacionais de algumas regiões do
império obrigaram-no a estabelecer novas instituições, menos
opressoras.
Os Estados Autoritários e as nacionalidades sufocadas

As bases do poder autocrático do Império Russo

A Rússia czarista representava o bastião da autocracia. O poder de Nicolau II era apoiado


por uma aristocracia reacionária e mediado por uma complexa rede de inspetores do governo,
oficiais judiciários, cobradores de impostos e polícia. (…) As minorias étnicas eram
«russificadas», os judeus perseguidos e a imprensa (…) estavam constantemente sob
vigilância da polícia secreta.

História do Século XX – A Idade dos Impérios (1900-1914), vol. 1, Publicações Alfa, 1995 (adaptado).

Identifique os pilares que suportavam a autocracia russa.

• Sociedade tradicional assente na aristocracia, que dominava os cargos


Estados
• Importância da religião
autocráticos
• Imposição cultural – língua

Poder autocrático para Movimentos


submissão dos povos nacionalistas
dominados de libertação
Os movimentos de unificação nacional

Os (des)entendimentos nacionais

Não se encontra hoje na Europa povos genuinamente


fraternais: e nos países cujos interesses mais se interligam,
as almas permanecem separadas. O Alemão detesta o Russo.
O Italiano abomina o Austríaco. O Dinamarquês execra o
Alemão. (…) Por toda a parte assistimos assim ao
desenvolvimento exaltado do indivíduo nacional. (…) E, com
o advento definitivo das democracias, haverá na Europa (…)
talvez um vasto conflito de povos, que se detestam porque não
se compreendem.

Eça de Queirós, artigo na revista Anátema, Coimbra,


maio de 1890, in Maria Filomena Mónica,
Eça de Queirós, Jornalista, Principia, 2003.

Em 1848 eclodiram por toda a Europa revoltas nacionalistas


(gravura alemã da segunda metade do séc. XIX).

Regimes imperiais
Indique: a) as tensões que existiam na Europa; b) a metade
Segunda causa da
do tensão;
século XIX
autocráticos • Reivindicação de
c) o que prevê Eça de Queirós.
Nacionalismo
emancipação nacional
Ideias liberais – liberdade • Movimentos bem sucedidos
individual e nacional de unificação alemã e italiana
A unificação italiana

Itália: dividida em vários


Estados desde o Congresso de
Viena de 1815

Sul Centro Norte


dominado dominado Forte presença
pelos pelo Papa austríaca e do reino
Bourbon de Piemonte-
Sardenha (monarquia
constitucional)

Cavour, primeiro ministro do reino de Piemonte-


Sardenha no seu discurso de 25 março de 1861
afirmou “ Só Roma deve ser capital de Itália. Mas é
aqui que começam as dificuldades…”.
Na sua opinião, estas palavras podem, ou não,
demonstrar um desejo de unificação de Itália?
Itália antes da unificação (meados do séc. XIX) Justifique.
O mundo da segunda metade do século XIX ao início do século XX

O mundo da segunda metade


do século XIX ao início do século XX

Maturidade do liberalismo Persistência de regime autoritários


Demoliberalismo Impérios

• Limitação do poder do monarca a um cariz • Muitos poderes controlados por um só elemento


representativo – autocracia
• Parlamentarismo – poder legislativo ganhava • Existência de parlamentos e sufrágio, contudo
crescente relevância sobre o poder executivo, que estes direitos e instituições eram desrespeitados
é controlado pela assembleia (parlamento) • Manutenção de privilégios a determinados
• Desenvolvimento de ideias republicanas – poder grupos: clero e nobreza
hereditário contranatura num sistema liberal – • Privilégios aos militares
todos os órgãos deveriam ser eleitos • Apoio à Igreja – religião oficial
• Alargamento do direito ao voto: o sufrágio • Repressão política – polícia secreta, censura
censitário deu lugar ao sufrágio universal • Domínio e repressão das especificidades
(mulheres, negros e analfabetos continuam a nacionais e aspiração à liberdade e
lutar por este direito) autodeterminação

Movimentos de unificação nacional


• Itália (1852-1870)
• Alemanha (1862-1871)
O domínio da Europa sobre o Mundo

O papel das colónias para a Europa Colonialismo: perspetivas


industrial
B. Quanto à questão colonial, assistimos a um
B. A política colonial é filha da política industrial. simples alargamento normal da raça inglesa para
Para os Estados ricos, onde os capitais se outras terras, na maior parte dos casos tão
acumulam e onde a produção cresce continuamente escassamente povoadas que os nossos
(…), a exportação é absolutamente essencial. povoadores se apoderaram delas sem conquista.
Sem ela não há prosperidade, nem investimento (…) No que se refere à própria expansão,
de capitais, nem empregos (…). Ora os mercados ninguém a deve olhar senão com prazer.
europeus estão saturados; é necessário, portanto, John Robert Steeley, The Expansion of
England, Londres, 1883 (adaptado).
encontrar consumidores noutras partes do mundo.

Jules Ferry, Le Tonkin et la Mère-Patrie, Paris, 1890 (adaptado).

Na sua opinião, o colonialismo ocorreu por motivações de expansão cultural


ou económica? Justifique.
Prosperidade económica • Superprodução Ideias de superioridade
(finais de XIX-XX) • Aumento demográfico de nações e raças

Imperialismo
e colonialismo
As rivalidades entre potências
O mundo no início do século XX

A rivalidade europeia (caricatura de inícios


do século XX)

• Grã-Bretanha
Grandes disputas • Corrida aos armamentos
• Alemanha
Na sua opinião, na Europa assistia-se a um
e rivalidades • Política declima de tensão ou de paz?
alianças «Paz armada»
• França Justifique.
económicas – Tríplice Aliança
• Rússia
– Tríplice Entente
• Japão
O Património no Horizonte

@ Museu da História das Mulheres EUA – NWHM

@ O Palácio Russo

@ Album de fotografias da família do Czar Nicolau II

@ Viagem em imagens à Rússia Imperial

@ Jóias da família Romanov

O mundo dos Habsburgos – A vida de Francisco José I, imperador da Áustria


@ e rei da Hungria
Os afrontamentos imperialistas

Os afrontamentos imperialistas

Potências económicas – Europa, Estados Expansão do imperialismo


Unidos da América e Japão e colonialismo
• Forte dinamismo industrial, económico e Fornecedores de matérias-primas
financeiro e mercados
• Rede de comunicações muito desenvolvida de escoamento de produtos
• Excedente demográfico manufaturados
• Superioridade técnica

• Rivalidades imperialistas – Conferência


de Berlim (1884-1885)
• Tensão internacional – política de alianças
e corrida ao armamento
A avaliação no Horizonte…

• Clarifique o seu quadro conceptual.


Selecione as definições dos conceitos que são válidas (V) e corrija as que considerar incoerentes (I).

Demoliberalismo – Modo de organização política que vigora desde o fim do século XIX e início do
século XX, no mundo ocidental, e que se caracteriza pelo reforço do poder do monarca, permitindo
o direito à participação política através do voto e reforçando o poder dos Parlamentos nacionais.

Sufrágio Universal – Direito de voto em eleições políticas, aplicado a todos os cidadãos,


independentemente do género, etnia, rendimentos ou educação.

Nacionalismo – Sentir pertença e identificação com um determinado povo ou uma comunidade,


partilhando a língua, a religião, as tradições culturais, os costumes e uma História comuns. Este
sentimento aparece muito associado ao patriotismo e acentua as especificidades de cada povo,
estando na origem da reivindicação e luta pela independência e autodeterminação, mas também
de conquistas territoriais.

Imperialismo – Um Estado domina militar, política, económica e culturalmente outros países,


dependentes em todas estas dimensões, ou só em algumas.

Colonialismo – Um Estado domina militar, política, económica e culturalmente outros territórios


independentes.

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