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A Europa no

século XIX
Revoltas populares e unificações italiana e alemã
primavera dos povos
CONTEXO:

REV. FRANCESA Objetivo de restaurar a estabilidade


política na Europa e redefinir as
fronteiras dos países após as
transformações ocorridas durante o
ERA NAPOLEÔNICA período revolucionário e napoleônico.
Teve como resultado a restauração das
monarquias absolutistas em muitas
partes da Europa e a reinstauração de
CONGRESSO DE VIENA antigas dinastias.
A Primavera dos Povos desafiou diretamente a ordem
estabelecida pelo Congresso de Viena ao questionar os governos
autoritários e buscar mudanças sociais e políticas significativas.

As ideias de liberdade, igualdade e nacionalismo que surgiram


durante a Revolução Francesa e que foram reprimidas pelo
Congresso de Viena encontraram eco nos movimentos da
Primavera dos Povos.

Os eventos de 1848 demonstraram a persistência dessas ideias e


a insatisfação popular com as estruturas políticas existentes,
mesmo décadas depois do Congresso de Viena.
O que foi?
A "Primavera dos Povos" foi um período de agitação política e social (série de
levantes populares e movimentos revolucionários) que ocorreu em grande parte
da Europa em 1848.

Por que o termo "primavera"?


A palavra "primavera" evoca a ideia de renovação, florescimento e esperança.
Assim, ao utilizar esse termo para descrever os eventos de 1848, busca-se
transmitir a ideia de um despertar político e social, um período em que as pessoas
se uniram para lutar por mudanças e reivindicar seus direitos.
O quadro representa o
período da Primavera
dos Povos.

Cidadãos de diferentes
nações europeias
caminham em direção à
estátua que
representaria a
República.
No século XIX, a Europa enfrentava uma série de
desafios políticos, econômicos e sociais.

Muitas nações europeias ainda eram governadas


por monarquias absolutistas.

As condições de vida para a maioria da população


eram difíceis, com altos níveis de pobreza,
desemprego e desigualdade social.
governo da frança
Após a queda de Napoleão:

1. Luís XVIII (1814-1824)


2. Carlos X (1824-1830): Irmão mais novo de Luís XVIII. Suas políticas
conservadoras e autoritárias, incluindo restrições à liberdade de
imprensa e uma tentativa de restringir o direito de voto, geraram
crescente descontentamento. A Revolução de Julho de 1830 levou
à sua abdicação e à ascensão de Luís Filipe I.
3. Luís Filipe I (1830-1848): Conhecido como "o rei burguês", foi
coroado como rei dos franceses após a Revolução de Julho de
1830.
Seu governo foi marcado tanto pelo crescimento
econômico quanto pelo agravamento do quadro de
desigualdades sociais, e isso provocou uma série de
instabilidades.

Como o governo de Luís Filipe foi incapaz de


oferecer as respostas esperadas, tais grupos
aproximaram-se dos ideais republicanos e
passaram a promover uma série de ações com o
objetivo de depô-lo.
Com isso, o governo francês determinou a proibição de
manifestações públicas e reuniões promovidas por opositores
do regime.

As Campanhas dos Banquetes, por concentrarem grupos que


comungavam dos ideais republicanos e articulavam oposição
ao governo, foram combatidas e lançadas na ilegalidade.

Os jornais Le National e La Réforme , os quais eram


favoráveis ao sufrágio e veiculavam textos críticos ao Estado
francês, foram censurados.
Em fevereiro de 1848, na tentativa
de conter as insatisfações
populares que ocuparam as ruas
de Paris, “o rei burguês” convocou
a Guarda Nacional para coibir os
revoltosos.
As forças oficiais, no entanto,
formadas em sua maioria por
homens que se identificavam com
o que era defendido pelos
manifestantes, não cumpriram a
ordem real e se juntaram aos civis.
Isolado, sem forças para resistir,
Luís Filipe foi deposto.
Com a deposição do rei foi instituído o governo provisório.

Apesar de moderado, o grupo político encarregado de conduzir a


transição teve de ceder às pressões dos outros participantes ativos do
processo (como a esquerda socialista).

Por meio de decreto, o grupo de pressão, com forte presença e formado


essencialmente por operários, teve o direito ao trabalho reconhecido e
elevado à condição de essencial.

De modo a garanti-lo, o governo provisório decretou a criação das


oficinas nacionais, espécie de fábricas estatais formadas com o objetivo
de resolver o problema do desemprego.
Decretaram-se, ainda, o fim da pena de morte e as
completas liberdades de imprensa e de reunião, bem
como o sufrágio universal masculino.

Aos poucos, as camadas populares da sociedade


francesa ascendiam à cena pública e passavam a contar
com garantias para o exercício da cidadania. Isso,
contudo, incomodava as classes conservadoras que, aos
poucos, organizavam-se para conter tal avanço.
Nas eleições para a Assembleia Constituinte, que se realizaram em
abril de 1848, por meio do voto popular, formou-se uma ala de
republicanos conservadores, representantes da burguesia e dos
pequenos proprietários rurais.

O novo governo tomou medidas arbitrárias, como o fechamento


das oficinas nacionais, o que desencadeou novas revoltas.

Essas, no entanto, foram implacavelmente reprimidas, com prisões


e execuções de milhares de pessoas, sobretudo de proletários. Os
partidos de tendência socialista foram banidos, e os jornais
radicais, fechados.
Depois da violenta repressão,
promulgou-se uma nova
Constituição em novembro de
1848.

No mês seguinte, foram


realizadas eleições presidenciais.

Luís Bonaparte, sobrinho de


Napoleão Bonaparte foi eleito.
Em 1851, Luís Bonaparte ampliou seu poder por meio de um
golpe conhecido como 18 Brumário de Luís Bonaparte.

Ele fechou a Assembleia Nacional e realizou um plebiscito


para elaborar uma nova Constituição que o tornaria
cônsul.

Em 1852, Luís Bonaparte convocou um novo plebiscito e,


por meio dele, transformou a França em um império,
coroando-se imperador com o título de Napoleão III.
Por um lado, o país desenvolvia-se economicamente, abrindo fábricas
e reurbanizando-se pelas mãos do prefeito de Paris, Barão
Haussmann, mas, por outro, o governo exercia forte poder de
opressão contra o Legislativo e qualquer força de oposição.

No plano da política externa, Napoleão III defendia o nacionalismo


francês e queria um país forte no cenário mundial.

Em relação à Rússia, manteve sempre o clima de hostilidade devido às


campanhas de Napoleão Bonaparte, estabelecendo com o czar
Nicolau I conflitos constantes, a partir dos quais eclodiu a Guerra da
Crimeia (1853 e 1856).
Essa guerra ocorreu objetivando conter o avanço russo na
região balcânica, defendendo, então, a integridade do
Império Turco-Otomano. Em julho de 1871, Napoleão III
declarou guerra à Prússia, que, comandada por Otto von
Bismarck, o “chanceler de ferro”, derrotou a França.
Napoleão III foi capturado após a Batalha de Sedan, e uma
revolução em Paris decretou sua deposição em 4 de
setembro de 1871.

Após a queda de Napoleão III, foi criada a Comuna de Paris,


primeira experiência socialista de governo no mundo.
O CLIMA DE REVOLTA CONSTANTE NA FRANÇA FOI
DISSEMINADO POR VÁRIAS REGIÕES DA EUROPA.

Assim que os levantes franceses chegaram à Áustria, os líderes


antiabsolutistas se reuniram e organizaram várias manifestações de rua.

Nesse período, o chanceler chegou a fugir para a Inglaterra e o imperador


Fernando I outorgou uma nova Constituição, no intuito de ganhar tempo.

Seus planos, contudo, não lograram êxito, e, em menos de 2 meses, as


ruas estavam novamente tomadas pelo povo. Ele foi, então, obrigado a
elaborar mais uma Constituição, feita com base no sufrágio.
Contudo, a burguesia austríaca mudou de lado e traiu
a causa revolucionária por medo das perdas
econômicas que sofreria.

Burguesia e aristocracia retomaram Viena e


reprimiram os manifestantes.

Além disso, Fernando I foi forçado a abdicar em nome


de seu sobrinho Francisco José, que tinha mais ligação
com os grupos absolutistas.
No mesmo período, a burguesia e o proletariado alemães tomavam
a cidade de Berlim, obrigando o rei Frederico Guilherme IV a
convocar uma Assembleia Constituinte.

Na região da Baviera, a população de Munique fez com que o rei Luís I


abdicasse o trono e quem assumiu foi o seu filho, Maximiliano II.

Embora a Primavera dos Povos tenha sido em grande parte reprimida e não
tenha alcançado seus objetivos de reforma política e social em muitos países, ela
deixou um legado duradouro. As sementes plantadas durante esse período de
agitação ajudaram a moldar futuros movimentos reformistas e nacionalistas na
Europa, e suas demandas por mudanças políticas e sociais continuaram a
influenciar o desenvolvimento político do continente nas décadas seguintes.
Nas fábricas, as primeiras manifestações
Quanto mais o mundo se urbanizava, mais fábricas surgiam e
mais as diferenças sociais se acentuavam. Com as ferramentas
sendo substituídas pelas máquinas, a Revolução Industrial ditava
os rumos do mundo moderno.

Essas transformações se iniciaram na Inglaterra do século XVIII.


Daquele momento em diante, ficaria claro o intenso
distanciamento entre os que detinham os meios de produção, ou
seja, a burguesia, e os que detinham a força de trabalho, ou seja, o
proletariado.
cartismo
Movimento independente da classe trabalhadora britânica.

Seu nome teve origem na Carta do Povo, principal documento de reivindicação dos operários que
foi escrito como resposta ao Reform Act (uma lei eleitoral que proibia o direito de voto para os
operários).

Entre as reivindicações da Carta do Povo, estavam:

1. Sufrágio universal masculino: o direito de voto para todos os homens adultos,


independentemente de sua posição social ou renda.
2. Voto secreto: a garantia de que o voto seria exercido de forma livre e anônima, sem coerção
ou influência indevida.
3. Representação igualitária: a redistribuição dos distritos eleitorais para garantir que cada
região tivesse um número igual de representantes no Parlamento.
4. Eleições anuais do Parlamento: a realização de eleições gerais anualmente para manter os
representantes politicamente responsáveis perante o povo.
Os cartistas percorriam fábricas e oficinas e faziam
reuniões públicas para colher assinaturas..

As propostas do cartismo não foram bem aceitas pelos


governantes. Apesar disso, os cartistas conseguiram
mudanças efetivas como a primeira lei de proteção ao
trabalho infantil (1833), uma lei de imprensa (1836), a
reforma do Código Penal (1837), a regulamentação do
trabalho feminino e infantil, a lei permitindo as
associações políticas.
MOVIMENTO LUDITA
Os fundamentos desse movimento provinham da observação
feita por muitos trabalhadores de que a mecanização era,
naquele momento do século XIX, a grande causadora da maioria
dos infortúnios vividos.

Os luditas acreditavam que essas máquinas


ameaçavam suas habilidades e empregos,
além de diminuir os salários e aumentar as
condições precárias de trabalho.
Assim, eles se propunham a realizar uma destruição maciça
de todas as máquinas que representassem perda de
autonomia do operariado.

O nome ludita deriva do sobrenome de um dos seus líderes,


Ned Ludd.

Os luditas expressavam sua insatisfação por meio de ações


diretas, como a destruição das máquinas. Eles invadiam fábricas e
destruíam teares e outras máquinas industriais. Suas ações eram
muitas vezes organizadas secretamente à noite, usando táticas
como encapuzar seus rostos para evitar serem identificados.
O governo britânico, temendo a violência e a instabilidade social, tomou
medidas severas para reprimir o movimento ludita. Foram aprovadas leis
que tornavam a destruição de máquinas um crime punível com a pena de
morte. Soldados foram enviados para as áreas afetadas e muitos luditas
foram presos, julgados e executados ou deportados.
Ideias sociais, políticas, econômicas e científicas do século XIX

Liberalismo

Um dos mais importantes


fundamentadores das teorias liberais
foi o escocês Adam Smith (1723-1790)
Adam Smith acreditava que a divisão do trabalho era
essencial para o crescimento da produção e do
mercado. Assim, a livre concorrência ampliava a
produção e dava dinamismo ao sistema. Para ele, o
Estado deveria se limitar a zelar pela propriedade,
interferindo minimamente na economia, que, guiada
pela “mão invisível” (metáfora utilizada para referir-se
às leis de mercado, intrínsecas ao modelo capitalista),
geraria a riqueza necessária às nações.
Divisão do trabalho: Smith enfatizava a importância da divisão do trabalho
como uma forma de aumentar a produtividade. Ao dividir uma tarefa complexa
em várias etapas e especializar os trabalhadores nessas tarefas, a produção
pode ser realizada de forma mais eficiente e em maior quantidade. A divisão do
trabalho leva a um aumento da produtividade e, consequentemente, da riqueza
das nações.

Livre comércio: Smith defendia fortemente a abertura dos mercados


internacionais e a remoção de barreiras comerciais. Ele acreditava que o livre
comércio permitiria que cada país se especializasse na produção daquilo em
que é mais eficiente, aumentando a eficiência global e o bem-estar econômico
geral. Ele criticava as políticas protecionistas, como tarifas e restrições
comerciais, que considerava prejudiciais ao crescimento econômico.
Papel limitado do Estado: Smith acreditava que o papel do Estado na economia
deveria ser limitado. Ele defendia que o Estado deveria ter a responsabilidade
de proteger a propriedade privada, fazer valer os contratos e fornecer certos
serviços públicos essenciais, como defesa nacional e justiça. No entanto, ele
argumentava que a intervenção excessiva do Estado na economia, como a
regulação excessiva e os monopólios estatais, poderia ser prejudicial ao
desenvolvimento econômico.

Mão invisível: Smith introduziu o conceito da "mão invisível" para descrever o


funcionamento do mercado livre. Ele argumentou que, quando os indivíduos
buscam seu próprio interesse econômico, buscando maximizar seus lucros, a
interação entre oferta e demanda no mercado leva a uma alocação eficiente
dos recursos. O mercado, através dessa "mão invisível", harmoniza os
interesses individuais e promove o bem-estar coletivo.
Em 1798, Thomas Malthus
publicava a obra Ensaio sobre o
princípio da população, na qual
afirmava que a fome e a miséria
eram decorrências naturais do
fato de que, enquanto a
população aumentava em
progressão geométrica, o
crescimento da produção dos
meios de subsistência se dava em
progressão aritmética.
Progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32…)
Progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10…)

A conclusão é que o crescimento da população seria maior


do que a quantidade de alimento produzido.

Para solucionar o problema, Malthus propõe: controle de


natalidade. E isso deveria ser feito através da sujeição moral
do homem, com casamento tardio e abstinência sexual.
David Ricardo, em seu
livro Princípios de
economia política e
taxação, publicado em
1817, apresentava duas
contribuições para a
economia clássica: a Lei
Férrea dos Salários e a
Lei da Renda Diferencial
da Terra.
Lei Férrea dos Salários: afirmava que o nível dos salários dos
trabalhadores correspondia sempre ao mínimo imprescindível para
mantê-los vivos junto a suas famílias, permitindo-lhes perpetuar a
espécie. Segundo Ricardo, quando os salários estão acima desse
nível, a população aumenta, resultando em uma oferta maior de
mão de obra. Por outro lado, quando os salários estão abaixo desse
nível, a população diminui e a oferta de mão de obra escasseia.
Essa teoria implica que, em longo prazo, os aumentos de salários
acima do nível de subsistência não beneficiariam os trabalhadores,
pois seriam contrabalançados pelo crescimento populacional e pela
oferta de mão de obra excedente, resultando em um retorno aos
níveis de salários anteriores.
Lei da Renda Diferencial da Terra: De acordo com essa lei, à medida
que a demanda por alimentos aumenta e a população cresce, é
necessário cultivar terras menos férteis ou utilizar técnicas mais
intensivas para obter mais alimentos. Isso leva a um aumento do
custo de produção e, consequentemente, do preço dos alimentos.

As terras mais férteis produzem alimentos com custos de produção


mais baixos, enquanto as terras menos férteis requerem custos de
produção mais altos. Portanto, os proprietários das terras mais
férteis poderiam cobrar uma renda diferencial, obtendo uma
parcela do excedente gerado pela produtividade superior de suas
terras.
Nesse período, o professor de
Economia Política da
Universidade de Oxford,
Nassau Senior, desenvolveu
uma linha de pensamentos
que se opunha à redução da
jornada de trabalho, alegando
como justificativa o fato de
que o lucro obtido pelos
industriais vinha exatamente
da última hora dessa jornada.
Não era só o liberalismo que influenciava o mundo
naquele período. O quadro político do continente
europeu na primeira fase do século XIX apresentava
outra corrente ideológica principal: o socialismo.

Enquanto o liberalismo estava atrelado à expansão


das ideias iluministas e argumentava em favor das
concepções de vida que favoreciam a classe burguesa,
o socialismo ligava-se à classe trabalhadora.
Socialismo utópico
Os teóricos iniciais do socialismo ficaram conhecidos como
socialistas utópicos.
Essa denominação foi criada por críticos marxistas por
acreditarem que as proposições desses socialistas não partiam
de uma análise das condições materiais reais, vivida pelas
populações exploradas, mas sim de suposições daquilo que se
considerava como “tipo ideal”, utópico.

Utopia é um termo que descreve uma


sociedade ou um sistema idealizado,
perfeito e imaginário.
Seus defensores buscavam uma transformação radical da
sociedade, baseada em princípios de igualdade, justiça e
cooperação, mas diferenciavam-se de outras correntes
socialistas, como o socialismo científico ou o marxismo, por
não se basearem em uma análise científica da sociedade e
por não elaborarem estratégias políticas concretas para a
implementação de suas ideias.

Alguns dos principais pensadores associados ao socialismo utópico


são: Charles Fourier, Robert Owen e Saint-Simon.
Saint-Simon (1760-1825) tinha um longo
histórico como revolucionário, tendo
participado da Revolução Francesa.

Em sua obra "Cartas de um habitante de


Genebra", escreveu sobre uma sociedade
sem a presença de ociosos e na qual não
haveria a exploração do trabalho humano.

(Quem eram os ociosos para Saint-Simon:


militares, clérigos, magistrados e nobres).
Para Saint-Simon, a chave para uma sociedade ideal
era a valorização dos produtores industriais e científicos,
em vez dos proprietários de terras e nobreza tradicional.
Ele acreditava que a ciência e a tecnologia poderiam
trazer progresso e solucionar os problemas sociais.

Ele enfatizava a importância da cooperação e da


solidariedade entre os membros da sociedade.
Argumentava que as classes sociais deveriam colaborar
para o benefício de todos, em vez de entrarem em
conflito.
Já Charles Fourier (1772-1837) idealizou
uma sociedade baseada na estrutura
dos falanstérios.
Em seu livro O novo mundo industrial, ele
explicou que tais falanstérios seriam
comunidades agroindustriais, com bases
socialistas, nas quais toda a divisão do
trabalho seria abolida e cada morador
poderia desenvolver suas capacidades e
aptidões e logo integrar um mundo livre,
baseado na troca de experiências.
Ele imaginava que as falanges seriam baseadas em atividades
atrativas e prazerosas para seus membros. Fourier acreditava que
todos os seres humanos tinham paixões e desejos naturais que
poderiam ser direcionados de forma produtiva para o benefício de
todos. Ele defendia a ideia de que as pessoas deveriam ter a liberdade
de escolher suas ocupações com base em suas habilidades e
inclinações individuais.

Fourier também propôs a abolição da propriedade privada. Ele


defendia que a terra e os meios de produção deveriam ser
compartilhados e administrados coletivamente para garantir a
justiça social e a igualdade de condições para todos os membros da
Além disso, Fourier abordou questões relacionadas à
emancipação das mulheres, defendendo a igualdade de gênero e
a libertação das mulheres das restrições sociais e domésticas.

Ele argumentava que a sociedade só poderia alcançar seu pleno


potencial quando todas as pessoas, independentemente de
gênero, tivessem oportunidades iguais e pudessem contribuir
livremente.

Alguns dos seguidores de Fourier tentaram criar tais estruturas


em suas terras, tanto nos EUA quanto na França, mas nenhuma
das experiências obteve êxito.
Um dos casos mais curiosos do socialismo
utópico veio do pensamento de Robert Owen
(1771-1858).

O caso é interessante porque Owen emergia


das classes ricas e tentava aplicar suas ideias
em suas próprias fábricas na Escócia.

Com uma consciência humanista, ele reduziu a


jornada de seus operários e aumentou seus
salários, além de melhorar as condições do
ambiente onde trabalhavam. Construiu
também creches e escolas para os filhos de
seus trabalhadores.
Infelizmente, suas ideias só trouxeram revoltas, contestações e
descrédito por parte dos grandes proprietários e industriais,
principalmente quando começou a contestar a existência da
propriedade privada.

Owen terminou seus dias lutando em outra frente: a implantação das


trade unions, que se tornariam futuramente a base para os primeiros
sindicatos.

Trade unions: associações de trabalhadores que antecederam a formação


dos sindicatos. Ao longo do século XIX, o mais eficiente e principal
instrumento das trade unions foi a greve.
Observação:
Pra que serve um SINDICATO?
Em linhas gerais, os sindicatos atuam como
representantes coletivos dos trabalhadores, negociando
com os empregadores em questões relacionadas a
salários, benefícios, horas de trabalho, saúde e
segurança, etc.

Eles visam garantir que os trabalhadores sejam tratados


de forma justa e equitativa e que suas necessidades e
interesses sejam considerados.
Socialismo científico

Os maiores teóricos do socialismo


científico foram os alemães Karl Marx
(1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895).

No Manifesto Comunista, documento


publicado em 1848, eles delinearam os
fundamentos dessa corrente socialista,
baseados na análise da realidade
econômica e das desigualdades sociais
geradas pelo capitalismo.
Para Marx e Engels, as teorias socialistas utópicas
recebem por eles esse nome porque não passam de
utopias sociais, que só existiam no plano intelectual,
mas nunca existiriam no plano prático.

Dessa forma, proporão uma teoria socialista que eles


consideravam científica, com embasamento teórico e
possibilidade de efeitos práticos. Ou seja, uma teoria
que poderia ser aplicada de fato para substituir o
modelo econômico capitalista.
Materialismo Histórico

A ESTRUTURA de uma sociedade é sua economia, com seus


modos, regras, meios, forças e relações de produção.

Já o governo, direito, política, religião, artes, filosofia, ciência


e todos os demais aspectos sociais seriam uma
SUPERESTRUTURA que se baseia na estrutura econômica da
sociedade ao mesmo tempo em que ratifica o seu
funcionamento.
Luta de Classes

A história da humanidade é a história da luta de classes.

A sociedade sempre foi dividida em 02 grupos antagônicos:


DOMINANTES x DOMINADOS
Homem livre x Escravizado
Patrício x Plebeu
Senhor Feudal x Servos
Burgueses x Proletários (modo de produção capitalista)
Burgueses: Proprietários dos MEIOS DE PRODUÇÃO

(Meios de produção: R$, maquinário, local)

Proletários: Têm FORÇA DE TRABALHO, ou seja o próprio corpo

Para não morrer de fome, o sujeito vende sua força de


trabalho, seu tempo, seu corpo, para quem possui os
meios de produção.

Essa relação é justa? Marx acredita que não!


Mais valia
Marx vai perceber o seguinte fato:

de tudo aquilo que o trabalhador produz em seu dia de


trabalho, apenas uma pequena parte volta pra ele em
forma de salário.
recebeu R$ 0,25 É vendida por R$ 5,0

Produção (tecido, maquinário, energia): R$ 0,30 R$ 4,45 -> Patrão.


Como reverter tal situação?

Eles achavam que, por ser impossível conscientizar a


burguesia, o caminho para a mudança seria destruir os
alicerces do sistema capitalista.

O proletariado deveria se organizar a partir da


formação de sindicatos, partidos políticos ou grupos
com ideologias sólidas, para então, unidos, terem voz
perante seus patrões.
Não é à toa que a máxima do Manifesto comunista de 1848, foi
“Proletários do mundo: uni-vos!”, em uma clara demonstração
da necessidade de queda da burguesia para a ascensão da força
trabalhadora.

Veja bem, segundo os pensadores, nunca o sistema político,


jurídico, filosófico, artístico e/ou científico permitiria o fim do
capitalismo porque todas essas superestruturas são
controladas por pessoas pertencentes à classe burguesa.
Dessa forma, a mudança só seria possível se a classe operária
provocasse essa mudança social através de uma REVOLUÇÃO.
Com a revolução, os proletários tomariam o controle do Estado.

Teria início a etapa de transição chamada “ditadura do proletariado”.

O Estado iria apropriar-se de todos os meios de produção e de todas


as superestruturas da sociedade, e seria responsável pelo
planejamento econômico da sociedade, determinando onde deveria
investir esforços e recursos.

Nessa etapa, quem determina o que cada um faz e como faz ainda é o
Estado.
O socialismo seria uma etapa transitória entre o capitalismo e
o comunismo.

Marx e Engels sabiam que no começo os burgueses iriam se


revoltar. Entretanto, os filósofos acreditavam que com o
passar do tempo eles perceberiam que uma sociedade justa é
melhor de se viver do que uma sociedade injusta. Que todos
trabalhando de igual para igual fariam a sociedade prosperar
melhor do que a forma como era feito antes. Nesse momento,
os burgueses iriam parar de se revoltar e aceitariam essa
nova condição.
Aí, então, os trabalhadores poderiam deixar o Estado
e dissolvê-lo, acabando com a necessidade de um
órgão controlador e legislador, deixando com que a
sociedade se autogovernasse, sem precisar de
alguém mandando ninguém fazer nada e todos
seriam felizes porque todos teriam condições de vida
boa e dignas.
Uma das características centrais do pensamento marxista é a noção
de uma sociedade sem classes.

Haveria uma distribuição equitativa dos recursos, com base no


princípio de "de cada um, segundo sua capacidade; a cada um,
segundo sua necessidade".

Ou seja, cada indivíduo contribuiria para a sociedade de acordo com


suas habilidades e receberia o que precisasse para uma vida digna.

A exploração do trabalho seria eliminada e os meios de produção


estariam sob controle coletivo, visando atender às necessidades da
sociedade como um todo.
Anarquismo
O termo anarquia vem das prefixo an (negação) e da palavra
arkhía (governo, autoridade)

A teoria anarquista propõe a existência de uma sociedade


independente, livre de poderes impositores, sobretudo do
exercido pelo Estado.

Não se solidificou como pensamento único. Todos os


anarquistas eram contra o Estado e contra o capitalismo, mas
o modo de defender as suas ideias muda de autor para autor.
Mikhail Bakunin Bakunin acreditava que o Estado,
independentemente de sua forma (seja
monárquico, democrático ou socialista),
inevitavelmente levaria à opressão e à
exploração.

Ele via o Estado como uma instituição


que concentrava poder nas mãos de uma
elite política e burocrática, que usava
esse poder para subjugar o povo e
manter privilégios para si mesmos,
portanto, argumentava que a abolição do
Estado era essencial para alcançar a
liberdade individual e coletiva.
Tanto o anarquismo quanto o socialismo científico pregam a
passagem da sociedade para o comunismo, mas diferem
entre si em relação aos MÉTODOS para chegar a esse obj
para chegar a esse objetivo.etivo.

Enquanto, para os anarquistas, a passagem para o


comunismo deveria se dar de forma imediata, para os
socialistas era preciso seguir estágios, entre os quais a
tomada do poder pelos proletários e a conseguinte
instalação de um Estado controlado pelo operariado.
“Das coisas novas”
A Europa no século XIX estava tomada por ações sociais da classe operária
contrária ao modo de produção capitalista que se desenvolvia
vertiginosamente. Em 1891, quando já era impossível para a Igreja Católica
ficar alheia a tal situação, o papa Leão XIII publicou a encíclica Rerum
novarum (em latim “Das coisas novas”).

O documento apresentava claramente a não aceitação das ideias


socialistas por parte da Igreja e clamava aos patrões que encontrassem
em seu íntimo o que a instituição religiosa considerava como espírito
cristão, de forma a manter o respeito à dignidade de seus trabalhadores.
Também deixava evidente que a propriedade privada era um bem
inalienável ao homem.
Não luta, mas concórdia das classes

"O primeiro princípio a pôr em evidência é que o homem deve


aceitar com paciência a sua condição: é impossível que na
sociedade civil todos sejam elevados ao mesmo nível. É, sem
dúvida, isto o que desejam os socialistas; mas contra a
natureza todos os esforços são vãos. Foi ela, realmente, que
estabeleceu entre os homens diferenças tão multíplices
como profundas; diferenças de inteligência, de talento, de
habilidade, de saúde, de força; diferenças necessárias, de
onde nasce espontaneamente a desigualdade das
condições. Esta desigualdade, por outro lado, reverte em
proveito de todos, tanto da sociedade como dos indivíduos;
porque a vida social requer um organismo muito variado e
funções muito diversas, e o que leva precisamente os
homens a partilharem estas funções é, principalmente, a
diferença das suas respectivas condições".
Internacionais Operárias

Para se expandir, as ideias socialistas precisavam


de um plano organizacional.

Assim, os trabalhadores de vários países se uniriam.

Houveram 03 Internacionais Operárias.


A Primeira Internacional (ou Associação Internacional dos
Trabalhadores - AIT ) em 1864, foi a 1º organização operária a
superar fronteiras nacionais, reunindo membros de diversos
países.

A organização abrigou em seus espaços trabalhadores das mais


diversas correntes ideológicas de esquerda

Ela foi fundamental para o desenvolvimento do movimento


operário europeu, apoiando greves, sindicatos, grupos de
resistência dos mais variados, e por ter prestado apoio à Comuna
de Paris, considerada o primeiro governo operário da história.
Entre 1866 e 1872, foram realizados congressos gerais, onde
eram discutidas questões de interesse da classe
trabalhadora como: as condições de trabalho do
proletariado da época, as relações de trabalho, a função e
importância dos sindicatos, a coletivização da terra e dos
meios de produção, e outros temas.

Começa a ter divisão a partir dos debates da tática e


estratégia de como os trabalhadores poderia de fato
melhorar suas condições de vida, dividiu-se em 1872 e em
1876 a organização foi dissolvida
Tendo uma nova visão de Europa pós-unificações italiana e alemã,
organizou-se a II Internacional Operária.

Olhava-se para o projeto socialista de forma mais calma,


elaborando-se ideias, reformas e projetos que pudessem, por meio
do voto, conscientizar as massas e os patrões.

Tinha uma abordagem gradualista e reformista, defendendo a luta


por reformas sociais dentro do sistema capitalista. Alguns de seus
membros acreditavam que a classe trabalhadora poderia alcançar
melhorias por meio da participação política e da conquista de
direitos trabalhistas.
Novamente houveram divergências: o russo Vladimir Lenin e a alemã
Rosa Luxemburgo opunham-se abertamente a essas concepções
(embora suas abordagens fossem distintas).

Com a chegada ao século XX e o início da Primeira Guerra Mundial, a


II Internacional se dissolveu.

III Internacional Operária - Internacional Comunista

Foi fundada em 1919 sob a liderança da União Soviética.


Ela tinha como objetivo promover a revolução proletária e a
implantação do socialismo em escala mundial.
Foi dissolvida em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial.

Após sua dissolução, os partidos comunistas continuaram a existir e


operar de forma independente.

Ciência no século XIX

O século XIX foi marcado por uma necessidade urgente de os


indivíduos entenderem seu mundo de forma racional, científica.
Foi exatamente por isso que o positivismo de Auguste Comte
(1798-1857) ganhou notoriedade.
POSITIVISMO
O método positivista nada mais é do
que a defesa da aplicação da Ciência (e
do método científico) em todas as
formas de investigação humana.

Segundo o filósofo, apenas a análise


científica consegue obter as
informações precisas sobre a realidade,
compreendendo suas leis, suas relações
de causa e efeito.
Comte vai propor o abandono de todas as teorias teológicas
e metafísicas, que se baseiam puramente na imaginação.

E aceitará apenas teorias que podem ser comprovadas


cientificamente, ou seja, que se baseiam em elementos
observáveis, experimentáveis e comparáveis.

Essa crença irrestrita na Ciência resultará no que


conhecemos como Cientificismo, termo cunhado para
designar o pensamento de que a Ciência é a única forma de
conhecimento capaz de encontrar a verdade sobre as
coisas.
Ainda nesse período o mundo conheceu:

a radioatividade com Henri Becquerel;


as vacinas com Louis Pasteur;
a Genética por meio dos trabalhos e das pesquisas de
Mendel;
o Inconsciente abordado por Sigmund Freud;
o surgimento da Sociologia por Émile Durkheim;
a revolução na Biologia e nas ciências em geral, com
a seleção natural de Charles Darwin.
Em suas viagens, Darwin teve a oportunidade de analisar
várias espécies, chegando à conclusão de que muitas delas,
durante o curso do tempo, haviam desaparecido e outras
haviam surgido.

Para o cientista, haveria uma seleção natural das espécies,


que resultava na sobrevivência das mais aptas.

Essa teoria foi utilizada em outras ciências, fundamentando


uma corrente de pensamento que ficou conhecida como
darwinismo social.
Tal doutrina que sustentava o individualismo e a
competição como elementos que assegurariam a
sobrevivência dos mais fortes.

O racismo, o imperialismo, o neocolonialismo e a visão


de superioridade da civilização europeia foram algumas
das perspectivas ideológicas e das estratégias políticas
sustentadas por essa doutrina.

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