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A Redenção de Cam:

uma visão religiosa e determinista da sociedade brasileira

Vitória Galdino e Yuri Andrade


Modesto Broncos y Gomez (1852-1936)

De nacionalidade espanhola, o pintor


vinha de uma família que já apreciava a
arte. Seu irmão era um famoso escultor e
ele também seguiu o caminho artístico.

Passou dois anos no Brasil e neste lugar


teve a oportunidade de estudar como
aluno especial de Vitor Meireles e Zeferino
da Costa, ambos instruiram Brocos na
pintura brasileira.
Modesto Broncos y Gomez (1852-1936)

Mudou-se para Paris, Madri e Espanha


para continuar estudando e retornou para
o Brasil para se tornar professor na
Academia de Belas Artes, a essa altura
também se naturalizou brasileiro.

As pinturas mais famosas de Broncos


retratam cenas da vida cotidiana brasileira
no estilo realista.
A Redenção de Cam (1895)

Retrato de uma família miscigenada;


Leitura de evolução;
Papel evolutivo do homem em destaque;
Posição dos pés;
Roupas em contradição com a realidade;
Papel de cor e gênero retratados;
A Redenção de Cam (1895)

O nome da pintura se relaciona com a


história biblíca de Cam - filho de Nóe - que
foi almadiçoado por exibir a nudez do pai
e por isso condenado a ser escravo dos
seus irmãos. Em oitocentos, o mito cristão
foi acionado para justificar a escravidão
dos africanos em relação aos europeus. A
obra de Broncos apresenta uma forma de
reverter essa maldição a partir do
embraquecimento, assim “a redenção”
busca extirpar a culpa pela cor atribuida a
Cam.
A Redenção de Cam (1895)

Outro fator plausível de ser destacado na


pintura é a posição dos personagens que
se assemelham a caricturas presentes na
iconografia religiosa, não somente o nome
da pintura, como também a posição de
agradecimento dos personagens indica a
gratidão pelo sucesso da miscigenação e
evolução racial da criança.
A Redenção de Cam (1895)

Broncos teve influência de diversos


artistas europeus e viveu em um período
em que o cientificismo e teorias para
determinar a evolução humana estavam
cada vez mais presentes e refletiam
também na arte e nas representações da
sociedade. Seus contemporâneos
possuiam obras que colocavam a mulher
em diferentes possições e determinavam
o seu papel sexual na questão da
miscigenação.
A Redenção de Cam (1895)

Diferentemente, da forma como seus


contemporâneos retrataram a mulher
negra e mesmo no Brasil dentro da
literatura - como em O Cortiço - a pintura
de Bronos coloca essa com aspectos
quase que religiosos e sem sexualidade
exposta que demonstre a lasciva
representada em outras pinturas
deteministas.
Referência:

LOTIERZO, Tatiana H. P; SCHWARCZ. Lilia K. M. Raça, gênero e


projeto branqueador: “A Redenção de Cam”, de Modestro
Bronco. In: Artelogie, 2013, p. 35.
FIM!

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