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Realismo Brasileiro

No Brasil, o Realismo foi um movimento literário que teve seu auge entre o final do
século XIX e o início do século XX, sendo uma reação ao Romantismo e influenciado pelas
ideias realistas que surgiam na Europa. Este período na literatura brasileira refletiu não
apenas as mudanças estéticas e temáticas, mas também as transformações sociais,
políticas e econômicas que o país experimentava na época.

O Realismo brasileiro foi marcado por uma abordagem objetiva e crítica da


realidade, buscando retratar de forma fiel e verossímil a sociedade brasileira. Ao contrário
do idealismo romântico, os escritores realistas voltaram-se para temas cotidianos,
explorando os conflitos sociais, as injustiças, as contradições e os aspectos menos
gloriosos da realidade brasileira.

Um marco importante do Realismo brasileiro é a obra "Memórias Póstumas de


Brás Cubas" (1881), de Machado de Assis. Neste romance, Machado de Assis rompe com
as convenções narrativas tradicionais, utilizando técnicas como a ironia, o sarcasmo e o
pessimismo para questionar os valores morais e sociais da sociedade brasileira. A obra
apresenta um protagonista nada convencional, Brás Cubas, que narra suas memórias após
a morte, explorando temas como a hipocrisia, a vaidade e a decadência da elite brasileira.

Outro autor de destaque do Realismo brasileiro é Aluísio Azevedo, especialmente


com seu romance "O Cortiço" (1890). Nesta obra, Azevedo retrata a vida miserável dos
moradores de um cortiço no Rio de Janeiro, explorando as condições deploráveis de vida,
as relações sociais e os conflitos étnicos e culturais na sociedade urbana do Brasil do
século XIX.

Além de Machado de Assis e Aluísio Azevedo, outros escritores contribuíram para


o desenvolvimento do Realismo no Brasil, como Raul Pompéia, Adolfo Caminha e José de
Alencar em algumas de suas obras tardias. O Realismo brasileiro, assim como em outras
partes do mundo, foi uma importante fase na história da literatura nacional, refletindo e
influenciando as transformações sociais e culturais do país.

Machado de Assis
Machado de Assis, um dos maiores expoentes do Realismo no Brasil, deixou um legado
literário marcante com sua trilogia realista composta pelas obras "Memórias Póstumas de
Brás Cubas" (1881), "Quincas Borba" (1891) e "Dom Casmurro" (1899).

Em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", Machado de Assis introduz uma narrativa


inovadora ao trazer um protagonista já falecido, Brás Cubas, que conta sua história de
forma irreverente e sarcástica do além-túmulo. A obra é uma crítica mordaz à sociedade
brasileira da época, explorando temas como a hipocrisia, a vaidade e a decadência da elite.
Machado de Assis utiliza técnicas narrativas como a digressão, a ironia e o pessimismo
para desconstruir mitos e questionar valores morais.

"Quincas Borba" é uma continuação temática de "Memórias Póstumas de Brás Cubas",


onde Machado de Assis explora os mesmos temas, porém de uma perspectiva diferente. A
obra apresenta o filósofo Quincas Borba, criador da filosofia do Humanitismo, que prega a
ideia do "ao vencedor, as batatas", refletindo a competição e a luta pelo poder na sociedade
brasileira. A narrativa aborda questões como a loucura, a ganância e a corrupção,
oferecendo uma visão crítica e irônica da condição humana.

Por fim, "Dom Casmurro" é uma das obras mais conhecidas de Machado de Assis e um dos
pilares do Realismo brasileiro. O romance narra a história de Bentinho, que suspeita da
traição de sua esposa, Capitu, e do filho que ela teve com seu amigo Escobar. A obra
explora temas como a paranoia, o ciúme e a incerteza, deixando o leitor questionando a
veracidade dos eventos narrados e a confiabilidade do narrador. "Dom Casmurro" é uma
reflexão profunda sobre os limites da percepção e da interpretação da realidade, revelando
as complexidades da mente humana.

Essa trilogia realista de Machado de Assis representa não apenas um marco na literatura
brasileira, mas também uma análise perspicaz da sociedade e da condição humana,
mostrando-se atemporal em suas reflexões e críticas.

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