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O realismo foi um movimento literário e artístico que teve início em meados do século XIX, na
França.
Como o próprio nome sugere, essa manifestação cultural significou um olhar mais realista e
objetivo sobre a existência e as relações humanas, surgindo como oposição ao romantismo e
sua visão idealizada da vida.
Entretanto, é possível encontrar também nas artes visuais, sobretudo na pintura, obras de
cunho realista. Foram artistas de destaque Gustav Courbet, na França, e Almeida Junior, no
Brasil.
O movimento se estendeu para várias partes do mundo e teve espaço em solo brasileiro,
principalmente na literatura de Machado de Assis.
oposição ao romantismo;
caráter descritivo;
valorização da coletividade;
O contexto histórico e social no período do realismo foi bastante conturbado. Foi uma época
de grandes transformações que revolucionaram a forma das pessoas se relacionarem e
entenderem a realidade ao seu redor.
O modelo capitalista se intensificou e a classe burguesa passou a ter maior poder de decisão,
gerando um aprofundamento das desigualdades sociais, com maior exploração da classe
trabalhadora, exposta a longas jornadas de trabalho.
Soma-se a esse cenário avanços tecnológicos importantes, como a lâmpada e o carro movido à
gasolina.
É ainda nesse contexto que surgem teorias científicas que objetivavam interpretar e explicar o
mundo, como o Evolucionismo de Darwin e o Positivismo de Auguste Comte.
O movimento realista reflete seu tempo, na busca por uma linguagem mais clara e verossímil,
ao passo que questiona os princípios e padrões burgueses.
Realismo literário
A obra teve destaque na época, sendo considerada um ícone da literatura francesa. Flaubert
inovou na narrativa ao expor um casamento infeliz, questionando a idealização romântica e
trazendo assuntos polêmicos, como o adultério e o suicídio.
Na França, além de Flaubert, teve destaque Emile Zola, com a obra Les Rougon-
Macquart (1871).
Essa nova forma de enxergar e retratar a realidade disseminou-se por outros países.
Em Portugal, Eça de Queiroz destaca-se como escritor realista, com O Primo Basílio (1878) e O
crime do Padre Amaro (1875).
Em solo britânico, temos a escritora Mary Ann Evans, que sob o pesudônimo de George Eliot,
escreveu algumas obras realistas, como Middlemarch (1871). Há ainda Henry James, autor
de Retrato de uma Senhora (1881).
Na Rússia, são muito reconhecidos os escritores realistas Fiódor Dostoiévski, Liev Tolstói e
Anton Tchekhov.
Realismo no Brasil
No Brasil, o realismo surge durante do Segundo Reinado de Dom Pedro II como uma maneira
de criticar a sociedade burguesa e a monarquia, expondo contradições e desigualdades sociais.
Isso porque, foi o período em que ocorre a abolição da escravatura, a chegada de imigrantes e
diversos avanços tecnológicos.
Assim, é na figura de Machado de Assis que o movimento ganha seu maior representante
nacional.
Machado de Assis foi um escritor negro nascido em Livramento, no Rio de Janeiro. Vindo de
uma família humilde, Machado de Assis estudou por conta própria e tornou-se um dos
escritores de maior reconhecimento do país.
Além de romancista, Machado de Assis também foi crítico literário, jornalista, poeta, cronista e
um dos fundadores da Academia brasileira de Letras.
Teve uma carreira fértil na literatura, produzindo diversas obras importantes, com destaque
para Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1886), Dom
Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).
Raul D’Ávila Pompeia foi escritor, jornalista e professor. Publicou em 1880 a obra Uma
tragédia no Amazonas, seu primeiro romance. Mas foi com O ateneu, em 1888, que o autor
ganha destaque no realismo.
Com uma vida conturbada, Raul de Pompeia comete suicídio aos 32 anos em 1895.
Visconde de Taunay (1843-1899)
Visconde de Taunay, cujo nome de batismo era Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay,
foi um escritor, militar e político brasileiro.
Filho de família aristocrata, era defensor da monarquia e teve o título de Visconde concedido
por D. Pedro II, em 1889.
Realismo em Portugal
Havia um clima de disputa entre os escritores do romantismo e novos autores que buscavam
outra leitura da realidade.
O escritor Feliciano de Castilho, que identificava-se como romântico, escreveu em uma carta
duras críticas a autores da nova geração que estudavam na Universidade de Coimbra, como
Antero de Quental, Vieira de Castro e Teófilo Braga.
Castilho afirmou que os colegas não possuíam “bom senso e bom gosto”, devida a maneira
oposta a dos românticos de se expressar. Por conta disso, Antero de Quental decide escrever
uma obra que leva justamente o título Bom senso e bom gosto, lançada no mesmo ano de
1865.
Um nome essencial quando se fala em realismo português é Eça de Queiroz, autor dos
romances O Primo Basílio (1878), O Mandarim (1879), Os Maias (1888).
Realismo na Arte
Nas artes plásticas, sobretudo na pintura, o movimento realista também floresceu, ainda que
em menor intensidade.
Gustav Coubert (1819-1877) foi um dos artistas que utilizou a pintura como forma de
expressar suas ideias e concepções realistas. O francês abordava em suas telas cenas de
trabalho, buscando a denúncia social.
No Brasil, o artista do realismo que ganhou mais destaque foi Almeida Junior, responsável por
telas importantes como Caipira picando fumo (1893), O Violeiro (1899) e Saudade (1899).
O romantismo foi a vertente cultural já acorria antes do realismo. Nela, a visão de mundo era
idealizada, fantasiosa e subjetiva. A linguagem empregada era metafórica e evasiva, com a
valorização do sentimento e emoção.
O realismo, vertente que surge como oposição ao romantismo, a linguagem é culta e direta,
mas ainda assim detalhando com precisão cenas e personagens. Tem a intenção de retratar o
mundo como ele é, explicando o ser humano objetivamente e sem ilusões.