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ESTÉTICA DA ARTE E LINGUAGEM VISUAL

Faculdade de Minas

Sumário

NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3

Introdução ........................................................................................................ 4

A estética ao longo da história ......................................................................... 6

Elementos básicos da linguagem visual ........................................................ 15

Ponto .......................................................................................................... 15
Formas de representação do ponto ........................................................ 15

Utilização do ponto nas artes visuais ..................................................... 16

Linha .......................................................................................................... 17
Classificação .......................................................................................... 17

Utilização das linhas nas artes visuais ................................................... 18

Significados expressos pelas linhas ....................................................... 20

A forma ...................................................................................................... 20
Formas básicas ...................................................................................... 20

Plano e superfície ...................................................................................... 21


Textura ....................................................................................................... 22
A cor........................................................................................................... 24
Nomenclatura das cores ......................................................................... 25

Cores Quentes e Cores Frias ................................................................. 26

Tom ............................................................................................................ 26
Fundamentos da composição ........................................................................ 27
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REFERÊNCIAS ............................................................................................. 33

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Estética Da Arte E Linguagem Visual

Introdução

Atualmente, o mundo vive transformações sociais, culturais, políticas,


tecnológicas, estéticas, resultantes de um longo processo de mudanças de
comportamentos, hábitos, formas de pensar e agir que estejam além de aspectos
objetos e da lógica, mas que também contemple os aspectos subjetivos e sensíveis
de ver e compreender o mundo. Uma das finalidades da arte é a formação estética,
além do refinamento da percepção e da sensibilidade, por meio do fomento à
criatividade, da autonomia na produção e fruição da arte.

O conceito de estética, ao longo da história, foi incorporando imposição de uma


estética ocidental, universalista, produção artística elitizada, a influência da cultura
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industrial; a supervalorização do novo; o imediatismo; de atividades mentais nas


procura do prazer sem esforço e imediato; por gosto e opiniões dirigido pela cultura
de massa, rompimento da sensibilidade com a educação do intelecto e a busca pelo

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belo idealizado, imposições que acarretou em um empobrecimento ou uma


vulgarização do real significado de estética. Outra questão a se considerar é que,
conceito de estética ficou durante muito tempo atrelado a beleza, atualmente, ocorreu
um rompimento, tornando-se supérfluo, pois a questão do belo depende da cultura
em que o indivíduo está inserido.

As artes visuais é uma área que abrange qualquer forma de representação


visual de cor e forma. As representações visuais dramáticas, como cinema, teatro e
música, também se encaixam nessa área. As Artes Visuais são as formas de arte
como a cerâmica, desenho, pintura, escultura, gravura, design, artesanatos,
fotografia, vídeo, produção cinematográfica e arquitetura. Muitas disciplinas artísticas
(artes cênicas, arte conceitual, artes têxteis) envolvem aspectos das artes visuais,
bem como artes de outros tipos. Também incluído no campo das artes visuais são as
artes aplicadas tais como desenho industrial, desenho gráfico, design de moda,
design de interiores e arte decorativa. O conceito de arte visual está intimamente
relacionado ao conceito de visualizar - “ver” - e por isso, engloba as artes em que a
fruição ocorre por meio da visão.

Linguagem visual é todo tipo de comunicação que se dá através de imagens e


símbolos. Os elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos,
são a matéria-prima de toda informação visual. Entretanto, esses elementos isolados
não representam nada, não tem significados preestabelecidos, nada definem antes
de entrarem num contexto formal.

A linguagem visual é uma linguagem talvez mais limitada do que a falada,


porém mais direta. Isto nos mostra que a transmissão de informações no modo visual
tem um maior no impacto e efeito no observador, já que utilizamos maneiras mais
objetivas através das mensagens visuais em seus diversos exemplos.
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Ver significa essencialmente conhecer, perceber pela visão, alcançar com a


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vista os seres, as coisas e as formas do mundo ao redor. Ver é também um exercício


de construção perceptiva onde os elementos selecionados e o percurso visual podem
ser educados. Observar é olhar, pesquisar, detalhar, estar atento de diferentes

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maneiras às particularidades visuais relacionando-as entre si. O saber ver e observar


podem ser trabalhados de maneira que a pessoa possa analisar, refletir, interferir e
produzir visualmente através do entendimento da linguagem visual.

De acordo com o estudo de vários autores, podem-se identificar como


principais elementos visuais: o ponto, a linha, a forma, o plano, a textura, e a cor.

A estética ao longo da história

Cada época, cada movimento artístico, cada filosofia, logo que surgiam novas
concepções era substituída, revista ou rejeitada, por novos conceitos sobre forma e
conteúdo em arte, desse modo, falar de estética é demasiado complexo. Na tentativa
de analisar e compreender os conceitos estéticos convém retomar os conceitos de
estética construídos historicamente de maneira a apresentar suas principais
manifestações.

As teorias estéticas começaram a ser construídas desde a antiguidade clássica


e até hoje são objetos de pesquisa e têm merecido destaque, especialmente a partir
do desenvolvimento do modo de produção capitalista, que impõe a necessidade de
trabalhadores criativos e flexíveis para que possam se adaptar às constantes
oscilações do mercado de trabalho.

Segundo Bayer (1978), na antiguidade primeiramente pode-se destacar o


pensamento de Platão sobre estética, (427 a 348 a.C), porém não existe uma estética
Platônica, porque toda a sua filosofia é estética e as suas concepções estão
centradas no Mundo das Ideias. Platão, entendia a arte por meio de regras que
poderiam dirigir a vida do ser humano e não separava arte da ciência, sua estética é
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centrada na metafísica.
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Platão, considerava impossível separar o belo do mundo das Ideias, pois, a


beleza é a única ideia que verdadeiramente resplandece no mundo, o belo é o bem e

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a perfeição. Ele criou uma concepção de belo, que se afastava da interferência e da


participação do juízo humano, ou seja, o homem tem uma atuação passiva ao
conceito de belo.

A estética deve aparentar os sentimentos, agradáveis ou não, pois, vêm da


natureza da alma, onde “A realidade não é mais do que uma cópia imperfeita, o que
importa é conhecer as ideias, pois, só pela intuição se apreenderá” (BAYER, 1978,
p.47). A aparência sensível, é constituída pela imitação de um ideal concebido no
mundo das Ideias. A única arte aceita por Platão é arte do raciocínio, a poesia é uma
arte, tal qual como a política, a guerra, a medicina, a justiça etc, principalmente pelo
caráter virtuoso das narrativas.

Já Aristóteles, diferentemente de Platão, afirmava que não havia uma estética,


fazia uma separação entre a arte da ciência e restringindo assim, o conceito de arte.
Por outro lado, ele diferenciava as coisas geradas por obra da natureza e não define
a arte como imitação dos objetos naturais, mas da própria natureza. Não uma
imitação da imitação, como Platão concebia, porque a imitação direta vinda do
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racional, da inteligência, por meio da sensibilidade, é necessário, absoluto e ideal.

Para Aristóteles, o belo é visto como algo de bom, ao lado do belo moral
encontra-se o belo formal, assim, o belo e a moral é uma estética do bem. Ele foi

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influenciado pelas teorias matemáticas de Pitágoras, considerava a percepção da


beleza ocorre entre os sentidos e o intelecto e resulta de um perfeito equilíbrio de uma
série de elementos. Assim, considerava que só existe beleza se há simetria; que as
formas supremas do belo estão em conformidade com as leis, da simetria e da
determinação. Aristóteles, criou duas importantes concepções que influenciou a
reflexão sobre estética: a arte é uma imitação (mímesis) da natureza e a arte é um
meio de purificação (catharsis) dos sentimentos.

Avançando para a estética alemã, do século XVIII, destaca-se os precursores


de Kant. Esse período que foi marcado pela dissociação da estética da moral, porém
Kant retoma essas ideias e busca demarcar os limites desses dois domínios.

Inicialmente, apresenta-se a concepção de Leibniz, segundo Bayer (1978), a


filosofia europeia foi influenciada pelas concepções de Leibniz. Ele considerava que
é na harmonia que percebemos o belo e o universo é apenas o reflexo da própria
harmonia interior do homem, sendo o universo, “um conjunto harmonicamente
acabado, pois, todo o universo é dominado por uma visão estética e reintegra o
novamente o sentido de Belo e que o domínio estético não é um domínio original,
mas, conhecimento do perfeito” (Idem, p.174) .

Ele defendia a existência, de uma única realidade, mas dividida em uma


infinidade de seres, as Manadas. Cada Manada representa uma alma e um corpo
indissoluvelmente unidos num desenvolvimento contínuo. “As manadas estão em
evolução contínua; a evolução da representação, que é a manifestação única da
manada, vai do conhecimento vago ao conhecimento inteiro, distinto, que é o
conhecimento divino”. (BAYER, 1978, p.176).

Na verdade, Leibniz criou suas teorias dentro de uma psicologia estética, para
ele, o estado artístico surge das próprias pessoas e toda estética dá sempre à forma
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em lugar importante e a substância formadora apela para uma estética, a criação.


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Wolff, afirmava que era impossível uma separação entre consciência e


pensamento. Leibiniz, que por sua vez, afirmava que existe outro nível de

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conhecimento (cognição) e não havia divisões entre a extensão do pensamento, e


que eles não são parados, porque eles se unem e identificam num determinado
elemento. Assim, esses dois filósofos utilizavam sistemas de conhecimento: inferiores
os sentidos e superior o espírito.

Baumgarten, foi influenciado pela as ideias de Christian Wolff e de Leibinz.


Baseando-se nas concepções de Leibniz, Baumgarten viu a região da estética entre
a sensibilidade e a inteligência pura. Afirmava que a estética é a ciência da cognição
sensorial e que a cognição sensorial deriva por meio do trabalho natural. Que o
conhecimento origina da sensação e também da lógica ou cognição. Considerava que
a cognição sensorial se amplia com formação. A cognição sensorial prazerosa conduz
a um sentido de beleza.

Com relação à beleza, Baumgarten, estava a frente dos demais filósofos da


sua época, afirmou a relação entre beleza e pensamento belo e que a beleza é o
resultado de uma cognição do sensível. Por volta de 1750, passou a determinar
regras para beleza estética e o estudo do que experimenta-se perante a arte
percepção, sensação, considerou que a estética é a “ciência do conhecimento
sensível”. Para ele o artista, ao criar, altera intencionalmente a natureza, adicionando
elementos de sentimento a realidade percebida por estes.

Nesse sentido para Baumgarten, iguala-se ao prévio pensamento grego


clássico que considerava a arte principalmente como mimesis da realidade. Dividiu
em estética em duas partes: estética teórica e prática. (BAYER, 1978, p.180).

Outro filósofo de relevância para a discussão sobre estética é Emmanuel Kant,


um dos mais importantes e influentes filósofos da modernidade. Em seus estudos,
considerava que toda ação deve orientada pela razão, e que a razão humana é a
base da moralidade. Na crítica da razão pura apropria-se da palavra estética de
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Baumgarten, como um estudo gnosiológico denominando de estética transcendental.


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As suas concepções no campo da estética e despertaram interesse em grandes


pensadores que se surgiram depois dele. A sua Crítica da Faculdade de Julgar,

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publicada em 1790, contribuiu para as bases teóricas para todo criticismo romântico
alemão e as fundações de uma nova Estética.

Para Kant, o prazer estético, quanto à sua natureza, não é igual a nenhum
outro tipo de prazer, porém existe uma diferença, pois, as “duas das faculdades
intelectuais, habitualmente divergentes, estão de acordo aqui: imaginação e o
entendimento. Esta coincidência inabitual causa-nos prazer; e esse prazer, é prazer
estético; e por isso ele é desinteressado e não precisa de posse material” (idem, p.
201).

Assim, o aspecto emocional, foi ligado à estética, porque relacionou com o


prazer e desprazer, portanto, segundo Martindale (2000), o juízo estético se resume
em pura contemplação, não possui interesse ou desejo, não quer atribuir um conceito
fixo, é um juízo livre na sua essência; são verdadeiros juízo individual.

A beleza é a única maneira de satisfação e sensibilidade, e é livre de todo


sentimento de egoísmo, daí livre de deste sentimento castrador, liberta o homem,
considera que o único ideal de belo é o homem, pois este é o único ser livre e moral.

Quanto a filosofia moral Kant afirma que:

A base para toda razão moral é a capacidade do homem de agir


racionalmente. O fundamento para esta lei de Kant é a crença de que uma
pessoa deve comportar-se de forma igual a que ela esperaria que outra
pessoa se comportasse na mesma situação, tornando assim seu próprio
comportamento uma lei universal (HÖGE, 2000, p. 38).

O século XIX, foi um período marcado por grandes transformações, entre eles
o aparecimento do movimento romântico, na arte romântica ocorre o recomeço de
atividade da Ideia. Na estética alemã deste período aparece Schiller, que discute a
objetividade e sua cultura, mostra muita consciência, sobre as possibilidades da arte
e seus recursos, porque, para ele o fim estético era o de tornar o “instinto em arte e o
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inconsciente em saber” (BAYER, 1978, p. 293).


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Schiller escreveu a sua principal obra as Cartas sobre a Educação estética do


Homem. Esta obra além de ser estética, é também sociológica, pois a estética
aparece como um suplemento da política e da nova moral. Na sua teoria, a virtude

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educadora da arte é a junção do moralismo e do romantismo, porém o seu moralismo


salva-o do romantismo. Schiller escreveu sobre estética e adaptou as suas próprias
concepções com as de Kant, não há duvidas que a obra estética da maturidade de
Schiller foi baseada nos seus primeiros pensamentos, pois o belo é a manifestação
da humanidade ideal.

Schiller afirmava, que há uma manifestação em que essa contradição é


resolvida, a reconciliação, a catharsis, esta na contemplação, em que o homem
verdadeiramente não deseja e em que, por isso, não tem de lutar em nome da
moral.Com relação a transcendência da arte na criação artística, pela catharsis, pela
habilidade delegada ao homem pela técnica do fazer, pois, no momento em que o
artista cria ou realizar uma produção artística (pintura, poesia, escultura, música,
teatro), ele está evidenciando uma representação sensível, por meio do fazer artístico
mostra a força da estética.

A obra estética de Hegel é a primeira que combina a reflexão filosófica com


uma história da arte. A base da filosofia hegeliana é a noção de Ideia, onde a arte é
a representação particular da Ideia, é a manifestação ou a própria aparência sensível
da Ideia. Hegel defendia o belo artístico como o único com interesse estético. E que
o belo artístico é um produto do espírito, por isso só o podemos encontrar nos seres
humanos e nas obras que eles produzem.

Para Hegel, o que existe de profundo e verdadeiro na obra de arte escapa ao


sentimento particular do belo e ao do gosto como aos demais sentimentos, ele
acrescenta “o que há de profundo na obra de arte apela não só para os sentimentos
e para a reflexão abstrata, mas para a plena razão e para a totalidade.” No processo
estético, o sensível é espiritualizado e o espiritual aparece como sensibilização. Ainda
sobre a concepção de belo Hegel, considera que toda obra de arte tem um fim em si,
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ela é somente um instinto natural de reproduzir e o prazer de ver a obra terminada, o


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fim das belas artes não é imitar, é despertar paixões e sentimentos, e acordar
acontecimentos humanos por meio “dos espetáculos multiformes da natureza”
(BAYER, 1978, p.309).

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Hegel sempre ocupou cargos ou desempenhou funções relacionadas à


educação, para ele, uma sociedade não sobrevive sem a educação, pois ela é
expressão da razão que busca estabelecer a liberdade e implantá-la enquanto prática
corrente. Nesse sentido, Hegel atribui centralidade ao conteúdo e não aos métodos e
técnicas.

O conteúdo deve ser ministrado enquanto direito e também necessidade, pois


é por ele que o homem aprende a ser livre, isto é, racional. A liberdade como fim da
educação somente se realiza na totalidade da comunidade o que implica a superação
de posicionamentos individualistas.

Avançado para o século XX, a estética ganha uma vasta dimensão, pois esse
período foi marcado por grandes revoluções na estética. Na teoria da educação
destaca- se o filósofo Herbert Read, que considerava a importância do conhecimento
intelectual para o processo educativo, e para John Dewey a importância da interação
dos elementos psicológicos e sociais.

Herbert Read, no final do século XIX, foi influenciado pelas teorias de Platão e
Schiller, ele considerava que “o objetivo da educação pode ser apenas o de devolver,
ao mesmo tempo em a singularidade, a consciência social ou reciprocidade do
indivíduo”. No campo da educação artística, ele afirmava que a arte deve ser a base
para educação. Para Herbert Read a criação artística deve ser pensada por meio de
métodos, pois, são fenômenos de auto-revelação, “ideais para revelar ao homem sua
personalidade (READ, 1956, p. 18).

Para Herbert Read, a estética é uma ciência empírica que prova


cientificamente esses fenômenos, busca meios e apresenta ferramentas para a sua
aplicação no sistema educativo. Assim a estética nas suas concepções, dividiu-se em
duas ordens de fatos evidentes: fatos subjetivos que podem ser apreendidos
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introspectivamente, cuja importância é o capital e o mundo de fatos analisáveis, que


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tentava mostrar a estética por meio das observações das proporções, ritmos,
harmonia.

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Nos Estados Unidos, no início da primeira metade do século XX, destaca-se a


estética do norte-americano John Dewey, cuja principal característica é a utilização
da técnica da experiência que pode ser percebida diretamente dessa relação. A
estética experimental de observação e de descrição, encontra-se na obra estética
Arte é experiência, que escreveu sobre os seguintes valores: moral e educação, em
1934.

Dewey se considerava empírico e pragmático. O pragmatismo permeou todo o


seu estudo, pois, acreditava que toda a ideia, valor e instituição social surge das
circunstâncias práticas da vida do ser humano. Para ele essas ideias não botavam de
revelações divinas e nem refletiam um modelo ideal. Para ele a verdade não
representava uma ideia na esperança de ser descoberta, afinal só poderia ser
realizada na prática.

A teoria estética Dewey, nem sempre coloca uma separação entre o estético e
artístico, ele entendia o estético como o gozo, e o artístico como atividade produtora.
Ele era veementemente contra a filosofia idealista, pois e compreendia, que a estética
deveria servir para realizar a vida de um povo, e jamais ser “a arte pela arte”. Em seus
escritos considera a arte inspiradora, porque une o possível e o real, gerando uma
forma concreta, ele afirmou que, “uma emoção estética, é um fato distinto, porém,
não muito afastado de outras experiências naturais” (BAYER, 1978. p. 434).

Dewey não concebia uma estética sem a influencia da educação e da


sociedade e o conhecimento da história é indispensável para julgar uma obra de arte.
A estética ao mesmo tempo que é uma estética experimental, é também sociológica
e cultural, talvez por isso, preocupava-se com o desenvolvimento de uma sociedade
democrática. Nesse sentido, participava ativamente na crítica social, mas, não como
um mero expectador de exercícios abstratos de contemplação, dissociados da
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moralidade prática.
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A arte para Dewey é também expressão de um valor particular e a expressão


do sentimento do artista, essa expressão é revelada no momento da criação, na fusão
dos meios e do fim, do útil e do belo, deve conservar sua universalidade. Bayer (1978,

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p.434) escreveu: “O sentimento numa obra de arte não é uma experiência pessoal,
antes deve ter o caráter universal”

A partir do século XX, é interessante apresentar os pensamentos do filósofo


húngaro Lukács (1978), que em suas concepções, sobre estética, apresenta a arte,
como reflexo estético da realidade, tendo em vista os valores humanos e a realidade
objetiva. Faz uma reflexão sobre as categorias da particularidade e de realismo
crítico, baseando- se nos fundamentos teóricos marxistas, não deixando, contudo, de
dialogar e fazer a crítica a estética de Hegel, Kant, Aristóteles, entre outros.

Em suas concepções sobre a estética,


Lukács acredita que o prazer estético deve ser
vivido mesmo diante do comportamento da
sociedade capitalista, afinal, a arte não deve cultivar
uma visão estática, congelando a vida social. A arte
tem o poder de realizar uma leitura correta do
contexto social e ter uma apreciação exata do
momento presente. Ela deve estar centrada na
busca incessante de estar ligado à vida cotidiana e
buscar suas maiores conquistas e transformações,
afinal, é para o cotidiano que se vive. Desse modo,
a vida social deste homem é constantemente
transformada, por meio das aquisições obtidas por
intermédio da arte e da ciência, a forma pura de
reflexo.

A arte e a ciência se desenvolvem intensamente, segundo Lukács:

A ciência descobre nas suas leis a realidade objetiva independente da


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consciência. A arte opera diretamente sobre o sujeito humano: o reflexo da


realidade objetiva, o reflexo dos homens sociais em suas relações
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recíprocas, no seu intercâmbio social com a natureza, é um elemento de


mediação – ainda que indispensável –, é simplesmente um meio para
provocar este crescimento do sujeito (1978, p. 295-6).

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Os pensamentos do autor, trouxeram uma enorme contribuição para


valorização da criação artística. Toda criação artística tem a capacidade de conquistar
uma universalização que transcende o campo restrito da singularidade, porém, isso
poderá acontecer se criação artística conquista a particularidade estética. Quando
isto acontece, a obra criada, toma novas proporções, para elevar-se da imediata
individualidade cotidiana.

Na visão de Lukács, o julgamento de estética é determinada pela passagem


do universal ao particular: é apenas reflexivo se o universal é buscado a partir do
particular. Para o autor a obra de arte é o reflexo estético da realidade, no processo
criador e no comportamento estético-receptivo em face da arte, ou seja,
“universalidade da forma artística”.

Elementos básicos da linguagem visual

Ponto

O ponto é o elemento básico da geometria, através do qual se originam todas


as outras formas geométricas.
 Ponto é o lugar onde duas linhas se cruzam.
 Ponto é um sinal sem dimensões, deixado na superfície.
 Ponto é a unidade de comunicação visual mais simples e
irredutivelmente mínima (DONDIS, 1997).
 Considera-se como ponto qualquer elemento que funcione como forte
centro de atração visual dentro de um esquema estrutural, seja numa composição ou
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num objeto (FORTES, 2001).


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Formas de representação do ponto

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O ponto pode ser representado graficamente de duas maneiras: pela


interseção de duas linhas ou por um simples toque na superfície com um instrumento
apropriado. É identificado através de uma letra maiúscula do nosso alfabeto.

Utilização do ponto nas artes visuais

Qualquer ponto tem grande poder de atração visual, quando juntos eles são
capazes de dirigir o olhar do espectador. Essa capacidade de conduzir o olhar é
intensificada pela maior proximidade dos pontos, ou seja, quanto mais próximos uns
dos outros estiverem os pontos, mais rápido será o movimento visual.

Nas artes visuais um único ponto não é capaz de construir uma imagem. Porém
com um conjunto de pontos podemos obter imagens visuais casuais ou organizadas.
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Em grande número e justapostos os pontos criam a ilusão de tom ou de cor.


Observe:

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Georges Seurat.

Linha

 Linha é a trajetória definida pelo movimento de um ponto no espaço;


 Linha é um conjunto de pontos que se sucedem uns aos outros, numa
sequência infinita;
 Linha é o elemento visual que mostra direcionamentos, delimita e
insinua formas, cria texturas, carrega em si a ideia de movimento.

Classificação

Alguns autores classificam as linhas simplesmente como físicas, geométricas


e geométricas gráficas.
 Físicas – são aquelas que podem ser enxergadas pelo homem no meio
ambiente. Ex.: fios de lã, barbantes, rachaduras de pisos, fios elétricos etc.
 Geométricas – apresentam comprimento ilimitado não possuindo altura
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e espessura, sendo apresentadas através da imaginação de cada um de nós quando


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observamos a natureza.

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 Geométricas gráficas – são linhas desenhadas numa superfície, sendo


concretizadas quando colocamos a ponta de qualquer material gráfico sobre uma
superfície e o movemos seguindo uma direção.
Em artes Visuais, estudaremos as linhas geométricas gráficas que são
classificadas quanto ao formato em SIMPLES e COMPLEXAS. As linhas simples
podem ser retas ou curvas. Observe:

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Utilização das linhas nas artes visuais

As linhas nascem do poder de abstração da mente humana, uma vez que não

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há linhas corpóreas no espaço natural. Elas só se tornam fato físico quando são
representadas pela mão humana.
Independente de onde seja utilizada, a linha é o instrumento fundamental da
pré-visualização, ou seja, ela é o meio de apresentar em forma palpável, concreta,
aquilo que só existe na imaginação.
Nas artes visuais, a linha é o elemento essencial do desenho, seja ele feito a
mão livre ou por intermédio de instrumentos. Segundo ARNHEIM (1994) as linhas
apresentam-se basicamente de 3 modos diferentes nas artes visuais:

Linhas objeto - visualizadas como objetos visuais independentes. A própria


linha é uma imagem.
 Linhas de contorno - obtidas quando envolvem uma área qualquer
criando um objeto visual.
 Linhas hachuradas – são formadas por grupo composto de linhas muito
próximas criando um padrão global simples, os quais se combinam para formar uma
superfície coerente. Hachurar é usar um grupo de linhas para sombrear ou insinuar
texturas. Quanto mais próximas as linhas, mais densa a hachura e mais escuras as
sombras. Quanto mais distantes as linhas, menos densa a hachura e menos escuras
as sombras. As linhas da hachura podem ter comprimentos e formas diferentes.
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Significados expressos pelas linhas

A linha pode assumir formas


muito diversas para expressar uma
grande variedade de estados de
espírito, uma vez que reflete a intenção
do artista, seus sentimentos e emoções
e principalmente sua visão de mundo.
Quando predomina uma direção, a linha
possui uma tensão que pode ser
associada a determinado sentimento ou
sensação.

A forma

Forma é o aspecto exterior dos objetos reais, imaginários ou representados. A


linha descreve uma forma, ou seja, uma linha que se fecha dá origem a uma forma.
Na linguagem das artes visuais, a linha articula a complexidade da forma.
Formas básicas

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Existem três formas básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero.

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Cada uma das formas básicas tem suas características específicas, e a cada
uma se atribui uma grande quantidade de significados, alguns por associação, outros
por vinculação arbitrária, e outros, ainda, através de nossas próprias percepções
psicológicas e fisiológicas. Ao quadrado se associam enfado, honestidade, retidão e
esmero; ao triângulo ação, conflito, tensão; ao círculo,
infinitude, calidez, proteção. Todas as formas básicas são figuras planas e simples,
fundamentais, que podem ser descritas e construídas verbalmente ou visualmente.
Plano e superfície

O plano é uma superfície sem ondulações, de


extensão infinita, ou seja, uma superfície plana que
se estende infinitamente em todas as direções
possíveis. Temos a noção de um plano quando
imaginamos uma superfície plana ilimitada e sem
espessura.
Pense numa folha de papel prolongada
infinitamente em todas as direções, desprezando a
sua espessura. A representação do plano será feita através de uma figura que sugere
a ideia de uma parte dele. Também nesse caso, fica por nossa conta imaginar que
essa superfície se estende indefinidamente em todas as direções possíveis. Os
planos são denominados por letras minúsculas do alfabeto grego: alfa (α), beta
(β), gama (γ), delta (δ) etc.

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Superfície é a extensão que delimita no espaço um corpo considerável,


segundo a largura e a altura, sem levar em conta a profundidade. É o suporte onde o
artista criará sua composição.

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Textura

Textura, nas artes plásticas, é o elemento visual que expressa a qualidade tátil
das superfícies dos objetos (DONDIS, 1997). A palavra textura tem origem no ato de
tecer. Existem várias classificações para a textura, segundo diferentes autores que
tratam do assunto. Para começar, ela pode ser classificada como natural – quando
encontrada na natureza – ou artificial - quando produzida pelo ser humano (simula
texturas naturais ou cria novas texturas).
A textura natural de alguns animais, como o camaleão, pode ser modificada
quando ele simula outra cor de pele. O homem também simula texturas naturais em
suas vestimentas (como é o caso dos soldados camuflados). As texturas podem
também ser divididas em visuais (óticas) e táteis.
A textura visual ou ótica possui apenas qualidades óticas. Ela simula as
texturas táteis. Ex.: Uma pintura que crie o efeito da maciez de uma pétala de rosa,
ou o pêlo do cachorrinho. A textura tátil possui tanto qualidades visuais quanto táteis.
Existe textura tátil em todas as superfícies e estes nós podemos realmente
sentir através do toque ou do contato com nossa pele. Quanto à forma de
apresentação a textura pode ser geométrica ou orgânica. Nas artes gráficas pode ser
reproduzida através de desenhos, pinturas, impressões, fotografia, etc.
Podemos representar as texturas em forma de trama de sinais, pontos, traços,
manchas com os quais se realizam as mais variadas atividades gráficas e artísticas.
Exemplos:
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A textura é tão importante quanto a forma, tamanho, cor, etc. Existem várias
técnicas para se criar texturas nas artes plásticas. O pintor, por exemplo, utiliza uma
infinidade de técnicas para reproduzir ou criar a ilusão de textura tátil da vida real em
suas obras.
Entre as técnicas mais conhecidas estão a tinta diluída e o empasto (uso livre
de grossas camadas de tinta para dar efeito de relevo). Outra técnica conhecida é a
frotagem. A palavra “Frottage” é de origem francesa - frotter, que significa “esfregar”.
Consiste em colocar uma folha de papel sobre uma superfície áspera, que contém
alguma textura, e esfregá-la, pressionando-a com um bastão de giz de cera, por
exemplo, para que a textura apareça na folha.
No campo da arte, essa técnica foi usada pela a primeira vez pelo o pintor,
desenhista, escultor e escritor alemão Max Ernest (1891 – 1976), um dos fundadores
do movimento “Dada” e posteriormente um dos grandes nomes do Surrealismo.
Os abstracionistas utilizam uma grande variedade de técnicas como a colagem
com pedaços de jornais e materiais “expressivos” como madeira, papelão, barbante,
areia, pedaços de pano etc.
Os artistas recorrem às texturas para:
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 Traduzir visivelmente o sentido de volume e os efeitos de superfície;



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Representar graficamente o claro e o escuro, a luz e a sombra.


Na escultura os artistas utilizam texturas diferentes conforme os padrões
estéticos do período ou movimento artístico a que pertencem. No Renascimento

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observamos texturas lisas e suaves, enquanto que no Impressionismo percebemos


superfícies inacabadas como nas obras de Rodin.
Além das artes visuais a textura ocorre também em diferentes espaços da vida.
No cotidiano nós a observamos nos utensílios domésticos, nas roupas, nos calçados,
nos papéis, nos vidros, na decoração de interiores, etc. A tecnologia favoreceu a
criação de uma variedade muito grande de texturas. A tinta de parede, por exemplo,
é encontrada em diversos tipos e para as mais diversas aplicações. Essas por si só
já permitem efeitos de texturização.

A cor

A cor é o elemento visual caracterizado


pela sensação provocada pela luz sobre o
órgão da visão, isto é, sobre nossos olhos. O
pigmento é o que dá cor a tudo o que é
material.
Ao falarmos de cores, temos duas
linhas de pensamento distintas: a Cor-Luz e
a Cor-Pigmento. A Cor-Luz pode ser
observada através dos raios luminosos. Cor-luz é a própria luz que pode se decompor
em muitas cores. A luz branca contém todas as cores.
No caso da Cor-Pigmento a luz é que, refletida pelo material, faz com que o
olho humano perceba esse estímulo como cor. Os pigmentos podem ser divididos em
dois grupos diferentes: os transparentes e os opacos. As cores pigmento
transparentes são mais utilizadas nas artes gráficas, nas impressoras coloridas entre
outros meios de produção.
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As cores pigmento opacas são geralmente utilizadas nas artes plásticas, são
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mais populares, portanto, são mais conhecidas pelos estudantes da escola básica.
Os dois extremos da classificação das cores são: o branco, ausência total de cor, ou

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seja, luz pura; e o preto, ausência total de luz, o que faz com que não se reflita
nenhuma cor.
Essas duas "cores" portanto não são exatamente cores, mas características
da luz, que convencionamos chamar de cor.

Nomenclatura das cores

Tanto a cor-luz quanto a cor-pigmento, seja ela transparente ou opaca se divide


em:
 Cores primárias - aquelas consideradas puras, que não se fragmentam.
As cores primárias são VERMELHO-AZUL-AMARELO.

 Cores secundárias - obtidas através da mistura em partes iguais de duas


cores primárias. As secundárias, ao contrário, são as que resultam da mistura de duas
cores primárias.

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 Cores terciárias - são obtidas pela mistura de uma primária com uma
secundária ou a partir das primárias em proporções desiguais.

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As cores terciárias são: As cores terciárias são:


• Vermelho-alaranjado=combinação do vermelho+laranja.
• Amarelo-alaranjado=combinação do amarelo+laranja.
• Amarelo-esverdeado=combinação do amarelo+verde.
• Azul-esverdeado=combinação do verde+azul.
• Azul-arroxeado=combinação do azul+roxo.
• Vermelho-arroxeado=combinação do roxo+vermelho.
 Cores neutras - o preto e o branco, embora sejam consideradas como
ausência e totalidade das cores-luz respectivamente, no entendimento das cores-
pigmento são também conhecidas, juntamente com o cinza, como cores neutras. Não
aparecem no círculo cromático.

Cores Quentes e Cores Frias

As cores possuem seus valores de luminosidade. Algumas são mais alegres,


mais vivas, que classificamos de cores quentes. As cores quentes nos lembram o
fogo, o sol, e transmitem o arrojo, a aventura, o estímulo, o calor.
Outras são mais escuras e tristes, que classificamos de cores frias, que
classificamos de cores frias, e transmitem a calma, o repouso, o frio, a sombra. As
cores quentes são derivadas do vermelho e as frias derivam do azul.
A cor amarela é equilibrada. Os tons de roxo podem ser classificados como
quentes ou frios, pois apresentam tanto azul como o vermelho.
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Tom
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Nós percebemos o mundo pelos sentidos da audição, olfato, tato, paladar e,


principalmente, pela visão que só é possível pela existência da luz. A sensibilidade

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dos olhos para a luz faz com que possamos discernir formas, movimentos, texturas,
cores e tons.
O tom é a quantidade relativa de
luz existente em um ambiente ou numa
imagem, definindo sua obscuridade ou
claridade, ausência ou presença de luz.
Temos uma relação de contraste entre o
claro-escuro. Sem esta relação não
veríamos o mundo da maneira que ele
nos aparenta.
A luz natural emitida pelo sol, a
luz branca, é refletida, absorvida, circunda e penetra nos objetos que, por sua vez,
têm características de absorver ou refletir a luminosidade que recebe.
Assim, podemos enxergar as sombras e perceber o volume das coisas
(elemento da dimensão), o espaço que elas ocupam, identificando sua forma, massa,
cor, textura, se está estática ou em movimento etc. As múltiplas gradações entre o
claro e escuro consistem numa escala tonal.

Fundamentos da composição

Os elementos básicos por si só não constituem uma mensagem visual, como


uma obra de arte, por exemplo, sendo necessário, para isso, seguir alguns
fundamentos de como compor a imagem para que transmita e expresse ideias e
emoções do autor. Tais fundamentos não surgiram ou foram inventados por acaso,
mas foram observados, analisados e experimentados por estudiosos e artistas.
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Equilíbrio: o ser humano tem por necessidade física e mental a busca


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constante do equilíbrio, da estabilidade em qualquer objeto visto ou situação


vivenciada. Quando uma pessoa observa qualquer imagem tem como referência uma
linha do horizonte, que funciona como base para se localizar no espaço que está.

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A partir desta referência é que podemos definir alto ou baixo, esquerda ou


direita, nos orientando e orientando aos outros. O ser humano percebe o todo, mesmo
se aquilo que se apresenta para ele é formado por muitas partes separadas, tentando
sempre restaurar o equilíbrio. Este fenômeno é a busca do fechamento, simetria e
regularidade das unidades que compõem uma figura, objeto ou ação.
A maneira de como percebemos e entendemos uma imagem ou situação é que
nos leva a determinados comportamentos e reações. Na linguagem visual o equilíbrio
é verificado quando traçamos um eixo vertical sob uma linha horizontal secundária
como base, obtendo uma estrutura visual, chamada de eixo sentido, que funciona
como referência para nossa orientação.
O equilíbrio físico e o equilíbrio visual não são necessariamente os mesmos,
assim como o centro físico geométrico de um objeto ou figura não é o mesmo centro
visual percebido pelas pessoas. Para entendermos isso é importante lembrar que
equilíbrio não é simetria, mas esta é apenas a forma mais simples de equilíbrio.

Tensão: oposto do equilíbrio, a tensão vem desestruturar a referência do eixo


sentido da linha vertical e da linha-base horizontal causando uma instabilidade na
observação do objeto ou situação. Passa a existir então uma relação entre o equilíbrio
e a tensão, num jogo de forças que atuam no campo de visão percebido pelo ser
humano.
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Estas influências no modo de como percebemos a imagem são chamadas de


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forças de movimento por que agem sobre um ponto de aplicação, sob uma direção e
com certa intensidade na percepção visual. Este jogo de forças pode e deve ser usado

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para causar sensações, impressões e efeitos diversos na linguagem visual, cabendo


adequar sua ação para um fim específico.
O dinamismo e a atividade, de uma imagem carregada de tensão, contrastam
com a calma e estase de outra que possua equilíbrio. Estes dois fundamentos,
equilíbrio e tensão, funcionam como opostos necessários já que um é referência para
o outro no campo da percepção visual.

Nivelamento e aguçamento: ao buscarmos o equilíbrio em uma imagem


instável estamos usando outro fundamento da composição que é o nivelamento. Este
princípio funciona quando observamos um objeto ou figura, dispostos de maneira
assimétrica e, instintivamente, visualizamos seu centro visual perceptivo tendo de
localizar seu centro geométrico através de uma medição mais detalhada.
Assim, nivelamos nosso olhar em relação ao centro visual perceptivo e, quando
a imagem observada encontra-se fora deste equilíbrio visual, provoca um
aguçamento na percepção do todo. Existe um intermediário na composição visual,
entre o nivelamento e o aguçamento, que é a ambiguidade. Esta situação pode ou
não ser intencional para tornar confusa a imagem, deixando o observador na dúvida
se a imagem está equilibrada ou instável.
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Ângulo de visão: quando o ser humano, de modo geral, efetua o ato de


observar, ele tende a ter um direcionamento no olhar. Este direcionamento o modo
que percebemos e entendemos os objetos e imagens fazendo uma leitura daquilo
que é alvo da observação.
Este direcionamento é registrado como sendo, em sua maioria, da esquerda
para a direita e de cima para baixo, como que se entrasse, passeasse e saísse da
imagem, fazendo uma varredura do que ela contém. Esta ação é facilmente verificada
nas culturas ocidentais e no modo como as pessoas leem. Quando sabemos como
as pessoas observam a imagem podemos compor seus elementos de maneira que
atraiam a sua atenção e a mensagem visual seja transmitida e expressada da maneira
como desejamos.

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Ao se deslocar o Centro Visual Perceptivo da imagem do seu Centro Físico


Geométrico cria-se um aguçamento na imagem para o observador. Atração e
agrupamento: aqui as forças de movimento atuam de forma que desejo na pessoa de
procurar uma “boa-forma” ou “forma correta”, isto é, a presença, na imagem
observada, de equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade.
A atração funciona quando numa mesma área estão dispostos dois elementos
iguais ou semelhantes que, justamente por esta característica, atraem-se uns aos
outros. Quanto maior a proximidade entre os elementos, maior a atração. O
agrupamento é a união que a visão faz dos elementos iguais ou semelhantes,
relacionando-os numa configuração. Este fundamento se baseia em uma tendência
de completar os elementos que “faltam” numa figura.

Positivo-negativo / figura – fundo: é a relação existente do contraste entre dois


elementos de uma imagem, definindo-os e misturando-os ao mesmo tempo. Quando
vemos um exemplo deste fundamento percebemos e entendemos as imagens em
momentos diferentes do que é figura e o que é fundo e vice-versa, não enxergando
os dois ao mesmo tempo.
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Os elementos assumem uma característica de positivo e negativo,


dependendo de como o observador foca sua atenção na imagem, revelando formas
de duplo sentido, causando ilusões de ótica.

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