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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
7.3 Uma formação para viver bem com e para os outros em instituições justas ...... 59
Prezado aluno!
Bons estudos!
1 A CULTURA E A SOCIEDADE
A sociologia surge com dois fatos básicos: o de que o comportamento dos seres
humanos revela padrões regulares e repetitivos, e o de que os seres humanos são
animais sociais, e não criaturas isoladas (CHYNOI, 1975). Quando observamos as
pessoas à nossa volta tendemos mais a notar-lhes as idiossincrasias (maneira
pessoal de ver, sentir e reagir; propensão) e singularidades pessoais do que as
semelhanças. Charles Cooley (1969, p.91) diz:
Não se dá o caso de que, quanto mais próxima estiver uma coisa do nosso
hábito de pensamento, tanto mais claramente vemos o indivíduo? O princípio
é muito semelhante ao que faz que todos [os chineses] nos sejam muito
parecidos; vemos os tipos por ser tão diferente daquele que estamos
acostumados a ver, mas somente quem vive dentro dele é capaz de perceber
plenamente as diferenças entre os indivíduos.
3 O ETHOS NA ANTIGUIDADE
Mas tanto Quintiliano quanto Cícero abordam o ethos com as maneiras latinas
e natural (cf. MAIO, 1988, p. 5), embora Quintiliano (Instit. orat., 6, 2, 9) afirme que
escritores mais cuidadosos preferiram especificar o significado da palavra em vez de
traduzi-la. Conforme Scatolin (2009, p. 106), ao usar a palavra conciliare, Cícero
mudaria o foco da representação do orador para a sua ação. Em uma importante
passagem do De oratore (II,182), Antônio explicita as características éticas de um bom
orador:
Cícero (De oratore, II, 121 e 128) assinala, assim, que os juízes devem ser
conquistados pelo orador e, para tanto, faz-se necessária a lenitas. O conceito de
lenitas é importante na retórica ciceroniana, pois permite estabelecer um ponto de
contato entre os aspectos éticos e estruturais do discurso (Cf. De orat., II, 64 e Orat.,
53). No que diz respeito à decisão, a lenitas é a qualidade da deliberação sábia e
misericordiosa dos juízes em relação à justiça (Cf. Part. Orat., 78).
Para Fantham (1973, p. 263), isso teria uma correspondência bem próxima ao
conceito aristotélico de ἐπιείκεια, mas em sentido mais geral (Cf, Aristóteles, Retórica,
1.2. 1356); ἐπιείκεια – razoável, moderado – é um importante elemento para o ideal
de ethos, no qual Aristóteles define o seu orador. Fantham acredita que a escolha de
Cícero acerca dos conceitos de lenis e lenitas lhe permitiram incluir conotações
estruturais que não estavam presentes na ἐπιείκεια aristotélica.
Como podemos observar, Cícero revela também nessa passagem as
características éticas de um bom orador. Na segunda parte de sua fala (iniciada pela
conjunção adversativa sed), o autor afirma, porém, que mesmo um orador sem tais
méritos poderia compensar certas deficiências através de recursos como a lenitas.
Esse recurso seria mais bem aproveitado, portanto, em casos em que há menor
possibilidade de se inflamar o ânimo dos juízes. Antônio diz ainda que o orador que o
fizer terá um poder maior do que a própria causa em si (FANTHAM, 1973, p. 265).Uma
grande diferença entre o que afirma Cícero do que afirma Aristóteles sobre o caráter
do orador reside no fato de que, para Aristóteles, o ethos do cliente não era importante,
visto que o orador desenvolvia seu discurso em primeira pessoa. Sendo assim,
quando Aristóteles (Retórica, II, 1, 1355a-1356a) afirma que o ethos do orador é o
elemento mais importante em uma defesa, ele não está considerando o cliente, ou
qualquer outra parte, na defesa.
Isso porque, na oratória forense grega, era o próprio acusado que proferia o
seu discurso (por vezes, poderia inclusive recorrer a um discurso escrito por outrem)
Cícero, então, adapta seu conceito à oratória romana, na qual as figuras do orador e
do cliente estão presentes e são igualmente importantes em seu contexto.Desse
modo, o conciliare de Cícero tinha a função de criar confiança (facere fidem) tanto
para o caráter e atitudes do defensor (patronus) quanto de seu cliente (Cf. MAY, 1988,
p. 6). A escolha do verbo conciliare nos parece, assim, muito apropriada para isso,
como também para outras categorias de prova, justamente por se tratar de um verbo
tão geral.
Isso evita a distinção entre o papel descritivo da prova “ética” e o papel emotivo
da crença pelos ouvintes (πιστις δια των ακροατων). Assim, o conceito de ethos
apresentado pelo Arpinate tem um caráter muito mais amplo do que aquele
apresentado por Aristóteles: trata-se de um ethos atento e mais complexamente
associado ao discurso. Além disso, não é difícil entender por que a autoapresentação
do orador significaria a aquisição de credibilidade para o cliente (Cf. JESUS, 2013, p.
63), já que, em tese, o trabalho do advogado era tido como um favor pessoal.
No que diz respeito ao ethos dos poetas, Cícero, em suas poucas ponderações
sobre esta questão que chegaram até nós, parece não distinguir a persona poética do
autor empírico.Embora o Arpinate tenha escrito, ele próprio, poesia amorosa, muitas
são as críticas, em seus textos preceptivos e não preceptivos, que confundem essas
duas instâncias. Como afirma Vasconcellos (2010, p. 112), devemos, no entanto, estar
atentos para o fato de que Cícero, assim como prescreveu em sua obra retórica que
o orador deveria adaptar seu ethos a seu discurso e a sua audiência, poderia também
adaptar sua persona a cada escrito seu em acordo com o que lhe parecia mais
adequado.
Acreditamos que o ethos e a hermenêutica podem nos orientar a pensar a
questão do ego, o eu-lírico ou eu-poético na poesia antiga, como já discutimos, com
certeza. Os conceitos de grego e latim parecem se separar e outros adotam a ideia
de um escritor que misturar em seu texto. Diferentes noções de autoria xvii parecem
se entrelaçar velha ideia como aponta Vasconcellos (2010, pp. 115-116), Veyne e sua
obra polêmica parece introduzir uma ideia sedutora de poesia feita de erudição, muito
mais do que vida.
A dignidade do especialista é enfatizada diante da riqueza do texto denso e
belo saturação de código. Ao mesmo tempo é também um texto triste e frio, pois é
completamente cortado. O teórico literário Compagnon (1998) considera que o autor
da obra não teria seu monopólio de sentido, mas também que não se afaste do objeto
que inventou: o autor seria a dimensão da literatura. Essa é praticamente a direção
que podemos enfrentar o antigo conceito de autoria.
Para colocar Veyne em perspectiva, também há algum respeito observação de
autoridades antigas: o ethos de Aristóteles, como mostrado, não deriva de uma um
buraco negro, apenas da vida humana, da vida do escritor e de seu texto. De jeito
nenhum defenderíamos aqui uma biografia romantizada, mas também não
poderíamos aceitá-la Aspectos mais extremos do estruturalismo francês, como
Roland Barthes (1984), pelo autor falecido e excluído do quadro interpretativo.
Como nos tempos antigos, temos uma compreensão inequívoca da relação
entre o autor e seu discurso: no estudo documentários culturais, a Antiguidade nos
encontra, contemporâneos. De uma perspectiva hermenêutica, nossas dúvidas sobre
nossos preconceitos (preconceitos) respeito pelo trabalho é realmente uma obrigação
tão compreensiva funcionalidade para criar e distribuir discursos antigos é essencial.
Você pode dizer depois de um pouco de reflexão, que existem ambiguidades
no funcionamento da cultura escrita antiga semelhante ao nosso: as próprias
autoridades antigas responderam à pergunta de maneira diferente. Uma pergunta
sobre a relação entre o autor e sua escrita.
Com isso em mente, até faz sentido um profundo problema hermenêutico dos
objetos culturais (especialmente os antigos) completo, não é um ponto de vista
completamente ingênuo e outro completamente saber se é sobre a organização
interna e os botões formados pela organização vamos falar sobre exógeno.
Mas defendemos que há também uma dialética semelhante à atual a proposta
de Gadamer para um círculo hermenêutico: é possível que o interior de um texto conte
aspectos essenciais e gerais de antigas práticas alfabéticas, também é possível
conhecimento geral e científico de assuntos e códigos pode informar o leitor moderno
para um texto, reciprocamente. Se tomarmos um exemplo típico como a poesia de
Ovídio, sua atividade em Roma muitas vezes se torna um tópico de discussão. No
entanto, cabe ao tradutor determinar sua localização a ressonância dialética do texto
que a poesia e a vida de uma nação podem suscitar a seu favor da interpretação de
sua obra, porque a poesia, como qualquer produto humano deixado para trás na terra,
não é feito não só de arte, mas também de vida.
4 ÉTICA MEDIEVAL
A ética medieval tinha a função de ordenar a vida pessoal e social por meio de
um conjunto de virtudes, visando à busca da paz e da felicidade. Uma, a paz,
entendida como modo de viver em comunidade, remetendo para a dimensão política;
outra, a felicidade, como fim do ser humano, valorando a ação como transcendência.A
prática da virtude exige o hábito de moldar o caráter virtuoso, dotando-o de dignidade,
responsabilidade e autonomia, e alinhando-o no horizonte da paz e da felicidade.
Embora a ética tenha desaparecido dos currículos universitários porque sua existência
foi obscurecida pela metafísica e pela lógica, ela é fundamental para a visão de mundo
ocidental, e seus pilares e direções estão sendo revisitados com vistas ao bem comum
(DUARTE, 2021).
A ética é a área que resta do medievo com pertinência mais atual. Sem dúvida
um sinal dos tempos, de ordenação relativizada, débil e manipulável. Na perspetiva
da filosofia e da educação não são modelos ou bandeiras nostálgicas que se procuram
na ética medieval; são razões, fundamentos e sentidos para compreender o ser
humano agindo no mundo, muitas vezes em contracorrente (VIERIA, 2021).
Mas são também a razão, o sentido e o fundamento para recordar as liberdades
que a ética exige. Essa é a condição para que as pessoas questionem suas relações
consigo mesmas, com os outros (humanos ou não) e com o mundo (CHAVES-
TANNÚS, 2020).
A ética filosófica cristã não surgiu do nada. Os filósofos medievais foram fortemente
influenciados pelos grandes filósofos gregos pagãos e escolas filosóficas como os
estóicos, aristotélicos e platônicos (FRIAS, 2020; VASCONCELOS, 2022).
Os filósofos cristãos acolheram as teorias éticas antigas que podiam ser
harmonizadas com a fé cristã. Podemos dizer, por isso, que a ética cristã é
uma síntese do pensamento filosófico grego com o pensamento cristão.Os filósofos
medievais cristãos adotaram os clássicos conceitos éticos dos gregos, tais como:
felicidade;alma;bem;mal;virtude;liberdade.Estes conceitos gregos e muitos outros
foram adaptados com os conceitos éticos e religiosos do cristianismo como pecado,
graça, salvação, caridade, etc (PÁTARO e DE ARAÚJO, 2021).
Basicamente, porém, o objetivo deste trabalho não era tornar-se um guia para
futuros pedagogos. É uma obra filosófica e romantizada em que Rousseau descreve
o ideal de educação natural apresentado por meio de um protagonista fictício.
Segundo Rousseau, a vantagem da educação pela natureza é que ela desenvolve os
sentidos e o corpo, mantém a criança limpa e livre de preconceitos contra os vícios e
erros reinantes na sociedade.
Ela defende a educação experiencial para desenvolver adultos livres e
independentes e rejeita a ideia de que as crianças são adultos em miniatura,
enfatizando suas necessidades específicas de desenvolvimento saudável, mental,
emocional, físico e moral em cada estágio de amadurecimento. O adolescente recém-
preparado e fortalecido deve ser exposto às regras sociais sem correr o risco de ser
corrompido. (SILVA, 2015). Em síntese, Rousseau vai contra o princípio religioso de
sua época, que promulga que todo ser humano (crianças e adultos) é fruto do pecado
original e, portanto, mau. Rousseau enaltece a natureza boa do ser humano,
argumentando que é a sociedade quem o degenera.
Dessa forma, a saga de Emílio é dividida em cinco livros, cada um
correspondendo a uma fase de seu desenvolvimento. Nesse contexto, a revolução
pedagógica de Rousseau é revelada à revolução copernicana, destacando a criança
como o centro de todo o processo educacional:
• Livro I: fase de 0 a 2 anos, idade da natureza. Apresenta a importância
e o objetivo da educação e enaltece a figura materna como ama e do pai
como preceptor. Condena o excesso de roupas que obstrui a liberdade
e a punição antes que a criança entenda seu próprio erro como tal.
• Livro II: fase de 2 a 12 anos, idade da natureza. Educação negativa, com
a moral se desenvolvendo gradativa e naturalmente, sem imposição
externa. Não é necessário aprender a ler, mas sim a conhecer e treinar
a sensibilidade.
• Livro III: fase dos 12 aos 15 anos, idade da força. Transição da fase
infantil para a adolescência. Fase de aquisição de conhecimentos,
sempre de acordo com a curiosidade e a utilidade prática. O aprendizado
de um ofício manual é estimulado por ajudar na educação.
• Livro IV: de 15 a 20 anos, idade da razão e das paixões. Instrução
religiosa e sexual para educar o coração para os relacionamentos com
os outros.
• Livro V: de 20 a 25 anos, idade da sabedoria. O preceptor se torna um
conselheiro para assuntos relacionados à política, a viagens e ao
casamento. Marca o fim da necessidade do preceptor e o alcance da
vida autônoma, produtiva e feliz.
Segundo Cuche (1999), para entender o significado atual de cultura e seu uso
nas ciências sociais, é preciso entender sua genealogia, ou seja, olhar para a
formação da palavra e, consequentemente, dos conceitos desenvolvidos por diversas
disciplinas. O autor afirma que o desenvolvimento semântico da palavra cultura
ocorreu no francês durante o Iluminismo e depois se espalhou para outras línguas
vizinhas, como o inglês e o alemão.
No final do século 13, a palavra "cultura" surgiu originalmente em francês, e seu
significado inicial remetia a campos, terras e gado. Com o passar do tempo, no XVI, o
termo adquirido um sentido descritivo, perdendo a conotação de estado ou coisa culta,
e passando a representar a atividade de trabalho agrícola do século. Nesse contexto,
era comum utilizar a expressão "cultura artística" ou "cultura escrita" para se referir a
essas áreas específicas. Aos poucos, o termo "cultura" foi sendo desvinculado de seus
complementos e, finalmente, passou a ser empregado para se referir à formação do
espírito e à educação.
Assim, na perspectiva Iluminista, o termo cultura passa a significar “a soma dos
saberes acumulados e transmitidos pela humanidade, considerada como totalidade,
ao longo de sua história” (CUCHE, 1999, p.21). A palavra está associada às ideias de
progresso, de evolução, de educação. Nesse período o termo sempre é usado no
singular, refletindo o universalismo e o humanismo dos filósofos. No século XIX, na
França, a palavra cultura adquire uma dimensão coletiva, deixando de se referir
exclusivamente ao desenvolvimento intelectual do indivíduo. Ela passa a designar
também os traços característicos de uma comunidade, como a “cultura francesa”.
Na língua alemã, a palavra cultura (Kultur) aparece no século XVIII e na
segunda metade do século vai evoluir para um sentido mais restrito, se tornando um
termo adotado pela burguesia intelectual alemã (intelligentsia) que passa a utilizá-lo
em oposição à aristocracia da corte.
A burguesia alemã passa a opor os chamados valores “espirituais” (baseados
nas ciências, nas artes, na filosofia e na religião) que considera autênticos, aos valores
“corteses” superficiais da aristocracia. A partir daí tudo o que é autêntico e contribui
para o enriquecimento intelectual e espiritual é considerado como parte da cultura. No
século XX, a ideia de cultura alemã se liga cada vez mais ao conceito de “nação”. A
ideia essencialista e particularista da cultura alemã está em perfeita harmonia com o
conceito de nação étnico-racial - uma comunidade de indivíduos de uma mesma
origem - que está na base da constituição alemão.
Para Cuche (1999), o debate franco-alemão do século XVIII ao século XX é
arquetípico das duas concepções de cultura, uma particularista alemã; e a outra
universalista francesa. Esses dois conceitos fundamentam duas formas de definir o
conceito de cultura nas ciências sociais contemporâneas. Assim, ao longo do tempo,
o termo cultura foi gerando novas definições e se tornou cada vez mais um termo
polissêmico (CANDAU, 2002; DAUSTER, 2007).
O imaginário social usualmente associa o termo à cultura culta e letrada,
estando vinculada ao mundo das artes, das letras e do grau de instrução formal
logrado, significando, muitas vezes, o domínio de hábitos que, supostamente,
expressam fineza ou civilidade (ANDRADE, 2001, p.2).
Entretanto, cada vez mais, essa concepção reducionista de cultura vem sendo
modificada para uma visão mais ampla. Segundo a Conferência Mundial sobre as
Políticas Culturais (MONDIACULT, México, 1982), a Comissão Mundial de Cultura e
Desenvolvimento (Nossa Diversidade Criadora, 1995) e a Conferência
Intergovernamental sobre Políticas Culturais para o Desenvolvimento (ESTOCOLMO,
1998), a cultura deve ser considerada como um conjunto de características espirituais,
materiais, intelectuais e afetivas que caracterizam uma sociedade ou grupo social, que
inclui, além da arte e das letras, modos de vida, convivência, sistemas de valores,
tradições e crenças.
Ainda nessa visão ampla, Candau (2002) classifica a cultura como um
fenômeno plural, multiforme, heterogêneo, dinâmico, sendo entendida como tudo
aquilo que é produzido pelo ser humano, não sendo privilégio de certos grupos sociais.
Assim, no atual contexto da globalização, as culturas, por não serem um fenômeno
estático, sofrem influências diversas, se modificando a todo o momento. Para Andrade
(2001), grupos humanos se inter-relacionam e trocam, além de produtos e capitais,
significados, hábitos e visões de mundo.
Esses processos, cada vez mais intensos, referem-se ao fenômeno conhecido
como hibridização cultural (CANCLINI, 1997). A hibridização cultural envolve a mistura
de diferentes culturas que se encontram e se influenciam mutuamente, tornaram-se
sujeitos com identidades híbridas (HALL, 2006). Assim, este autor promove a
passagem da afirmação da igualdade ou da diferença para a da igualdade na
diferença, promovendo o reconhecimento e a inter-relação entre diferentes grupos
culturais.
De acordo com Geertz (1999), a diversidade cultural faz parte das sociedades
complexas, considerando-se tanto os grupos étnicos, como outras diferenças que
podem ser examinadas, por exemplo, em função de geração, de gênero e de classe.
Carvalho (2004) afirma que no Brasil, o debate sobre a diversidade cultural foi
engendrado nos anos 1920, pelo Movimento Modernista e cresceu no final dos anos
1940 com as mobilizações promovidas por organizações de grupos étnicos.
Esse debate foi ampliado na década de 1960 por movimentos sociais
feministas, movimentos sociais de esquerda e movimentos da sociedade educacional.
Esse debate foi reforçado por grupos homossexuais e grupos religiosos desde a
década de 1980, e é apoiado pelas comunidades indígenas em sua luta pela
preservação de sua terra, cultura e educação indígena. Nos últimos anos, esse tema
também ganhou importância como resposta ao surgimento das tecnologias de
comunicação e informação, que contribuíram e construíram novas identidades
culturais. Na década de 1990, surgiu uma discussão significativa que se estende até
os dias atuais, abordando o multiculturalismo e suas relações com os processos
culturais híbridos.
As principais características do movimento pós-moderno são a ausência de
valores e regras, imprecisão, individualismo, pluralidade, mistura do real e do
imaginário (hiper-real), produção em série, espontaneidade e liberdade de expressão.
Oposto ao modernismo, racionalismo, ciência e aos valores burgueses, podemos
considerar o pós-modernismo como uma combinação de várias tendências. Essas
tendências vigoram até hoje nas artes (plásticas, arquitetura, literatura), filosofia,
política e no âmbito social.
Nas artes, o pós-modernismo enfatiza a multiplicidade e a mistura de estilos.
Não existem mais compartimentos de gêneros, ou mesmo a formalidade aplicada nas
artes, bem como nos âmbitos social e cultural.Por mais que essa era tecnológica e a
expansão da homogeneização da globalização demostre a produção em série dos
produtos, o pós-modernismo é uma nova tendência que mescla tudo.
Isso reflete a nova realidade do indivíduo pós-moderno, que é constantemente
bombardeado por informações. A vida é baseada na efemeridade, narcisismo e no
hedonismo, ou na busca incessante do prazer. Surge a época das incertezas, do vazio
e do niilismo, onde o “e”, e não mais o “ou”, determinará os diversos campos. Isso
quer dizer que podemos gostar de música sertaneja e pop ao mesmo tempo ou, ainda,
de arte figurativa e abstracionista. Essa nova mentalidade confere à pós-modernidade
uma fragmentação estilística, ao mesmo tempo que explora a pluralidade, mesclando
vários estilos.
7.3 Uma formação para viver bem com e para os outros em instituições justas
BARTHES, R. A retórica antiga. In: COHEN, Jean et al. Pesquisas de retórica. Trad.
de Leda Pinto Mafra Iruzun. Petrópolis: Vozes, 1975. p. 147-232.
CUCHE, D. O Conceito de cultura nas ciências sociais. 2 ed. Bauru: EDUSC, 2002.
HUNT, E. L. Plato and Aristotle on Rhetoric and Rhetoricians. In: HOWES, R. F. (ed.).
Historical Studies of Rhetoric and Rhetoricians. Ithaca: Cornell University Press,
1961.
KENNEDY, G. A. Classical rhetoric and its christian and secular tradition. From
ancient to modern times. Chapel hill: The University of North Carolina Press, 1998.
MAY, J. M. Trials of character: the eloquence of ciceronian ethos. Chapel Hill and
London:University of North Carolina Press, 1988.
PIAGET, J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.