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Argentina Gento Pastez Luis

Costa Ventara Missassi


Tomás Ganunga Cincorreia

Identidade Cultural no Mundo

Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações

1º Ano - Pós-Laboral (1º Semestre)

Universidade Púnguè
Tete
2023
2

Argentina Gento Pastez Luis


Costa Ventara Missassi
Tomás Ganunga Cincorreia

Identidade Cultural no Mundo

Trabalho de pesquisa, para avaliação.


Cadeira de Ciências Humanas, Curso de
Psicologia Social e das Organizações,
sendo de caracter avaliativo, sob orientação
do.

Mestre: Sebastião Chauma.

Universidade Púnguè
Tete
2023
3

Índice................................................................................................................................Pag.
1. CONTEXTUALIZAÇÃO................................................................................................... 4
1.1. OBJECTIVOS ................................................................................................................... 5
1.2. Geral ................................................................................................................................ 5
1.2.1. Específicos.................................................................................................................... 5
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 6
2.1. Identidade Cultural .......................................................................................................... 6
2.1.2.A Identidade Cultural..................................................................................................... 6
2.2. Diferença cultural x diversidade cultural ......................................................................... 8
2.2.1. A identidade em questão ............................................................................................. 10
2.3. Importância da Identidade Cultural ............................................................................... 11
3. Crise de Identidade ........................................................................................................... 11
3.1. Alguns Exemplos de Identidade Cultural no Mundo ..................................................... 13
3.1.2. Factores de Identidade Cultural .................................................................................. 13
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 14
5. Metodologias ....................................................................................................................... 15
5.1. Classificação da Pesquisa ............................................................................................ 15
5.1.1. Quanto à natureza:................................................................................................ 15
5.1.2. Quanto aos objectivos: .......................................................................................... 15
5.1.3. Quanto à abordagem............................................................................................. 15
5.1.4. Quanto aos procedimentos técnicos: ................................................................... 15
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFIACAS. .......................................................................... 16
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1. CONTEXTUALIZAÇÃO

Para se falar sobre a existência de uma eventual centralidade da cultura, torna-se necessário deixar para
trás a ideia de verdade absoluta (Hall, 1997). O conceito de cultura tem várias aceções, sendo
problematizado e reformulado constantemente, tornando a palavra complexa e impossível de ser fixada
de modo único.
O mesmo acontece com a identidade, declinando-se, não por acaso, esta, também, no plural. Na atual crise
de paradigmas, o plano identitário integra um processo mais amplo de mudança que abalou os quadros de
referência que antes pareciam dar aos indivíduos uma certa estabilidade. As teorias da identidade foram
estilhaçadas, estando estas em processo de desintegração por via da homogeneização cultural decorrente
do processo de globalização.

A “globalização intercultural e transcultural” pode, no entanto, contrariar a “globalização


cosmopolita”, por via de uma globalização do que é diverso, do que é diferente, como acontece
no caso da lusofonia (Martins, 2017). A memória deve, assim, ser preservada de forma
equilibrada, evitando que a eventual amnésia e a indiferença não se tornem perigosos
ingredientes de uma qualquer barbárie, e para que o ressentimento (Ferro, 2009) não ocupe o
lugar da humanidade.

É a aceitação do “outro” que, de resto, há de determinar o começo de uma dimensão ética, como
refere Umberto Eco (1997/1998). Trata-se, por conseguinte, de um “outro” que será entendido
como uma realidade sociológica, que integre todos os elementos resultantes da diversidade
cultural, mas também aqueles que estabelecem laços, à escala das sociedades. Considerar a
questão da cultura como constituinte da identidade do sujeito pósmoderno, parece-nos
importante para entendermos os comportamentos adotados por esses sujeitos na atualidade.

Sabemos que as novas políticas de identidade que emergiram no contexto da redemocratização


nacional, nas primeiras décadas de 1980, através de medidas que promoveram uma nova
vertente cultural, apontam para o reconhecimento de uma identidade brasileira dotada de
natureza multiétnica e multicultural onde as informações e símbolos africanos se apresentam
muitas vezes à maneira de um pacote já pronto, composto de fragmentos essencialidades da
cultura africana e de uma generalização global sobre a natureza do povo africano‖‖ (SANSONE,
2004, p. 98).
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1.1. OBJECTIVOS

1.2. Geral

 Analisar a identidade Cultural no Mundo.

1.2.1. Específicos

 Identificar a identidade Cultural.


 Descrever a diversidade Cultural no Mundo.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Identidade Cultural

É uma identifição de um grupo, cultura ou indivíduo, que faz com que alguêm mostre a que
grupo pertence de acordo com a sua cultura e comportamento; ou seja é um sentimento de
pertencimento de um indivíduo, grupo ou cultura; De salientar que a identidade é algo único,
distinto e completo; ̏ Cultural ̋ é um adjetivo que se refere a saber, logo a junção dessas duas
palavras produz o sentido de saber se reconhecer.

2.1.2.A Identidade Cultural

A identidade cultural é a forma como um indivíduo vê o mundo e como se posiciona em relação


a ele, tendo que ver com a formação da identidade do sujeito em relação ao seu contexto
cultural. Trata-se de um conceito muito discutido no quadro das ciências sociais e humanas
sendo, por isso, bastante complexo. É que, ao mesmo tempo em que são sublinhadas as
dimensões interiores do indivíduo, como os seus desejos e vontades, também é interiorizada a
sua dimensão exterior, que abrange, por exemplo, valores como as normas e a língua.

Já o adjetivo cultural está ligado à ideia de saber, pelo que as duas palavras juntas significam
“saber reconhecer-se”. De facto, muitas das questões do mundo cultural contemporâneo estão
ligadas à identidade, pelo que não será de estranhar que a discussão sobre a identidade cultural
acabe influenciada por problemáticas tidas como adquiridas sobre o lugar, o género, a raça, a
história, a nacionalidade, o idioma, a orientação sexual, a crença religiosa ou a etnia , mas que
se encontram num processo de fragmentação.

No desenvolvimento das sociedades modernas, houve muitos teóricos que associavam ao


avanço das transformações económicas, tecnológicas e políticas uma grande perigosidade sobre
determinados grupos sociais, propondo, como combate a essa ameaça, a preservação de certas
práticas e tradições. Porém, o conceito de identidade cultural começou a ser questionado por
algumas teorias culturais desenvolvidas no quadro das ciências sociais e humanas, colocando
em causa essa perspetiva.

Dessa forma, a ideia de que a identidade cultural não pode ser reificada, entendida como um
conjunto de valores fixos e imutáveis que definem o sujeito e os grupos do seu meio social,
passou a ser uma ideia que, embora não seja totalmente pacífica bastando observar as dinâmicas
constante dos média , é hoje aceite na academia, sublinhado que a identidade não pode ser
7

reificada. E, tal como a cultura, não é algo que seja imutável, estando em constante evolução e
mutação de acordo com as experiências vividas por um indivíduo em sociedade.

Para a sociologia, a cultura é formada por um conjunto de características que o sujeito aprende
em convívio social. É frequente discutir-se a cultura e a sociedade como se fossem dimensões
desligadas, apesar de Anthony Giddens (2001/2009) defender que estão claramente
interligadas. O conceito de cultura refere-se aos aspetos das sociedades humanas apreendidos e
não herdados, sendo certo que as normas e os valores culturais mudam frequentemente ao longo
do tempo.

O sociólogo salienta mesmo que o que une as sociedades é o facto de os seus membros se
organizarem em relações estruturadas segundo uma cultura única, pelo que “as culturas não
po[ssam] existir sem sociedades” (Giddens, 2001/2009, p. 22). Mas, do mesmo modo, nenhuma
sociedade pode existir sem cultura, sendo certo que as normas e os valores culturais mudam
frequentemente ao longo do tempo.

A cultura de uma sociedade engloba, por conseguinte, tanto os aspetos intangíveis as crenças,
as ideias, os valores que constituem o teor da cultura como os aspetos tangíveis os objetos, os
símbolos, ou a tecnologia que representam esse conteúdo. Podendo os valores, mesmo no seio
de uma sociedade ou comunidade, ser contraditórios e entrarem em conflito.

É por causa da globalização que Anthony Giddens (2001/2009) sustenta que as mudanças por
que o mundo passa estão a tornar as diferentes culturas e sociedades muito mais
interdependentes do que se pensava antigamente: “à medida que o ritmo da mudança acelera, o
que acontece em determinado ponto do mundo pode afectar directamente outras regiões” (p.
45).

Nesse sentido, o sistema global não é apenas um contexto no qual determinadas sociedades
mudam e se desenvolvem, sendo que os laços económicos, sociais e políticos que ligam entre
si os países condicionam decisivamente o destino dos cidadãos de qualquer deles. No passado,
as identidades eram mais conservadas devido à falta de contacto entre culturas diferentes.

Com a globalização, isso mudou, fazendo com que as pessoas interagissem mais entre si e com
o mundo ao seu redor, incrementando uma aparente diversidade, mas que acaba por ter um
recorte monolítico já que é mimetizado em qualquer parte do globo. Stuart Hall (1992) já
sublinhara a ideia de que as identidades nacionais estão em processo de desintegração em
consequência da homogeneização. O que veio consubstanciar a ideia de Berger e Luckmann
8

(1966/1999) de que a identidade de um indivíduo está sujeita a uma luta de inscrição em


realidades por vezes conflituantes.

Zygmunt Bauman (1999/2001) referiu-se a uma “modernidade líquida” em que as identidades


também são instáveis, tornando-se híbridas e deslocadas de qualquer vínculo local. Para
minimizar o problema da crise de identidade, Francis Fukuyama (2018) vaticina ser necessário
alargar o espectro conceptual das próprias identidades, definindo “identidades nacionais mais
amplas e mais integradoras que tomem em conta a real diversidade das sociedades democráticas
existentes” (p. 147).

É a partir de um conceito de fronteira como espaço de articulação que Homi Bhabha


(1994/1998) promove a reformulação de vários outros conceitos como nacionalismo,
representação e resistência e define a complexidade da relação colonial com base em categorias
como ambivalência, hibridação e intersticialidade.

A influência do autor foi crescendo através das lógicas de descentramento que põem em causa
o essencialismo de categorias, nomeadamente, na definição do espaço da cultura como um
“entre-lugar” (in-between). Neusa Bastos et al. (2008) olharam para a diversidade dos países
lusófonos privilegiando o hibridismo desenvolvido por Bhabha, sublinhando-o em relação à
identidade, mas também face à possibilidade de existência de “outros hibridismos, uma vez que
as identidades são construídas através de relações das diferenças, sem uma hierarquia imposta”
(p. 9). As autoras chamam a atenção para o facto de todas as formas de cultura estarem, de
alguma maneira, relacionadas, sendo que todas são articuláveis.

2.2. Diferença cultural x diversidade cultural

Tomemos a contraposição entre o conceito de diferença cultural‖ x diversidade cultural‖. Homi


K. Bhabha (1998), por exemplo, destaca o estereótipo e a mímica como estratégias de
conhecimento e identificação, como modo de representação complexo, ambivalente e
contraditório.

Trata-se da construção do sujeito no discurso e no poder colonial, articulada sob as formas da


diferença (racial e sexual). O sujeito dominado e o dominador estão estrategicamente colocados
no interior do discurso colonial e também no pós-colonial.

A partir do conceito de hibridismo, Bhabha propõe o local da cultura como o entre lugar
deslizante, marginal e estranho que, por resultar do confronto de dois ou mais sistemas culturais
9

que dialogam de modo agonístico, é capaz de desestabilizar essencialismos e de estabelecer


uma mediação entre teoria crítica e prática política (BHABHA, 1998). Bhabha, conceituando
diversidade cultural e diferença cultural, afirma que:

A diversidade cultural é um objeto epistemológico a cultura como objeto do conhecimento


empírico enquanto a diferença cultural é o processo da enunciação da cultura como conhecível‖,
legítimo, adequado à construção de sistemas de identificação cultural.

[...] a diferença cultural é um processo de significações através do qual


afirmações da cultura ou sobre a cultura diferenciam, discriminam e autorizam
a produção de campos de força, referência, aplicabilidade e capacidade. A
diversidade cultural é o reconhecimento de conteúdos e costumes culturais pré-
dados; mantida em um enquadramento temporal relativista, ela dá origem a
noções liberais de multiculturalismo, de intercâmbio cultural ou de cultura da
humanidade.

[...] o conceito de diferença cultural concentra-se no problema da ambivalência


da autoridade cultural: a tentativa de dominar em nome de uma supremacia
cultural que é ela mesma produzida apenas no momento da diferenciação. E é a
própria autoridade da cultura como conhecimento da verdade referencial que
está em questão no conceito e no momento da enunciação (BHABHA, 1998, 63-
64).

Bhabha elabora o conceito de nação partindo de variações que recusam uma narrativa unitária,
fundadora de sentido e organizadora do caótico a partir de um discurso edificante‖. Segundo
esse pensador, o nacionalismo do século XIX revelou sua arbitrariedade ao construir discursos
unissonantes, como se a nação tivesse uma nascente única. Os conflitos são ignorados,
privilegiando uma concepção unidimensional da cultura, percebida como um conjunto de
legados imemoriais. O discurso do nacionalismo articula um tipo de narrativa que privilegia a
coesão social: muitos como um‖ (BHABHA, 1998).

em meio ao progresso e à modernidade, a linguagem da ambivalência revela uma política sem


duração‖, como Althusser provocativamente escreveu em certa ocasião: Espaços sem lugares,
tempo sem duração‖. Escrever a história da nação exige que articulemos aquela ambivalência
arcaica que embasa o tempo da modernidade (BHABHA, 1998, p. 202).
10

Segundo Francisco (2006), o eugenismo no Brasil, ou seja, a busca da homogeneização da raça


baseia-se no branco europeu como modelo que encontra respaldo para esta teoria na
Constituição de 1934, em seus parágrafos 6º e 7º, que trata do controle da imigração‖, o que
significava, na prática, veto à imigração de negros, amarelos e judeus. A política de
branqueamento é percebida nas iniciativas políticas e ideológicas da era Vargas e do Estado
Novo, conforme apresenta Francisco (2006):

2.2.1. A identidade em questão

No intuito de conceituar identidade‖, bem como correlacioná-la com a identidade dos


afrodescendentes no Brasil, mais especificamente dos remanescentes dos quilombos utilizarei
alguns apontamentos apresentados por Stuart Hall em seu livro a identidade cultural na
pósmodernidade‖.

Hall (2006) abre a discussão sobre identidade, dizendo que a mesma vem sendo intensamente
discutida pela teoria social. E que as velhas identidades (a do sujeito do iluminismo e do sujeito
sociológico), que por muito tempo estabilizara o mundo social, estão em declínio, e novas
identidades estão surgindo (o sujeito pós-moderno) fazendo com isto emergir o homem
moderno fragmentado.

Afirma Hall (2006) que a chamada crise de identidade é vista como um processo mais amplo
de mudança. E que este processo faz com que o sujeito, antes tido como unificado, agora se
apresente, em meio às mudanças societárias globais, como um indivíduo deslocado. Segundo
este autor, os teóricos que acreditam que as identidades modernas estão entrando em colapso,
parte do pressuposto que um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as
sociedades modernas no final do século XX.

Isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e
nacionalidade, que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos
sociais. Estas transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a
idéia que temos de nós próprios como sujeitos integrados.

Essa perda de um sentido de si‖ estável é chamada, algumas vezes de deslocamento ou


descentração do sujeito. Esse duplo deslocamento descentração dos indivíduos tanto de seu
lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos- constitui uma crise de identidade‖ para
o indivíduo (HALL, 2006, p. 9).
11

Assim como Hall, Giddens (1991, p. 38) ao tratar da cultura e das tradições diz que nas culturas
tradicionais, o passado é honrado e os símbolos valorizados porque contêm e perpetuam a
experiência de gerações. A tradição é um modo de integrar a monitoração da ação com a
organização tempo-espacial da comunidade. Ele aborda as reinvenções das tradições pelas
novas gerações, como forma de preservação.

Ela é uma maneira de lidar com o tempo e o espaço, que insere qualquer atividade ou
experiência particular dentro da continuidade do passado, presente e futuro, sendo estes por sua
vez estruturados por práticas sociais recorrentes. A tradição não é inteiramente estática, porque
ela tem que ser reinventada a cada nova geração conforme esta assume sua herança cultural dos
precedentes. A tradição não só resiste à mudança como pertence a um contexto no qual há,
separados, pouco marcador temporal e espacial em cujos termos a mudança pode ter alguma
forma significativa (GIDDENS, 1991, p. 38).

Para Hall (2006), A sociedade não é, como os sociólogos pensaram muitas vezes, um todo
unificado e bem delimitado, uma totalidade, produzindo-se através de mudanças evolucionárias
a partir de si mesma, como o desenvolvimento de uma flor a partir de seu bulbo. Ela está
constantemente sendo "descentrada" ou deslocada por forças fora de si mesma.

2.3. Importância da Identidade Cultural

A identidade cultural é importantíssima para o desenvolvimento da sociedade, pois ela é a


identificacao essencial da cultura de um povo; E também é importante porque permite que uma
pessoa possa ser reconhecida, consequentemente, a identidade pessoal define um indivíduo.

De lembrar que sem a identidade cultural no mundo, seria difícil distinguir cada indivíduo a sua
nacionalidade e cultura que pertence.

3. Crise de Identidade

Para Woodward (2012) identidade‖ e crise de identidade‖ são palavras e idéias bastante
utilizadas atualmente e parecem ser vistas por sociólogos e teóricos como características das
sociedades contemporâneas ou da modernidade tardia.

De acordo com Woodward (2012), a representação, como um processo cultural, estabelece


identidades individuais e coletivas e os sistemas simbólicos nos quais ela se baseia‖
(WOODWARD, 2012, p. 18).
12

A representação inclui as práticas de significação e os sistemas simbólicos por meio dos quais
os significados são produzidos, posicionando-nos como sujeito. É por meio dos significados
produzidos pelas representações que damos sentido à nossa experiência e àquilo que somos
(WOODWARD, 2012, p.17-18).

A autora analisa a globalização e os processos associados com mudanças globais, bem como a
história, mudança social e movimentos políticos. Faz referência a autores que argumentam que
as crises de identidade, se apresentam como características da modernidade tardia e que sua
centralidade atual só faz sentido quando vistas no contexto das transformações globais que têm
sido definidas como características da vida contemporânea‖ (GIDDENS, 1990, apud
WOODWARD, 2012, p. 21).

No segundo aspecto, há a ênfase nas origens, na continuidade, na tradição e na


intemporalidade‖. Neste sentido a identidade nacional é representada como primordial‖, "está
lá, na verdadeira natureza das coisas", algumas vezes adormecida, mas sempre pronta para ser
"acordada" de sua "longa, persistente e misteriosa sonolência", para reassumir sua
inquebrantável existência (GELLNER, 1983, p. 48). Os elementos essenciais do caráter
nacional permanecem imutáveis, apesar de todas as vicissitudes da história. Está lá desde o
nascimento, unificado e contínuo, "imutável" ao longo de todas as mudanças, eterno (HALL,
2006, p. 14).

Diante do exposto, ele descarta a ideia da nação ser uma identidade cultural unificada, pois
estas não subordinam todas as outras formas de diferença e também não estão livres do jogo de
poder, de divisões e contradições interna, de lealdades e de diferenças sobrepostas.

O autor sugere que ao discutir, se as identidades nacionais estão deslocadas, deve-se atentar
para a forma pela qual as culturas nacionais contribuem para costurar‖ as diferenças numa
identidade. Assim como Woodward (2012), também Hall (2006), em relação ao deslocamento
das identidades culturais nacionais, aponta para o fenômeno da globalização, como sendo o
fator desencadeador deste descentramento.

Para elucidar a questão, traremos o conceito de globalização apresentado por Giddens (1991).
Este define a globalização como sendo a intensificação das relações sociais em escala mundial,
que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por
eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa‖ (GIDDENS, 1991, p. 60).
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3.1. Alguns Exemplos de Identidade Cultural no Mundo

É dificil delinear exemplos claros de identidade cultural, visto que a cultura é um termo muito
amplo. No entanto, alguns aspectos culturais podem ser separados e sendo colocados como
exemplo de elementos identitários de determinados culturas:

 Religiosidade- as diversas religiões são elementos de uma identificação cultural ;


Temos os cristãos Catolícos, Protestantes, Adventistas, Muçulumanos e outros, todos
estes cada um se identifica de acordo com as suas actividades e crenças, que diferencia
se das outras.
 Música- é um elemento de identidade cultural muito eficaz, de acordo com o ritmo ou
com os instrumentos utilizados é possível distinguir de onde se originou, havendo uma
noção de identidade cultural implicita nessa relação.
 A forma como se dança a música brasileira é diferente como se dança a música
moçambicana, logo há uma identificação através do ritmo e a dança, assim como em
outras regiões do mundo, cada um se apresenta conforme a sua cultura.
 Culinária- os habitos culinários dizem muito a respeito da cultura em questão, portanto
a comida que é feita em portugal e diferente de moçambique assim do brasíl , isso tudo
porque cada cultura tem a sua forma de preparar os alimentos.

3.1.2. Factores de Identidade Cultural

É interessante lembrar que toda a identidade cultural é feita de alguns factores como:

As vestimentas, os habitos e custumes são elementos da identidade cultural.


A preservação da identidade cultural.
A culinária representa um aspecto de identidade de um povo.

Antes de mais nada, vale lembrar que a identidade cultural é um conceito muito abordado nas
últimas décadas, no entanto, ela sempre existiu. Ou seja, desde os primordios os homens se
organizavam em grupos sóciais, os quais compartilhavam informações e identificações com
seus membros.

A interação sócial entre os seres humanos fez surgir as diversas culturas, ou seja o conjunto de
costumes e tradições de um povo os quais são transmitidas de geração em geração, assim fica
claro que existem várias identidades culturais no mundo.
14

De salientar que das abordagens feitas em torno do tema, ainda existe muita informação em
torno da identidade cultural, aquilo que foi aqui mostrado é simplesmente o básico sobre o
assunto em destaque; Portanto isto é o mínimo que esclarece o assunto de identidade cultural.

Apesar do sujeito pós-moderno se caracteriza como não tendo uma identidade fixa, essencial
ou permanente, podemos afirmar que a identidade também se constitui pela cultura, não há
como negar a influência com que a cultura nos marca. Mesmo em tempos de identidade
fragmentada, traços da nossa cultura sempre nos acompanharão, ainda que pouco valorizada.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar do sujeito pós-moderno se caracteriza como não tendo uma identidade fixa, essencial
ou permanente, podemos afirmar que a identidade também se constitui pela cultura. Não há
como negar a influência com que a cultura nos marca. Mesmo em tempos de identidade
fragmentada, traços da nossa cultura sempre nos acompanharão, ainda que pouco valorizada,
como no caso dos afrodescendentes.

Sabemos que as novas políticas de identidade que emergiram no contexto da redemocratização


nacional, nas primeiras décadas de 1980, através de medidas que promoveram uma nova
vertente cultural, apontam para o reconhecimento de uma identidade brasileira dotada de
natureza multiétnica e multicultural ao criar uma demanda renovada de informações e símbolos
africanos ainda que, muitas vezes, à maneira de um pacote já pronto, composto de fragmentos
essencializados da cultura africana e de uma generalização global sobre a natureza do povo
africano‖ (SANSONE, 2004, p. 98).
15

5. Metodologias

5.1. Classificação da Pesquisa

5.1.1. Quanto à natureza:

Pesquisa Aplicada: Objectiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução
de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. (GIL, 2007).

5.1.2. Quanto aos objectivos:

Pesquisa exploratória: proporciona maior familiaridade com o problema (explicá-lo). Pode


envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema
pesquisado.

Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso. (GIL, 2007)

5.1.3. Quanto à abordagem

A abordagem qualitativa implica uma revisão da literatura por pesquisa bibliográfica, de modo
a conhecer, compreender e analisar o que os outros investigadores que já estudaram sobre o
tema.

(GIL, 2007).

5.1.4. Quanto aos procedimentos técnicos:

Pesquisa Bibliográfica: é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído


principalmente de livros e artigos científicos. Não se recomenda trabalhos oriundos da internet.

(GIL, 2007).
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6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFIACAS.

DREYFUS, H. e Rabinow, P. Michel Foucault: beyond structuralism and hermeneutics.


Brighton: Harvester, 1982

BHABHA, H. O local da cultura, Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

Bastos, N. M. O., Brito, R. H. P., & Hanna, V. L. H. (2008)

Bauman, Z. (2001). Modernidade líquida (P. Dentzien, Trad.). Jorge Zahar Editor. (Trabalho
original publicado em 1999)

Bayly, C. (2004). The birth of the modern world, 1780-1914:

FRANCISCO, Dalmir. Comunicação, identidade cultural e racismo. In: FONSECA, Maria


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GIDDENS, Anthony. As consequências da Modernidade. São Paulo: UNESP, 1991.

GIL, M. Pesquisas científicas. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2007.

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17

RODRIGUES, José Carlos. O tabu do corpo. Rio de Janeiro. Ed. Fiocruz, 2006.

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