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Helena Almeida, Pintura habitada, 1975

Fig.1 - Pintura habitada. 1975

Maria Helena de Castro Neves de Almeida, artista plástica, nasceu em


1934 em Lisboa, “filha do escultor Leopoldo de Almeida (1898-1975), forma-se
em Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em 1955. Em 1961
participa na II Exposição de Artes Plásticas da Fundacção Calouste Gulbenkian
e em 1964 obtém uma bolsa de estudo, prosseguindo os seus estudos em Paris.
Na capital francesa contacta com a arte abstracta, sendo a sua obra desse
período marcada pelos jogos de inter-relação entre espaços interiores e
exteriores. Regressada a Portugal, expõe individualmente pela primeira vez em
1967 (Galeria Buchholz, Lisboa), apresentando composições geométricas e
abstractizantes nas quais questiona o espaço pictórico e explora os limites físicos

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da pintura, problemática que viria a ser desenvolvida na sua obra futura. A partir
do final da década de 1960 passa a centrar-se na intensa reflexão sobre a
autorrepresentação e sobre as relações de tensão entre o corpo, o espaço e a
obra: o seu próprio corpo é então encarado enquanto objecto e suporte da obra,
temática que a partir de 1975 é desenvolvida através da manipulação de meios
como a pintura, o desenho, a gravura, a instalação, a fotografia e o vídeo. Artista
de intensa matriz conceptual, a sua rigorosa e original investigação plástica
granjeou-lhe desde a década de 1970 um forte reconhecimento nacional e
internacional, destacando-se a representação de Portugal nas Bienais de São
Paulo (1979), Veneza (1982 e 2004) e Sidney (2004) e as exposições
antológicas em Santiago de Compostela e em Badajoz (2000), no Centro Cultural
de Belém (2004), em Serralves (2005) e em Madrid (2008).”1

A artista traz a fotografia para primeiro plano no seu trabalho artístico,


explora o seu próprio corpo nas suas obras, assim como na Fig.1 em Pintura
habitada 1975, «A minha obra é o meu corpo, o meu corpo é a minha obra»
declara Helena Almeida, o seu corpo altera-se constantemente, desfigura-se e
esconde-se por de traz da pintura, o seu corpo passa a ser como um meio de
comunicação, a artista cria dois momentos destintos do seu processo de
trabalho, em primeiro fotografa, em segundo combina técnicas manuais, como
por exemplo colagens, cortes, neste caso aplica tinta azul assim como em outras
obras, conjuga a pintura e a fotografia e constrói "nos limiares de todas essas
disciplinas, criando a sua própria linguagem e com o corpo da artista como
primeiro suporte de intervenção plástica"2.

Helena Almeida aprofunda a ideia do “eu”, em Pintura Habitada, a artista


autorrepresenta-se, pintando a pintura, como Velazquez faz na sua obra As
meninas, como objeto de reflexão do artista, a ideia de autorretrato é ao mesmo
tempo de negar-se, “em nenhum caso poderá falar-se de autorretrato – estas
obras nada nos dizem sobre o corpo concreto ou a natureza psicológica da
artista"3 ; no contexto desta obra, a artista utiliza a fotografia a preto e branco e

1 http://www.museuartecontemporanea.pt/pt/artistas/ver/82/artists – 25-05-2017
2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_Almeida 03-06-2017 Carlos, Isabel – Helena Almeida: Dias quase
tranquilos. Lisboa: Editorial Caminho, 2005, p. 15.
3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_Almeida 03-06-2017 Carlos, Isabel – Helena Almeida. In: A.A.V.V.

(org. João Pinharanda) – De dentro: 6 Contemporary Artists. Lisboa: Instituto Camões, 2006.

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habita dentro dela, criando uma relação entre o seu trabalho e a performance, é
como pintora que faz uso da fotografia, a fotografia é linguagem plástica tem em
si um valor expressivo, a libertação do corpo e do movimento pela duplicação do
espaço não é uma fuga á pintura, e em virtude á ligação com a fotografia traduz-
se como habitável, o corpo liberto da pintura procura nela o seu asilo, parecendo
uma contradição que o esforço de libertação do corpo combine na nova ligação
na pintura, com isso o estatuto do corpo (como representação), permite o
domínio sobre o espaço pictórico, a pintura passa a ser a casa, o corpo passa a
ser habitante, assim o corpo controla a pintura podendo lidar com ela num modo
mais programado. Nesta obra e noutras Pinturas Habitadas a artista cria ilusão,
com a utilização de um espelho para duplicar a sua imagem, depois utiliza a
fotografia como suporte de pintura, onde cria também ilusão; utiliza normalmente
tinta azul, assim como nesta obra escolhida Pintura Habitada 1975, “Porquê o
azul? Com é que chega a este azul? É uma mistura? É uma mistura de azul-
cobalto com azul-ultramarino. É o azul mais energético que eu consegui fazer
simultaneamente associo com o espaço. Não podia ser vermelho, verde ou
amarelo. Tinha que ser uma cor que tivesse a ver com estas duas ideias: energia
e espaço. Não tem nada a ver com o Yves Klein. Aliás, ele “esborrachava”
mulheres - o que sempre me chocou.”4

4
, Isabel Carlos, Barbara Vanderlinden; Helena Almeida, Entrevista a Helena Almeida, Isabel Carlos,
pag.52

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