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Resumo

"A História da Arte", escrito por Ernst Gombrich, é uma obra amplamente aclamada que
apresenta um panorama abrangente e acessível da evolução da arte ao longo dos séculos. Em
sua introdução, Gombrich estabelece a importância da arte como uma forma de expressão
humana universal, que remonta aos primórdios da civilização. Ele destaca a necessidade de
entender a arte em seu contexto histórico, social e cultural, além de enfatizar a importância da
subjetividade na apreciação artística. Gombrich explora as diferentes abordagens da arte ao
longo da história e a relação entre artistas e seus públicos, fornecendo ao leitor uma base
sólida para adentrar no estudo das diversas formas artísticas e suas questões mais profundas.
Com sua escrita envolvente e conhecimento profundo, Gombrich nos permite adentrar de
maneira profunda pela história da arte, explorando sua beleza e significado ao longo do tempo.

Ernst Gombrich
Ernst Gombrich foi um renomado historiador da arte austríaco-britânico. Nascido em 1909 e
falecido em 2001, Gombrich é conhecido por suas contribuições significativas no campo da
história da arte. Sua obra mais famosa, "A História da Arte", publicada em 1950, é um dos
livros mais influentes e acessíveis sobre o assunto, amplamente utilizado como referência em
cursos de arte e apreciadores em todo o mundo. Sua abordagem clara e acessível ajudou a
popularizar o estudo da história da arte e a torná-lo mais acessível ao público em geral.

A História da Arte - Introdução


“Uma coisa que realmente não existe é aquilo a que se dá o nome de Arte. Existem somente
artistas”. Essa é a primeira frase da introdução de Gombrich ao seu livro “História da arte”, uma
descrição que integra toda a mensagem que o autor tenta traduzir no princípio de sua obra.
Para ele, a Arte, com A maiúsculo, não existe, é apenas uma forma que as pessoas usam para
valorizar, até mesmo de maneira esnobe, uma obra ou trabalho. Tudo que é produzido por
artistas envolve, particularmente, diferentes sentidos e características únicas, que não podem
se resumir em uma única palavra. Um artista, ao criar sua obra, se expressa de uma forma
original, com seu objetivo próprio, contextualizado às influências do lugar que vive e da época
em que se encontra. A arte, portanto, como mostra Gombrich, é sempre singular em todos os
seus aspectos, da sua criação até quando as apreciamos.

O autor diz que não existem razões erradas para gostar de uma obra, quando apreciamos o
trabalho de um artista estamos vendo uma representação através de uma visão pessoal,
traduzimos cada um dos detalhes e técnicas a uma experiência particular. É natural que uma
obra nos recorde memórias e experiências íntimas que tenhamos vivido, algo que jamais será
semelhante ao ponto de vista de qualquer outra pessoa. Sentimentos e ideias distintas são
despertados de acordo com a sua própria vivência, sendo evidente, portanto, que a
interpretação de uma produção artística jamais, em hipótese nenhuma, seja a mesma.

Entretanto, não podemos deixar que nossas vivências e lembranças criem uma parcialidade ou
preconceito ao analisar uma obra. Gombrich, exemplificando esse embate, diz: “(...) quando
instintivamente voltamos as costas a um quadro magnífico de uma cena alpina porque não
gostamos de praticar o alpinismo, é que devemos perscrutar o nosso íntimo para desvendar as
razões da aversão que estraga um prazer que de outro modo poderíamos ter”. De forma geral,
as mesmas diferenças de interpretação que permitem a existência de variados tipos de
análises, podem fazer com que uma produção artística seja discriminada por critérios mal
formulados e sem embasamentos criados por efeitos pessoais.

A subjetividade que baseia a existência de uma obra de arte, tanto de sua criação, quanto de
sua análise, permite o questionamento, que há muito tempo se reflete na trajetória humana: o
que é belo?

Em toda história da arte, vários autores utilizaram como sua principal motivação a ideia de
representar aquilo que consideravam existir beleza. Rubens, pintor flamengo, utilizado como
exemplo no texto, reproduziu em sua obra a figura do filho pequeno, com características
delicadas, se orgulhando do quão belo ele era. Por outro lado, logo em seguida, é citado o
pintor alemão Albrecht Dürer, que expos a figura da própria mãe desgastada pela velhice, ou
até mesmo, do pintor espanhol Murillo que, assim como o artista anterior, utiliza de temas
menos comuns em seus quadros, gerando uma maior dificuldade aos críticos para a apreciação
da beleza intrínseca do que foi expresso.

Como diz Gombrich: “(...) a beleza de um quadro não reside realmente na beleza de seu tema”.
Definimos, portanto, que não podemos resumir a ideia de belo simplesmente a um conceito já
pré-estabelecido, com base em todas aquelas vivências pessoais. Utilizar de nossa bagagem
própria para julgar uma obra, simplesmente pela comoção com aquilo que foi retratado, é
injusto e raso. Desse mesmo modo, exemplificando esse tipo de análise, podemos citar os
quadros de natureza morta, discutidos em sala de aula. Quando analisamos os padrões e
motivações dessas obras, vimos o sentido da beleza existente naqueles objetos que, muitas
vezes, são inicialmente julgados como “sem vida”, mas que, ainda assim, expressam tamanha
beleza, mesmo que encontrada com mais dificuldade.

Uma obra não expressa determinado sentido ou emoção simplesmente por sua mera
existência. Analisar uma arte, assim como determinar a sua beleza, requer de um diagnóstico
muito mais aprofundado sobre o que o artista está expressando, é preciso compreender suas
técnicas, cada um de seus métodos e linguagens, para assim traduzir assertivamente suas
sensações. Quando nos prendemos ao perfeccionismo de um padrão estabelecido, deixamos
de apreciar a real expressão existente em uma obra. Com base nisso, o autor cita a trajetória
do aperfeiçoamento das expressões artísticas ao longo da história humana, quando os artistas
ainda não tinham tamanha habilidade quanto hoje em suas representações, mas, mesmo
assim, supriam essa carência de maneiras alternativas para a transmissão de seus sentimentos.

O modo que um artista transmite todo aquele sentido que deseja colocar em sua obra é
totalmente íntimo e, consequentemente, não há uma forma correta de expressá-la
artisticamente, não é possível fazer com que isso seja padronizado. Desse modo, quando
vemos pessoas que buscam, por exemplo, a semelhança com a realidade nas obras, como
parâmetro da qualidade que o artista possui para desempenhar uma pintura, não é nada
menos que um modo injusto de analisar um quadro. Gombrich diz que uma obra apresentar
menos detalhes, não significa ser pior que outra mais realista e destaca em um dos trechos:
“Temos o curioso hábito de pensar que a natureza deve parecer-se sempre com as imagens a
que estamos acostumados”.

O texto utiliza do preconceito com artistas modernos, para exemplificar as críticas indevidas
com a forma de se expressar. Esses artistas, muitas vezes, são duramente criticados como se
fossem incapazes de realizar boas artes por não se enquadrarem em uma padronização,
difundida por décadas, em relação ao perfeccionismo. Esse conceito pode ser muito bem
observado em um exemplo explorado em sala de aula, com as performances da artista Marina
Abramovic. A artista sérvia, em suas criações, utiliza de expressões artísticas totalmente fora
dos limites impostos pelos conceitos preconceituosos que impõem a perfeição. Em Rhythm 0,
exposição realizada em 1974, Marina ficou imóvel por seis horas seguidas, permitindo que o
público interagisse com seu corpo utilizando 72 objetos dispostos pela própria artista. Do
mesmo modo, na performance Imponderabilia, de 1977, ela e seu antigo companheiro se
postaram nus, um de cada lado de uma passagem da exposição, impedindo que as pessoas
passassem de outra forma se não fosse entre seus corpos. A artista provoca e permite uma
reflexão assertiva exatamente nos pontos em que se difundem a ideia de expressão artística
sem padronização.

Outro grande exemplo, presente na explicação do autor, é da descoberta ao longo de muitos


anos da maneira correta que um cavalo se movimenta, só realizado com o aperfeiçoamento da
fotografia, notando-se que as representações anteriores não eram realmente fiéis a realidade,
como observado na pintura de Géricault, no século XIX. A consequência dessa descoberta
gerou incomodo aos que viam as figuras de cavalo corretamente representadas e apontavam
que as figuras pareciam fantasiosas.

Entretanto, Gombrich atesta que, nos dias de hoje, os artistas buscam cada vez mais o
distanciamento de discussões a respeito de temas sobre a profundidade da arte e sua excência,
como a busca pelo que é belo e as formas de expressão. Esses temas são bem mais irrelevantes
para a produção das obras do que a maioria das pessoas imaginam, na verdade os artistas
estão bem mais aplicados a buscar o “certo”. O conceito de “certo” pode ser entendido como o
ponto de maior satisfação que um artista pode chegar com a sua própria obra, onde nada mais
pode ser acrescentado, o momento em que a obra está irretocável e pronta. É a mesma forma
que, até mesmo quem não produz obras de arte, sente ao fazer, por exemplo, um arranjo de
flores, uma combinação de roupa ou, uma apresentação de um prato e, ao fim, se sentir
realizado com o objetivo atingido.

Para chegar ao momento de maior êxito com o seu trabalho, o artista emprega os seus
próprios caminhos, sua própria visão, produz em seu processo criativo algo que jamais os
críticos e apreciadores de sua arte poderão identificar. Sua criação exige de uma harmonização
de formas, combinação de cores, exigindo que o artista seja sempre minucioso e exigente ao
extremo, só assim ele chegará a um equilíbrio total de tudo para chegar ao “certo”.

A história de Caravaggio, como citado no texto, ao receber a encomenda de uma pintura para
um quadro de São Mateus, que ficaria no altar-mor de uma igreja de Roma, utilizou de sua
imaginação, sempre muito presente no seu processo criativo, representando a figura de
Mateus calvo, descalço e com os pés sujos, enquanto o anjo ao seu lado com fisionomia jovem.
Esse era o ponto que o renomado artista italiano chegou à definição do “certo”. Entretanto, as
pessoas escandalizaram ao ver o resultado, considerando uma falta de respeito com o santo,
baseadas em perspectivas próprias e pré-estabelecidas, obrigando o artista a refazer a pintura.
Sua segunda obra foi feita seguindo rigorosamente as ideias convencionais da época, mas,
evidentemente, deixando de expressar toda a essência original do artista.

Conclusão
"A História da Arte", de Gombrich, explora a beleza e a expressão como elementos essenciais
na apreciação da arte. O autor destaca que a beleza é subjetiva e varia de acordo com as
preferências individuais e normas culturais. Além disso, ele ressalta que a expressão artística
vai além da representação visual, transmitindo emoções e ideias. Para entender a expressão, é
necessário compreender os contextos históricos e culturais. Gombrich oferece uma visão
abrangente e acessível da arte, desmitificando o assunto com exemplos e análises claros. A
obra revela a importância da arte como reflexo da cultura e sociedade, convidando-nos a
apreciar e compreender a arte de forma profunda e enriquecedora.

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