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Maio 2020
Sumário
O objetivo deste documento é dar visibilidade de condutas danosas e/ou negligentes por parte do
Rodrigo Venkli, que vão contra os valores da Wildlife. Essas condutas têm causado impacto negativo na
motivação de pessoas que interagem diretamente com ele.
Independente do resultado obtido com esse case é imprescindível que haja proteção às pessoas aqui
mencionadas e que seja garantido o anonimato das mesmas, pois todas têm medo de possível retaliação.
Reforça-se que nenhum dos casos concretos expostos é fruto de desavença pessoal; queremos
encontrar uma solução conjunta para manter a motivação do time e preservar nossos valores.
Respeitando a política de conduta e transparência da empresa, todas as pessoas citadas nesse
documento já tentaram resolver as questões levantadas diretamente com a pessoa em questão ou com
seus supervisores diretos e indiretos. Em geral, não houve evidência de ação corretiva aos olhos dos
afetados.
Portanto, reunimos os casos concretos mapeados nesse documento para que fique explícito o ponto
de vista dos envolvidos. Dividimos os casos em duas categorias, com suas respectivas subdivisões:
1. Atitudes machistas
a. Reforço de estereótipos (sexualização excessiva de personagens femininas em vídeos)
b. Silenciamento de mulheres / gaslighting (interrupção ou retirada do momento de fala de uma
mulher)
c. Equiparação salarial (desigualdade salarial entre funcionários que exercem a mesma função,
com nível de experiência similar, favorecendo a parte masculina)
d. Outros
2. Má gestão
a. 1:1s
b. Pulse Check
c. Contratações
d. Feedbacks sem embasamento
Embora haja algum grau de overlap entre as categorias em alguns casos, essa divisão ajuda a
distinguir o maior pain point de cada caso concreto citado.
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Índice
Sumário………………………………….…………………………………..…………………………………………….. 1
Índice……………………………………..…………………………………..……………………………………………. 2
Atitudes machistas………………………………………………………..…………………………………………….... 3
A. Reforço de estereótipos…………………………………………..……………………………………. 3
a. Caso #1………………………….……………………………..………………………………... 3
b. Caso #2………….………………….…………………………..…………………………….... 10
B. Silenciamento / gaslighting……………………………………………………………………………..11
a. Caso #1………………………………………………………………………………………….11
b. Caso #2………………………………………………………………………………………….12
c. Caso #3………...……………………………………………………………………………….12
C. Equiparação salarial……………………………………………………………………………………...13
D. Outros……………………………………………………………………………………………………..14
Má gestão………………………………………………………………………………...……………………………….15
A. 1:1s………………………………………………………………………………………………………..15
a. Caso #1…………………………………………………………………………………...……..15
b. Caso #2…………………………………………………………………………...……………..15
c. Caso #3…………………………………………………………………………………...……..15
d. Caso #4………………………………………………………………………………………….16
B. Pulse Check…………………………………………………………………………………………….....16
a. Caso #1……………………………………………………………………………...…………..16
b. Caso #2………………………………………………………………………………………….17
c. Caso #3………………………………………………………………………………………….17
C. Contratações……………………………………………………………………………………………..17
a. Caso #1………………………………………………………………………………...………..17
b. Caso #2………………………………………………………………………………………….18
D. Feedbacks sem embasamento………………………………………………………………………...19
a. Caso #1…………………………………………………………………………………………19
b. Caso #2…………………………………………………………………………………………21
Conclusão………………………………………………………………………………………………………………….22
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Atitudes machistas
Apesar de Rodrigo Venkli não ter um comportamento considerado extremamente m achista – não
existem casos reportados de assédio sexual – há comportamentos que podem ser considerados assédio
moral, muitas vezes direcionados especificamente a mulheres. Isso ocorre muitas vezes de maneira privada e
sem registro, o que dificultou a reunião de provas para o case. Mas conversando entre as mulheres que já
passaram por isso, percebe-se que esses comportamentos já ocorrem há alguns anos.
Seguem os casos detalhados abaixo, seguindo as categorias listadas no sumário.
A. Reforço de estereótipos
Em seguida temos o feedback do Venkli, que usa a conta "User Acquisition" dentro do Frame.io:
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Em discussão posterior com o time, quando questionado sobre o teor do criativo, o Venkli se disse
extremamente incomodado com como foi produzido, embora a sexualização tenha vindo de ordem direta
dele. Além disso, esses feedbacks são abertos para a produção, o que pode criar um clima de desconforto
entre as mulheres, ao verem o head da criação pedindo por esse tipo de abordagem.
Quando o projeto então chegou do departamento de Cinemático no departamento de Motion para
fechamento da peça, a Bárbara Matsusaki ficou bastante incomodada com a maneira em que o vídeo foi
produzido (e inclusive, por conta própria, retirou o shot do aumento dos seios da personagem da edição,
pois achava que isso ultrapassava demais os limites). Porém pelo incidente recente do S3D_CloseSensual (a
ser abordado mais para frente deste documento) ela sabia que não teria muito sucesso refutando a ideia
com o Venkli.
Confiou-se que a ideia não passaria no crivo de Intel, que testa os criativos, e nem do PMM, que estava
acompanhando bem de perto todos os criativos por ser época de lançamento. De fato, já havia ocorrido um
atrito recente com a PM do TC por conta de um vídeo de dança da Florence que trazia um teor sexista.
Numa reunião presencial entre eles, foi combinado que o vídeo de personalização não seria testado pois
traria o mesmo atrito pela sexualização. Estavam nessa reunião pelo menos Marcus Moraes, André Gentil e o
próprio Venkli. Nos dias seguintes a essa decisão, o Venkli pediu várias vezes ao Marcus de maneira privada,
via Slack, e ao vivo para que passassem por cima da decisão e testassem o vídeo.
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O Venkli falou para o Marcus Moraes e para outras pessoas que ele havia mostrado o vídeo para a Bárbara
Scatolini e a Bárbara Matsusaki e que ambas haviam achado o conteúdo "ok", isso foi algo que nunca
ocorreu.
O “TC_Personalização” foi abordado na conversa sobre o criativo “S3D_CloseSensual”. O Venkli na reunião
disse que achava que o Personalização era mais problemático até que o Close Sensual, levando a entender
que ele estava ciente da problemática dos dois criativos. O que foi respondido para o Venkli é que uma
câmera mostrar o corpo de um personagem mais de perto quando ao customizar a roupa dele, para mostrar
mais detalhes, é mais "ok", mas isso foi dito sobre o c onceito de personalização, porém nenhuma das duas
havia assistido ao vídeo do Personalização ainda. O vídeo nunca foi então aprovado pela Bárbara Matsusaki
ou pela Bárbara Scatolini, inclusive, ambas não estão incluídas em nenhum etapa de aprovação do
cinemático (departamento em que o projeto foi originalmente produzido).
O problema teve um estopim no dia 13/09/2019, quando o Marcus pediu para que o Venkli abrisse a
discussão sobre testar o vídeo no grupo de betas, após ele ser abordado de maneira privada novamente
pelo Venkli, insistindo e passando por cima das orientações acordadas em reunião.
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Ao invés de colocar a discussão no grupo, o Venkli decidiu falar pessoalmente com Rafael Simon (manager
do Marcus Moraes). Na conversa ele disse que o Marcus não queria testar o vídeo, e que ele achava isso um
absurdo pois até pelas Bárbaras o vídeo era "ok”, apesar de isso não ser verdade.
Simon então reuniu algumas pessoas para saber se o vídeo era realmente tão sexualizado a ponto de se
sentirem incomodados de subirem os testes e todas as mulheres presentes disseram se sentir incomodadas
com o vídeo. Mesmo assim, não foi o suficiente para que a discussão acabasse e o teste não fosse feito.
Venkli criou um grupo no Slack, com outras pessoas, agora envolvendo gerências mais altas, como o Victor
Lambertucci. Porém ele deixou de fora desse canal a Ana Costa, dando a entender que não queria ser
contrariado no canal já que a Ana, como PM do jogo já havia falado em reunião que não queria esse tipo de
vídeo sendo produzido e testado. Forçou assim o teste passando por cima da decisão acordada em reunião.
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Sabendo que não poderia continuar a minimizar a sexualização que estava no vídeo, passou a dizer que
motivo seria o tempo gasto de produção sendo desperdiçado.
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No final, mesmo com as mulheres incomodadas, a decisão foi de testar o vídeo. Sabendo que os testes
ficam abertos para todo o departamento, e seguindo uma sugestão que o André Gentil havia dado na
conversa em grupo via Slack, as Bárbaras propuseram para o Guilherme Rizzo que elas conversassem com as
mulheres do time, para explicar que o vídeo seria apenas testado, e caso fosse bem no teste, não iria para
campanha. Fizeram isso pois sabiam que o vídeo acarretaria em um grande desconforto nas mulheres do
time que ainda não o tinham visto.
Durante a reunião entre as mulheres, na qual o Marcus e o André Gentil também estavam presentes, o
Venkli entrou na sala bastante nervoso por termos aberto a questão para outras pessoas, e algumas coisas
foram ditas por ele nessa reunião, que são consideradas problemáticas e anti-éticas, tais como:
- Falou de maneira irritada na presença de todos que isso tornou o problema maior do que ele de fato
era, minimizando novamente a sexualização feminina na frente dessa vez de todas as mulheres do
departamento.
- Voltou a dizer que as Bárbaras haviam aprovado o vídeo, o que a Bárbara Scatolini refutou na hora e
isso o fez ficar ainda mais nervoso, deixando um clima de desconforto muito grande na sala.
- Disse que as pessoas responsáveis presentes não tinham o direito de chamar o time dele (se
referindo que as contratações que foram feitas por ele, mas que não eram mais em sua maioria gerenciadas
por ele) sem ele estar presente. Criando ainda mais desconforto na sala e se portando como uma figura de
autoridade.
Com a chegada do Venkli na reunião e tudo o que ocorreu na sequência, o assunto se tornou sobre ser
errado estarmos falando sobre o vídeo, o que fez com que as pessoas responsáveis por ter essa conversa
honesta com as mulheres da equipe se sentissem punidas.
O assunto voltou a ser abordado alguns dias depois, em um Stand Up da área, onde novamente o foco foi
muito maior em criticar "a maneira em que se falou sobre o problema" do que o problema em si. O Venkli
inclusive foi elogiado pela ideia de um formulário de "Alerta de ideias", que aparentemente está
funcionando. Isso fez as pessoas envolvidas no problema, como o Marcus Moraes, Bárbara Matsusaki,
Bárbara Scatolini, se sentirem de fato punidas e inadequadas por terem se posicionado sobre a questão
enquanto para o Venkli, que gerou a ideia e a direção de arte problemática, houve elogio.
No final, o vídeo não performou bem nos testes e fez com que o conceito “personalização” fosse invalidado,
sendo que ele poderia ter bons resultados caso fosse executado dentro de um contexto que respeitasse o
universo do esporte tênis.
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Na primeira semana da Bárbara Matsusaki na empresa, ela foi abordada pela Bárbara Scatolini para discutir
sobre um vídeo que iria entrar em produção e que ela achava problemático. Ao ver o teor do vídeo que se
chamava S3D_CloseSensual, foi percebido que ele realmente era problemático pois sexualizava em excesso
a refém, começando com ela de biquíni e um close nos seus seios.
Com isso, as duas foram conversar com o Venkli sobre a real necessidade de produzir esse tipo de vídeo.
Nessa conversa o Venkli disse que deveria ser testado todo e qualquer tipo de hipótese, e que o público do
Sniper era machista e redneck, logo esse tipo de plot tinha boas chances de dar certo, deixando bem claro
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que ele esperava por esse sucesso. Próximo ao final da reunião, longe de chegar em um consenso, as duas
ainda tinham argumentos para não produzir esse tipo de conteúdo, foi conversado sobre tentar amenizar
esse tipo de ideia, porém a tentativa de amenizar foi respondida por ele com:
“Nós não estamos em uma área de quebrar estereótipos e sim reforçar eles ”
Nesse momento a Bárbara Matsusaki, que estava há pouco tempo dentro da empresa, sentiu que não teria
como argumentar sobre conteúdos machistas ou problemáticos de maneira séria e efetiva dentro da WLS. A
Bárbara Scatolini também se sentiu encurralada no momento e as duas saíram da reunião com um
sentimento claro de silenciamento. Durante essa mesma reunião foi falado sobre o TC_Personalização, que
foi abordado no case anterior.
B. Silenciamento / gaslighting
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No início da mensagem ele reconhece que é importante darem ideias para os vídeos, mas desencoraja a
Lívia a dar as delas. Colocou o problema do fato da Lívia não dar espaço para a criação, porém ela sempre
deixou claro que o roteiro é uma sugestão, para explicar com maiores detalhes o que ela havia pensado.
Na sequência o Venkli diz que a Lívia pode, sim, mandar sugestões, mas sabendo que muitas vezes não vão
usar, descartando e o trabalho dela. Por fim ele disse que prefere contar mais com as análises, deixando a
entender que a Lívia não estava cumprindo com a sua função. Em nenhum momento a Lívia deixou de
cumprir com seu papel, as ideias que ela apresenta são um extra – algo que é feito por seu enorme
engajamento com a empresa. Identifica-se hoje um problema grande de desmotivação dentro Marketing Art
e acredita-se que parte venha desse tipo de comportamento que acontece de maneira privada.
C. Equiparação salarial
A Bruna Cremm foi indicada para a sua vaga por um amigo, ele havia feito a entrevista antes dela para a
mesma vaga mas não teve interesse e por isso a indicou. O Venkli ao fazer a proposta de trabalho, ofereceu
R$500 a menos, o equivalente a quase 10% do valor total da proposta. A Bruna acabou aceitando pois
estava precisando na época. Uma das consequências disso é que ela foi artista sênior com o menor salário
da Produção por muito tempo. O salário dela só foi corrigido posteriormente, quando fizemos o reajuste do
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departamento de Produção inteiro em Dezembro de 2019. Segue o print da conversa da Bárbara Matsusaki
com o Rizzo, para equiparação salarial. Caso a Bárbara Matsusaki não fosse atrás do seu supervisor para
corrigir essa discrepância, a diferença salarial continuaria existindo.
A Bárbara Matsusaki se referia ao Ademar Sena, que havia ganhado um aumento há pouco tempo do Venkli
(que ainda era seu gestor na época). A discrepância muito grande mencionada era de quase 30% entre os
salários.
As responsabilidades a mais mencionadas se dão porque Bruna Cremm foi selecionada pela Bárbara
Matsusaki e pelo Guilherme Rizzo para ser a lead do 3d Motion. Isso significa que ela passaria a fazer até
mesmo os 1:1s com os seniors, por ter uma alta qualificação e engajamento com a empresa, mesmo não
sendo recompensada até o momento de maneira justa.
Hoje a Bruna Cremm recebe o mesmo que o Ademar Sena, mesmo ainda tendo mais responsabilidades, isso
ocorre por não ser possível ajustar a grande diferença salarial que foi criada de maneira tão abrupta assim.
Outro caso de falta de equiparação salarial entre homens e mulheres exercendo o mesmo cargo em equipes
geridas pelo Venkli é o da Marília Pereira com relação ao Yuri Padovani. Apesar de estarem executando a
mesma função, no mesmo nível de senioridade e possuindo o mesmo background, Marília e Yuri possuem
uma diferença salarial de 5%, com o Yuri recebendo acima. Por mais que a diferença percentual possa não
parecer muito alta, a norma da CLT é de que se os funcionários possuem uma diferença de tempo de
contratação inferior a 2 anos, o que é o caso, se estiverem executando uma mesma função, o salário deveria
ser o mesmo.
D. Outros
No início do departamento Marketing Art foi criado um grupo de whatsapp. Como na época a equipe era
composta apenas de homens, o grupo só tinha homens e consequentemente tinham piadas e comentários
que muitas vezes eram considerados “zueira entre amigos”, “coisa de moleque” ou “poder falar as coisas
sem frescura”, mas que na verdade são apenas eufemismos para comportamentos machistas.
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Depois de um tempo de existência do departamento, foram contratadas as primeiras mulheres na arte, a
Julia Nogueira e a Maria Clara Servan. Ambas não foram adicionadas ao grupo e se dizem até um pouco
aliviadas por isso, pois os comentários que saíam de piadas internas por esse grupo eram em suma terríveis.
Porém isso fez com que elas também ficassem de fora de diversos assuntos, encontros, almoços, sendo que
ao mesmo tempo eram bastante cobradas de uma participação mais ativa com os membros da equipe. A
cobrança vinha do Venkli, que era o gerente de todos na época e estava no grupo.
Na sequência da contratação delas, mais homens foram contratados e eles foram imediatamente colocados
no grupo do whatsapp, deixando-as ainda mais excluídas. Nas avaliações, na parte de cultura, o Venkli
continuava a justificar notas baixas em comunidade dizendo que elas não faziam parte do time, gerando
apenas um mecanismo de punição para resolver o problema, sem atacá-lo de maneira efetiva ou que
acarretasse em uma recompensa, o que teria sido uma liderança mais preocupada com o bem-estar das
duas. Isso só mudou a partir do momento que ele foi perdendo os reports dele, e assim foi se criando um
ambiente mais saudável para as duas em suas novas equipes.
Má gestão
A. 1:1s
Caso #1: Sem conseguir ter uma boa organização e uma boa comunicação com a sua equipe, o Venkli
costuma fazer apenas 1:1s de 30 min a cada 15 dias.
Caso #2: Como sabido, é função do gestor ser um mentor também para os seus reports e um bom
momento para isso é dentro dos 1:1s. Com isso, a Marina Peripato questionou sobre como progredir na
carreira dentro da WLS e qual material estudar, Venkli disse que não fazia ideia até porque tinha terminado
o MBA já fazia 10 anos e não fazia cursos desde então, encerrando assim o assunto e deixando a sensação
de que a Marina Peripato não terá nenhum tipo de ajuda ou de mentoria para progredir dentro da
empresa.
Caso #3: Além dos problemas que vimos com a agenda, a dificuldade de se marcar conversas, os 1:1s de
30 min a cada 15 dias e também a falta de espaço para diálogo dentro dos 1:1s, ele começou a fazer com
sua equipe 1:1 async, deixando a comunicação com os membros da sua equipe ainda pior.
Sugerir isso no momento de WFH é ainda mais absurdo.
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Caso #4: No início do departamento, quando a Maria Clara Servan era report direto dele, ele chegou a ficar
2 meses sem fazer 1on1s com ela, enquanto continuava fazendo 1on1s normalmente com o resto da equipe.
Como não existia um espaço regular de feedback onde fosse levantada a necessidade de melhorias ou
discutidas possibilidades de como fazê-lo, as avaliações da artista tinham notas baixas. Logo após mudar de
área, com outro gerente, o desempenho dela foi reconhecido e suas notas melhoraram.
De maneira análoga, mais recentemente a artista Marília Pereira também teve sua primeira avaliação ruim
em comparação ao restante do time. Nos seus 1a1 sempre pedia por feedbacks do seu trabalho, mas Venkli
sempre lhe dizia que estava tudo bem, então a avaliação ter vindo baixa foi algo que não foi condizente com
os feedbacks recebidos até o momento. Esse foi um ponto debatido e aparentemente melhorado entre os
dois, mas como ainda não houve uma segunda avaliação, não é possível fechar a análise. Marília relatou
também que outras pessoas passaram por situações parecidas.
B. Pulse Check
Caso #1. Sabendo-se que a empresa quer sempre melhorar a comunicação e deixar mais aberta a linha de
conversa entre as pessoas, o pulse check é muito utilizado para poder falar sobre assuntos importantes que
nem sempre conseguimos resolver no dia a dia. Com isso, alguns reports do Venkli vêm abordando temas
importantes, como silenciamento, equiparação salarial, mentoria, entre outros assuntos. Esses assuntos
nunca são abordados nas reuniões e as pessoas da equipe nunca tem acesso ou sabem sobre as notas de
favorabilidade do seu próprio departamento, ficando completamente no escuro sem poder gerar planos de
ação para o desenvolvimento do departamento. Mas também sem saber se são os únicos que estão se
sentindo desmotivados ou se é o departamento em geral.
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Caso #2. Depois da situação de silenciamento que a ***** sofreu, a Marina Peripato reclamou a respeito
dessas interrupções nas falas de funcionárias no pulse check março de maneira anônima. A Marília também
relatou que abordou temas referentes à feminismo e respeito no pulse check. Porém o assunto não foi
trazido à tona durante a reunião, no lugar foram priorizadas pautas como “temos muitas conversas paralelas
no escritório” (o que não fazia mais sentido dentro contexto de WFH). A única abordagem que se teve do
assunto foi de maneira muito branda, com o Venkli dizendo apenas que “algumas pessoas tinham reclamado
de coisas e não dado exemplos mais claros”. A Peripato comentou que as pessoas poderiam não ter dado
exemplos claros por medo de serem identificadas e muitas pessoas concordaram. Com isso ele disse que o
propósito do pulse check não deveria ser ficar tão preocupado com o anonimato e, se fosse mesmo
necessário conversar sobre essas questões, as pessoas deveriam falar diretamente com ele. Além de
enfraquecer a ferramenta do Pulse-check, sabe-se que nem sempre é possível se comunicar de maneira
transparente e efetiva com ele, até porque muitos problemas levantados são próprios da conduta dele, o
que dificulta ainda mais esse tipo de conversa.
Caso #3. Os times gerenciados por ele e pelo Alisson – que têm seus pulse checks juntos, apesar de o
próprio time já ter pedido por essa separação – tiveram a menor nota sobre respeito do Pulse Check em
todo o Marketing Art. Esse tema do respeito (não da nota especificamente) foi abordado pela Lívia na
reunião que todos os managers participam. O Venkli e o Alisson durante a reunião toda não se
pronunciaram, assim como também não abordaram o assunto com a sua própria equipe. Deixando claro que
não têm e não estão pensando em ter nenhum tipo de plano de ação para melhorar essa nota de respeito,
algo que é parte fundamental do trabalho na WLS. Apesar de esse ser um problema "de guarda
compartilhada" do Venkli e do Alisson, reforço a responsabilidade que o Venkli deve assumir visto que ele é
gerente direto do Alisson.
C. Contratações
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Caso #2. Depois de alguns meses de entrevistas, o Venkli contratou o Alisson com a posição de DA (diretor
de arte). Mais de um mês se passou até ele iniciar seu trabalho na empresa. Nesse meio tempo não houve
nenhuma organização adequada para um onboarding completo, uma definição das tarefas desse
profissional (algo que deveria estar pronto inclusive antes de ser aberta a vaga). Quando o Alisson chegou,
existia muita confusão sobre que tarefas ele iria exercer, se era direção de arte, coordenação, que relação
isso teria com a Letícia Takeia, creative producer da área que estava sobrecarregada e acumulando várias
tarefas, inclusive de coordenação.
A Letícia, é um report da Bárbara Scatolini, com isso houve uma conversa entre a Bárbara e o Nosralla em
Janeiro, sobre como essa falta de definições e direcionamento estava gerando muitos problemas de
relacionamento entre o Alisson e a Letícia. Foi pedido que o Venkli, enquanto manager, acertasse as pontas
soltas da sua equipe para que ela pudesse funcionar de maneira mais eficaz. Nessa conversa o Nosralla
comentou que o Venkli já tinha admitido estar "confuso e com dificuldade" de como encaixar o Alisson ali
na equipe, algo que deveria ter sido elaborado e definido antes de abrir a vaga.
Até hoje o Alisson não tem uma definição clara na equipe. Por ora ele é o supervisor da pré-produção,
porém a equipe de pré produção irá para o guarda-chuva de produção (liderado pelo Guilherme Rizzo) a
partir de Maio. O Rizzo decidiu contratar a Isabella Augusto como supervisora, pois não acreditou que o
Alisson fez um bom trabalho durante esse período. Com isso o Alisson deve ficar como report do Venkli.
Ainda sobre a contratação do Alisson, existe outra questão bastante problemática. Uma pessoa do time do
Venkli, a Marília, já havia trabalhado com o Alisson anteriormente e teve uma experiência extremamente
negativa com ele. Ao receber a notícia da contratação dele, ela ficou em uma posição bastante delicada e
chegou a cogitar pedir demissão, mas como ela estava a pouco tempo na empresa e com muita vontade de
continuar a se desenvolver profissionalmente aqui dentro, e como ela não sabia exatamente qual seria o
cargo dele, resolveu ser resiliente e esperar o melhor da situação.
Após poucas semanas de casa e com toda a confusão sobre o cargo que seria exercido pelo Alisson, o
Venkli definiu que ele seria o novo coordenador de pré-produção. Com isso era esperado que alguns dos
reports do Venkli passariam ao Alisson. Ao receber a notícia, a Marília ficou receosa que ela poderia passar a
ser um desses reports, e então teve um 1a1 com Venkli para explicar que a experiência profissional que teve
com Alisson anteriormente foi extremamente negativa e que ela não ficava confortável respondendo a ele.
O Venkli pediu para saber todo o histórico do conflito entre os dois e a Marília contou o que ocorreu em 2
anos de trabalho junto com o Alisson. No relato é possível entender que o Alisson tem um comportamento
antiético recorrente, e apenas essas questões já dariam um case à parte sobre o Alisson, mas a questão aqui
é que, apesar de o Venkli ouvir a Marília neste 1a1, optou por manter a contratação dele, sendo muito
negligente ao trazer alguém com esse perfil e histórico para a empresa e ainda por cima em um cargo de
gestão.
No final, como a Marília passou para o time de criação, não precisaria responder ao Alisson, e o Venkli
sugeriu um treinamento para o comportamento do Alisson, algo que nunca ocorreu de fato. Inclusive boa
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parte da equipe de pré produção tem problemas com as atitudes do Alisson, o que causou também uma
queda na moral e no respeito da equipe. O Venkli como head da área de Criação, como pessoa que
contratou o Alisson e como pessoa que faz a gestão direta dele deveria entender o peso de sua
responsabilidade nessa situação.
Caso #1. O setor de Marketing Art (e distribuição em geral) é extremamente data driven e a tomada de
decisão baseada em dados é algo reforçado lá dentro e cobrado de todos os funcionários. Sendo assim,
uma frustração muito grande dos artistas era justamente de não ter acesso aos dados utilizados para análises
ou decisões em cima do que seria ou não produzido, pois ao darem ideias muitas vezes recebiam feedbacks
como “já fizemos isso no passado e não deu certo”.
Como os artistas não conseguiam conferir os resultados dos testes e tirar conclusões sozinhos, eles tinham
que confiar no que o Venkli dizia, baseado em sua leitura e sua memória. Algo preocupante, pois nunca
deveríamos depender apenas da mente uma pessoa. Isso vem melhorado muito com os esforços de Intel –
liderados pela Lívia – de trazer maior acessibilidade e autonomia dos artistas a tirar essas conclusões, seja
através dos Stand-ups de Sexta ou dos Dashboards no Looker.
Porém, o problema se agrava quando os feedbacks negativos muitas vezes não estão corretos,
descartando assim ideias que poderiam gerar super sucessos para a empresa.
Um dos exemplos de como se é comunicado para toda a equipe informações rasas e sem dados e o guia
de Best Practices dos jogos.
Abaixo estão os Best Practices escritos pelo Venkli, para os jogos de S3D e TC, os maiores jogos da
empresa. Sem nenhum link para testes, provas sobre os dados ou detalhamento sobre as hipóteses.
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Abaixo o Best Practices de ML escrito pela Marina Peripato, construído em conjunto com intel, para dar
mais visibilidade para os artistas e também deixar todas as informações confirmadas
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Caso #2. Quando a criação tem que dar máximas afirmativas como “não colocar texto” ou “o final do
vídeo não importa”, ela precisa ter dados empíricos muito fortes sustentando isso (uma série de vídeos
com a mesma hipótese e no mínimo testes com ela isolada), porém o Venkli não costuma justificar essas
máximas com dados o causa desconfiança entre os artistas e criação.
Abaixo um exemplo de feedback sem embasamento.
Em primeiro lugar não se acredita que o final do vídeo não tenha impacto, inclusive uma das coisas já
confirmadas é que ter upgrade no final é melhor do que não ter upgrade, ou seja, é uma melhoria
importante no final do vídeo. No caso de War Machines isso já fez diferença no passado e atualmente
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colocar o upgrade dá resultado. Em Zooba praticamente todos os vídeos top performers incluem
upgrade.
"As pessoas não gostam de ler" é uma das coisas que ele mais repete como se fosse uma verdade
absoluta quando não é, inclusive já foram vistas diferenças consideráveis em alguns testes trocando
clickbaits ou adicionando feedbacks.
Conclusão
Todas essas atitudes descritas acima, situações de silenciamento, a má organização, o ato de confundir a
própria equipe com informações sem dados, de menosprezar os inputs de mulheres altamente qualificadas e
engajadas, entre tantas outras micro agressões, como por exemplo ficar jogando no celular quando uma
colega está falando em uma reunião importante, ou diminuir a opinião das mulheres no privado mas
elogiá-las em público. São coisas que se misturam entre as atitudes de má gestão e de machismo. E,
infelizmente, isso é algo que vem acontecendo com bastante frequência há muito tempo.
Como comentado, já foram tentadas várias soluções apresentadas pela empresa para "solução de conflitos":
já houve conversa direta com o Rodrigo Venkli sobre essas situações individualmente (não como um todo,
como condensado neste case), já foram reportadas essas questões para os supervisores. Porém pouco foi
feito e em diversas situações houve mais desconforto para quem levantou as bandeiras vermelhas do que
para a pessoa que causou o problema, como se as pessoas que enxergam o problema estivessem falhando
em ser mais flexíveis, em se adaptar ao modo de trabalhar em conjunto com o Rodrigo Venkli.
Além de ser extremamente desmotivador, essa falta de perspectiva no longo prazo gera um grande
descrédito à possibilidade de mudança dentro da empresa. We Care For Each Other é um dos 6 valores da
empresa – um dos poucos que se mantiveram exatamente como era antes da reformulação de valores
apresentada recentemente para a empresa. E ele diz:
"Work for us is about enabling deep relationships in addition to achieving our goals. We create an
environment where people from all ethnicities, genders and backgrounds that share our values can feel
safe, achieve their full potential and be happy.
We want sustainable high performance. We help and mentor each other. We foster a community where we
give energy to each other. We encourage optimism and positive thinking. We work with people that we
love and we enjoy the journey together."
O desejo de todas as pessoas que se dispuseram a colaborar com esse documento compartilhando suas
histórias e experiências pessoais passa principalmente por tornar esse ambiente mais seguro, frutífero e
motivador. Onde elas se sintam mentoradas e energizadas de acordo com os desafios que temos pela frente
e com o tipo de ambiente de trabalho se almeja construir no Marketing Art. Infelizmente, a postura do
Rodrigo Venkli tem deixado esse horizonte mais distante para todas elas.
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