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Case - Rodrigo Venkli 

Maio 2020 

Sumário 

O  objetivo  deste  documento  é  dar  visibilidade  de  condutas  danosas  e/ou  negligentes  por  parte  do 
Rodrigo  Venkli,  que  vão  contra  os  valores  da  Wildlife.  Essas  condutas  têm  causado  impacto  negativo  na 
motivação de pessoas que interagem diretamente com ele.  
Independente  do  resultado  obtido  com  esse  case é imprescindível que haja proteção às pessoas aqui 
mencionadas e que seja garantido o anonimato das mesmas, pois todas têm medo de possível retaliação. 
Reforça-se  que  nenhum  dos  casos  concretos  expostos  é  fruto  de  desavença  pessoal;  queremos 
encontrar uma solução conjunta para manter a motivação do time e preservar nossos valores. 
Respeitando  a  política  de  conduta  e  transparência  da  empresa,  todas  as  pessoas  citadas  nesse 
documento  já  tentaram  resolver  as  questões  levantadas  diretamente  com  a  pessoa  em  questão  ou  com 
seus  supervisores  diretos  e  indiretos.  Em  geral,  não  houve  evidência  de  ação  corretiva  aos  olhos  dos 
afetados.  
Portanto,  reunimos  os  casos  concretos  mapeados  nesse  documento  para  que  fique  explícito  o ponto 
de vista dos envolvidos. Dividimos os casos em duas categorias, com suas respectivas subdivisões: 
 
1. Atitudes machistas 
a. Reforço de estereótipos (sexualização excessiva de personagens femininas em vídeos) 
b. Silenciamento  de  mulheres  /  ​gaslighting  ​(interrupção  ou  retirada do  momento de fala de uma 
mulher) 
c. Equiparação  salarial  (desigualdade  salarial  entre  funcionários  que  exercem  a  mesma  função, 
com nível de experiência similar, favorecendo a parte masculina) 
d. Outros 
2. Má gestão 
a. 1:1s 
b. Pulse Check 
c. Contratações 
d. Feedbacks sem embasamento 
 
 
Embora  haja  algum  grau  de  overlap  entre  as  categorias  em  alguns  casos,  essa  divisão  ajuda  a 
distinguir o maior pain point de cada caso concreto citado. 
 
 

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Índice 

Sumário………………………………….…………………………………..…………………………………………….. 1 
Índice……………………………………..…………………………………..……………………………………………. 2 
Atitudes machistas………………………………………………………..…………………………………………….... 3 
A. Reforço de estereótipos…………………………………………..……………………………………. 3 
a. Caso #1………………………….……………………………..………………………………... 3 
b. Caso #2………….………………….…………………………..…………………………….... 10 
B. Silenciamento / gaslighting……………………………………………………………………………..11 
a. Caso #1………………………………………………………………………………………….11 
b. Caso #2………………………………………………………………………………………….12 
c. Caso #3………...……………………………………………………………………………….12 
C. Equiparação salarial……………………………………………………………………………………...13 
D. Outros……………………………………………………………………………………………………..14 
Má gestão………………………………………………………………………………...……………………………….15 
A. 1:1s………………………………………………………………………………………………………..15 
a. Caso #1…………………………………………………………………………………...……..15 
b. Caso #2…………………………………………………………………………...……………..15 
c. Caso #3…………………………………………………………………………………...……..15 
d. Caso #4………………………………………………………………………………………….16 
B. Pulse Check…………………………………………………………………………………………….....16 
a. Caso #1……………………………………………………………………………...…………..16 
b. Caso #2………………………………………………………………………………………….17 
c. Caso #3………………………………………………………………………………………….17 
C. Contratações……………………………………………………………………………………………..17 
a. Caso #1………………………………………………………………………………...………..17 
b. Caso #2………………………………………………………………………………………….18 
D. Feedbacks sem embasamento………………………………………………………………………...19 
a. Caso #1…………………………………………………………………………………………19 
b. Caso #2…………………………………………………………………………………………21 
Conclusão………………………………………………………………………………………………………………….22 

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Atitudes machistas 

Apesar  de  Rodrigo  Venkli  não  ter  um  comportamento  considerado  ​extremamente  m ​ achista  –  ​não 
existem  casos  reportados  de  assédio  sexual  –  há  comportamentos  que  podem  ser  considerados  assédio 
moral,  muitas  vezes direcionados especificamente a mulheres. Isso ocorre muitas vezes de maneira privada e 
sem  registro,  o  que  dificultou  a  reunião  de  provas  para  o  case.  Mas  conversando  entre  as  mulheres  que  já 
passaram por isso, percebe-se que esses comportamentos já ocorrem há alguns anos. 
Seguem os casos detalhados abaixo, seguindo as categorias listadas no sumário. 

A. Reforço de estereótipos 

Caso concreto #1: Vídeo de personalização do Tennis Clash

Por que esse caso foi trazido:  

- Vídeo com conteúdo hiperssensualizado,  


- Intimidação  de  creative  intel  para  teste  do  vídeo  mesmo  com  a  recusa  dos  PM/PMM  do  jogo 
para vídeos com teor sexual, 
- Atitudes dissimuladas ao lidar com as consequências negativas da criação do vídeo 
Na  mesma  época  do  S3D_CloseSensual,  foi  feito  um  vídeo  de  TC  que  visava  explorar  a  ideia  de 
personalização  das  roupas  da  personagem  Florence.  O  vídeo  era  problemático  pois  mostrava  o  corpo  da 
personagem  de  maneira  ​extremamente  sexualizada​, com ângulos exagerados (que poderiam ser muito mais 
suaves  e  ainda  assim  passar  o  conceito  proposto  de  uma  personalização de roupa), além de mostrar roupas 
completamente  inapropriadas  para  o  contexto  de  um  jogador de tênis; em dado momento, chegou-se a ter 
uma  personalização  de  aumento  dos  seios  da  personagem.  O  projeto  demorou  para  ser  visto  por  outras 
pessoas  além  dos  artistas  envolvidos  na  produção  e  do  próprio  Rodrigo  Venkli,  que  fez  toda  a  direção  de 
arte e concepção do mesmo.  
 
Aqui vemos uma publicação do Yuri, artista de storyboard que ilustrou a pré produção desse vídeo: 

 
 
Em seguida temos o feedback do Venkli, que usa a conta ​"User Acquisition"​ dentro do Frame.io: 

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Em  discussão  posterior  com  o  time,  quando  questionado  sobre  o  teor  do  criativo,  o  Venkli  se  disse 
extremamente  incomodado  com  como  foi  produzido,  embora  a  sexualização  tenha  vindo  de  ordem  direta 
dele.  Além  disso,  esses  feedbacks  são  abertos  para  a  produção,  o  que  pode  criar  um  clima de desconforto 
entre as mulheres, ao verem o head da criação pedindo por esse tipo de abordagem. 
 
Quando  o  projeto  então  chegou  do  departamento  de  ​Cinemático  no  departamento  de  ​Motion  para 
fechamento  da  peça,  a  Bárbara  Matsusaki  ficou  bastante  incomodada  com  a  maneira  em  que  o  vídeo  foi 
produzido  (e  inclusive,  por  conta  própria,  retirou  o  shot  do  aumento  dos  seios  da  personagem  da  edição, 
pois  achava  que  isso  ultrapassava  demais  os  limites).  Porém  pelo incidente recente do S3D_CloseSensual (a 
ser  abordado  mais  para  frente  deste  documento)  ela  sabia  que  não  teria  muito  sucesso  refutando  a  ideia 
com o Venkli.  
 
Confiou-se  que  a  ideia  não  passaria  no  crivo  de  Intel,  que  testa  os  criativos,  e  nem  do  PMM,  que  estava 
acompanhando  bem  de  perto  todos  os criativos por ser época de lançamento. De fato, já havia ocorrido um 
atrito  recente  com  a  PM  do  TC  por  conta  de  um  vídeo  de  dança  da  Florence  que  trazia  um  teor  sexista. 
Numa  reunião  presencial  entre  eles,  foi  combinado  que  o  vídeo  de  personalização  não  seria  testado  pois 
traria  o mesmo atrito pela sexualização. Estavam nessa reunião pelo menos Marcus Moraes, André Gentil e o 
próprio  Venkli.  Nos  dias seguintes a essa decisão, o Venkli pediu várias vezes ao Marcus de maneira privada, 
via Slack, e ao vivo para que passassem por cima da decisão e testassem o vídeo. 

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O  Venkli  falou  para  o  Marcus  Moraes  e  para  outras  pessoas  que  ele  havia  mostrado  o vídeo para a Bárbara 
Scatolini  e  a  Bárbara  Matsusaki  e  que  ambas  haviam  achado  o  conteúdo  "ok",  isso  foi  algo  que  nunca 
ocorreu.  
 
O  “TC_Personalização”  foi  abordado  na  conversa  sobre o criativo “S3D_CloseSensual”. O Venkli na reunião 
disse  que  achava  que  o  Personalização  era  mais  problemático  até  que  o  Close Sensual, levando a entender 
que  ele  estava  ciente  da  problemática  dos  dois  criativos.  O  que  foi  respondido  para  o  Venkli  é  que  uma 
câmera  mostrar  o  corpo de um personagem mais de perto quando ao customizar a roupa dele, para mostrar 
mais  detalhes,  é  mais  "ok",  mas  isso  foi  dito  sobre  o c​ onceito de personalização, porém nenhuma das duas 
havia  assistido  ao  vídeo  do  Personalização  ainda.  O  vídeo nunca foi então aprovado pela Bárbara Matsusaki 
ou  pela  Bárbara  Scatolini,  inclusive,  ambas  não  estão  incluídas  em  nenhum  etapa  de  aprovação  do 
cinemático (departamento em que o projeto foi originalmente produzido). 
 
O  problema  teve  um  estopim  no  dia  13/09/2019,  quando  o  Marcus  pediu  para  que  o  Venkli  abrisse  a 
discussão  sobre  testar  o  vídeo  no  grupo  de  betas,  após  ele  ser  abordado  de  maneira  privada  novamente 
pelo Venkli, insistindo e passando por cima das orientações acordadas em reunião. 

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Ao  invés  de  colocar  a  discussão  no  grupo,  o  Venkli  decidiu  falar  pessoalmente  com  Rafael  Simon (manager 
do  Marcus  Moraes).  Na  conversa  ele disse que o Marcus não queria testar o vídeo, e que ele achava isso um 
absurdo pois até pelas Bárbaras o vídeo era "ok”, apesar de isso não ser verdade. 
 
Simon  então  reuniu  algumas  pessoas  para  saber  se  o  vídeo  era  realmente  tão  sexualizado  a  ponto  de  se 
sentirem  incomodados  de  subirem  os  testes  e  todas  as  mulheres  presentes disseram se sentir incomodadas 
com  o  vídeo.  Mesmo  assim,  não  foi  o  suficiente  para  que  a  discussão  acabasse  e  o  teste  não  fosse  feito. 
Venkli  criou  um  grupo  no  Slack,  com  outras  pessoas,  agora  envolvendo  gerências  mais  altas, como o Victor 
Lambertucci.  Porém  ele  deixou  de  fora  desse  canal  a  Ana  Costa,  dando  a  entender  que  não  queria  ser 
contrariado  no  canal  já  que a Ana, como PM do jogo já havia falado em reunião que não queria esse tipo de 
vídeo sendo produzido e testado. Forçou assim o teste passando por cima da decisão acordada em reunião.  
 

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Sabendo  que  não  poderia  continuar  a  minimizar  a  sexualização  que  estava  no  vídeo,  passou  a  dizer  que 
motivo seria o tempo gasto de produção sendo desperdiçado.  
 

 
 
 

 
 
 
 

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No  final,  mesmo  com  as  mulheres  incomodadas,  a  decisão  foi  de  testar  o  vídeo.  Sabendo  que  os  testes 
ficam  abertos  para  todo  o  departamento,  e  seguindo  uma  sugestão  que  o  André  Gentil  havia  dado  na 
conversa  em grupo via Slack, as Bárbaras propuseram para o Guilherme Rizzo que elas conversassem com as 
mulheres  do  time,  para  explicar  que  o  vídeo  seria  apenas  testado,  e  caso  fosse  bem  no  teste,  não  iria para 
campanha.  Fizeram  isso  pois  sabiam  que  o  vídeo  acarretaria  em  um  grande  desconforto  nas  mulheres  do 
time que ainda não o tinham visto.  
 
Durante  a  reunião  entre  as  mulheres,  na  qual  o  Marcus  e  o  André  Gentil  também  estavam  presentes,  o 
Venkli  entrou  na  sala  bastante  nervoso  por  termos  aberto  a  questão  para  outras  pessoas,  e  algumas  coisas 
foram ditas por ele nessa reunião, que são consideradas problemáticas e anti-éticas, tais como: 
 
- Falou  de  maneira  irritada  na presença de todos que isso tornou o problema maior do que ele de fato 
era,  minimizando  novamente  a  sexualização  feminina  na  frente  dessa  vez  de  todas  as  mulheres  do 
departamento.  
 
- Voltou  a  dizer  que  as  Bárbaras  haviam  aprovado  o vídeo, o que a Bárbara Scatolini refutou na hora e 
isso o fez ficar ainda mais nervoso, deixando um clima de desconforto muito grande na sala.  
 
- Disse  que  as  pessoas  responsáveis  presentes  não  tinham  o  direito  de  chamar  o  time  dele  (se 
referindo  que  as  contratações  que  foram  feitas  por  ele, mas que não eram mais em sua maioria gerenciadas 
por  ele)  sem  ele  estar  presente.  Criando  ainda  mais  desconforto  na  sala  e  se  portando como uma figura de 
autoridade.  
 
Com  a  chegada  do  Venkli  na  reunião  e  tudo  o  que  ocorreu  na  sequência,  o  assunto  se  tornou  sobre  ser 
errado  estarmos  falando  sobre  o  vídeo,  o  que  fez  com  que  as  pessoas  responsáveis  por  ter  essa  conversa 
honesta com as mulheres da equipe se sentissem punidas. 
 
O  assunto  voltou  a  ser  abordado  alguns  dias  depois,  em  um  Stand  Up  da  área,  onde  novamente o foco foi 
muito  maior  em  criticar  ​"a  maneira  em  que  se  falou  sobre  o  problema"  do  que  o  problema em si. O Venkli 
inclusive  foi  elogiado  pela  ideia  de  um  formulário  de  "Alerta  de  ideias",  que  aparentemente  está 
funcionando.  Isso  fez  as  pessoas  envolvidas  no  problema,  como  o  Marcus  Moraes,  Bárbara  Matsusaki, 
Bárbara  Scatolini,  se  sentirem  de  fato  punidas  e  inadequadas  por  terem  se  posicionado  sobre  a  questão 
enquanto para o Venkli, que gerou a ideia e a direção de arte problemática, houve elogio.  
 
No final, o vídeo não performou bem nos testes e fez com que o conceito “personalização” fosse invalidado, 
sendo  que  ele  poderia  ter  bons  resultados  caso  fosse  executado  dentro  de  um  contexto  que  respeitasse  o 
universo do esporte tênis. 

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Caso concreto #2: S3D - Close Sensual 

Por que esse caso foi trazido:  

- Proposta de vídeo com sexualização exagerada de personagem feminina 


- Silenciamento das opiniões femininas da equipe sobre o assunto 

Na  primeira  semana  da  Bárbara  Matsusaki  na  empresa,  ela  foi  abordada  pela  Bárbara Scatolini para discutir 
sobre  um  vídeo  que  iria  entrar  em  produção  e  que  ela  achava  problemático.  Ao  ver o teor do vídeo que se 
chamava  S3D_CloseSensual,  foi  percebido  que  ele  realmente era problemático pois sexualizava em excesso 
a refém, começando com ela de biquíni e um close nos seus seios.  
Com  isso,  as  duas  foram  conversar  com  o  Venkli  sobre  a  real  necessidade  de  produzir  esse  tipo  de  vídeo. 
Nessa  conversa  o  Venkli  disse  que deveria ser testado todo e qualquer tipo de hipótese, e que o público do 
Sniper  era  machista  e  redneck,  logo  esse  tipo  de  plot  tinha  boas  chances  de dar certo, deixando bem claro 

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que  ele  esperava  por  esse  sucesso.  Próximo  ao  final  da  reunião,  longe  de chegar em um consenso, as duas 
ainda  tinham  argumentos  para  não  produzir  esse  tipo  de  conteúdo,  foi  conversado  sobre  tentar  amenizar 
esse tipo de ideia, porém a tentativa de amenizar foi respondida por ele com: 
 
“Nós não estamos em uma área de quebrar estereótipos e sim reforçar eles ”  
 
Nesse  momento  a  Bárbara  Matsusaki,  que  estava  há  pouco  tempo  dentro  da  empresa, sentiu que não teria 
como  argumentar  sobre  conteúdos  machistas ou problemáticos de maneira séria e efetiva dentro da WLS. A 
Bárbara  Scatolini  também  se  sentiu  encurralada  no  momento  e  as  duas  saíram  da  reunião  com  um 
sentimento  claro  de  silenciamento.  Durante  essa  mesma  reunião  foi  falado  sobre  o  TC_Personalização,  que 
foi abordado no case anterior. 
 

B. Silenciamento / gaslighting 

Caso concreto #1 


 
Depois  de  ser  adicionada  em  duas  tarefas-teste  de  direção  de  arte  para  Playables,  a  *****  (prefere  não  ser 
identificada),  que  tem  vasta  experiência  na  produção  de  jogos,  foi  convidada  para  uma  reunião  de 
resultados  do  fluxo  de  direção  de  arte  de  playables  com  o  Venkli,  Allison  (Diretor  de  Arte),  Chiquinho 
(Gerente  de  Playables),  Yuri  (Criação)  e  Letícia  (Producer). Durante a reunião, ***** apontou diversas vezes o 
problema  do  fluxo proposto pelo Venkli, que não fazia sentido dentro do contexto de Playables (protótipos), 
pois  era  mais  direcionado  à  produção  de  vídeos  (cinemáticos).  A  solução  proposta  por  ela,  baseada  em 
experiências anteriores, envolvia game design, mas foi ignorada.  
  
Continuando  com  a  reunião,  o  Venkli  reforçou  que  conseguiria  resolver o problema em "dois dias com uma 
caneta  e  papel",  passando  por  cima  da  sugestão  da  ******  e  ela  novamente  voltou  a  apontar  que  isso  não 
funcionaria.  Na  sequência,  o  Venkli  respondeu  enfaticamente  que  ele  tinha  experiência  e  sabia  do  que 
estava  falando,  minimizando  as  contribuições  da  artista  e  encerrando  aquele  tópico  por  ali.  No  restante  da 
reunião  a  artista não foi mais consultada. A situação foi bastante desconfortável, a ponto de em um segundo 
momento,  em  1on1,  a  artista  pedir  para  seu  gerente  para  não  participar  mais  das  produções  que 
envolvessem Playables.  
 
Depois  da  reunião,  o  Venkli  chegou  a  mandar  mensagem  para  a  artista  de  maneira  privada  por  Slack  se 
desculpando  pelo  "mau  jeito"  da  reunião.  Ela  enfatizou  que,  de  fato,  não  foi  uma  postura  muito  produtiva 
da  parte  dele  e  que  teve  ares  de  carteirada.  Ele  mesmo  comentou  depois  que  "​Odeio  fazer  isso  [dar 
carteirada],  fico  me  sentindo  mal  depois.  Não  acredito  muito  nisso,  mas  como  a  gente  não  se  conhece  e 
interagiu  pouco,  senti  que  era  importante  dizer  que  meu  background  é  de  UX.​",  mostrando  que  essa 
atitude, mesmo "sem querer" acaba por ser recorrente.  

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Caso concreto #2 


 
Esse  é  o  relato  de  algo  que  aconteceu  em  setembro  de  2017,  o  que  aponta  para  que  a  postura  de 
silenciamento acontece sistematicamente há algum tempo.  
Ana  Costa  havia  acabado  de  entrar  na  Wildlife  e  uma  de  suas  primeiras  tarefas  foi  cuidar  do  packaging  do 
WM.  Ela  havia  reparado  que  a  qualidade  da  produção  dos  ícones  estava  muito  ruim  e  levantou  essa 
insatisfação com o time de marketing, que produzia os mesmos.  
 
Venkli  ficou  visivelmente  incomodado  com  a  cobrança  de  melhora  de  qualidade  por  parte  da  Ana  Costa, e 
argumentava  que  era  necessário  testar  o  arquétipo,  sem  necessidade  de  qualidade,  para  somente  depois 
melhorar  a  arte.  Ana  argumentava  que  se  acreditávamos  no  arquétipo,  deveríamos  tentar  aumentar  a 
qualidade logo na primeira produção.  
 
No  dia  seguinte,  Venkli  a  chamou  em  particular  numa  sala  de  reuniões  e  falou  que  ela  "deveria  ser  mais 
humilde"  porque  ele  era  bastante  experiente  e  já tinha visto muitas pessoas “se darem mal” por terem esse 
tipo  de  postura,  num  tom  claramente  passivo-agressivo.  Ela  se  posicionou  dizendo  que  não  achava  que 
estava  deixando  de  ser  humilde,  pelo  contrário,  que  estava  suscitando  uma  discussão  intelectualmente 
honesta e que acreditava no impacto da qualidade dos ícones. 
 

Caso concreto #3 


 
Uma  das  situações  mais  corriqueiras  que  se observa é o Venkli se comportando de uma maneira em público 
e  outra em privado. Tem-se o registro de um recado dado de maneira passiva agressiva para a Lívia Silva, de 
intel, desqualificando os esforços da profissional para o desenvolvimento do departamento.  
 
Muito  se incentiva que as pessoas do departamento deem ideias de criativos, até pelo motivo de muitos dos 
vídeos  de  sucesso  virem  de  um  trabalho  em  conjunto.  Isso  sempre  é  reforçado  em público, em stand ups e 
reuniões  com  os  gerentes.  Porém,  no  privado,  o  Venkli  diminui  a  capacidade  de  criação  das  pessoas, 
principalmente mulheres, sem nenhuma base de dados ou justificativas para tal. 

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No  início  da  mensagem  ele  reconhece  que  é  importante  darem  ideias  para  os  vídeos,  mas  desencoraja  a 
Lívia  a  dar  as  delas.  Colocou  o  problema  do  fato  da  Lívia  não  dar  espaço  para a criação, porém ela sempre 
deixou claro que o roteiro é uma sugestão, para explicar com maiores detalhes o que ela havia pensado.  
 
Na  sequência  o  Venkli  diz  que  a  Lívia pode, sim, mandar sugestões, mas sabendo que muitas vezes não vão 
usar,  descartando  e  o  trabalho  dela.  Por  fim  ele  disse  que  prefere  contar  mais  com  as  análises,  deixando  a 
entender  que  a  Lívia  não  estava  cumprindo  com  a  sua  função.  Em  nenhum  momento  a  Lívia  deixou  de 
cumprir  com  seu  papel,  as  ideias  que  ela  apresenta  são  um  extra  –  algo  que  é  feito  por  seu  enorme 
engajamento  com  a empresa. Identifica-se hoje um problema grande de desmotivação dentro Marketing Art 
e acredita-se que parte venha desse tipo de comportamento que acontece de maneira privada.  

C. Equiparação salarial 
 
A  Bruna  Cremm  foi  indicada  para  a  sua  vaga  por  um  amigo,  ele  havia  feito  a  entrevista  antes  dela  para  a 
mesma  vaga  mas  não  teve  interesse  e  por isso a indicou. O Venkli ao fazer a proposta de trabalho, ofereceu 
R$500  a  menos,  o  equivalente  a  quase  10%  do  valor  total  da  proposta.  A  Bruna  acabou  aceitando  pois 
estava  precisando  na  época.  Uma  das  consequências  disso  é  que  ela  foi  artista  sênior  com  o  menor  salário 
da  Produção  por  muito  tempo.  O  salário dela só foi corrigido posteriormente, quando fizemos o reajuste do 

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departamento  de  Produção  inteiro  em  Dezembro  de  2019.  Segue o print da conversa da Bárbara Matsusaki 
com  o  Rizzo,  para  equiparação  salarial.  Caso  a  Bárbara  Matsusaki  não  fosse  atrás  do  seu  supervisor  para 
corrigir essa discrepância, a diferença salarial continuaria existindo. 
 

 
 
A  Bárbara  Matsusaki  se  referia  ao Ademar Sena, que havia ganhado um aumento há pouco tempo do Venkli 
(que  ainda  era  seu  gestor  na  época).  A  discrepância  muito  grande  mencionada  era  de  quase  30%  entre  os 
salários. 
As  responsabilidades  a  mais  mencionadas  se  dão  porque  Bruna  Cremm  foi  selecionada  pela  Bárbara 
Matsusaki  e  pelo  Guilherme  Rizzo  para  ser  a  lead  do  3d  Motion.  Isso  significa  que  ela  passaria  a  fazer  até 
mesmo  os  1:1s  com  os  seniors,  por  ter  uma  alta  qualificação  e  engajamento  com  a  empresa,  mesmo  não 
sendo recompensada até o momento de maneira justa. 
Hoje a Bruna Cremm recebe o mesmo que o Ademar Sena, mesmo ainda tendo mais responsabilidades, isso 
ocorre por não ser possível ajustar a grande diferença salarial que foi criada de maneira tão abrupta assim. 
 
Outro  caso  de falta de equiparação salarial entre homens e mulheres exercendo o mesmo cargo em equipes 
geridas  pelo  Venkli  é  o  da  Marília  Pereira  com  relação  ao  Yuri  Padovani.  Apesar  de  estarem  executando  a 
mesma  função,  no  mesmo  nível  de  senioridade  e  possuindo  o  mesmo  background,  Marília  e  Yuri  possuem 
uma  diferença  salarial  de  5%,  com  o  Yuri  recebendo  acima.  Por  mais  que  a  diferença  percentual  possa  não 
parecer  muito  alta,  a  norma  da  CLT  é  de  que  se  os  funcionários  possuem  uma  diferença  de  tempo  de 
contratação  inferior  a  2  anos,  o que é o caso, se estiverem executando uma mesma função, o salário deveria 
ser o mesmo. 
 

D. Outros 
 
No  início  do  departamento  Marketing  Art  foi  criado  um  grupo  de  whatsapp.  Como  na  época  a  equipe  era 
composta  apenas  de  homens,  o  grupo  só  tinha  homens  e  consequentemente  tinham  piadas  e  comentários 
que  muitas  vezes  eram  considerados  “zueira  entre  amigos”,  “coisa  de  moleque”  ou  “poder  falar  as  coisas 
sem frescura”, mas que na verdade são apenas eufemismos para comportamentos machistas.  
 

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Depois  de  um  tempo  de  existência  do  departamento,  foram  contratadas  as  primeiras  mulheres  na  arte,  a 
Julia  Nogueira  e  a  Maria  Clara  Servan.  Ambas  não  foram  adicionadas  ao  grupo  e  se  dizem  até  um  pouco 
aliviadas  por  isso,  pois  os  comentários  que saíam de piadas internas por esse grupo eram em suma terríveis. 
Porém  isso  fez  com  que  elas  também  ficassem de fora de diversos assuntos, encontros, almoços, sendo que 
ao  mesmo  tempo  eram  bastante  cobradas  de  uma  participação  mais  ativa  com  os  membros  da  equipe.  A 
cobrança vinha do Venkli, que era o gerente de todos na época e estava no grupo.  
 
Na  sequência  da  contratação  delas,  mais  homens  foram  contratados  e eles foram imediatamente colocados 
no  grupo  do  whatsapp,  deixando-as  ainda  mais  excluídas.  Nas  avaliações,  na  parte  de  cultura,  o  Venkli 
continuava  a  justificar  notas  baixas  em  comunidade  dizendo  que  elas  não  faziam  parte  do  time,  gerando 
apenas  um  mecanismo  de  punição  para  resolver  o  problema,  sem  atacá-lo  de  maneira  efetiva  ou  que 
acarretasse  em  uma  recompensa,  o  que  teria  sido  uma  liderança  mais  preocupada  com  o  bem-estar  das 
duas.  Isso  só  mudou  a  partir  do  momento  que  ele  foi  perdendo  os  reports  dele,  e  assim  foi  se  criando  um 
ambiente mais saudável para as duas em suas novas equipes. 
 

Má gestão 

A. 1:1s 

Caso  #1:   Sem  conseguir  ter  uma  boa  organização  e  uma  boa  comunicação  com  a  sua  equipe,  o  Venkli 
costuma fazer apenas 1:1s de 30 min a cada 15 dias.  

Caso  #2:  Como  sabido,  é  função  do  gestor  ser  um  mentor  também  para  os  seus  reports  e  um  bom 
momento  para  isso  é  dentro  dos  1:1s.  Com  isso,  a  Marina  Peripato  questionou  sobre  como  progredir  na 
carreira  dentro  da  WLS  e  qual  material  estudar, Venkli disse que não fazia ideia até porque tinha terminado 
o  MBA  já  fazia  10  anos  e  não  fazia  cursos  desde  então, encerrando assim o assunto e deixando a sensação 
de  que  a  Marina  Peripato  não  terá  nenhum  tipo  de  ajuda  ou  de  mentoria  para  progredir  dentro  da 
empresa. 

 
Caso  #3:  Além  dos  problemas  que  vimos  com  a  agenda,  a  dificuldade  de  se  marcar  conversas,  os  1:1s  de 
30  min  a  cada  15  dias  e  também  a  falta  de  espaço  para  diálogo  dentro dos 1:1s, ele começou a fazer com 
sua equipe 1:1 async, deixando a comunicação com os membros da sua equipe ainda pior. 

 
Sugerir isso no momento de WFH é ainda mais absurdo. 

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Caso  #4:  No  início  do  departamento,  quando  a  Maria Clara Servan era report direto dele, ele chegou a ficar 
2  meses sem fazer 1on1s com ela, enquanto continuava fazendo 1on1s normalmente com o resto da equipe. 
Como  não  existia  um  espaço  regular  de  feedback  onde  fosse  levantada  a  necessidade  de  melhorias  ou 
discutidas  possibilidades  de  como  fazê-lo,  as  avaliações da artista tinham notas baixas. Logo após mudar de 
área, com outro gerente, o desempenho dela foi reconhecido e suas notas melhoraram. 
 
De  maneira  análoga,  mais  recentemente  a  artista  Marília  Pereira  também  teve  sua  primeira  avaliação  ruim 
em  comparação  ao  restante  do  time. Nos seus 1a1 sempre pedia por feedbacks do seu trabalho, mas Venkli 
sempre lhe dizia que estava tudo bem, então a avaliação ter vindo baixa foi algo que não foi condizente com 
os  feedbacks  recebidos  até  o  momento.  Esse  foi  um  ponto  debatido  e  aparentemente  melhorado  entre  os 
dois,  mas  como  ainda  não  houve  uma  segunda  avaliação,  não  é  possível  fechar  a  análise.  Marília  relatou 
também que outras pessoas passaram por situações parecidas. 

B. Pulse Check 

Caso  #1.  Sabendo-se  que  a  empresa  quer  sempre  melhorar  a  comunicação  e  deixar  mais  aberta  a  linha  de 
conversa  entre  as  pessoas,  o  pulse  check  é  muito  utilizado  para  poder falar sobre assuntos importantes que 
nem  sempre  conseguimos  resolver  no  dia  a  dia.  Com  isso,  alguns  reports  do  Venkli  vêm  abordando  temas 
importantes,  como  silenciamento,  equiparação  salarial,  mentoria,  entre  outros  assuntos.  Esses  assuntos 
nunca  são  abordados  nas  reuniões  e  as  pessoas  da  equipe  nunca  tem  acesso  ou  sabem  sobre  as  notas  de 
favorabilidade  do  seu  próprio  departamento,  ficando  completamente  no  escuro sem poder gerar planos de 
ação  para  o  desenvolvimento  do  departamento.  Mas  também  sem  saber  se  são  os  únicos  que  estão  se 
sentindo desmotivados ou se é o departamento em geral.

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Caso  #2.  Depois  da  situação  de  silenciamento  que  a  *****  sofreu,  a  Marina  Peripato  reclamou  a  respeito 
dessas  interrupções  nas  falas  de  funcionárias  no  pulse  check  março  de  maneira  anônima.  A Marília também 
relatou  que  abordou  temas  referentes  à  feminismo  e  respeito  no  pulse  check.  Porém  o  assunto  não  foi 
trazido  à  tona  durante  a  reunião,  no  lugar foram priorizadas pautas como “temos muitas conversas paralelas 
no  escritório”  (o  que  não  fazia  mais  sentido  dentro  contexto  de  WFH).  A  única  abordagem  que  se  teve  do 
assunto foi de maneira muito branda, com o Venkli dizendo apenas que “algumas pessoas tinham reclamado 
de  coisas  e  não  dado  exemplos  mais  claros”.  A  Peripato  comentou  que  as  pessoas  poderiam  não  ter dado 
exemplos  claros  por  medo  de  serem  identificadas  e  muitas  pessoas  concordaram. Com isso ele disse que o 
propósito  do  pulse  check  não  deveria  ser  ficar  tão  preocupado  com  o  anonimato  e,  se  fosse  mesmo 
necessário  conversar  sobre  essas  questões,  as  pessoas  deveriam  falar  diretamente  com  ele.  Além  de 
enfraquecer  a  ferramenta  do  Pulse-check,  sabe-se  que  nem  sempre  é  possível  se  comunicar  de  maneira 
transparente  e  efetiva  com  ele,  até  porque  muitos  problemas  levantados  são  próprios  da  conduta  dele,  o 
que dificulta ainda mais esse tipo de conversa. 

Caso  #3.  Os  times  gerenciados  por  ele  e  pelo  Alisson  –  que  têm  seus  pulse  checks  juntos,  apesar  de  o 
próprio  time  já  ter  pedido  por  essa  separação  –  tiveram  a  menor  nota  sobre  respeito  do  Pulse  Check  em 
todo  o  Marketing  Art.  Esse  tema  do  respeito  (não  da  nota  especificamente)  foi  abordado  pela  Lívia  na 
reunião  que  todos  os  managers  participam.  O  Venkli  e  o  Alisson  durante  a  reunião  toda  não  se 
pronunciaram,  assim como também não abordaram o assunto com a sua própria equipe. Deixando claro que 
não  têm  e  não  estão  pensando  em  ter  nenhum  tipo  de  plano  de  ação  para melhorar essa nota de respeito, 
algo  que  é  parte  fundamental  do  trabalho  na  WLS.  Apesar  de  esse  ser  um  problema  "de  guarda 
compartilhada"  do  Venkli  e  do  Alisson, reforço a responsabilidade que o Venkli deve assumir visto que ele é 
gerente direto do Alisson.   

C. Contratações 

Caso  #1.  Não  foi  apenas  a contratação da Bruna Cremm e da Marília que tiveram problemas com os salários 


acordados.  Tivemos  artistas  com  a  mesma  função  com  salários  que  podiam  diferir  em  até  ​47%​.  Sabemos 
que  dentro  de  uma  mesma  função  podemos  pensar  em  diferentes  senioridades  ou  tiers,  mas  não  existiu 
nenhum  planejamento  de  definir  piso  e  teto  destas  categorias.  Isso  causou  muitos  problemas  de moral nos 
times que até hoje tem-se dificuldade em sanar. 

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Caso  #2.  Depois  de  alguns  meses  de  entrevistas,  o  Venkli  contratou o Alisson com a posição de DA (diretor 
de  arte).  Mais  de  um  mês  se  passou  até  ele  iniciar  seu  trabalho  na  empresa.  Nesse  meio  tempo  não houve 
nenhuma  organização  adequada  para  um  onboarding  completo,  uma  definição  das  tarefas  desse 
profissional  (algo  que  deveria  estar  pronto  inclusive  antes  de  ser  aberta  a  vaga).  Quando  o Alisson chegou, 
existia  muita  confusão  sobre  que  tarefas  ele  iria  exercer,  se  era  direção  de  arte,  coordenação,  que  relação 
isso  teria  com  a  Letícia  Takeia,  creative  producer  da  área  que  estava  sobrecarregada  e  acumulando  várias 
tarefas, inclusive de coordenação.  
 
A  Letícia,  é  um  report  da  Bárbara  Scatolini,  com  isso  houve  uma  conversa  entre  a  Bárbara  e  o Nosralla em 
Janeiro,  sobre  como  essa  falta  de  definições  e  direcionamento  estava  gerando  muitos  problemas  de 
relacionamento  entre  o  Alisson  e  a  Letícia.  Foi pedido que o Venkli, enquanto manager, acertasse as pontas 
soltas  da  sua  equipe  para  que  ela  pudesse  funcionar  de  maneira  mais  eficaz.  Nessa  conversa  o  Nosralla 
comentou  que  o  Venkli  já  tinha  admitido  estar  "confuso  e  com  dificuldade"  de  como  encaixar  o  Alisson  ali 
na equipe, algo que deveria ter sido elaborado e definido antes de abrir a vaga.  
 
Até  hoje  o  Alisson  não  tem  uma  definição  clara  na  equipe.  Por  ora  ele  é  o  supervisor  da  pré-produção, 
porém  a  equipe  de  pré  produção  irá  para  o  guarda-chuva  de  produção  (liderado  pelo  Guilherme  Rizzo)  a 
partir  de  Maio.  O  Rizzo  decidiu  contratar  a  Isabella  Augusto  como  supervisora,  pois  não  acreditou  que  o 
Alisson fez um bom trabalho durante esse período. Com isso o Alisson deve ficar como report do Venkli. 
 
Ainda  sobre  a  contratação  do  Alisson,  existe  outra  questão  bastante  problemática.  Uma  pessoa do time do 
Venkli,  a  Marília,  já  havia  trabalhado  com  o  Alisson  anteriormente  e  teve  uma  experiência  extremamente 
negativa  com  ele.  Ao  receber  a  notícia  da  contratação  dele,  ela  ficou  em  uma  posição  bastante  delicada  e 
chegou  a  cogitar  pedir  demissão,  mas como ela estava a pouco tempo na empresa e com muita vontade de 
continuar  a  se  desenvolver  profissionalmente  aqui  dentro,  e  como  ela  não  sabia  exatamente  qual  seria  o 
cargo dele, resolveu ser resiliente e esperar o melhor da situação. 
 
Após  poucas  semanas  de  casa  e  com  toda  a  confusão  sobre  o  cargo  que  seria  exercido  pelo  Alisson,  o 
Venkli  definiu  que  ele  seria  o  novo  coordenador  de  pré-produção.  Com  isso  era  esperado  que  alguns  dos 
reports  do  Venkli passariam ao Alisson. Ao receber a notícia, a Marília ficou receosa que ela poderia passar a 
ser  um  desses  reports,  e então teve um 1a1 com Venkli para explicar que a experiência profissional que teve 
com Alisson anteriormente foi extremamente negativa e que ela não ficava confortável respondendo a ele. 
 
O  Venkli  pediu  para  saber  todo  o  histórico  do  conflito  entre  os  dois  e  a  Marília  contou  o que ocorreu em 2 
anos  de  trabalho  junto  com  o  Alisson.  No  relato  é  possível  entender  que o Alisson tem um comportamento 
antiético  recorrente,  e  apenas  essas questões já dariam um case à parte sobre o Alisson, mas a questão aqui 
é  que,  apesar  de  o  Venkli  ouvir  a  Marília  neste  1a1,  optou  por  manter  a  contratação  dele,  sendo  muito 
negligente  ao  trazer  alguém  com  esse  perfil  e  histórico  para  a  empresa  e  ainda  por  cima  em  um  cargo  de 
gestão. 
 
No  final,  como  a  Marília  passou  para  o  time  de  criação,  não  precisaria  responder  ao  Alisson,  e  o  Venkli 
sugeriu  um  treinamento  para  o  comportamento  do  Alisson,  algo  que  nunca  ocorreu  de  fato.  Inclusive  boa 

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parte  da  equipe  de  pré  produção  tem  problemas  com  as  atitudes  do  Alisson,  o  que  causou  também  uma 
queda  na  moral  e  no  respeito  da  equipe.  O  Venkli  como  head  da  área  de  Criação,  como  pessoa  que 
contratou  o  Alisson  e  como  pessoa  que  faz  a  gestão  direta  dele  deveria  entender  o  peso  de  sua 
responsabilidade nessa situação.  

D. Feedbacks sem embasamento claro 

Caso  #1.  O  setor  de  Marketing  Art  (e  distribuição  em  geral)  é  extremamente  data  driven  e  a  tomada  de 
decisão  baseada  em  dados  é  algo  reforçado  lá  dentro  e  cobrado  de  todos  os  funcionários.  Sendo  assim, 
uma  frustração muito grande dos artistas era justamente de não ter acesso aos dados utilizados para análises 
ou  decisões  em  cima  do que seria ou não produzido, pois ao darem ideias muitas vezes recebiam feedbacks 
como “já fizemos isso no passado e não deu certo”.   
 
Como  os  artistas  não  conseguiam  conferir os resultados dos testes e tirar conclusões sozinhos, eles tinham 
que  confiar  no  que  o  Venkli  dizia,  baseado  em  sua  leitura  e  sua  memória.  Algo  preocupante,  pois  nunca 
deveríamos  depender apenas da mente uma pessoa. Isso vem melhorado muito com os esforços de Intel – 
liderados  pela  Lívia  –  de  trazer  maior  acessibilidade  e  autonomia  dos  artistas a tirar essas conclusões, seja 
através dos Stand-ups de Sexta ou dos Dashboards no Looker.  
 
Porém,  o  problema  se  agrava  quando  os  feedbacks  negativos  muitas  vezes  não  estão  corretos, 
descartando assim ideias que poderiam gerar super sucessos para a empresa.  
Um  dos  exemplos  de  como  se  é  comunicado  para  toda  a  equipe  informações rasas e sem dados e o guia 
de Best Practices dos jogos. 
 
Abaixo  estão  os  Best  Practices  escritos  pelo  Venkli,  para  os  jogos  de  S3D  e  TC,  os  maiores  jogos  da 
empresa. Sem nenhum link para testes, provas sobre os dados ou detalhamento sobre as hipóteses. 

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Abaixo  o  Best  Practices  de  ML  escrito  pela  Marina  Peripato,  construído  em  conjunto  com  intel,  para  dar 
mais visibilidade para os artistas e também deixar todas as informações confirmadas 

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Caso  #2.  Quando  a  criação  tem  que  dar  máximas  afirmativas  como  “não  colocar  texto”  ou  “o  final  do 
vídeo  não  importa”,  ela  precisa  ter  dados  empíricos  muito  fortes  sustentando  isso  (uma  série  de  vídeos 
com  a  mesma  hipótese  e  no  mínimo  testes  com ela isolada), porém o Venkli não costuma justificar essas 
máximas com dados o causa desconfiança entre os artistas e criação. 
Abaixo um exemplo de feedback sem embasamento. 
 

 
 
Em  primeiro  lugar  não  se  acredita  que  o  final  do  vídeo  não  tenha  impacto,  inclusive  uma  das  coisas  já 
confirmadas  é  que  ter  upgrade  no  final  é  melhor  do  que  não  ter  upgrade,  ou  seja,  é  uma  melhoria 
importante  no  final  do  vídeo.  No  caso  de  War  Machines  isso  já  fez  diferença  no  passado  e  atualmente 

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colocar  o  upgrade  dá  resultado.  Em  Zooba  praticamente  todos  os  vídeos  top  performers  incluem 
upgrade. 
"As  pessoas  não  gostam  de  ler"  é  uma  das  coisas  que  ele  mais  repete  como  se  fosse  uma  verdade 
absoluta  quando  não  é,  inclusive  já  foram  vistas  diferenças  consideráveis  em  alguns  testes  trocando 
clickbaits ou adicionando feedbacks.

Conclusão 

Todas  essas  atitudes  descritas  acima,  situações  de  silenciamento,  a  má  organização,  o  ato  de  confundir  a 
própria  equipe  com  informações  sem  dados,  de menosprezar os inputs de mulheres altamente qualificadas e 
engajadas,  entre  tantas  outras  micro  agressões,  como  por  exemplo  ficar  jogando  no  celular  quando  uma 
colega  está  falando  em  uma  reunião  importante,  ou  diminuir  a  opinião  das  mulheres  no  privado  mas 
elogiá-las  em  público.  São  coisas  que  se  misturam  entre  as  atitudes  de  má  gestão  e  de  machismo.  E, 
infelizmente, isso é algo que vem acontecendo com bastante frequência há muito tempo.  
 
Como  comentado,  já  foram  tentadas  várias  soluções apresentadas pela empresa para "solução de conflitos": 
já  houve  conversa  direta  com  o  Rodrigo  Venkli  sobre  essas  situações  individualmente  (não  como  um  todo, 
como  condensado  neste  case),  já  foram  reportadas  essas  questões  para  os  supervisores.  Porém  pouco  foi 
feito  e  em  diversas  situações  houve  mais  desconforto  para  quem  levantou  as  bandeiras  vermelhas  do  que 
para  a  pessoa  que  causou  o  problema,  como  se  as  pessoas  que  enxergam  o  problema  estivessem  falhando 
em ser mais flexíveis, em se adaptar ao modo de trabalhar em conjunto com o Rodrigo Venkli. 
 
Além  de  ser  extremamente  desmotivador,  essa  falta  de  perspectiva  no  longo  prazo  gera  um  grande 
descrédito  à  possibilidade  de  mudança  dentro  da  empresa.  We  Care  For  Each  Other  é  um  dos  6 valores da 
empresa  –  um  dos  poucos  que  se  mantiveram  exatamente  como  era  antes  da  reformulação  de  valores 
apresentada recentemente para a empresa. E ele diz: 
 
"Work  for  us  is  about  enabling  deep  relationships  in  addition  to  achieving  our  goals.  ​We  create  an 
environment  where  people  from  all  ethnicities,  genders  and  backgrounds  that  share  our  values  can  feel 
safe, achieve their full potential and be happy.  

We  want sustainable high performance. ​We help and mentor each other. We foster a community where we 
give  energy  to  each  other.  We  encourage  optimism  and  positive  thinking.  We  work  with  people  that  we 
love and we enjoy the journey together." 
 
O  desejo  de  todas  as  pessoas  que  se  dispuseram  a  colaborar  com  esse  documento  compartilhando  suas 
histórias  e  experiências  pessoais  passa  principalmente  por  tornar  esse  ambiente  mais  seguro,  frutífero  e 
motivador.  Onde  elas  se  sintam  mentoradas  e  energizadas de acordo com os desafios que temos pela frente 
e  com  o  tipo  de  ambiente  de  trabalho  se  almeja  construir  no  Marketing  Art.  Infelizmente,  a  postura  do 
Rodrigo Venkli tem deixado esse horizonte mais distante para todas elas. 

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