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DOM BOSCO
AEDB
RESENDE
2022
Sumário
1 Condução da Pesquisa.................................................................................................... 4
1.1 Autoanálise ............................................................................................................... 4
1.1.1 Compreendendo o Produto ............................................................................... 4
1.1.2 Briefing com a Diretora ...................................................................................... 5
1.1.3 Auditoria de Marketing .................................................................................... 17
1.2 Análise de Concorrência ........................................................................................ 18
1.2.1 Pesquisa de Mercado ...................................................................................... 18
1.2.2 Auditoria de Concorrência ............................................................................... 21
1.3 Análise dos Clientes ............................................................................................... 23
1.3.1 Auditoria de Público ........................................................................................ 23
2 Diagnóstico da Marca .................................................................................................... 24
2.1 Introdução ............................................................................................................... 24
2.2 Metodologia ............................................................................................................ 24
2.3 Observações Constatadas (Condução da Pesquisa) ............................................. 25
2.4 Marca como Obra ................................................................................................... 26
2.4.1 Atributos .......................................................................................................... 26
2.4.2 Pilares ............................................................................................................. 27
2.4.3 Valores ............................................................................................................ 27
2.5 Marca como Pessoa ............................................................................................... 27
2.5.1 Personalidade da Marca ................................................................................. 28
2.5.2 Relacionamento Marca-Espectador ................................................................ 28
2.5.3 Stakeholders ................................................................................................... 29
2.5.4 Persona ........................................................................................................... 29
2.6 Estratégia ............................................................................................................... 30
2.6.1 SWOT de Marca .............................................................................................. 30
2.6.2 Esclarecimento da Estratégia .......................................................................... 31
2.6.3 A Grande Ideia ................................................................................................ 32
2.6.4 Posicionamento ............................................................................................... 32
2.6.5 Manifesto ......................................................................................................... 33
2.6.6 Signos e Imagem ............................................................................................ 33
3 Execução ....................................................................................................................... 34
3.1 Construção da Identidade Verbal ........................................................................... 34
3.1.1 Naming ............................................................................................................ 34
3.2 Design da Identidade .............................................................................................. 35
3.2.1 Logotipo ........................................................................................................... 35
3.2.2 Cores ............................................................................................................... 35
3.2.3 Tipografia ........................................................................................................ 37
3.2.4 Recursos Visuais ............................................................................................. 37
4 Referências.................................................................................................................... 37
1 Condução da Pesquisa
1.1 Autoanálise
Sinopse:
Em uma unidade prisional no interior de São Paulo, somos introduzidos a um universo de
grandes corredores brancos e grades que fecham sincronicamente ao toque de um botão.
A segurança do emprego público e o atrativo financeiro são um chamativo para que centenas
de mulheres se inscrevam em processos seletivos que duram anos para se tornarem agentes
do estado, Carcereiras.
As novas medidas de segurança do trabalho, com unidades novas, celas automatizadas e
contato social restrito com as detentas, prioriza a segurança laboral e oferece um diferencial
para quem escolhe esse emprego. Além disso, recebem um curso preparatório de seis meses
com aulas de ética, classes de psicologia e controle da violência.
O que muitas delas não sabem é que irão desempenhar um alto jogo de poder através de
uma linguagem que elas mesmas tentam combater: a violência.
O limite testado ao máximo a cada min do dia de uma agente penal traz consequências
gravíssimas a saúde mental e física, podendo levar ao alcoolismo e algumas vezes ao
suicídio.
Gênero e Tom:
Documentário, 90 min, gênero dramático, busca misturar o método observacional e
participativo com o uso de conversas. A intenção é construir esta narrativa em diálogo com
as personagens. Ao mesmo tempo, o uso do método observacional renuncia a qualquer forma
de controle sobre os eventos que registra, possibilitando aprofundar no interior dos
personagens e da trama que os envolve.
O filme pode ser definido como um documentário de causa social. Até o momento não tem
um fechamento de argumento, não se trata de algo feito para mostrar a positividade das
situações.
Kitty: Ele tinha uma proposta de TCC que ele queria desenvolver um branding para filme de
cinema, teoricamente falando de entendimento a respeito de escala de cores paleta não sei
o que essas coisas todas, mas eu acho que a gente pode ir além entendendo a questão do
conteúdo mesmo do roteiro e poder fazer incursões mesmos visual de elaboração de
Materiais Gráficos diversos fora que são da marca do filme
Julia: Mas enfim trabalho como produtora, trabalho como diretora, meus últimos anos depois
que eu sair da faculdade eu trabalhei mais como produtora eu estreei o meu primeiro longa-
metragem no final do ano retrasado, é um filme que se passa dentro da cadeia pública
feminina de franca, eu passei um mês e meio dentro dessa cadeia, onde eu gravei relatos de
cinco mulheres que estavam sendo detentas. Então foi um projeto superforte, eu tinha
acabado de fazer a faculdade, sem conhecimento de mercado de trabalho, na cara e na
coragem para entrar na cadeia. Onde consegui literalmente a chave da cadeia e fiquei um
mês e meio lá, sem nenhum tipo de restrição.
Julia: O filme foi um processo porque é muito difícil de ter acesso a uma penitenciária ou
cadeia, e um universo muito controlado pela SAP SP, secretaria de administração
penitenciária de São Paulo que controla todas as cadeias de São Paulo e é um trabalho
superdifícil para conseguir acesso às penitenciárias, com comitê de ética e enfim.
Julia: Resolvi ir à coragem com Catarina, minha melhor amiga, que fez a foto do projeto com
mais duas amigas, durante um mês e meio desenvolvemos esse projeto que chama saudade
mundão. Foram 4 anos editando para conseguir que o filme fosse visto. A ideia é que além
de ser feito o filme vá para o mundo, acredito que seja uma das melhores partes: que
as pessoas vejam e comentem.
Julia: Consegui um fundo da SPCINE e consegui distribuir o filme no final do ano retrasado,
infelizmente em época de pandemia, então tudo foi feito online. Ele foi ao Net Now, ao Apple
Tv, Amazon Prime e lugares interessantes dentro do streaming, que é o que tá bombando no
mundo, principalmente na época de pandemia, que foi muito importante, pudemos ter
conhecimento de quanto consumimos de audiovisual, vemos isso através do que virou Netflix,
Apple Tv, Amazon Prime e outros streamings que eram considerados terceiro lugar de
distribuição de filme e hoje virou um dos lugares principais e plataforma de distribuição.
Julia: Distribui o filme dessa forma, apesar de gostar de estar em salas de cinemas, debates
e festivais, para mim foi um pouco frustrante, mas sigo feliz pelo filme ter conseguido alcançar
casas do brasil inteiro, que talvez não fosse possível só com as salas de cinema. Querendo
ou não cinema é uma arte elitista, de difícil acesso, por várias questões, principalmente
segmentando para salas de cinema, valor, localização, dificilmente chegam nas periferias.
Saudade mundão foi distribuído assim, ganhou alguns festivais, é muito importante
assistir ao filme para vocês entenderem a minha primeira abordagem, saindo da faculdade.
Julia: Acho importante falarmos sobre várias coisas, porque também o cinema e os projetos
pessoais, diferentemente do que consumimos em streaming, tem uma conotação autoral
muito forte sobre o que é arte. Muitas coisas dos meus filmes partem de experiências próprias
e questões pessoais. Tanto de interrogações e procurar respostas, como também de
assimilar processos internos meus e demorou muito para eu entender por que fiz saudade
mundão e agora entendo um pouco melhor. Entendo agora que trabalho e vida pessoal não
se diferenciam uma da outra, principalmente se tratando de arte.
Julia: Por que eu estou tão enfiada no mundo do crime? falando o português claro.
Julia: Quando saí da cadeia pública de Franca, onde gravei saudade mundão em 2016.
Recebi a mensagem de um Diretor Sérvio, solicitando meu serviço de Produção em uma
penitenciária feminina em Pirajuí para fazer um filme no universo penitenciário, o Prision
Beauty Contest, aceitei produzir esse filme, então em 2017 passei mais um mês nessa
penitenciária fazendo o filme do diretor sérvio, trabalhei como a principal interlocutora entre
ele, diretoras do presídio, carcereiras e presas. O projeto dele se tratava de um concurso de
beleza organizado pelas próprias diretoras e presas, então cada pavilhão passava por provas
de danças, coreografias e selecionando as mulheres que vão concorrer no fim do concurso,
era bem interessante e bem complexo. As mulheres faziam esse trabalho de uma por uma
se organizarem com vestidos, cabeleireiras para realmente fazer um desfile de miss e mister
primavera, porque tem as sapatonas né.
Julia: Tive a oportunidade durante esse filme de conhecer outro lado do presídio, antes fiquei
um mês e meio fazendo um retrato das mulheres reclusas e nesse outro filme tive a
oportunidade de conhecer o corpo administrativo de uma penitenciária feminina, quem eram
as mulheres que dedicaram boa parte da sua vida para lidarem com as reclusas, uma
população literalmente esquecida, onde ninguém quer ouvir ou falar. E porque essas
mulheres estão dedicando sua vida para isso, como chegaram nesse trabalho, quais as
condições que você imaginava que ia enfrentar, qual a realidade dessa profissão, o que
acontece nessa profissão. Carcereiras surge aí, a partir desse filme sérvio, e começo a me
questionar sobre quem são as mulheres que trabalham lá. Tive muito contato com elas, a
gente ia tomar cerveja, íamos para o samba, íamos pra casa delas, ia jantar com as famílias
delas.
Julia: Aí vemos a realidade que é um lugar onde não temos ressocialização, não temos a
reinserção, porque é um monte de gente dentro de celas, em um lugar insalubre, horrível,
direitos humanos lá embaixo, população específica fechada: Mulheres, negras, mães que
vem de periferia, que não tiveram acesso à escola, saúde básica. é muito específica a linha
de quem está presa, então começamos a nos questionar muito sobre quem realmente está
atrás das grades. Então acho que carcereiras, começou a entender quem eram as mulheres
que se dedicavam a esse trabalho, percebi muitas similaridades: Mulheres em busca de
segurança em emprego público, estabilidade financeira, vinham de uma situação de busca
de condição melhor de vida (aqui não cabe uma comparação com as presas) e que não
sabiam o que iam enfrentar quando se inscreveram no concurso, era mais um atrativo
financeiro.
Julia: Procuram uma forma de viver nesse mundão e um salário de 4 ou 5 mil reais vale,
enfrentar o que vier pela frente para receber esse dinheiro. Então comecei a entrar nesse
universo para entender como funciona. Existe um curso preparatório para formar uma
carcereira, principalmente nas capitais e esse curso preparatório pode ser bem variado. Ainda
não tive a chance de visitar um curso fisicamente, que é o que quero fazer agora, mas
pesquisei muito e conversei com uma professora do curso. Elas têm aulas de ética, cidadania,
teóricas e classes que fazem elas mudarem o perfil físico e psicológico para estar preparada
para o combate, existem aulas de algema, tiro, resistência a rebelião, resistência física e
psicológica, então você começa a imaginar o que essas mulheres começam a ser preparadas
para enfrentar dentro da cadeia, isso exige muito corporalmente das mulheres e elas
automaticamente mudam a forma como elas se comportam, como elas reagem. Ela começa
a ficar muito mais atenta, mais agressiva, com medo e várias emoções são criadas dentro
dela e a postura física exigida é 100 por cento para demonstrar autonomia e presença. Você
precisa andar de cabeça alta, suas costas retas, é tudo muito visual, tanto o lado psicológico,
do estressa, porque vemos mulheres fechadas dentro de um carro com gás lacrimogêneo e
elas tendo que aguentar o máximo que podem porque se estiverem em uma rebelião
precisam aguentar.
Testes são feitos para elas superarem coisas que antes não superariam, então isso vai
atingindo essas mulheres. Elas geralmente aplicam para trabalhar em penitenciária perto das
casas delas, geralmente são mulheres que moram perto da capital, porém ainda na periferia,
e que gostariam de trabalhar perto da sua casa. Mas a demanda é muito grande nas capitais,
então antes de tudo elas são transferidas para lá. Deixam suas casas, famílias, maridos,
amigos, moram em pensões com outras carcereiras na mesma situação, longe de casa e
trabalhando na capital, e começam a fazer o curso para serem inseridas na penitenciária da
capital ou lugares mais próximos da capital.
Essa vontade de ter segurança financeira, trabalhar perto de casa, dinheiro e outros,
começam a mostrar como as coisas acontecem realmente. Começa a fragilizar o estado
psicológico, por estar longe de casa, dos filhos, começa a ter um impacto do que a profissão
realmente vai exigir, psicologicamente e fisicamente, elas não têm férias, trabalham dia sim
e dia não direto. Ela não tem oportunidade de voltar para casa, a única coisa que vale a pena
é o dinheiro. Então tudo isso começa ter um pouco da noção de como essas mulheres entram
nesse trabalho e os impactos da diferença de um sonho e do que acontece realmente.
Julia: Então o filme fala de uma mulher que está entrando no sistema penitenciário, que
começa o curso preparatório e do outro lado outra mulher que está há mais de 10 anos no
sistema. Fazemos um paralelo de forma cíclica de como o processo acontece.
Esse projeto é para entender na verdade como a carcereira que está a 10 anos se vê, qual a
diferença das duas? (Entre a que está entrando e a veterana) Qual a relação? Como ela vê
o sistema, como ela trata a família? Valeu a pena?
Nas entrevistas que fazemos com ela percebemos um psicológico completamente quebrado,
onde na conversa elas choram ou estão tão duras que não demonstram mais emoções. Se
elas se fragilizam e se quebram, é muito interessante e triste ver a diferença entre elas.
Julia: Vamos acompanhar o dia a dia dessa mulher dentro da penitenciária, o que ela faz no
trabalho dela? Como ela trata as pessoas ao redor dela e quais as formas de alívio que ela
encontra dessa pressão que elas sofrem diariamente. Se trata também de uma questão de
poder subversivo, ou seja, elas vigiam, mas também estão sendo vigiadas, a liberdade vira
uma utopia para todas. As câmeras, falta de liberdade, privação da família e as viagens para
ver a família, as dificuldades, pouco tempo de folga.
Julia: Após 15 dias de trabalho essa mulher troca com outra mulher que também está voltando
aos 15 dias de trabalho. Então quando essa mulher vai pra casa e volta, você consegue
imaginar como ela volta: A última coisa que ela queria era voltar, ela só queria ficar com a
família, então ela volta com raiva, frustrada. Então como isso reverbera no entorno, ou em
casa? Então a agressividade vira cotidiano, elas podem bater, xingar e chutar os filhos
quando chegam em casa por conta dessa pressão e estresse.
Julia: Não, e quando precisam, é necessário autorização para conseguir, elas não têm
assistente social nem RH, pelo menos as que eu entrevistei não.
Julia: Então o filme na verdade tem muitas questões, muitas capas, como jornada dupla da
mulher, não só de trabalho, mas da família, da casa, filhos, a cabeça que não para. É uma
profissão jogada ao azar, sem respaldo, sem salubridade, tentando controlar uma população
desassistida. Elas são as mulheres que estão na linha de frente de uma questão social
gigantesca.
Julia: O filme na verdade abrange sobre um sistema que não funciona que é visto não é
discutido e sobre um sistema de pessoas que vão voltar para sociedade de forma violenta e
sem assistência. e as pessoas que estão lá para controlar acabam também exercendo
violência, então o filme fala muito sobre a violência, porque essa pessoa frustrada com a
situação que passar provavelmente vai voltar. Também é uma crítica ao atual governo, que
acredita na punição, no armamento e na violência como uma forma de controle, o medo como
forma de controle, e vemos que isso não funciona, isso não funciona.
Julia: Enfim, não acredito que seja um filme que tenha muita resposta, não é um cenário
positivo, mas estou trabalhando para entender como vou fechar essa história. É um ciclo, a
personagem que entra e que sai, porém ainda não tenho essas personagens definidas ainda,
porque escrevi esse filme basicamente no período de pandemia, então o trabalho agora é
voltar pro brasil com o fundo do SPCINE e ficar internada novamente dentro do presídio
fazendo pesquisa de personagem. Já tenho os arquétipos e os visuais, agora vou definir
realmente os personagens que vão trazer realidade para essa representação.
Julia: Esse filme passou por laboratórios legais como o Campus Latino, muito conhecido na
Espanha, que durou um ano. Passou em Cuba, onde o projeto conseguiu alguns prêmios e
parcerias com produtores mexicanos, no Chile em encontros de indústrias, ganhou mais
prêmios. Então esse filme apesar de não ter personagens ele já tem uma trajetória bacana,
porque algo muito considerado na indústria de documentários é quanto é viável a história que
você conta, uma das coisas que faz as pessoas acreditarem no filme é qual a viabilidade
desse filme.
Julia: Apresento uma pasta do projeto, com apresentação que constantemente muda, com o
design do projeto, fotos, sinopse, logline, orçamento, arco dramático, estrutura narrativa,
notas das diretoras, enfoque visual, datas, plano de financiamento, cronogramas.
Julia: É muito importante a gente entender que estamos trabalhando em um limiar muito muito
difícil, dentro desse filme, então como isso vai ser vendido tem que ser tratado com muito
cuidado, porque eu estou longe de defender polícia, mas ao mesmo tempo a partir do
momento que você filma uma história, filma alguém, você cria empatia por alguém, mas é um
limiar muito difícil entre estar apoiando ou fazer com que o espectador se apaixone, porque
é isso, quando você põe alguém em tela, as pessoas se apaixonam. Eu acho que isso é
principalmente sobre a questão da divulgação, porque existe muita responsabilidade sobre o
que estamos tratando, porque eu fiz um filme de cadeia, então imagina como as meninas da
cadeia veem eu fazendo um filme de carcereiras, eu tô morta.
Porque vai ser difícil tratar essa imagem, existe uma coragem e existe um tom para tratarmos
o assunto. Então cada texto para cada lugar que eu mando tenho que ir ajustando parafusos,
porque tipo a gente tem que tomar cuidado.
Julia: Eu tenho medo, medo que digo pela censura, em vários lugares, tanto pela arte, tanto
como o próprio trabalho, então tudo tem que ser muito bem pensado. Porque temos um
problema muito grande e meu medo é esse, fazer tudo com calma e saber se na hora de
publicar é trazer uma sigla, e acho que faz parte do branding também até mesmo pensar um
novo nome, porque Carcereiras entrega muito de bandeja e minimizam todas essas capas do
projeto. Estamos falando de várias questões, artísticas, políticas e sociais.
Julia: Isso foi na faculdade né e logo depois disso vi que precisava fazer meu tcc, meu projeto
era um curta então eu e mais uma amiga decidimos fazer um documentário relacionado ao
sistema carcerário. E como eu cheguei nisso? Simples, um dia eu estava lendo o jornal e vi
que a população carcerária feminina havia sofrido um aumento gigantesco e pensei por que
estava acontecendo aquilo. Comecei a pesquisar e percebi que tinha muito pouco material
cinematográfico sobre a população carcerária feminina, existem alguns diretores que
mostram esse universo e tal.
Julia: Aí para contextualizar melhor vocês sobre a criação de um filme, posso mostrar o início
onde pegamos a “mirada”, sei que essa palavra não existe em português, mas ilustra bem o
que quero explicar. Qual é seu olhar, sua visão sobre a história que você quer contar, porque
por mais que seja um mundo particular, como essa história chega e como é difundida, e como
isso é visto do ponto de vista da pessoa. é muito difícil separar nossa história pessoal do
trabalho, tudo de alguma forma nos faz conectar com uma perspectiva pessoal, determinados
assuntos e pontos de vista. isso que é legal do documentário, seu background traz um
diferencial para o mundo audiovisual e até para as pessoas que vão assistir esse
documentário.
Julia: O documentário é visto muito nessa perspectiva de realidade né, mas o que é realidade:
Realidade é matéria e essa matéria também se desfaz. Por mais que estamos tentando falar
de uma coisa real, o que é real para a Júlia, o que é real para a Carolina. Então acho legal
essa coisa do documentário expor a realidade, mas pensamos também que a realidade se
trata de um ponto de vista. Então se você quer falar de algum contexto, a primeira coisa que
você precisa fazer é se inserir nesse contexto e observar. Então a gente já está meio
ultrapassado nessa coisa de talking heads, nessa coisa de entrevista. A entrevista remete
100% ao jornalismo, o documentário está muito a frente dessa perspectiva, tá no limite de
pensar e instigar o pensamento crítico, muito mais interessante do que passar uma
informação e tratar como verdade. Estamos falando de subjetividade, ele começa a instigar
esse processo crítico, você como pessoa, qual é sua visão sobre o assunto, isso é uma das
coisas mais legais, porque estamos falando de arte. E eu estou falando em uma visão de
documentário mais independente. Filmes de baixo orçamento, a gente tem como orçamento
basicamente até 700.000 reais, porque sua ideia, seu tempo pesquisando, as pessoas que
participam também precisam ser pagas.
Então começamos a falar sobre quem observa e quem é observado, qual o tempo que essa
mensagem precisa para ser passada, tempo em tela né. Qual controle temos sobre o que vai
acontecer? Por exemplo, quero fazer um filme e quero fazer essa história ser contada dessa
forma, como vou fazer para isso acontecer, quais instrumentos vou usar pra conseguir esse
resultado.
Então aqui você começa a introduzir sobre o que é o projeto e quem são as pessoas que eu
entrevistei ou fazem parte desse filme. por que é importante eu colocar a cara delas aqui?
Porque elas não são só números, pessoas sem cara, sem história. Estou falando de mulheres
que tem um background para contar, uma história vivida. Então aqui eu já tenho outro tipo de
rosto.
Então tudo isso que vocês tão vendo, essa parte de desenvolvimento gráfico, é muito
importante e tem pouquíssimas pessoas que fazem isso e muitos que fazem, fazem malfeito;
Esse foi o primeiro poster, que eu chamei uma pessoa pra fazer essa parte de design e essa
foi a primeira proposta que foi apresentada.
Aqui já tinha uma personagem né, ficha técnica, produção, tinha mais cara de poster mesmo,
com a logo e a cara da Aninha uma das personagens do projeto.
Então conforme o projeto foi evoluindo, eu tinha que apresentar para público, produtoras,
patrocinadores. Toda essa parte de desenho do projeto, design gráfico, é muito importante
para passar pra frente esse projeto, como quer que ele seja visto, então só pra vocês verem
como foi mudando.
Então a partir do teaser é pensado realmente de uma forma bem comercial, até que a gente
teve muito debate com a menina que fez o teaser, porque cada vez mais ela queria reforçar
estereótipos que eu não queria, mas as pessoas se atraem por esses estereótipos isso que
é mais louco, mas o filme subvertia essa questão, como falar dessas pessoas sem pensar
nessa questão do estereótipo.
E aí após isso montamos a parte da assessoria de imprensa também, como esse filme vai
ser divulgado, o que vai ser divulgado, enfim. Então todas as fotos que foram passadas para
os portais, foram selecionadas por nós, mais uma vez tentando sair dessa questão da
divulgação baseada na proposta do projeto, que não fosse estereotipar esse projeto.
Outra questão que sempre levantamos é que fazemos o filme para ser visto, a gente quer
que as pessoas vejam. Então fizemos uma versão curta metragem do longa, para que quanto
mais pessoas conseguissem ver o projeto, acessar o filme, não por questão financeira, mas
sim para ter contato com o que foi gravado, porque aí sim as pessoas começam a ter
transformação, isso gera empatia.
Pessoas que procuram saber do universo carcerário, mas em uma visão diferente. Querendo
ou não, o tema está muito fetichizado pela Netflix por exemplo, volta e meia tá saindo um
filme de cadeia, acabou virando um subtema dentro do documentário, sempre tá saindo um
filme true-crime ou dentro de cadeia, sobre crime. Mas acho que é desde pessoas que não
sabem nada ou até pessoas que sabem sobre o tema. Mas meu objetivo é fazer um filme de
uma forma não parcial, muito pelo contrário, vai ser até forte nesse sentido, mas que fique
para o espectador tirar suas conclusões.
Você sente alguma dificuldade em tratar sua narrativa como um produto mercadológico?
Não vejo isso acontecendo de forma alguma, acho que a publicidade é sobre algo que quer
ser vendido, acho que o cinema independente é mais sobre a necessidade de falar sobre o
assunto. São coisas que atravessam nossa vida, porque ou você fala ou não fala.
O que você acredita que mais atrai o espectador para a narrativa?
A função não é educar, a gente não está falando de reportagem, um cinema não literal, não
são respostas dadas, a ideia é criar um espaço de reflexão sobre um sistema
institucionalizado, de certa forma corrompido e que as pessoas falem sobre isso. é uma
questão social, uma questão política muito forte que acomete o mundo inteiro. Violência é um
tema que as pessoas querem saber de uma forma geral né, não é só um filme de cadeia, a
gente tá falando sobre violência, e as pessoas tem interesse.
Acho que todo filme precisa tirar uma faixa etária para o seu projeto, é obrigado pelo governo,
então faixa etária eu realmente não defino muito, pode ser que valha a pena buscar uma
pesquisa sobre o assunto. Tudo isso depende muito de quem vai ver, qual vai ser a
acessibilidade, onde o filme passa. Mas dá para fazer um Estudo sobre os filmes do enfoque
visual.
Não é completamente o oposto, eu digo que o tipo de narrativa e abordagem que eu quero
apresentar. Carcereiras é um filme muito mais observacional, sem interação da direção em
frente a câmera, um filme de observação via tela, o que você vê em tela é um filme mais de
observação do que saudade mundão, que era a entrevista, a parte da pergunta e resposta, a
diretora aborda o tempo todo no filme, que um cinema direto, assim como fazia Coutinho,
acho interessante ver Coutinho, uma coisa bem de reportagem, como Cabra marcado para
morrer. Qualquer um que você ver dele você vai ver semelhança, bebe muito da fonte de
cabra marcado para morrer, entra nesse estilo de doc. O olhar ainda está dentro de mim, em
carcereiras é igual, a proposta é diferente, mas eu sou a mesma pessoa, a relação entre as
obras do artista sempre existe, porque é a mesma pessoa, é impossível falar que não tem
relações, faz parte da trajetória, ainda mais tratando do mesmo sistema.
O que eu acho de diferente da minha relação de saudade mundão e carcereiras é que não é
meu primeiro acercamento sobre o tema, então minhas camadas sobre o tema são muito
mais latentes em mim, porque eu já estou estudando sobre o tema há muito tempo, então a
história, porque existem cadeias e tal são temas que eu já visualizo há um tempo.
Estamos falando sobre vários temas em saudade mundão para entender a violência que elas
passam nesse espaço e quem são as mãos do estado dentro da cadeia, as carcereiras! Então
do começo ao final estamos falando de violência.
Não acho que experimental cabe, são filmes mais autorais, com mais liberdade, porque filmes
experimentais são outra categoria.
Sobre o público do cinema independente:
O primeiro lugar que um filme é distribuído é festival de cinema, um público mais segmentado,
mas é lá que o filme ganha prestígio: Festivais internacionais. Preciso entender qual festival
é mais importante para mim e porque ele é mais importante do meu filme, baseado no que
eu construí, então tem todo um mercado de festivais onde quem sabe sobre esse assunto
serve de condutor, para aconselhar aonde cada filme vai em cada lugar. Porque o júri deste
festival te indica pra um júri de outro e de outra, e isso é muito importante porque depois vem
a venda do filme realizada pelos agentes de venda (Sales agent) que estão nos festivais e
ficam com sua porcentagem para vender o filme mundo afora, o que chamamos de
licenciamento, aí ele pode vender para uma televisão, Netflix, lugares assim. Por exemplo,
eu já tenho uma distribuidora, uma agente de vendas, chamada descoloniza, ela fica com
30% de toda venda que fizer para cinema, plataformas digitais, mas tudo isso depois dos
festivais, que dão selos para o filme. Até chegar no público final é um caminho.
Baseado nas questões levantadas na aula que a diretora concedeu, podemos notar a questão
da subjetividade bem forte nos materiais fornecidos, como exaltado, que não fetichiza a
realidade das personagens e muito menos estereotipa.
Nas peças aprovadas, sempre são avaliadas as relações humanas, como dito pela própria
diretora. A necessidade de que o produtor dos conteúdos esteja imerso no assunto é
constante, para evitar representações superficiais dos tópicos que estão sendo abordados.
Um ponto de contato relevante para a identidade é a apresentação que será enviada para
aprovação em festivais de filmes independentes, elas devem cativar o leitor para aprovação
do filme no festival e consequentemente a concorrência para os prêmios.
Outro ponto levado a sério pela diretora é o material para divulgação, tanto interno, quanto
para imprensa, da mesma forma que o projeto foi construído, ela espera que não seja
divulgado como algo estereotipado, não quer elevar a imagem dos personagens, do caso de
carcereiras, como algo romantizado com relação ao presídio, e muito menos defender o
serviço que é feito dentro do complexo. Logo as imagens para divulgação ou materiais
gráficos não devem colocar as personagens em posições que qualifiquem como algo que
vangloria o trabalho, a falta de um manual para divulgação, gerou problemas com veículos
da imprensa divulgando materiais não autorizados relacionados à marca.
Tratar a narrativa como peça de arte acima de tudo, não considerar como um produto ou algo
a ser vendido, a ideia principal é alcançar as pessoas, fazer com que o filme seja visto.
1.2 Análise de Concorrência
Os filmes com maiores bilheterias, de alguma forma dialogam com elementos da cultura
brasileira, como o futebol, o surf e a música. Os cinco filmes com maior bilheteria são
relacionados a isso, mesmo que Vinícius tenha sido enquadrado em documentário de
personalidade, este fica também relacionado à categoria mote musical. Talvez o público
tenha um interesse maior por filmes com temáticas ou pessoas conhecidas. (TRINDADE, T.
N., 2010, p. 18)
Durante a FYC Fest documentary roundtable, a Revista Variety organizou uma discussão
entre diretores de documentários como: Garrett Bradley diretor de “Time”, Amanda McBaine
diretora de “Boys State”, Ron Howard diretor de “Rebuilding Paradise”, Bryan Fogel diretor de
“The Dissident”, David France diretor de “Welcome to Chechnya” e Nicole Newnham. diretora
de “Crip Camp”. Onde atribuem o aumento da demanda de documentários graças às
plataformas de streaming.
Newham trata sobre as dificuldades de arrecadação de fundos para esse tipo de filme e como
os fundos chegam até alguns através das plataformas de streaming, o que abre a
possibilidade de muitas pessoas expressarem suas visões de mundo.
(https://variety.com/video/fyc-fest-docmentary-2020/) Acesso em 29/03/2022
De acordo com dados da Ancine, no período de 1995 a 2009, pouco mais de 2,6 milhões de
pessoas foram assistir a algum documentário nacional no circuito comercial, o que representa
2% do público geral de filmes nacionais do período. Segundo Carla (pesquisadora pela
UFMG, organizadora do forumdoc.bh e codiretora do documentário Roda): "No Brasil, a
produção aumentou muito, mas o gargalo da exibição ainda é muito estreito, deixa muita coisa de
fora"
(https://cinemaemcena.com.br/coluna/ler/763/o-documentario-no-brasil-como-e-feito-e-
onde-e-assistido acesso em 26/03/2022)
No ano de 2004 houve uma quebra de paradigmas, já que no circuito comercial de cinema
foram lançados 16 filmes documentários, comparados aos 5 do ano anterior.
Porém, é importante ressaltar que este “boom” não necessariamente fez com que todos os
documentários chegassem ao cinema e, mesmo aqueles que chegaram, nem todos tiveram
uma resposta positiva de bilheteria, pois foram raros os documentários que alcançaram a
marca de 50 mil espectadores. Mesmo estes, ficaram restritos às
capitais culturais (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília) (1).
(TRINDADE, T. N., 2010, p. 1)
Para estudos foi usado o maior mercado de filmes atual no mundo: EUA e Canada. No ano
de 2020 ocorreu o evento do American Film Market, um dos maiores do meio de mercado do
cinema americano. Stephen Follows (Escritor, produtor e analista da indústria de filmes) e
Bruce Nash (Fundador e Presidente da Nash Information Services LLC, o maior provedor de
pesquisas e dados sobre o cinema do mundo) constataram os seguintes dados do cinema
independente norte americano no ano de 2017.
Divididos entre: No release, filmes que não foram divulgados para público pagante.
Nominal release, filmes que foram divulgados para público pagante, porém não tiveram
informações mínimas sobre o número de caixa, ou seja, estreias extremamente pequenas.
Small release, filmes que tiveram arrecadação entre $1 e $100.000.
Large release, filmes que tiveram mais de $100.000 de arrecadação.
(https://americanfilmmarket.com/how-many-independent-films-get-a-theatrical-release/)
acesso em 29/03/2022.
Para análise do público foram agrupados seis grupos temáticos a produção documentária
realizada dentro dos anos de 1996 a 2006 e exibida comercialmente em cinema, com o
objetivo de poder analisar os dados estatísticos; Os grupos temáticos são: 1- documentários
de personagem, 2- documentários sobre questões sociais, 3- documentários sobre
personalidades, 4- documentários com mote esportivo 5- documentários com mote musical
e, 6- documentários de aprofundamento temático. (TRINDADE, T. N., 2010, p. 2)
Definir pelo menos 3 documentários de gênero dramático sobre questões sociais. Avaliar
semelhanças e examinar pesquisas, referências e materiais existentes. Identificar
Posicionamento, Taglines, Comunicação, Tipografia, tom de voz, identidade visual e
objetivos.
Identificando os concorrentes:
Três documentários dramáticos com tema central sobre questões sociais.
Cabra Marcado para morrer pode ser considerado líder por ser um documentário já
consagrado no meio e por ter redefinido o modo de documentário observacional.
A falta que me faz se aproxima, por se tratar de um documentário independente e por trazer
temas como a solidão da mulher e por se afastar de estereótipos, trazendo uma visão mais
humanizada, apesar de ser participativo.
A falta que me faz: Exalta a relação das personagens com a equipe de filmagem, trata sobre
o lado sentimental e dos sentimentos e inquietudes dos personagens. Documentário
Participativo, apelo ao repertório de imagens dos personagens. O documentário se passa
dentro de uma cidade só no interior de Minas, corresponde ao mundo do documentário. A
geografia do local se mistura aos personagens. Bem interpretativo.
Cabra Marcado para Morrer: Forte presença das entrevistas, documentário direto. Foi filmado
como conteúdo para criação de uma obra ficcional, que não terminou. Assim podemos ver
como a narrativa valoriza a questão do “Talking Heads”. Traz temas políticos fortes por se
tratar do assassinato de um personagem político em 1962.
Auditoria de Mensagem
O nome dos documentários referenciados pela diretora sempre faz alusão a algum fato dentro
do documentário ou inspiração abstrata. Assim como em seu último filme que também aborda
o sistema carcerário (Saudade Mundão), a diretora usa de um elemento que presenciou
durante a filmagem, que faz relação com o tema proposto pelo documentário. No caso de
“Carcereiras” assim como explicado pela cliente, existe um nome extremamente direto, que
não promove uma reflexão sobre o tema e não é sobre algo abstrato ao documentário.
É possível notar pelos planos de filmagem que a mensagem que vai ser passada é forte,
porém ainda assim abre espaço para interpretações e reflexões sobre o tema sugerido, assim
como em “Behemoth”, a mensagem é passada através de poucas frases do interlocutor
durante o filme, sem relação ao que se apresenta na tela, porém os quadros escolhidos para
a transmissão dessa mensagem, promovem espaços para interpretação.
A mensagem a ser passada nas peças gráficas e representações visuais devem estar
alinhadas aos ideais do filme e da diretora, portanto seus posicionamentos e concepções
sobre pessoa são cruciais, já que o documentário se trata basicamente da ótica dela sobre
um tema social.
Como observado nas entrevistas e avaliações de público, temos algo nichado, apesar de ser
pensado para atingir o máximo de pessoas, no intuito de abrir espaço para reflexão. Antes
desse público de massa temos, críticos de cinema, bancas avaliadoras, festivais e
premiações.
● Distribuidoras
Aqui ocorre a venda literal dos projetos. A partir do momento que o filme adquire prestígio em
diversos festivais, onde os júris fazem indicações entre eles, existe a fase em que uma
produtora agencia o filme para grandes plataformas. Outro momento chave de convencimento
de outro público importante. Os Sales Agents, trabalham com mercados específicos,
continentais ou nacionais, e avaliam o prestígio de um filme dentro dos festivais que eles
participam. Após concretizada a venda de um documentário, o agente adquire uma
porcentagem do filme e o repassa para distribuidoras e logo após plataformas de exibição
● Público Final
Nesse momento o convencimento é das maiores massas, variando de acordo com onde o
filme vai ser distribuído. Apesar das etapas anteriores, essa fase vai definir o alcance no
mercado cinematográfico e atingir os objetivos da produção. Os filmes podem ser exibidos no
cinema convencional, estando em cartaz, exibições culturais ou online por plataformas de
streaming.
2 Diagnóstico da Marca
2.1 Introdução
2.2 Metodologia
5. A imagem das personagens e diretora devem ser muito bem trabalhadas, por
se tratar de um tema sensível, é necessário um tom correto em momentos de
divulgação ou apresentação do projeto. Sempre buscar aprovações antes de
qualquer movimento público.
6. A necessidade principal do projeto atual é falar sobre ele. Não existe urgência
em ser vendido, portanto, não existe razão em tratar como um produto
comercial. Filmes independentes são sobre expor um ponto de vista que
precisa ser exibido pelo diretor em forma de um projeto artístico.
2.4.1 Atributos
Real: As relações dentro do longa são reais e espontâneas, o que valoriza a veracidade de
cada fato documentado em tela;
2.4.2 Pilares
Os ideais da obra, que posteriormente vão sustentar todos os valores que a mesma
carrega em sua narrativa. Principal base para formação da personalidade e identidade da
marca do longa-metragem documental. Pilares bem definidos mostram que os ideais e a
mensagem são concretos e bem estruturados.
Topo: Tom - O limiar em que toda narrativa será construída, sem ferir pessoas e ideais da
diretora e da obra em si.
Abaixo: Posicionamento - Para a existência da obra é essencial a possibilidade de tratar sobre
assuntos sensíveis e que são considerados tabus dentro da sociedade.
Esquerda: Pessoas - Todas histórias têm um rosto, não são só números, sempre devem ser
tangíveis. As personagens têm background de vida para ser apresentado.
Direita: Ser Visto - O principal objetivo de uma obra artística é alcançar o público. Ser visto e
usar a “voz” adquirida para transmitir uma mensagem.
2.4.3 Valores
2.5.3 Stakeholders
2.5.4 Persona
Luísa Almeida
Doutora em comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco, atualmente
reside no Rio de Janeiro e frequentemente é selecionada para júris de premiação do Festival
do Rio.
Luísa tem 31 anos, atua como pesquisadora sobre o cinema brasileiro contemporâneo
e professora, nas horas vagas escreve em seu site intitulado: Mulher na Direção, divulga e
discute o trabalho das profissionais da indústria cinematográfica, publicando entrevistas,
vídeos, críticas e pesquisas, além de reunir as principais notícias sobre o assunto. Tem por
objetivo muito forte o viés de dar espaço para as mulheres do cinema e colocar o público em
contato com suas obras.
Participa ativamente das questões que envolvem o apoio às mulheres, não se atendo
exclusivamente ao cinema. Participou de vários portais sobre espaço de fala feminina e é
ativamente representante da causa. Luísa é uma das fundadoras de uma organização sem
fins lucrativos que apoia mulheres em busca da reinserção na educação em sua cidade natal:
Pernambuco.
Aprecia obras cinematográficas e está sempre interessada em obras que envolvam
causas sociais, principalmente longas documentais.
Talita Barbosa
Atua como Consultora de Vendas e aquisição na distribuidora Avant Filmes,
atualmente mora em São Paulo, tem 27 anos e graduação em Cinema na Universidade
Federal de Pernambuco, com pós-graduação em gestão de negócios.
Já trabalhou com produção, distribuição e exibição, hoje atua principalmente como
Sales Agent nos grandes festivais de cinema do Brasil.
O gosto pessoal de Talita está mais voltado para documentários, algo que
posteriormente é levado em consideração em suas decisões de seleção para licenciamento
de longa-metragem.
Depois dos anos estudando gestão de negócios voltou para sua cidade natal, São
Paulo para realizar trabalhos atrelados ao cinema. Apesar de lidar muito com negócios, não
se considera uma empresária ou mulher de negócios, se vê como uma artista, por conta de
suas experiências passadas com cinema.
Aprecia a subjetividade e contemplação dos longas que assiste, e prefere ter um olhar
mais analítico a passional das obras. Apesar da pouca idade têm uma carreira bem
consolidada por conta da empresa que trabalha: A maior distribuidora de filmes no Brasil.
A terceira persona representa os espectadores, público final e maioria dos que vão
assistir o longa. Com foco nos que não sabem muito sobre o assunto e foram atraídos pela
propaganda do filme.
Ricardo Pereira
Cursando Direito no Rio de Janeiro, Ricardo tem facilidade na disciplina de direito
penal, ao mesmo passo, gosta muito de filmes. Apesar de iniciante no mundo do cinema,
Ricardo costuma aceitar bem novas indicações, e considera que ainda sabe muito pouco
sobre o assunto. Por sua afeição ao assunto e vontade de saber mais sobre como funciona
o mundo do direito penal, Ricardo costuma trocar indicações de filmes com sua professora
Giovana, que por sua vez é grande fã de documentários e acaba influenciando seus alunos
a buscarem documentários relacionados ao conteúdo dado em sala de aula.
Por conta da faculdade e trabalho, Ricardo não tem muito tempo para ir ao cinema, e
acaba optando por assistir filmes no conforto da sua casa, em plataformas de streaming
principalmente. É assinante de todas as principais plataformas e em seu tempo livre prefere
assistir uma indicação ao invés de sair à noite.
Ricardo apesar de jovem, com 24 anos, tem muitas observações sobre como funciona
o sistema penal e carcerário, é completamente contra o punitivismo e acredita que seu ponto
de vista e o exercício de seu futuro emprego podem ajudar na garantia de que as pessoas
podem ser tratadas sempre com dignidade, pensando na sua ressocialização.
Durante o período diurno Ricardo estagia em um fórum de sua cidade e acompanha
a resolução de casos durante seu dia a dia, admira a profissão, mas pensa que algumas
situações não parecem justas.
2.6 Estratégia
A obra tem pontos importantes e bem definidos para um estudo mais assertivo, porém
a falta de elementos para composição de uma comunicação concisa pode trazer resultados
negativos. Apesar do acompanhamento contínuo da marca até o lançamento, a opção é optar
por imagens suplentes para as personagens reais que posteriormente serão definidas. No
primeiro momento a falta de filmagens é uma grande fraqueza do longa. Por outro lado, a
definição de todos os arquétipos de personagens que serão escolhidos ajuda na decisão de
comunicação baseado na semiótica e a terceiridade.
Como bem-visto em estudos da pesquisa o tema é recorrente nos últimos anos e
premiações em festivais aquecem ainda mais a importância que o espectador pode dar à
marca, apesar da sensibilidade do tema e da disparidade que esse longa tem de outros
exibidos nas plataformas. A disputa por atenção acontece mais ainda a partir do momento
que existe uma concorrência nas principais plataformas de streaming, além do cinema.
Apesar de uma grande ameaça, o streaming abre espaço para o alcance de um público maior,
se bem distribuído e comunicado.
A sensibilidade e o contato direto da diretora ao exibir seu ponto de vista da narrativa
é outro ponto focal, como explanado anteriormente, a humanização das personagens é um
diferencial, mostrar o background das histórias é importante para a obra e para a marca que
a representa. Porém com a proximidade deve se existir o distanciamento do estereótipo
comum a esse tipo de obra na grande mídia, o que vemos em outras situações é a exploração
da imagem vulnerável das personagens que ali estão inseridas, seja o corpo administrativo
de um presídio ou as próprias presidiárias. É essencial escapar de clichês do tema e signos
batidos quando se trata do assunto abordado.
Um ponto importante que a análise de Marketing de projetos anteriores nos revelou
foi a necessidade de uma maior integração entre o desenvolvimento da obra e sua
divulgação, como material para imprensa e tom da comunicação externa alinhado aos
interesses e ideais da obra. Apesar da sensibilidade do tema e os riscos de modificações e
censura no decorrer do projeto por forças maiores, é importante que os objetivos não sejam
velados na comunicação da obra, apesar de serem claros na narrativa.
Como as obras avaliadas trabalham muito bem a questão de sua comunicação pré-
tela, temos agora a oportunidade de montar uma imagem usando como ponto de partida essa
clarificação de conteúdo, explicando porque o ponto de vista da diretora para essa realidade
deve ser visto. Podemos usar como maior trunfo a questão das relações humanas evidentes
na obra, valorização do background pessoal dos personagens e o cuidado para não exibir
somente a posição de vulnerabilidade delas.
Posicionar a imagem das personagens de forma ativa e através de signos representar
o conceito geral da narrativa. Representar o storytelling do longa a partir de pontos de contato
da marca para o público geral e atrair o público primário a partir de conceitos teóricos e
premiações que trazem força para a marca.
Criar uma documentação para imprensa com conceitos claros e concisos a fim de que
não exista divergência entre o que é a ideia principal e as notícias e divulgação do longa a
partir de terceiros. Além de auxiliar na unificação do conceito, fortalece a ideia de a marca
explicar para os stakeholders o que está por vir e caso esteja ao alcance, reverenciar a ideia
antes mesmo da obra, através da sinopse, logline, argumento, identidade verbal e visual. O
foco para festivais são as apresentações modulares que geralmente são item essencial para
aprovação do filme em júris e facilitador da comunicação da ideia.
Para aplicação correta da marca e padronização dos materiais e conceitos produzidos
é necessário um manual de marca. Que posteriormente em sua aplicação correta denota o
tom profissional da obra, construindo uma imagem de posicionamento, tom e voz bem
definidos.
2.6.4 Posicionamento
“Carcereiras” é uma obra documental que valoriza relações humanas acima de tudo.
Foge de padrões e lugares-comuns, abraça suas causas e não sente receio em subverter
conceitos sobre violência.
Buscamos sob uma ótica extrema observar os efeitos da dupla jornada da mulher e
como a afeta durante suas relações diárias.
Temos como objetivo desconstruir muros sociais, através da observação da
subjetividade das interações humanas em tela, promovendo um espaço comum para reflexão
de um assunto pouco discutido e muito restrito.
2.6.5 Manifesto
Já prestou atenção em quantos mundos lhe são proibidos hoje? Quantos temas são
vetados e ignorados das suas relações simplesmente por incômodo? Você nasceu pré-
disposto a evitar situações de desconforto. Você é obrigado a se afastar de relações que
julgam não te afetar.
No entanto existe algo em tratar sobre assuntos que te desagradam, existe uma
recompensa em forma de conscientização ao olhar para situações fora do seu espaço. Se
convide a refletir sobre algo presente em todos os momentos do seu dia: Ciclos de violência.
A transformação natural para quem é moldado para combater a violência e resposta
subversiva para quem é obrigado a sobreviver com ela e se adapta gerando uma cadeia
infinita em um espaço limitado às pessoas em situação de negação social.
Números supervisionando números em nome de um estado que por sua vez constrói
uma falsa ideia de liberdade para quem está no poder utópico, sendo moldado de acordo com
o que se julga ressocializar um indivíduo. A violência é naturalizada como única forma de
controle. Nada disso é discutido por você, nada disso é refletido por você.
Carcereiras é um convite para as relações de poder e intimidade de mulheres que são
instrumentalizadas pela mão do estado dentro de penitenciárias femininas. Cada uma com
sua própria vida, filhos, família, problemas e passado, que é completamente indiferente dentro
de sua profissão de exercer controle da forma que é instruída.
3 Execução
3.1.1 Naming
3.2.1 Logotipo
Construído a partir das tipografias Azo Sans e Elza Narrow, com alterações no
desenho e sustentação, trazendo personalidade e principalmente aplicabilidade para os
desdobramentos da marca dentro de seu universo. Os pontos de contato fornecidos no
briefing ajudam a visualização da aplicação do logotipo junto a todo o sistema de identidade
visual. Estão presentes na construção, a força, sensibilidade e a dualidade das personagens
dentro da trama.
3.2.2 Cores
Além dos grafismos para as peças e composições, foram alinhados para o sistema de
marca dois recursos fotográficos nas aplicações: O Halftone effect, que é uma Técnica de
impressão do século XX onde um pattern de dots é criado. Em referência a um tempo em que
erros de impressão eram comuns. E a Dupla Exposição, que acontecia quando o filme
(fotografia analógica) não girava corretamente e assim resultava em duas exposições no
mesmo filme.
As duas aplicações se baseiam na justificativa da tentativa de desgaste da imagem,
mostrando o desgaste das relações em tela, a dupla exposição tem ainda o caráter de
representação física da dualidade das personagens.
Somado a isso, dentro do sistema da marca, os elementos das linhas horizontais
podem se moldar representando a ligação e o encarceramento.
4 Referências
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RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal... o que é mesmo documentário? São Paulo: Editora
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___ . "O que é documentário?" ln: Ramos, Fernão Pessoa; Catani, Afrânio (orgs.). Estudos
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TOMIYA, Eduardo. Gestão do Valor da Marca – Como criar e Gerenciar Marcas Valiosas. Rio
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AAKER, David A. Criando e administrando marcas de sucesso. São Paulo: Futura, 1996