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Vincent Willem Van Gogh nasceu a 30 de Março de 1853 em Zundert,

numa pequena aldeia holandesa, foi um dos maiores representantes da pintura


pós-impressionista, Van Gogh era uma pessoa com problemas de conflito
existencial, crises nervosas e solidão, só se sentia compreendido pelo seu irmão
mais novo, era também bastante amigo do artista Gauguin, foi “comerciante de
arte em Haia, em Londres e em Paris, professor adjunto em Ramsgate e
pregador auxiliar Isleworth. Trabalha numa livraria em Dordrecht, dedica-se ao
estudo da teologia em Amesterdão e acaba por ser pregador evangélico em
Borinage, na Bélgica, durante dois anos. Com o trabalho nas minas ele começa
a desenhar conscientemente; a mudança de pregador para artista realiza-se
num ambiente de extrema pobreza. O estreito contacto com a carência, a miséria
e o esforço contínuo, são para Van Gogh, características permanentes de toda
a vida solitária.”1

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Miniguia de arte Van Gogh, editor Könemann, ISBN: 9783833118616

SARA SILVA DOS SANTOS | nº3150182


A pintura do Quarto de Van Gogh em Arles é uma serie de três quadros
muito idênticos, pintados entre outubro de 1888 e setembro de 1889, nesta obra
está retratado o quarto de Vincent Van Gogh na casa amarela, onde pretendia
montar um atelier, segundo ele havia mais cor e mais sol; uma vez chegado a
Arles e o seu orçamente mensal que o seu irmão Theo lhe enviara não lhe daria
para sustentar as suas despesas de alojamento em hotéis e alimentação, pois
em toda a sua vida Van Gogh só teria vendido apenas um quadro, alugou então
um quarto muito barato numa pensão na cidade de Arles, em França, Van Gogh
convidou seu amigo Paul Gauguin também pintor, para morar com ele no seu
quarto que batizado de Casa Amarela.
Como podemos observar o quarto é constituído apenas por mobília
absolutamente indispensável, o quarto tem ainda duas portas e uma janela, “a
mobília consistia apenas numa mesa, duas cadeiras e algumas coisas de que
ele precisava no dia-a-dia; tinha de continuar a pernoitar em hotéis. Van Gogh
tinha adiado a compra de uma cama para o Inverno, mas depois da morte do tio
Cent, o prospero comerciante de arte, pôde, com a parte que lhe coube da
herança, mandar arranjar a casa e muda-se para lá em meados de setembro.”2,
o seu quarto é de uma extrema simplicidade apenas contia o necessário, todavia
não transmite tranquilidade, a sua obra reflete solidão e a pobreza em que vivia,
o facto da existência de duas cadeiras e duas almofadas evidencia o desejo de
companhia, essencialmente do seu grande amigo Gauguin e ou do seu irmão
mais novo Theo, Van Gogh escreve então ao seu irmão mais novo a contemplar
o seu quarto: “Eu tinha uma nova ideia em mente e aqui está o seu esboço (…)
desta vez, trata-se simplesmente meu quarto; só a cor se encarregará de tudo,
dando, pela sua simplificação, um estilo mais impressivo às coisas, ser
sugestiva aqui do repouso ou do sono em geral. Enfim, a visão do quadro deve
repousar a cabeça, melhor dizendo, a imaginação. As paredes são de um violeta
pálido. O chão é de ladrilhos vermelhos. A madeira da cama e das cadeiras, são
amarelo de manteiga fresca; o lençol e as almofadas limão verde muito claro. A
colcha é vermelha escarlate. A janela, verde. A mesa de toilette laranja; a bacia
azul. As portas lilás. E é tudo – nada neste quarto está na penumbra. O volume
dos móveis deve mais uma vez expressar repouso inabalável. Os retratos na

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Miniguia de arte Van Gogh, editor Könemann, ISBN: 9783833118616

SARA SILVA DOS SANTOS | nº3150182


parede e um espelho e uma toalha e algumas roupas. A moldura, como não há
branco no quadro, será branca. Isso para tirar a minha desforra do repouso
forçado a que fui obrigado. Trabalharei ainda nele amanhã, todo o dia, mas estás
a ver como a concepção é simples. As sombras e projecções de sombras são
suprimidas, está pintado em camadas lisas e francas, como os crepons.” 3 O
artista descreve o quarto ao pormenor ao seu irmão, descrevendo ainda as cores
puras do seu quarto os tons claros tentando transmitir o descanso completo e
calma, na sua obra de cores contrastantes e tinta aplicada espessamente, Van
Gogh pinta o seu quarto com uma perspetiva um pouco distorcida, o chão parece
estar inclinado, tudo parece um pouco caótico no que toca a perspetiva das
coisas, mas o artista não estaria interessado na representação correta, Van
Gogh reflete o seu estado de instabilidade emocional , esta obra é rica em efeitos
cromáticos e contornos nítidos, a ausência de sombras em qualquer dos objetos
ou peça de mobiliário representa-tos na sua pintura faz lembrar as gravuras
japonesas que também aprece representada no seu quarto na parede por cima
da cama.
A primeira versão foi pintada durante a sua estadia na casa amarela de
Arles , um momento feliz da sua vida pois contava com a presença do seu amigo
Gauguin, enviou a primeira versão ao irmão lamentando o facto de ter ficado
danificada por uma inundação, a segunda versão foi pintada quando Van Gogh
estava hospitalizado no asilo de Saint Rémy, após o seu desentendimento com
o seu amigo Gauguin e a sua automutilação, o seu irmão devolveu-lhe a obra e
pediu que a copiasse, mas a pintura apresenta algumas diferenças as mais
visíveis é a alteração da cor, as cores utilizadas são mais escuras e as
pinceladas mais nervosas devido ao estado emocional do artista, a terceira
versão foi pintada quando o artista foi morar para Paris na cidade de Auvers sur
Oise, que decide refazer algumas das suas obras em tamanho menor e oferece
á sua irmã e sua mãe.

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E.H. GOMBRICH, A HISTORIA DA ARTE, PHAIDON ( PAG.548)

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A casa amarela (em Arles) 1888
Óleo sobre tela
76x94cm

Primeira versão. Vincent van Gogh, “The Bedroom” (1888), Van Gogh Museum, Amsterdam
(Vincent van Gogh Foundation)

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Segunda versão. Vincent van Gogh, “The Bedroom” (1889), The Art Institute of Chicago, Helen
Birch Bartlett Memorial Collection

Terceira versão: Vincent van Gogh, “The Bedroom” (1889), Musée d’Orsay, Paris, sold to
national museums under the Treaty of Peace with Japan, 1959

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Esboço realizado para Theo ter uma ideia da tela a ser pintada com óleo, referente ao quarto
de Van Gohg, e enviado na carta que o artista envia ao irmão a descrever o seu quarto.

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