Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
i!
:t
'l
't:{
\. Ent{e Lm e ôutro marco, alguns momentos se destacam como es-
a09
'J/t'
-transformações estruturais_que acar-
or"iuúrni": signin,cativos pelall
'Guerra
írr^ i'fiõg, íe*iino da dos Emboabas, nomeação de An-
iã*, at Àtuuqueigre Coellio de Carvalho Para o 9o131no,^da ca-
i grande investida da Coroa no sentido
,iirri" -rrã--ãuúriduae
priméira de esta-
a CAPÍTULO I:
t;ü;; " na zona mineradora, {e _quo. separação
;1;;-;. capitanias de são paulo-Minas e Rioo de Janeiro seria uma
início oficial do mo-
conseoüência direta' como o seria também O \ALSO FAUSTO
da revolta rrustrada de
;il;;i;-';rü.nirãa.1, iiirtl; 1720, ano po.t
friip" Ao, Santos, violàntamánte suÍocada.
l":lT-T.i1? *tntão'
independente de Minas,
;" iffi, o primeiro !árern"dor da- capitaniâ
^primeiros "E apesar de tudo o quo sa expõe, e que tanto conspira
i""ú*ao-o'leríodo"conturbado dos descobertos e inau- para se julgarem estas minas as mais pobres, s desgraçadas
marcado pelo das que vivem em sociedade; não é tão fácil afirmar delas
grãõ a tâse oa tuiótiOua" consondàda;Eucarístico" reflete,
17i2.-1.736-'
e pelo cste conceito, não so olhando mais que para o seu des-
ãpogeu uurii"ro qu" u-f".iu Ao "Triunfo marcado comércio de importação, e vendo ao longe por
Freire de Andrada, uma
#í;il; g.r"*.i a" óomesportuguês; das maiores cntre a cscâssa luz de narrações adulteradas o seu luxo
iigui"r-ão-imfrio ãoúniut quando a festa descomedido. Mas se atcntar qualquer para o modo por
.1748-1752, expres- que vivem e comerciam os vassalos de Sua Majestade neste
ãã;Àur"o Trbno Episcopal"'mar;a o início da decadência,
e na isenção dt- P9- país, verá que o ordinário deles pensa mal, e olha tão-ss
sa também no fim ãã iritpotto da capitação mente pal'a uma falsa reputação, e trabalha por um falso
os-senhores de iavras com mais de 30 escravos;
1788â9'
;h*" il; ante
brilhante no que pertence aos seus que de longe quer se
ouandô os colonos mineiros exprimem seu descontentamento lhe atribuam: pretendendo, à imitação dos cômicos e fi-
;;útt ."ãoôÃi"u i pottti"" itravés da Ioconfrdência guras teatrai§, fingir com palhetas douradas ouro maciço,
o com vidros lrpidados precioea pcdraria."
Composta a cronologia sempre tão impo-rlante para. qual-
-
ou", t."UãUro de História--, é preciso ir além dela' E endossar'
Representação da Câmara de Mariaoa, 1789.
;"ii;;t" reconhecer que que não. poderia.se limitar a uma dia 24 de maio, mas foi antecedido por um longo período de pre-
;à;áã ú; rede de relações,-e
parativos, desde a proclamação oficial da festa até os "seis dias
;irpú àiú.içao neutra â" ót;"tô, empíritos reais tomados em si sucessiyos de luminárias" que precederam imediatamente a pro-
mesmos." ro
cissão. Esta se achava programada para ter lugar no dia 23, sá-
bado, que amanheceu sereno e assim continuou até o momento
. .. n T\ n .1. r cm que a crrimôÍ a devêÍia teÍ início. Poi ênlão quq rúbitâ ô
SOOIAT Àq.ur\e. & $ u, e Llt'c.{q/"}',"fbdê?
11:li:::.-{Tl.i.:::.9::"1ff-d:.::.*:^-"T:F:::,r::y-:-,:T:
- r cidos pcr uma chuva repentina, "muda voz do Céu" que provocou
à,o §^r^,€r -' cÀ. rff^'^^4^i^a r\ao ,Dt- o adiamento da festa pàra o dia seguinte.
t9
18
119A
Parece não ter tido limites a pompa então presenciada por a festa religiosa era um âcontecimento que propiciava o encontro
i!
Vila Rica: danças, alegorias, cavalhadas, figuras a. cavalo repre- e a comunicação; aliás, ests seu aspecto acabava, muitas vezes, por
qi sentando os Quàtro Veãtos, todos luxuosamente vestidos e enfeita- sobrepujar os eventuais anseios místicos, como deixa entrever o
rx
dos com pedias preciosas. 0 bairro do Ouro Preto, onde se si- último bispo mineiro do período colonial, Frei Cipriano de São
li
ruáun u üatriz, iambam foi representado, ao lacll da - Lua,- das José, ao retratar a romaria do Senhor Bom Jesus de Matosinhos:
:i Nút"t, de Maáe, de Vênus, de'Mercúrio, de Júpiter, do Sol, da ". . . tal era a confusão e tão descomposto o tumulto, que a capela
ir
,il
Bstrefá d'Alva e da Vespertina, entre muitas outras figuras' O de Matosinhos mais parecia praça de touros que Igreja de fiéis." a
Conde das Galvêas, governador das Minas, assistiu às festas junta- Atrelando-se à tradição exaltatória do mito edênico que ca-
*art" com "toda a Nobreza, e Senado da Câmara", e Simão Fer- ractenza a oônica colonial r', o Triunlo Eucarístico retrata muito
reira Machado diz não havei lembrança "que visse o Brasil, nem bem o estado de euforia da sociedade mineradora numa festa "mais
consta, que se fizesse na América ato de maior grandeza"' E, de regozijo dos sentidos do que propriamente de comprazimento
continua o autor, se dentre os povos os portugueses se destacam espiritual" 6. O que está sendo festejado é antes o êxito da empresa
p"iôr r.rr atos admiráveis, "agoia se -vêm gloriosamente excedidos aurífera do que o Santíssimo Sacramento, e nessa excitação visual
ão, re*pr" memoráveis habitadores da Paróquia do Ouro. Preto", caracteristicamente barroca, é a comunidade mineira que se celebra
qoe "majestosa pompa. e magnífico aparato" trasladaram o
a si própria, esfumaçando, na celebração do metal precioso, as
"om
S'antíssimo da igreja dà Ràsário paia a nova Matriz do Pilar 1.
diferenças sociais que separam os homens que buscam o ouro da-
Minas estava então no seu apogeu' Vila Rica era,. "por si- queles que usufruem do seu produto. A festa tem, assim, uma
tuação da natureza cabeça de todá f-América, pela opulência das enorme virtude congraçadora, orientando a sociedade para o evento
riqü"i.r a peroU precioú do Brasil." 2 Os diamantes tinham sido e a fazendo esquecer da sua faina cotidiana; é o momento do pri-
deicobertos- recentãmente, e em 1729 D. Lourenço de Almeida co- mado do eitraordlnário o sobrenatural, o mitológico, o ouro
municara oficialmente à Coroa o seu achado. O Fisco lançava sobre a rotina. No momento- de sua maior abundância, é como -se
visias gorAas sobre o ouro e preparava o terreno para estabelecer o ouro estivesse ao alcance de todos, a todos iluminando com o
a capiiaçâo, o que seria feito em 1735. Os primeiros^ resultados seu brilho na festa barroca.
da áção' do apârelho administrativo - cujas _bases Antonio de 1748 corresponde a outro grande momento de efusão barroca:
Albuquerque Côelho. de Carvalho plantara em 1711 começavam
a festa do Áureo Trono Episcopal, que celebra a criação do Bis-
a aparecer, e a inquieta sociedade mineradora dos -
primeiro§ tempos
pado de Mariana. Na verdade, a criação se dera em 1745, sendo
já 3e apresentava mais acomodada. As festas e as procissões re- designar-lo D. Frei Manuel da Cruz, então bispo do Maranhão, para
iigioras'contavam entre os grandes divertimentos da população, o ocupar o cargo pela primeira vez. O prelado deixara a sua antiga
qíe se harmohiza perfeitamente com o extremo apreço pelo as- diocese em agosto de 1747, empreendendo uma fantástica travessia
p"cto do iulto e da religião - que, entre .nós, sempre se dos sertões que só terminaria em outubro de 1748, "vencendo
manifestou s. Mais do que expres§ão de
"xt"tno uma religiosidade intensa,
doenças, perigos e privações, confortando religiosamente as almas
Iargadas no imenso vale do São Francisco, escassas populações que
L cito a publicação fac-símile fcita por Âffonso Ávila cm Resíduos seis- desconheciam a assistência regular da Igreja e que acorriam das
centtiios »itrot -i textos do século-do ouro e as proleções do mundo
barroco, "^
Bclo Horizonle, 1967, vol, l. As passagens citadas encorÚram'se partes mais remotas daqueles sertões em busca de bênçãos e sacra-
intr" págioar l3l'283, sondo cstae rcfercntes à numeração -original' mentos que o bispo ia distribuindo em sua passagem" T. Sabendo pr
"i
z:-'íPrZvir Alocutóiia' ao TrtunÍo Eucarlstico, in A. Ãvila' op' cit', que â sua chegada provocaria festividades e gastos excessivos, o
-- t, p. 25.
voi. t,
nessai festas, ficando sem fundos par& 3cU§ encargo§ Costumeiros (colserva'
I
i iota eom a festa Corpus Christi de 1719. The Portuguese Seaborne colonioís, S. Paulo, 1968, p. 37.
Empire, Londres, 1969, pp' 282-283. Portug-uese §o.ci9ty in- lhe TroPics - 5. A observagão é de Affonso Ávila em O lúdico e as projeções do
íhe'Mítntcipal éouncilí ôi coa, Mocao,- Bahla, and Luanda--.1510'1800' mundo barroco, §. Paulo, 1971, p. ll4.
d
Madieon, i965, p. lcl. Para as fcstividades religiosas na Búia' ver pp' 6. Affonso Ávila, op. cit., p. lt7.
E9.91. 7. A. Ávila, Resíduos seircenrtsras,,., p,27,
20 2t
$r' 'lr'' "'
I
já 8' Não se sabe alcançado mas a decadência iít era sensível e só por acaso
estava em decadência
cronista anônimo, o ouro
recebeu ordens das au- enconiraria-l2n
o o'bservador alguém capaz de arcar com o "dispêndio
;;il;rp.;;gi; ár*i- for'prudência ou sea festa não pôde ser evi- necessário paÍa a da sua p€ssoa e fábricas" 13'
;rü"d"í-r;;opotitana's. ô t"to i .qu" foi extremamente luxuosa'
"on."*"ção
;;ii|-f,-;ffi Ao riiunfo Eucarístiêo,
d Tudo leva a crer ter sido este o momento em que §e enceÍrou
Seo texto da festa de 1733 fala de pretos eTrono
pardos-enquanto o apogeu e começou, lentamente, a decadência' que-os anosser- 70
ãl
,iriã.ã'ro que cifrada: o barrocó se utiliza da ilusão-e-do paradoxo, [.
e, assim, o iu*o era ostentação pura, o- fausto era falso, a,riqueza
h
-T "* mas foi com o desígnio oculto de não o avi§ar, scnão na vés- &,
gastos de
oera de sua chegada, paia nao dir lugar aos- excessivo§ da América 'pompa'
e
a ser pobreza e ó apogeu' decadência' "Em tal abun- Fi .,
costu- 18'
ixj,?",'"."'. q*"ãI-i,íriià"tài-oó"ii-àourado Empório
de ser tanta a de' dâncià, que- poà"ria ver, começamos a ser pobres"
"brr"çurâ i
i:
mam ostentar-se cm ."roíi,u"tÀ iunções, sem embàrgo quem po§sq' com o
';r;;";lt* í;' ^rt^i país, que Por aca§o acha nele Em 1789, a Representação da Câmara de Mariana acusava í
prr-i i"ioirrrvação da^.sua Des§oa, i Ídb'i"o""' Áureo
-se ll
disp1ndto necessário pêra edição rac-símire de A' a percepção de que oi espetáculos teatrais usam de artifícios para
i;i;;-Epi;;;;;;;. íí.-ó
à
g. -;'5"fuia*e
lluleo Tronco...' P' 100-101' I
às so'tieaiiu, figut"t uma. dança de carijós' ounus da
gentio
i;. mutatintros de idade iuvenjl, 12. Fonte: J. I' Teixeira Coelho, "Instrução para o governo da Ca' h
da têrra. EÍa csta "iurüã"=*+-oníe plumas cinzentas caídas até os pitania de Minas Gerais", RÁPM, vol' VIII, -p. 495' &
cintura para cima, q*r-"iú*-uerir. 13. Este documento foi citado à nota I'
h
rF
iliil, I*."nàã'."ittl;" ãait"u* as.cabeçás penachos das mesmas
papel pintado, c latas cÍê§pâs; nos braços-e.ns§.-plumas'
perna§ 1a. Cf. Roberto da Matta, Carnavais, Malandros e Heróis, Rio, 1979, &
ã ôoi"it de
na das caoítulos l.2et.
I
"inúdos
ir,ii'ii ,Àiirã-prisões'oã'iit"s, maravalhas, e guizos; variedade mu- ' r
15. Roberto da Matta, oP. cit., P, 56.
dancas usavam de uns ir.ài-'.à, quc toimurãm diversos
L'
enleios, cantando
le. Iosé Veríssimo Âlvaris da'Silva, "Memória Histórica sobre a Agri'
i..
tI
23 í
22 L
t
Er,.
f.
Dreciosa oedraria. O que subjaz a este documento extraordinário Com os olhos voltados para o ouro' improvisando alojamentos
Íalso' idéia que pode ser numa região deserta até então, país.das "serranias impenetráveis,
ã';'ijéirl.ã priuao*o, ào fausto que-g- XVII mineiro' dos rios enonnes, das - riquezas minerais, das feras e dos monstros,
i.tit"áa" ao làng«r de todo o século
uma espécie das Hespériáas antigas guardadas por dragões'-'::.-'
0 grande paradoxo inicial é o signo da fome que. maÍcou o pode-se imaginar a fôme que assolou essas populações' 1697-98
narciÃeíio das'minas'-á. ãr-. o nõbre metal
-
cuia "figura"'
à tZOO-Ol foram os anos das maiores crises, quando, ainda na
Úánãerh aparece j't* p-ó, em pequenas lâminas'
imagem popular de Antonil, os mineiros morriam à míngua-"com
";gunã'it*ingot
#-úã. ungoiár"r, "rn .ií.t"l* quadrangúlares'
em
octógonos'
cima da
e pira-
outra; ou umi e*piga de milho na mão, sem terem outro sustento" 24' A
Áiaiir, i* Éminas-aplicadas às vezes uma
-turnúe* 1? 20 de rirdio de 1698, em carta ao rei, escrevia Artur de Sá e Me-
urguãrut ,"os nezes, governador da capitania do Rio, São Paulo e Minas:
;;;ü em pedaços' como. fuldi{o-s'l
un"r"t iõtmidável de'genie, não só. da Metópole
- ,,...'é íem dúvida que renãera muito grande quantia_, se os mineiros ?,nr,:tt('
;;";;;;;;-
fámo Oas capitanias vizinhas. Da praça de Santos fugiam soldados os da tiveram minerado est" ano, o que não lhes foi possível pela grande iru1.
úu."ã da riqueza das Minas, o mesmo acontecendo comcidade' fome, que experimentaram, que chegou a necessidade a tal extremo,
da da
;;;t"dil õ Ri" de
"tn Janeiro, Que:..eln troca defesa
18' Durante os que i" ãprovéitaram dos rnaii imundos animais, e faltando-lhes estes
iecetiam o soláo e uma raçao diária de farinha p"ra po.ierem alimentar a vida, largaram as minas e fugiram para
à0 primeiros anos do século XVIII, a corrida do ouro provocou
em
ós matOS com os seus escravos e sustentaram-se das frutas agrestes
;; ti;i;6ie a gsaída de aproxim.adameate 600.000 indivíduos, que neles achavam. ,,"2í. Com a falta de alimentos' as Minas
anual de a 10 mii indivíduos te' Em 1730' o governador
ie transformaram no cçuÍÍo- de lnflação da colônia: o alqueire de
do Rio de Janeiro dava notícia de dois navios dovoltar
"rea1. Porto "com
para o
milho era vendido por rinià oitàvas de ouro; o de farinha, por 32, i'
apartar deles, antes assim como o de feijão; a galinha alcançava 12 oitavas, e um ga-
i
muita gente, que se não deve i
."ino, íru, o seu desígnio é passai Para as Minas' o que. intentaram tinho ou cachorrinho chegavam a 32; o prato de sal custava 8 oi- a
i;;;;'ú; mit moaos?iã-. úa expiessaq .iá, tão ,conhecida An- tavas, e quem
- quisesse fumar teria de pagar 5 oitavas pela vara i',
i
;;i, [;-t"i;ir*" rol "de todá a tondição de pessoas"' para-dedeses-
de fumo. Morria-se de fome, "tapanhunos e carijós, por comerem i"
t:-
írini",Odu;i. il 1i09, .ra 30 mil o número das pessoas -ocupadas no fogo benr- quente, e vão botando os que estão v-ivos logo !n.1.
b-"!-- - --r
,
lii'ãiiriarais ãire.aAoras, agrícolas e comerciais, sem falar nos bolem com a quentura, que são os bons, e se come algum que
22'
ãráronàr vindos da África e dãs zonas açucareiras em retração esteja morto é veneno refinado" 28, i..
!,
l
I
Estes anos foram aqueles em que a fome atingiu os seus li- F, '
tl. DominSos Vandelli, "Memória III. Sobre as minas de ouro do mites extremos, e muito povoado foi deixado para trás pelos mi- F
B.
sotáados da guarnição do Rio de laneiro âs origem a muitos outros arraiais; até os fundadores debandaram: o t
,Ê,r-,t
ã.'J"'iriüi; á;;"úã'.; de D.1., vol' xLIX, 1929, pp' 20'22' Paãre Faria foi para Guaratinguetá, Antonio Dias foi para São !
üinu*'J 28-III-l7ll -então,
I
- ---- -
iC.- Vitorino M. Godinho, Á estrutura dg aryttga sociedade portuguesa, Paulo. Passou-se, a partir de a cultivar roças conjugadas a- I
.-r,Íii:jlu 6ii, ii. $-cq. sobie o assunto, diz Caio Prado rr': ""' umé 2?. !
Lisd; rclariv-amente às condições da colônia
às lavras Procurou-se também atentar mais cuidadosamente
íroporiti., gigantescas queque fr- --
acoirtuadã*" ,üf.ntó
;irã"-;"ú-História o famoso rush californiano do sécuto
Í11çl'- ..carta Econ1mica do Brasí1, ll.a cd', S' Paulo, l97l' p' 64' 23. Diogo de Vasconcellos,
\
História Aníiga de Minas Geraís, B' Hori' ,1,, '
20. do governador do Rio de laneiro ao capitâo Francisco Men- zonte, 1904, p. 85. 1,. l
u,'ii".
Acs Catvao sobre a tentáiiva de deserção p&re as minas de muitos indivíduos 24. Antónil, Cuhura e opulência do Brasil por suos drogas e Minas, h4i:i'
l
D'I', vol' xLlx' 19.29, p' 203' introd. A, P, Canabrava, S. Paulo, 2.à ed., s.d., p.
-úuitos r.iro..." -1s'x:l6o
áo 267. í'i.,:i'
r.-ieã"1,"i"0ós - fi.ii
,i. historiadores mineiros oscilam entre o privilegiamento do 25. Apud Diogo de Vascr.rncellos, op. cit', Belo Horizonte, 1904.
(Uuiur*) e -o d9 pauüsta na formação inicial da,popu- 26. Dôcumentó do Códice Costa Matoso apud Mafalda Zemella, O i
[,iu,
I
lit!,il
26 sí
{
H:
r'
c-arapinha 36;
ela foi, isso sim, a saída possível para os empreende_
I
por sua vez, seria mais democrática. Teylarci mostrar que as
dores, a maneira encontrada para conservar parte do antigo capital.
ôoisas se passaram de modo diferente.
{i
--/ Assim, as alforrias não se deveram à capacidad" upr"*"ãtuda pela
Em análise recente, Wilson C4íost contestou com brilho a escravaria em comprar a própria liberdade o qu" só podbria
associação entre a capacidade diíamizadora da economia mineira ocoÍrer -
!-om a produção de um excedente -_; não foram. portanto,
u iuu alta produtivid'acle. Diz o autor que, qrylar de ter gerado corueguidas pelos escravos, e sim concedidas pelos senhoies que,
"
efeitos orodutivos na economia do sul e deserWolvido a urbanizaçáo, com a decadência das atividades mineradoras,,. passaram a ter nos
o uprr"lho burocrático e o militar, o ouro não engendrou segmentos gastos com a reprodução da força de trabalho um encargo pesado
proàutivos in loco, pois importava-se â maior parte dos meios de demais. como decorrência desse estado de coisas, ,'su-catôava-se
iubsistência e quase'não havia produção interna ou retenção local compulsoriamente â'filáquina' !"'rz.
dá excedente produzido. Por ôutro lado, a pequena necessidade
àe maquinario'condicionou os investimenlos maciços em mão-de- . Conclui-se que a economia mineira apresentava baixos níyels
de renda distribuídos de uma maneira fttenos desigual do que no f-:
obra, originando uma economia de densidade elevada na qual o
escravo, ütilizado em larga representava grande porcentagem caso do açúcar 38. Mas se a sociedade mineira foi àas rnais àbertas §
-Asescala,
relações entre os gâstos com mãode- da colônia, essa abertura teria se dado por baixo, pera falta
p
r
de capítal imobilizado. quase
obra à o total de ouro produzido seriam do seguinte teor: ausência -
do grande capital e pelo seu baixo podàr de concentráção. f
-
Daí o número de pequenos empreendedores, daí o mercado maior
&
â
total de ouro produzido 644,1 t'/ouro constituído pelo avultado número de homens livres homens esses,
ü
t
- gastos quantificâveis com mão'de-obra 331'2 t'/ouro -
entretanto, de baixo poder aquisitivo e pequena dimensão econômica. I
- íaldo e gastos não quantificados ' ' ' ' 312,9 t'/ouro Em suma, levando-se adiante essas considêrações, a constituição de-
I
II
- I
A produção bruta de ouro foi elevada, e Minas representou á
I
70% d; produção da colônia do século xvlu (ver tabelas, pp.
36. Esta tese é endossada, entre outros, por loão Camilo de O. Tor_ L
37-43);'sobre
a tribu-
entretanto, o sistema colonial fez com -que. o fisco, res, op. cit., e Eschwege, Pluto Brasiliensis.
tação os e§cravos, o sistema monetário implantado e as im- 37. W. Cano, op. cit., p. 103.
que se faziam pelo exclusivo de comércio - con- Maurício Goulart em- Á escravidâo no Brpsil Da' origens à extinção do
portações - 'convergente'à
iumisiem -a sua maior parte. Deduzidos os gasto§ -de. compra ,e
t1áfico, 3-.â ed,, S. Paulo, 1975, apresenta interpretação de
"4 medida que perece a empresa, aumenta ó núrmero ãe libertos;
manutenção da escravariu os gastos não quantificáveis, o saldo
9uq9r
jí l!:t as porceritagens surpréendentes sobre a população, a partir
"
se tornava negativo. Dado o baixo nível da renda, poucos foram' de 1786.-"inpr.
seriam a conseqüência de problemas íntimos, 'de 'remoisos de
* nestas.condições, os que fizeram fortuna. última hora,- de pavor do.inferno como castig. da carne. tnlas, tamUe*
o_ eram da situação financeira: valeria mais alforriar os cativos que
Conforme rareava o ouro' os mineradores se viam impossibili
susten-
tá-los. A explicação sentimentar, decorrente das concubinug*rr, àuinu t.,
tados de suportar o ônus dos custos de manutenção da escravaria, para os mulatos; pode chegar sem dissonância até as negiar; 'não explica,
porém, a magnanimidade para com os retintos. Atente-sà uieÀ- oi.*,
situação quê o mínimo contingente-de mão-de-obra voltada para a
subsiitência não podia contórnar s6. Máquina dispendiosa, com
número de forros em 1739 e 1786: lá, a situação próspe.a, maf p*üru. ",
de 1,2?c sobre a esüravaria; eram agora, na vaiante, d" lS%. Não
pequena capacidadl de produzir excedente para sua reprodução' o morreriam supersticiosos àqueJe tempo, seriam menos ^ài"
Íetas as consciências,
escravo certamente não ieria capaz de engendrar o superexcedente ou menor o medo? Nada disso. Apenas, os acertos «le contas eram mais
nrt"ttàti" à compra de sua libêrdade, o que implica uma. revisão onerosos. Gerando prole farta, a concupiscência fora fonte de peiúnia;
quando resgatâr pecados ou mestiços chegava a cuslar 300 oitavas' por-u.."_"
das análises das' alforrias empreendidas normalmente: estas não pendimento, os acordos com.o céu deviam parecer menos urgentes.'; p.
teriam sido obtidas através de- recompensas pagas a alguma gema 38. "... a economia da mineração, muito embora ten'Àa apreientaao 169.
or pãpitu gigantesca que os escravos enconirassem eventualmentena um perfil dístriburivo menos desigual d-a renda, tal disrribuiçãã,-nu'riàiiorou,
nas'lairas,-riem com o ouro que, artificiosamente, escondiam tem muito mais a ver com uma distribuição de toi*c,, niveii ã",.iã" a,
que de níveis médios ou de allas rendas. Ç.mo certamente
operou a custos
elevados, provavelmente suas margens de rucro eram baixas pà.a- o, m"aio-
34. .,Economia do ouro ern Minas Gerais (século XVIII)" in Contexto name_nte bem-sucedidos, altas, para os pouco bem-afortunadol, irtà-e,"po.u
- Paulo, 1977' PP. 9l-109'
n.o 3, São aqueles de maior sorte no encontro do minério, e ínfimas, . oú
,.*À'n*go-
ls. s.er"ãá * .átôútot <te W' Cano' E07o da poupulação se dedicavam tivas, para muitos, para os mal-sucedidos." _ w. cano, óp, iii., -pi."iils_roo.
a miúaçaol os 2o% restante§ não dando conta da oferta alimentar'
z8 29
,j'
i
F'
u
;;;";r';ãiianiaã vizinhai. Muitos outros acabariam seguindo este à "crescente prosperidade das minas g a generalização escandalosa
;;;;1", ãutoi"t de uma súplica .dtoigigl^:^ D;,]:,"o''
e, concluíam' át dos extravios"a2. Ao nomear, em 1735, Gomes Freire de Andrada
ricas' ficará re-
"esta comarca' que àt"-,*" a"s mais abundantes e para o governo das Minas, a Metrópole tinha em mente tânto o
al'
duzida a miserável estado" incremento da deÍesa do Sul para o que o governante escolhido
Alusões à pobreza, à ruína, ao abandono u g:t,Jicavam
rele- - * como o estabelecimento de um
apresentava qualidades de sobra
guOut-"t populàções mineradoras representam a tônica dominante sistema fiscal que favorecesse mais intensamente a Coroa, contando
ãã, A*uri.nlo, ào século XVIII minêiro, sejam eles oficiais ou
não'
em ambos os casos com a firmeza e a autoridade r1o futuro Bobadela.
osdoistextosquedescrevemasfestasbarrocasapresentam.Se'por-
geral: quase que No dizer de Affonso Ávila, assim como D. João V foi o rei da
tAnto, como extremamente destoantes no concerto euforia do ouro, foi o Conde das Galvêas "o embaixador de sua
se noderia Oizer constituírem os únicos registros que fazem
menção
pompa" {3. A demarcação do Distrito Diamantino e a criação da
à"'ü;àu'.;;p;iá;;lu. úui' um motivã,. p-ois' out:-',"^-:,:.1"ottu'
Intendência dos Diamantes ocorreram em seu governo, mas há quem
viiao que as Íestividades
i^"in*ruao-aia"à,;Siiàiperada através da já ficou dito acima, meca- já veja decadência nessa época, o período áureo sendo identificado a
.ãnlrrúro ,oci"áuà". Sendo, como
u festa servia admiravel- um momento anterior: "Veio o Sr. D. Lourenço de Almeida, que
;i.[| dt reÍorço, lr".ttao " ntut'uli'uçáo,
que _interessava tanto foi o tempo mais feliz que tiveram as Minas, porque corria o ouro
;;;1; ;-dúilção de um
'*riropoiit-o-quunto
estado de coisas
colonial: em em pó al32O, muita moeda e dobrões de ouro e muita prata e cobre;
àã]ãA"
-. à sociodade esCravista
u* ort.o, é'o mando que se legitima, igualando as diferenças e' mas, atrás da bonança veio a tormenta; porque veio o Sr. Conde
ao mesmo tempo, ã""nt.Àna"-ut; ? o poãer que se
.faz
autêntico das Galvêas . . .)) t4 José Joaquim da Rocha partilha da mesma
oor conferir um espaço às populações pobres - o mulato'
o gentlo opinião, dizendo que, tendo Galvêas sido encarregado pelo rei de
ãã'r"*, _,,^riÀ,iíi,kamJntà, màntê-ias a uma disrância respeitosa estabelecer a capitação, não o fez "por ver a decadência em que
que a PomPa ajuda a delimitar' se achava já a capitania qu,e lhe foi conferida para governar" 46.
época' é
Tendo sido um dos temas preferidos pelos h«rmens da
tão pouco na histo-
curioso-lue a pobreza mineira transparecesse 42. Diogo de Vasconcellos, História Média de Mínas Gerais, Belo Ho-
rizonte, 1917, p. 65.
3r-Cf. "Prévia alocutória" ao Triunla Eucarístico' pp' 15-20' 41. O lítdico e as projeções do mundo barroco, pp. 205-206.
44. Códice Costa Matoso, apud Waldemar de Almeida Barbosa, /íi,ç-
lO. Áureo Trono EPiscoPal, P' 184'
"huõitonit"-ão"rüu*
41. Súplica oor "M';;órío, dirigida a D' Ioáo V'- apud loa' tória de Minos, vol. 1, Belo Horizonte, 1979, p. 151.
quim' Éerãiã áã, srnroi áo Distrío Diamantíno, 3.a ed., Rio, 45. José Ioaquim da Rocha, "Memória da Capitania de Minas Gerais",
páginas 75' 76 e 78' RÁPM. vol. II, p. 486.
t956; as passag€ns .t;;# ;;h;;'tt-t"*p"tti'u*ente nas
30 3l
II
fl
Já Tcixeira Coelho louva a prudência do conde, prudência essa
Na ,,Instrução" do desembargador Teixeira Coelho a periodização
1
33
32
depois d:-qt1"-*"11t ut
A percepção inicial de que a Metrópole se prejudicaY-a pen-
nas, prenunciando a fisiocracia: "''' e sando sé benêficiar desdobra-se no desvelamento gradativo da ver-
enriquece' à pou'ot .p!'o destruír
minas de ot)Ío, que ,"i"iá*-porra " dadeira natureza da economia mineradora e na conscientização do
a muilos, sendo as,otit'ottt''ninasdô Brasil os canaviais e as ma- estado de pobreza da capitania das Minas, que passa a ser o foco
ihud"r, em que se planta o tabaco"
61'
principal dàs atençóes. Pressionado, talvez, pelo Morgado de-Ma-
Emmeadosdoséculo,AlexandredeGusmãoapontavao ieus, êntão governador de São Paulo e ocupado em levantar dinheiro
,*".I*i*noo portugal de "correr ignorantemente e tropas para as guerras do Sul, Luís Diogo Lobo da Silva-.revela
''iqi",o
eneodo das minas,
imaginária ãas Minas de ouro' que
nos
Hêü,il;;il'ã; ao côlegá de cargo a "palheta dourada" que todos acreditavam
pareceu encontrarmos aí "ouro riaciço": "Õ conceito, que a V. Exa. deve esta capitania a
tem arruinddo e empôbrecido, quando nos estes textos a preo-
;J;;;tta fortunalin'' Notà-se em. todos respeito da opulência, que lhe considera, é igual ao que fa-
acaÍetava paÍa -dela
cupação com os *Jtt que o "pernicioso metal" zemos na Euiopa, e lhe julgam todos os habitadores dos Governos
sua colônia: "' ' as Minas da América ( . : . ). Porém logo que se conhecem a fundamento, e
a Metrópole e, secundariamente' para a
são a ruína de Portugal' e o oúro a perdição das. Minas"' obser-
-nátiii" se entra na substancial inteligência da qualidade destas, sua substância,
vava o autor anôni*"";; ai yt-o'"'nao' hierarquizando os
na des- ramos ele que dependem, e estado atual a que tem chegado, refle-
e colônia
e, ao mesmo'i"Àõ",'ãliãránáà u"tropole com o engodo tindo na prbguiça-dos seus habitantes, se vê com evidência o quanto
danos do
graça comum ó8. Uma ê outrâ se prejudicavam é diferenie a realidade, da opinião geral, que logra da rique.za, que
ouro H. não possui"66. Assim, paradoxalmente, a famosa capitania seria
na reàlidade "uma das capitanias mais pobres, que tem a América", o
'"
mcral. se abalaram também os europcus" c"Àiãiiia de lesus" ' (1752\' que se devia em grande parte à diminuição dos jornais e- ao des-
do venerável pr- n't'iiío""aí'páiúlt ao flrezo pela agriculiura, mànufaturas e criação de gado. O motivo
a
lI p"iiü, r'a., p. 204. o eriro é mel'- qrifo é meu' que leva a esse desprezo não é, entretanto, abordado.
51. Cultura , op'tín"7i-'-"' p' ?27.:,.O ip' tit" p' l5l' o griro é
52. ^rpud vitorint"itít;úã":'éãanr'ã' lJma vez detectada a pobreza e entendidas as Minas como
mêu.
53. "Rotciro do Maranháo a Goiás pela Capitania de Prauí" - RIÍIGB' o seu cenário, elabora-se a formulação de que o fausto é falso, de
t*"S"';r3à""á;,r,no, que a natureza do ouro é intrinsecamente enganadora. Porém, con-
a nobreza metropolitana de então se perdia em "facili-
o ouro e que acabara contaminan- forme se configura a franca decadência das Minas, começa a surgir
dades irresponsáveis" que lhe emprestav& prosperidades do ouro" a necessidade de explicar esse estado de coisas e justificar a pobreza.
do todo o povo a" i}iull'.;T;-"üái *-irut'"t
Godinho' oo' cit' Parte-se então para uma série de racionalizações que, a-pesar de mais
Iíx.ã-.rro,,inas de marginais' - utn ditado que Diogo de elaboradas, reívalam no problema sem dar conta da sua verda-
54, A dupla tace ão ouro transpar€"t
-M{'í'i;t "fo'
'no- iocantin§ e úos Crichás' di'
vasconcellos cita na J'"-i+ri'7":" meses'" p 153' deira natureza.
zia-se que a riqueza vinha em um ano' c a molte em seis
-
o tema do falso;-õ;;-'ài a"tt"tuoo.na história lendária de Fernõo Num primeiro nível s Ín315 elementar de todos -, surge
Dias peis, que saiu p"r'J J,I*aã'.À--uor"u
a" osmcraldas e encontrou pedras a explicaçãb de que não -há riqueza devido ao extravio e ao con-
iúrao de ter descoberto as famosas pedras
verdes gem ,ator, moãridã-'nu
tem uma pa§sasom alusiva a egtc trabándo. De faio, tudo indicã que este existiu durante todo o
;iliffi-i;rbJ ó#;;;0"ãe-Ã"araoc período minerador,.constituindo-se em preocupação central das auto-
respcito:
'E as esmeraldas, iidud.r coloniais. As medidas contra o extravio e os extraviadores
Minas' que matavam atingiram intensidade máxima no Distrito Diamantino, onde as penas
este crime eram violentíssimas e abrangiam uma gama de
:.'ff;J"§""ioJill'" "onit,
variações que ia desde a prisão até o degredo e a .qgrt: civil66'
c quando se achavam
Grupôs poderoso. chegaram a se envolver nessa atividade ilícita,
cram verde cngano?'
(- As imPurezas do branco' P' 109) t"iiu acontecidd com o Padre Rolim ea famflia Vieira
"ornt 67.
Couto
-ttítaã-"
ComentandoapobrezadacapitaniadesãoPaulo,diziaoMorgadodc
P;b;[-":" riqueza !o ou19 ge-11ltiJicou uma
Matcus ao futuro
;ô.ü'-u* .oiã* mãos estava, pois não podia 55. Carta dc 9-IV-1766, DI, vol. 14, 1895, p. 171 . O grifo é meu'
fclicidadc transitória ü;; sorte que o rendimento 56. Este assunto ssrá.tratado com mais vagar no capitulo 3'
permaneçer não havendo em que §e empregasse de 57. A sugatão é de Maxwcll, que aponta tâmbém.a possível partici.
ôutra vez pâra sar próprio dono"'" Carta
fizesse círculo, ou retrocedessc - pação dos alto-s funcionários coloniais no negócio, Conivento ou não, o
J.-ri--Vllt-t265, D'1. LXXII, 1952, p' 7l'
35
34
formismo ilustràdo vigente na Metrópole a partir da década ile
A explicação U, d...dência-
-sao pelo extravio se articulou basica- 90 so, tem-se a de Ferreira Câmara e as de Vieira Couto. Este,
mente do lado ao poOet, os bândos, são os governantes' é'
mais
na sua primeira memória a de 1799 fala da necessidade da
ã-;t;-;üt"e*,'üuiünr'o de Mello e casiro' o ministro de -
metalurgia do ferro na mineração. -
constituíam as causas principais'
D. Maria I, para qu.rn u.-;;ituuáes" para o Vis- Mas é em Eschwege, anos depois, que o problema aparece
Sobre esta cer'teza *"'-u*rtou a sua Instrução Política
conde de Barbacena datada de 1788' É necessário atentar para o claramente formulado. Segundo o mineralogista alemão, a pobreza
fato de, nesta concepiaó, iiqut'a^se identificar com rendimento das dominava inúmeros arraiaii auríferos: "Se se pergunta, nesses lu-
quotas do ouro, o qoà-"ipúêa o ângulo privilegiado: é a riqueza da gares,'usobre a causa dessa decadência, obtóm-se como resposta ter
ãiAo escassez do ouro que impeliu uma parte da população a
Metrópole que continua em questao ""'
pelos membros deixar o local e outra a cair na miséria, pelo abandono dos ser-
A partir dos estudos científicos levados a cabo viços de mineração. O observador superficial aceitará essa expli-
a; e""á.ri, ãe Ciências de Lisboa - entre os quais,
.D. Rodrigo verdâdeira, e, propagando-a, dará urna idéia falsa sobre
ãã Sorru Coutinho *, o extravio deixa de ser a explicação pre-
"ução
um dos"orro
assuntos econômicôs áe maior importância para a cap'itania
ferida e as atenções ,"'uútu- fu'u u inadequação dos método's uti
'Galga-se um segundo patamar de Minas', 61. A região continuava rica nas profundezas, prossegue
iüuàát n, e*trrção do metal. assim
Eschwege, e apenas a riqueza superficial havia sido explorada:. mas
na tentativa de iompreensão do problema' isto nãõ sabiam os mineiros, pois eram ignorantes em matéria de
Em 1791, a Junta da Fazenda opinava sobre o estado da 62'
mineração e adotavam os métôdos os "mais inoportunos"
caoitania e o decrésci*ã a" arrecadação^do ouro' traçando- o perfil
adotado: apro- Em 1813, o Conde da Palma também acusava com clareza os
ãJõ;";", pãi toaot aqueles anos,-o.procedimento motivos da decadência: "erram todos aqueles" que não apontarem
veitamento do ouro áio"ion"f e Os iacii extração: " ' ' ' foi naquele
as dificuldades dos trabalhos da mineração, advindas ou da "pro-
temp. ae abundância, e quando a extração do, -::l1^ouro era
fundidade, em que se acham as formações do ouro com os entulhos
que achava junto nos corregos
-àÉpà.ituao' pois
mais tácit e menos dispendiosa; corridos de outias lavras indiretamente trabalhadas, ou pela riqueza
aonde estava como pelo àecurso de longos anos pelas
e Obstáculos que Se encontram nas montanhas, por. onde atravessam
;;;rudu, qr" "otlaiu-í"-À"ni" a' conduzia dos morros: hoie porém os veeiros, e em que existem as matrizes, as quais não é possível
seachasomenteno""nt'odosditosmorrosdificultososdesela. pelas poucas descobrir sem grande risco das fábricas e sem muita perda de ser-
uurãá, nao só pela sua situação, e falta de águas' como viços pela falibilidade dos resultados" 63.
forças dos mineiros
Uma vez extraído o metal de aluvião' os -veeiros de
grupiara Há memórias e documentos da época onde a contestação do
pela terra extravio como categoria explicativa da decadência aparece associada
ou meia-encosta, os de galeria, enfim, os que adentravam à falta de braços: ãssim em Eschwege, assim no Conde da Palma'
paÍa a qual a técnica rudimentar
aDresentavam extração rãais difícil,
as me- Num terceirn nível explicativo, surge a idéia de que a mine-
ãã.- rnir.it"s das Gerais era bastante inadequada' Dentre
qr" á problema e se insêrem no clima de re- ração é ilusória porque, na realidade, não é trabalho. Este, por sua
*Oriat estudaiarn
vei, configura-se claramente como praga bíblic,: -pen-oso' demorado,
p.Optf- desembargador Gonzaga. teria diamante§ em
sua casa: se o magls- difícil, é lrovação necessária paÍa a obtenção final da felicidade;
ili.ito-.ããiercio, pessoas che-g-adas a ele o faziam' Ci'
trado não exercla
" trad.,
À-d"r^ro da devassa, 'meiá Rio, 1977, pp' l2l-122'
Gry su1 o rendimento baixou em Minas
5t. " ' . . durante nSq' má*ito percebido' para.35 apenas'
60. O reformismo ilustrado é estudado no livro de Fernando A' No'
O.."is-'(...1 d" f fs-arr;úas'ecirto
"^ uma só vez à administração vais, já citado; Maxwell também estuda o problema em "The generation of
exatamente 50 anos depois, não ocorreu sêquer
prâoo rr., Hístóría Econômica do th"'fiSg. and the idea of luso-braziliam empire", in Dauril Alden, Colonial
outra explicaçao qu.'"ã"'i;r;ã;.;- ó;F Prado Ir' não Roots of Modern Brazil, Betkeley, 197t, pp. 107'144.
-que p' 6i' os dados de caiototal dà cr:lônia
Bra.ril, ll.i ed.. S' Pailo;'19;9' 61. E chwege, Pluto Brasiliensis, trad., S' Paulo, 1944, pp. 241-42'
me parecem -aur "iãio o autor toma a produção
62, Â idéia da riqueza das camadas proftlndas parece não correspon-
í.j.'iiããria" úinui'-Ceiats, onde o ano de maioi- arrecadaçáo foi o
"o.r.to.; der à realidade, pois, segundo caio Prado Jr., não teríamos rochas matrizes.
dc 1738'
meios de- se res- História Ecbnômíca do Brasil, P. 60.
59. "Ponderações da lunta da Fazenda sobre os do quinto do ouro"' 63. "Correspondência do Conde da Palma - 1810'1814", RÁPM, vol'
sarcir o preiuízo da Real Fazenda çom a arrecadação
XX, 1924, p. 356.
* RAPItl, vol. VI, 1901' P' 167.
-1 I
36
feição de verdadeira riqueza 70. Na "Memória" datada de 1798,
da José Elói Ottoni comparava sua época com a "época venturosa" de
"uma rirtueza achada
- 'não nascida
de re.oente, e com facilidade' e'
t;átt;:; J" tiãÚurno",*será sempre perniciosa D. Manuel: "Donde se deve concluir que infelizmente para o nosso
06' Portugal se descobriram as Minas; pois que nos fizeram desprezar
Sendo atividade extrativa, o ouro §empre acaba, não ê eterno as verdadeiras riquezas da Agricultura para corrermos cansados após
mais imediato' e de um fantasma de riquezas imaginárias." ?1 O "Discurso sobre o estado
mas atrai os homen, àevido ao seu "caráter
oo' Ninguém precisa. encorajar os homens .para atual das Minas do Brasil", de Azeredo Coutinho, também se atrela
;;."1;; "tÉcie"
^mineradora, pãis "o natural instinto, de que nos dotou a essa linha explicativa. Cavar ouro significava então cavar a própria
a- atividade
ã n*oãi", oe -.rÉp."pelo caminho mais curto
ui"iot *"*pt" à nossa ruína, pois já não se viviam mais os tempos do bullionismo, e a
"a*int 0?. Mas há Inglaterra, onde em 1776 Adam Smith publicaÍa a Riqueza das
felicidade, fará que ;;j; muitos mineiros"
curto
que ter muito cuidado, pois- nem- sempre o caminho
mais é Nações, estava em franca fase de revolução industrial. Na obra do
verdade' o ouro é' riqueza bispo-economista, mais do que em qualquer outra, plantar surge
o que, a longo pruro, t'ui a felicidade: na como sinônimo de trabalho, enquanto minerar significa jogo e aven-
aparente, "que não indo de par com -
as reais' desaparece de
tura; o agricultor, com o trabalho contínuo e a utilização de má-
súbito" s8. Isto não *p"ai, q,i o Estado português descurasse da
quinas, aumenta a sua riqueza e a da nação: "Não é assim a
agricultura e se vottassJ t*clusiua*"nte para
a mineração' continua
pols, que §e restaure aquela que é respeito do mineiro: a maior extração do ouro não depende do seu
o mineralogista do Tijuco; urge'
a madre terra todos os braço, depende do acaso, e muitas vezes o que menos trabalha é
a verdadeir" ,iqu.ru,', ';qu"-'oi oferãce s0 o que descobre um tesouro mais rico" 72. Riqueza "casual", "va-
anos, em ,uu ,"norudu siiperfície" e que' para florescer' não riável" e "caprichosa", o ouro transferia essas virtualidades para
as entranhas que
precisa quebrar os montes nâm revolver e arrancar o mineiro e para a nação nrineradora, assim tornada "inconstante":
vem tão fatal
a geraram. Mas fica uma pergunta no ar: "Dondede gêneros que "Uma nação sensata não deve imitar os desvarios de um jogador,
inércia? Donde tanta --iiÀ'indifãrença para
"tetiiidade
a cultura deve estabelecer-se sobre bases mais sólidas e mais permanentes" 73.
cada um deles po,ieria de muita gente?" Estas são as proporcionadas pela agricultura, riqueza verdadeira,
^ enquanto o ourq não passa de mera representação da riqueza.
tamM'm por
O reformismo ilustrado português caracterizou-se das minas" pas- Muitas vezes pertinentes, estas formulaçóes não chegaram ao
riqueza.
um revivescer tiriocraiico, a "'imulinária cerne do problema, apesar de, uma vez ou outra, terem nele res-
sando a *r, ,n"uruJu u. mal e a agricultura assumindo a
valado. Conforme viilumbrara a câmara de Vila Rica em 1751,
"o*o
não havia na colônia gênero algum que saísse "para fora mais do
"lnformação da capitania de Minas que o ouro" 74, e este, uma vez em Portugal, logo passava para
o+ n""rio *Teixeira devol'savedra, 1891 , p' 674' os países mais adiantados da Europa, pagando as importaçóes do
c.."LiJ taog RAPM, -II, Mawe se pequenino reino l':so 76. "De fato", constatava amargamente Pom-
'passado, com a' população
No -começo oo secuto .escandalizava
preconceitos heredi-
mineira c formulava .ü"dt"idi',.,,f "ar.áiaà,
hábitos,
entrõgucs à perspectiva bal, "Portugal permitira que seus tesouros fossem usados contra si
tários os tornam inapü. í;;;*". vida ativa;....pt" isentôs da lei universal da na- mesmo e, por isto, as riquezas das minas eram quiméricas para
de enriquecer subitamente, imaginam oestar o suor do seu rosto"' vía'
turoza, quo obriga o il;;;;;;;h"t pão com
aos Distrítos do ouro e Dia' 70. Formulaçôes essas desenvolvidas, entre outros, por José Veríssimo
eens ao ínterior a, iiiiii"
ti":"ríi iri"" §lr., p' -'iiiiiipot'i'nt'
tll' .,:, sobre Álvares da Silva na sua "Memória histórica sobre a agricultura portuguesa",
Jü-í; pit'"ntt na "Memória -^L-^ a^ .,ririáoÁa
utilidade pública citada por Fernando Novais, op, cit., p. 205.
65.""à','
Esta idéia
em se êxtrair o ouro :Í;;"Mffi;-ãr--*otinor dos poucos interesses .que fa' 71. José Elói Ottoni, "Memória sobre o estado atual da Capitania de
q;; ;;;;;;- igualmcnte no lirasil"' de Àntonio Pires Minas Gerais" 1798, .{BN, vol. XXX, pp. 310-311.
zem os particulares, - Cunha Àzeredo Coutinho, op. cit., p. 7.
72. I. J. da
ãí"sirr"'Pont", I-eme'- nlpu, uol' I,-1896' 9p' 41747í'
-Iosé
de l\Ienezes sobre o
66. "Exposição ;;;";;;à"t ô-' r'úrieo 73. Idem, idem.
estado dc dccadência ;"" ;;;i;fi;-àe-Minas
õerais e meioe de remediá-lo" 74. Carta da câmara de Vila Rica 3-IV-1751 cit. in Waldemar
de Almeicta Barbosa, op. cit., p. 199, - -
II, 317'.
- nlPU,
vol. 1897, P'
I;útmOria sobre--as Minas da- capirania de Minas
67. J. Vicira coíü,
.
75. O'argutíssimo Antonil constâtara este estado de coisas ao falar do
Gerair. suas oesçriç#,;'*JuiãJ, ã-aãtúlií.próprio'
À mançira de itinc- desçerbrimento do ouro:
n'passa em pó e em moeda para os rçinos estra-
ia-iiã.;; líoi RAPM, vol. x, 1905, P' 84' nhosi e a mênor parte é a que fica em Portugal e nas cidades do Brasil..."
*
68. Idem, idem, P. 83' Antonil, op. cit. p. 304.
69. Idem, idem,
39
38
\i1!1i !r ili
í""u á p*ã .o*o fonte e princípio das riquezas d: uT país: para Na consciência do colono, o prohlcma se encaminhou diferen-
pouá taborioso, riqueza; para povo rico' nação igualmente rica'
côntinüava,' pirptexo, o mineralogista' como explicar temente. Mais do clue a decadência, irnpclrtava explicar a pctbreza,
fu"rr" concreta e palpável para o habitante das Minas. Não conta, neste
"uro,
"um ente que não existe na natureza, um erário rico de uma
nação
caso, que os inconÍiclentes fossem membros da plutocracia local clue
pobre?" í7 Fanfarião Minésio afastara do poder e do usufruto d'e suas benesses;
As questões colocadas por Vieira Couto haviam começado a tampouco é relevante o fato de Tiradentes ser o filho decaído de
,", ."rpon,lidas com nitidez durante o movimento da Inconfidência umá família que tivera melhores clias c que ansiava ascender so-
não parecia o mineralogista fazer- caso talvez cialmente. 0- que cle fato interessa ó a tomada de consciência do
Mineirâ, mas delas -. "viver em colônias" que então se verificou ?1).
i;;ã;; áesconfiança dà sediciosa tivesse pesado sob_re sua família.
il 'tato, foi aquele o momento em que a percepção do.. estatuto Ao Tenente-coronel Francisco de Paula Freire tle Andrada,
colonial'aflorou às cãnsciências mais ésclarecidas do Brasil, e não dissera Tiradentes que, apesar de tanta riqueza, Minas era, pobre
ioi o""rinnul o fato destas terem primeiro setodo manifestado na ca- "só porque a Europá, como uma esponja, lhe tivesse chupando toda
piili";;-;r- " ao-tuf.o fausto. Durante o século XVIII, a substância, e os Exmos. Generais de três em três anos traziam
dos domínios portugueses de
[áiu--uqu"ru a regiaó mais lucrativa
-violências uma quadrilha, a que chamavam criados, que depois- de. comerem
,fiir-J., reatro ãe fiscais e do autoritaiismo ilimitado a honia, a Íaznnda,- e os ofíçios, que deviam ser dos habitantes, se
ão. tor*trunt.t. Aos poucos , -a decadância' da capitania * que' iam rindo deles para Portugal" ao. A idéia de que a riqueza, dre-
t" viu acima, forâ alegada desde muito cedo começou a
nada para fora, engendrava pobreza. acha-se presente em tudo quan-
"ornJ não -
apen-as indefinida to de subversivo se imputou ao Alferes: teria abordado Antonio de
assumir contornos precisos nãs consciências:
;;;d;i,-.rt àiti"il de ser delineada devido ao fato de estar Afonseca Pestana para convencê-lo de que "este país das Minas era
imersa na realidade colonial, e de corporificar a dependência;.
Não fertilíssimo e riquíisimo em tudo; a não ir toda a riqueza para fora,
para a voracidade do fisco' e
seria a terra da maior utilidade. . . " sr' José Vasconcelos Parada e
;;ái;; foir, hur., orià qu"'chegasse não obrigato- Souza o ouvira afirmar que 'oeste país de Minas era riquíssimo, mas
ã *ui* quantidade de ôuro en-cont.ádo malhas do sistema co-
significava,.
riamente, iiqr"r". Quase nada escapava às tudo quanto produzia lhe levaram para fora, sem nele ficar -cousa
lonial: fisco voraz,
-tributação
sobrà escravos' sistema - monetário algumá..." ri Segundo dissera ao tenente Jos'ó Antonio de Melo,
e importaçàes feitas- -pelo exclusivo de comórcio eram tli Cavalaria Paga da capitania, Tiradentes considerava desgraçado
-ôrigem
"rp""iti"o para, a retirada do ouro' o seu lugar de "porque tirando-se dele tanto ouro e dia-
os meios de que se'tetuiu a Mltrópole
o colono' mantes, Àada lhe fiõava, e tudo saía para fora e os pobres filhos da
Esse mecanismo gerava pobreza, implicando'. Para . ttii.
numa sociedade escravista' isto América, sempre famintos, e sem nada de seu"
impossibilidade de ào*pru, escravos;
iÀpU"aua mais pobreza. O círculo se fechava' e o verdadeiro
tema o mundo de pobreza em que se movia o mineiro - €ra' 78. Utilizo, de maneira esquemática, a análise da crise do sistema co-
-
através dos tempos, reõoberto pelÔ tema da decadência' lonial empreendida por Fernando Novais no trabatho já citado' A percep-
ção clara do dilema metropolitano ante a evasão do ouro pâra os centros
A percepção da decadência do ouroprôservaçãoprovocgu' .do lado da úegemônicos apârece formulada em D' Rodrigo de Sousa Coutinho' Cf '
visando à dos seus do- Novais, op. cit., pp. 215-236.
t tetrópoie, mlàiOa*-ietõi*i.iu.
79, Às coniideraçôes sobre a plutocracia mineira e sobre a procedên-
mínios. Não era a pobreza da colônia que se achava. em questão' cia de Tiradentes foram tomadas de Maxwell, A devassa da devaçsa. A ex-
impli-
nem a percepção ú;t; d; pobreza da úetrópole, -à pois estado pressâo "viver em colônias" é de Vilhena, € serve de título ao capítulo II do
caria transformuçoes radicáis que levariam supressão sis- irabalho de Carlos Guilherme Motta, Átitudes de inovação no Brasil *
tema colonial e da-defendência portuguesa ante a Inglaterrâ; daí 1789-1801 , Usboa, 1970. Nesta obra, a tomada de consciência dos "seres
coloniais" é analisada com extrema propriedade.
80. Apud Maxwell, oP. cit., P' 153'
81. Apud Waldemar de Almeida Barbosa, op' cit., p. 420.
76. Apud Maxwell, oP' cit. P.24' 82. Idem, idem.
77. Vieira
.áimã, Couto, sobre a capitania de Minas Gerais' tcu 83. Idem, idem.
territbiio,
"'ü.mótíu'
iic.",'tligg), RIHGB, vol' xI, 1848, p' 125'
4t
40
Vinte anos após a Inconfidênci3'' " :til#,lt;:t':: SlJit;;;
i,
;i
i1
i1 HôTni;;;ix1llíi*::'H!ü1i+-{:9:::'l;";'ilqirán'lidaoeae
satisfeitos de ter encon-
i
Íl
l:
ouro que lhe era '"p't"uàu'}t''pu'""""tn
p"?ã-àr'"t;os acreditarem ser todo
o ouro 2, O Império Colonial, ergástulo de delinqüentes'
trado oportunidade se deveria chamar
qt13 sua terra
e'
i;
enviado à lnglaterra, ""#;;i;* Rica" A riqueza enga-
as conquistas marítimas tiveram um papel muito im-
De fato,'absorção
atualmente vita .vonrlifildffivúa
il
dos mendigos e -vagabundos . da metrópole'
apanágro # ô*t '"TÍq:ulu*:lt:i'#à'Í:H"láJ':::
portante na
nadora
-
ã""ãprrc*É t".H.1"r#:"lltfr" a"urada
llll hqi- ::::j'i-'^,,'"Ião a. lusão
.que
muitas ,rr", r""rutados à força para fazerem serviço militar nas
p"tt"-rO"t de além-mar. A juriip-rudência selvagem de Portugal
temPos, pelo tema ."formismo ilustrado pro- io nntigo Regime sentenciavá mirltidOes de pequenos larrápios e
em pepita maciça e que
iiu"'.rtirl*a prisão e exílio: todo navio que partia-para
curava ultrapassar
vs7 "á*
p'riuti"* -
:L1T:;;"
f,esvelada a sua veroa
"il*? i'ilitllSli; outros infratores com
á-Éia*if, India ou Áfriôa trazia, sobretudo a partir do século XVII'
iltãirã",'ffif a sua quota de degredados 21.
"As possessões ultramarinas foram sempre para Portugal o er-
tli'*gxs-*-frçl.ç;fuffi
iliãtü*ão au' Yl'"' um
rorças 9o-.,::'l
prov'ocou enriquecimento apa-
gástulo dó seus delinqüentes", disse o historiador. português Costa
Lobo. Formaram-se importantes correntes migratórias para as co-
Herculano, u Aá'"t'i"ndo-o num grêmio social' culas lônias, sendo a da Indiá particularmente intensa entre os anos de
'utnt'ã"marítima
rente, empou"t"noá'-ã "
8ó'
t+gi-tSZl, quando 80.000 homens deixaram a Metrópole22' Pelo
o;;dü; e o mendigo"
funções caracteristrcá-s-f;;;;;;éculos ",r5""q'"+* 19. Rui d'Abreu Torres, "Mendicidade", in loel Serrão, op' cit', vol'
IIl,
"-' p. 18.
10. Ántonio Sérgio, op' cit,, p. 29. ver também "As duas políticas na-
cionais", in Ensaios II, Lisboa, 1972, pp. 63-91,
21. Charles R. Boxer, The Portugiese Seaborne Empire - 1415'1825'
---A 1969. Sobretudo o cap, XIII, "sotdiers,
settlers and vagabonds",
'1o\ fdt ' á+
f-onOies,
iesfeito da pouca gravidáde, aos olhos__da justiça_contemporânea, dos
0 [tY t" eo,\^f"F^^^q' coin degredo, ver Emília Viotti da Costa, "Primeiros
OelÍtos eniào castigados
ÉououOot.. do Bãsil", Revista de História, 1956, XIII, n'o 27'-Segundo as
õidenações Manuelinas, em trechos citados pela autora, o degrcdo podia ser
imoutado aos "que fazem assuadas ou qUebram portas ou as fecham de
,ãit. p"t fora",'e ainda aos "que compiam colmeias para matar as abe-
''-
lhas". p.3.
- À. d.
22. Souza Silva Costa Lobo, Históriada sociedade em Portugal
no século X/, Lisboa, 1904, p. 49. Apenas 1/10 dos que embarcavam
-uoltavam a Portugal: "Dos embaicados, uma grande parte constava de cri-
,úórói. que havãriam de morrer na forca, ou de terminar uma parte pp' ou'
o i.rto'de seus dias no degredo da Áfriça ou na8 cadeias." - op' cit',
48-49.
57
presos e embarcados para o Brasil" 24. cantilistã europeu se encaÍregou de propulsionar seu povo-amento
com uma g.rnde parcela de elementos socialmente desclassificados.
Já em pleno desenvolvimento do Imperio Colonial português, por toda a-Europâ presenciou-se o recrutamento forçado dessa gen-
o alvará de 1570, expedido sob o reinado de D' Sebastião, estabe- te, emigração qüe, no dizer de Eric Williams, "condizia com as
lecia a diferença entre a pena administrada aos peões, que se carac- teorias meicantiiistas da época que preconizavam vigorosamente que
terizava pelo fato de poderem ser açoitados, e a destinada às pes- se pusesse o pobre no trãbalho industrioso e útil e se favorecesse
soas de mor qualidade, castigadas muito freqüentemente com o de- a emigração, voluntária ou involuntária, a fim de aliviar a proporção
gredo. Isto não quer dizer que os peões não fossem afetados pelo ae poires e achar ocupações mais proveitosas no ,e_strangeiro para
degredo, mas a recíproca não era verdadeira: ama pes§oa de mor os ôçiosos e vagabundós ãa metrópole"ã' Em 1664, a Inglaterra
quâlidade nunca seria açoitada; esta última categoria era degredada baniu para as cólônias uma enorme quantidade de vagabundos, va-
preferencialmente para a África, ao passo que os peóes eram expe- dios, d'esocupados, ladrões e ciganos; nos anos que-antecederâm o
didos para fora de Lisboa, mas continuavam no país
5'
Toleration Áct (16&9), os distúrbios políticos e religiosos engros-
As Ordenações Filipinas reforçaram, no Livro V, título 68, as ,"rurn u emigração, que arrastou, entrê outros, muitos dos prisio-
disposições que, trinta anos antes, fizera D. Sebastião: "Dos va- neiros irlandÃq a" úomwell so. A deportação de criminosos che-
dioi. Mandámos que qualquer homem que não viver como senhor, gou a proporcionar lucros, negociantes e juízes instrumentalizando
ou com amo, não tiver ófíció, nem outro mester, em que trabalhe. ou á tei pir^ âumentar o número de criminosos deportados para as suas
ganhe sua vida, ou não andar negociando algum negócio- seu, plantãções antilhanas de açúcar: "Aterrorizavam os- pequenos
õu alheio, passados 20 dias do dia que chegar a qualquer cidade, transglessores com a perspectiva de enforcamento e depois os indu-
vila ou lugàr, não tomando dentro dos ditos 20 dias amo' ou se- ziam a solicitar deportação" 31.
nhor. com quem viva, ou mester em que trabalhe e ganhe sua vida, Parte considerável da mão-de-obra recrutada para o povoa-
ou se o tomar, e depois o deixar, e não continuar, seja preso e mento das colônias norte-americanas foi abarcada pelo sistema de
açoitado publicamente. E se for pessoa, em que não caibam açoi- servidão temporária: o indivíduo assinava um contrato em que se
tes, seja degredado para África por um ano" 20. comprometia a trabalhar por tempo determinado (entre 5 e 10
Se vadios, mendigos e toda espécie de pobres pulularam em unor;, recebendo, em troca, a passagem' a manutenção de sua sub-
Portugal no período cómpreendido entre a consolidação da dinastia sistência e, no fim do contrato, um pedaço de terra ou uma-inde-
de Avis no poder e o florescer do Império Colonial, as condições nizafao em dinheiro n2, O tratamenfo dispensado a esses infelizes
internas do pequeno reino não favoreceram a sua diminuição' No
século XVIil, ao se referir às naus que partiam, dizia o- cronista
-prendendo
Luís Montez Matoso que "já se vai para a Índia" 27; 28. Boxcr, op' cit., cap. XIII: "Era comum que algumas semanas antes
da partida anual iara ás Indias, circulares.oficiais fossem enviadas a todos
em 1667, a Coroa promulgou uma serie de editos violentamente re- õr á"*igão"i.r dá Comarca lembrando-os de reunir e_ prender o-s criminosos
pressivos, ordenando o sentenciamento sumário de pessoas que ainda iietivos ãu potenciaie, a fim de quc fossem sentenciados ao dcgredo para
a Índia." p. 314'
- Williams,
29. Erii Capitalismo e Esuavídão, trad', Rio' 1975, p' 14'
21. Dr. José Vieira Fazenda, "Antiqualhas e memórias do Rio de 30. Idem, pp. 16-17'
Ianciro", RIHGB, vol. 149, 1924, p. 53. Devo esta indicação a Leila Mezan 31. Idem, p. 19.
.{lgranti. ,2. ..Os tsiorços realizados principalmente
-servidão na Inglaterra,
para l-ecrutar
24. Apud Rui d'Abreu Torres, "Vadiagem", p. 219. mao-ài-oUra no reúmc prcvalecen[e dc temporária, se intensificaram
25. Apud Vitorino Magalh6cs Godinho, op. cit., pp. 116-117' ;;; pio.periAaOc do negócio. Por todos os meios mesmo procurava'se induzir as
26, Apud Vitorino Magalhães Godinho, op. cit., pp' 172'173. Dessoas'que haviam comciido qualquer crime ou contravenção a
27. Idem, p. 156. íinAii:*r=pá.a trabalhar na Âméiica-em vez de ir para o cárcere. Contudo,
58 59
entrepostos e feitorias que marcou o comércio com a Ásia ainda
praticâmente não diferiudo que receberiam, anos depois, os escra- propiciava lucros a Portugal, no Brasil já se plantava cana e se
vos negros. Ainda para Eric Williams, a servidão branca teria sido comercializava o açúcar, permitindo, assim, que se fale, já para
o sistema sobre que se montou o tráfico de escravos: "base histó- meados do século XVI, de uma agro-indústria voltada para a expor-
rica em gue se ergueu a escravidão D€gra" 8s. tação de gêneros comerciáveis no mercado externo.
Colônia da época mercantitista, seu objetivo máximo era dar
3. Brasih estrutura econômlm c Proce§so de desclassifice$o §ocial. lucros à Metrópole e nela propulsionar a acumulação de capital
através do exclusivo de comércio e do tráfico negreiro, constituin-
Até aqui, foi rapidamente analisado o processo de pauperi- do'se em "retaguarda econômica da Metrópole" e lhe garan-
zação crescênte que xingiu em cheio a Europa sobretudo a partir tindo a autonomia 8a. A adoção do trabalho escravo se deveu, nes-
do século XIV. Mais ainda, os mecanismos de que lançava mão se contexto, à necessidade de maximizar os lucros através, por um
o Velho Continente para, uma vez descoberto o Novo Mundo, mi- lado, da superexploração de uma forma de trabalho compulsório-
norar o ônus representado pelos pobres improdutivos e' simulta- limite pois eram apropriados o trabalho e o trabalhador
neamente, povoar as colônias que se iam formando. Procurou-se
- às grandes
por outro, vantagens comerciais que advinham do -, trá-e,
também móstrar como Portugalf às vásperas de se tornar metrópole fico 8!.
colonizadora, inseria-se no movimento geral europeu. Assim, pro- Assim, a exploração colonial se apoiou, desde o início, na
cesso de pauperização e utilização dos pobres e desclassificados co' grande propriedade agrícola de cunho comercial e no escravismo.
mo povoádores das colônias adquiriram feição de dois gJandes mo- Resta saber como um e outÍo elemento atuaram no processo de for-
vimentos que marcaram a história do ocidente no período com- mação de desclassificados sociais.
preendido êntre os séculos XIV e XVil; tê-los como ponto de refe-
iência é imprescindível para se poder compreender as raízes do fenô- Partindo-se da análise da estrutura econômica da colônia, p*
meno de dêsclassificaçãb tal cómo se prócessou no Brasil colonial, de-se constatar que havia condições favoráveis à proliferação de
mas nâo é o bastante: a compÍeensão das condicionantes estrutu- desclassificados: nas suas linhas gerais, tratava-se de uma colônia
rais que propiciaram entre nós õ aparecimento de uma vasta camada de exploração voltada para a produção de gêneros tropicais cuja
de hômens iivres pobres e expropriados só poderá ser satisfat6ria comercialização favorecesse ao máximo a acumulação de ôapital nos
na medida em qué, considerando o que há de comum. e -genérico, centros hegemônicos europeus. Uma economia de bases -tão frá,
buscar a ultrapaisagem: procurar o esp@ífico e o particular'
Colônia americana de uma metrópole eurofia que o paupe- 34. Utilizo aqui a análise de Fernando Novais no trabalho já citado,
rismo atingira desile o século XIV, o Brasil fazia parte do Imperio sobrctudo o capítulo 2, "A crisc do antigo sietema colonial", onde é anali-
Colonial português, inserindo-se portanto no que ficou coúecido sada a colonização moderna como elemento acelcrador da acumulaçáo pri-
como Sistema Colonial da Época Mercantilista. Mas, antes de sur- miüvtr ". ,. a colonização do Novo Mundo na Epoca Moderna aprésenta-se
como poça dc um sistÇma, lnsírumento da acumulação primitlva da época
gir nas colônias norte-americànas, nas colônias do Mar das Antilhas do capitalismo mcrcantil. (. , . ) Complata-sç, entÍementês, a conotação do
óu nas do mundo hispânico, foi na colônia portuguesa da América ocntidô profundo da .colonizaç6o: comercial e capiralísta, isto é, ,ír^rnto
que se enraizou a esciavidão. Mais ainda: enquanto o sistema de constituivo no proc.§so de lormação do capltallsmo moderno,,, p, 70.
35. Para Fçrnando Novaie, é a partir do tráfico negreiro quc ie pode
oÍrttndcr a cecravidão colonial, e na "prefcrência pelo africano ie reveia a
o supÍimento de mão-de-obra deveria ser insuficientc; pois a prática do rapto coSrcnagem do eistoma mercantilista dc colonização, que visava promover
da adultos e crianças tendeu â transformar.ge em calamidade pública nesee a acumulação primitiva na metrópolc: ora, o trálieo ne§reiro, isto é, o abas-
paÍs." Celso Furtado, Formação Econômica d.o Brasil, 7.a ed., §ão Paulo, tecimcnto dae solônias com cscravo§, abria um novo J importante setor do
1969, p. 26, comércio_colonial, ctrqustrto o aprcsame[to dos indígenas era um negócio
33. Eric Williams, op. cit,, p. 24. intcrno da çolônia. Assim, os ganhoo comereiais rcsuitantes da preação- dos
Para esse autor, a escravidão "faz parte dessc quadro geral do trata- úorígines mantinham-se na colônia. com os colonos empenhados neise ,gê-
mento cruel das classes desprivilegiadas, das ingensíveis leis dos pobres e ryr9 dc vida'; a acumulação gerada no comércio de airicanos, entretânto,
severas leis feudais, e da indiferença com quc a classe capitalista ascendente fluÍa para a metrópole, realizavam-na os mercadores metropolitanos, enga-
estaya "começando a calcular a prosperidade em termos de libras esterlinas jados no abastccimcnto dessa 'mercadoria'. Esse talvez sejá o segrádo du
c... acostumando-se à idéia de sacrificar a vida humana ao imperativo sa- melhor 'adaptação' do ncgro à lavoura... eeçravista," p, lOj.
grado do aumento da produção," p. 9. -
-
61
60
tornando mais complexa devido ao Bumento da "camada intermé-
geis, tão precárias, centrada na gÍande propriedade gtÍ:ll^"
nu
a arrastar consrgo um dia", cuja indefiniçáo inicial foi, aos poucos, assumindo o caráter
Eipiotuçe.i cm larga escala, estaia fadada de desclassiÍicação 88.
constantemente afetados pelas flutua-
;lffiffi,i*.rã J."inairíduos, 86' Ao mesmo tempo' A camada dos desclassificados ocupou todo o "vácuo imenso"
ções e incertezas do mercado
internacional
-de
cabedal tivessem acesso às fontes que se abriu entre os extremos da escala social, categorias ."nitida-
impedia que os o".piouiããt úente definidas e cntrosadas na obra da colonização" 80. Ao con-
geradoras de riqueza.
processo um trário dos senhores e dos escravos, essa camada não possui esÍru-
o escravismo desempenhava n€sto
Por sua vez,'i*pottuot", parte das vezes tura social contigurada, caracterizando-se pela fluidez, pela insta-
p"p"i i-gu"f*"nt" btoqutunao na maior
bilidade, pelo trabalho esporádico, incerto e aleatório
ao. Ocupou
livre' limitada assim
as possibilidades de ffitâã"-à;]ãáo-a"'otta podiam ser ac fungõei que o escravo não podia desempenhar, ou por ser anti-
ú
aos interstícios que, ;; j,.",";. -
motivo ou por outro' não-
da cconômico desviar mão-de-obra da produção, ou por colocar em
ocupados peto traUatttrã t"f"ii esteio economia
risco a condição servil: funções de supervisão (o feitor), de- defesa
"inOu: g€rava uma des-
e orincípio articulaoái da sociedade, o escravismo e policiamentô (capitãodo-mato, milícias e ordenanças), e funções
;riiiil;ld"-àã- ti"u"to aos olhos do homem livre' e provocava' coinplementares à produção (desmatamento, preparo do solo para
bastante pe-
no escravo t"oer-.gr.tto-dã cativeiro, uma situação o plantio).
culiarequenãoraro-assumiaascaracterísticasdêumverdadeiro
deslocamento. Mer*o ;;.i"', o número dos homens livres e liber-
-àe"órrer
No Brasil, como no Ocidente moderno, o trabalho decente e
do período colonial. honrado é o que se relaciona à praga bíblica: "amassarás o pão
il';"meni". muitr-oo com o suor do tÊu rosto". Mas há diferenças básicas entre a con-
Essa população livre tevÊ, entÍetanto' um
papel extremamente
cepção de desclassificado na Europa pré-capitalista e no- Brasil co-
ooculiar no nosso .àri.,à áú* tíiciatmãnie' conforme viu toirilt: lá, a inadaptação a formás sistemáticas de exploraçio do
l#;d;;orí" roi derinida basica-
c"i, ii"ao Jr.,'a sociedadee§cravos' trabalho pode ser eiplicada pelo nascimento da sociedade capitalista
ê os que os por-
a"rtu^ pilo, ,eu, extremos: os senhores que deseitruturou o trabalho de caráter coletivo dos servos feu-
tugueses coúeciam l-"iptot'u"m desde o
século xV87; as funções «iais; aqui, são o escravismo e a necessidadB da superexploração os
sócio-econômi""t bim definidas' No decorrer do pro- principais responsáveis pelo aviltamento do trabalho, aviltamento
"t;;';;tão,
cesso de cotonizaçao,-'os exúemos da escala
social continuaÍam a ãsse ciue torna impossívei a compreensão e a persistência das formas
ser clarament" .oniiioi"Aot, mas a estrutura da sociedade foi se primitivas comunitárias e assistemáticas de trabalho, como foram
38. "Mag formaram-8c aos pouco8 outras catcgoÍia§, que não cram de
--ffi;o Furtado chama a atcnção,, rP obra i6 citada, PaÍa a ênormc
rcfluxos do mer' êücravos nem podiam scr dc sonhorcs. Para elas não havia lugar no_ sistema
ffffitr";'iãitti. aos fiuxog e produtivo da colônia. Apcear disto, seus conti[8ont.s foram crcscendo., cres-
croacidadc aa ino,nstriJ
caào internacional; rciere-se etrtnetrnto mrãoioa.io, aog bens dc capital' àimcnto quc também cra fatal, c reeultava do mcsmo sistema da colonização.
'^"'n"nyrãiiJ p"ut" "o mJsáo remcdiada muito sofreu
Parccc cvidente que
" Açabaram constituindo uma psrtc considcráI,el da população c tcndondo sem-
obscrva orrtrà autor: "... iá assinalei eta pÍ€ para o &umÊnto, O dcscquilíbrio cra fatal." Caio Prado Ir., op. cit.,
com aEsa instabilidade, cbnforme altcrnam' no tcmpo e no cEpaço' -
evoluçio po. ur."n.or,' por ciclos Gm p.
quo- sc-
do Brasil colônia. 360.
prosperidade ,oio..,''"""qr;ãil; J-lirto.i" i*nômica 39. Caio Prado fr., op. cit', p. 281.
As "
repercuesõcs iiíõii" foram ncfastas: Gm cada fasc
*r"il ãJ'"riJiii Gstrutura colonitl, dcsagrcga'ee- 8 parte 40. "Para cstc sctor, n6o so podc ocm ao mcnos falar Êm 'catrutura
desccndcnte, acsfaz-sc'uÀ-p.a-"ç" d. social', porque é a inrtabilidade e incoçrência quc a caractcriz-am, tcldcndo
da sociedade atingida Um númcro mais ou menos avultedo
;;í"';ti;;' tãriit-i dc
cm todôs oi caror prrs Êltar formac cxtrcmas de desagregagão gocial, táo
indiÍíduos inutiliza-sci ffiã"'ü 9"ti üai a" rubsistência' Passará
reliontes o caractorÍstiças da vida brasileira c que notei em outro capítulo:
caio prado !t" Formação ilo Bra'
a yasptar à margom à"ttã;;'i;tt-; 56o Paulo' 1973' p' 286' a vadiagçm e a caboclização." * Cuo Prado Ir., op. cit., p. 34' -
sil Coatcmporanro t\ôiii,-Tlr -"4' Em Clrculto Fcchdõ, diz Florcstan Fçrnandes: "Entrc cg§e§ dois cxhe'
ScmelhanteéaposiçlodcSérgioruarquo.dcHofanda:..ospróprios mos gituava-sc luma população llvre dc posição ambígua, prcdominantcmeute
tin'tram criado' em todo o Brasil
vlcios do sistema tto'nãoiitó ài nrúuçao mcrtiça dç brancoc é indígcnas, quc se idcntifiçava com o eegmcnto.domi'
nanti cm tcrmos dç lçaldadc e dá solidaricdadc, mas ncm scmprc ec incluÍa
i**llirl*,,t*ri,;;'3;'*triíaruJn'r""*g#,*lfft
"rt;;;;;:i:;-à" sao Éaulo, te16' PP' 7t'72'
'Il:"3 ns ordcm atamontgl. Ondo o crescimsnto da cconomia colonial {oi maig
intcnso, essc aotor ficava largamente marginalizado, protegcndo'sc sob a Ia'
I das origens à extinção do "condenando.sç
37. Ern
Goulart fornecc um paincl -
Esc?ãviaai-iltíiiàiio 4'*itgeral
dos primeiros tcmpos do àc subsistência mas a condições permsncntc§ dc anomia
socill." Circuito Fcchodo, S. Paulo, 1976, cap. "A sociedado cscravista", p.
"oura
náÍico, Maurício
cscravlrmo ., po.tuiJ't n"t iu"t
-
cot6nias' Cr' cap' l' pp' 1'28' 32.
63
62
a africana e a indígena. Nas metrópoles e nas colônias, é o mo- a autoridade or-ganizada aa: "No s€rtão houve duas assuadas, uma
mento da gestação do capitalismo; entretanto, ap€sar de comple- Tntla o_
_ju-iz de Papagaio que ia tirar uma devassa na baria do
m€ntares, conexas e até mesmo indissociáveis, são diversas as for- no das velhas, outra- nos- confins da capitania para a parte do rio
mas com que se apresenta em um e noutro ponto do mundo. É das v-elhas, digo rio verde, contra o comissário André Moreira
de
nessa unidáde contiaditória do fenômeno que se explica a especifi- Uarvalho, encarregado da cobrança da capitação, e suposto que só
cidade do processo histórico em cada uma das partes. constass€m de vadios que como diziam não queriam q,r" ," iirrrru
dcvassa aonde nunca se tirou, nem se cobrasse áii.itã- urgo-- ,"ur
A noção de trabalho vigente na colônia é importante paÍa a ronde só se devia dízimo a Deus. . . " 46. §stes vadio, ,ão, por-
peculiaridadc no§§a: a extensão qye .Êfltre
-assume de outre
compreensão tsnto, indivíduos que, ao que parece, formulam co* clareia a sua
nós a expressão vadiagem e a categoria vadio, Mais do resistência ante o Estado, insistindo na persistência do localismo.
que na Europa pié-capitalista, o vadio é aqui o indivíduo que- não
Podem, nesse contexto, ser opositores bem situados sociarmente,
si insere no§ pàdrOes- de trabatho ditados pela obtenção do lucro mas que segue na mesma carta Íaz pensar que sejam
imediato, a deiignaçao podendo abarcar uma enorme gama de indi- -uq .trecho
víduos e atividades esporádicas, o que dificulta enormemente uma mandatários de potentados: "... mandando logo prendei Antonio
Ilnoco
definição objetiva desta categoria social. _Irarcellos, que por cartas de pessoas quê reputo zelosas e
verd-adeiras, me constava fomentar os vadios que fizôram
Atentando-se para algumas das conotações que a palavra assu- 40.
as assua-
dos"
me no trabalho do jesuíta Antonil, pode-se ter uma idéia dessa
multiplicidade de acepções, aqui referentes a fins do século XVII Em carta de 24 de julho de 1736, Gomes Freire, ocupado com
e iníõios do século XVIII, já que a Cultura e opulência surgiu em negócios no Rio de Janéiro, congratulava o interiná p.tur';uãrrra-
llll: "Para vadios, tenha enxada e foices, e se se quiserem deter veis.providências que tem tomadõ para o sertão a exiinção
aá, ua-
no engenho, mande-lhes dizer pelo feitor que, trabalhando, lhes cllos"'.
_aqui claramente identificados a revoltosos az. Trabalhador
pagarão seu jornal. E, desta sorte, ou seguirão seu caminho, ou esporádico, homem desprovido de dinheiro, criminoso, ruáráó,
-*rure-
de vadios se farão jornaleiros" al. O vadio é aqui o indivíduo não vado, revoltoso e até mesmo potentado dissidente, utguáu, Ou,
inserido na estrutura de produção colonial, e que pode, de um mo- conotações assumidas pela peisonagem do vadio coloniai "i, Apesar
mento paÍa o outro, ser aproveitado por ela. Mais adiante, An- da. imprecisão, pode-se, na maior parte das vezes, identificar
vadio
tonil opõc vadio a homem de cabedal: "Conüdou a fama das e nomem pobre expropriado, mesmo que para isto seja necessário
minas tão abundantes do Brasil homens de toda a casta e de todas uma leitura cuidadosa fontes. O que ie torna flagrante a par-
as partes, uns de cabedal, e outros vadios" {2. Vadio, nesta Pas' .das
tir dessa lcitura é, entretanto, -
o destaque especiar daão ao iero,o
sâgem, é por extensão todo homem desprovido de dinheiro. E ain- como designativo da infração e da desclassificação, o q* já-fora
da em Antonil, a palavra adquire nova cor: "Os vadios que vão apontado acima quando se constatou o u* qrl á"rru'putáuru
,"
às minas para tirar ouro não dos ribeiros, mas dos canudos em j.T-,_T_r leis portuguesas. Por um motivo ou poÍ outro, por mais
quo o ajuntam e guardam os que trabalham nas catas, usaram de e fluida que tenha sido a ,,camada intermédia,' noi tempos
traições lamentáveis e de mortes mais que cruéis, ficando estes cri- I:t,111",
coloniais, não parece pequeno o papel nela desempenhado pelo
mes sem câstig6" {4. Este vadio é, portanto, criminoso e ladrão.
que
se convencionou chamàr vadio, expressão que, de^agora
ài"nt.,
Identificados genericarnente aos infratores são os vadios dc que será
.freqüentemente usada neste irabalho como siriônimo "rf,de des-
fala a.correspondência entre Gomes Freire de Andrada e o gover- classificado social.
nador interino Martinho de Mendonça de Pina e de Proença, quan-
do tratam dos motins ocorridos no sertão do rio São Françisco em 44. Diogo de vasconcelros, História Média de Mrnas Gerais, capítulo
1736 e que, segundo Diogo de Vasconcelos, constituíram-se numa "Motins no sertão".
típica rcbelião de potentados loceis contra o fisco, ou §eia, contra 45, Carta de Martinho de Mendonça a Gomes Freire
in "Motins no scrtão e outras ocorrênciàrãm-üfi;r -ô-*iir',, 2g-yr-r736,
- ãiiil,' ,ot.
I, p, 649.
1896,
41. Andró Ioão Antonil, op. cit., p. 16E. 46. Idem, idem, p. 650..-
42. Idcm, p. 303. 47, "Das cartas do exmo. sr. Gomes Freire de Ândrade. ..,,, in RÁpM,
4?. Idem, idem. vol. XVI, ll, p. 246,
64 65
--a,a,!ll1ílwm"Fl*i"
W*n r*a::ado Ircrr rlm siçtems 5ue s-muJtaneaÍDentÊ êo .F§me- ,§üE!TIIE{rJ!-!§ ..B-"t' .tr*J-ÍL' rtr'i *d ..i.-'1lJ 'ir' - .\ "t
do que em qualquetffig.;J'iio-ãu o. 50. Para cssa itincrância da cmpresa e o baixo teor de capital fixo'
imediatismo' o caráter pro-
.o"'"t,"ã'i-tií"ián"iu' "oronia'
I
vcr Cclso Furtado, op. cit., p. 82,
a instabilidao" I
i 51. Miran dc Bàrroc .Iatif, op. cit., p. 91. Entretanto, durantc todo o
visório assumido pelos empreendlmentos' pcríodo mincrador, parccc tcr sido- maior o prcstígio da mincração. aluvio'
tempos, "freguesias
os arraiais auríferos forarn; nos- primeiros o ãutor do diário I nal, Na aua "Memória' dc 1799, Vicira Couto dá um motivo possível: "O
móveis como os fiffi;^ã; iã"i'noleiertà;;"' horror de se sotcrisr um homem cm uma mina por todo um dia, dc sc
da viagem oo át Minas se espanta com o aspecto despcdir ao trartocr do col dc sua brilhantc luz, c dc s6 se guiar pclo fraco
"ona"êã;;;; plantadas vilas clai6o de uma candcia, dc ouvir cetalar a sada instante a montanha aobrc
de São João del R;, ;;;ã"'aã-t"i àãi mais'bem (uase todas as a cabeça, o cspcrEr a cada paeso pcla mortc, parecc quc c§las coigag -foram
das Minas, o" das piores' 'npor eterjuntamente pelas dçsgoctándo pouco a pouco os homens do trabalho das minas, e cnfim os
"r", "niiàtinio,
casas de palha, o*u^oi'ii *;J*.das-Lutiashoje s9 f,1ze^m' ama- dctãrminaram por uma vcz para a mincração dos rios". p.
- op. cit., 303.
lavras de ooro, "qo.'ti"t iilittto.
delas' que 52. Mawc, op. cit., pP. 154-155.
nhã as botam ittãltiã-ti"tuthut' o'qut causa toda a irregu- 51. Caio Prado Ir. considera os deslocamentos de população como en'
"rnDe fato, a empresa *inJiiu era transitória
e iti- saios caractcristic,amentc brasileiros dc procura dc mclhOres son'
e tentâtivas
laridade..."40. diçõcs: "No Braril, estc fato é particularmcntê scnsívcl pclo caráter quc to-
mara a colonização, aprovcitamcnto alcatório cm cada um dc scug mometrtos,
a':9: o,-*lo u'
D'-'Pedro como vêremos io analigar- a nossa cçonomia, de uma coniuntura passagcira-
iB: fü[il'0""n'i""r',1;lul' É"oro
lÍ!.'r", o. elm9r.§r'
desta até no ano de 1717" mcntc ftvorável. Cultiva-sc & cana como sÇ cxtrai o ouro, como mais tardc
Ianeiro até a cidade ot''Sãã "t-úinát' se plantará o algodão ou o café: rimplcsmcntc oportunidade do momento,,."
:'li;;,tr; tto SPHAN, n'o 3' P' 313' "
67
66
rmr|úm.*'ry
à desigualdade e injustiça na distribuição das datas minerais glosam
essa análise. , i.l
;;.àfi "outravarl;çoã:;n",'l::i"',âut:ii:tli**:*'-m'*:: um possuísse, donde parece ficar descarta$-a a- possibilidade' para '1,
i'I
o homem livre pobre, de possuir lavra suar'7' Mesmo que-se tome rij
como ponto de'partida a ãfirmação corrente que diz ter sido muito 'i
:ii:lilq,ç*rtlfr il+l*lt#u,5+:ggl5-,** raro o'homem livre que, mesmo pobre, não possuísse -escravos, de-
frontamo-nos com uma situação dà injustiça e desigualdade, refletida
I
iüIlr*"Í;ffi itiirffi e
iI que'
até nos documentos oficiais. Essa situação acha-se descrita em car-
ta do Ouvidor-Geral da Comarca do rio das Mortes, datada de
1733: "Senhor. Na forma do capítulo 5.o, e 20 do Regimento .:,
I
I' ,i
1 xl;r':ll '":t1t;ir'*âr,*1'ff
i'!iaà,1"^.'"'*iat
fill"t1llct,"a'o'nu
da cha-pada'
das terras minerais, é V.M. servido ordenar se repartam estas, se-
:!
S$rirrtiryry
Ê i gundo o número de escravos, que os mineiros tiverem, repartindg-se ': t
:.,
as datas, braças e ainda palmos, sendo necessário, para que todos, ;{
[ill:l,m."'g-i'j*t{ffi #*t'+:.üx':,tffi assim ricos, como pobres, fiquem acomodados, e extraiam ouro, o
que se tem praticado tanto pelo contrário nestas Minas, que os ricos
.t:l ..:
; :i
4\ it
i
# ,::|
I
I
,$r
\_ -.
62. Carentes de mão-de-obra,
número no serviço insalubre àas lavras
ãs mineiros com freqüência faziam os trabalhos de maneira ina-
;;d;à;,- átuhando canais que ainda poderiam ser úteis: "Deste
,Jao ui terras de mineração em poucos anos se tornam inúteis; e1.
e
Até
ãi mineiros sucumbem aos miserávàis efeitos da indigência''
;; fíl1,of ài antigos e ricos mineiros, empenhados e falidos, caíam
na miséria, e desãsperançosos da mineração, escondiam-se no's matos
*H$,s*$d*ç*l*rua**m
.n' poo.o.
"..tu,?,lr;eã-.?. ::r.-j:sr;' d^u- 5. As várias Íormss ds utilidade dos desclas§ificsdos'
não poderem !e T^-*i,.,rr.,u I;oo"no minerador*u,.
ditícit para o .p.":":,*-"'l?iiJo
somando-se aos aventureiros do ouro e aos desclassificados que
1.,,"",":'yT'i.flâ'à:"T";'ãp""*oi.l?'.',,'lt#'11'il'0n""'u'u'' fortugai despejava nas Minas, toda uma camada de gente decaída e
o minerro.
custoso,
não- tinha na miséria' sobre-
::.:u§3"'il""'"i"."rn triturida pelá engrenagem econômica da colônia ficava aparentemente
Não se^minerava sem razãõ de õr, vãgando pelos arraiais, - pedindo - esmola e co-
Não .,u, assim' *-:"1*f;'"3*".*fl1"à'"u;iil;: em srande
li,ãã iJra" ,J,i"'à""*o'i'iã'n mida, brigando peÍas eõtradas e pelas serranias, amanhecendo- morta
sem escravos'
1
"
iü';;l*
":';;r;'â"
"ortoror, ãut pont.t ou no funão dos córregos mineiros' -Muitos
"i'j?'i""''1'*tâ: Â: "*úáro
morriam de fôme e de doença, mestiços desraçados que, não bas-
Ti'H3'-b;'$i:"'i iil" ; àesclassificação social05. na
e econômica, traziam estigmatizada
ê:Ti1i.uã",""iu'JI i?.11il#'*
:::'.t"formuração.0. D_i?Il
de vas- p;ü ; Jesclassificação racial Sua presença inquietava os- admi-
sobre as Minas;
i,i.truàor", coloniaii e todos aqueles que escreveram
dentre estes, cabe destacar o âesembargador Teixeira Coelho'
à doença
62, ". . . como mortais, estão os e§cravos eujeitos à velhice' uma.cata
. a Ãorto; e esü muitas ".rá*,e acelera ou debaixo das ruínas de
-iorÀ qoi-om" im-prcvista cheia
profunda, ou no ccrco aài.iot' ou outro algum
*nx*'*hçxçí**l*,g:'dffi
Hi.i#xil+:+i*,rl"i3:t$k1t",'"**.",,i.nril**i*l
1
rístrca exclusiva da colônia portuguesa seteceniista, mas podiam ser
encarados sob um ângulo especial, que desvendava a sua peculia-
ridade. É nesta peculiaridade que reiide a questão.
it
rl ,:]
.i
A) Entradas.
dmmgx*6
e
o tal 70
crime, que tiver cometido ' ' ' " A
p".ào" meu nbme
Landeira"r,
não vingou devido à morte dé Agostinho Barbalho,.e. nada
mais se sabe soÉre estes possíveis informantes a serem utilizados
ntt.o.; a abertura s yvÍ"-'--
in ApM,
\ úiu "ip"aiç*. Mas a ..r*u idéia que
sociat inOefinida aparece na narrativa
de informantes de condição
José Joaquim da Rocha
z \,, _ 10-I-1?73, i
Pais, que entrou para o sertão le-
faz da bandeira de Fernão Dias
vando cem hastardos: estes, às margens do Vupubuçu' foram .expe-
didos "a fim de examinar a finalidade das terras crrcunvlzlnhas a
\ este lago, a ver se achavam alguma língua, que melhor as infor-
rnurr* ão que buscavamu 77. haitardo podia então designar tanto o
i
filho naturál como o mestiço, sendo certamente esta a acepção a
que diz respeito a passagem iitadu. De qualquer forma, tratar-se-iam
i]*#:nry**à*";t*xÂ*lf"qF""-"]:''? de elementos de mísera condição, arregimentados pâra engrossar a
empresa arriscada do sertanista.
ràírtuf
6ç;'#::*"xlll",x'n",i"iii:r^:sru;r".Iãipo,.iuo'o' +_
sentenciados a trabalhos forçados e até mesmo requisitavam ordenanças das
milícias, no que o monopóliô real das armações contâva com a colaboração
mffiruffiw*mmgm ,f-u, ,utáriAaAàs. Sob ameaça de prisão, também se recrutavam vadios, fre-
qüentadores de tavernâs, moiiro pelo qual muita gente fugia ao ^se aproximar
á temporadn da captura da baleia."
- i3. Aristides àe Araujo Maia, -
RÁPM, vol.
rais",'76.
Jacob Gorender, 9P' cit',, p.' 229'
,.Memória da província de Minas Ge-
VII, 1902, P. 26.
,í
e excertos de alguns escritos com relação à empresa de
,.Traslados li'
Agostinho Barbalho Bezerra para descobrimento das esmeraldas. com al- ,,i
.t
gu1nu, obr..uações e anotaçõés" -- Provisão de 20-V-1664 in Rz{PM, vol. â
75 r:t
r;{
ir{
14
,W
'i
l
de desclassificados. A desclassificação seria, pois, particularmente
intensa naquela região, que se constituiu assim numa amostragem
privitegiadi do fenômeno ao mesmo tempo em que aliviou as outras
iegioes dos seus elementos indesejados, funcionando como uma
"válvula inteÍna". t
n) Presídios.
.*f${Irrl;"#ffi*fir,sffi ,,ór*u
"
brrnpo, o do Peçanha, o do Cuieté, que ao que tudo indica é
localidad-e que algumas vezes súrge designada como Casa
"da casca ou casca 82. Situada no lado sul do rio DOCe, era cor-
tada por vários córregos, ribeiros e rios menores, e em suas margens
encontrava-se ou.o; itas havia um grande problema: índio bravo'
botocudo. Esta conquista havia siclo promovida por Luís Diogo
LoUo Oa Silva, pelo'Conde de Valadáres e - por D' Antonio de
Éoronha. Este último procurou torná-la produtiva, para lá se di-
rigindo em pessoa a ti de setembro de 1779'3. O.presídio de
*,
úl
i
I
nü***fffit*gglffi
âlT§I t"""ii;t-*t '3g
onde es
r-^^,accificador
A-bre Campô fora desenvolvido pelo Conde de Valladares, e sua
conservaçãô fora considerada de enorme utilidade pelo- mesmo
D. Antonio de Noronha: ". . ' porque além de haverem nele Minas
donde se extrai ouro, serve de embaraço ao gentio para penetrar
aquele sertão, e hostilizar as muitas fazendas, que se -achavam po-
vóadas e culiivadas nas vizinhanças do rio Casca ' ' ' "
84
i\!
ff #lfik*'rm**r.*,**#
il:ffi "ü
ç. fl krdr$,ri *tffi#*l
l
O envio de vadios para os presídios e conquistas foi medida
adotada por praticamente todos oi governantes nas décadas de 60,
70 e ató'mesmo 80 do século XVIII. As Cartas Chilenas criticam
a arhitrariedade de Fanfarrão Minésio e de seus prebostes no trato
com essa gente:
ãi-r-$ru :-'ffi àe'gentio situada no iogat hoie denominado Cuieté, ao meio dia do Rio
Doce em distância de 5 léguas."
83. Teixeira Coelho, op. cit.,
op. cit., pp. 42Ç427.
- pp. 487' 488 e 489.
E4. Carta de D. Àntonio de Noronha citada em Teixeira Coelho' op'
cit., p. 509.
77
I
i
:*í*lq-fÉ)t,i,t§*'ü*",,''lrru+'lü"'"u'Frei'iasde i
,J
I
1t
16 tt
Üs*"-*
-Y§"i!|*4#!tm#@
- : :- .-s::-;;;:''-ã:''
em aProveitl' "t:1o'i o qual costumam ser remetidos em muitas ocasiões alguns réus de
D. Rodrigo José de Menezes ry:": crimes menos graves. . . " oo De fato, a documentação não indica
íi:
"u,n"íào-ôu'w"*T'ffi ,l;i;i:,*"f
veitamento .4" *'oi1'.?i,;r" o* enviassem o: +*I,ãS1*,":;"*=,3ü
transgressões graves como motivo de degredo para os presídios: liji
"i1i?*1, liXi"?Jrt, u" Manuel Lopes Pena, Dionísio Pereira Brandão e Joaquim de
Almeida Pinto, presos pelo comandante de São Gonçalo do Rio 'i:: ii
"ã.lã*uroantesdist',aàL§irã-ni.I"-r_u","ra;l"H'ri1tr3,ulÍâ.,o, Abaixo, só seriam remetidos para o Abre Campo caso ficasse fla-
it
;l
ri
.ri,l:t
ãácio"a"l as receitas da coroa' alrvranu sem o que, sua sorte seria o Cuieté sl. Pode-se assim imaginar
ill
oúblico; terceiro'. *ã:;;;;t -t. -a quantidade de infrações ri ,l
insignificantes que jaziam detrás de muitos il,l
, . r 1_^-r âvnÍê§so o seu .
"on.ái do Cuiete:
oresídio I'T""s' C) Obràs públicas e lavoura. ,ll:l
"*,ii"'p",i,","""*lf;,]o":k:H:i,:i*,it*i:'"""':::fl iti
Para o trabalho em obras públicas sempre foi comum o €mpÍego tl í
.;;'-"i?ü:.l',1ê,àni.a" m.
lT1"i,e'#,üi*;;;1*iã,t'*i9^"-Xl#1,1*:'.T*f .;f#,* de desclassificados Devido ao terrível depoimento das Cartas
Chilenas, ficou famosa a construção da Casa da Câmara e Ca<teia
it
!i
,i1
i
li'.';$t;[.fr,*li"*;fl de Vila Rica empreendida por Luís da Cunha Menezes, o Fanfarrão ,l i
eram locais Pouc« ";*1;ffi .l1ú
i,
r
4$-. *fiffi*f:'â*Iffi
i lá:-::1- ; e sesmarias o alferes loão Pereira (. . . ), alferes da ordenança do destaca-
mento dos forros" * l9-X-1770, ÀPM, S.C., cód. 186, fls.78-79V.
90. "Para a IüÍesa do Desembargo do Paço" 2l-lll-1812, in RÁPM,
-
vol. XVIII, 1913, p. 499.
91. "Para o capitão-mor Manuel Furtado Leite de Mendonça"
2l-l-1773, APM, S.C., cód. 199, fls. EV-9. -
92. Conforme decreto de 4-IX-1755, os mendigos e os vagabundos de-
ffi6d;;6*$çtffig1:3'.;,n$ü1k;
lô",1tr ::Ij:";.;;;;.
"... "r"s
continham nus veriam trabalhar nas obras de Lisboa. Rui d'Ábreu Torres, "Mendicidade",
p. 19. Na França, durante o inverno de 1516, procurou-se empregar os va-
[â{'"r]*'"'j":*'}:iÍ*:.ff '[]r;ti!!:ffir#'Jf t*n;ti;Xi
d":lit.,';'t?ã"õo"rno..."tribúiu
gabundos nos trabalhos destinados a elevar fortificações; quando este não
rorÍílraçEu .'",1H ;"iá"'ã-h. Noronha,. a podia ser oxecutado devido ao nível alto das águas do Sena, empregavam-s€
uti- vagabundos parâ rcmovcr a lama e o lixo das ruas. Geremeck, "Criminalité,
::."H|,X'J,.:; )"ôáôã; vasconcerr-os'iL TL'",àiii"'i;;;; a idéia da vagabonrJage, paupérisme...", p. 351. Na região do Vale do Paraíba, os ho-
mens livres pobres eram utilizados para "rcsolver o crônico problcma de cons-
irn"'l"§',tl:'.-m,râ,:Ii".â'"','T"sH.EIhl*rx.ffi ,,il3;i."e trução e conservação dc estradas". Maria Sylvia de Carvalho Franco, ÍIo-
EB'. "ExP^ursryav ã iapitania de Minas t
mens Livres na Ordem Escravacrata,2. ed,, S. Paulo, 1974, p, 97,
i"ilPM;;;l' ll, l8e?, PP' rtl'lt:'
artndo de dccaocnçta'-
79
78
{tili!,r' '1r'
mfiffm*-'m*ffi$lm*
que serviam a um certo Manuel José, apaniguado do Ouvidor do :li.:
T
ffiI;H$}}fr
gõverno'o. Em IÜIõ' Ia uv rÀ'r -- I outras pessoas, lançando os habitantes de Congonhas na maior ilit
;iii
1
r'
- carta
e ^^rtc consternação 1o8.
iiài I
textuaís' caÍta 3'a' pp' 88'95' it$ Ii
ffico,'as chilenas' fontes Diogo de Vasconcellos aventa uma hipótese segundo a qual ,íli I
os desclassificados empregados como guarda pessoal ou como ,r!ii
,t
agentes da rçressão fomentariam a paranóia da classe dominante
;;i''tl{|ffi aJi-"tá,tr-t1;i:"Hç!iê:lm,mi para justificarem a sua função: "Para bem compreendermos o enredo
daqueles tempos, convém lembrar que a bruta classe numerosa de
feitores,'capangâs e capitães-do-mato viviam de explorar o medo
I
dos senhores, para se tornarem necessários. Inúmeros vadios, que
;+ #üt'fr {:ii*'fu ''ry *::* i*'1":'*:*.. "- 100. Carta de l4-XI-1818, in Originais de ordens régias e ayisos
1817-1818, APM, §.C.,
l0l.
livro 171 , n.o 52.
Âpud Xavier da Veiga, Efemérides Mineiras
-
(1664-1897), Ouro
Preto, 1897, vol. IV, pp. 351.356. -
102. "A justiça na capitania de Minas Gerais" correspondência de
D. Rodrigo Iosé de Menezes com o ministro Martinho- de Mellõ e Castro e
Tffiffi com o Ouvidor do Serro Frio Joaquim Manuel de Seixas Abranches *
RAPM, vol.
103. Carta
IV, 1E99,
-
p. 14.
2&V-1738, in ÂPM, S,C., cód. 69, fls, 5V.
81
i*
80 :i*
;j
"r
,i
;n., -';-.,' &".,'&#r'
$
§
w!
homens'Íoram chamados ao Rio Grande nas Companhias Aven-
tureiras, iam quase em igual desordem; assim trabalhavam; e alguma e conseqüentemente impossibilitara subsistência das tropas. . ', rz!
coisa que por lá se fez boa, quase sempre se lhe deveu a eles. A os desclassificados onerosos à capitania de Minas haviam, ante !..
experiência deste ser o caráter de semelhantes homens, e que sempre o episódio das _guerras do sut, se tõrnado úteis em outro contexto; iil
al
toda a tropa ligeira, em toda parte do mundo, foi no seu princípio mas â sua miséria e o seu despreparo poderiam torná-los onerosos rl i
formada desta forma, faz que eu insista a V. Ex.a para que eles mar- novamente,. e prejudiciais aos soldados melhor preparados que com
chem ainda que não estejam preparados em toda regularidade" rtr. eles se veriam obrigados a repartir sua ração.' o brigadeiro teria
Difícil encontrar texto onde melhor se exprimam as vantagen§ suas apreensões confirmadas por carta de Martim Lopés: ,.... eu :