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SergeDaney
RCL(1996)73:705-71
Y s ! r v r
206
pesa'
*o,travellingde Kapo,seriao meudogmaportátil, estarjá constituído' com uma história
L::^Tr:::1efeito, o Por outro, tinha a vantagemde - insuficiente
que nuncase discutia,o ponro final de q""rqr..'à"úi". t"'"p"ças do Sadoul essaBíblia
1l_1.ï1 d; da, valores reconhecido'*,u' de ideiase revistasem gueÍÏa'
:P:::.f::"i.::l::*imediâ;am;;;"düã"aã-",ìïï"ìr*ïã:?Ë:: forte Àú, tenazls,-baralhas
eu nio reria, definitivamenre, nada a ,r"d" p"ailh"r.
;ãr"*a " e nós chegávamoslá um pouco
As guenas.rr"u"* nt"ü;;;;;;"t*inadas de nos
Este género de recusaestava,aliás".ç,o .rprri,ãì;;;;p..
" alimentaÍnos o prolecto tácito
do À vista tarde, mas.ao o "'titËìË'ffinao século'
eexcessivo
do arrigo
a" Ái".,i.,,""rtil;""l.o;;ffi;: história' que não tinha ainda um
ïï,!^r:rl,:d:
ant reapropriarmo,d" 'ao "qt'ela ao programa do
igose furiosos
debates
;;;:il; Ëü' ü:lïili Ã::J:a caxa Ser cinéfilo era simpiesmentedevorar' fartlelamente que tinha
de ressonânciaprivilegiada à. tod", .rr", "polemicas. áLtult"do do primeiro' mas
tinha acabadocom a crença de quem - por^não
AË;áï Argéria liceu, um ort, p'"g'ï'{""ã'iãììi *passadoreso adultos
em alguns
ter sido filmada - estivesse
.üLl vgòJ( a sua fronteira nos C;;;;*"i"lo' "conspirãttï:1t::1*:1"^* o*
.m r.laçâo q,r"lq.r.,represenração
da História. que, com a discrição ãã' ut'd"d"iros
lL:1191::confiaq: " tulut"""smo' um mundo a habitar'
por ali havia um gt"'aïï i;;;#"'
tJdg, .to cinema - tàbúr,
[{À,iAget-e-r.'ià;t';;ã;""']::lJ;i1ï:;.*ïi:ïï"nï;
Paranos poupar- a no
sadores,singulares'
ou passaruma hora às,voltascom
de latim, .o[o.ruu-rr* u r.g*rirrtt.opção:
SS*t Eunão,.- d;ãlq*;Ë A tt"'n"' que'votava pelos fiÌmes'
um texto de ïto #;;;ãhi"'t'
e orasteirada' daquele vetusto'cineclube'
saía, normalmente, pensativa Agel
. -Esseartigo rinha sido publicado ncr:carriers ducinéma, úês anosanres dúvida' fo'qut possuíaas cópias'
do fim do nperíodo Por sadismo,,nu' '""JüË;: ià o' Era
adolescentes' o
da revista.,Tèriaeu ,iao rËr,r"ião que ere proiectavan"otlt^;ïti;;t iãt"it puradt'embu"â'
não poderia rer sido"n'ur.lo' em maig"-{1çnh;;;.;;"ã"" Nzir er Br de
ouittard Resnais'
ele perrencia a esse"nubJicldg
lïr,.,o", qu" #il,'b, ;;lã; fi,';; :ï ï,,*tlãiïÌe,.'re,
fundo-cahierr." qïk€.,, *"r, i".a",-àü; eu descobrique a condì:1"^1:*""" " "
perren- Foi assimque, atravésdo cinema' tudo tinha
ceria?ïnha enconrradouma família,ìogo qr"
,ã.;;"*^ãáru" ti'h" incompatíveis e que o pior de
"u mamnça industrial;;;-.;"*
mimerismo ,r,ob q,i., a"rà. La aãir*Jlü.o-pr"u" *"t3$;#iïffiïff:ïr:ì:
ld:^_\l:r: 11,Ro'os meuscomentários
os \-.nrerse partrlhava assombrados
comletra
paraquemo Malseescrevia
- claude D' - do liceu com um.ãr"g" 28 os
Voltaire. Não era apenaspor puro capricho que, no rosto.dosadolescentesda rurma
maiúscula,gostavade espreitar nessa
no início de cadamês,ia corar o nariz à *oni.u
a" .r*"'*od"stãìirr.ariu d" Devia existir um lado ovoyeurístico>
efeitosdessasingulai;";;ú" imparável
avenue.dela République.Bastavaque, debaixo
da faixa .irr.*a r* saber macabro e
a foto a forma brutal a. *"rrrrnitir,'pelo pouco prosélito' militante'
dosCohiers ti,u"rr.mudado,.*"il.;_"" "-"r.i",
coração que não éramos
Cristao
i::::":
batesseïiT: t.pa Mas não queria
mais depressa. "t;#iË;l"t:;á* mosffava'Ele tinha talento'
esse Mos-
que fosseo ìi'oriro a dizer-mese o antesde tudo, elitisia,Agel também
númerojá tinha saídoou não. no liceu'
eulria, eu próprio, a"r.oüJto, pur" a.poi, o po'q"".a. cultura cinematográfica
ffava porque era precisã' E entre
comprarfriamente' òom a voz cIara,como ,e^forse
u,,'u r.t.írã. À ia"i" a. ;*Ë;;,;""'uu à*bem Dor essedivisão silenciosa
me tomar assinantenunca me passoupela cabeça: Ë*';i:ì; todos os outros' Eu
eu gostavaera daquela aquelesque não d;;fi; Áais Nuit eïBrouillarde
esperaexasperada. Querfosseparaos comprar o,r, maisiarde, paraos escre-
ver ou' por fim, para os fabricar,os carrieri foram não Pertenciaaos "outrost''
sempreu -i.rhu ."r".
Eramosum punhadodeles,no liceu Voltaire, os caprichos
. lJma, duas,três vezes,consoante
ciamenre,na cinefilia. Há uma dam: 1959.N"rrr ";;;;;r,_^ub-repti-
rltur", ;;;il;" cinefiIin
d,::{,i":""*i*t::; Í:
d"t"Ïfrï;Ïli lïl "** .Àpirn"*"I'à?
*,*:l:^"::ïï'i:tÏ:
era ainda nova, mas tinha já uma.conotação
doentia ru.rçor"
que' pouco a pouco' a iria desacreditar. "'"rr" "ìrì
Quanto a mim, estava condenaáoa
desprezar,à primeira, todos aquele, qu.l
"""Ãrì""ì. >t goza-
vam já com os <ratosde cinemateca, em"ãrr."do, que nos tomaríamosdentro de
poucosanos,acusadosde viver o cinema por paixão - só ele?- era capaz retratar os
e a vida por procura- õffi*"
ção. Na aurorados anossessenta,o cinema era ainda um mundo
encanta-
do' Por um lado, possuíatodo, o, ..,."rrro, de
uma.orr,."."iirl paratera.
eo8
1955, as únicas possíveis. vivido em comum sucedea calma
cai, uma faca que seagita' Ao assombro pro-
funciona como um aparelho de
euquemnuncafarábema difeiençiËnËffiíïã'ËlËïï E scË de uma solidão r.rig""àãt o té"b'o filme e o mundo
a imagem' deixando o
sequer <distinto>, mas oue foi ."-nr. nem ieciao duploque deixa prosseguir
'."ïffiruÃ*"f",Naó do cinemasema exrs-
^ -o,', Í^^^ ;- r_^tj .orrrigoimaginaro amor
Sugado
p.lo.i.t.*ãffiiï mim"'
tência desta ocontinuidade sem
::::"$t*.:ffiË:lü;.,ïïffi
ï:',:',:ïn;:i:""ïiilï:;*
criança' não vi nenhumfilÀe de walt
Disney. Da mesm" roÃ" que fui Estados Ç ü L Ç ü 1 quem
destes,
ESfa(lUò u Y*"'^' não
^'-- - - viveu?
os gt'*Eea@*iSP-JÏlT
. -:- -^ -^
retlna'
directamenteparaa escoraoficial, u"À"ãrri.n
a,cerreza
de serpoupadoao ^a" ï-.."t eceu?'lmagens não identificadas inscrevem-sena
berreirodasmãesnasmatinésinfantis. pior:
semprepara mim uma coisadiferente
os desenhosanimãdosseriam ãiìì""e"i"i'tT'1'"ttln:li"i:::'.tï*:: Esses
acontecimen,ora"r.oÏf,
do,cinema.pior ainda:o, d.r.rrh* sab"r sõbrenós mesmos'
i*po,rru.t
ï:nï:'Ëï'j;ì"'rïr";ã;;;
animadosseriamsempr€Ìrm.poucoo inimigo
do cinema.Nenhuma obela *não;;;;" sãoa cenaprimitiva do amador
imagem",afortiori desenhadã,me suscirava"qoutqu", momentosde "n"u"aia"" del'e'
l'd ainda que nãa
tremor - como ascoisasregistndas.
lÀoçao -lr.rç" ou de cinema, a4uela""i; ;;:'ã; estuua 1e i!:::^só
experiência do
E tudo isto, que sendoassimtão simpres da literatura como uma
melevou anosa formular, No sentido em que fuL P"ttlh"' que falta no seu
deverer..Ã"i"aá il;;;;il, e Lacan como oaquilo
e o texro de Rivette.Nascido em1944 iì n.r.,"i, rnundo .quando lá nao estamos" que não
doi, di", unr",ao a.ïã*üìq.r" lugar'. O cinéfilo?d;tlt;"; encarquilha-emvão os olhos mas
do, eu tinha a idadecertap"." d.r.oú., prepara para
"ti"-e ver'nada' Aqueleque se
_"r_o tempo,o meucinema dirá a ninguém que "ao to""guiu
aminhn história. História curiosaque, dudante
"ã
muito tempo, pensavaser História de fabricar um atraso' de
a história dos outros, antesde po..t.rlìem uma vida d. "obr.,u"ã;;;;?i;1"nal'
- rarde _ que era, afinal, a ;':;;f"Je de sefazer'omais lentamentepossível' ,- ^^^..-r
minha história. r.u pottto zero,umf&Êslgjgjlliil-
ii r, Foi assimque a minha vida teve o
.trhg",,. A dãia é conheci-
como.tal e imediatamentecoÍrÌemorado' *Tü n'asrien
criança?
E.essa lgg$&vivido -.o ano do célebre
3::,:?!. "*a o criança,Serge,D.,
qu. queriasabertudo da, e serásempre,tt6"í- tútide"cia?
othava?
a de Hiroshimamon Arnow' minha mãe e
::I: :::t:_que d"si-"s"r,r
","c.,.ã-;;';*i;';:ítffi:ï::ff; vu à Hiroshima' de ó;;t' õ;í*(]t
.,*:*tl fll'.i:1 do-;*ri"ï C" .iëïh:ff;::;ri: eu, siderados.r* . o*'o
-
- não éramosos únicos p:rque nuÏra tínhamos
pressõestão belascomo aquelade odaquilo"' E na estaçãodo metro'
pensadoque o cinema pudesse::: t"p.u'
:ïi:ï:.:
car, T:ïg:,
de resro, ?"rhar
<
osfilm;;;;;ï;ffi;ïH;ïï:.*,;#;; ã;';"u*,1"'ï:â:ï*i+:lïïl;",ïiïï*ïït"
*.ffi? -
que é que tu vals Ïazerna Lua vtud:" "-v-:'"1 - ,^-^...-^ seria .o crnema'
quesãoelesquenosolÀu-#;;;";:;;Jr1'J.:::ï: oMais tarde', de uma maneira ou de outra' "I.,.
Ë;;;;t;;sta.
essa cine'nascença' mesmo
,.rrr.u fui avaro em detalhes sobre
;; *"rr,^'ïi ï.,iï ,n*,u,,".
ThJã
*:,:.ï: H:S'* tu13.ja metl,l minha mãe' a desaparecidasala
9n1ba3çad; para mim. Hiroshima,a paragem do
O TúmuloÍ"an", pickpocket,
iio nrauo, suas cadeiras club seriam mais de uma vez
!:2!O*:,Vitn, Anatomia
de de cinema dos Agricultores e as
da boa origem' aquela que se escolhe'
Kf #:"?I:r:)*::qu,l*t"*.'i;ry;;;;ií;triilà';;::^:;";#
mim filmes como os outros. evocados como o ü,*-l"rrda'io
-$e*sdçs-qsç,^Lu3, que liga estacena primitiva em
Resnaisé, agoravejo'o bem' o nome
*os,-.grgoi"-dç.-M*8":çui44-e,.dpisa.nssdepois,os.c_o_{pl}q.dççpri-
dois anos . trê, u.to''".'È ;()*" foi pottiu"l Ndt et Brouillnrdque Kapo
mei rosj[a nos f e .ffi rp-qtlna ^: o seu artigo' Contudo' antes
rãaç9is.asqu ruç.othegilÃmarç do nasceuatrasado qt" niJtitt pod".titteveÌ
";M"*
Erren'rt.in;il; "
produzirimagens " áo tì""""u o*od""o''Resnais foi para mim mais um
W dessas,masfoi il;";.-;;;;ripo
Hitchcock quem lá chegou.como - e isto enrão,a "linguagemcine-
- esquecero primeiro não émais do que um exempro s. a" ,.uãirJo.,o,r, .o*o sedizia
encontro com psicol rínhamos ."g"""ào ";;#;. em levar o seute?nda sérioe porque
teiros do Paramountopéra e o filme aterrorizava-nos os por- matogrática>'tol porque secontentou os ou-
tanto como qualquer teve a intuição,q,,"'"ìã", àt-ttto"htcer essetema entre todos
outro' E depois,Iá pata o fim, há uma tnl como saiu dos camposnazis
desliza,
u-" .nontugem
cena na quar a .irrÀ"-p"r."pçao ffos: nada menos q* ã "'petie humana qual'
do ,ip" "r"ì, q""rr. a.irl a.
ffi;lls emer- e do trauma atómico: uüi'-"ïuaut desfigurada'
Tâmbém.houve^sempre
gem acessórios
grorescos:um roupão á" qu"rto ..uirt", tornei' em seguida' num
,lïi.ï.,.u q.r. ;;"r:;ì;; d" .rtru,'ho na maneira como me
z/o
;jï:::ï*:,ï*:'ï::"?,:,:"9j,:':T:ï:!mesdeResnais.parecia-mequea$ inocàrciadoolhar sobreas coisas.A iustezaé o fardqdaprlqle,gpçveUr
::::ïffiï:::ixyS::::T:-11:rd.o""i;;;;;";;;'"ffi
do, a tempo, a doenca
Á^^:_ _= .
'^rqrruv'
, estavamvotadasaproduzi
rr
uv tt
apenas
&ï:,i
mal-estar. "dspgl*:;ãmsçÊ-*çjg, @-pú$ensuç.skstu*Ao
* g.stoi elementaresdo cinema.
pri'
Foi
Assim, não foi
". ,,ËË*úË **dilì*pi.*"."r.,
precisoèh.gu, aosmeadosdos anossetentapara reconhecerno Sal0de Pa-
,olirri ou *ãr*o no Hítler de Syberbergum outro sentido da palavra ino-
effierËï.ï,rËffi
çqd*d i;Ìf:iï:k:ffi cente.Seráentão menos o não'culpado do que aquele que' ao filmar o
retlectiramem voz alta, e porque,
pelo contrário, a image*;;**ogr* Mal, não pensano mal. Em 1959,estavajá preso,rígido nessadescoberta,
estátuade comendador,transidt
,,o, ,.u, ì*permeáveis e exiginão _ à partilha da culpa de todos. Mas em 1945' bastavatalvez ser americanoe
jus- asiistir, .o*o G.o.ge Srevens ou o cabo Samuel Fuller em Falkenau,
fiii*ï "ïXïiilï; lï,ï ï -"f:,1a1i1 il#H
r,"1,J. se
r um à aberturadasverdaáeirasportas da noite, de câmarana mão. Era preciso
;ffi;,Jã:,ffi-Ëüffi
vida?Resnaisfoi o cineasra
ffi #;.;:::'m:1,,:i:i"r,nï seramericano- isto é, crer na inocênciaconsumadado espectáculo para
-
fazer desfilar a população alemã frente às valas abertas,para lhe mostïar
q"Jme Íè;;.rd", inftncia
fezde mim,e por *ês a..e"iár,
,r*;fir" "
ou que,melhor, aquilo ao lado do qual tinha vivido, tão bem e tão mal. Era precisoque se
,éril.Eera jusramenreaque- à frente da sua mesade
le com quem,em adulto,
*ri"ì"ãl', pumilh"r.n"áãra"ã. furrurr.* d., unos para que Resnaisse sentasse
finaldeumaentrevisra "a.
_ na queno montageme qulnze para que Pontecorvo adicionasseeSSe pequeno movi'
utru."a" .ìir.ü..,.3 ,d"ï;;;;;ce _, pen-
a' 'r'ãq.ol"n*,nn* mento a mais,que nos revoltou, a Rivette e a mim. A necrofilia era então
)iilïï: ï1"3',":''F À;;Á;;;,';,aminha o preçodesse.átraso' e o forro eróticodo olhar <justo>,o olhar da Europa
ai.f.-ãï;,rïilïïïï:ffi#,"+'rËÍ:r:ï:1ru;#*,::;f*ï culpada,
^ o olhar de Resnais:e' por consequência,o meu'
lição:
es.qlrrçq-Ís* ;;;;;;,#ÀJi":ï;:ii::":,ït1: Foi essaa ferida da minha história. O espaçoabertqpela frasede Rivet-
nem
_*ffmEiïïHmL;*;-;::-;,ï--.yïï.***r_._."91"*l)F-,ã""e**ãS."A*fï.*k:ç!el re era o meu, como era já minha a família intelectual dos Calriersdu Ciné''
mA.Mas eSSe espaçoera,devia ter issoem conta, menosum vasto campodo
urna vez fechadaestahistória, que uma porta ertieita. Do lado nobre,com essegozoda distânciajusta e do
tendo eu mais do que a minha
do "nadà" que havia a ver em
Êì;il;;,
parte ,.., ,"rr..ro necrofílico sublime ou sublimado.E do lado não nobre, com a
.olo.o-À" áìãr.""*
tão: poderia ter sido de ouffo
-raãi^ri"reria, face aos campos
a ques- possibilidadede um gozocompleramentediferentee in-sublimável.Foi Go-
centração,uma out de con- à".d q.ra*, ao mostrar-meumasquantascassetesde "pomo concentracio'
jï,1',ãËHï1'ïï:H,*:lt:*:ru,:i
r,rui,uin,o,iË;ïffi nário" metidasnum canto da suavideotecade Rolle, se espantouum dia
rio de GeorgeSrevens,realüado
;.fi;;, que, a propósitode tais filmes, nenhum discursotenha sido proferido, ne-
depois
recentemenre
mosffado inierdiçao pronunciada.Como se a baixezadas intençõesdos seus
"r,"Ë.,iã3f,ïï::f ïïfi:m:ffi : "tt"-u
fabricantese airivialidade dos fantasmasdos seusconsumidoresos
<prote-
a abertura
do""-po' emqu: assuaspróprias
l"Ï:tri:ï;:;|:ïï " cores gessem>,de alguma forma, da censurae da indignação' Prova que do lado
"p"rd.rrurr"
enrreascorese"*J{!.trï?:i,#;::ffi ïl;:"".ïïïi:lï*$J"ür ãa s,rbc,rlt,rr", a surdareivindicaçãode um entrelaçamentoobri'
venseResnais?
Aquiloqu"é mug.,Ìil;;f,h"; gatório entre oS caÍïascose aSsuasvítimas. Efectivamente' a existência
aindade uma narràtivud" il è;ffi:;oï. r" ,rur, -
ãestesfilmes nunca me perturbou. Tinha sobreeles como sobre todo o
oïá*ïrrro quotidianar";; peque, - quase polida que se tem
"i"g.iì''"
no grupode soldadosa filmar
ã f" .i".urïu, purr.ur"m pela cinema abertamentepornográfico a tolerância
truída, de saint-Lô arrasada ". que
;;t;^Ã;.ï-,witz
Europa des- sobre a expressãode um fantama, quando este é tão nu que só consegue
" nada nem ninguém reivindicar a triste monotonia da necessáriarepetição'
e que ,.ub" po,,r*i;;,
i?*_o::r,t:to a equipa.E depois,diz-me
os empilhamenrosde cadáveres a Era a outra pornografia- aquela' *artística'' de Kapo' como mais
ï:i1:Tna' têm ali uma berezaestra- -
nagrande pinturadesre tarde a de O PorieírodaNoite e outros produtos rérro dos anos setenta
século.
co;",iãËJ;, sytvie
fiïjtï'3ï:"'ur que sempreme revoltou. À estetizaçãoconsensualfora de tempo, preferi'
O que compreendohoje, é-que
a belezado filme de Stevens ,ìu o ,"rãrno obstinadodasnão-imagensde Nuit etqrouillnrd,ou mesmoo
o resurtadoda justeza no .rt"bË1..i**i. é menos rebenramentopulsionalde um qualquerLouuechezlesS.S.que, aliás,não
a" ,*u aìrra.,.i"'ïï q". a"
cheguei u.r. brr., filmes tinham ao menosa honestidadede actualizar
"
e/z
uma mesmaimpossibilidade de narrat um mesmoacto de suspensão
desenrolarda hìstória,quando ,ru.ruairru no sala Bertrand. Porque Mizoguchi filmou a morte como se ela fosseuma
vácuo'Gmbém não é dó amnésia "
se condensaou se encaixano vaga fatalidade, a qual se oia bem que tanto podia ter acontecido como
ou de r.carc;;. q*,iï.,r.ri" naã. Recordo a cena: na planície japonesa,os viajantes são atacadospor
mas de forclusãa.-Forclusãoo,cuia fur*
definição lacanianaaprenderia bandidosesfomeados e um delestrespassa Miyagi com um golpede lança.
tarde:o rerorno alucinatóriono réal mais
daquilosobre.oquar,rao for possíver
rer' a tempo,um Mas fá-lo quasepor inadvertência, titubeando, movido por um resto de
de rearidaàe,.
"julgamento
que os cineasrasnão filmaram,
oi. á. J""; f.;", uma vez violência ou por um reflexo idioa. Esseacontecimento posa tão pouco
no seu tempo, a política J. Vi.hy,
deveç cinquenta anosmais tarde, o ,.u para a câmaraque estáa dois dedosde "passarao lado", e estouconvenci-
não ó remir-sedisso,imaginariamente,
atravésde filmes .o-? ão qu" qualquer especradordos ConrosdaLuaVaga é então assaltadopor
4*1,11 RapaTesmas rirar o reffaro actual dessebom
u-" -.r-u id"i" lò.r.u e quasesupersticiosa:se o movimento da câmara
eue, de t94Oa is+i, iì"vacilou. Sendoo cinema
lï:*I::lÇ-a
oo presente,os remorsosperdeminteresse. a afte não tivessesido assimtão lento, o acontecimentoter-se'iapassado"fora
Por issoo espectador, que fui, i. ú"it et Brouillmde o de campouou - quem sabe?* não se teria passadode todo'
atravésdessefilme, tentou mostrar cineasraque, Erro de câmaia?Dissociandoestadasgesticulações dosactores,Mizo-
o irrepresentáver, estávamor-ligudo,
uma srmerriacúmplice.Seja porque po. guchi procedia exactamente ao contrário de Kapo. Em vez do piscar de
o Ëspectado,á.;d;; *sai
lugar>e sesuspende'enquanto o do seu ãlho a-*ais, embelezador, um olhar que *finge não ver nada', que prefe'
fi-r-", esse,continua. seja porqueo
em vezde filme, riria não ter visto nada e que, por isso,mostrao acontecimentoprestesa
"conrinu21o,sevolta sobre,i ,n.r*o sobreu*" lúãg.m> pro-
visoriamentedefinitiva que p.ermite 9
uo*r;.i,o-érpectador continuar a produzir-secomoacontecimento,quer dizer, inelutavelmentee de viés.
no cinema e ao sujeito-cidadãocontinuar crer Ú- ^.orrt..imento absurdo e nulo, absurdocomo todo o fait'diuers que
a viver a sua vida. suspensão
sobre o espectador,suspensãosobre
a i.çug*, acabamal, e nulo como a guerra,calamidadeque Mizoguchinunca amou.
.r"".ì" #;;" na idade
adulta.A esfera do visívera.ir., ã. ,!oi*ft, i"*i."Ã.*à
" Um acontecimentoque não nos diz respeitoporque não se atravessano
ausênciase os buracos,ascavidader iïï*"r, nu nossocaminho,vergonhoso.Porqueé quasecerto que' nesseinstantepre-
rr"..rrá.i", e os cheiossupérfluos, ",
gensque faltam e olharesdesfalecenter. ima- ciso, qualquer especmdordos Contos sabeabsolutamente aquilo que é o
Érp".ta.uro e especradordeixam de
sereenviaqmutuamente,todasas absurdt du g,.r.tr". Que importa que o espectador seja ocidental, o filme
balas.É assimque tendo escolhido
nema' reputada o ci- japonêse a guerramedieval:bastapassardo acto de apontar com o dedo
"arte da imagemem movimento)r,comeceia minha vida
de cinéfagosob a égidepur"dã*"I i à.t. d. designarcom o olhar para que estesaber,tão furtivo quanto uni'
ã"-"--"'p.i. eí1aparagemda iwtgem.
paragemproregeu-meda estritaïecrofilia.
Não vi nenhum dos versal, o único de que o cinema é capaz,nos sejadado'
-^
raros^t:,:"
filmesou documentários*sobreos
camposde concentrução,qr" r" Ao optar tão cedo pela panorâmicados Contoscontra o trattellingde
seguiramaKapo. paramim, o assunro Kapo,fíz uma escolhade que só percebia gravidadedez anos,depois,no
e no artigo de Rivette. Fui, durante "rruu"á."nuã.ã* úï,;J, n rouillard fogo, tão radical quanro mrdio, da politização pós-soixante-hu.itotd dos
muito tempo, como as autoridades
francesasque, ainda aì Cãhiurr.Ainda que Ponrecorvo,futuro auror d'A banlha de '\rge|, seja um
catasrroficamenre |oje, iace "ã.' Jìàt"att,ers anri-semita,difundem políticas, Mizo'
o firme de Resnais .ãiro ," ere fizesseparte de um ar- cineastacorajosocom quem partilho, em geral,ascrenças
senalsecreroque, à recorrênci,d" guchi parece-meter vivido só para a suaarte, apesarde ter sido,politica-
ú"1;;;d.r." irrJ;i;ij;.-ri. ooo,
suasporencialidades exorcistas.Mas serràoupliqu"i o axioma
do *ff2ys1- ", *"rr,", um oportunista.Onde está a diferença,então?Na "crença e no
ltlt d"_K"!?" apenasaosfilmes
*" ,.*ï.staria directamenreexpostoà temor>,justamente.Mizoguchi tem medo da guerraporque' ao contrário
abjecção,foi porquefi.ritentado
ãpti.a-to rodosos fih;;.-.,Uá .n do seu cadeteKurosawa,os homenzinhosque se estripammutuamente
gt " " o**
a.'morte sobreum fundo de virilidade feudalo oprimem.
z/q
o cinema - dei-me conta - oscilavahabituarmenteentre esses
dois
pó[os. E aos cineastas rão consistentes quanto
rpngç-cptys censurava l
invisível.
teJável,-tnY.uiyç
maisuma vezessaforma contrabandista- uma " isto" erq.incómodo. intolerável.
rls:órugdq,iqto
ãffiica osanra- Totqüè esterealismp tinha duas faces.Se foi pelo realismoque os mo-
'imaculada" e generalizadado piscarde olho- "rpe.i.
@ dernos mostraramum mundo resgatado, por um outro realismo - ou
foi
Ie9.l!q-au-umainqfq.?çg.o*c-ttnglics,?.-ç*e"n*s"-*u**_q.e_qp"êdmkian06, melhor uma .realísticao - que as propagandasfilmadasdos anosquarenta
issoque a rajada de venro q"é ãgitã, c.il .,À; -r.t"rh",
b""ncura de tinham colaboradocom a mentira, prefigurandoa morte. Por issoerajusto,
um páraquedassobre um soldado morro do Mernll,s Mmauders "
de Fuller
me incomodouduranteanos.Menos,contudo,do que assaiaslevantadas
sobreo cadáverde Anna Magnani, varrida po, u-ì rajadade Contrariamente ao
riros num loe
episódio de Roma città Apertta.Rosse[ini, tambem ele, batia .abaixo
da
cinturao masde uma máneiratão nova que foram precisosanospara
com- tinha intimamente a ver com o horror do qual provinha. Eu herdava,
preender para que abismo ela nos tr"rrrfort"u" Or}*cH$ç*b,*-g,*__",*gçf-
assim,de um convalescenteculpado, de uma criança envelhecida,de uma
IlgsrÌlg?OnS-S$esrsgldade?Ondgc,om_e ç?, obr.à nffi ãffi ãde acaba hipoteseténue.Envelheceríamos juntos, masnão eternamente.
,
Sentia,que
eramessaqasqìlë!!Õej]ËjrÌenr*ãr,
I 3*g,o-r"*ggmÍial
t,ni1nÌq cisesg-fi:dsgoç dq'.?*pp"" crÃeôãï;ilüË-p#,ruS_d"!-
sópara Herdeiro consciente,ciné-filho modelo, com o "travelling de Kapo"
'mlm,
e porquetinha a sua idade,aclramar de como .grigri, protector,os anospassaramcom uma surdaapreensão:e seo
**-ïfi**;*-"Ã*;ffi;;;*.."rne4.rrr;;;'.*.--'
E-r^ ^:_^*^ _-J .. | -
gmggnglga_Saf âcteríôtica : era cruel;nós t ínha. *grigri, perdessea suaeficácial Recordo-me,então professorexploradoem
tlq4"ouffn: aceitávamoses|acruelda4g A crueldadeeítaua Ceruier-Parii III, d" ter fotocopiadoo texto de Rivette, de o ter distribuído
Fs "ãõ
bom". Era ela
uL'rrr>).
Era ela que
que orzra
dizianao ,,ïÍustruça-,.
nao a <rlustração>r{q$adémica e que desffuía o sen- aos meus alunos e de lhes ter perguntadoo que sentiam. Era ainda uma
timento de um
"humanismo, falso .o.'o
jïdur, qu. .rr",n", então, muito época .vermelha, em que alguns alunos tentavam apanhar,atravésdos
na moda. A crueldadede Mizoguchi,por exempio,consiriia em
monrar professores,um pouco da radicalidadepolítica de 68. Pareceu'meque' por
dois movimenrosirreconciliáveis,produzindoum sentimentodilacerante consideraçãoa mim, os mais motivados de entre eles consentiamver em
de *não-assistência à pessoaem perigo,. sentimento moderno,por exce- .Da abjecção>um documento histórico interessante,mas já damdo.Não
Iência,que precede'em somentequinzeanos,os grandeswaverlings
impá- lhes quis mal por isso,como sei que, se tivesserepetido a experiênciacom
vidos de week'End.sentimento arcaico,tambérI, já que essa alunos de hoie, não me inquietaria saberse era sobreo Wauelling que eles
crueldade
era tão velha quanto o próprio cinema,como um indicadordo que, ã6u;*, *^ iria até ao fundo, para saberseexistiaparaelesum índlcequal-
logo
no ínicio, erajá fundamentalmentemoderno,do último plano das quer de abjecção.Paradizermelhor, teria medoque não houvesse.Seriaum
LaxesL
cidnÁeao The unknown de Browning, passandopelo fini d. N;;. a tinham a ver com masque o
como tals questoes.
esquecero lento trauellingvacilante que projecta o jovem Renoir oróorio cinema estava
sobre
Nana, deitadana suacama,agonizantee sifilrticarcontra a nossa É qu., trinta anosdepoisdasprojecçõesrepetidasde
opinião
de ratosde cinemateca,.como tinha siilo possívelver em Renoir q.r"lq,r., no liceu Voltaire, os camposde concentração- que me serviram de cena
gestode beatice,quando ele foi um dos raros cineastascapazes primitiva - deixaramde estarfixadosno respeitosagradoonde foram man-
de criar
uma personagemà custa de trantellipgs! iidos por Resnais,Cayrol e muitos outros.Abandonadaaoshistoriadorese
com efeito, a crueldade.r" iógi." do meu percursode combatente aoscuriosos,a questãodos campospassava de agoraem diante,pelosseus
dos cahiers.André Bazin,que já"lhe tinha feito a reoria, imaginou-a trabalhos,as suasdivergênciase assuasloucuras.O desejo"forcluso" que
tão regressa.de forma alucinatóriano real' é, evidentemente,aqueleque
estreitamenteligadaà essênciado cinemaque quasefezdela u ,iru"
colsa>. nunca deveria regressar. Desejode que não tivessemnunca existido câma-
DgãLn,essesanro laico, amqva LouisLqIr.oSfpn-perque aí se via um
I -
o p" rasde gás,nem soluçãofinal e, no limite, nem campos:revisionismo,fau-
| {gn io r*sn:ed ile,e-{rr- ppumúniç' pi
glsps-{-.el
I ein:ne*unsgffilltplgtdtta. Escolher
""iìffiõ_iffi t.
oscahieis i"riì'*o
rissonismo,negacionismo, sinistrose últimos-ismos.Não é só o "travelling
"á;ilÍË;ï
como a;3ba1igpor descobrir,um cerro desprezo de Kapo, que um estudantede cinema herdaria hoje, mas também uma
Ie, pela imaginação. Ao um tabu mal retirado,em resumo'um novo
l<í,<lueres transmissãomal assegurada,
olharl Então, vê lá isto!" de Lacan respondia,porã,urrrço,u*
lançar de carras na história nula da tribalizaçãodo mesmoe da fobia do
Daney: O "travelling> de Kapo
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outro.
.rscs3e?r: $\rsss.s-sl acontecimentoà ficção,seriaretirar-lhea suaunicidade,porquea ficção
é essaliberdadeque esmigalhae que se abre,adiantada,ao infinito da va-
sinromas
deque,fazendo
o rerorno
sobre aqui-
,^ que
lo .j)r,ï.rl?l?
lhe foi l"^r"lrjllá
dado para viver como História, qualquer riante e à seduçãodo mentir-verdadeiro.
geraçãopossatomar consciênciada paisagem ;ï;1ffi Em 1989, passeando-me, para o Libération,em Phnom Penh e na
"," paisagem
em que cresceu.
trágicae' ao mesmotempo, confortáver. campanhacambodjana,entrevi aquilo com que se opareciaoum genocí-
úi, ,o.rho, porrticos- o ameri- dio - e mesmoum autogenocídio- gue, no entanto, ficou sem imagens
cano e o comunisra- o-alizados por yarta. Atrás de
-retomo moral simbolizadopor pár,to de não- e quasenão deixou traços.A prova que o cinema não estavamais inti-
"or, "À
Àuschwitz e o novo conceito de ,.crimecon- mamente ligado à história dos homens, mesmo que sobre o seu aspecto
tra a humanidadeu.À no*" frente: essa
coisa impensáver,quaseffanqui-
lizante, que é o,apocalipsenuclear.o desumano,tive-a eu, ironicamente, no facto de, à diferença dos cârrascos
l,r"-"."bou de findar durou mais de nazisque filmaram assuasvítimas, os Khmers vermelhossó deixarematrás
quarenraanos' PerrenÇo] eÍèiro, à'primeirageraçãa;;;;
mo e o anti-semitismotinham1om õ; o racis- deles fotos e pilhas de ossos.Ora, é na medida que um outro genocídio,
definitivamenteiaijo.",
tória". A primeira- e a únical_A única, "r"rj."ã, da his- como este,cambodjano,ficou simultaneamentesem imagense impune
de qualquera", A*i"r, que não querpor um efeito de contágio rerroactivo, a Shoahfoi ela mesmaremetida
acreditariatão facilmenteno lobo do fur.ir-o _
- porquepareciacoisado passado, "ã f"r.ir_o-.,âãprrr"rat" paraa suarelatividade.Retorno da metáforabloqueadaà metonímiaacti-
nulo e, de uma vezpor todas,acabado.
Erro, seguramente. Eno que não me impediude viver bem os va, da paragemde imagem à viralidade analógica.Tüdo isto se passou
gloriososo,mascomo enrre aspas.Ingenuidadef meus.trinta muito depressa:desde1990, "a revoluçãoromena>)inculpava assassinos
rd;;;ü. iü".,uiar- indiscutíveiscom acusações tão frívolas como a de "detenção ilegal de
de tambémde fazercomo.se'ro.u*po dito
estético,a necrofiliaeregante
de Resnaistivessecolocado.r"*"..'r,i" armasde fogo e genocídio".Estariatudo a refazer-se? Sim, tudo, masdesta
"ìaçqp.iá" ;ã;;;;lquer rn_ vez semo cinema.Daí. o luto.
delicadaintrusão. rr,,oi".
. Não tr3-pgsiadepo_is,d Porque nós, é indubitável, acreditirmos no cinema. O que quer dizer,
reveressa6rrnula c m-o,para depois também,que fizemostudo para não acreditarnele. E esta a história dos
v ç:tt5*c*L
dito=em
F.ï:it
*l eco, qegg9+laodonar,. e_U-glfu essa ll".psdsrfu Cahierspós-68e da suajlgpggÍvekeiçIÇ4+do baãinia Certamente não
i*: ia errççii iv a. ;põ
tegidos"pelaondade,choqueprodurãffi" ie, se tratava aí só de "seguiros mesmospassos> ou de desolarBarthes,con-
a"rãïãã-ããËr-pos de fundindo o real com o representado.Sabíamosde mais,para não inscrever
concentração,acredirámosque a humaniàade
teria ."i,d;: Jma unica o lugar do espectadorna concatenaçãosignificante,ou para não reparar
vez- masque não regressaríamos, nunca mais,ao não-humanolrbríamos
verdadeiramenteaceite a apostaqu", poì na ideologia tenaz, que trabalha sob a falsa neutralidadeda técnica. Era-
uma vez, .o pior tinha sido mos mesmocorajosos,PascalB. e eu, já que, face a um anfiteatro cheio de
aquilo"?Tèríamosa esreponro que aquilo qu".rao.hamáva-
"rpÈrudà
mos ainda a shoahera o acontecimenro " esquerdistas trocistas,gritámoscom voz roucaque um filme .não se vôr,
hìstórico único ugraças,ao qual que um filme "se Ìê". Louváveisesforçospara estardo lado dos que não
a humanidadeinteira.saía, da história puru
desviarum instanree re- sedeixamenganar.Louváveise, paramim, vãos.Chegasempreo momen-
conhecernele o pior rosrodo seupossívél "
a*ri"Àl p"r;'il;i.
Mas, adjectivos como único e inteiro eram to em que se deve,apesarde tudo, pagaro tributo à crença ingénuagg
. ainda demais e se a deve rousÈf,Ê{&r,nquilo-due se vê.
humanidadenão herdassea Shoah," ã
^ *"à1o;ã"qúb;;eh
contrnuaa ser capaz,a exterminaçio foi e É obvio qu"ïao rããõ6iig"do a crer no que sevê - é mesmoperigos!
do, Judeuscontinuariaã ,., up".", - mastambémnão seé obrigadoa ficar agarradoà representação pelo ci-j
uma história judia, depois- por oid.,,' d".r.r.".rt"
de culpabilidacle,por nema. Deve haver algum risco e virtude * em resumo,algum valor- nQ
metonímia- uma história muito alemã,
um pouco frurr..rl, arub" ,o po.
ricochete,muiro pouco dinamarquesa facto de mostrarqualquercoisaa alguém,çap??ds.yçr çç
e quasenada búrgarr.É rr" possibi-
lìdadeda metáforàque respond.,'nocin.Àa, naoqilp*que.[e.lhm,osF*]..Para que serviriaaprendera .ler, o visual e
o imperarivoomoderno, de as mensagensse não persistisse,minimalmente, a mais en-
defesada paragemdã imrgàm o "descodificar>
ã" fi.çao, rr"rãr"-rãì. apren- raizadadas convicções:gu-çt,gLçLApSSAI-dç-çX4gr*Wç;ng
der a narrar de outraformauma " outra
"*b"rgo q *ggtry'E o
hisìória na qual a .espéciehumana,
seriaa única personagem que não se viu *a tempo>,nunca maisserávisto, verdadeiramente. O ci-
e a primeira anti-estrela.n"rr""-r"ìã ã.rp"r.",
um ouffo cinema,um cinema ,.quesaberia,que nema é a arte do presente.
E sea nostalgiade pouco lhe convém,é porque
renderdemasíadocedo o a melancoliaa duplicainstantaneamente.
Daney: O "travelling> de Kapo z19
2tE
Recordo-meda veemênciacom que proferi estediscursopela primei-
ra e última vez. Foi em Tèerão,.t.r*" .t.ãr" de cinema. Faceàos-jornalis- história americana. Holocaustoseria assim a história azarenta de uma
família judia, que é dividida e anulada:com figuranresdemasiadogordos,
tas convidados, Khemaïs K. e eu, havia bancos e bancos corridos
cheim performnnce.s de actor, um humanismo exaltado, cenasde acção e melo-
de rapazescom barbasrasase bancoscorridos cheiosJ; ,;;;;;io, - r"*
dúvida raparigas.os rapazesà esqúerdae as raparigasa direita,ïegundo dramáticas.E compadecer-nos-ia.
'raparigaso só soba forma do docu-dramaà americanaestahistória pôde sairdos
apartheid"aí em vigor. As questõesmais inrereir"rri., - as das -
apareciam'nossob a forma de pequenospapéisfurtivos. E foi ao ,rc-Iu", cineclubese, via televisão,tocar essaversãosubjugadada *humanidade
,ao inteira" que é o público da mundovisão.seguramenre,a simulação-Holo-
atentas e tão estupidamenteveladasque me deixei arrebatarpor
uma causto deixou de construir-se sobre a estranhezade uma humanidade
cólerasemobjecto,que asvisava-.rroi a elas,do que aàotÀ, poaerosos
paraquem o visível era aquilo que devia serlido, quir dizer, qo. capazde um crime conüa ela mesma,para permanecerobstinadamenre,
o ,ur. incapazde fazerressurgirdessahistória os seressingularesque foram um a
peito de traição e esmagadópor um rchnàoro,, poi um polícia
àos"r,
signos. um, cadaum com uma história,um rostoe um nome,osJudeusextermina.
Animado-pela estranhezado momento e do lugar,
u- ,".- dos.Foi, de resto,atravésdo desenho- o de Spiegelmande Mazs - que
mão em favor do visual para um público veladã que "rrtr.gr"i--" "
tinira as opiniões do seousaria,mais tarde, esseacto sâlutarde re-singularízação.
Através do ãe-
seuchefe.
senho,e não do cinema,já que é verdadeque o cinema americanodetesta
cólera tardia. cólera terminal. porque a era da desconfiançaestájá
enterrada.só sedesconfiaquando u*" ..it" ideia de verdade a singularidade.com Holocausto,Marvin chomsky retomou, modestae
yogo. triunfalmente, o meu inimigo estéticode sempre:o bom e grandeposüerso-
Já não há nada assimhoje, senãonos integri$tase nos beatos,,"qu.l",
"rri.- qï"
procuramdiscutir o cristo de scorseseeã Maria de Godaú. ciológico,com o seucasúing bem estudadode espécimes rohedoreie o som
4, ì+ug*r" e luz de retratos-robot animados.o ciclo fechou-se,e nós perdemosmui-
-do "*õr>, etas tíssimo.A prova?É por volta destaaltura que começamâ cirb.rlar- e a
indignar-nos- os escritosfaurrisonianos.