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O ano do
Poemâ do espólio dê Fe,nando Pessoà (BNP/E5, ae85 32)

ORPHEU

FCT
Fun.hção p:n a ciên.ia € i Í.cnoloSir

ORGANIZAçÃO
EA Steffen Dix

FUNDAÇÀO LISBOA \
@ CALOUSTE
GULBENKIAN
I'I NTA.DA (:IIINA
MMXV )
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FERNANDO ALVARO
PESSOA DE CAMPOS

Jerónimo Pizarro

Áluaro de Campos, meu caro omigo, não é maior com certezo que Fernan-
do Pessoa, mqs cotsegue ser mois interessonte do que ele.
Mário de Sá4arneiro (2003, Il: 132)

Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis terão surgido pra-


tlcamente no mesmo dia, um dia triunfal de Março de 1914, segundo o
célebre relato de uma carta de 13 de Janeiro de 1935 que Jorge de Sena
l[cluiu numa antologia (Póginas de Doutrina Estética) sob o nome «carta
sobre a génese dos heterónimos, (Pessoa, 1946: l4). Mas se Campos,
(iaeiro e Reis pela ordem inversa mentais
- - surgiram como esboços
r,rn 1914, ou mesmo antes (Reis terá sido esboçado em 1912), verdade é
rlrre apenas Campos foi apresentado ao público em l9l5 pelo seu criador
(,o(lit()r, Fernando Pessoa, nas páginas da revista Orpheu. Recorde-se
(lu(.Câeir(), embora Íosse o mestre do udrama em gente» (Pessoa,2013:
íiill)), teve tle esperar até 1925 para ser publicado na revista Áthena,
nurna altrrra em que o divulgador do paganismo, António Mora, estava
lá llral icar rt'rrte ina( tiv(); e que lleis apenas em 1924 viu impressas algu-
r

Intts «las str;rs rxlt's rra tIresnrir r('vista n(,o( liissica (l)asse () ()xirn()r()).
A vkln l)ril)lk a <lc Álvirro <lt. ( artr;xrs t('v(', lx)rtar)t(), iní( ir) url atrr tk';xris
d0 $uâ l[vcr(il() r, Í0i llcnr rriris n()lí)riir rlo rlrrt'ir cxista.r( iir rlc Âllx.rlo
213
IgI5 .O Ano do ()rt,lkü Fernun(lo Álvaro Pessoa de CamPos

procu-
Caeiro, que Pessoa ufez morrer» em 1915, ou a de Ricardo Reis, qut'l'r'.. revista recebeu cartas de leitores indignados nem se Pessoa foi
soa «enviou» para o Brasil em 1919. Ainda que Caeiro ou Reis tivt.sscrrr rado para obter mais informaçÕes sobre esse dandy desassossegado'
ataca-
almejado essa existência pública e nada seria mais oposto ao lrur,, mas sabemos que muitos jornalistas e personalidades diversas
-
lismo do primeiro e ao aristocratismo do segundo ram os órficos em nome da moral, essa mesma moral que Walter
Pater'
-, a sua biogr;rlr.r
forjada por Fernando Pessoa, não o permitiria: Caeiro terá nrrrrirl,, Oscar Wilde, André Gide e Fernando Pessoa, entre outros' e em
diver-
artistas do
iovem, à la maniàre de Mário de Sá-Carneiro; Reis terá passado ;r sr,r sos momentos, tentaram apartar da arte. o curioso é que os
podia ser
vida no exílio, ficando em 1919 mais silencioso do que antes. D()s tr',,, Orpheu nâo Íoram apenas acusados de imoralidade - imoral
homens nde aspecto decente
heterónimos, em suma, apenas Álvaro de Campos se deu a conhect.r,,rl o canto de filhas de oito anos masturbando
1915, tendo acompânhado Pessoa até ao fim da sua vida. Este parecr. rrr, nos vàos de escada, (Orpheu 1,1915: 8l) - nem somente de exóticos'
um óptimo motivo para centrar o artigo na figura do engenheiro rrirv,rl futuristas, contraditórios, escandalosos ou mesmo «creaturas de maus
sentimentos» (Pessoa, 2012: 256) - ficando esta última acusaçào
a
visto que o presente volume colectivo tem por objectivo coligir rrrrr.,
um
série de aproximaçÕes às realidades sociais, culturais e políticas t rx'v.r,. dever-se, em particular, ao facto de Álvaro de Campos ter celebrado
dos protagonistas da geração do Orpheu em 1915, e que apenas Carrr;ro. acidente de Afonso Costa, ainda que, em igual sentido, nenhum republi-
teve uma participação directa em muitas dessas realidades, € rliro s,, cano parecesse ter achado de mau gosto que Campos cantasse
o regi-
visto que nunca deixou de ser interventivo. Convém esclarecer (lu(' ll,! ' cídio de 1908 (Orpheu 1,1915: 79). Na realidade, os modernistas Íoram
estou a desvalorizâr leituras usocioculturais, da obra caeiriana orr rl.r também tidos como doidos e, mais exactamente, paranóicos Pessoa
revista
obra ricardiana, mas, a meu ver, um guardador de pensamentos rrorrrr ficou incomodado e não só tentou contextualizar a recepção da
génios
nalistas e a reincarnaçào portuguesa de um Horácio tendem â ser rl,il, , (a 6 de Abril lembrou a incompreensáo de que foram vitimas os
de Wordsworth e Coleridge [Pessoa, 2009: 40]i e por volta da
mes de isolamento e anacronismo, isto é, são figuras que não pert('llr r.rr mesma
gargalhada''
por completo à sua época. Só Campos quis ser absolutamente mo(l(.nr, altura escreveu: uFomos recebidos como o foi Anthero, à
que ainda hoie pode ser
tal como Rimbaud; só Campos procurou ser um super-Marinetti, r'()rrr,, [Pessoa, 2009:55]), como tomou uma decisáo
um vanguardista; só Campos terá privâdo com Almada Negreiros. rl,, considerada totalmente inédita. Foi à procura de um doido 'a sério"
mesmo modo que Pessoa. de um doido "certificado» e internado num manicómio' e publicou no
maluco'
A história começa, de facto, em 1915, aquando da publicaçirr, ir l'l segundo número do Orpheu uma série de poemas inéditos desse
de Março, do n.a I da revista Orpáeu, que inclui os primeiros text(,s irt r r chamado Ângelo de Lima.
buídos a Álvaro de Campos: .Opiário, e.Ode Triunfal,. Campos vr.rrr ,r Tal aconteceu, porém, em Junho, e antes de avançar de Março a
público sem que os directores da revista mencionem rlualquer tipo rl, Junho, do n.' 1 ao n.u 2 do Orpheu, é necessário analisar outros aspectos
Íiliação a Pessoa, embora no índice se leia «Opidrio e Ode Triunhtl relativos à recepção da revista, atendendo a que essa recepção levou
(luas composiçÕes de Álvaro de Campos publicadas por Fernân(k, l', ., Pessoa a uma violenta crítica da psiquiatria portuguesa e' nomeada-
soa,. Um leitor atento teria de se ter questionado porque seria l1,ssr mente, da psiquiatria aplicada à literatura'
'.r
Depois do dia 24 de Março, Pessoa e Sá-Carneiro começaram a ler
e
c não António Ferro, então editor do Orpheu, quem publicavir Álv.rr,,
rle Campos, e porque apenas ele, que tinha um livro ern l)r('t)irrir(.r ' a discutir as críticas aparecidas na imprensa portuguesa' e Sá4arneiro
pauta-
intitulado ,4rco de Triunfo, de entre todos os colalroradort,s rkr prir rr.r r, , r f()i recortando e colando esses textos em páginas de cadernos
uA Caminho rkr
ttúrnero, recorria a outrem para ser publicado. [nr rigor. (lu('r!t rlltisr.\..r' rlos (Pessoa, 2009: 663-ti68): uLiteratura de Manicómio''
Mrrrrirrirnio,, uos Barrlos clo'Orpheu'são doidos com iuízo'' são
;tt'ttsar <le imoral o Catttltos triur)íalista, ar;trr.k. r/rurrlv ollirirrrirrro r1rrr. :,r, algtt-
rlt's1tt, sarkrrnasrxluistallr('rt(, rra srrir rxlt'vilorios;r, lcri;r rlc r,rrrl,rr.q.rr llrâs (las lillhas t;tte [iguram nos t:abeçalhos dessas colunas'
unla ( irrlir ;ros rlirr.r't<lrcs (lir r('visl;1. l,rrís rl,Morrl;rlvor r. l«rrr;rltl rI'( ,rr j()rtlalistits, apoiattrl<rse tras rleclâraçries tlt' cotttcitttatlos
virllto. orr rk'prx rrr;rr li,rrr;urrlr ll.ssoir, islo í,, o colirlxrr;r(l(,r (lu(,r.slilv,r ^l!{UIs r.orrro.lírlio rlc Malos
illi(.Distns. âtll()r (l('('sltl(l()s (lll('l't'sso:t tittltit
- (i4l{ (i52: l'iTirrr()' 2007: 122-124\
l)(,r lriis (lirs rlrrirs c(lrrrlrosiçrx.s, (,rr;rirrtl;r (l(.;tlit(;tÍ i! Í(,vislit llo s(.lt ( r,ll ll(lo rir irrv('rllrr(l(' (l\'ss()it. 2(X)li, ll: -'
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Jlltl(, Inrr rrrr.lo rlir llrrllrr.rrs;r. l l rlr. r,rr rllir, rriio s;rllr.rrros sc ir rllrr.r'çiro rlrr lrillilrill os ítrÍicrts t otttl, tlt'st'rlttililtrittltls, lltt, tlit liltgtt;tgt'tlt tlit
271 Iy5 .O Ano do Orph«t Fernqn(kt Álvqro Pessoa tle Campos 275

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humoíístico O lhalasja,2t dêAbitd€ tels. (BNp/Et. t5s-29,;5o,:
'emâníno
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daí a manifesta indignação de Pessoa, num outro texto, relativamente a
Júlio de Matos e Egas Moniz: uO que me indigna náo é que estes parvos
da sciencia tenham estas opiniôes. É que elles gosem, no nosso meio de
Recortes dÁ Capital ro de Março de r91s (BNP/EJ, r5s-7'e 8) ldiotas, do prestigio sufficiente para que a essas opiniões se ligue impor-
tancia.» (2006, I: 397) A recepção da revista Orpheu marcou a ruptura
empregada por
Miguel Bombarda no seu diagnóstico de Angel() (l(.
de Pessoa com a psiquiatria portuguesa, que não compreendeu os seus
-Lima, por exemplo ndegenerados, com princípios de nloucrrr,r
-, como
moral),, como loucos cujas criações seriam maniÍestações de «delírio:,
textos e não compreenderia, mais tarde, o seu pretenso «caso», nem
tampouco todo o valor da sua obra. Marcou também o seu alastamento
alucinatórios» ou pelo menos «alcoólicos» (ln Lima,2003: 138). Antt's rL. relativamente à imprensa portuguesa que, com mais ou menos humor.
Pessoâ, iá Antero havia sido estudado a partir de uma perspectiva l)sr preparou imitações de alguns textos. Encontramo-las, por exemplo,
copatológica, tal como o haviam sido Nietzsche, Strindberg, Van (ií)glr n'O Thalassa, semanário dâ época dedicado ao humor e em particular
e tântos outros filósolos, escritores e artistas. Ora, para a iml)r(,Is,r à caricatura, como revelam os quadros aqui reproduzidos. No quadro
portuguesa, quais eram os loucos do Orpheu? A resposta é simPlt's r, Ílnal, segundo o esclarecimento obtido junto de José Barreto, os três
signiÍicativa: os loucos seriam justamente os colaboradores mais orr11r políticos, atingidos por um raio («raios os partam»), são Afonso Costa,
nais da revista, Mário de Sá{arneiro e Álvaro de Campos, e não rr(\'i,\ cheÍe dos democráticos, em cima à esquerda; Brito Camacho, cheíe dos
sariamente o Fernando Pessoa d'uo Marinheiro, ou o José de Alrrr;rrl,r unionistas, em cima à direitai e, por baixo, António José de Almeida,
Negreiros de «Frisos,, entre outros. E porque seriam loucos esses rlor., cheÍe do Partido Evolucionista. Eram os três chefes republicanos, das
umalogrados,? Apenas e simplesmente porque Sá-Carneiro e (rrrrr;x,., três famÍlias que se formaram com a cisão do partido Republicano
escreviam «como loucos»: numa espécie de «gongorismo sobri() (,('xl,lr Itrrtuguês em 1912. Os evolucionistas apoiaram a ditadura do general
cavel,, nas palavras de Pessoa (2006, I: 393); numa «algaravia iis vr./r,, l'lnlenta de Castro, que ainda durava quando estas caricaturas foram
brilhante, mas sempre grotesca e tumultuaria,, nas l)alavras (l(,.llllil, l)lrl)licâdas. Para os monárquicos, eles eram todos republicanos, por
de Matos, registadas num recorte de jornal colecciona<kr llor M;irio r l, lss() metiam-nos no mesmo saco, sem distinção.
Sá-Carneiro num dos seus catlernos (UNP/1.13, 155-7"). I)aí o b:rlarrço rlrr| lin(luanto Pessoa assimilava a recepçào do primeiro número do
Pesso:r faz em l9l5: "Às relaçix's (la l)sy( lliâtriâ r'orn;r litt'ralrrrir rr;rrr ( )ryrlk,u t,
l)r('l)irravir (.oln(, co-(lirector, na companhia de Sá-Carneiro, o
t<.r'rtt sirlo k'lizcs.,; <l;rí;r rrlrrclrrsiio ir t1tl.r'll'gir: .À igrxrrarrciit r,irrlorrr fir,14ulrrlo. III (lialri(, rk. l,isltoa, O .hrnul, l)trltli<.ou errr Àltril dez artiÍ1()s
l)('l('n( iit (l()s rr)ssrrs ( rili( ()s. ir ill( ulllrr;r (.ir sllrl]i(l('z rl(l ttosso pulrli||l, â$slnâ(l()s 1x lr *l.i.rrrirrtrlo l\'ssô;r,. scis rlck's n(, (.()ll(,xl() (l(,trrrr;r colrrnir
ir in(lis( il)lilil tttcttl;rl c o cltarlirliutlsnl) s( li.nllíl( o rlos rrossos l)r(.1(,rs(,1 (l(.slHnil(lit rírrrica rla Vitlir r;rrt. l,assir .., (ll,ssrxr, 201 l). l,:ss(,s itrligos,
"(
Irrrrrr.ns rk' sck.rr(lir l|'(.$l(' Ir('10 ('illlt 'OÍl)lt(,u'., (20(l(i, l: ill):t-:ll)4 )l r.
- !l(,n(l(.n(l(, ito l(rnt l)r()v(x itlí)rlo r.;) ;xrl('rrrir.a (lu(,sus(,llitriul n()nt(,it-
276 r9r5 ' O Ano do Orpheu Fernqndo Álvaro Pessoa de CantPos

(lâmente a última crónica publicada, que alude à imperÍcia dos chuuf- traduzir para o francês a sua ode. Ora, a carta mais célebre de Campos
/eurs poderiam ter sido atribuídos, com algumas revisões mínimas de talvez seia a que escreveu um mês mais tarde, a 6 de Julho de 1915' em
-
estilo, a Álvaro de Campos, que não entrara ainda plenamente em cena que o colaborador do Orpheu, pouco antes do regresso de Sá-Carneiro a
(em Março de 1915, Pessoa fez crer a alguns amigos que «Opiário» e a Paris. a 1l de Julho, explica que ele e alguns dos seus colegas da revista'
sob a sua orientaçáo, tencionam apresentar um drama intitulado «Os
"Ode Triunlal» lhe tinham sido enviados a partir de Vigô, [Pessoa, 2001):
ti9]), mas que não tardaria a entrar. Também não me custa imaginar qu(. Jornalistaso, um «estudo synthetico do iornalismo portuguez» (Pessoa,
Campos fosse candidato a autor do artigo «O Preconceito da Order)),. 2012: 254): saliente-se que esse drama teria pouco de estático, à Maeter-
publicado em Á'à reaLr (1915), um panfleto semanal hostil à ditadura rk, linck, e pouco de anti-simbolista, à Pirandello' e muito de vanguardista'
Pimenta de Castro, como também compreendo facilmente que tenhir pois o pâno do palco seria elevado somente meio metro e o público
sido Campos o primeiro autor da Carta a Um Herói Esrrípido (2010), texto apenas poderia ver os pés de seis iornalistas (e os upés' de alguns ob,ec-
que critica a classe política e diversos acontecimentos, como a rev()llr tos). Mas o que realmente irritou o director d'A Capital' a quem a cârta
çào de l4 de Maio de 1915, embora o alvo das críticas fosse um teneul(. foi dirigida, náo foi o facto de os órlicos troçarem do jornalismo por-
de 24 anos que esteve em cativeiro em África. Campos teve, em Junlr(, tuguês, ou dos pés dos iornalistas do país' mas o modo como Campos
de 1915, uma breve existência jornalística, revelando ser, como Pesso;r, encerra a sua carta, com um tÍpico apontamento instigante: uSeria de
um assíduo leitor dos jornais e revistas portugueses. No fundo, Cam;x rs mau gôsto repudiar ligações com os luturistas numa hora tão delicio-
parece ter sido o principal candidato de Pessoa à autoria de certos l(.x samente d)'namica em que a própria Providencia Divina se serve dos
tos de intervenção social e política (e até amorosa!). carros electricos para os seus altos ensinament65 o (Pessoa, 2012: 255)
A primeira carta de Álvaro de Campos endereçada a uma publir';r AÍinal, a l3 de Junho de 1915, dia do aniversário de Pessoa, o partido
ção periódica portuguesa está datada de 4 de Junho de l9l5 e terá sirk, do líder republicano Afonso Costa tinha obtido a maioria absoluta nas
enviada ao director do DríÍnb de Notícias. Tal carta pode ser consideftrrlr eleiçóes legislativas, e o acidente ou atentado sofrido por Costa pouco
ainda um pouco tímidâ para um «engenheiro e poeta sensaciorislir dias depois, quando saía de um eléctricÔ, nào podia ser celebrado - na
-
mas revela aspectos interessantes, porque consiste numa defesa rI. opiniáo d'Á Capital nem por um vanguardista... De facto, o jornal rea-
-, -
giu colericamente e a carta de Campos poderia mesmo ter atentado con-
Céu em Fogo, livro de Sá-Carneiro publicado em Maio de l9l5; 1rorr1rr,.
explica que «Fallar em futurismo, quer â proposito do l" n" de'OrPlr.rr', tra a integridade fÍsica de Pessoal talvez por este motivo, e não apenas
(luer a proposito do livro do sr. Sá{arneiro, é a cousa mais disparàt;ul,r porque náo partilhassem do anti-afonsismo de Campos, quase todos os
<1ue se pode imaginar [...] é nem sequer saber dizer disparatts, o r;rrl colaboradores do Orpheu, incluindo Sá{arneiro, condenaram as pala-
é lamentabilissimo, (Pessoa, 2012:249-259); e porque no verso rla íollr.r vras do engenheiro. Sá-Carneiro aproveitou, âinda, para frisar que o seu
(lue conserva um testemunho dactilografado desta cartâ, enc()[lr;r s, intuito era a publicaçáo de uma revista que exercesse uma acçào exclu-
ttttt rascunho manuscrit() de uma segunda carta, esta em franr'ês r. rlrr r
sivamente artÍstica, intuito que talvez não fosse inteiramente partilhado
,{ida â Filippo Tommaso Marinetti, em que Campos projectâ () t.rrvil' rl.r por Pessoa/Campos, nomeadamente no âmbiente de instabilidade polí-
para o íundador (lo futrlrisl|ll, tt,r ticâ que Portugal atravessava em 1915, coincidindo, no plano europeu'
"Ode Triunfal,
lra(luçã() Írancesa da
li;rtto, a t;uem deseja de(licar a ode, embora não se corrsi<k'rt,, r'lr. pr r r com o espoletar da Primeira Guerra Mundial.
1trio, <le trtodo algum futrlristil: u'fenho a dizer-lhe, muito friur(;ur('rlr.. O certo é que, se o primeiro semestre de 1915 esteve eclipsado'
(lu('ni1() sr)rr narfir Ítrtrrrista., l«.h, liens à utus dirc, lr0s fnnchcrrtIrtl. ryt,' irt(. certo ponto, pela preparaçáo e a publicação da revista Orpheu -
1r'rtt'suis,tullenk'nl litlurislc.,I (l'r'ssrxr. 2lll2.'251) l;rl corrro l\.ssoir pr,r âr)os mais tarde, Pessoa viria mesmo a elaborar um horóscopo para
cttrott < {,rrrunir';rr t l,rr Migrrt'l rIt' Ihr;rrrrrrrrtl alrirví's (l{, r'rrvio rl;r rr.vlsl,r o tlia rl<r aparecimento da revista (Pessoa, 2009: 37) -' i^ o segundo
í)r7r,lllu (l'r.ssoa, 20{)1): :t72), ( ;ull)()s iulagil()lt uru ( {)llil( l() s(,lt(.lltiutlr.. s(,rrcslre <le l1)15 n:b teve um ponto de referência central Em parte,
evidente
('l|il(, rr('rr)s;llrl()l;llr(lillílrio. r'orr Mirrirrr.lli. irtrirví's (k, ('llvi(] (l;r rrr.sr!lir tx,r(llr('it r('vista llii() lltt<lc ter continuidade - tal tornou-se
r(:vislir, rx, rr('sllri, il|lrr. l\.ssoir, lxrrí,ttt, i'nvirrtl;l r';rrlir;r (]tratrrutr0. t,ttt sr.lr,tttllro tl(, ttl(,s||t() a () -. r.(. t l)itrle l)()r(lll(. il r'l,ltst ii'trt'i;r <lesta
Ittt;xtssilrilirl;rrk, tr.r;i lt.v;rrkr ll'ssoa <1rrc ji-r t ittlta to tttr'ç;ttlr I ;l t rit(ltllir
r.rxllmlll(, ( ,[nlr()s ltun( il r.trvkrtt a stra, tirlvt,z lx)r uun( it l(,r ( ltcgll(l, { -
278 r9r5 . O Arut do ()rltlttt Fernanclo Álvuro Pessoa de CamPos

livros de teosofia; que escreüa, ao momento, poesia inglesa; que t'orrrr' [...] tiveglória de lhe dar a conhecer Ia Carlos Franco] a sua espantosa
a
quem eu ao princÍpio estive um pouco zangado'
çava a estruturar o sensacionismo, e que continuava a escrever trc( lll r., .Ode Marítima,
- com mas que reputo hoie uma obra definitiva' uma
do Liuro do Desassossego a focar-se na escrita e a aprofundar ( r'l por causa do tamanho;
-
tos interesses, como, por exemplo, a astrologia. Campos, no segur(1l, àb.u-pri-a, marcante e cld§sico, na qual acredito a Íerro e íogo
Li-lhe

semestre de 1915, continuava a ser o Íuturo autor de um livro rle (rirrr a Ode toda, dum fôlego e o Carlos Franco ficou entusiasmado (Sá-
-
des odes, intitulado Arco de Triunfo, mas não voltou a surgir na ( r,r.r -Carneiro, 2003, Il: l3l)
pública, quase como se, imbuído de um certo anarquismo vitalisl,r
surge como um
tivesse ficado fechado no seu quarto a preparar silenciosa e s(\'rcl,r Revisitado em 2015, cem anos depois, Álvaro de Campos
que talvez náo tenha
mente uma bomba, o "Ultimatum, de 1917, que publicaria em l\».tulrtl dos grandes Íeitos literários de Fernando Pessoa,
escrito nada mais espantoso no grande ano do primeiro modernismo
Futuista. Mas o Arco de Triunfo e o uultimatum» eram dois bons nrolivo,,
positivo
para sair da cena pública durante algum tempo, o que era mais íír( rl português do que a "Ode Marítima', um canto náo plenamente
uDa época lenta e
para Campos do que para Pessoa, porque, biograficamente, Callrlx,s l,r nem whitmaniano da história marÍtima portuguesa'
tinha sido ideado como um viajante e um estrangeirado, cuja locirliz.r veleira das navegações perigosas»:
çáo geográfica era relativamente incerta.
O ano de 1915 foi, em síntese, o ano triunfal de Campos, se por ulrirl E eu,que amo a ciülisação moderna, eu que beiio com a alma as máquinas'
íal» nos referirmos às odes que iriam compor o livro .Arco de 'l'ritnh, Eu o engenheiro, eu o civilisado, eu o educado no estrangeiro'
e barcos de
todas esboçadas por volta desse ano (à excepção da node'l'riu[Íirl r
Gostaria de ter outra vez ao pé da minha vista só veleiros
A "Saudação a Walt Whitman" poderá ser de Junho de 1915, tal corrr,' madeira,
De não saber doutra vida maritima que a antiga üda
dos mares!
consta de um testemunho dactilograÍado (BNP/E3, 7l-6'); a "o(l(, M,
Porque os mares antigos sào a Distância Absoluta'
cial» de 191í1916, pois um testemunho manuscrito do poema estii rul
O Puro Longe, liberto do peso do Actual.''
caderno de 1915 (BNP/E3, 144X-75); e a "Passagem das Horas,, (l(' '
de 1915, pois existe uma reÍerência â estâ ode numa carta de M:irio ^g(,sl,
rl,' t...1
Sá{arneiro para Fernando Pessoa de 31 de Agosto de 1915. No t'rrl;rrrlo.
Todos os marinheiros invisiveis a bordo dos navios no
horisonte
num esquema tardio, Pessoa irá sugerir que algumas odes tenharr str i,,
São os marinheiros visÍveis do tempo dos velho§ naúos'
escritas em 1916, talvez para indicar que foram escritas de forrrur l,l,r
dual e não quase simultânea, e para privilegiar a data de senrifirraliz;rq.r, , Da época lenta e veleira das navegaçõe§ peÍigosas'
de cada poema e não a data dos primeiros esboços: Da época de madeira e lona das üagens que duravam mêses'

ARCO DE TRIUMPHO Toma-me pouco a pouco o delírio das cousas marítimas'


poemas de Alvaro de Campos, Penetram-me fisicamente o cais e a sua atmosÍera,
O marulho do Teio galga me por cima dos sentidos,
E começo a sonhar, começo a envolver-me do
sonho das ágoas'
l. Ode Triurnphal (1914) ou-+++s
na minh'alma
2. Ode Maritima (1915) Começam a pegar bem as correiasdetralsmissão
:1. Sauda(ào â Wall Whitman ( l915) E a aceleração do volante sacode-me nítidamente'

4. O(lc Marciâl ( l9l(i)


5. I'irss g(.llr (lns Il()Íils ( l1) l{;) (lhamatn p(,r mim as ágoas,
^
(l'('ss() ,20I2: 28I) Chanraln lx)r mim os mares.
('hantam por lttitlt, levantand() uma voz corpírrea' os longes'
( halnar'
'À ll.l rL. l)r.zr.rrrlrro, j,r r.rrr l';rr is, l\4;rr io r[. S;r ( ;u
rtlito vollott ;r I.t ,r "( )rl,' Às ('1xx as tttitrílinlils l(xlas scntirlas tro 1>assatlo' a
N4,rrtlrrrr,r'.prrlrltr.rrl,ttttt()tl)ltttt,'r'r",rrctltt.tl'r':':,,,,t (( )rph? u 2, I ll I 5: I :ll-)-l :l(il lt'ssoa, 20 I 4: 7l)-lto)
28r
2tlo IgI5 . O An() d() Oryh«t Fernando Álvuro Pessoa de CamPos

As outras grândes odes do «Alvarozinho, (Sá-Carneiro dxr7, 2003, I: 162) o seu auctor tem talento apesar de maluqueira'» (BNPiE3' 156-2) No
com os
são também admiráveis, mas ficaram inacabadas e nunca foram publi- entanto, praticamente nenhum jornal português foi benevolente
autores da revisla Orpheu' e muito menos com a audaciosa ode sensa-
cadas em vida de Fernando Pessoa. Se quisermos voltar a imaginar uFer-
sugere que
nando Ávaro Pessoa de Campos, em l9l5 (Sá-Carn eiro once ogain,2003, cionista, que ninguém soube como ler' Eduardo Lourenço
imaginá-
II: 42), temos de lembrar o autor de se trata de uma «epopeia do fracasso mascarado em viagem
"Opiário, e de uOde Triunlal,, mas da histÓria portu-
sobretudo o criador da «Ode Marítimâ», um dos maiores poemas lon ria» (Lourenço, 2000: 158), isto é, de uma anti-epopeia
gos da lÍngua portuguesa, sem deixar de evocar, como tentámos fazêkr. gues; e de uma reacçáo à estagnaçáo circundante, mas Lourenço afirma
também que em 1915 «não se viu, nem era entáo possível ver» esse
sen-
algumas das suas fugazes e polémicas intervenções datáveis do mesmo
vontade escândalo e um
ano. Numa Lisboa um tanto pacata, algo aldeã, pouco moderna e quase tido mais profundo, vistô que só se viu numa de

nada industrializada, como era a capital portuguesa em 1915, Campos canto primário de exaltação da vida moderna' (iÓid')' Hoje' cem anos
era tm outsider, uma figura terrílica, aventureira demais, imaginativâ volvidos, cumpre-nos voltar a ler Campos e perceber porque os textos
pessoanos, no geral, marcaram «a irrupção de uma outra cultura'
de
em excesso, que podia indisciplinar as almas tanto ou mais do que Fer-
no tecido
nando Pessoa, que sonhava com essa indisciplina mental, mas precisavir todo um sistema de referências, leituras, iuízos, atitude crítica
é um atentado a
do Campos para dizer «Arre!» e gritar, numa voz quase irreal: da cultura portuguesa» (ibid.:141). À uode Marítima»
1996: 161)
essa cultura e Campos um "Anio Exterminador' @réchon'
FIFIEEN MEN ON THE DEÀD MAN'S CHEST que, caído de céu (ou do inferno), surge de Íorma espectacular em 1915'
É a Campos, e ao Campos da era do Orpheu - mais do
que a Caeiro ou
YO-HO-HO ÀND A BOTTLE OF RUM!
a Reis, que foram lidos pelos representantes do segundo modernismo
Eh-eh-eh-eh eh-eh-eh! Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh! Eh eh-eh-eh-eh-eh-eh! português, embora um estivesse iá morto e o segundo longamente exi-
Hé-lahô-lahô-laHO-O-Oóôlahá-á-á-ààà! iado que Pessoa deve alguma da visibitidade que teve em 1915 e nos
hoje a
anos imediatamente seguintes. Sem Campos, o Orpheu náo seria
AHó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó ó-ó-y}ry!... icónicâ revista que a historiografia literária reconhece'
scHooNER AHÓ-Ó-ó-Ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-vyrvl...

Darby M'Graw-aw-aw-aw-aw-aw! POST-SCRIPTUM


DARBY M'GRAW-AW-AW.AW-AW-AW.AW
FETCH A-A.AFI THE RU.U.U-U-U-UM, DARBY! Álvaro de Campos teve um dos seus melhores anos em 1915' mas não
foi a única figura que acompanhou psiquicamente Pessoa nesse
ano Se
Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh eh-eh eh! percorrermos Eu Sou IJma Antotogia: 136 Autores FictÍcios (2013)' com-
EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH EH-EH EH.EH-EH! p.oru-o* que entre o final de 1914 e o início de 1915 surgiu Raphael
escritos
EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH EH EH-EH! Baldaya, autor de alguns textos muito conhecidos que foram
EH.EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH! um tgtS. tais como o nTratado da Negação' e nPrincípios de Metafi-
sica Esotérica». Não é de estranhar, porque neste ano-eixo que nos
ocupa a produção escrita pessoana viveu um autêntico
«boom' ast-
EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH! da tarefa
(.Orpheu 2, 1915: 145; Pessoa, 2014: 94) rolírgico, e Pessoa sentiu a necessidade de incumbir alguém
de assumir tantos textos e cartas astrológicas de teor oculto Tamll(rnt
r:m l9l5, ttnta rlas personâ!{ens de uma narrativa - Antírnio Mora'
tr
(Jue conteml)orânt'r>s tlt, Oarrrpos ii (.x( ('l)ç;l(, tk. al(trrrs colitlxrr;rrlr r

r('s (lir r('vislil


- prr.pararkrs
('slariarr r(,irlllr('rt(, (l()i(l() l)ril( il)al <lt' *Na (lasa <lt' S;tÍt<lt' rle Cascais' - lil)('rta-s('
(l('ssir
- l)irrir l('r ('sl(.s v('rsl,s'
A (itltiktl tlcixol ('s( i!l)ar ('slits lirrlrirs: u'lirrrrit-sr'Íorçoso rrtonlrrr.r'r r1rrr. nirrrittiv;l ;tlratttlt ttta<l;l l)ilr;l (l('llllll( iilr, Itttttta si'rit' (l(' t('xl()s ;llllí'|lllF
(,ttsl'rltti'tlr'i;t
Ita tt'r'llir lu;r'(klc M;rrÍlirrrir'l r;rurk;ru.r toisir rlt.srr;x,rior it(, r('slo ('(lu(. ttros. it tltr.it<li,r|(,i;t tlo r||tttt<l(, ltttxll,Ítt() r' tlt'Ít'ttrlt'r, t'ltt <
2ll2 1915 . O Ano do Orpheu Fernando Álvaro Pessoa tlt Campos 2tt3

a necessidade da sua repaganização. António Mora é hoie identiti-


cado como autor de nO Regresso dos Deuses, e dos uProlegómenos BIBLIOGRAFIA
(JORNAIS E REVISTAS)
a uma Reformação do Paganismo», obras que serviram para assentar
I

as bases do Sensacionismo entre 1915 e 1916. Ainda em 1915, Pessoa Eh rell! \ Orpheu: Reuista Timestral de Liter(rlura
criou um tal António Gomes, nlicenciado em Íilosofia pela Universi-
dade dos Inúteis», pâra satirizar alguns proÍessores da Universidarlc
de Lisboa e reagir, provavelmente, à negativa recepçào que solreu a
BIBLIOGRAFIA
revista Orpheui assim, por exemplo, redige um epigrama contra Júlio BRÉcHoN, Robert. Estranho Estran- PEssoA, Fernando. Crón icas da Vída
de Matos, professor de Medicina ("Pela rua fora / O que vem aqui? Niir) geiro. Uma Biografia de Fer- g{re Passa. Ed. Pedro Sepúl-
é nada, é / O Júlio de Matos,), e um outro contra Adollo Coelho, profes- aondo Pessoa. Tradução de veda. Lisboa: Ática, 201l.
Maria Abreu e Pedro Tamen. PESSoA, Fernando. Corto d Um
sor de Letras, cuia «ciência cheira a alhos,. Mas se Gomes devia troçar
Lisboa: Quetzal Editores, 1996. Henii Estúpido. Ed- Jerônimo
dos académicos, Thomas Crosse, um outro autor lictício surgido enr Ltul, Ângelo de. Poesias Completqs. Pizarro. Lisboa: Ática, 2010.
1915, devia escrever artigos críticos sobre uSome Portuguese Writers,, Ed. Fernando Guimaràes.2." edi- PEssoA, Fernando. Se nsacionismo
desde a poesia dos cancioneiros até à dos sensacionistas, para divulgar ção. Lisboa: Àssírio & Alvim, 2003. e Outros Ismos. Ed. Jerónimo
LOURENço, Eduardo. Pessoa Re)isitodo Pizarro. Lisboa: INCM, 2009.
no estrangeiro a literatura portuguesa e apresentar o sensacionis|l)í,
3." ediçào. Lisboa: Gradiva, 2000. PEsSoÀ, Fernando. Escritos sobre
como o último capítulo, e o mais interessânte, da historiografia literii PEssoA, Fernando.l lDaro de Cqm- Cénio e Loucura. Ed. Jerónimo
ria nacional. Se o público português, nomeadamente o académico, Iiru pos: Obra Completa. F-ds. Pizarro. Lisboa; INCM, 2006.
estava preparado para a revista Orpheu nem para os sensacionistas. Jerónimo Pizarro e Antonio PESSoÀ, Fernando. Pdginos de
então, deve ter pensado Pessoa, que Íosse outro público, o de língrr;r Cardiello (Colecção Pessoa). Doutrino Esrártca. Selecção,
Lisboa: Tintada{hina, 2014. prefácio e notas de Jorge de
inglessa, o que travasse conhecimento da revista, da obra de Cat'ir(l
PEssoÀ, Fernando. tu Sou Uma Sena. Lisboa: Inquérito, 1946.
(que Crosse prefacia) e da cultura portuguesa, no geral, com (lestii Antologiq: 136 Autores Fictícios. PtzARRo, Jerónimo. Ferfl aado
que para figuras como Antero de Quental e Cesário Verde, que Pesso;r Eds. Jerónimo Pizarro e Patri- Pessoq: Entre Génio e Lou-
sempre reivindicou. A estes autores Íictícios, Baldaya, Mora, (iorrrr.s cio FerraÍi (Colecção Pessoa). cüro. Lisboa: INCM, 2007.
Lisboa: Tintada{hina, 2013. SÁ{ARNEIRo, Mário de. Correspon-
e Crosse o primeiro dos Crosse, pois surgiriam mais na déca(l (I.
l9l0 -
poderÍamos acrescentar Frederico Reis, embora o seu at)irn,
PEssoÀ, Fernando. P,.os a de Áloaro de dência com Fernqndo Pessoa.
-,
cimento seja datável de 1914, visto que se trata de um precursor rl,.
Compos. Eds. Jerónimo Pizarro e Ed. Teresa Sobral Cunha. Lis-
Antonio Cardiello; colaboração de boa: Relógio d'Água, 2003.
Thomas Crosse no labor de crítico o seu texto sobre () "r.l)i Jorge Uribe. Lisboa: Ática, 2012.
curismo triste» da obra de Ricardo Reis
- veia-see que deixou um longo Íol
heto sobre a uchamada
-
escola de Lisboa,, então composta por (la('iro,
Reis e Campos, que será de Julho de 1915. Álvar<.r de Campos tt vr. rrrrr
grande ano em 1915, mas esteve acompanhado por outros (()tnl,irt
heiros de psiquismo de Pessoa, alguns dos quais, como Ant(rnio,'l lrrr
rn;rs e Frederico, re[erenr a existênciâ rkr Álvaro. Pessoa leve grirrrlr.s
ânri!.í()s (orn() Mírrio <le Sii-Oarneiro, rnas tarnl)érn cri()u l)uil(,s ltitis
irl rav(,s (la suil irta!{iraçil().

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