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DO
ARCHIPELAGO
A Ç O R IA N O
ROMANCEIRO GERAL
P O R TU G U EZ
5 v o lu m es in-8.0
ARCHIPELAGO
AÇORIANO
PU BLICAD O S E AX XO TA D O S
POFl
THEOPHILO BRAGA
S e olhardes ás cantigas
Do p r a z e r acostum ado,
Todas tem som la m en ta d o ,
Carregado de fa d ig a s
Longe do tem po p a ssado.
O d 'e n tã o era ca n ta r
E b a ila r como hade ser,
O ca n ta r p a ra folgar,
0 b a ila r p a ra p r a z e r :
Que agora è máo d ’achar.
Gi l V ic e n t e , Triumplio
do Inverno.
PO RTO
TYP . DA LIVRARIA N AC IO NA L,
R ua do L a ra n ja l, 2 a 22
18(31»- - • •-
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AO I L L .BÜ E E X .m0 S N R .
D R . JO Ã O T E IX E IR A S O A R E o
DA ILHA DE S. JORGE
S I) fo p l) ilo 6 r a g n .
^ t Original from
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INTRODUCÇÀO
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INTRODUCE AO IX
NO T E R R E IR O
O tocador da viola
Precisa bem de uns calções:
Haja quem lhe dê o panno,
Que eu lhe darei os botões.
O tocador da viola
Carece de uma jaqueta,
Haja quem lhe dê o forro,
Que eu lhe darei a baêta.
II
DECLARAÇÕES E R EQ U EB R O S
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8 CANCIONEIRO DAS ILIIAS
Mariquinhas tecedeira
Tem o tear á janella;
Dá-lhe o vento, dá-lhe a chuva
Todo o fiado lhe quebra.
O primeiro amorsinho
Que no mundo tem a gente,
Não sei que doçura tem,
Que dura eternamente.
Estrellinha do Nordeste,
Que me andaes alumiando,
Alumiae-me de noite,
Que eu de dia vou andando.
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12 CANCIONEIRO DAS ILHAS
Os amores encobertos
Esses são os mais queridos:
Vão de dia por acenos,
De noite por assobios.
Oh Maria, oh Maria,
Para te amar ando louco;
Passo frio, passo fome,
Levo má vida, ando roto.
Rapariga, rapariga,
Deos te dê boa saude;
Que andei para te enganar,
Rapariga, nunca pude.
O estrella matutina
Que andas no primeiro gráo,
Es a mais brilhante estrella,
Que até ao sol dás quinau.
Oh João, oh Joãosinho,
Folha de cravo, meu b em ;
Não vos deixeis enganar,
Se enganado vos não tem.
III
F L O R E S ... A M O R E S
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ROSAL DE ENAMORADOS 21
A madre-silva cheirosa
Anda no meu limoeiro;
Saltando de ramo em ramo,
Cae a baixo, perde o cheiro.
O silvado na paredò
Yae comer á outra banda;
Teus olhos hão-de ser meus,
Ainda que eu corra demanda.
Manjaricão á janella,
Menina, não o apanhaes;
Dá-lhe o vento, bole a frança,
Cuido que vós me chamaes.
A flor do manjaricão
Não abre se não de noite,
Por não dar a conhecer
Os seus amores a outrem.
A hortelã é crueza,
Menina, não seja crua;
Seu pae não a tem pr’a freira,
Acceite quem a procura.
IV
RETRATO
Delicado é o fumo
Que passa telha dobrada;
Delicados são os olhos
Que namoram de pancada.
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26 CANCIONEIRO DAS ILHAS
Os olhos de tecedeira
São olhos agoniados :
Ora estão na lançadeira,
Ora nos fios quebrados.
Eu vesti-me, eu aeeiei-me,
Não sei se aceiada venho;
Venho-me ver aos teus olhos,
Já que espelho não tenho.
Se ha divindade no mundo,
Divino é o meu bem;
Divinos são os seus olhos,
Mais o seu rosto tambem.
Tendes o pé pequenino,
Dais a passadinha curta;
Mal haja o pae que te tem,
O ladrão que te não furta.
A RRU FOS
E u já vi o sol de noite,
Estrellas ao meio d ia ;
Quem anda cégo de amores
Veria mais, que veria.
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38 CANCIONEIRO DAS ILIIAS
Madre-silva cheirosa,
Que no campo enflorece;
Quem eu quero não me quer,
Quem me quer não me merece.
O trigo é miudinho,
Bem custoso de nascer;
O vosso amor, menina,
E ’ custoso de entender.
Oh amores ! oh amores !
Quem os não tem é discreto;
Deita-se na sua cama,
Dorme seu somno quieto.
s
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40 CANCIONEIRO DAS ILHAS
Oh amores ! oh amores !
Quem os tiver não os poupe ;
Muitas vezes asuccede
Vel-os passar na mão d’outre1.
A giesta se embalança,
Deve de querer chover ;
Não seja isto mudança
Que o amor precisa fazer.
Oh menina do pé leve,
Da cabeça muito mais ;
Vós daes conselhos aos outros,
Para vós não os tomais,
O alecrim de pedreira,
De comprido não emoita;
Tambem vós, minha menina,
Sois uma, e pareceis-me outra.
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ROSAL DE ENAMORADOS 43
Atiraste-me, atirei-te,
Encontráram-se as pedradas;
Quando as pedras se encontram,
Que farão as nossas falas!
Limoeiro da calçada
J á não torna a dar limões,
Que lhe cortáram as guias
Para render corações.
VI
CIU M ES
Dizei-me, peixinho-rei
Com quem guerreaes no m ar?
— Guerreio com a garoupa
Que vivo me quer tragar.
E u havia de adorar-te
Como o sol adora a terra;
Mas tu tens novos amores
Não te quero fazer guerra.
Laranjeira ao pé da serra
Só lhe fica o desengano;
Mais faz amor n’uma hora,
Do que a justiça n’um anno.
VII
PEZARES
Eu já me lembrei deixar-te,
Da mesma lembrança choro;
Lembrar que me heide apartar
De um bem que tanto adoro.
O sereno da manhã
Quebrou a flor ao poêjo;
Maior desgraça ó a minha
Em não ver o que desejo.
Oh am ores! oh amores !
Oh amores, para que são?
P ara quebramento de olhos,
D a raiz do coração.
Oh sol! oh lu a ! oh estrellas !
Oh anjos! descei cá abaixo;
Vinde ver a sepultura,
O logar onde me eu acho.
Oh sol! oh lu a ! oh estrellas!
Andae, dae luz em meu peito,
Vinde achar morada firme
Em palacio tão estreito.
Se eu a ventura tivesse
De achar amor verdadeiro,
Seria feliz no mundo,
Talvez seria o primeiro.
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00 CANCIONEIRO DAS ILHAS
O palmito é fechado,
Quem o abre tem segredo ;
Espero de ser feliz
Com o meu bem tarde ou cedo.
Já vi correr üm regato
Mais uma fonte tambem,
Vejo tudo sem dar ais
Sem ter amor a ninguém.
Oh coração, coração,
Coração sempre doente,
A quem contas tuas magoas ?
A quem tua dor não sente.
J á vi chover e ventar,
Lebrinar, fazer escuro;
J á vi tirar o amor
D ’onde estava bem seguro.
V III
A U Z E N C IA S E SA UD ADES«
Oh José da crueldade
Vem ver a tua querida,
Revolvida em saudades,
Oh José, que está perdida.
Os mimosos passarinhos
Aqui já cantar não vem,
Vem gemer commigo afflictos
N’esta ausência do meu bem.
Se as saudades matassem,
Muita gente morreria;
As saudades não matam,
Mas apoquentam a vida.
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72 CANCIONEIRO DAS ILHAS
As saudades occultas
São custosas de aturar;
Se dão n ’um peito mimoso
O seu alivio é chorar.
Saudades, saudades,
Saudades tenho e u ;
Quem não hade ter saudades
De um amor que já foi seu ?
Saudades te persigam
Que te não possas valer;
Para que saibas, amor,
Quanto custa o bem querer.
Oh saudade tyranna
Vem a mim, tira-me a vida;
A prenda que eu mais amava
J á de mim está arrependida.
Já viestes, já chegastes,
Já esta casa está cheia;
Esta cidade sem vós
Para mim é uma aldeia.
Amores de ao pé da porta
Só servem para tormento;
Amores, querem-se ao longe,
Mas perto no pensamento.
IX
M O R A E S E G R A C IO S A S
A desgraça é nascer,
Depois de nascer penar;
Depois de penar morrer,
Depois de morrer penar.
A maçã na macieira
E ’ como a mãe com a filha,
Que não é senhora cTella
Senão em mentes a cria.
O vento do noroeste
F az andar o mar picado,
F az andar o marinheiro.
Pelo convés enjoado.
y
T Original from
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78 CANCIONEIRO DAS ILHAS
Rapariga se casares
Toma conselho primeiro;
Mais vale um rapaz sem nada,
Do que um velho com dinheiro.
O passarinho no bosque
Busca algum de sua côr,
Mostra em tudo a natureza
A doce união do amor.
Eu devia de nascer
Na maré do caranguejo;
Quanto mais vou para diante,
Quanto mais atraz me vejo.
O amor do estudante
E ’ muito, mas dura pouco;
E ’ como o milho vermelho,
Que se aparta um do outro.
Oh coração de baeta,
D ’aquella mais denegrida!
Ha tantos annos que te amo,
Não te posso vêr vencida.
O amor do estudante
E ' em quanto está presente;
Vêm as ferias, vae-se embora,
Fiem-se lá de tal gente!
LOCAES
Oh Lisboa, oh Lisboa,
Quem te atirára dous tiros,
A polvora fora de ais,
A munição de suspiros.
Oh terra da Califórnia,
T erra da minha alegria,
T u sempre me estás lembrando
Quer de noute, quer de dia.
Oh ilha de S. Miguel,
A desgraça que lá v a e ;
Tanta mulher sem marido,
Tanto filhinho sem pae.
Oh ilha de S. Miguel,
Quem te largou o fogo,
Para semear de nabos
Para sustento do povo.
Urzelina, Urzelina,
São quatro dias de verão,
Fatia de pão de rála,
Cachinho de uva na mão.
Oh Toledo, oh Toledo,
Ribeiras que deita ao mar,
Oh maldita freguezia,
E u não quero lá tornar.
XI
P O L ÍT IC A S
Oh Junot, oh general,
Quem te mandou cá meter?
Desprezaste as cinco chagas!
Junot, quem te hade valer ?
A Rainha de Castella
Está fiando n’uma roca;
Ella quer ganhar dinheiro
P'ra pagar á sua tropa.
A B C DE A M O R E S
O A é pela ausência
Que tenho do meu am or;
E u passo crueis tormentos,
Eu sinto uma grande dor.
O B é pelo brincar
Eu comtigo nalgum tempo ;
Muito nos hade custar
O nosso apartamento.
O C é ser constante,
Bem constante tenho sido;
Adorada prenda minha,
Disvello de meu sentido.
O D é para dizer
A quem tenho na affeição;
Só a ti, caro amor,
Darei alma e coração,
O E é pelo estar
Vivendo de ti ausente;
Oh que grande penitencia
Para um terno vivente.
O F é ser fiel,
Bem fiel te tenho sido;
Se me fores outro tanto,
Unida serás commigo.
O H é pela hora
Que te eu não posso ver,
Cercado de saudades,
Arriscado a morrer.
O L é pela lembrança,
Vós sempre me alembraes;
O dia que vos não vejo
Não faço senão dar ais.
O M é pelo amor
Que sempre te tive e tenho;
E ’s a prenda a quem adoro,
Por quem faço mais empenho.
O Q é pelo querer,
Que eu sempre te quiz e quero;
Espero de seres minha,
Que eu por isso te venero.
O R é reverencia,
Reverencia posso ter,
Heide amar-te até á morte,
Heide amar-te até morrer.
O S são as saudades
Que eu tenho por ti meu bem ;
E u passo crueis tormentos,
Vivo só sem mais ninguém.
O T é a tyrannia,
Que tyrannia te fiz ?
O meu gosto é amar-te,
Viver comtigo feliz.
O X é pelas chaves
Com que abristes o meu p e ito ;
Feristes meu coração
Com raios de amor perfeito.
O Z é pela zombaria
Que vós commigo uzaes ;
E u como firme amante
Cada vez vos quero mais.
A ’s regras do ABC
Ainda aqui faltam quatro:
Traz a tinta e o papel,
Assenta ali teu retrato.
VARIANTE :
— O A é a primeira letra
Que se põe no ABC\
Diga-me a minha menina
Quantos morrem por você.
« O A é a primeira letra
Que se escreve no papel,
Escrevi-te no sentido
Minha pedrinha de annel.
— O B é pelos beijinhos,
Mais tambem pela doçura;
Na face d’esse teu rosto
Criou Deos a formosura.
— O C significa o cravo,
Esse cravo bem disposto;
Corre a fama que sou teu,
N’isso faço muito gosto.
« O C ê pela ciência
Meu amor com que te amei!
Ingrato porque não pões
Em mim essa tua lei ?
Original frony
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92 CANCIONEIRO DAS ILHAS
— O E é pelos enredos,
Enredos te eu heide armar;
Menina se fores minha
Por meios te heide ir buscar.
(( O E significa a era
Que te comecei a amar;
Quem por ti não enlouquece
Vive em peccado mortal.
— O F é pela firmeza,
Vós bem firme podeis estar;
Que á palavra que vos dei
Nunca vos heide faltar.
«O F é pela fé
Que tenho em te gosar,
Ou heide vir a ser tua,
Ou eu heide me matar.
— O O é um generoso,
Heide sel-o até ao fim;
Dei-te o coração por prenda,
Que mais queres tu de miin?
« O G é a gentileza,
Não vi cara mais formosa;
Pelo branco és açucena,
Pelo encarnado és rosa.
— O H é humildade,
Por sentido te conheço;
Não te faças tão altiva,
Julgas que eu te não mereço ?
« O H é pela hora
Que te eu comecei a amar,
Ainda espero em Deos,
Meu, amor, de te lograr.
— J é um jardim
Onde se apanham flores;
Ainda heide ser jardineiro
Menina dos teus amores.
X'
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94 CANCIONEUIO DAS ILHAS
a O L é pela lei
Que o meu coração te tem ;
Desde que eu logo te vi
Não quiz bem a mais ninguém.
— O M é pelas mãos,
Que as tendes delicadas;
Menina, se fores minha
As trareis mais estimadas.
« M significa a morte,
Amor que me hasde causar;
A ’s tuas ingratidões
E ’ que me hasde matar.
— O N é uma nau
Que navega com bom vento;
Diga-me, minha menina,
Quanto traz no pensamento.
« N é pela nobreza,
Vós a todos excedeis;
J á confesso que sou vossa,
De todo me não mateis.
« P é — porque razão
Desprezas o meu amor?
J á de mim tem compaixão
Se o não fazes com dor.
— O P é pelo poder
Que tendes nas vossas mãos;
Tirae-me destas cadeias,
Livrae-me doestas prisões.
— O Q é quando ides,
Menina, para o jard im ;
Que na entrada choraes
E ’ com lembrança de mim.
— O l i é pelo rir,
Que o tendes engraçado;
Com gaitadinhas que daes
Me tendes enfeitiçado.
« O R é pela relação
Da reverencia do peito;
Ainda espero de gosar
Esse teu corpo bem feito.
— O S ê pelo seres,
Menina, bem delicada,
E u vos trago na lembrança
Nos braços bem declinada.
« O S é a suspeita
Não sendo bem soletrado;
Bem sabeis, meu amorsinho,
Que no meu peito tens ’stado.
— O T é pelas thesouras
Menina, com que talhaes;
De ouro são as agulhas,
De prata são os dedaes.
— O Z é pelo zelo,
Menina, que eu vos tenho;
Se vós em mim formaes gosto,
Eu em vós maior empenho.
«O Z é pela zombaria
D ’este galante A B C ;
Fino pedindo a Deos
Saude e vida nos dê.»
A ’s letras do A B C
Ainda aqui faltam quatro;
Mas aqui fica o logar
Para pores o teu r e t r a t o .
II
R E T R A T O D E UM A B E L L E Z A
Tendes o pé pequenino,
Do tamanho de um vintem,
Bem podia calçar de ouro
Quem tão pequeno pé tem.
VARIANTE :
Oh arco da sobrancelha
Onde meu intento tenho,
Não te empenhes por amores
Que eu por ti, meu bem, me empenho.
Tendes o pé pequenino,
Mais pequeno que um vintem,
Bem pode calçar veludo
Quem tão pequeno pé tem.
VARIANTE :
As maçãsinhas do rosto
Mandae-as sobredourar;
Que ellas são mui galantinhas,
Com beijos se hãode gastar.
Ao pé da vossa garganta
Dois montinhos de crystaes;
Onde emprego os meus sentidos,
Dou alivio aos meus ais*
III
OS M A N D A M E N T O S D O A M O R
O primeiro é amar,
Não te amo como devo ;
Ama-me com lealdade,
Que eu serei o teu emprego.
O terceiro é guardar
Os domingos e as festas ;
Venho amar uma Rosa,
Grandes cegueiras são estas.
O quarto é de honra ;
A honra é de quem a tem ;
Heide-vos amar, menina,
Haveis de ser o meu bem.
■ 'S
IV
M A N D A M E N T O S DA E G R E J A
O segundo é confessar,
Eu sempre me confessei;
Só não disse ao confessor
O que com ella passei,
O terceiro é commungar,
Quem se confessa communga;
Quem é rebelde á egreja
O vigário o excommunga.
O quarto é jejuar,
O jejum não é p'ra homens ;
Eu sempre ouvi dizer:
Bem jejúa quem mal corne.
OS S E T E S A C R A M E N T O S
Oh menina eu te peço
Que sigas os meus intentos ;
Olha que eu te proponho
Estes sete sacramentos:
O primeiro é baptismo,
Não sei se sou baptisado ;
Creio em tudo o que Deos disse,
Não sei se sou confirmado.
Segundo é confirmação,
Confirma amor na verdade;
Se te eu quero bem ou não,
Deos do céo é quem o sabe.
O terceiro é commungar,
Quem communga confessou;
Para uns começa o mundo,
Para outros se acabou.
O quarto é penitencia,
Penitente tenho sido;
Quando me ausento de ti
Não sei se morro, se vivo.
O quinto é a extrema-uncção,
São palavras em latim ;
Fostes uma linda rosa
Que criei no meu jardim.
O sexto é a ordem
Que eu tenho de te prender;
Na cadeia dos teus braços
E ’ que eu me queria ver.
O septimo é matrimonio,
Quando é o dar da mão ;
Nunca se pode apartar
Uma rosa de um botão.
VI
OS C IN C O S E N T ID O S
O primeiro é o ver,
Quem não vê não sabe amar,
Sempre o primeiro amor
No coração tem logar.
O segundo é ouvir
Ais do coração sentido;
Não tem graça no mundo
Quem não chega a ser querido.
O terceiro é cheirar,
Flores que em ti remonecem ;
Quem não tem amores certos
Grande trabalho padece.
O quarto é gostar,
Em tudo és do meu gosto;
Adeos tyranna, ingrata,
Em ti trago o amor posto.
O quinto é apalpar
Tudo o que o amor pertende;
Adeos tyranna ingrata,
Já os meus ais te não rendem.
VII
A CO N FISSÃ O DA M EN IN A
(v e r s ã o d a il h a d e s . j o r g e )
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112 CANCIONEIRO DAS ILHAS
— Já em confissões obtive
De raparigas favores...
«Satisfaça-se com elles,
Que eu não deixo os meus amores.
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114 CANCIONEIRO DAS ILHAS
V III
A T R IC A N A
(v er s ã o da il h a d e sam m ig u e l )
Tricana da aldeia,
Que fazes aqui?
E ’s meiga, és sincera,
Eu gosto de ti.
Ingrata fugiste,
Deixaste-me só;
Sósinha nos montes,
Sem pena, sem d ó !
Tricana, tricana,
Minha tricaninha,
Minha Rosa branca,
Oh mansa pombinha.
IX
FA D O DO M A R U JO
(v er s ã o da il h a d e s . jo r g e)
O capitão me escondeu
Debaixo da luz do sol,
Chega-te p’ra 'qui, marujo,
Quero-te assentar no rol.
A tristura me diverte,
O passeio me entretem,
Ditoso commigo mesmo,
Sem querer bem a ninguém.
DESPIQUES DE CONVERSADOS
(v er s õ es da il h a de s. jo r g e)
— Se tendes capacidade,
Guardae-a até ao fim;
Que haveis fazer vós, menina,
Se nascestes para mim.
II
«Caprichosa achareis,
Mas não que vos queira muito,
Que o pomar tem muitas arvores,
Cada uma dá seu fruto.
III
I .
« O tempo já se apressa
Em dar luz a outra gente,
Vamos ver o nosso gado
Que de nós ficou ausente.
IV
— Se te apanhei, menina,
Não foi muito a correr;
Foi muito do meu vagar,
E muito do teu querer.
Original fro n ^ ^ ^
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128 CANCIONEIRO DAS ILIIAS
« Se eu soubera de tu vires
Aliviar minhas penas,
Tinha-te a casa varrida,
Enramada de açücenas.
T Original from
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130 CANCIONEIRO DAS ILHAS
Não se me dá do lenço,
Dá-se-me do que dirão,
Que eu que sou tão desgraçada
Que perco quanto me dão.
VI
O riginal f r o m ^
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CANCIONEIRO DAS ILHAS
VII
A C O N V E R SA D A DA F O N T E
«Pucarinho é vidrado,
Tocadinho do amor,
Por ditosa me eu achára
De dar agua a tal senhor.
A folha da ortelã
E ' comprida mas estreita;
Dize-me que amas a outro,
Tira-me d'esta suspeita.
VIII
— Na eschola de Cupido
Para te amar aprendi;
Para bem de te falar
Uma carta te escrevi.
— Eu aí te vejo estar,
Bem bonita, bem perfeita;
Desejava de saber
Se me queres ser sujeita ?
IX
C A N TA R Á D ESGA RRA DA
O riginal from
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CANCIONEIRO DAS ILHAS
M EZES D O A N N O
E u sou o Janeiro,
Que espalho o meu grão;
E peço a Deos
Boa conjuncção.
E u sou o Fevereiro,
Mez dos temporaes;
Descubro as casas,
'Sborralho os portaes.
E u sou o Março,
Que sempre marcejo,
Farto as terras
De agua a desejo.
E u sou o Abril,
Sou o mez das flores;
Cantam as aves,
Desperto os amores.
V'
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140 CANCIONEIRO DAS ILHAS
Eu sou o Maio
Da pouca ventura,
Que não guardo grão
Para a amassadura.
Eu sou o Junho,
Que não dou n ad a;
Mato a fome
Com a minha cevada.
Eu sou o Julho,
Que encho o paúl,
Que farto cidades,
Aldêas e tudo.
Eu sou o Agosto,
Que toco guitarra,
E vendo o vinho
A meia canada.
Eu sou o Setembro,
Que tudo recolho,
Trigos e milhos,
Palhas de restolho.
Eu sou o Outubro,
O mez dos outonos,
Engrosso as terras,
Proveito dos donos.
Eu sou o Novembro,
O mez dos sanctinhos,
Em que os lavradores
Provam os seus vinhos,
E u sou o Dezembro,
Engordo o meu porco,
E como torresmos,
Regalo o meu corpo.
II
A N N O BO M
E os meninos solteiros
Que não percam o cuidado,
Os que não tem pae, nem mãe,
Deos lhe dê um bom estado.
III
A C IR C U M C IS A O
Arrodeado de luto,
Chorando mil lagriminhas,
Sua mãe lhe está cantando:
Filho meu, morres com frio.
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144 CANCIONEIRO DAS ILHAS
IV
OS R E IS M A G O S
Santos reis, santos coroados
Vinde ver quem vos coroou;
E mais quem vos ordenou
O vosso santo caminho.
F O L IA S D O E S P I R I T O S A N T O
Ao ir buscar a coròa a casa do Imperador:
f
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146 CANCIONEIRO DAS ILHAS
Ao entrar na Egreja
Oh divino Sacramento
Aonde é que estaes agora?
Aonde cantam os anjos
E mais a nossa Senhora.
Depois da coroação:
A’ meza :
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148 CANCIONEIRO DAS ILHAS
VI
R E S P O N S O A S A N T O A N T O N IO
(v er s ã o d a il h a d e -s a n t a m a r ia )
(v er s õ es d a il h a d e s . jo r g e )
OUTRA :
VII
PRESO :
UM A N J O :
PREG ÃO :
SANTO A N T O N IO :
Eu te requeiro justiça,
Que adiante não vás m ais;
j u s t iç a :
SANTO ANTONIO :
m o r t o :
JU STIÇ A :
pr e s o :
SANTO A N T O N IO :
PRESO :
SANTO ANTONIO :
PAE:
Eu te abençoo, filho,
Que sejas abençoado ;
Confessor das creaturas,
Que vás para o céo sagrado.
V III
Google
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DOUTRINAL DE ORAÇÕES loi)
IX
E perguntou-lhe a Sonhora:
«Santa Apollonia aonde ia?»
Ella respondeu :—Senhora
Em cata de vós me ia.
XI
X II
ORAÇÃO DE S. BARTHOLOMEU
X III
XIV
Oh verbo divino,
Cordeiro na cruz,
Salvae a minha alma,
Valei-me Jesns.
Valei-me Jesus
Do meu coração,
Pelos tormentos
D a vossa paixão.
D a vossa paixão
O sangue benigno,
Nos seja propicio
Clemente e divino.
Clemente e divino
Senhor e bem meu,
Eu quero ser vosso,
Não quero ser meu.
Eu quero ser vosso
Porque eu vosso sou,
Se vida me destes
A alma vos dou.
Por vosso amor
Meu Deos e meu bem;
Livrae-me do Inferno
Para sempre, amen.
XV
Senhora da Conceição,
Consolae meu coração,
Que elle anda desconsolado
Com peccados carregado.
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160 CANCIONEIRO DAS ILHAS
XVI
li
XV II
(V B R SÃ O DA IL H A D B S. JO R G E )
X V III
Quando ia confessar-me
Ia por satisfação,
Que nunca conheci dôr
Dentro no meu coração.
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164 CANCIONEIRO DAS ILHAS
X IX
A B C DO SENHOR AMOROSO
JBesuscitastes a Lasaro,
Salvastes a Cananêa,
Grandes mysterios se encerram,
Jonas no ventre da balêa.
\o Original from
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DOUTRINAL DE ORAÇÕES 167
XX
A B C DE NOSSA SENHORA
*
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168 CANCIONEIRO DAS ILHAS
ilfedecina do peccado,
A cura podeis fazer,
Na vossa mão ’stá o remedio,
Não me deixeis padecer.
XXI
A CONFISSÃO
A Virgem se confessou
Pela manhã ao domingo,
Nanja por ter peccados,
Nem por os ter commettido;
Foi só por guardar preceito
Ao seu bemdito filho.
Mas o padre que a vira
Pensamento duvidára,
Ao pé se assentára
Onde ella ajoelhára.
Vamos a remir peccados
Todos pelos mandamentos :
Primeiro foi que adorei
Ao meu adorado Senhor,
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DOUTRINAL DE ORAÇÕES 171
X X II
AS QUINZE PETIÇÕES
V
Meu bom Jesus verdadeiro.
X X III
O primeiro amarás
A Deos como bom christão,
Amarás a um só Deos,
Sobre quantas cousas são.
O terceiro guardarás
Os domingos e as festas,
Officio nenhum farás
Nem as cousas deshonestas.
X X IV
A ’m anhã é domingo
D o pé do cachimbo,
Toca na gaita,
R epica no sino,
O sino é d’ouro,
Repica no touro;
O touro é bravo
M ata fidalgo ;
F idalgo é valente,
E n terra o menino
N a cova de um dente.
II
III
E ra e não era
No tempo da era,
Meu pae era vivo,
Minha mãe por nascer,
Que lhe havia de fazer?
Deitei as pernas ás costas
E puz-me a correr.
Subi por escada abaixo,
Desci por ella acima,
Encontrei um pecegueiro
Carregado de maçãs,
Fui-me a elle
E comi avelãs.
Veiu o seu dono
E deu-me com um páo,
Bateu-me n’um olho
Magoôu-me um joelho.
IV
T Original from
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DOUTRINAL DE ORAÇÕES 179
VI
Rei e rainha
Condeça, cestinha;
Vamos a dar
Uma tarefinha.
Sam Pedro me leve,
Me queira levar,
Se alguma menina
Me fizer olhar,
Rir ou conversar.
— Agora o senhor sam Pedro
Dá licença de eu olhar?
— « Não te deixo olhar
Sem essa agulha acabada,
E a outra começada.
— Já acabei, já comecei,
Já tornei a começar.
Agora o senhor sam Pedro
Deu licença de eu olhar.
V II
«Truz, truz.
— Quem é ?
« O velho das contas.
— Elle o que quer ?
« Vender contas.
— Não ha dinheiro.
« Fia até Janeiro.
V III
Sorrobico,
Massarico,
Quem te deu
Tamanho bico?
Foi nosso senhor
Jesus Christo.
Bicho vae,
Bicho vem,
A ganhar
O seu vinteno.
Piolho na lama,
Pulga na cama>
Dá um pincho,
Põe-se em França.
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ROMANCEIRO
DE ARA VIAS
1 — V E R SÃ O DA IL H A D E S. JO R G E .
© ta^afcor e a fron^illa
I I - - V A R IA N T E Dá IL H A DE S. JO R G E .
*
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186 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
Avistando a cidade,
A donzella se sorria:
2Dou;ella rníantaba
I I I — V A R IA N T E DA IL H A D E S. JO R G E .
A ’ entrada da cidade
A donzella se sorria.
fíomaitíe îm 0^ Inana
I — V E R S Ã O DA IL H A DE S JO R G E .
Passeava-se Sylvana
Por um corredor acim a;
Seu pae estava mirando
Passos d'onde ella v iv ia :
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192 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
3Ul>ina
Ôiloana ítesampurròa
I I I — V A R IA N T E DA I L H A D B S . J O R G E .
V E R S Ã O DA I L H A D B S. JO R G E .
Google
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202 UOMANCEIUO DE ARAVIAS
KomoiUf ïn IBernal-Jraiuoilo
I — VERSÃO DA ILH A DE S. JORGE (U R Z E L IN A )
— Francisquinha, Francisquinha,
D'esse corpo tão gentil !
Abri-me lá essa porta,
Que m’a costumaes abrir.
« Não abro a minha porta,
Que são horas de dormir.
— Abri ao homem de França,
Que lh’a costumaes abrir.
«Se é outro no seu logar,
Digo que não quero ir ;
Se elle é Bemal-Françoilo,
Descalsa lhe vou abrir;
Lhe pegarei pela mão,
O levarei ao jardim,
Lavei-lhe pernas e braços
Com agua do alecrim,
Tornei-lhe a pegar na mão,
O deitei a par de mim.
Era meia noite em ponto,
Outra meia por venir,
E vós Bernal-Françoilo
Sem vos virares p’ra mim?
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204 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
— E ’ um cravo d'Arrochela,
Oh Rosa, mandae-lhe abrir !
«Se elle é Dora Pedro de França,
Descalsa lhe vou abrir.
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ROMANCES NOVELLESCOS 207
10
Já o sol dá na vidraça,
Ai Jesus! tão claro dia!
11
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2 12 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
12
J D o n ^ lla Q u t x x ú x a
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216 ROMANCEIRO DE ARA VIAS
13
I — V E R S Ã O DA IL H A D B S. JO R G E (V B LLA S)
A fortuna convidou-me
P ’ra ir com ella jantar,
Em meza de sentimentos,
Toalhinha de pesar:
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220 ROMANCEIRO DE ARA VIAS
uiiymdi irum
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NEW Y O R K PU B LIC LIB R A R Y
ROMANCES NOVELLESCOS 221
14
mosal-flortlro
I I — VARIANTE DA ILHA DE 8 . JORGE (RIB EIR A DE AREIAS)
15
16
ZDotta fijrlena
II — VARIANTE DA ILHA DE S. JO R G E
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228 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
17
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BÜMAJfCES KOTELLESCOS 231
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232 llOMANCEIRO DE ARAVIAS
18
ilores í tJentos
19
2Dona $ r a t u a
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ROMANCES NOVELLESCOS 235
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236 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
20
Stom A l b e r t o
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ROMANCES NOVELLESCOS 237
21
V — V A R IA N T E DA IL H A D E S. JO R G E
r ^ r ^ r t lo Original from
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238 ROMANCEIRO DE AUAVIAS
22
I — V B R SÃ O DA IL H A DB 8. JO R G E .
23
Dom 3Um o
I I — V A R IA N T E B A IL H A D E S. JO R G E
Na cidade de Hungria
Passeava um cavalleiro;
Cavalleiro, gente nobre,
E ’ chamado Dom Aleixo.
O chamado Dom Aleixo
Uma noite que saía,
Vira estar um Ermitão
Oh bem alto, em demazia!
— Se tu és carne humana,
Vae na minha companhia;
Se tu és alma que pena,
Eu te esconjuraria.
«Eu não sou carne humana,
10
Que te vá em companhia ;
Tambem não sou alma em pena
Que tu me esconjurarias;
Sou a morte de Dom Aleixo
Que te venho avisar,
Na corte estão sete homens
Para a vida te tirar!
— Antes que sejam outros sete
Dom Aleixo não temia;
E juro por minha espada,
Por a sagrada Maria,
Vou cumprir uma promessa,
Que fiz a Dona Maria.
24
1 — VERSÃO DÁ IL H A D E S. JO R G E (R IB E IR A DE A REIA S)
s
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244 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
X
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246 ROMANCEIRO DE ARA VIAS
25
A portos da Inglaterra
A Dom Carlos Montealvar!
Appareceu um pombinho
Na janella foi poisar:
— a Oh justiça, oh justiça,
Vós podeis bem descansar;
Claralinda é menina,
Hade ter que confessar !
Diga-me a minha menina
A quem deve de amar?
« Eu amo a Deos do céo,
E a Dom Carlos Montealvar ;
Lá lhe mandei umas cartas,
Não lhe puderam chegar.
— « Diga-me a minha menina
A quem deve de amar?
Debaixo de confissão
Se um bejo me póde dar?
« Não permitta Deos do céo,
Nem os santos do altar,
Onde o Conde poz os beiços
Que os ponha nenhum frade;
Nem vos posso dar um beijo
Porque eu vou a matar.
— « Dê-me a menina um beijo,
Que já não vae a matar.
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ROMANCES NOVELLESCOS
26
I ~ V E R SÃ O DA I L H A D E S. JO R G E .
t
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250 ROMANCEIRO DE A RA VIAS
Debaixo de um laranjal,
E u em castello branco,
Ella em rico saial.
« Oh meu filho, oh meu filho,
Tua morte vou vingar.
27
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254 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
o,
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256 ROMANCEIRO DE AR AVIAS
— Já os linhos enflorecem,
’Stão os trigos em pendão !
Ajuntem-se as moças todas
No dia de Sam João;
Uns com cravos e rosas,
Outros com manjaricão ;
Aquelles que o não tiverem
Tragam-me um verde limão.—
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ROMANCES NOVELLESCOS 2Õ7
28
I I I — T A 1 IA X T B DA I L B A D E S . JO R G E
Passava um caçador
A caçar caça real:
29
H o u ta n c e t>o € o ití> r Q a n o
Passeava-se a Sylvana
Por um corredor acima;
Seu pae a estava mirando
Da cama d’onde jazia;
30
I — V E R SÃ O D l IL H A DE S. M IG U E L
« Gerenaldo, Gerenaldo
Pagem do Rei bem querido;
Porque não falas de amores,
Que estás aqui só commigo?
— Por eu ser vosso vassallo,
Senhora, zombaes commigo?
« Gerenaldo, eu não zombo,
Falo de veras comtigo.
— Vós quando quereis, senhora,
Que vá ao vosso serviço?
« Das dez horas para as onze,
Quando o rei ’stiver dormindo.
De beijinhos e abraços
Hasde ser mui bem servido!
Nada mais t’eu não prometto
Que entre nós será sentido.
31
©irinatíro
I I — V A R IA N T B DA IL H A DB S. JO R G E
« Girinaldo, Giri»aldo,
Pagem d’El-rei tão querido !
Porque não tratas de amores
Quando te achas só commigo?
— Porque sou vosso vassallo,
Senhora, zombaes commigo!
« Girinaldo, Girinaldo,
Pois eu devéras t’o digo.
— Vós quando quereis, senhora,
Que eu vá ao vosso serviço?
Das dez horas para as onze
Quando meu pae está dormindo.
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ROMANCES NOVELLESCOS 269
32
I — V E R SÃ O DA. IL H A DB S . JO R G E .
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272 ROMANCEIRO DE ARA VIAS
33
SDom fl)oarí>os
II — VARIANTE DA ILH A DE S. JORGE
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ROMANCES NOVELLESCOS 273
Elle é o Dom’Doardos,
Que a mim me vem visitar.
— Se elle é o Dom Doardos,
Heide mandal-o matar!
« Se o mandares matar, pae,
Mandae-me a mim degollar.
34
31 €rmií>a no mar
I I I — VARIANTE DA ILHA DB 8 . JORGE
35
Roman« .flora
V E R SÃ O DA IL H A DB 8. JO RG B
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ROMANCES NOVELLESCOS 277
Ao pé d'onde Flóra ía
A falar ao seu amante.
Flóra se preparou
Cora seu lenço de volante,
E como era de costume,
Foi falar ao seu amante.
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278 ROMANCEIRO DE A RA VIA S
O coração de Flóra
Talvez perca esta affeição.
— Oh Flóra, oh Flóra,
Trata de te preparar,
Que ás quatro horas da tarde
Nos devemos embarcar?
— « Que partida, senhor, é esta
Sem nada se me dizer?
Ainda a uma criada
Não se deve isto fazer ?
— Tambem eu, com ser mais velho,
Não sei tudo á vontade;
Não me pediste conselho,
Sendo de menor idade.
Caminha Dona Flóra,
São horas de embarcar;
Pela tua má cabeça
Terra alheia vou andar.
— « Ainda que meu pae me mate,
Me chegue á sepultura,
Nunca deixo o meu amor,
Com elle é minha ventura.
Que partida tão cruel,
Com tanta acceleração!
Cá me fica o meu amor,
Eu vou morrer de paixão!
— Principiemos tocando
A nossa moda do m ar:
Quem ama sem reflexão
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ROMANCES NOVELLESCOS 281
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282 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
36
V E R SÃ O DA IL H A D B S. JO R G E .
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ROMANCES NOVELLESCOS 283
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284 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
37
I — V E R S Ã O DÂ I L H A D E S . JO R G E
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286 ROMANCEIRO DE ARA VIAS
38
31 t t a u ( f f a t l j m n r t a
38
31 Uau (Eatljeritiíta
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ROMANCES NOVELLESCOS 291
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292 ROMANCEIRO DE ARA VIAS
39
2 1 IX a u ( f f a t l j m t t t t a
O gageiro lá em riba
Em altas vozes gritára :
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294 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
40
H Uuu (£atl)mncta
V — VARIANTE DA ILHA DB S. JOIIGL
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296 KOMANCEIRO DE ARA VIAS
S "
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298 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
41
O riginal from
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ROMANCES MARÍTIMOS 301
42
V E R SÃ O DA I L H A D E S. JO R G E .
A do meio respondeu:
— Oh amigo, oh tyranno,
Quem te fez tamanho mal?
« — Foram as trez irmãsinhas
43
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304 ROM ANCEIRO D E ARA V IA S
44
D o m 3 o a o Ira 3 U m a fe a
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ROMANCES MARÍTIMOS 305
A ’ partida da galera
Houve taes gritos e choros !
Capitão e Comraandantes
Todos se encheram de dores.
Entrando pelo mar dentro
Ouviram grandes terrores:
Eram Mestres, Contra-mestres
Amostrando os seus valores.
Indo mais pelo mar fora
Ouviram tinos de p rata :
Oh que rico commandante,
Leva esta real fragata.
Indo mais pelo mar fóra
Onde terras se não viam, *
Chegou a armada uma á outra,
Lá em pinos do meio dia.
45
I I — V A R IA N T E DA I L H A D E S . JO R G E (R I B E I R A d ’a R E IA S )
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ROMANCES MARÍTIMOS 309
O gageiro lá de cima
Em altas vozes dizia:
46
6utali)a òe Cepanto
I I I — VARIANTE DA IL H A DB S. JORGE (VBLLAS)
47
V E R S Ã O DA IL H A D E S. JO R G E .
Chegados os cavalleiros
Elle se foi na desfillada.
48
I — V E R S Ã O D A I L H A DB S. J O R G E (R O SA E S)
49
JDorta 3 ttez
II — VAR IA N TE DA ILH A DB 8 . J O R G E
r
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ROMANCEIRO DE ARAVIAS
50
fíomoittfs ò e -florbella
I — VERSÃ O DA IL H A DB S. JO RG E
51
31 p o b r e I H u t m
I I — V A R IA N T B DA I L H A DB S . JO R G E
« Oh de fóra, oh de dentro,
Oh de dentro, quem está hi ?
— Senhora, é o vosso genro,
Senhora mandae-lhe abrir.
« Se elle é o meu genro
E u mesmo lhe irei abrir,
Como está Dona Angélica ?
— A minha mulher é viva.
Dona Angélica é doente
Com as saudades que tinha,
Florinda mandou buscar,
Sua irmã p’ra companhia.
« A sua irmã não a dou
Que ella é menina donzilla.
Cuido que o vento m’a leva
Da sala para a cosinha.
Mas como é com seu cunhado
E u posso deixal-a ir,
Vão-lhe apromptar o cavallo
Que ella se irá vestir.
— « Requeiro de caminhar
Por terras de povoado,
Fosse pelos quintaes d’ella
Não o attente o peccado.
52
1 — V ER SÃ O DA I L H A D E S. JO R G E (V E L L A S )
Os mouros me cativaram
Entre a paz e a guerra ;
Me levaram a vender
Para Argelim, que é sua terra.
Não houve perro, nem perra
Que o comprar-me quizera;
Só o perro de um mouro
A mim só comprar havera.
Dava-me tanta má vida,
Tanta má vida me d é ra !
De noite a moer esparto,
De dia a pisar canella ;
Punha-me um freio na bocca
Para eu não comer d’ella;
Mas parabéns á ventura
Da filha ser minha amiga ;
Quando o perro ia á caça
Commigo se divertia;
Dava-me a comer pão branco
Do que o perro comia,
Deitava-me em catre d’ouro,
Junto commigo dormia.
Original from J
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324 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
53
<H> (Catino
I I — V A R IA N T E DA IL H A DB S. JO R G E (R IB B IR A d ’a R E JA S)
— « Dize-me, oh Christiano,
Dize-me, oh meu escravo,
Quem te deu tanto dinheiro
Para seres resgatado?
— Tres irmãos que eu tinha
Todos para mim ganharam ;
No primeiro paquete
Para aqui m’o enviaram.
— « Tu ou te hades tornar moiro,
Ou.turco arrenegado.
— Não me quero tornar moiro,
Nem turco arrenegado,
Que aqui trago com migo
Um Senhor crucificado ;
Quem a mim me offender
D ’elle será castigado.
— « Se casasses co’a princeza
Te faria rei coroado,
Te faria commandante
Das minhas tropas reaes.
« Deixae ir o Christiano
Que a mim não deve nada,
Senão a vista dos olhos,
Dou-lh’a por bem empregada.
— a Vae-te embora Christiano,
Vae-te para a tua terra,
Dize a el-rei de Portugal
Que me não arme mais guerra.
— Adeos, oh alta princeza,
Adeos, oh rei da Turquia ;
Que eu vou-me d’aqui embora
Com Deos e a Virgem Maria.
« Deixae-me ir para a janella
- Tocar na minha guitarra ;
Que não digam os mouriscos
Que eu fiquei anojada:
Por aquelle mar abaixo
Vae o meu amor João ;
Já não quero mais viola,
Nem mais guitarra na mão.
54
Jioinaiufs da JflánoD«
I — VBRSÁO DA ILHA DE S. JORGE (URZELINA)
Google
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ROMANCES HISTORICOS 329
Chegando á freguezia
Começou de perguntar;
Chegando aonde elle estava
Começou de prantear.
55
(D Casamento mallograí>o
II — VARIANTE DA ILHA DE S. JO R G E
56
57
Dont Duarîtos
I I — LIÇÃO DO CAVALHEIRO DB OLIVEIRA
58
LIÇ Ã O D E G A S P A R FRU C TU O SO
I
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ROMANCES HISTORICOS 343
I
Poucos são os que escaparam
Debaixo da terra fria :
E alguns no arrabalde
59
L ..
60
V ER SÃ O DA IL H A D E S. JO R G E .
61
VERSÃO DA IL H A DB S . JORGE
62
D U an cu o í>o fla ta l.
VBRSÃO DA ILHA DB S. JO R G E
63
64
V E R S Ã O DA IL H A DR S . JO R G E .
65
V E R SÃ O DA IL H A DB S. JO R G E
66
67
V E R SÃ O DA. I L H A D E S. JO R G E .
68
üomance í»a fíaijrào.
V E R S Ã O DÁ I L H A D E S. JO R G E .
69
70
V E R SÃ O DA IL H A D E S . JO R G E
71
fóomaiue Ôantta 3ria.
VERSÃO DA ILH A DB S. JO R G B .
72
E ra el-rei de Leão
Casado c’uma princeza
Devota de Portugal
De Santo Antonio varão ;
Tinha uma só rainha,
Uma filha já mulher,
Ella só lhe convém •
73
V E R SÃ O DA IL H A DE S. JO R G E
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368 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
74
V ERSÃ O DA IL H A D B S. JO RG B
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ROMANCES SACROS 360
75
/ - v z - v / r lo Original from
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ROMANCES SACROS 37 1
76
V E R SÃ O DA I L H A D E S . JO R G E
77
VERSÃ O DA IL H A D B S. JO R G E
78
Jt a ra ra s í>a íf lo r r n a
Chegára á portaria
Por Frei João perguntára?
Frei João que tal ouviu,
Se havia correr saltava ;
Pegára-lhe pela mão
Levara-a p’ra sua sala,
Com galinhas e capoes
Nada de comer faltava...
Déra-lhe pão e vinho
Do que a sua Ordem dava;
Comprou-lhe saia de seda
De cem mil reis cada vara.
Ao sair da portaria
Seu marido encontrára:
79
JFm 3oãa
II — VARIANTB D A ILHA D E S . J O R G E
79
80
Avisaram a Rodeira,
E juntamente a Abbadessa,
Que me metesse em cabeça
Que casaria, que casaria.
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484 ROMANCEIRO DE ARAVIAS
O regalo da casada
E ’ lograr os seus amores,
De continuo os seus favores;
Mas eu nada, mas eu nada.
82
Foi-se o galantinho
Rondar pela vida;
Eu fui-me atraz d ’elle
A ver para onde ia,
Eu vi-o entrar
P ’ra casa da amiga;
Beijos que lhe dava
Na rua se ouviam,
Abraços lhe dava
Que os ossos rangiam ;
Voltei para casa
Mais triste que o que ía,
Fechei minha porta
Melhor não podia.
Era meia noite
Galante não vinha,
Os gallos cantavam
Galante batia.
CANCIONEIRO
I. A intuição popular nas cantigas: Ideas ju rí-
dicas, Cosmographia e Botanica.
II. Medicina popular, orações e esconjuros.
III. Folia do Espirito Santo, e Império dos Nobres.
IV. 0 Santo Antonio no Cancioneiro hespanhol.
N i mi padre, ni tu m adre,
N í Sari A n to n io b en d ito
Me pueden a mi quitar
Q ue yo te quiera un poquito
A un q u e me digan de ti
Lo que dicen ao d em on io,
Yo te ten go de querer
C arita de San A n ton io.
T iè n e s una carita
D e San A n ton io,
Y una con d icion cita
Coino un dem onio.
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ROMANCEIRO
— Q ue m ulh er é esta aq u i,
Q ue tanto está enfadada?
«E ’ vossa filha S ylvana
Q u e a d eix a es d esh e rd a d a .
o tambem
A minha alma está no cco,
Está n’uma Rosa pintada.
V. ,
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Num. 10 DO ROMANCEIRO 409
V .
1 Pag. 29.
2 Pag. 31.
esta batalha,
Que era de tanta valia.
RICO FR ANCO
A caza ib a n ,á caza
L os cazad ores dei rey,
N o hallaban en e llo s caza
N i hallaban g u e traer.
Perdido habian los falcones,
Mal lo s amenaza el rey;
Arrim aram -se á un castillo
Q ue s e llamaba M aynés,
D entro estaba una doncella
Mui herm osa y muy cortês.
S ie te condes la deinandan,
Y asi bacen reys tres.
Robárala B ico F ranco,
R ico Franco a ra g o n ê s:
R ico F ran co d e c o r te se
P or las tach as lo fu é ten d er.
La d o n rella , q u e era artera,
P o r lo s p ceh o s s e le fu é á m eter:
Asi v eu g ó padre y m adre,
Y aun b erm an os to d o s tres. 1
o C O R S Á R IO
« O m nrinar d e ta m arin a,
Oh ca n tè’-m e d'una c a n so u .
( S u la tior d el’a cu a ,
S u la d or d el m ar.)
— M on té’ b ela , su Ia m ia b arca,
La can son m i la can terò.
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Num. 48 — 49 d o ro m a n c e iro 441
— P e n s e ’ pa pi a la vostra m am a,
Oh p e n se ’, b e la , al m arinar.
— E sta m o s q u in h en ta s m ilh a s
T ão lo n g e do v o sso l a r !
?Q ue dirá a m inha m ãe
Q ue ta n to tardo a voltar.
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442 n o ta s Num. 48 — 49
— N ã o p e n s e is em vossa m ãe
P en sa e no hom em d o m a r !
Isto é já m eia n o ite ,
A hora de rep ou sar.
O h d e sp i-v o s, descaIçae-vo6,
D e ita e -v o s aqui a par.
«E u esto u tão ap ertad a,
N ã o p osso o s n o s d esatar.
E m p restae-m e a vossa espada
Oh m arin heiro do m a r ;
D o n zel em p resta-m e a espada
Q u ero e s te cin to cortar.»
M al a b el la toma a espad a
N o p eito a foi en terrar.
— O h m aldita se ja a espada
E a m ão q u e a q u iz em p restar ;
S e a não ab racei em vida
A ssim m orta h eid e-a abraçar.
L E B E A U M A R IN IE R
V
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Num. 48 — 49 d o ro m a n c e iro 443
(
\
E nns tragicomedias:
A ’ borda do raar
E stava uma d o n z e lla ,
Bordava n'uni le n ç o ,
Com o ella era b ella !
Etn m eio do b ord ad o
F altou -I lie o retroz ;
M as vinha ch egan d o
G alera v elo z.
«O h m arin h eiro
T r a z e is se d a a í?
— Q ue cor q u ereis? b ran ca,
O u d e carm ezi?
«Eu qucro-a verm elh a
P o r q u e é da m ais íin a,
E u quero-a verm elha
P orq u e é para a rainha.
- E n tra e, en trae já
N ’esta caravella. —
M al p oz o pé dentro
F e z - s e logo á v ella .
E o m arijiheiro
Cantava ao pé d’ella .
Com o can to do n auta
F ic a ad orm ecid a,
Com o mar in q u ie to
A cord a se n tid a .
A ssim que ella acorda
V iu j á lo n g e a terra:
«O h m arin h eirin h o
Para o porto aferra,
Q ue a vaga que s e ergu e
M e espan ta e aterra.
— N ã o faço o q u e p ed es
S e r á s m inha am ada.
«D e tres irm ãs qu e éram os
S ou m ais d esgraçad a.
S ã o am bas casad as
Com um d u q u e, com ura co n d e;
Vou se r m arin heira
S em saber a o n d e.
Que uma vista sed a,
E a outra ouro ten ha!
M as eu , a m ais b ella ,
V ou ter estam en h a.
— S e um a v e s te sed a ,
E a outra ouro tin h a,
T u é s m arin heira
Q ue vae se r rainha:
O R ei d e In glaterra
D e u -m e a caravella
Com qu e ha j á se te a n n o s
T e b u sco , d on zella.
‘V
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Num. 56 — 57 d o ro m a n c e iro 453
Irm e q u ie r o , m adre
A a q u ella ga lera
Con e i m arin ero
A se r m arin era.
M ad re, si m e fu e re,
D o quiera q u e vó
N o lo q u iero y o ,
Q u e e l ;unor lo q u iere:
A q u el n in o fiero
H ace q u e n ie m uera
P o r un m arin ero
A se r m arin era. —
E l q u e todo p u e d e ,
M ad re, nó podrá
P u e s e l alm a v á,
Q ue e l cu erp o s e quede;
Con e l por q u icn m uero
V o y , p orque n o m u era,
Q u e s i e s m arin ero 9
S e r é m a rin era .
E s tir a n a ley
D e l n in o se n o r
Q u e per un am or
S e d e se c h e um rey :
P u e s d esta m anera
É l q u ie r e , yo q u iero
P or un m arin ero
A s e r m arin era.
D e c id , o n d a s, cu an d o
V iste is vos d o n cella
S ie n d o tiern a y b e lla
A ndar n avegan d o?
M as qu é n o s e esp e ra
D e a q u el n in o tiero !
V ea yo a q u ien q u iero
Y se a m a r in e r a .
O b ra s d e C a m õ e s, (tGJ.i) p. 341
v.
Y Ievantose, mandando
a los vientos y a la mar,
gran espanto puso entr’ellos
vfinuy mas maravillar,
diziendo, quien es aqueste
que el tiempo hace mudar? 1
O rig in a l fro m
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Num. 71 DO ROMANCEIRO 4G1
/■
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462 NOTAS Num. 72
Hablóme eu alfiarubia
Como (juieii la sabe hablar
- Abras-me las puertas, mora,
Si, Alá te guarda do mal.
«tímno to abriró, mezquina,
Que no sè uuien te serás?
— Yo soy ei moro Muzote,
Uermanò de la tu madre,
Que un cristiano dejo muerto,
Y tras mi viene el Alcaide:
Si no me abres tii, mi vida,
Aqui me verás matar. -
L’ EPREUV E
- - Ma m ère, où e s t ma sœ u r ?
« Mon ü ls, e lle e st aux cham ps,
Gardant se s m outons blancs.
— Ma m ère, n ’avez-vous pas peur d’elle ?
L e s sold ats y son t si fréquents,
Q u’il y en a parmi le s cham ps.
« Mon fils, quand il y en avait m ille,
D ix m ille, aussi dix m illion s,
Jam ais votre sœ u r n’y auront.
— Ma m ère, vou lez-vou s parier
C en t p istoles, et qu’e lle ne me recon n aisse point,
E t je vous prom ets que je l’em m ènerai bien.
F IM .
r
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INDEX
Pa«.
D ed ica tó ria ................................................... v
I n t u o d u c ç a o ..........................................................v u
C A N C IO N E IR O D A S IL H A S
ROSAL DE ENAMORADOS
I. No t e r r e i r o ............................. 3
II. Declarações e requebros . . . . G
III. Flores, a m o r e s ..............................18
IV. R e t r a t o .......................................... 24
V. A r r u f o s ...........................................34
VI. C i u m e s .......................................... 47
V II. P e s a r e s ...........................................51
V III. Ausências e saudades . . . . 66
IX. Moraes e g r a c i o s a s ....................... 74
X. Locaes.................................................82
XI. P o lític a s ...........................................86
SERENADAS DO LUAR
I. ABC de amores . . . . . . 87
V a r ia n te ..........................................90
II. Retrato de uma belleza . . . . 97
V arian tes 99 — 102
III. Os mandamentos de amor . . . 104
Pag.
DOUTRINAL DE ORAÇÒES
Pag.
XV. Senhora da Conceição. . . . 159
XV I. Deos te salve Cruz sagrada . . 160
X V II. Oração do Justo Juiz . . . . 1 6 2
X V III. Oração do Dia de Juizo . . . 163
X IX . ABC do Senhor amoroso . . . 164
XX . ABC de Nossa Senhora . . . 167
X X I. A Confissão................................ 170
X X II. As quinze petições....................172
X X III. Os mandamentos da lei de Deos . 175
XXIV. Parlendas e jogos populares . . 177
Notas do Cancioneiro . . . . 3 8 7
R O M A N C E IR O D E A R A V IA S
Pa«.
15 Romances de Dona H elena— I . 225
16 Dona Helena — n .....................................227
17 Romances de Juaosinho o Banido — I . 230
18 Flores e Ventos — n .............................. 232
19 Dona Branca — i l l .....................................233
20 Dom Alberto— i v .....................................236
21 Flor de Marilia — v .....................................237
22 Romances de Dom Aleixo — I . . . 239
23 Dom Aleixo — n .....................................241
24 Romances de Claialinda — I . . . 243
25 Dom Carlos de Montealvar— II . . 246
26 Romances da Condessa — I. . . . 249
27 Dom Pedro Menino — II . . . . 253
28 Dom Pedro Pequenino — in . . . 257
29 Romance do Conde Yano . . . . 259
30 Romances de Generaldo — I . . . 265
31 Girinaldo— n . . . . . . . 268
32 Romances da Filha Maria — I . . . 2 7 1
33 Dom Doardos — n .....................................272
34 A Ermida no m ar— h i .............................. 274
35 Romance de F l o r a .....................................276
36 Romance de L i z a r d a .............................. 282
l’ag.
45 Dom João Rei da Armada— 11. . . 307
46 Batalha de Lepanto— m . . . . 310
76 Xacara do Oego..............................372
77 Xacara da Rosa pastorinha. .. . 3 7 3
78 Xacaras da Morena — i . . . . 375
79 Frei João— n ............................................479
80 Xacara da Confissão do Pastor. . . 380
81 Xacara da Vida da Freira . . . . 382
82 Xacara do G a la n te ....................... 385
Notas e Paradigmas do Romanceiro . 397