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~
GOVERNO DO ESTADO
SÃO PAULO
_ II:!
-" afrobrasiI Secretaria da Culturit
"DOI' 1!t\I.'\O
J( Ao E
E a busca pelos artista n gros do Brasil come , ou m É pr ci o I mbrar qu havia uma ince ante p quisa
1987 para o livro e xpo i ão "A máo afro-bra ileira: para trazer à tona sse nome nterrados na obscuridad
significado da contribu i áo arrí tica e hi tó rica", no da memória bra ileira. A sim, da li urgiram os músicos
Muita das prim iras obra , como as produzida no D vemo s s m pr ' stimo ao olecion ado r, p qui-
trang iro, foram vi ta na exposição agora p rma- sado r d itor Ruy o uza e Silva . Outras im agen
necem nest catálogo -livro lançado p lo Mus u Afro r produzidas na xposição vieram de outro p quisado r
Brasil. Claro qu vária obras não foram trazidas po r edi tor, G org Ermakoff, que descobriu a xtraor-
cau a do d interes e de muitas instituiçóe de muito din árias fotos de um álbum do Acervo da Bibl ioteca
cal cionador s ávido. Vai r altar um primoroso Nacion al do Rio d Ja n iro, rev lando mom mo d
u F minino de 1910: e a maravilhosa obra mostra a encontros de A rthur com eu cal ga , além do magní-
grand qualidad pictórica o talemo do ainda jov m fico at li ' d Pa ri. E se á lbum r v la out ros arti ta
Arthur Timóth o da Co ta, da coi ção de Max Perling iro. do tempo do d oi irmão, como o pintor Dias Júnior,
morto m uito jov m, e Isa ltino Barbosa, profi sor d
Acreditamo que a r trosp ctiva de João e Anhur
artes deco rat ivas d l Escola acioml d Bel as Art s.
T imóth o da Co ta correspond ab olutam nt à
pe rsp criva do M useu Afro Brasil de d fi a da m mória João Timóth o d a Cos t:l nasce u m 24 d dez mbro
dos que foram maltratado pelo tempo e pelo de caso, d 1879 foi con iderado p los críticos um artista de
dos que de fato deram seus tal mo e uas vidas para con - xce , ão, com um tra o fort ólido na con trução de
truir seu sonho , a d p ito de traj tórias muito ofrida , suas paisag ns, figura t ma históricos. Vindo da
corno as d s dois arti t brasil iro xtraordinário. Ca a da Mo da, foi alu no d Dani I B ' rard, trabalhou
na d coração do pa ilhão da Expo ição Internaciona l
Esta xpos ição r aliza a inda com pr ença de um
d 1911 em T urim, nquamo que, qua e ao m mo
fabulo o caricaturi ta do com o do éculo XX, Emilio
t mpo, Arthur gan hava o pr ' mio de Viag m à Europa
C ardo o Ayr s, p rn ambucano que retratou com finís-
com a famosa obra "O Dia guinte", d 191 3.
Imo irâ nico traço a vida mundana d o Rio d
Janeiro, apr mado por um t xto do tale nto li t rário Os D ois Irmão fo ram os r spon áv is pela d coração
doutro arti ta, o pintor Em iliano D i C ava lcanti. d a s d social do Flu min n e Fur boI Club p lo
alões do Hot I Copacabana Palace. A Câmara de Vi r a-
A cari atura p rt ncem a um álbu m litográfico
d ore do Rio d Ja neiro po ui m seu ace rvo obra
colorido a mão, que mostra a vida mundana do Rio
de Arthur João.
de Jan iro, num do mais importam 5 alõ el gante ,
liderado p la sociali te do com ço do éculo Laurinda Esta ho me nag m completa nos spaço do Mu u
Santos Lobo , m cujo pa lace te no bairro d Sa nta Afro Brasil. Duram qua um a no, os vi itam d st
Tereza r c bia artistas, int I ctuai per ona lidades da museu pud ra m conviv r com o tal nto o a nho dos
épo a. Ess ál bum fo i um mpr ' stimo valia o d sua Dois Irmãos, com ua obras e s u t mpo. A trag' di a
h rdei ra Cl audia Ramiro Costa a mpaio . foi cruel no final da vida do dois pintor , m difi rent
t mpos, ma p rm an c m vivos s us ta lentos , livr s
a ua caricatura , pod - v r os a íduos fr qu n-
para d uzir a t rnidad p la pura b I za .
tado r s do sa lão de Mme. Santos Lobo. Eram les
o scriror João do Rio, o pintor H nriqu B rnardelli
e eu irmão, o cultor Rodolfo, a car icaruri ta Rian Emano I Araujo
(Nair d 't ffi') com s u p ai , o Ba ró d T ff,', Dir ror-curador do MLI LI Afro Bra ii
D. G a by, po a d o romanci ta Coelho tto ,
9
o RIO DE No alvor cer do 'n uo X T o R io de Janei ro e moder-
nizava, vi ando tornar- e a vitrine do Brasil. Era a capital
Núcleo de p squ i a
do Mus u Afro Bmil
AUGUSTO Mft.LTA
Avenida Beira-Mar
1905
Fútog-a!1
Cu!e lO parti'_ular
12
AUGUSTOMAL TA
Relógio 00 Bairro da Gloria
Fologralid
Coleção particular
AUGUSTO MALTA AUGUSTO MALTA ~ AUGUSTO MALTA ~~
Um trecl0 do Jardim da GlÓria Os arr 's na Rua du Rlachuelo Vista lomada do Corcovado
1906 1908 190')
Fotogra'la Fotogralla Fotc,gral13
Coleção parllcula' Colp.çao parllcular Coleçao parlicular
20
<4 Emílio Cardoso Ayres em seu alelle
EMILlO CARDOSO AYRES
Uma 6 feira em casa de Madame San los Lobo
1911
Grdl"r nanQulITI e guachp. sohre papel
Cole áo parlllular
EMILO CARDOSO AYRES
FigUr3S da sociedade cariai Ao cenlro Mefisiole' CD MlrII':>lr' do C Ile 110 B as IOde La C'uz
1910-1911
GralHe. nanqulm e gual he sobre papel
Coleção parti ular
EmlLIO Caricaturi ta, pintor piani ta de
fina sen ibilidad . As im ra
A xpo ição r nd u a Ayr sua
rÍticas po itiva foram r gi trad
COll agração. Muita
m artigos de jornai .
25
o CRRICRTURISTR A caricatura no Brasil
só possuiu até hoje u m
tamb ' m com as boas man ira , h rdada do
tempo do Império".
27
f
moda de hoje, ao tempo m qu o cario a ia tomar o do m eu amigo Emilio Ayr s, muito tratada, muito m-
s u chá ali a Cav ' falar de coisas hon tas. poada, muito polida.
Naquele t mpo náo h avia e a pidemia futuri ta d Pas aram- e ornes e os ano.
moçoilas fUtei as olando p los no 50 saló avenidas. A no sa amizad guiu o u curso de água mansa.
Eram outros o tipos, outro o ambiente, outra a educação. Ficamo hom m. Ele tomou um rumo , u tomei outro.
Emilio Ayr s urgia entre a g nte daqu le tempo como D e quando em quando chegavam-me às máos palavras
um tipo único.
longínquas de Emilio , ora do C airo, ora de Londr ,
Pequ nino e nervo o, um sorriso Fc liz à comi sura do lábio ora de Paris, daque! Paris do urado e v rtiginoso d qu
sup rior, uns olhito mal d p rto , um p rfil de m dal ha. le falava em fr ' mitos de ntusia mo.
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...----
I
I
EMILlO CARDOSO AYRES
Figuras da sociedade car loca
Ao cenlro. o folografe Sylvlo Bevllacqua.
1911
Graflle nanqulll gJach suLre pap I
Coleçao parllcular
Um dia dei com Em ílio em pi na Avenida Rio Branco. a enhora Gaby Co lho N to o u sorriso de puma,
Nunca mai m queci do nos o abraço. Há abra os a menina Leitão da Cunha, enhorinha Vera Barboza,
que o tempo não can egue desapertar.. . E pa amo hoje Sra. Cavalcanti, ra. Itib ré da Cunha e toda a rie
um mé int iro junto , ele a fazer-me a narrativa I ma int rminável de figura d corativas de P trópolis, lá stavam
do seu suce o m Paris, a maravilha do seu atelier, dando vida à páginas do álbum admirável.
o aplauso da crítica, a carta de B rn t in lou ando-Ih Mas o t mpo om a sua fatalidad ineviráv I apaga
o gênio, o beijo qu Polair lhe d ra m pleno bOllleva;d todo o trunfos, toda as glória ...
e tudo isso mecanicamente, frivolamente como e conta e
Do m nino g nial qu foi Em ílio Ayres ninguém mai
uma blague qualqu r s m importância. A sua art
fala. Amavam-no m vida por pavor ao escal p lo do s u
ntão , tomara proporçó grandio a . Era el, m
lápis. Hoj ninguém mai lhe pronuncia o nome, aqu I
louvo r, o maior do no os fazedor s de bon ca .
nome r dando que saltava das fo lhas d ' album como
Nenhum outro con guira do xag ro ridículo da cari- uma sátira vi a, diant do qual os hom ns tiravam com
catura tirar ~ itos tão surpr endent s. r pito o us chap' u as mulh r e ap uravam
m sorrir o mai lindo dos s us orri os.
Em Perrópoli , onviv ndo na alta roda, ntr tipos de
d taque para lh apanhar o flagrante caricato dos traços, Y-Juca-Pi rama
Artigo do Jornal A Proví ncia, s/d ara e slloca l (r cort )
tornou-se amado das mulher inv jado do hom n .
• Exposição Internacional
de Turim
....
-...
-
.-
--
.......
-
úcleo de P 'quisa do Museu Afro
Bra,il I Bihliogr~ fia: BrI\il ';00 Anos .
5:10 Pau lo: Abri I, 2000 I lnrcrnet:
www.pcdagogi.lmfoco.pro.brlh r, xx.hnn
I \\ IV\\ wikipedi.l.orgl
JOÃO TlMOTHEO
RIO de Janeiro. 1912
Fotografia
Acervo Fundação B;blloteca ~acional
João Tlmolheo da Co la erl seu alellt
Rio de Janeiro. 1913
Fologralia
Acervo Fund,ção Bill oleGa Na ·,ona l
BIOGRRFIR Jo(1879-1932)
ão T imóth o d a Costa
na c u m uma
de scolas livr s d art, onde p ud s h av r maior
lib rdade d scolha aos arti ta , d modo qu fica
35
"D e mim, propriamente,
JORO náo tenho nada a dizer.
TlmÓTHEO o mai inter s ante já r v lei,
que fo i a i ~fluên~i a b n ' fica
POR ELE que, na mlllha vida na de
outro arti ta do nos o meio,
mESmO exer eu Enn s de ouza.
Este ' o traço luminoso da minha xi tência e cumpr -me
recordá-Iosempre. D mais, quanto ao outro d talh ,
tudo vulgar. Sou filho do R io d Janeiro, aqui m smo
ne ta cidade, ao tempo do meu na cimento, Distrito da
Corte. Entrei para a Escola de B la Artes, nas condi-
çõ s que já detalh i, aí por 1894. E tudei oito ano ,
fazendo todo o cur o ob a prote áo do Dr. Enn de
ouza, que m criou a po ib ili dad do e tudo .
Fui primeiramente aluno de d enho de Daniel Berhard,
submetendo-m mais tard a concur o, para a ela de
pintura, passa ndo a 5 r aluno do pro~ s or Rodolpho
Amoedo. Pintura, propriam nte, e tudei cinco ano ,
frequentando modelo vivo, com Z ferino d a Costa.
Compareci 5 mpr aos alõ anuai , tendo obtido todos
05 prêmios até a p quena medalha de ouro, me no de
viagem, que nunca pleite i."
36
EnTREVISTR
DE JORO TlmÓTHEO
PRRR R REVISTR
ILLUSTRRÇRO
BRRSILfIRR*
EnTRE "RTISTRS
- Quando João Timotheo da Costa teve a explicação - E admite você o futurismo em pintura?
de nossa presença no seu atelier, naquelle dia feriado,
que eIle aproveitara para submettel-o a uma arrumação
°
- Falar em .lrte fitturisttl é querer adivinhar futuro.
é querer antever o dia de amanhá. Todo~ nó, devemos
geral, foi logo esclarecendo o nosso equívoco: desejar a evoluç:ío da arte. Como? Quem ~.lbe lá?
- Não, meu caro amigo, eu n:ío fui pau a Europa EllJ vem por ~i, naturalmente. inevitavelmente.
como premio de \ ügem, mas sim comiçsionado pdo A t\·oluç:i.o ~ sempre um pa~,o á frente do que existe.
govt:rnu. Terminei o curso na Escola de Belbs Artes Vem como uma fatalidade quase rnecànica de rudo que
em 1907. Em 1910, fui contractado para LLer algum.ls caminh.l. O, artlStJS excepcionae, existem hoje como
decorações nos pa\'ilhões brasile iros da F,:,.po\ição em todos os tempos. Exacr:lmentt porque sáo excep-
lnrernacion:Jl de Turim. Commigo seguiram p:tra o cionaes, sáo sempre revoltados contra as algem:ls da
mesmo fim , v,írio ourros artista : os irmão, Chambdbnd, tradiç.ío. Aprendem sempre acrescentando, sempre
creando quJ.!quer coisa de 110VO. Par:l eb, n.ío há r gr:lS,
o Arrh ur Timorheo, o Eugenio Latour, o Edu:udo Si
não há leis, n m princípios que lhes possam tolher
e outros . Fui neS~a qu,did.lde, de artis ta Ltmrracrac!o,
a liberd,lde individual. Cream por si, por SUJ própria
que me pUL rumo da velhJ Europa. Um,1 vez terminada
conta, intuitivamente. São os gr,mdes Ian<,.adores das
a minh,l tare(1 em Turim, segui cam inho de Pari~, onde
ideas I1O\oJS e, pOrt:lnto. os bctore, incon,cienres da
insulei o meu Iltlflia .. \-ias você é wn homem penerso ...
evoluçio. Imagine você ,e é possível sujeitar os
Vem-me fazer despernr recordações! ...
verdadeiros talenro~ is me,mas regras que servem
Neste momento, como que me estou vendo demro do meu pJI"a guiar as inrelligencias communs! '\íaturalmenre,
ate/uI', do Boulevard Momp:unase .. . tudo evolue. na technica, na forma, lU concepção.
Qual o pintor acrual qUe seria capaz de pintar hoje
- E vo cê acha perversidade despertar saudades
como se pinr,lVa há duzento~ ano" atraz? Os quadros
de uma phase fel iz de nossa vida?
mais celebres do passado despen,lrn admiração
- Sim ... uma pha~e feliz... Dois anos que passaram e enrhml:lSmO, principalmente porque, sem ele~,
vel07es, LOll10 pa~sa tudo quanro é bem ... não teríamos chegado onde chegámos. Mas dahi a
quu-er que eles ainda no, sirvam de modelo, vae um,l
- Mas nós náo viemos aqui despertar tristezas ...
dhrancia enorme! A Giocollda de Da Vinci, p. exp.,
Quizeramos, antes, que você nos revelasse alguma
e o quadro mais celebre que 5e sabe. Entretanto, não
pagina alegre de seu passado em Paris.
é Llm quadro verdadeiro , porque repre,enu uma rcpro-
- Lembrar o pa",ldo em uma época em que só se ducç50 de modelo de f!ulza com um fundo de ar livre.
disLllte o jitturis'llo? HOJe l1Jt1guém mais LIZ isw. Nmguem mai s usa do
proc so artificial, quando pode u ar do r alo O methodo em poder de um coll ccionador qualquer - o r. Si mó
verdadeiro' o que s ap r nd no próprio campo d da Silva, por x mplo ... Quando poderia dar por findo
acção, m fals ar a verd ade: a figurJ, d ante da fi gura, um trabalho dess s?
a paysagem, deant da pay ag m . ó assim, o quadro
- E no atelier?
póde embeber-se da v rdad ira côr local, seja d um
modelo em um ateliel~ s ja de uma vista ao ar livre. - A itua ão ai nda p rman ce difíci l. A no a falta de
ó por xceção ad miro a conc p ão pe oal ou a fama ia modelos ' uma con qu ncia da no a falta de cultura.
do artista. Na co nfecção d um quadro h istórico, p. X. Há p or ahi u ma inju ta pr v nção contra a profis ão d
collocado no local ond e pa sou o facto qu pr t nde mod lo, que é um a profi ão tão digna qua nto as qu
r memorar, o pintor nada p od rá faz r s n ão t ive r a ma is o sejam . A rapar iga bras il iras ainda não s
lib rdade de crear a cena, coadjuvado pelos conhecim mos comp n traram de que o atelier de um pintor náo ' uma
histórico por rodo o d mai lem mos auxil iar d ca a de rolerancia ou um ant ro de d vass idão .
qu pud r di por. O atelier d um pinto r ' como o co nsultório de um
- D ve ser inter ssante trabalhar em um quadro m dico: m am bo xi tem o m smo r peito e a me ma
des a natureza. con ideração p la honra alh ia; m ambos se culti va
com a mesma cr n a, a r ligião do s gr do profissional.
- No nos o paiz, não é nada im r sante. Ao contrario,
e capitulo, e tamo tão longe de Pa ris, co mo da
, um caso m u ito ério . O Brasi l pód er o paiz id ai
Lua. Lá chega a h av r pontos de parada d modelos,
para qualq u r ramo da atividad human a, menos para
como aqui h á p ontos de paradas de taxis... É só v r
as B lia Ar t S. 't mos s a natur za p rodigio amente
scolh r. Aqui no Rio, como' difi rente! Houv uma
xub ran t que a todo maravil ha, mas da qual ó
' poca m que Leonardo da Vi nci ti nha qua i pro mpta
mu ito d ifi cil m nte s pód ti rar u m r ai prov ito.
a ua cel br Ceia de Christo. Foi qua ndo II poz a
ós orno victim a d n a própria b leza, porqu '
pas iar p las rua da cidad , ob rva ndo at nta m nt
uma b leza difícil por xce so de luz. Ao pa so que a luz
todos o hom n qu pa avam . D ir-se-ia qu o m tr
atenuada r alça os planos, o xce o de luz confunde-o ,
r pa u ava da fadiga, e paire ndo o dia inteiro, quando,
to rn ando a pintu ra m uiro mais di fícil. O no o so l
d uma fi ira, encont rou um d us d i cípulos am igos,
p r nem nt glorioso torna as paysag n quase irr pro-
que lhe p rgu ntou amav Ime nte:
ductiv is, porque lhes pr judica os comrast , tornando-o
d fi ci nt . E o comra t ' tudo. Na Europa p ód -se - "Então, m str , tá agora descansando?" Ao qu
pintar at ' o proprio 01. Aqui , is o não pa sa d um Da Vinci r pondeu:
mytho. Há horas m que o xc o de luz é tal, que não - "Náo, nunca t iv ta m o t ra balho como ago ra.
e póde ver; o que não e póde v r, não se pode pintar. Ando á procura de um modelo para Judas .. ." m tira r
I so no qu diz r speiro aos trabalhos ao ar livre. nem pôr, é b m s O a o do pi ntor no R io d
- Falava da confecção de um quadro histórico. Ja n iro. Cada u m d nó, fr qu nt m nt v' na
situação mbaraço a de L onardo da Vinci. O s no o
- G nero que r puto ainda mais difícil de abraçar, gra as
modelo, m num ro limitadís imo, sáo todo mu ito
á no a gra nde d fi ci ' ncia de elementos de trabalho.
m dro os, têm r c io do atelim .. . para não di zer dos
As fo nt s his tó ricas nem s m pre tão de acord o,
p intor s... Ent ra m mpr muito tímidas, numa atitud
o aucror cont radi zem - e fr quentem nt , d modo
de qu m stá prompto a fugi r no prim iro mom nto,
qu o a rtista nu nca sabe com q uem tá a razão .
muito de confiada, d riso muito amar lo... ó quando
AI'm dis o, a questão da indumentaria é de ani madora.
v', qu s meio d vida nada t m d p rigoso, , um
5upponha que u d ej e pintar um I crato de D. Pedro II,
ambient d r p ito e de trabalho que o pintor ' ap na
algun anos ant s da procla mação da Republica .
um op rário do b 110 e lia uma sua colaboradora, mão
Para vesti r o Im p rado r u t ria de andar como um
i111 , procuram ad ap ta r- ao m io, ntr gar- ,
novo Nazar no , de H rode para Pilaros... at ' cansar.
con fia ntes, á ua profis ão . Pode- d iz r qu ,
A farda, eu iria nco nt ra r no Mu u Nacional; a calça ó mão, recup ram a pos e d si m smas. Tudo i o,
no Archivo Publi co; o bon " no M useu hi tórico; a r pi ro, gra , a á n o sa fal ta d cult ura artÍ ti ca,
pada, no M u u do Ypi ra nga, m . Paulo; o saparo sempr tão d s urada . A ac tual I i do en ino,
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mu ito ac n ad a m nt , cogita da educação moral d ua cadeira. Isso equiva leria a es ta b lec r um
cívica d a mo id ade. E qu c u-se, por ' m, muito verdadeiro concur o mr o d iv r o cur o , com o
la memav lment , de tab lec r a educação arrí tica qu se evitaria o jogo do mpurra mu ito fr qu me ,
do povo, merc ' da qua l mu ito pod r mos oncorr r em qu ada um proc ura at ira r a re ponsabi lidad
para a no a educação moral. A ideia de arte, como, pa ra cim a dos o utros ... Ac tli alment o concu rso
como a ideia d moral de ivi mo, d v ria r, d de para pr mio de viag m ' julgado por uma comissão
edo, incutida no e piri to das cr ança , para qu ellas composta de prot "sor s exel u ivament da
não ch ga em á dade madura, ignorando, por completo. p cial idade. I to é um mal. A comi ão deveria
o qu ejam a Be!las A rt s. o Bra ii são fr quem compor- de artista , tra nhos ou não á E cola,
os caso de a igno râ ncia em homen q u tem hega- porque ' preciso não que r os caso possíveis
do a posiçõe d alto destaque o ia! e político - político, d e in comp ati bi lidad s nt r I nte alu no ,
principalm nt . É sabido o caso do g neral Pinheiro nos qu a fic am m t r para quem ap p !lar.
Machado, qu e chegou a cogita r de h ehar a Escola de m mpre a condena áo unanime de um alumno
B lia Arte , por con ideral-a uma inutilidade ... Em meus ign ific a qu eU não t nha va lo r nem prep aro .
tempo de cur o, houv na Escola uma Expo i ão h ita Mui tas v ze , i o póde r r sultado de uma ma l
em homenag m a Victo r Meirell s. compre nd ida solidaried ade d ela s , que nada tem
a p rd r com o sacrifíc io, m uitas veze definitivo ,
Ahi estavam xh ibidas algum as téla do me tr , emre
de um a rtista m for m ação. Ora, de d qu e da
as quaes todos os deta lhes de a lgun s d seus quadros
comis ão julgadora do prem io de vi ag m fa a m
ma is celebres: a Batalha de Guararapes e a Primeira
pa rr arti tas, d pref~ rencia e tranho á E cola ,
Missa no Brasil, ent re out ros . O em ão Presid nt da
e, portanto, alheio ao que nella passa na intimidade,
Republica, vi itando a Exp o ição, p rgunto u ao dir tor
parece que é mu ito m ais difícil, s não im po ível.
, pa ra fazer um a obra d arte era preciso ta nta coi a
erra r- s ou elaud icar- n a distr ibuição d a ju t i a.
tanto tempo ... É vid ente que a pergunta não pod ria
A justi a! Você sab que, atraz dela viv mo todo ,
d ixa r de d es nortea r o diretor da E col a, at ' ntão
os allumnos e o artistas, os que e tudam e os que
prod igo em detalh xplicaçõe sobre o que ia
trabal ham . O profi ional, m ultima analy e, póde
mo trando. Elle, naturalment tev d jo d afirm ar
sperar qu o tempo Ih fa a ju tiça m r cida; mas
ao pr sidente d a Republ ica, qu , para fazer a mulher,
o alumno póde de anim ar, muitas veze com grande
q ue é a expr são máxima d e um a obra de art ,
p r juízo para a a rte. É i so que conv ' m evitar.
a natli r za leva nove m z s... e mesmo a im , faz,
Evitar decepçõ no cur o.
frequentement , trabalho imp rfeito ...
A dec pçõ s virão d pois, durante a profi são, fi itas,
- Quer dizer que, se V. fosse Governo ...
pela inju ti , a, pela intriga , p la ma ld ad e alh ia .
- Modificaria por compl to a ori ntação actual, dando Qual de nó não t m um ca o a contar? Não lhe falar i
ao ensino da Bellas Arte um ca rac t r p ra tico. de mim . Prefi ro fazer ju tiça ao outros. Quando fui
O ideal ria stabelec r o cur o livres oili iali adas, pa ra a Euro pa, e tava em fóco o concur o p ara o
dan do a cada profe sor a r spon ab ilidade di r era rumulo de Affon o Pena. Toda g nte ac u ava de plagio
40
o projecro de Belmiro de AlnlLidJ. Entreranto, quando - E na Europa?
cheguei J Geno\"3, \·i'oitJndo o Campo Santo, tive
- Dentro do M u ~eu de Lu xemburgo co nvenCi-me
a minha atcnçao \o lt:.I<:1a para um cumulo que era,
de que processo, em pintura, n.ío se discute. emi
precisamente ... o projecto Rodolpho Bern:1rdelli;
as mai~ profu nd a\ im pressões dea nte de artistas
a mesma cadeira \Jsia, J mesma figura de mulher
os mais diverso', Lada um com a sua ma neir.1
debrucada, chor,lndo, mesma idb. emfim , PUgio?
diferente de trJb.1Iha r.
É Lí possível :lcreditar nisso? Não hj posição nenhuma
de fig ura humana, que já n:1O tenl13. sido desenhada e - Mas uma impressão especial?
ninguém possue privilegio da posição de ~eus modelos.
- É ditfili limo. r emo em S. João BaptisrJ, de Puvi\
No caso, kí apena~ uma simples coincid2ncia de idéas
de ChJvJnne~ , o decorador por exedlenua, .10 l11e~mo
entre m doi~ túmulos. E, entretanto, Belmiro de Almeida
tempo que recordo a pinturas de Bonnar, que, de t.í.o
é qu foi acus~ldo de pLtgiário ... L~as ~ão a injU',tiças
w!idJs, dio a impressão de e\cultura~ .. .Tenho .linda
inevitivós d,l prufissJo.
deantc: dos olhos a Cáa dI" Lmto, de D.1 Vinci. mal
- Quaes os seus trabalhos de maior vulto?
tr.lt.ldJ, deploravelmente JbandonJdJ por ,tqudb
- A minha obr,l est,í opalhada por esre mundo afora. a quem lOmpere ,1 sua con<,eryação preciosa. Penso,
Aqui no Rio, ten ho lima infini dade de qu.ldros.1 igu.1Imente, no assombro de arte que é a CJth..:dr,ll LI"
começ:u pelo retmo de Joaquim Murtinho, que se acha Milão. Ma se eu fosse enumerar. ..
no gabinete do Mini~tro da Fazenda. Fiz JS decorJ.ções
- E o nosso meio?
nos p:l\ ilh óe de Turim, no salão de dJn, Js do Flumi-
neme F. ('., no vntíbu lo do Museu N,lCional. no s.ll.io - Acho-o adeantJdo. Temos exce\entc:s mestre~, Jrrist.lS
de festJs do Copacahana Pabce. Além des~e" fiz dois fones. Não tenho idéa de ter visro 11.1 [urop,l J1ada
p.iÍ néis typilO~ do Distrlcro Federal, p:HJ o palJcio do melhor do que J decoração mar.wilhosJ do foYfI" do
Conselho Municipal e fil a decoraç.ío do salao de honra nos~o 'Thcatro tvlunicipal. rralulhada por Vi~c(}nri.
do novo palácio dJ ClmJO do~ Deputados. F lizmenre,
- E se insistíssemos em lhe pedir que nos revelasse
já se vae desenvolvendo u gosto pebs decorações das
alguma pagina alegre da sua vida bohemia de
re,idéncias p,miculares. Eu me~mo coloquei h:í pouco
alumno, no Rio, e de artista, em Paris?
seis painé is deLOr.ltivos no palacete do~ irmáos
Drs. Abel e Agenor Porra. - Escute - respondeu-no Timorheo, mostrando-nm uma
- Lembra-se de ter tido alguma emoção artística esculptuB que c.'ou pendurada na parede d, \LlI {1ft/IIi".
durante o seu curso? - I tu reprc:sc:llta a cabeça de UI1lJ mulher, que foi
- Nunc.1 me Dquecerei do que comigo ~e pJSWL1, qUJndo encontrada morta no Send, deFronte: de Pdri\. Como ,,2
me vi pela prime irJ vel deJnte de um modelo \'1\0. ,1 sua originJ lidade LOnsiste l1i~to: a mu lher morreu
Junto do mestre e dos co legas, com J palhet.1 na mão sorrindo ... A no ~,l vida Jlegre de moços é p.lra todos
e defronte do modelo, tive a sensação perfeita de que nós Jpems is~o: umJ vida pa~~adJ que morr-:u sllrrindo ...
seria incapaz de dJr LIll1.l pincelada. Respeitemos os que mnrraJm, meu Jmigo ...
42
JOÃO TlMÓTHEO DA COSTA
Nu Masculino
Sangulnea sobre ~apel
JOÃO TIMOTHEO DA COSTA
Brelões
Oleo sobre cartao sobre made·ra
Col;ção particular
JOÃO TIMOTHEO D.4 COSTA
Bretões
Oleo sobre cart~o sobre madma
Coleção pa rlicular
JOAO TI MÓTHEO DA COSTA
Paisagem
1892
Óleo sobre madeira
Acervo Museu Afro Brasil
JO~O TlMOTHEO DA COSTA
Paisagem
aleo sobre madelf3
Awvn Museu AfrG Brasil
JOÃO TlMOTHEO DA COSTA
Figura feminina
1918
Oleo sobre leia
Coleção parlicular
iO
JOÃO TlM ÓTHEO DA COSTA
Sem titulo
1912
Óleo sobre leia
Coleção parlicular
JOAO TIMOTHFO DA COSTA
Retrato de "lulhp,r
1"12
01';0 ~ br !í;la
Colrr~o pJrti
JOÃO TIMOTHEO DA COSTA
Sem Iltulo
1927
Oleo sobre madeira
Coleção particular
JOAO TIMOTHEO DA COSTA
Relrato mascull 'o
1928
Oh o sobrp. leia
Co eçao particular
JOAO TIMOTHEO DA CDSTA
Casam,
1920
Gleo scbre made ra
ColeçaJ partlcul:][
56
JOAO TIMÓTHEO DA COSTA
Paisagem
1925
Oleo sobre madeira
Coleção particular
JO~O TIMÓT HEO DA COSTA
Ba cos
01 sobre 'ela
Ac rVll MUSéU Aff(l BraSi l
J:JÀÜ TlMOTHEO DA COSTA
Jmo com flores
1925
Oleo sobre madeira
Coleçao particulH
JOÃO TIMÓTHEO DA COSTA
Natureza morta
1927
Oleo sobre madeira
Coleção parllcular
66
JOAO T MOTHEO DA COSTA JOAO TlMOTHEO IJA COST
Paisagem Pasagerr
1'127 1925
Qleo SOJre 'lMI lia Ole ,obre madolfa
Coi a, plrlieL lr Cüleç,li pGrli~ular
JOÃO TlMÓTHEO DA COSTA
Rio de Jarelro
1928
Óleo sobre madena
Coleção parllcular
JOÃO TIMOTHEO DA COSTA
Paisagem
1924
Oleo scbre macelra
Col?çao parti~ular
J8AO TIMÓTHEO DA COSTA
Paisagem
1928
Oleo sobre madeira
Coleção particular
,OAO TIIY10THEO DA COSTA
Palsagen
Oleo subr rr,ade d
Colepo pari Lul.r
JOAO TIMOTHEO CA COSTA
Paisagem
Oleo sobre leia
Acervo Museu Alra Brasil
JOAO TIMOTHEO DA COSTA
Paisagem
1q< 'l
Oleo ~obr rr dI!' J
Acervo t..\us u Alro Bra'd
JO~O TIMOTHEO DA COSTA
Pa sagem
1925
Óleo sobre leia
Ccleçãu particular
JOÃO TIMOTHEO OA COSTA
S mlitulo
19'2
0100 sobre nadella
Acervo Museu Afro Brasil
JOAO T'MOTHEO DA COSTA JOAO TlMOl HEO DA CDS A
Pal,agl~m Pa :,anem COfl ca I
1918 1925
Oleo sobre leia O o s ore m ,d Ira
COleção parlicular COle 00 perfi ular
JOÃO TIMO-HEO DA COSTA JOAO TlMOTHEO DA COSTA
PalsagRm ~alsagecn
1916 1910
Oler, sohre mdeira 0110 sobre tela
Acervo Mus~u Afro Brasl Acervo Museu Afro Brasil
JOAO TIMOTHEO DA COSTA
P nluras decoralivas da Câmara MUnicipal do RIo de Jan'lro
Palácio Pedro Ernesto
1923
m tanto dit r nt ão dua paisag ns t ita m conr nção do valor na part mais lumino a da cala
m ado do anos 1920 por João Timó th o da Co ta a r trita variação cromática nos fazem lembrar, por eu
para ornam m ar o Palácio P dro Erne to. ovam nt , turno, de uma p ' ci d plás ti a de (ap aria. E a
é possível perceb r uma lara tendência à ab (ração e caract rí ticas par em d rivar diretam nt da fun ão
uma [atura de p qu no toque b m vidente , variando d corativa d sa obra .
m alguns ([ cho de um (ratamento mais livre, qu r m ( A LL E. Arthur Gomes. ""ti p intura da Escola Nacional de Belas Ar/e.\ lia
àquela pochades de Mon ( Renoir C..), a uma fa tura I Rcpúhlica (/890-19301: Da fonnação do Artista aos seus modos estili,ticos".
Tese de Doutorodo e m Hisl0ria c Crilica da Arte. Escola de Belas Art s-
divi ioni ta mai controlada ortodoxa. Por ' m, a rad ical nil rsidade Federal d Rio de Janeiro. RJ.
ARTHUR TIMOTHEO
Parí~
FOlogr iía
A erv Fundação Biblioteca 'Iacional
85
BIOGRAFIA Arthur Timótheo d a Costa
(Rio de Jan iro, RJ, 1882-1923)
participando de entidades artísticas indep ndent ,
como a J uventa (d poi o iedade Brasileira de B las
DE ARTHUR fo i um dos ma is d tacadas A rt ) e estab I cendo- como renomado pintor
TimO'THEO pint~r . s da c na art l,StlCa d corador. Em inícios dos anos 1920, todavia,
brasileira na dua d cadas ua p r onalidad nt rou m um rápido Proc sso
in ici ai do s ' cu lo passado.
DA COSTA ua vida e obra, todavia,
d deterioração e I [ V d r im rnado no Hospício
de Alienado do Rio d Jan iro, ond v ia a morr r em
continuam in ufici nt ment e tudada , como, aliá , 1923, com ap na 41 anos , s m t r t ido tempo
a da maioria dos arti tas d ua g ração, aqu la que de de envolv r rodo o eu pot ncial artístic
r aliza, no Rio de Jan iro, a passagem ntr a tradi ão
A maioria do críticos procura vin cular o stilo d
acad mica da Escola Nacional de B las Arte (E BA)
A
onde le e rudou co m mestr como Zeferino da Co ta, tadia na Europa. Ma , ao m mo tempo m que e tá
Rodolfo Amo do A H nrique B ma rdelli. Ainda n e firm m m ancorada no pa sado, a pintura d A rthur
princípios de carr ira, Arthur trabalhou como aj udant T imóth o pod r aproximada d corr nt s artí ticas
do cenógrafo italiano O r t Coliva . A atividade como mais r cem . Ainda qu ua influência dir ta obr
pintor de art para o tea tro teria d ixado mar a outros artistas brasil iro t nha sido pr sumiv 1m nt
profunda na t ' nica d Arthur Ti mó theo , par ce r trita, pod mo recon h c r m sua obra obj rivos
p r eptív I na fatura ágil apa r m m nt improvisada expr s ivos afin ado com aquilo que muito e tudio o
d muitas de ua obras. r conh c ram como o qu de mais "mod mo" produziu
a arte brasil ira do 'cu lo pas ado. E p cialm nt
Em 1907, com a movimentada tela Antes do aleluia,
uas paisag ns do fina l da vida, onde o tratam mo
hoje p rtenc nt ao ac rvo do Mus u d B la Art
livr sintético da mancha d cor ' sobr posto por
do Rio de Janeiro, Arthur Timótheo ganhou o Pr Amio
um grafismo vigoroso dotado de uma autonomi a
de Viagem à Europa na Exposição G ral de Belas Artes,
quase ab oluta, mantêm proximidade com a obra qu
ntão o mais importam rtame artístico bra ilei ro.
d ' cadas d pois r alizariam pimor como Pan etti
El fi xou- em Paris para tudar e ap rfi içoar- , não
Ib rê C amargo, m smo o abstracioni tas informais
dei xando de p r orr r OUtrOS paí s urop us, como a
da d' cad a d 1950. Por tai razó s, tanto quanto p la
Itália a Espanha. Em 1911, r ali zo u, junto com u
inventividade intrín ca d ua obra, Arthur Timóth o
irmão João out ro ani ta d ua geração, a decoração
m r c er empre I mbrado como um dos mai
do Pavilhão Brasil iro da F ira Internacional de Turim.
[; cundo e originai pintor bra ii iro .
D volta ao Bra ii e du ra m toda a dé ad a de 191 0,
Arthur T imóth o d s nvolv u int n a atividade artí tica,
xpo ndo fr quem ment nas Exposiçó s G ra i , Arthur Valle
Reproduzido de VA LLE, Arthur. "A rthu r Timó[heo da Cos[a", Rio ll1jO/"llll1, Rio de Ja neiro, 01 fe\'. 2 00 ~, p. 8.
87
RRTHUR Gonzaga Duque (186 -1911),
importante crítico de arte
tal mos e entindo, no romper da vida, o clarão de
um diamame le te, como numa madrugada nupcial
talhado para s r um grande arti ta ' o seu discípulo, q u Arthu r 1himotheo obteve o prem io de viagem .
o Sr. Arthur Thimotheo da Costa, que de dia a dia AlleLuia tal ra o eu titulo. T éla vasta, de proporçõ s
no demonstra o eu ard nte talento e ua larga m a io res do que é comum á fo rças de um alumno,
h abilid ad e de compositor". pintada a tinta m arte, e m bora inacabada, a sua
importância se impunha p las dificuldad audaciosamente
"D pois da boa exposição dos aquar lista , em Maio, procurada. D e mai , Arthur 1himotheo temperam ento
o alon setembrista d a Escola N acional de Bellas
r vél e de fi itio original, constatado m outra xpo içõ ,
Artes desvendou-nos o ful gor d e um futu ro com
xpunha uma viva cabeça de n gro, pincelada á larga,
qu não com,lva mos. É uma banda tale ntosa, nova,
d 'um efeito empolgante de cenographia, m que o brilho
vibratilisada, que se levam a e por ahi v m , camin ho
do colorido tinha a energia evo ativa d'um grito da alarma."
da gloria, sobre sinuosidade de fadiga , a d s ntorpec r
os n rvos p rros exausto d nó outros, qu no
vamo , no scambro da idade, consumidos do tédio Gonzaga Duque
p la costumaria motiva de uma repetida e fa lfada
arte que e debate nas ultima energias ... É uma geração
Reproduzido de DUQL'E, Gonzaga. COllwnporan(os: pintores (
nova de ar tistas, todo r comendáveis... H a revelaçõ s
I'SculjJtom . Rio
de Janeiro: Typ. B nerucro de Souza, 1929. p. 165; 208-210.
como a desse Mario Costa ... E ali estão os dois
triu mphado r dos cur os da Escola ne e anno fértil,
que ão Carlos Chamb lland Arth ur 1himotheo,
rapazes m pi na mocidade, confiados nos eus
.. ARTHUR TIMOTHEO DA CeSTA EM SEU ATELlÉ ARTHUR TIMOTHEO DA COSTA ARTHUR TIMOTHEO DA COSTA
RIO ue Janero. 1913 Caixa de pintura do arli>la Autorretra!o
Fotografia Madelrl Oieo 'obre tela
Ace-vo FU'ldaç~ú Biblloteo:a Naional
88
RTHUP -IMOTHEO DA COqA . RTHUR -IMOT'IEO DA L1 TA
tJu femlllllu
I JIVdu ','Dr [1
ARTHUR TlMOTHED DA COSTA
FigJra feminina
1906
Carvão sobre papef
AFTHUR TIMOTHEO OA COSTA
NL femlnlro
Carvão Jbre papel
ARTHUR TlMOTH EO DA COSTA
Modelo
1904
Carvao sobre papel
A:ervo Museu Afro Brasil
94
'" ARTHUR TIMOTHEO DA COSTA: MODELO NO ATELIÉ ARTHUR TlMÓTI-EO DA COSTA
FarlS F gura ",mlnina
Fologralia 1909
Coleçao Jarlicul,r Óleo sobre leia
Coleção parliculal
98
ARTHUR TIMOTHEO DA COSTA
Nu lemtnlno
1910
Óleo sobre tela
100
ARTHUR TIMOTHEO DA COSTA
Figura lerrinlO3
1909
01 o ~obr~ !,:Ia Gvlada em madeira
102
ARTHUR TlWOTHEO DA COSTA ARTHUR TIMOTHEO DA COS A
Indl3 Nu femlr no
1908 1909
Olpo sobre tela OIRo sobre mddl Ira
ARfHUR TIMOTHEO DA COSTA
Cena de inlenor
1909
Oleo sobre Itla
ARTHUR TIMOTHEO DA COSTA
Figura feminina
1907
Oleo sobre madeira
120
ARTH UR TIMOTHEC DA COSTA ART ~UR TlMOTHEl DA CD TA
Sem titulo Pa"dgem
1916 01, s, br· laO Ir
Oleo sobre madelr"
Acervo Mu,,,u Afro Brasil
ARTHUR TIMOTHEO DA rOSTA ARTHUi1 TlMOTHEO DA CO~ TA
Palsag,~ITI Pai,ag m
Olco ~ohfe nladelf 1 mo> 1bf mldelf"
ART~UR TIMOTHEC DA COSTA
Relralo de LUCIO
1906
Oleo sobre leia
ARTHUR TIMOTHEO CA COSTA
Cabêç3s
Oleo sJbre leia
Acervü MuseJ Afro Brasil
ARTHUR TlfIIOTHEO DA COSTfI flRTHUR TlMOTHEO DA COSTA
Retrato Retrato dl nomem
Oleo sobre rradelra 1920
Oleo sJbrp maderra
ARTHUR TIMOTHEO DA COSTA
Cont'mplação
1922
Oleo sobre rradelra
• Extratos de arti go da crítica de arte e fi lósofa Gi lda Me llo e ouza (1919-2005). pub licado na Re_ ista Discurso, Ano V. n' 05 .1 97-1 . Este texto fo i escrito por
ocasijo da expos iç50 co let iva do Museu Las:lf cga ll intitulada "Os Pr~cll rsorcs· '. ocorrida no mesmo ano. Neste artigo, a fi lósofa ana li sa criticamente:lS obras
de Arthur Timótheo da Co>ta, ntre outros artistas dessa expos ição c que eram at uantes em 19 17. ano em que ocorr u a exposiçào de Anita Malfatti ( 1869- 1964),
marco propulsor do mo\ imento modernista .
ARTHUR TIMÓThEO OA COSTA
Alguns CJlegas
(Da esquerda para a dlrella. Francisl;o Monna, Pedro Brunno nao Idenlillcado,
HellOs Seelinger. LucíliO de Albuquerque, Georgina de Albuquerque Correia Urra
Magalhiles Correia. Rodolfo Chanbelland. João eArlllur Timolheo da Cllsla.
Aloysio do Vale e Raul Pederneiras)
1921
Oleo sobre leia
Acervo f1iuseu Nacional oe Belas Arles RJ
EXPOSiÇÃO BORDON
Rio de Janeiro, 1912
(1) R BevilacQua, (2) Vcente Moreira (3) Antonio Pitanga, (4) Arnaldo Monteiro. (5) Adalberto Mattos
(6) Dias Junior, (7) J B. Bordon, (8) Meira Lima, (9) Armando Correa, 110) Tavelfas e (111 Henrique Cavalleiro
Fotografia
Acervo Fundação Biblioteca Nacional. RJ
178
, ruim, o de enho do nu, a ar, o a unto, a conc pção fi xionada da polias. Impulsionados pelo colorido os
ingênua duma felicidad paradi íaca xpr sa, sobre- olhos acompanham o esplendor crom át ico cr sc nte,
tudo, no mblema dos ci ne que nadam ntr laçados . que pas a do v rmelho ao azul, para explodir no topo,
na luminosidade ofuscante do amar lo. N a grande t la
O quadro mai importante ' A forja. A rÍti a a inala
não há v stígio d de enho tudo contr ib ui para a
o fato de Arthur Timótheo ter trabalhado na Ca a da
xpr s ão dramática do todo: o a sunto, a compo ição,
Moeda, onde juntam nte com o irmão João Timóth o,
o p o do volum s, a cor, as linhas de força, a pincelada.
tamb ' m pintor, des nhou selos e mo da . Ma se
Esta r surg, num dos momentos mai inspirados de
dado biográfico não parec sufici n t para xplicar
a introdução do tema do op rário, no lenco de ass unto Arthur Timóth o da Costa, vigorosa e pr cisa na ten ão
m uscular d o pe co o, no braço estend ido na mão
urrado da pintura brasU ira do período. A tela é de 19 11
- momento m que o pintor realizou Interior, quadrinho do op rário; 1 v e transpar nte na admiráv I massa
ta mb ' m xpo to na mo tra h ia d inter s . Assa cromática do fundo. Não [ nho receio de afirmar que
al tura, já tinha difundido na Europa o t m a do te ' o quadro mai impo rtant da mo tra.
op rário, obr tudo no paí atingido p lo impacto A notáv I xp o ição do M u eu Lasar S gall v io
da Revolução Industrial. Cel brado p lo romanc , o assunto d mon trar a xistência no Bra ii de uma pintura de
ainda ra pouco comum na pintura onde se afi rma com orig m acad ' m ica que, pr a aos pr eito das Escolas
o Cubi mo, para g n ralizar- e com o Exp r ssioni mo. de Belas Art daqui e da Europa, apr s ma, no ntanto,
O quad ro de T imóth o da C o ta não ' urpr ndent muitos lem ntos d int r s . A análi m smo
ap na por r pr entar o op rário, ma por focalizá-lo uperficial das obra do p ríodo r v la que um princípio
na sua dura labuta e p lo tratamento xpressivo qu vago d r novação pairava no ar p netrava de maneira
dá aos vá rios I m nto que acampá m. No grand d sordenada porádica na t la . A brusca xplosão
e paço da fo rja v m- doi homens, d r lacionado da S m ana de Arte Mod m a de 22, atualizando do
entr i, ma fundido, cada um de s u lado, às p a di a para a noit a p qu i a artí tica implantando
m cânica da oficina. O da dir ita de apav ce na sombra, uma st ' tica normativa como o nacion ali mo, imp diu
meio ot rrado p la norm engr nag m, o d a querda durante algum a dezena de ano que se divisa em no
no dá as co tas maciço cultórico orno uma fi gura pas ado r c nte I m nto spar o de modernidade.
de Mill t. O olhar do ob rvador p n tra na t la pela Cabe ao rítico d e hoj , Iivr da pa ixá , r exa-
mancha lumino a d ua cam i ta, gu p lo braço m iná-Ia à luz de outra p r p criva.
mu culo o, gira na m aniv la a ua fr nt , alcan a Gilda de Mello e ouza
o cír ulo de luz depoi ruza o grande pa o vazio,
da querda para a dir ira, guindo a diagonal lev ment
Reproduzido de O ZA . Gilda de Mello e. " Pintura bras ileira contempor:'neJ: os precursores" . RCI'is lu do Depdrlom.-nto de Filosofia da FFLCHI USP.
5. allo ~: ilo Paulo. 1974.
II .
I 3 ( 5 10 11 J 12 13
180
EXPOSiÇÃO GASPAR MAGALHAES
Escola Nacional de Belas Artes - Rio d Jôn ruo l~H
II) Gaspar Magalhaes.12) Adalberto Matlos (3) Dias Junior 14) VIGerlle IAorPlra.15) Galdlno Gulirnann8 .ho
16) EUflco Alves 7) Dak Parrerra. IS) Ecgar Po, ~Iras e ,9) MIQl."1 Capllollcll
Folografrl
~cervo Fundaçdo Brblrol ' a Nal l l1al
EXPOSiÇÃO POfJS ARNAU
Rio de Janeiro, 1913
(1) Pedro Bruno, (2) LevlIlo Fanzeres, (3) M Oomenech, (41 r"'od~tlfo Canto. (5) Guirnardes. (6) Arm3ndo Nav<rro.
(7) Pons Arnau, (8) CarlJs Maul (91 Moreira JU'llor (10) Salvador Rodas (111 Julião Fotografia
Acervo Fundação Brblloteca Nacional
182
( 1 I
SALÃO DE 1913
Grupo ce artistas com o Barão Homem de Melle
(1) JOde T:motheo da Costa (2) Barão Homem de Mello
Fotografia de Augusto Malta
Coleçan partlLIJlar
( 1 , 2
SALÃO DE 1914
111 Edgar Parreiras 12) Meyses da Silva (3) Mi[luel Capllcnch. (4) Antonl'o Mdltas 15) Pedr' Bruno II)) Guttmann Blch (7\ Arlnur 111110111Eo 18/ J B Bordan Igl AllIbcl Malta 110\ Ai.!" rto Maltos
Fclogralta
Acervo Fundação 31bllOI a Nacional
184
I 9 I 10 \
MODESTlNO CANTO ARTHUR TIMOTHEO DA COSTA
Rio deJaneiro 1912 Relralo do arlisl, Eduardo Sa
Fotografia 1909
Acervo Fundação Biblioleca Nacional Oleo sobre tela
DAKIR PARREIRAS CORRÉA LIMA
Nileról 1913 Rio dE JaneirL 1912
Folografla FolGQ afia
Ace'vo Fundaçao Biblioteca Nacional Acerv) FU'ldarao BiblloleC3 Na lonal
GUTTMANIJ BICHO RODOlfO BERNARDELLI
Rio de Janeiro, 1912 rlfl -u dtell ao tfrnilllar 1e cultura OE~tuju par, a 8101 II a Na~ Oilll
Fotogralla RIU d Jarrelru 1910
Acervo Fundaç;,o Biblioteca Ndclollal F I a lia
A H. runJ 11 Bltllote 1tJ1L rra
188
"-
(71 2 )
de Outro, o que os m sues impressloni<;tas contrariaram. de simples esfregaços, como a lembrar os envolvimentos
Daí a~ rintas de ordem rerrosa prosseguirem na palera de Eug~ne Carriere. PinrurJ quase monocrômlca à
de certos pintores apesar de receberem influências qu,ti se acrescenrassem pronunciamentos de cores num
impressionisras. Influências sempre revelada~ com propósito de violenrar o inrimi,mo que foi obrido pelo
mais pr cisáo na imerpr ração d.l pal'Jgem, porém pr ju- mestre francês, a cuja obra a confusão de critério,>
diciais qUJ.ndo o tema do quadro pdssa à cena de técnicos atribui correlações impre sionisras. Erro a que
interior. Seguem, ent;ío, os valores de c1aro-escu ro leva o descobrimento da~ aut~nticas proposições da
medidos forJ do que possa s r um efeito envolveme, pintura impressionista, que tem em sua denominação
onde as sombrds devem aparecer neu::ss:uiamenre uma relativa conot3l,ão com seus principais récnicos,
iluminadas e consequentemente provida~ de cor, embora subordinados a uma necessária impréssão visual
o que as tonalizações terrosas e enegrecidas n30 tr'lduzem. do fenómeno luminoso, que exige um traramento
pictórico de rápido regi mo. O mestre." Carriere." incide Pintura de largos recursos para efeitos impre~sionantes.
numa forma impressionista do registro figurativo, quando decidida e arrojada no tratamento da matéria que as
contornos e detalhe~ se diluem na penumbra dominante, tintas sucm.lS promovem, exaltando a epiderme pictórica
s m m:mter nenhum relacionamento com o fenômeno e ,1 sugestão lfomátio, e~pontâneJ e bem gesrual pelo
luminístico mbordinado à ltuação dds cores como toque rápido do pincel conjugado 3. agressividade do
condiç:lO ess.:nciJL c.onforme sucede no propósito dos golpe de e'>pátula, caracteriza a técnica empregada
mestres impressionista, com Monet, Pis\arro e isley tanto por João como por A,rthur Timórheo da Co ta.
à frente A denominação "impressionIsmo" decorreu Começaremos por biogr;dàr ARTHlIRTL"-lÓTHEO 0 .\
da express.ío de um crítico. ao se refe."rir, com certo COSTA (Rio de janeiro, 1882 - idem, 1923) porque,
desdém, às telas de Monet apresentldas na primeira embora mais jovem trê~ anos que seu irmão, mais
cxpo\icão do grupo em 1870: "são impressões .. .". prontamente revda a decislo de sua vocaçio arrítica.
O trab.dho contido em uma reahzlção rápida, a que Ingressam ambos em 1894 na Escola Nacional de Belas
tmprt se dedicaram os pintores para os primeiro Artes, menino .linda, pois contavam 12 t: 15 anos
estudos ou anotações de primeiras ideias ou "impressões" de idade, respecrivamente. \1a, Arthur. por seu tempe-
(esboços, manchas. ou croquis conforme '1áo deno- ramento agirado e mais impulsivo, prontamente
rrinados), não equivalem ao que a pintura impressionista demollStra suas inatas aptidões, diferentemente do
expres~l especificamente. objeti\ ados s us compromissos irm5.o, mais sereno e demorado em suas cieci óes
definidos e responsáveis plrJ com uma trcldução plástica artísticas. Ambo, ligavam-se aos cursos de aprendizado
do tenómeno óptico da luz e suas relac,.óes cromáticas. da Casa da Moeda (desenho e gravação de mo das e
o que intedCre l1l (Q[,tlidade da representação atmo férica. selo) quando Arthur j.i se revela com temp ramento
ASSIm, pode-se constar,H que nem sempre o impressio- incontido. Daí, logo travar conhecimento com o cenó-
nismo em ,ua clareza de princípios técnicos e ideológico, grafo italiano Orcste Coliva e junto ao mesmo rrab.t!har
foi suficientemente assimilado por nosws pintores dessa durante cinco anos. adquirindo a habilidade que
geraçlo, apesar de . e julgarem descompromissados com re ulta do trato pictórico partlCulari7...1do para o cenário
o'> antigos preconceitOs picroricos. E. tende-se essa fa e de reatro. Habilidade que St "ai somar à -U,l sensibtlidad
da pintura br,lsileira por quase três década~, ou seja, de pintor condicionado à arte do uvalete, ,lparf'cendo
do início do scculo até abertura para no\as cOllceiruaçõe s bem na destrt.'Z.a de seu, pincéis nJ obrenção de sug stivos
phí~ticaspromovida peb 'emana de Arte Moderna a ett:itus através de uma técnica de embar3çada e larga-
iniciarem-e na década de vinte. mente conduzida. Isso se con tata francamente na
grande t la que pr para para o Salão Nacional d B la , m qu pr dominam o o re claro do guarda-pó
Antes da A Idu ia (no MNBA), m 1907. Com harmonia o branco b m empa tado da cami a, que contorna
cromática ocre, uma apr ciáv I luminosidade e e tende o v rmelho uav da gravata. A boina proj ta ombra
por todo o cenário con tituído por uma multidão popu- tratada com n c ssária tran par ' ncia obr um terço
lar ca qu s apr enta a ac nd r foguet s, no adro da do ro to e valoriza b m os pontos iluminados. D ntro
igr ja, para a alegria com morativa da R ssurr ião. d 5S me mo padrão d ap uro t' cnico ' também o
r trato qu pimou d seu coi ga Eduardo Sá, ond
guiu Arthur para Paris , ond pas a o t mpo na
o arti ta po a s ntado ao lado do cavaI t de cultura,
r id ' n ia urop ia. D obrigado de v ras di ci-
d bastado r à mão guarda-pó branco marcado d
pli nas e olar , t mperam Dtal e de spírito
barro g so, admirav lmente ntonado na totalidad
ind pend nt , d u de mbaraço muito p oal
muito clara d toda a composi áo, q u nvolve
a u trabalho. Pa a, de de então, a d senvolver
a cab a dotada de muita fidelidade fi ionômica.
uma obra particularmem dotada de notáv I ponta-
São doi r trato qu rivalizam com o m lhor
n idade, m que a pintura se liberta das limitaçõ s
da pintura bra iI ira, no g'n roo
plástica d teor pictórico.
Em parce ri a com o irmão, Arthur d incumb -se
Conquanto oDS rv m s mpre c rta imilitude, tanto
d painéi para o Pavilhão do Brasil na Expo i ão
a obra de Arthur como a d João ac ntuam categorias
Int rnacional de 1911 , em Turim. o último ano
própria, já que o prim iro r v la- mai aplicado no
de vida faz-se mínima ua produ ão m vi ta d a
tratam mo t ' cni o nquamo João cultiva pr t r nte-
moi ' tia qu mpre mais o acom tia, at ' r int mado
m nt o improviso do bo o. D e comportamento de
em ho pital psiquiátrico, ond v io a fa l c r ao 41 ano
Arthur ' b m ignificativo o Autorretrato, hoj no
d idade, pr ci am nt quando alcan ava pi na matu-
M BA. A marcante pontaneidade pictórica, particu-
ridad artística. Uma xi tência cortada quando estava
larmente na pasto idad das parte iluminadas, não e
pr parada para concr tizar uma obra b m mais
d ixa I var p la d treza do pinc ' is ma ' ubm tida
num ro a dotada de qualidades qu empr mai iria
a um des nho rigoro o, qu não vacil a nos deta lh
r v lar, dado o pr núncio de sua part r alizada, sempr
anatômicos do ro to e da mão dir ita qu pou a com
a d nunciar uma voluçáo co rente.
s guran a sobre o ncosto da cadeira su tentando
o pinc I ntr o d do indicador anular. O jog d Faz m-se ainda de tacadas a tias guim : Alguns
luz ombra é notav [ment con guido dentro d um colega ( ' ri d retrato ag rupados numa só t la), No
conjunto óbrio d cor s adm irav 1m me tonalizadas, ateliê de Lucílio (Mu u Antônio Parr ira, m Nit rói),
Cigana (Pinaco t ca do Estado de ão Paulo), A Dama a grande motivação das trad icionais coi tiva oficiais
de verde (Museu dAne de São Paulo) uma p quena criada m 1840.
Marinha (no ac rvo da Soci dad Bra ii ira d B la
Conh ce a Europa quando o governo o inclui na
n es) m qu e se po de v r a des rr za comoção
quip de joven pintores incumbidos das d cora óes
pictórica com aquele sembla nte b m impre ionista
do Pavilhão do Brasil na Expo ição de Turim , em 19 11.
que Arthur abia impri m ir à pintura d e g ' nero.
Junta-se ao irmão em Paris trabalham em colaboração
JOÃO TIMÓTHEO DA Co TA (R io d Ja n iro, 1879 - no pai néis qu Ih comp tiam . Ape ar d compar cer
idem , 1930) a princi pio tev ua ativid ade artí ti a assiduame nte ao alão Nacional at ' eu fal cim nto ,
uperad a pelo ir mão Arthur, m ais desemba raçado obt ndo medalhas, inclusiv a d e ou ro, tornava- e
e de spirito agitado, d cididam m atirado à disputa omentad a ua e tranha ati t ud de não am bicio nar
do Pr' mio d Viag m à Europa no Salão Naciona l, a viag !TI que tanto duzia eus colega . Ao jornali ta
o que sempr ituava com d taqu o jov ns, dado que o entrevistou !TI 1927, re pondeu João T imótheo:
produzi rem com mai ofr guidão em vi ta da comp - "É curioso , não é? Pa r ce que a Europa me infun dia
tição. João, mai ido o, empr demonstrou de intere certo r ceio, pavor; emr tanto lá tiv, - e que agradáv I
por ss prêmio , con ervando- à marg m daqu la temporada foi aquela - ma , já como ani ta, contra-
acirrada di puta, escapava ao int res voltado para tado para decorar o Pavilhão do Bra il em Turim"l .
o que r al izavam os competidore do concurso, que era Por motivo des as decoraçó , João Timótheo acabou
IRMAOS TI MÓTHEO
P' lsJgem
920
1. Costa, An gyone. /nquinaçtÍo dds lIb_lhas. Rio d Janeiro: Gleo út-re madeira
PimenrJ de Mello & Cia., 1927. Cll~ dO par' cular
demoraDljo-~L ano e meio nJ Europa, qu:mdo pôde trabalho, murJis, dentre os quais obressaem-se (li;
conhecer 0,\ grande, musem d,l Itália, dJ. FrJ.no, grandes p,linéis parJ o ~al.ío de Honra do PaLílio
da uíça e, na Espanh;l, m de BarcdonJ. Tiradtnre~ (Rio de J.lOt'lro), quando emprega, acompa-
nhando o exemplo que tnt.ío Sé: g ner,llizavJ, a tcclllca
Sua pintura conserva muita afinidade com a do irmão,
do divisionismo, que parLLÍa ofer cer à decoração a
c,lracterizando-~e, porém, como já fOI dito, por uma
oportunidade de não sobrecarregar a superfície p~trietal.
tendêncid n1.lis decidida pJ.ra dar JS tintas os 'v.llores
OutrJs dtcOfaçóts [()ram destinadas, sempre na técnica
de espontaneidade do e~bo<;.o, o que ac ntua um sedutor
pontilhi,ra, ao salão do Copacab:lI1<l P.II,lce, ii ~<.de do
envolvimento de Lore~ em que a espátula participa
Fluminense Futebol Clube e a v:írios p:dacttes resi-
tanto quanto o pincel l1J obten<,.áo de forre, empa,ta-
dc:nciai . Tda~ em que \c demonstram suas imponLntLs
menL05 na~ p:Hte~ mais iluminada~ e plrtiLularmu1te
condiçõe~ de pintor \}o: AUJCT!/tfllldo (com xpressi\o
os brancos, muitas vezes rrarados em :mdaciows a-p/tUi.
efeito de luz p.1Srosamt'nre obtido), O dliciplllo, Gzll/'Çil
ua obra se diwr~ifica na~ composiçóes Jita~ de gil/nu.
df' lldho lorimamenre eshoçada), No atl'liê, Adolesmlfe,
marinhas e rerra[Q~.
um quadro hi,tóriLO, FmzfÍo (ii' Afagfllhâts, no ~1NBA;
A idade ia criando e,tímulo~ a umJ produção sempre Paísllgl'lI7, Retrato rio milllstro jndio do Bmsi/ C' Rt t"rltO
mai~ inrema e ,\ua tél.niw ,>e aprimura\'<!. A e~pont,lI1t:idade
c/r: h07f1nn, no acervo da SOliedade Brasileira dI: Belas
com yue trabalhava xaceu sobre os jovem e,\tLIdantes Artes; Fig/mI de jotlmz, em que aparecem boas qU.llid,ldes
da década de vinte: uma Aagrante atraçio. impre,sionisras e uma IxquenJ marinha com ,1S mJrcas
melhores da técnica e'pontineJ de Jojo Timótheo da Cm(.l.
'eu fJlecimento, ao, ')0 Jno~ de: idade, apó\ inteflla-
menro, como sucedeu J eu irmão. em hospit.ll
psiqui<ltrico, inteHllmpe urna obra que ~e demonstrava QuinllO ( .\:11pohorirn
Reprothllldo d< Qt 1P IMl. C. HIJI,m.1 4.1 Pllttr"" I"d.cileird M ... .. ul" XIX.
RIU dr J.lntim: PmJknrhek 1')8\ p. 22- 23}
RS PlnTURRS Em 1920, os irmãos Arthur João Timótheo da Costa
trabalham juntos na decoração do salão de festa da
Anhur Vall
negro a r 'ccber tal premiação. joio. por sua \ C7, compô Retrtltos de jatura apreCIál'el, COI/1 q/le' obtl!l'e mençtio
o júri de pinrura do evenro m 192'). hOllrOJll de 2.0 gl'tllt. Esperamos l'é-Io mi trabalhos
m llÍI jortfs. pois tem queda manifesta para isso e há
1905 - pt\,\ prim ira vez o. irmios TimúLheo participam
dI! Iltmgll' o seu fim. "
da expoição. João Tlmótheo em iou o retrato do poeta
J. bréu Albano e .-\rrhur. duas paisagem (DulI1te do (Bueno. Amador, j01'llill do BrflJil, 26 et. 1906.)
1907 - Arthur T imót h o torna-s o prime iro negro boa imp r ssão exibiu maturidade com Trabalhando,
a r ceb r o pr Amio máx imo de Viag m ao Ext rior nquanto Arthur xpôs O idílio, já exibido logiado m
(leia- e Pari) com o quadro Antes do Aleluia, d pois de xpo ição qu r al izou logo ao r to rnar à capital federal.
Eduardo Bevilacqua não aprov itar b mo prA mio que lh
"O Sr. Arthur Thimotheo foz-se r 'Presentar apmas
havia sido concedido no ano anterior. João Timóth o, no
pelo seu belo quadro Id ílio, que na atual exposição,
ntanto, não t v bom r torno da critica com seu r trato
bem colocado e em mais favoráveis condições de luz,
de João do Rio, mbora t nha r cebido do júri m nção
melhor mostra a suas boas qualidades, podendo-se
honro a de s gundo grau, igual à do ano an t rior. mai francamente apreciar o seu incontestáveL valor."
"Como e vê desta simples tXPO ição, o a Junto prtsta-se Uornal do Commercio, Rio de Jan iro, 19 s r. 1912 .)
admiravelmmt( a um beLo quadro de gênero, e o fato de
ter o jovem artista [Arthur Timótheo} tomado para "Em pintura o Sr. João Timotheo da Costa apresenta uma
tela, Trabalhando, bem tocada como estudo de impre são. "
tema, explica-se naturaLmente por proporcionar-lhe
elementos para mostrar o seu saber técnico. (BUENO, Amad or, Jo rnal do Brasil, R io d Jan iro,
20 ser. 191 2.)
Na sua aparente fàcilidade não há nada mais difícil
do que pintar um bom quadro de gênero, po rque, 'João Timotheo traz ao 'salon' um pequeno quadro
em geral, nesse ramo de pintura, o assunto tem menos de gênero 'Trabalha ndo " imaginado com muita
importância do que a maneira como ele é tratado. " folicidade, e desenhado com bastante segurança.
V ornaLdo Commercio, Rio de Jan iro, 8 t. 19 07.) O contingente dos itmãos Timotheo da Costa é mais
uma vez muito apteciável. "
1908 - Arthur Timóth o não xpôs, por estar m
Paris, mas u irm ão mais velho, João Ti mótheo, (ALVES, Gon alo, A Noite, Rio d Jani ro, 30 ser. 1912.)
conseguiu grande destaque com o quadro O sonho. 1913 - Art hur re be p quena medalha d prata com a
"[jolÍo}Timotheo da Costa, o simpático pintot, pintura O dia seguinte.
expõe um ousado nu - onho, que a par d( pequenas 1915 - Arthur t ria ganho a p quena meda lh a de ouro,
indecisões apresenta qualidades extraordinárias." sgundo o p qui ador Virgilio Mauricio.
(Correio da Manhã, Rio d Jan iro, 1º t. 1908 .) 1919 - João t ve des taque com a t la Aprendiz, um do
1912 - Recém-r tornado da Europa, tendo Arthur vencedor s d m dalha, a im como Arthur, qu ganhou
208
ritlr. :
Cori TII'jL.l~~E'10í
~JrpitlQ
Hlll1I/E f\
íe1p.a E
vAiAr
~o~~Êl:\ l !"i1'i
Ir D Pl riTA.·fV\Q.~tl~ )) .-------'-
cr<~L.l
Internet
Bibliografia
ARAUJO, Em.lnod (Org.). A mlÍO IIjro- b1"flsiLcira: signdll.ado
www.Jezeno ... vll1te.net
da conrribuição :trrísticJ. e hi~rúriL . 1. São PJu lo: Impren'a wwv.,.it;lUcultural.orgbr
Otici:u e Mu~cu Afro BrasiL 20 I O. WW\\ .onordeste .com!onordeste!enclc1ol)ed i:r.Nordesre/l ndex.ph p:tl
ARCHiTccn:RA Memario de Arre. (Allü 1. N l , jun bo de 2(09) tu lo =lo,"ve3° oA 'l++ dr +Abrcu .Alba no<r= j&eid_perso=988
ALVES , Günç:Uo. "Not,IS do "S.lJon" -- Os irm.ios Timolher) \vww. iberoa me ricJdigiral.~Lt
d:l C'ht;t. A {\'O I/!!, Rio de Janeiro . 30 ~e(. 1'J 12, p. 1.
(Acesso m 22 out. 2012.)
"BclJ.' Arte, -- lmpre só~, sobr~ o s.ll:io d.:q, .ll10 -- A sessão
de pinrurJ." . O jorn,tl, RIO de Janeiro, 14 ago. 1920, 1'.3.
Co~n , Jujo Angyone. A mqui<'lt/( tÍo da, abl"llw. Rio de
Jdlltiro: Pimema de l\ldlo e Cia., }')27.
LEITE. JO<r! Roberto Teixeira. Pintm\"s I/egm; dos oztu,mMr.
Ed. Emanoel -\nújo. S10 PJUlo: Ediçõ~, K: Morore>
MWM Brasil. }988
_ _ _o D/l"IOIlIl/"io rntzw d.1 pilllll/"d 110 BT/wi. Rio de:
].llleiro: Ardi, re. 1')88.
OS DOIS
15 Exposição
IRmÃOS: • ascim mo do pintor joio
Timótheo da Co ta.
• P,trticiparam da 13· Exposição
G ral de Belas rt ,na E BA.
• João expôs na
Geral de Bela Art
Núcle de Pesquisa do Museu Afro Brasil I Bibliografia: Brnsil 500 Anos. o Paulo: Abril. 2000 I Internet: ww\\.pedagogmemfoco.pro.br 'hrsxx.h tm www.\\ lklpedia.org
EHPOSIÇÕES EHPOSIÇÕES 1«114
COLETlVRS
RRTHUR • Rio d janeiro, Rj
21 i E,posição Geral
TlmÓTHEO 1«105 de Belas Arte , na E BA
• Rio de Janeiro, R]
13~ Expo içáo G rai
de Bela Arte , na ENBA • Rio de Janeiro, RJ
Menção honrosa de I g grau 261 Expo ição G ' ra!
de Bela Arte , na ENBA
1«107 Grande medalha de prata
lQ13
• Rio de Janeiro, RJ
201 Expo ição Geral
de Bela Artes, na ENBA
L - -_ __
· úcleo de Pe quisa do Mu eu Afro Brasil I Bibliografia: Brasil 500 Anos. ão Paulo: Abril. 2000 I lnrernec: www.pedagogiaemfoco. pro.brlhrsxx.h[m I www.wikip dia.orgl
E"CERTOS DR REVISTO /LLVSTHRÇilO BHRS/tEIHR
RAPlns DE HonTEm
ARTISTRS DE HOJE
Rio de Janeiro, f, vereiro de 1921.
216
OP)~ m
e~~~éz~~o obstante a sua proverbial deli·
UE::;"~~IV~nt~te~n~f:I~~~r~-~é1p·l
Esc<la de Bellas Artel,
~ d Havia no primeiro anno de desenho
am no Becco do mesmo
e do curSO dlquelle saudolo tempo, um
nomr, sentia qualquer
cousa de extranbo
tuaçio, o ambiente, os
~:~~es td:d~eJI:On~~~~já
j a si-
(1 upaz um tanto vadio, que, levado pelai
companheiro!', não cumpria muito regu-
larmente a$ suai obrigações de estudante.
Mestre Berard 010 o olhava com bons
~lC;~ ~
olhal. Um dia, aftna l, foi a elle, e, em
para deixar I no esplrlto de quem I. ia, • plena aula perguntou-lhe em voz alta: -
.. O Sr . pi etende ser artista? - .. Sim, ~
um lentimento de bem est.r du radouro e
confortante.
O ambiente. . de austeridade monacal,
l""'llGJlC:iQ) respondeu IJ dllcipulo. - • Pintor ? • -
c 1 alvez,JI h trucOu o al umn o - c Entio,
im pressionava. Dentro da penumbra dll é muito rico? - c Pe l contrario, pau-
corredores, viv ia o mylterlo que penetra- perrimo ... ~ - cNesse caso, meu amiao,
VI no animo dos artistas moçol, em bus· desista, pois do contrario o seu fim será
ca, do ideal sonhldo . A' entrada, o "Ola- aquelle- I e aponto u para um pobre dia·
bo, uma sombra humana, que, pendu-
~~~~~rm~~~~~:er'~te~:S~!~O:~;~I:~;a~tI~s fdzas de Phidias, que em (orno rado em uma escada, brochava as paI edes da Escola em obru ... Ql:em
ao sagulo, como scntinellas avançadas, faziam com que â juventuce retro- quer ser arUsta, estuda muito, prepara o espirita para a luta 1 •
cedesse ao tempo de Pericles, letlnos e CaHicrate, impu:sion!ldos pelo res- Pasuram-se os annos, o vacio tornára-se um estudante applicado, pelo
peito dos grandes mestres. &trmto do mestre.
A Mocidade daquelle tempo trazia a c.abeça descoberta deante de tanta Em diversos S"lões de Bellas Arte., conquittou premios, incl usive o
de viagem á Eu:ropa. M~tre
Berard, nlo ob3tante o seu
voto favoravel, dado no Con ·
selho Superior de Bellas Artes,
f.>i em bu:sca do antilo dil·
cipulo que se acbava rodead.>
de collegas, e, em plena ga·
leria de pintura da Escola, e,
com lalrimas cahindo p. las
faces, pediu perdio das pala-
vras duras, pronunciadas 7 an-
no. ante:i I
Por esta simples, mas to-
cante narratlva ,é faclL verificar
seu caracter recto e a sua
~rr~~~li~~p:~"à~ c~~!:r :~;u~
3 que m quer que fosse.
Como homem, me.stre Be-
rard era um exemplo. Como
artista, impecavel, de uma ho·
nestidade sem par. Nos seUl
retratos, elle procurava dar
~;~ça~u;eb~sc!~~p~e~ rSe~~~~ os IRMÃ · S8!Jt'URO!LLI EM um. PJlOTOORAPHI,\
dilO do modelo, dentro da TIRADA N"O ANTIOO ATELIER DA lUA DA REUÇÃ.O
proprla alma, a psychologia
que os pinceil traduziam para a tela, como uma p.cina aberta aos seus
olhos penetrantes de observador.
Certo dia, foi encar regado de pintar o retrato do saudoso Barl0
Homem de MelJo, que, pela edilde e pelo cstado de saude, nlo pOdia
ir ao atelier do pintor, situad em um segundo andar da Rua dos Ou-
, ive •. A perspectiva do emprego da photographia era um $upplicio plUa
Um. vi,UI .0 Muftu N.donll em 1(IO.t - o Barlo Homem de Mell0 e 01 MUI dllc:ipulo. Henrique o mestre I Durante muitos dias ando u preoccupado, triste. lem cora·
Co.ta, eac:u lptor {.Itecido em Pari.: M Leio, ucttlt«to; MIJe Artnd. Sobral. archlttda; Mlle 01- cem de dizer aos que desejavam o retrato do venerando BacAo, Que
norah de Azevedo, , rn.dor.l.u rudacom o premio de vi"em" Europ. e Mlle AJeI,ide Gonçalves, precisava de uma photographia em que o futuro retrat:ldo estives!e tar·
pi tora t.u tad. nOI "S.lonl" de Bellla Artu.
218
II •
i IOlr
, (I
~I !'IeguidJ. ao IIlcidl'lllc lfu (!L,IOrl>'\o paLI () y,,:lho tal.: tre ..-l1'f<.;t1 a P('I (~a (k ;d~Ulb d!.uh: .. a UIlI \·;tJ.Hlro. lntllllJ gtiL
yem a rcacç;"IO .\s lagrima ··.. pro\"ocad~"1 p . . 1.t irrnerCTI e introllleuido );;-10 h:;\\ ia G.lIxa de rim, .. til! qUL' e!ie nã.1 mexe- e.
cia da :"apaziada. puzeram termo á . . troça~, 1..'0I1t;I1\1:\1I lo 1l<.:111 lllodelo~ de natureza 11lort;l (f rt1to~, elc.) qUI: dle não CD
il auja dclJalxfI de uma impre:: ào de tristeza. ()., pro Ille ",t,. Coit'H.lo, :lo(b.\':t atrazado.
\"ocadorc ·Je lào gr.:>te .ca brincadeira IlUl1l'a porleriam Certo dia. o.; CJ lJ egils do comiUo arranjaram com o.. ral~lzc:" d ..,
cakular que a ~en"ihilidade "lo bOI1 lo~o mestre se se'1~ ;ül1a de e~ulptura U1\ . . lhpiro ... de gt!\so, belll feitos c óc:o~. p:\r.l
ti e teio proLlIldamentc ferida. Dos profes!'ore~ d:t, qu e 1150 fit'd~.'Clll j>e aelo.;. Devoi .. , arrumaram UIll canto pillorc.c').
quclle tempo. felTa tk Cjl1Jlqucr contest.1.çà\..t~ 'mde o'" ""pir.)", flc.1ralll ucm fi "i'dol, D~r~nll
rra o harão Ilamem de ~lel1o um dos melho- lI1ic;o ao trabalho com a maior ca lma deste
rC$ coraç(jc~ e {) mais illu .. trarlo .. \:; questões Inundo. No e~pir iti) de ~. ficou lo~o c"ltahL'-
de .\rk. di .. :1~ n,nheci3 com segurança . () IcciJo que (Iaria cabJ dOl"; gl1I0';;'L'una..;: (Ii ... faf
~Ll1. --en,lImento attingia o cX3RC"cro em unn. çou, como h 3bil cOllll'(h:lIlte, dóxol1'''''' fi nr
mSlgnl flcante rep~e'-~nta~:lo. Uma figurinha pUf ultimi) c, ta';.! trincou lIl!1 tln~ sllltpiro ..
rt"'Conada de um Jorndl era motl\'o vara Cpl': COIl1 ,·alenlla ... ~i""'l íl rap<lzJ;ula. IlHe ç~pn:i
a ~ II a ellloti',-- ta'a. apparece r,'-
d a fi c "ibra~"c l,etllll1amente. apJ -
vrofulldam(:llte, Ilhando em f l a-
Esprit,), de c,;' grame o pobre
th..'h, nào ob f oitado, tt 11 f -;..!
~tallte a ieb<l(! maldizia la:..ti -
2,'an ça di'isinn. ma,'i\ pela pcrd1
,\tra\"és do ~t!H ,los dentes.
eIl eH qui lh~Hh I )rcl'Í.sam.e.ntc
"1,vetO', n .... Tut.) 'U) "1l\P1~;"
.emblante o en- TI ).10TH .;0, Ul 19(16. n e ~ ... a época . '1-
lhl1~iasmo pcb eudil a E s C O I ,I
,-id .. e }JeJa llalUT'I.;l era Cllcant.ul.IT. lima (Jue .. tão de ri,·alidade. flue ptrlll-
Em tOt:la~ 3.~ troç;\:-, los rJ.p..1.Zc", p:\ - WU ~t" ri aml'l1te o..; "lI1I IllO', ti o ... e~tud:l11
,ado o prilllClrl in .. t:lIlte, 1'I1Contra"'l h.'~, l1a\"ia 11.1 Escola 111<1:1. e'pCCI~~ d.:
111oti,·o para Ulll~l prO"~l 'Iue cJC1X,l\., al1l1l1ll0S, o'" l1lóltriculado.;, e o . . tine...: us
tran parecc" ii bUI1fhulc c a l'ulluT,l. matrinllado~ t'r a1l1 O" '1ut· tinham pr':
Dono de lUlU Tllcmori.. prodigio ..a, Iloaralorio . . feito" IHI J1erlro II (' o:;;, h,-r\. ..
I,rendia com a~ ~uas narnç(je:.. (Ie ';;1 o ... que faziam ajleTlJ.f( um pl't'jtn'llf) exa
gCll:-o. () Egypto repn· ... ent;t\'íl o p.JIlt') me na Secretaria da E"'l'(l1.t: 0-- prilm.'i
"'ell .. in~l (lo "dho llIe .... lrt Ul13.lldo i;'" ros al'Cll"3,\'i111l o.... t'"gundo~ de ... erem
aula1 r ecahiam .;obre O!'l prillcipau, CPI 19norante~ e de frl.~lllCI1tan.1ll a, ::l.llla..;
!iiodio do antigo 1)0\0, era UIll go ) pCJT faHJr. Dahi a grande di.-.conlia ql1~
ver como .;;;.' lrô\n"(orm:l'·d a phy'ioll l l ' pcrl1'rholl o ôllHhllu"ntn do;; e 111do~ e rl \
111:.1 do Barão. Entra"a pda h!ri\ Tl'gl- lJO:l l'amar~tdilgcm cxi_"'tentl',.... Dias depoi . . dc ..... e . . iIlCicl:?lltls, ..'0111111t:
me1ltal. :-emlo preciso quc o g-uanl a PI": ll1or~l\a'~c a n'ortt: de Fl oriallo, l' a E ,,:01.1 fúr<t comida.1a a l'0111
ch:l11w.!'!-oe a allcnç~lO, p..1.fI'C(-r, tendo a rc:--pccti\,;t <.'ollllll i .. :.0 1)o .. tu Ú di"'I>O"\IÇ;lO do ... oth:
Vuando UIll e .. tu bllfe ('ntr;lr;l ','111 11111 ~ um lallda/1. ).1\1;to:-oe di nllil1 q\1~le, o' ql1t" <k,·...:rialll reprc.·.cll-
4.:Xil11C de hi ~toria da \ r t . e o pOlli./1 tal'a ... urg-illdo IlO\a11ltntl' a qUC"'il;IO anterior. L'1I~ diúam que,
sl..rtt:ado era cOllljJletallll"uc l:--tran!l0 ;:t!u11lI1o,,; linc ... não podiam comparecer em carartl:r r..:prcs(,1l 1.1 ;H:.
llf.:'.:il.iUl·j CA\ALu:rao. ao .. :eus eon h ecil1ltnto~, l\lgo ... c agar Out r M que podiam. gmfim. hOl1\'e tal barulho iJue f~)1 preri_ () a
IIC \ l.\~f)J; "CTl' .... L,.t.~I, 1\1 ra\"a. (-01110 taooa tle :-;al\":\ "3.0. :\tl Eg,'- 1l0IllC:U;::t,) dt um arbilrü, ~endo (:~colhielo O \'dho Zeferino ela Co,>
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J\1onilor.l de ()ricnt.1Jure"i de PúhlÍLo
Ficha catalogr.ílica e1aboraua p la Bib lioteca do M use u
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João e Anhur Timótheo da Costa : os dois irmáos pré- modern isr.ls brasil ei ros. /
curador e organizador Ema noel Ar.lUjo. S:ío Paulo, Museu Afro Brasil , 2013.
224 p. : i!. ; 30 cm.
[ BN 978-85-63972-12-5
1. Pintura - Brasil - écu lo 192 . Pinrores negros 3. T imórh eo, JOJO, 1879-19324.
Ti mór heo. A rthur, 1882-19225. Biog ra fia. 6. Ex posiçáo I. Arau jo, Emanoel, 1940-
(organ izador)
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