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Letícia Moreira
Questão 1:
Embora não fosse um grupo ou um movimento organizado, o Minimalismo foi um dos muitos rótulos (incluindo
estruturas primárias, objetos unitários, arte ABC e Cool Art) aplicados pelos críticos para descrever estruturas
aparentemente simples que alguns artistas estavam criando. Quando a arte minimalista começou a surgir, muitos críticos
e um público opinativo julgaram-na fria, anônima e imperdoável. Os materiais industriais pré-fabricados frequentemente
usados não pareciam “arte”.
DEMPSEY, A. Estilos, escolhas e movimentos. São Paulo: Cosac & Naify, 2003 (adaptado).
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EL GRECO. Laocoonte. Óleo sobre tela, 1,37cm x 1,72cm.
National Gallery of Art, Washington, Estados Unidos, circa 1610-
1614. Disponível em: https://images.nga.gov. Acesso em: 28 jun
2019 (adaptado).
TEXTO II
Essa impressionante obra apresenta o sacerdote Laocoonte sendo punido pelos deuses por tentar alertar os troianos da
ameaça do Cavalo de Troia, que escondia um grupo de soldados gregos. Enviadas pelos deuses, serpentes marinhas
são vistas matando Laocoonte e seus dois filhos como forma de punição.
KAY, A. In: FARTHING, S. (Org.). Tudo sobre arte.
Rio de Janeiro: Sextante, 2011 (adaptado).
Seu delegado
Eu sou viúvo e tenho um filho homem
Arrumei uma viúva e fui me casar
A minha sogra era muito teimosa
Com o meu filho foi se matrimoniar
Desse matrimônio nasceu um garoto
Desde esse dia que eu ando é louco
Esse garoto é filho do meu filho
E o filho da minha sogra é irmão da minha mulher
Ele é meu neto e eu sou cunhado dele
A minha nora é minha sogra
Meu filho meu sogro é
Nessa confusão já nem sei quem sou
Acaba esse garoto sendo meu avô.
TRIO FORROZÃO. Agitando a rapaziada. Rio de Janeiro. Natasha Records. 2009.
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Questão 3: Nessa letra da canção, a suposição do último verso sinaliza a intenção do autor de
a) ironizar as relações familiares modernas.
b) reforçar o humor da situação representada.
c) expressar perplexidade em relação ao parente.
d) atribuir à criança a causa da dúvida existencial.
e) questionar os lugares predeterminados da família
TAYLOR, J. C. A balsa de Lampedusa. Instalação. Museu Atlântico, Lanzarote, Canárias, 2016 (detalhe)
A balsa de Lampedusa, nome da obra do artista britânicos Jason de Caires Taylor, é uma das instalações criadas por
ele para compor o acervo do primeiro museu submarino da Europa, o Museu Atlântico, localizado em Lanzarote, uma
das ilhas do arquipélago das Canárias.
Lampedusa é o nome da ilha italiana onde a grande maioria dos refugiados que saem da África ou de países como Síria,
Líbano e Iraque tenta chegar para conseguir asilo no continente europeu.
As esculturas do Museu Atlântico icam a 14 metros de profundidade nas águas cristalinas de Lanzarote.
Na balsa, estão dez pessoas. Todas têm no rosto a expressão do abandono. Entre elas, há algumas crianças. Uma delas,
uma menina debruçada sobre a beira do bote, olha sem esperança o horizonte. A imagem é tão forte que dispensa
qualquer palavra. Exatamente o papel da arte.
Disponível em: http://conexaoplaneta.com.br. Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado).
Questão 4: Além de apresentar ao público a obra A balsa de Lampedusa, essa reportagem cumpre, paralelamente, a
função de chamar a atenção para
a) a ilha de Lanzarote, localizada no arquipélago das Canárias, com vocação para o turismo.
b) as muitas vidas perdidas nas travessias marítimas em embarcações precárias ao longo dos séculos.
c) a inovação relativa à construção de um museu no fundo do mar, que só pode ser visitado por mergulhadores.
d) a construção do museu submarino como um memorial para as centenas de imigrantes mortos nas travessias pelo mar.
e) a arte como perpetuadora de episódios marcantes da humanidade de que têm de ser relembrados para que não tomem
a acontecer.
TEXTO I
Correu à sala dos retratos, abriu o piano, sentou-se e espalmou as mãos no teclado. Começou a tocar alguma coisa própria,
uma inspiração real e pronta, uma polca, uma polca buliçosa, como dizem os anúncios. Nenhuma repulsa da parte do
compositor; os dedos iam arrancando as notas, ligando-as, meneando-as; dir-se-ia que a musa compunha e bailava a um
tempo. […….] Compunha só, teclando ou escrevendo, sem os vãos esforços da véspera, sem exasperação,
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sem nada pedir ao céu, sem interrogar os olhos de Mozart. Nenhum tédio. Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma
como de uma fonte perene.
ASSIS, M. Um homem célebre. Disponível em: www.biblio.com.br. Acesso em: 2 jun. 2019.
TEXTO II
Um homem célebre expõe o suplício do músico popular que busca atingir a sublimidade da obra-prima clássica, e com
ela a galeria dos imortais, mas que é traído por uma disposição interior incontrolável que o empurra implacavelmente na
direção oposta. Pestana, célebre nos saraus, salões, bailes e ruas do Rio de Janeiro por suas composições irresistivelmente
dançantes, esconde-se dos rumores à sua volta num quarto povoado de ícones da grande música europeia, mergulha nas
sonatas do classicismo vienense, prepara-se para o supremo salto criativo e, quando dá por si, é o autor de mais uma
inelutável e saltitante polca.
WISNIK, J. M. Machado maxixe: o caso Pestana. Teresa: revista de literatura brasileira, 2004 (adaptado).
Questão 5: O conto de Machado de Assis faz uma referência velada a maxixe, gênero musical inicialmente associado à
escravidão e à mestiçagem. No Texto II, o conflito do personagem em compor obras do gênero é representativo da
Pisoteamento, arrastão, empurra-empurra, agressões, vandalismo e até furto a um torcedor que estava caído no asfalto
após ter sido atropelado nas imediações do estádio do Maracanã. As cenas de selvageria tiveram como estopim a
invasão de milhares de torcedores sem ingresso, que furaram o bloqueio policial e transformaram o estádio em terra de
ninguém. Um reflexo não só do quadro de insegurança que assola o Rio de Janeiro, mas também de como a violência
social se embrenha pelo esporte mais popular do país. Em 2017, foram registrados 104 episódios de violência no futebol
brasileiro, que resultaram em 11 mortes de torcedores. Desde 1995, quando 101 torcedores ficaram feridos e um morreu
durante uma batalha campal no estádio do Pacaembu, autoridades brasileiras têm focado as ações de enfrentamento à
violência no futebol em grupos uniformizados, alguns proibidos de frequentar estádios. Porém, a postura meramente
repressiva contra torcidas organizadas é ineficaz em uma sociedade que registra mais de 61000 homicídios por ano. “É
impossível dissociar a escalada de violência no futebol do panorama de desordem pública, social, econômica e política
vivida pelo país”, de acordo com um doutor em sociologia do esporte.
Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado).
– O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar num
troço chamado autoridades constituídas? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa
chamada Exército Brasileiro, que o senhor tem de respeitar? Que negócio é esse? {…] Eu ensino o senhor a cumprir a lei,
ali no duro: “dura lex”! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o General, vai
tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor. […] Foi então que a mulher do vizinho do General
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interveio:
– Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido? Odelegado apenas olhou-a, espantado com o atrevimento.
– Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo nem meus filhos são
moleques. Se por acaso importunaram o General, ele que viesse falar comigo, pois o senhor que sou brasileira, sou prima
de um Major do Exército, sobrinha de um Coronel, e filha de um General! Morou? Estarrecido, o delegado só teve força
para engolir em seco e balbuciar humildemente: – Da ativa, minha senhora?.
SABINO, F. A mulher do vizinho. In: Os melhores contos. Rio de Janeiro: Record, 1986.
Girassol da madrugada
Teu dedo curioso me segue lento no rosto
Os sulcos, as sombras machucadas por onde a
[vida passou.
Que silêncio, prenda minha… Que desvio triunfal
[da verdade,
Que círculos vagarosos na lagoa em que uma asa
[gratuita roçou..
Tive quatro amores eternos…
O primeiro era moça donzela,
O segundo… eclipse, boi que fala, cataclisma,
O terceiro era a rica senhora,
O quarto és tu… E eu afinal me repousei dos
[meus cuidados
ANDRADE, M. Poesias completas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013 (fragmento).
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Quando eu quero falar eu grito, quando eu quero
[gritar eu falo, o resultado
Calo.
ESTRELA D’ALVA, R. Disponível em: https://claudia.abril.com.br. Acesso em: 23 nov. 2021 (fragmento).
Migalhas
Entre a toalha branca e um bule de café
seria inapropriado dizer
eu não te amo mais.
Era necessário algo mais solene,
um jardim japonês para as perdas pensadas,
um noturno de tempestade para arrebentar de dor,
uma praia de pedras para chorar em silêncio,
uma cama alta para o incenso da despedida,
uma janela dando para o abismo.
No entanto você abaixa os olhos
e recolhe lentamente as migalhas de pão
sobre a mesa posta para dois.
MARQUES, A. M. A vida submarina. São Paulo: Cia. das Letras, 2021.
Questão 10: Nesse poema, a representação do sentimento amoroso recupera a tradição lírica, mas se ajusta à visão
contemporânea ao
a) invocar o interlocutor para uma tomada de posição.
b) questionar a validade do envolvimento romântico.
c) diluir em banalidade a comoção de um amor frustrado.
d) transformar em paz as emoções conflituosas do casal.
e) condicionar a existência da paixão a espaços idealizados.
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GABARITO
1-E
2-B
3-B
4-E
5-E
6-C
7-B
8-C
9-C
10-C