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Fundamentos de Medicina Tradicional Chinesa

Axiomas Terapêuticos

A Medicina Tradicional Chinesa é uma medicina energética. Toma como base a existência
de uma estrutura energética para além do corpo físico, cujo carácter é funcional.

A Moxibustão, a Ventosoterapia são técnicas utilizadas em combinação com a Acupucntura,


outras disciplinas que entroncam a árvore do saber da MTC, são: a Fitoterapia; a Massagem
Energética – Tui Na; a Ginástica Energética –Qi Gong; a Dietética.

Numa consulta de Medicina Tradicional Chinesa faz-se um Diagnóstico Energético que se


baseia numa análise global de sinais e sintomas através do interrogatório, observação,
auscultação, tomada de pulso e palpação. Isto para se ter uma noção da causa, da natureza e
da localização da doença, bem como para interpretar a relação entre os fatores patogénicos e
a energia vital. Assim sendo, o diagnóstico em MTC afinou-se especialmente para obter
dados de diferenciação dos sintomas.

Para MTC, doença equivale a desequilíbrio energético. A doença uma vez instaurada toma
um percurso evolutivo que, por seguir leis pré-estabelecidas, se pode determinar ou prever e
por isso travar. A doença é um estado de desequilíbrio energético que se pode manifestar
por uma deficiência ou por um excesso (síndromas de plenitude ou de vazio).

A prevenção das doenças em Medicina Tradicional Chinesa depende da manutenção do


equilíbrio entre Yin e Yang. O Homem é um ser bipolar alternante, e como tudo no universo
esta alternância entre positivo e negativo, (Yang e Yin), de uma maneira harmoniosa,
permite o movimento, a mutação, permanente e contínua.

Há duas obras que podem ser vistas como os “pais” da Medicina Tradicional Chinesa, trata-se
de "Su Wen -素問” e "Ling Shu -靈樞”, compiladas no conhecido "Huang Di Nei Jing -黄帝内
经 ” . O ser humano é visto como indivisível do todo, da unidade, que é o mundo que o
circunda, e quem diz o mundo diz o próprio Universo.
Acupunctura

A Acupunctura pode ser definida como a colocação de agulhas filiformes em pontos


específicos do corpo.

As agulhas são colocadas ao longo dos meridianos funcionando como comportas ao longo
de um rio, que controlamos utilizando técnicas e escolhendo pontos para dispersar ou
tonificar a quantidade de Qi, equivalendo ao abrir e fechar de comportas num rio para gerir
o fluxo de água.

O primeiro documento conhecido que versa sobre Acupunctura aparece com o Huang Di
Nei Jing, ou Tratado da Medicina Interna do Imperador Amarelo, comummente conhecido
por Nei Jing.

Meridianos Energéticos

Os meridianos de Acupunctura são, pois, os canais onde circula a energia, o Qi. Estas vias
de circulação energética não são palpáveis.

Moxibustão

A Moxibustão é uma técnica que se aplica a par da Acupunctura e consiste no aquecimento


dos pontos. Este aquecimento é feito através de uma planta medicinal, a Artemísia, que é
utilizada de diversas formas. A Artemísia (Artemisia vulgaris ou Artemisia argyi), comum
na China, é um ótimo combustível, pois atinge uma temperatura muito alta sem fazer
chama. É de natureza quente, com propriedades muito boas para combater quadros de frio,
por deficiência ou excesso, pois desbloqueia os meridianos, aquece-os, dispersa o frio e
elimina a dor.
Fitoterapia

Define-se como o uso de plantas medicinais chinesas, combinadas ou isoladas, utilizadas


para se atingir um efeito terapêutico específico. Tratam-se tanto as manifestações como as
suas causas, portanto a Fitoterapia Chinesa utiliza as fórmulas, onde se combinam várias
plantas medicinais para dirigir o efeito do tratamento não só para o sintoma, mas sobretudo
para aquilo que causa aqueles sintomas. Podem ser usadas como simples, sem outras plantas
misturadas, sob a forma de chás, cremes, comprimidos, cápsulas, pós, gotas, etc…
Em cada fórmula pode haver uma ou mais plantas em cada uma destas categorias.

- Planta principal ou ‘Imperador’, que vai tratar a principal causa dos sintomas;

- Planta ‘Ministro’, que reforça a acção do ‘Imperador’ e trata sintomas secundários;

- Planta ‘Assistente’, que reforça a acção das plantas anteriores, mas que também vai ter o
importante papel de eliminar ou reduzir a sua intensidade ou mesmo toxicidade, eliminando
possíveis efeitos secundários;

- Planta ‘Embaixador’, que dirige a acção da fórmula para o meridiano, sistema ou parte do
corpo afectada, regulando ainda a acção das outras plantas da fórmula.

Massagem Tui Na

Tui significa “empurrar” e Na significa “agarrar”. O objetivo desta terapia é dispersar,


tonificar e harmonizar a energia e o sangue de um meridiano, órgão ou região.

O principal efeito da massagem é desbloquear ou favorecer o fluxo do Qi e sangue nos


meridianos onde existe alguma enfermidade.

Após a aplicação de Tui Na, o organismo terá cerca de 72 horas de reações, que é o tempo
de reequilíbrio energético.

Qi Gong

O Qi Gong ou ginástica Energética pode ser descrita como um conjunto de exercícios físico-
respiratórios lentos e pausados, com uma cadência específica que visam melhorar o estado
energético. A prática da Qi Gong regula e melhora a função dos músculos, canais
energéticos, órgãos, vísceras, circulação de sangue e sistema nervoso. Fortalece o corpo e
permite um equilíbrio da mente e do espírito.

Dietética Chinesa

É importante não só averiguar qual é o tipo de alimentação que o paciente faz, como
também prescrever a alimentação mais correta para o seu diagnóstico energético.

A dietética energética emprega os sabores acarretando-lhes a capacidade de estimular o Qi,


de melhorar a função dos órgãos e restabelecer determinados equilíbrios energéticos.

Isto significa identificar para cada alimento, um sabor, uma acção sobre cada órgão e uma
acção sobre cada meridiano do corpo. É igualmente necessário saber misturar os vários
ingredientes a fim de evitar efeitos contrários, tendo em linha de conta, a forma mais
conveniente de confecionar e escolher cada alimento conforme a estação do ano.

- Sabor Ácido: modera e é adstringente – Fígado;

- Sabor Amargo : drena e seca, é purgativo – Coração;

- Sabor Doce : nutre, acalma, tonifica e harmoniza – Baço-Pâncreas;

- Sabor Picante : dispersa e promove a livre circulação do Qi – Pulmão;

- Sabor Salgado : humedece e faz descer, é diurético e laxante – Rim.

- Natureza fria: contrai, refresca e clarifica o calor;

- Natureza fresca: refresca e elimina toxinas;

- Natureza quente: estimula, aquece e promove a circulação do Qi;

- Natureza morna: aquece moderadamente e dispersa o frio;

- Natureza neutra: harmoniza e acalma.


Qi

A MTC parte do princípio de que existe uma substância imaterial, invisível para nós, que se
chama Qi (Energia) e que é responsável pelas diversas mudanças biológicas (Energia/Qi
como fonte integrante e reguladora de toda a forma físico-química). O Qi é a energia vital,
que circula também nos meridianos e que está presente em todas as coisas.

O Qi (energia) é a base das funções fisiológicas e psicológicas do ser humano. Quando o seu
fluxo normal é interrompido por algum factor, surgem os distúrbios físicos, mentais e
emocionais que geram a doença.

A Energia ( Qi ) do indivíduo é única, no entanto, assume formas diferentes, consoante os


locais de origem, circulação e as funções que desempenha. O Qi é a Energia e tudo o que
existe no universo, seja orgânico ou inorgânico, é composto e definido pelo seu Qi próprio.

O Qi pode ser visto como matéria a ponto de se tornar energia, ou como energia a ponto de se tornar
em matéria. A energia que nos move e que está presente em tudo o que nos rodeia.

O Qi é um conceito que procura descrever múltiplos processos de oscilação de uma mesma


coisa. O Qi não é uma substância, nem pode ser quantificado.

O Qi é usado para descrever diversos padrões de fluxo e flutuação no organismo humano,


bem como as contínuas trocas entre o organismo humano e o meio ambiente.

A energia é uma e é múltipla, esta diferença ocorre em função de suas manifestações. O


ideograma que se traduz por Qi tem o significado de “um grão de arroz a ser cozido, com o
seu vapor a subir para o céu”. O arroz simboliza o elemento material, Yin; e o vapor
mostra-nos o imaterial, que sobe em direção ao céu, Yang. O Qi é uma coisa material e
imaterial ao mesmo tempo, com a capacidade de se manifestar de diferentes formas,
dependendo apenas da sua tendência para Yin ou Yang.

O Qi do indivíduo pode ser definido como a energia que anima a matéria. No entanto, de
acordo com o ideograma, põe-nos perante a questão da indissociabilidade da matéria e da
energia, dos dois aspetos da mesma realidade, podendo assim considerar-se o sangue e os
líquidos orgânicos como formas Yin da Energia, pois veiculam o Qi.
Yin – Yang (parte I)

Yin e Yang são generalizados para toda a natureza, mostrando que o princípio de oposição se
encontra em todas as partes e que é, por assim dizer, a origem de todas as manifestações,
que por sua vez contêm, em proporções variáveis, ambos os princípios. Yin e Yang são
complementares pois um não existe sem o outro, e são dependentes, onde um existe também
o outro tem que existir.

Polaridade/Oposição, onde o Yang expressa o papel ativo, dinâmico e masculino e o Yin o


papel passivo, estático e feminino.

- Yang caracteriza-se por menos palpável, mais ativo e funcional, mais rápido, mais ágil,
mais leve, mais quente, mais luminoso.

- Yin caracteriza-se por mais palpável ou material, mais estático, nutritivo, lento, menos
ágil , mais pesado, mais frio, mais escuro.

Energia implica sempre o Yin e o Yang - dualidade.

Zang – Fu
O Homem deve ser considerado um transformador de energia e essa transformação,
elaboração e circulação de energia é executada através da atividade combinada e
harmoniosa de órgãos e vísceras (sistema Zang-Fu).

- Zang (órgãos): são os “armazéns” onde a energia fornecida pelas vísceras é recebida e
armazenada, gerida e conduzida para a função que deve desempenhar. Os Zang têm uma
natureza Yin e são eles:

- Fígado;

- Coração;

- Mestre do Coração;

- Baço-Pâncreas;

- Pulmão;
- Rim;

Fu (vísceras): são as “oficinas”, onde se fabrica e cria a energia a partir de aportes externos.
As vísceras têm a função de manter a homeostase com o meio, proteger o órgão (Zang)
acoplado, processar os alimentos e gerar energia que vai para os órgãos (Zang). São em
geral ocas e muito ativas. São consideradas de natureza Yang.

- Vesícula Biliar;

- Intestino Delgado;

Triplo Aquecedor;

- Estômago;

- Intestino Grosso;

- Bexiga;

Mas o movimento de toda esta Energia não é possível sem a união Yin-Yang, portanto a
todo Yang corresponde um Yin para que possa acontecer o movimento e a mutação.

- Fígado e Vesícula Biliar;

- Coração e Intestino Delgado;

- Mestre do Coração e Triplo Aquecedor;

- Baço-pâncreas e Estômago;

- Pulmão e Intestino Grosso;

- Rim e Bexiga;

O Mestre Coração também não possui manifestação física, embora muitos autores o
relacionem com o pericárdio. Ele funciona como subordinado/lacaio e ao mesmo tempo
guarda-costas do Coração.
A função dele é essa mesmo, executar as ordens do Coração e protegê-lo.

O Triplo Aquecedor reflete o nosso metabolismo (muito similar ás funções do Rim Yang), a
mobilização dos líquidos pelo organismo e a coordenação entre os 3 aquecedores:
- superior:cárdio/respiratório
- médio: digestivo
- inferior: reprodutor/excretor).
Não tem manifestação física e é considerado uma víscera.

Lei dos Cinco Movimentos: Wu Xing

Os Cinco Movimentos são símbolos da Natureza que representam o equilíbrio e a relação


que existe em tudo que está entre o Céu e a Terra. A Lei dos Cinco Movimentos, permite-
nos conectar a fisiologia e a patologia dos órgãos e tecidos Zang-Fu a diferenciados fatores
ambientais e naturais.

A matriz ou diagrama dos cinco movimentos estabelece, comparações entre os múltiplos


códigos sensoriais e simbólicos referentes a observações da natureza. Representa os órgãos
do corpo, os respetivos canais de energia, a fisiologia normal e patológica do corpo humano,
os sentimentos, as cores e as estações do ano, sempre comparados aos cinco elementos e às
regras da sua transformação e interdependência.

A nossa concepção de Mente corresponde nas tradições chinesas aos "cinco espíritos",
chamados de "Cinco Shen": (residem no respetivo órgão)
Shen - Coração,
Hun - Fígado,
Po - Pulmões,
Yi - Baço e
Zhi – Rins.
Taoísmo e Medicina Chinesa
O ideograma Dao pode ser traduzido como ‘via’ ou ‘caminho’, mas neste caso interpreta-se
de forma mais profunda e abrangente: como aquilo que faz com que as coisas sejam como
são.

“O Dao produz o Um; o Um compreende o Dois e manifesta-se como Três; o Três produz
os dez mil seres.”

Do caminho (o Dao), surge uma energia base (o Um); esta energia desdobra-se em outras
energias que dela surgem (o Dois – Yin e Yang), podemos relacionar essas energias com a
organização mental/consciência e matéria/estrutura. Desta forma teremos três energias base,
estas energias em conjunto, através da harmonia do Wu Xing (teoria dos cinco elementos ou
movimentos) originam tudo o resto (os dez mil seres).

O Dao contém então o Um, ou seja, em termos de Medicina Tradicional Chinesa, o Qi que
traduziremos como energia. A energia (Qi) é bipolarizada entre Yin e Yang, que será, então o
Dois. Desta forma formam o Três e surge a multiplicidade, uma vez que tudo, sem exceções,
contém Qi.

Assim, o Dao é o vestígio deixado no mundo visível pelo princípio que o governa, e que
permite ao Homem tomar consciência dele, consciência essa expressa pelo pensamento.

Porém, o Dao não é algo palpável ou visível, é algo imaterial, é uma essência. (não está,
portanto, no estado de manifestação: do qual se vem a criar.
Conceitos de Energia Qi
Do ponto de vista etimológico, a origem do termo ‘Energia’ vem do grego ‘Energeia’,
compondo-se por ‘En’ (dentro) e ‘Ergon’ (trabalho, ação), ou seja, liberalmente poderíamos
traduzir a ideia da palavra como ‘Ação Interior’.

As energias Yin e Yang que compõe o Qi, transformam-se umas nas outras, assumindo por
conseguinte, as relações entre diferentes sistemas, que se interpenetram e se conservam
parcialmente, não existindo um circuito fechado em que a existência dos seres, vivos ou
não, é o equilíbrio dinâmico do trabalho incessante, ou seja, da energia infinita.
Consequentemente, nenhuma forma é absoluta.

Para a Medicina Tradicional Chinesa a visão do Homem é sincrética e não esquece nem o
retira do seu meio físico e social, sendo que todos os fenómenos fisiológicos e
fisiopatológicos são tidos como resultados do estado energético do paciente. O Homem é
uma entidade indivisível e indissociável do seu meio, com o qual forma um circuito
energético com trocas diversas e permanentes.

“A energia é a causa de todas as produções e de todas as destruições”. -Nei Jing.

Yin – Yang (parte II)

Voltando à Energia, o Um compreende o Dois e manifesta-se como Três, ou seja, a Energia


única (Um) só pode tomar forma - dar nascimento à manifestação existencial - na
bipolaridade de Yin e Yang, duas forças opostas e complementares: o Dois. (Yin e Yang são
dois aspectos complementares e antagónicos da mesma Energia (Qi).

Yin : interior, coberto, escuro, sombra, fresco.

Yang : exterior, descoberto, luz, aberto, quente.

Ambos se transformam um no outro, numa oposição dinâmica. Yin e Yang são relativos, são
indissociáveis: só se define um em função do outro, um só existe contendo um pouco do
outro, “eles são causa e efeito, logo transformação”.
O Céu trata-se de um elemento de natureza Yang ; o Céu é o Yang supremo, simboliza o máximo de
qualidade Yang (masculino). O Céu é ilimitado, impalpável, não mensurável, contínuo. A sua
representação é o círculo.

A Terra, receptáculo da vida, lugar da fecundação e da gestação, pelo que a Terra


representa o máximo de qualidade Yin (feminino). A Terra é limitada, palpável e
mensurável, é descontínua. Ela é o símbolo do espaço, da substância, da quantidade. A sua
representação simbólica é o quadrado.

Yang corresponde ao Céu e, logo, o Yin à Terra.

O Ser Humano situa-se entre o Céu e a Terra, participando nos dois e formando o elo de
ligação entre os dois; pois é o Dois que se manifesta como Três! É o produto do Dois (o Céu
e a Terra, ou Ying e Yag).

Em termos médicos, no Ser Humano, a parte psíquica e relacionada com o pensamento e os


sentimentos, corresponde ao ‘Céu’; o corpo e os seus tecidos, correspondem à ‘Terra’.

➔ Transições e transformações do Yin e do Yang é ao longo do dia, Ciclo Nictemeral


(horários naturais):
- Eixo dos Estados, isto é, meio-dia/meia-noite:

• O meio-dia corresponde ao máximo de Yang, o sol está no seu ponto mais alto e quando
há menos sombra no chão.

• Já a meia-noite é o ponto mais Yin, pois é o pino da noite, com menos iluminação.

- Eixo das Variações, traduz-se nos momentos em que o Yin começa a entrar no Yang e em
que o Yang começa a entrar no Yin:

• às 6h da manhã o Yin mistura-se com o Yang com o nascer do sol

• às 18h, o Yang mistura-se no Yin, dissolvendo-se com o pôr-do-sol.

Conforme se lê no Nei Jing: No Yin (- -), há o Yin (==); no Yang (-), há o Yang (=).

• da alvorada ao meio-dia : parte Yang do dia correspondente ao Yang no Yang;

Da alvorada ao meio-dia, é a parte iluminada do dia (Yang) correspondente ao aumento da


luminosidade (Yang). Esta parte é, portanto, duplamente Yang. É de natureza e de evolução
Yang.

• do meio-dia ao crepúsculo : parte Yang do dia correspondente ao Yin no Yang;

Do meio-dia ao crepúsculo, a luz está sempre presente (Yang), mas é a altura da diminuição
(Yin) da luminosidade. Por isso, esta parte é Yin no Yang. É de natureza Yang e de evolução
Yin.

• do crepúsculo à meia-noite : parte Yin do dia correspondente ao Yin no Yin;

Do crepúsculo à meia-noite, é a parte não iluminada do dia (o sol está posto), por isso Yin,
mas com o aumento da noite e o afastamento do sol. Esta parte é por isso duplamente Yin,
de natureza e evolução Yin.

• da meia-noite à aurora : parte Yin do dia correspondente ao Yang no Yin.

Da meia-noite à alvorada, a Terra não está sempre iluminada (Yin). Mas a noite vai ser
progressivamente iluminada a partir dos primeiros raios de alvorada (Yang). Esta parte é
pois Yang no Yin, ou seja, de natureza Yin, mas de evolução Yang.
O Ciclo Nictemeral desenrola-se de forma idêntica ao do decurso do ano, com as variações
sazonais. Os extremos são pontuais e que o Yang, chegado ao seu máximo, tende para o
mínimo, tornando-se ou dando lugar ao Yin, e vice-versa. Por outro lado, os estados
intermédios são pontos de inflexão, o que acentua o carácter dinâmico.

• Yang: exterior, centrífugo, eleva/flutua, leve, expansão, difusão.

• Yin: interior, centrípeto, afunda, pesado, condensação, concentração.

Os pontos cardeais situam-se segundo o ciclo Yin – Yang, em relação a um observador no


Hemisfério Norte. Assim, o sol passa pelo Sul ao meio-dia solar, o que corresponde ao
máximo de Yang, entrando depois no Yin. Com o entardecer e diminuição da luz solar, a
Oeste e chega ao Norte à meia-noite, quando se atinge o pico de Yin, que por sua vez
começa a entrar no Yang com o nascer do sol, a Este.
Leis Yin – Yang

- São Relativos: Aquilo que é Yin, em certas condições é Yang noutras.

- Iguais Repelem-se: Os pólos dos ímanes mostram-nos que os opostos se atraem e que os
iguais repelem-se.

- Opostos Atraem-se: O protão atrai o electrão, o pólo negativo do íman puxa e atrai o pólo
positivo.

- Um Torna-se no Outro: É o Princípio “a quantidade muda a qualidade”. Quando há um


extremo, um excesso, de Yin este torna-se Yang, e vice-versa.

- Não Há Absolutos: A mulher, que é Yin, produz hormonas masculinas, que são Yang. O
homem, que é Yang, produz hormonas femininas, que são Yin.

- Não Há Idênticos: Nada é idêntico a outra coisa, nem os gémeos verdadeiros. Nenhum ser
é idêntico a outro.

Todas as coisas possuem uma natureza bipolar, cujo equilíbrio permite a coexistência e
determina a relatividade. É desta dialética Yin – Yang que nascem os ritmos energéticos
fundamentais do Universo, cujos efeitos o Homem sofre, ao mesmo tempo que é produto
deles.

O médico deve saber observar as relações entre o Homem e o mundo exterior, entre o modo
de vida e a doença. Só depois de ter reunido todos estes elementos, poderá resolver o
problema terapêutico, conforme a região, o clima e o indivíduo”, precisamente porque o
Homem é um produto do meio, do Universo, situado entre o céu e a terra.

É necessário “seguir as estações”, note-se que é “preciso cuidar a doença antes que se
manifeste”, pelo que para tal há que acompanhar os ritmos energéticos não só nictemerais
como anuais: “Na Primavera e no Verão, o sábio armazena o seu Yang; no Outono e no
Inverno, o seu Yin; segue, assim, a sua origem”.

- Yin encontra-se no interior do corpo (vísceras), conserva o Yang (produz a Energia).

- Yang encontra-se no exterior (aparelho locomotor) e ajuda o Yin (suporte estrutural).


Classificação Yin – Yang das Vísceras

Para o Oriente existem dois tipos diferentes de Vísceras:

As Vísceras Yang

• Estão relacionadas com o exterior.

• São ocas e vazias.

• Destinam-se a extrair a Energia a partir dos alimentos.

Os Órgãos Yin

• Estão relacionados com o interior (com o sangue).

• São cheios e preenchidos.

• Conservam a Energia que foi extraída pelas Vísceras Yang.

(não nos referimos apenas aos órgãos, mas também ao Qi).

Podemos dizer que as Vísceras são Yang e que os Órgãos são Yin. A cada uma destas
vísceras Yang ou Yin corresponde um Meridiano Principal (MP).

/
Meridianos Principais

Tanto Vísceras como Órgãos têm, ao longo de todo o corpo, trajetos energéticos, as vias
onde a sua energia se movimenta, que são denominados de Meridianos Principais. A
circulação energética seguirá a ordem de um Yin a um Yang que o complementa, e daqui a
outro movimento, cumprindo os princípios de alternância energética.

Quando nos referimos a um meridiano associado a um determinado órgão, significa que é


nesta via que circula a energia relacionada com o dito órgão.

Meridianos Principais (MP) Yin:

• do Coração (C);

• do Mestre do Coração (MC);

• dos Pulmões (P);

• dos Rins (e Cápsulas Supra-renais) (R);

• do Baço (e Pâncreas) (BP);

• do Fígado (F).

Meridianos Principais (MP) Yang:

• do Intestino Delgado (ID);

• do Triplo Aquecedor (TA);

• do Grosso Intestino (IG);

• da Bexiga (B);

• do Estômago (E);

• da Vesícula Biliar (VB).


Mestre do Coração:

“Aquele que restringe os vasos do Coração”, foi assemelhada à função vaso-motriz,


regularizadora do diâmetro dos vasos, ou seja, ao sistema ortossimpático. Em Medicina
Tradicional Chinesa este órgão tem por função proteger o coração, funcionando como um
escudo energético que recebe as agressões dirigidas ao coração.

De facto, trata-se do invólucro energético cujo substrato anatómico é o pericárdio e


apresenta um Meridiano Principal (MP).

Triplo Aquecedor:

O Aquecedor Superior: tem uma função de absorção, assegura a respiração e assume a


protecção energética do Pulmão (P), do Mestre Coração (MC) e do Coração (C).

O Aquecedor Médio: tem uma função de transformação, assegura a digestão e assume a


protecção energética de Baço/Pâncreas (BP) e do Estômago (E).

O Aquecedor Inferior: tem uma função de eliminação, assegura a reprodução e assume a


protecção energética do Fígado (F) e do Rim (R).

Em Medicina Tradicional Chinesa estas são as chamadas Vísceras Curiosas, não têm
Meridiano Principal associado.
Energias que circulam no organismo

• Energia Ancestral :

A Energia Ancestral circula nos Meridianos Curiosos.

Podemos também chamar-lhe Energia Jing ou Hereditária, e é aquela que serve para a
reprodução (pode ser identificada, em termos ocidentais, como a energia cromossónica).

A sua origem remonta ao momento de concepção, quando se dá a fusão do espermatozóide


com o óvulo. Esta Energia é-nos transmitida de uma só vez, na sua totalidade, e o seu
potencial vai-se enfraquecendo à medida que envelhecemos. A morte natural ocorre ou
corresponde ao esgotamento total desta Energia.

• Energia Rong :

Energia Rong é a que tem a sua origem naquilo que é extraído dos alimentos.

É no Aquecedor Médio que se dá o processo de extracção energética dos alimentos. Daquilo


que comemos é retirada a fracção pura (ou seja, aquela que nos fornece energia), que sobe e
se dirige para o Aquecedor Superior, de onde segue em direcção aos pulmões. E é aqui, no
Pulmão, que se forma verdadeiramente a Energia Rong, ao associar-se com a energia
respiratória.

Esta Energia circula nos Meridianos Principais, segundo um ciclo bem determinado, que
detalhamos abaixo:

P-->IG-->E-->BP-->C-->ID-->B-->R-->MC-->TA-->VB-->F-->P

Este ciclo é percorrido 50 vezes por dia, sendo a sua circulação feita, sobretudo, nos
Meridianos Principais.

Trata-se de uma Energia Nutritivo-Alimentícia, responsável pela homeostase, alimentando


energeticamente todos os órgãos. É uma energia Yang, se a compararmos com a Energia
Ancestral, e é Yin se a compararmos com a Energia Wei.
• Energia Wei.:

A Energia pura, extraída ao nível do Aquecedor Médio, dirige-se para o Aquecedor


Superior, enquanto que a energia impura, extraída ao mesmo nível, dirige-se para o
Aquecedor Inferior e, por intermédio do Intestino Delgado e do Intestino Grosso, dirige-se
para os Rins, onde se produz uma nova purificação.

A Energia mais degradada será eliminada sob a forma de urina, a Energia purificada, nestas
segundas núpcias, encaminha-se para as supra-renais, para originar a Energia Wei. Digamos
que a Energia Wei resulta de uma segunda extracção de energia pura dos alimentos.

Esta Energia circula principalmente nos meridianos superficiais (Meridianos Tendino-


Musculares, Meridianos Distintos).

É uma Energia qualificada de “guerreira”, uma vez que está encarregue de assegurar a
proteção do organismo contra as agressões externas (pode-se, em termos ocidentais,
comparar ao sistema imunitário).

Trata-se de uma Energia extremamente Yang, devido à sua rapidez de circulação e à sua localização
superficial.
Estabelecimento dos 5 Movimentos :

Se nos reportarmos ao ciclo diário, o Yin e o Yang representarão, respetivamente, meia-


noite e meio-dia, ou seja, os extremos. Se fizermos passar uma recta por estes dois polos,
obtém-se "o Eixo dos Estados”; mas entre estes dois extremos existem as zonas
transacionais. Trata-se da passagem do Yin ao Yang, ou seja, o Yang surge dentro do Yin
(alvorada), e da passagem do Yang ao Yin, isto é, o Yin surge dentro do Yang (crepúsculo).
A linha reta unindo estes dois outros pólos representa "o Eixo das Transições”.

Este estudo relacionado com a evolução anual, isto é, a subida ou descida do sol sobre a
eclíptica:

• o sol está no seu máximo de ascensão no Verão (Yang)

• o sol está no seu máximo de descida no Inverno (Yin)

• o sol ocupa duas posições intermediárias: uma na Primavera (Yang dentro do Yin);
uma no Outono (Yin dentro do Yang)

Um estudo análogo com os pontos cardeais:

• O Sul (Quente) é Yang

• O Norte (Frio) é Yin

• O Este é Yang no Yin

• O Oeste é Yin no Yang

Estes diferentes pontos cardeais não podem existir sem que exista um centro referencial
(sem centro, nenhuma direção é possível).
Ao Inverno, associa-se o Movimento Água e ao Verão o Movimento Fogo;

Na Primavera a natureza renasce, acorda, a verdura aparece: é o crescimento e está


associada à Madeira. No Outono, é o período de declínio, as folhas caiem das árvores, a
natureza parece morrer: é o período de destruição da Natureza, está associado ao Metal,
elemento inerte em oposição à Madeira (que está viva e em crescimento).

Ao Centro está associada a Terra, que serve de sistema de referência.

O centro tem como propriedade essencial estar ao meio do eixo dos estados (ou dos
solstícios: Verão, Inverno) e ao meio do eixo das transições (ou dos equinócios: Outono,
Primavera); é um centro equilibrado energeticamente e corresponde ao meio do dia. O
círculo é o símbolo do Tempo, representa as posições sucessivas do sol durante o dia,
enquanto que o Centro é o sistema de referência para os pontos cardeais, e simboliza o
Espaço.

1. Madeira: Primavera, crescimento; verde.

2. Fogo: Verão, culminar; vermelha.

3. Terra: Fim do Verão, transformação; amarela.

4. Metal: Outono, declínio; branca.

5. Água: Inverno, estagnação; negra.


- Fígado, associa-se a Cólera. Os hepáticos são muitas vezes coléricos.

- Coração, associa-se a Alegria.

- Baço-Pâncreas, associa-se as Preocupações. As doenças do miocárdio e doenças cardíacas,


têm uma relação estreita com a aterosclerose, a qual resulta sobretudo de uma perturbação
do metabolismo do açúcar (que está sob a dependência do Pâncreas).

- Pulmões, associa-se a Tristeza.

- Rins, associa-se o Medo. O medo (stress) estimula a supra-renal com descarga de


adrenalina.

- Fígado associa-se o Vento (períodos ventosos ou regiões sujeitas a muito vento, as pessoas
costumam ficar mais coléricas e agressivas).

- Coração, o Calor: (a bomba cardíaca funciona mais quanto mais calor estiver).

- Baço, a Humidade: (a humidade prejudica o Baço, daí o aparecimento de perturbações


digestivas e de mucosidades).

- Pulmões, a Secura: (grande secura perturba a respiração).

- Rins, o Frio: (o frio estimula os Rins e dá vontade de urinar mais frequentemente).

- Fígado: associam-se os Olhos e a Visão; guarda o Hun (Alma).

- Coração: a Língua e o Tacto; guarda o Shen (Mente).

- Baço: a Boca e o Sabor; guarda o Yi (Pensamento)

- Pulmões: o Nariz e o Olfacto; guardam o Po (Essência Vital).

- Rim: as Orelhas e a Audição; guardam o Zhi (Vontade)


• O Fígado transforma os líquidos em Lágrimas (secreção).

• O Coração, em Suor.

• O Baço, em Baba.

• Os Pulmões, em Muco.

• Os Rins, em Saliva.

• O Fígado rege os Gritos.

• O Coração, as Palavras Fúteis e o Riso.

• O Baço, o Canto.

• Os Pulmões, os Soluços.

• Os Rins, as Lamentações.

• O Fígado rege o cheiro Fedorento ou Fétido.

• O Coração, o Queimado ou Rançoso.

• O Baço, o Perfumado.

• Os Pulmões, o Nauseabundo ou Insípido.

• Os Rins, o Mofo.
Leis Fisiológicas e Terapêuticas:

Lei da Produção:

Movimentos:

Madeira alimenta o Fogo.

Fogo alimenta a Terra. (as cinzas misturam-se no solo)

Terra alimenta o Metal. (na terra existem partículas minerais)

Metal alimenta a Água. (o metal fundido é líquido)

Água alimenta a Madeira.

Órgãos (“produção” significa: tratar, alimentar, nutrir):

Fígado alimenta o Coração;

Coração, alimenta o Baço;

Baço alimenta os Pulmões;

Pulmões alimenta Rins;

Rins alimenta o Fígado;

(Uma agressão energética, isto é uma doença, ao nível de um Órgão repercute-se, a mais ou
menos longo prazo, sobre todos os outros Órgãos).
Lei Mãe-Filho:

Quando se fala de um Movimento ou de um Órgão, a “Mãe” é aquele que o precede dentro


do ciclo, e o “Filho” aquele que o segue.

Por exemplo se o Fígado está com excesso de Energia, será necessário dispersar o “Filho”,
isto é o Coração.

Deverá ter-se sempre presente no espírito a relatividade dos termos “Mãe” e “Filho”. Um
Órgão é “Mãe” em relação ao seguinte, dentro do ciclo de produção, e torna-se “Filho” em
relação ao precedente.

Se um Órgão tiver um problema a "Mãe" é prejudicada, e o "Filho" também.


Lei da Destruição:

É uma lei patológica, pois determina patologias. Representa uma maximização do efeito
fisiológico da inibição.

Madeira “destrói” a Terra: um excesso de Vegetação sobre uma Terra esgota-a totalmente
dos seus recursos nutritivos.

Fogo “destrói” o Metal: um Fogo poderoso faz fundir o Metal dissociando as suas
moléculas.

Terra “destrói” a Água: absorvendo-a totalmente.

Metal “destrói” a Madeira: quebrando-a.

Água “destrói” o Fogo: extinguindo-o.

A “destruição” pode fazer intervir dois mecanismos diferentes que coexistem muitas vezes:

• O Órgão “inibido” apresenta uma diminuição de Energia e sofre uma acção “destrutiva”
por parte do Órgão “que o inibe”: o Baço em défice de Energia é destruído pelo Fígado em
estado de equilíbrio energético.

• O Órgão que “inibe” apresenta um excesso de Energia e exerce uma acção “destrutiva”
sobre o Órgão “inibido”: o Fígado em excesso de Energia “destrói” o Baço.

Ou seja, a "destruição" pode ocorrer ou por deficiência ou por excesso energético -


(Plenitude e Vazio).
Lei do Desprezo:
A Lei do Desprezo é uma lei patológica resultante da Lei de Inibição, do enfraquecimento
do inibidor face ao inibido. (Representa o inverso da acção inibidora).

A Madeira em excesso “despreza” o Metal: uma lamina fina ao bater num tronco muito
grosso parte-se e não o corta.

O Fogo em excesso “despreza” a Água: um copo de Água não tem efeito sobre um incêndio,
que a evapora.

A Terra em excesso “despreza” a Madeira: uma Terra condensada impede todo o


crescimento vegetal.

O Metal em excesso “despreza” o Fogo: uma fonte de calor moderada tem pouca acção
sobre uma massa metálica que nem se funde, nem amolece e mantém a sua forma original.

A Água em excesso “despreza” a Terra, inundando-a e desfazendo-a.

Estas Leis, como as precedentes, podem fazer intervir dois mecanismos diferentes, que
muitas vezes coexistem:

• O Órgão “inibido” apresenta um excesso de energia e por isso pode “desprezar” o Órgão
que o “inibe”.

• O Órgão que “inibe” apresenta um défice de energia e sofre por parte do Órgão “inibido”
uma acção de “desprezo”.

Em patologia corrente, estas duas leis da


destruição e do desprezo coexistem:

- O Movimento em grande excesso destrói o


Movimento mais fraco que ele (destruição) e
volta-se contra o Movimento que o inibe
(desprezo).

-O Movimento em grande insuficiência tem


contra ele o Movimento que ele inibe (desprezo)
e o Movimento que o inibe (destruição).
Estudo dos Sabores:
Os Sabores, associados aos cinco movimentos:

• Madeira - Primavera - Fígado - Vesícula Biliar – Ácido

• Fogo - Verão - Coração - Intestino Delgado - Amargo

• Terra - Meio do Verão - Baço-Pâncreas - Estômago - Doce

• Metal - Outono - Pulmão - Intestino Grosso - Picante

• Água - Inverno - Rins - Bexiga – Salgado

(Alguns alimentos podem ser classificados em mais de um sabor).

Ácido
• refresca o corpo;

• combate a perda de líquidos, conserva e preserva os líquidos;

• promover os líquidos orgânicos;

• acalmar o temperamento;

• alimentar o Yin;

• suplementar o Yin do Fígado (regulariza as funções hepáticas);

• movimenta para o interior (adstringente).

É um sabor de característica Yin, por isso permite:

• beneficiar a concentração da mente,

• acalmar o coração por via de acalmar o fígado e vesícula biliar,


• fomentar a alegria.

Deve ser evitado este sabor quando existe presença de Vento-Frio; ou energia perversa na
camada mais superficial.

Consumo excessivo: prejudica o tónus muscular (baixa o pH gerando músculos doridos,


dormentes e com cãibras); prejudica os tendões; prejudica quem sofra de problemas
articulares e reumáticos.

Amargo
• seca a humidade;

• endurecer/enrijecer;

• afundar;

• apoiar a função digestiva;

• apoiar a função excretora;

• movimentar para baixo;

• nutrir o Yin do Coração (evacua o Calor e o Fogo).

É um sabor de característica Yin, e utiliza-se para:

• acalma o coração);

• estimular o aparelho digestivo e as suas excreções;

• nutrir o Baço-Pâncreas e o Estômago (pela sua relação mãe-filho);

• tonificar o Qi do Baço na metabolização das Humidades (seca a Humidade).

Consumo excessivo: efeito laxativo; desidrata (por exemplo: pele seca pelo consumo
excessivo de café e tabaco); prejudica o Estômago e o Baço-Pâncreas (pela sua relação mãe-
filho); prejudica os ossos; aquece o Coração (em especial quando se consome em excesso
sabores amargos de natureza quente); inibe o espírito.

Deve ser evitado em casos de diarreia, stress, osteoporose ou outros problemas do foro
ósseo, desidratação, úlceras, gastrite.

Doce

• aquece,

• fortalece,

• harmoniza,

• relaxa (é anti-espasmódico da musculatura lisa - Baço),

• hidrata,

• nutre, suplementa.

É um sabor de característica Yang, deste modo:

• fortalece o Qi do Baço (tropismo para o Baço-Estômago e respetivos Meridianos);

• gera energia (tonifica o Qi, particularmente ao nível do Baço);

• combate a fadiga (tonifica a digestão, ativa a assimilação e a distribuição de


alimentos);

• controla o apetite;

• nutre os líquidos orgânicos;

• liberta tensão interna;

• estabiliza a mente.

Consumo excessivo: prejudica o Qi do Baço; gera Humidade (acumulação de gorduras,


excesso de mucos no pulmão); engorda; enfraquece o Rim (Terra em excesso, Sabor Doce –
destrói a Água).

Deve ser evitado quando haja excesso de peso, bronquite, sinusite, fadiga, peso na cabeça,
problemas renais, problemas ósseos e de dentes.
Picante
• movimenta o Qi;

• revigora a energia circulatória;

• liberta estagnações (trata os bloqueios digestivos e os bloqueios do Qi, sobretudo ao


nível do Estômago);

• dispersa;

• liberta a superfície de energias perversas (acção diaforética, faz transpirar, elimina o


Frio e o Vento à superfície);

• produz transpiração;

• movimenta o Qi para cima.

É um sabor de característica Yang.

• fortalece os pulmões (trata as doenças do Pulmão ⇝ Tipo Frio e tipo Quente, existem
alimentos e plantas Picantes - Quentes e Picantes - Frias),

• elimina energias perversas, em particular o Vento-Frio;

• abre os poros (sudorífero);

• protege das constipações;

• revigora o Qi;

• liberta estagnação emocional;

• problemas respiratórios;

• problemas digestivos (o Picante age no Pulmão, mas também noutros órgãos e


vísceras, em especial no Estômago);
• tristeza, melancolia, depressão (sobe o Qi).

Consumo excessivo: sintomas de Calor; prejudica a pele (alergias respiratórias e as alergias


de pele); prejudica o Fígado e a Vesícula Biliar (aumenta a irritabilidade); dispersa o Shen
(promove desordens do sono); aumenta a líbido; causa obstipação.

Deve ser evitado em casos de irritabilidade, problemas do sono, hiperatividade, inquietude,


preocupação, compulssões sexuais, pele seca.

Salgado
• arrefece;

• hidrata;

• dirigir para baixo;

• libertar, suavizar;

É um sabor de característica Yin.

• promove as funções renais;

• auxilia na excreção de urinas e fezes (é laxativo, diurético, anti-tóxico);

• dissolver aglomerados (é emulsionante, fragmenta os sólidos e as acumulações


internas: excrementos duros, acumulação de alimentos, estagnação de sangue,
tumores, quistos, furúnculos, abcessos, etc…);

• expelir acumulações;

Consumo excessivo: desidrata o organismo; prejudica os líquidos orgânicos; prejudica o


sistema circulatório; endurece os músculos; prejudica os ossos.

Deve ser evitado em casos de hipertensão, problemas de circulação, diarreia, falta de


concentração, momentos de stress psicológico ou esforço físico.
Conclusões:

Toda a modificação energética de um Movimento repercute-se, com mais ou menos


importância, sobre os outros quatro, pelas leis:

• Destruição.

• Desprezo.

• Mãe-Filho.

• Filho-Mãe.

Todas as leis, quer sejam fisiológicas ou patológicas, estão sob a dependência relativa dos
fatores desencadeadores:

• Celestes: Energias “Perversas”

• Humanos: Energias “Psíquicas”

• Terrestres: Sabores.

Além das quatro leis patológicas, uma quinta (sem nome particular) exerce ação direta sobre
o órgão a partir do qual as outras quatro leis se vão combinar.

Por exemplo, o tabaco cujo sabor é amargo logo vai agir no movimento fogo = coração:

• Em pequena quantidade estimula a atividade cardíaca (Fogo): aceleração do ritmo (grande


quantidade prejudica a Energia Cardíaca, aumentando a frequência de perturbações
cardiovasculares);

• Quando o coração é atingido há repercussões patológicas sobre os outros quatro órgãos:


- destruição do Metal (P-IG): paralisia ciliar, bronquite crónica, enfisema, prisão de ventre, cancro da
faringe, da laringe, do pulmão.

- repercussão sobre o Filho- Terra (BP-E): diminuição do apetite, dispepsia, gengivite, cancro da língua.

- desprezo da Água (R-B): diminuição da libido, desordens menstruais, menopausa precoce, parto prematuro,
aborto espontâneo (20% dos casos).

- repercussão sobre a “Mãe” Madeira (F-VB): acção colecisto-cinética e diminuição da acuidade visual .

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