Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
No cavalo de pau
com Sancho Pança
I
('UUNHOS ERR.u>oS: Do ul.... 0111: ESORlTOR OONFESSA-SE: m ..
M6nlca, • r01ll4ltCl. IDÓrilU'.
O Arcanjo Ne&r": .. rama"". O LIVRO DE KAltIANUo'"8.A: Ienp.-
OlNSTAl'''·T1NO DE DRAOUe... VO 111111:'&1 II toadUhu em proo ri
VIZQ.REI DA nmu: ht.tõri.. ......
AQUILINO RIBEIRO
No cavalo de pau
com Sancho Pança
Ensaio
i2ün.atia 8attand
ARQUIVO
Dala.3.a/-"'.\./.GRei: n: .v;.
•
LIVRARIA B ER T RA N D * LISBOA
Todos 0$ e"emp14rn let'am o sinete de autor
©'góc
Dfreiu,s cU tradUflo e r,produ� rnervados
A
H
VENDO-SE erguido do chão, com o tombo pu
fabricado de Cravilenho, depois de sacudir o fato,
cofiar aS' barbas meio chamuscadas I desconfiado
no fundo do seu foro - e dizendo-o apenas a seus botões
- que tudo aquilo não passara de chuchadeira, confessou
para a duquesa que viera para o desfrutar:
-Ergui a venda pela mansa, sem que meu amo desse
fé. Pus-me, então, muito de soslaio, a olhar cá para
baixo. E quer saber, senhora, vi a Terra. . .
- Viste a Terra ! Homem, como póde isso ser?
. . .
A
um grão de mostarda e 0$ homens não me pareceram
maiores que avelãs.
duquesa fez-lhe notar o absurdo de tais dimensões
com ser o conteúdo maior que o continente. Sancho não
se desconcertou, acudindo D. Quixote a exPlicar pelo
encantamento a O'i"dem sobrenatural do que vira o bom
escudeiro.
- E que mais?
-Subindo, subindo, tão alto que quase tocava o céu
com a mão, chegámos às Sete Cabrinhas. Ett noutros
tempos fui cabreiro, e tenho um gosto particular por tal
gado. Sem dizer nada a meu amo, deixei-me escorregar
7·
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
8
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
9
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA NÇA
10
N O C A VA L O D E PA U C OM S A N C H O PA NÇA
II
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
I2
NO C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
,
I
C e rvantes e o 'tI1C'10 congénito das biografias.
O Príncipe dos engenhos espanh6is é visto do Ocaso
para o Oriente. A exemPlo de Luís de Camões.
A linhagem d o escritor. Pai barbeiro, mãe abelha�
-mestra da casa pobre. Manas salerosas e casqui
vanas. Em bolandas de Ceca em Meca. A pena da
mão cortada. Foge que te agarram! Bufonaria poé
tico-sentimental. Dislate tão grande como o PTO
mont6ria de Gibraltar. A batalha de Lepanw e o
Manco Sano. O inútil troféu
•
'S
NO CAVALO D E PAU COM SANCHO PANÇA
16
NO CAVALO D E PAU COM SANCHO PANÇA
17
•
NO CAVALO D E PAU COM SANCHO PANÇA
18
NO CAVALO D E PAU COM SANCHO PANÇA
'9
�--- ---------�--�- �
20
NO CAVALO D E PAU COM SANCHO PANÇA
21
NO CAVALO D E PAU COM SA NCHO PANÇA
22
NO CAVALO DE PAU COM SANCHO PANÇA
23
NO CAVALO D E PAU COM SANCHO PANÇA
24
NO CAV,1LO DE PAU COM SANCHO P,1NÇA
25
NO CAVALO DE PAU COM SANCHO PANÇA
GITANILLA) •
3°
I
NO C AVALO DE PAU COM SANCHO PANÇA
3'
NO CAVALO D E PAU COM SANCHO PANÇA
32
NO CAVALO D E P A U COM SANCHO PANÇA
33
,
NO CAVALO D E PAU COM SANCHO PANÇA
perdeu o seu uso, não a mão por lha ter levado a arca
buzada. Leonor de Cortinas, para fazer jus no Conselho
da Cruzada aos 60 escudos do resgate, alega que seus
dois filhos serviram na Itália, Flandres e galeras na ba
talha naval, donde al uno de ellos le cortaron una mano
y aI otro mancaron. Se a pobre, como mãe, seria capaz
de dar o sangue dos braços, é legítimo que se lhe faça
agravo por ser me,Dos verdadeira com a secretaria sala
frãria ?
Na Viaje del Parnaso Cervantes é mais restritivo.
Diz-lhe Mercúrio:
34
NO CAVALO D E PAU COM SANCHO PANÇA
35
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N Ç A
MA
U
das épocas mais assinaladas na vida de Miguel
de Cervantes foi o seu cativeiro em Argel. Nada
que mais o afectasse. O Magrebe tocou-o como
um Sinai.
Magrebe é todo o Norte de Africa, desde o Egipto à
orla atlântica. Areia, oásis, tribos nómadas, simum, e
uma característica inerente a seres e coisas , à história e
à lenda: mobilidade. Porém a mobilídade não é condão
apenas das dunas, mas das raças, dos sentimentos, do
carácter, das profissões e, dentro do Islam estável no
:sistema planetário das religiões , da sombra· de Alá, o
Grande. O árabe do deserto sente-a em sua alma como
a asa dum abutre, escorregando de alto sobre a plaga
abrasada do meio-dia.
Quem se fia em moiros ? Palavra, para eles, no bom
sentido de lealdade e sujeição ao compromisso, foi uma
figura literária de Chateaubriand, que nunca teve ágio.
37
NO CAVALO DE PAU COM SANCHO PANÇA
39
NO CAVALO D E PAU COM SANCHO PANÇA
4'
----- --- -
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
42
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA NÇA
43
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
44
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
45
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N Ç A
47
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
49
4
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
5'
NO CAVALO DE PAU COM SANCHO PANÇA
52
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
53
"
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O P A N Ç A
54
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
55
N O C A VA L O DE PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
como sabeys . . .
57
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
58
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA NÇA
59
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
60
'l O C A VA L O D E PA U C O � S A N C H O P.A NÇA
6,
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
M
E
meados de Agosto de I577 deu entrada no banhe
de El-rei , em Argel, um clérigo de missa, Juan
Blanco de Paz. Todos os escritores espanhóis.
sagrados e profanos , desde Menéndez y Pelayo a Rodrí.
guez Marín, o têm por feio bicho. Era estrábico do olhar,
faltavam-lhe dois dentes de cima e, se não era bexigoso,
ficava-<> a dever. Fora, disse·se depois, aprisionado no
mar pelos piratas, sem mencionarem o capitão, numa
nau de alto bordo que navegaria de Roma para Espanha.
Entrou para as turmas de Assan.Baxá.
A verdade é que apareceu ali como caído do céu.
Não há na Topografia, de Haedo, prolixa em geral a
relatar as proezas dos piratas, menção de nenhum feito
desta ordem por aquela altura. Tão.pouco houve notí.
cias de que tivesse companheiros na desdita. Era ele só,
como as reses antigas, extraviadas, só pele e ossos , que
chamam do vento.
N O C A VA L O DE P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
5
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
66
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
68
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
7'
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N Ç A
72
NO CAVALO D E PA U COM SANCHO PANÇA
Virgen de Monserrate,
que esas ásperas sierras hacéis cielo!
Enviadme rescate,
sacadme de este duelo,
pues es hazana vuestra
al mísero caído dar la diestra.
Entre estas matas quiero
esconderme, porque es entrado el dia;
aquí morir espero;
Santísima María,
en este trance amargo,
el cuerpo y alma dejo a vuestro cargo.
73
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
74
N O CAVALO D E PAU COM SAN CHO PANÇA
75
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
i7
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
79
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N Ç A
80
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
SI
6
N O C A VA L O D E PA U C OM S A N C H O PA N ÇA
85
N O CAVALO D E PA U COM SAN CHO PANÇA
86
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
88
NO CAVALO D E PAU COM SANCHO PANÇÃ
91
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
02
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
93
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O P A N Ç A
94
N O C A VA L O DE P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
95
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
96
.�_..
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
97
,
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O P A N Ç A
99
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
100
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
lOl
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
102
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O P A N "Ç A
'°3
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
1°7
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
EGUIR
S
Miguel de Cervantes, através do espaço de
tempo que vai da sua desilusão de 1 7 de Fevereiro
de 1582 ao seu casamento a 12 de Dezembro de
1584 . é seguir pisadas na areia. Passou aqui ? Passou
ali ? Aqui está marcada a planta do seu pé. Ali é proble
mático que seja a dele.
Há interesse em reconstituir o itinerário? Há, como
de todo o caminhante que superou a craveira comum e
cuja humanidade andou a rastos de inauditas provas e
contingências.
Em princípios de Fevereiro de 1582 encontrava-se,
pois, Miguel de Cervantes de regresso à casa paterna,
sem possuir, de seu, ofício ou benefício. Ia entrar no
terreno mORO, vago, indeterminado como o deserto, onde
um homem de bem mal ouve o relógio da personalidade
marcar a pulsação. Que fez ? À sua forma de existência
corresponde um longo e mudo hiato. De início parece que
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
no
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
III
'
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
II2
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
"3
8
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
"5
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
n6
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
"7
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
n8
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
II9
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA NÇA
I20
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
121
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N Ç A
122
N O C A VA L O D E PA.U C O M S A N C H O PA N ÇA
I2�
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
125
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O F A N ÇA
I
sia, quietude, pipinha cheia , salgadeira, pão fresco a
horas, e um leito quente com uma borrega de carnes
tenras para o gozo. No rol dos haveres lá figurava uma
boa e repleta capoeira de casa remediada, nada menos
de 45 bicos, frangas e galinhas a pôr, um galo sultão,
e quatro cortiços de abelhas para as gemadas matinais e
los duelos y quebrantos.
Esquívias, na pessoa dos seus quarenta maiores,
devia tê-lo recebido na ponta das lanças. Não apenas
porque se apresentasse ali de corpo bem feito, com as
mãos a abanar, homem sem reforma , nem mester. O ser
poeta, autor da Galateia-como livro de versos, apenas
de Saetas à Virgem e vilancicos ao Menino lhes tocava
o entendimento -não const!tuía matéria de dignificação.
Mas tornara-se comum em Espanha o homem de costas
direitas. Não se lhe perguntava quem era, mas, quando
muito, donde lhe vinham os cabritos que comia e sem
dúvida que lhe olhavam para os dedos. 'Cervantes devia
trazer anéis, berloques e correntes dobradas à vista, como
o seu alferes Campuzano.
Todavia, a sorte de sua mulher, majorada tempos
depois da terça que lhe fez a mãe - contanto que não a
pudesse alienar, o que equivale a ter-lhe imposto o re
gime dotaI, havendo por bem recatá-la das unhas do
genro , no que aliás Catalina viria a reincidir mais tarde,
expressamente, no testamento-daria para matrim6nio
126
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
127
N O C A VA L O D E PA U C O M S A i'i C H O PA N ÇA
I28
N O CAVALO D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
I29
9
N O C A VII L O DE PA U C O M SA f.," C H O PA N Ç A
13 1
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
'33
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
ERVANTES
C
despediu de Esquívias muito provàve1-
mente sem advertir da intenção que o levava. Sa
bia-o ele ? Deu-se a circunstância de se encontrar
Filipe II em Toledo , no que os biógrafos de índole pro
videncial acharam o mptivo fortuito que explica o ele vir
a abandonar o lar tão desamoràvelmente com o intuito de
imprimir novo rumo à vida. Com efeito, foi da velha
cidade imperial que mandou, por um sobrinho de Cata
lina, . a carta de plenos poderes (28/4/1587) lavrada no
tabelião. E , ou porque lhe apontassem desde ali com uma
colocação em terras andaluzas ou na mira de procurá-la,
meteu de espora fita para Sevilha. Por toda a Espanha
se tinha como pónto assente que Filipe II preparava
uma expedição contra a Inglaterra. A capital da Anda
luzia, com ser o ancoradoiro da frota, entrarem as suas
tercenas em plena actividade , contar como centro de
uma província farta, estava destinada a tornar-se a ofi
cina máxima da expedição. Admite-se, pois, que ao
.'3 5
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N Ç A
'37
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
'39
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
ministro de la justicia. . .
Seria então que Cervantes concebeu a ideia de D. Qui·
xote. Mesmo mais do que isso, engendrá.lo-.ia, formulam
os cervantistas. A nosso ver, o material humano que o
cárcere lhe podia ter fornecido condiz com Rinconete y
Cortadillo, El Rufián 'Uiudo, El Rufián dichoso etc.
Com D. Quixote, não parece. Mas vejamos o problema
em sua ubiquação, isto é, nas suas facetas. Um dos
que entendem que o cárcere foi a chocadeira do D. Qui
xote é Rodríguez Marín, para cujo critério se escuda com
a frase do prefácio, quando Cervantes se desculpa de ter
N O C A VA L O DE PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
' 42
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N CH O PA NÇA
"43
N O C A VA L O DE PA U C O M SA N C H O PA N Ç A
144
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N CH O PA N ÇA
'45
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
'47
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
'49
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
EM-SE
T
ventilado e continua a ventilar-se a intenção
com que Cervantes escreveu o D . Quixote de la
Mancha. Há quem a explique como uma sátira
aos livros da Cavalaria e outros uma caricatura velada a
um magnate tal como Carlos V ou mesmo Filipe II. As
grandes carapuças servem a todas as cabeças e a psique
do Engenhoso Fidalgo tanto se ajusta a um simples
fidalgo de lança em astilleroJ que deu- com os burrinhos
n 'água da sua vesânia, como a um testa coroada exorbi
tado e inconsequente .
Para bem compreender o D. Quixote forçoso será
desintegrar do século , o mais heróico e dissoluto da his
t6ria de Espanha, o mundo de fenómenos que comporta
tal facto. Simultâneamente fixar as condições parti
culares, do ponto de vista social e moral, de quem o
escreveu. Se é verdade que àquela altura do;; tempos não
'S 2
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
' 53
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
' 54
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA NÇA
155
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O P A N ÇA
'S6
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
'5 7
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
158
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O P A N Ç A
' 59
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
161
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
162
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
164
,
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
166
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O ·PA N ÇA
I68
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
'7'
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N CH O P A N ÇA
1 72
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
' 73.
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
VIII
Berço do D. Quixcte de la Mancha. O c47'cere ou os
caminhos ensoalhados da Mancha' lndole da novela.
A arraia-miúda i cham4da a figurar no presépio
castelhano. Sancho Panfa também é gente. G'f'ande
pe'f'sonagem 1'epresentativa: o dinheiro. A justa
nota realista em rodo o género. Censura ao er-6tico
obsceno. O amor no D. Quixote como fonte pura de
inspiração. Por onde se salvam os 1'omances de
Cavalaria. O esPírito dos Dialoggi di amare. Para
lá da felicidade plat6nica. Misoginia' e suas razões.
O pretória em que é julgada a innã Eva. Mas por-
que siio todas belas e frágeis, ele lhes perdoa
P
RETENDD.t: os cervantistas, sôfregos de espiritual,
que o Cárcere Real de Sevilha foi para Cervantes
o que O castelo de Iraurgui foi para Inácio de
Loiola- conceito de todo ridículo. Gostaria que me dis
sessem como é que a leitura do livro mais sensaborão ,
mon6tono e artificial da Terra, o Flfs SanGtorum, p0-
deria agir de modo tão catalítico na psique do homem
convalescente e solitário a ponto de acender nela a cen
telha do apostolado ! Tão-pouco se vê como é que a tru
culência beduína do cárcere poderia sugerir num preso
ideia tão ágil e edificante como é o D. Quixote. Que
relação íntima pode haver entre o Engenhoso Fidalgo
e a turba facinorosa ou aviltada ? O D . Quixote devia
ter sido inspirado a Cervantes quando, reagindo nele o
homem de mal consigo e com o mundo, bifurcado no
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
1 77
"
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
1 79
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
18c
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
181
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
186
N O C A VA L O D E PA U C OM S A N C H O PA NÇA
188
-
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N Ç A
IS<)
N O C A VA L O D E PA U C OM S A N C H O PA N ÇA
19"
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
'93
'3
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
' 94
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N CH O PA N ÇA
'95
N O C A VA L; O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
' 97
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
198
N O C A VA L O DE P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
'99
N O C A VA L O DE PA U C O M SA N C H O PA N Ç A
200
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N Ç A
201
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
202
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
2°3
NO C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
204
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
206
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
2°7
N O C A VA L O D E P A U C O M SA N CH O PA N Ç A
'4
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
210
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
'II
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
212
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
213
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
M
U
dos aspectos singulares na vida de Cervantes é o
das suas convicções religiosas, possíveis de ser
espreitadas através de mais de um prisma ao sabor
do variado pensamento criticista. Não há dúvida que ,
nado no grémio da Igreja cat61ica, nela expirou, nela
permaneceu sem quebra nem contumélia. Cervantes to
mou, mesmo·, um ano antes de morrer, o hábito de
S. Francisco em sinal de humildade. À semelhança dos
grandes de Espanha. E não o era ele ?
Em Espanha, o homem acaba afinal por reconci
liar-se com Deus , se é que andaram desavindos, embora
nem sempre o faça com os bons costumes. É o caso do
Diabo, de quem se diz que na velhice se fez eremita.
Devia dizer-se antes: naturalizou-se espanhol . O espa
nhol, todo o bom espanhol, se pudesse, na senectude
entraria para um claustro. O arrependimento é bem um
215
------�-
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
216
NO C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
21 7
N O C .4 VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N Ç A
218
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
2I9
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
220
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
22I
NO C A VA L O D E P A U C O M SA N C H O PA N ÇA
222
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
223
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
224
N O C ,I VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
225
'5
N O C A VA L O D E P A U C O M SA N C H O PA N Ç A
226
N O C A VA L O D E P A U C O M SA N C H O PA N ÇA
22 7
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N Ç A
228
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
229
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N Ç A
23°
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H.O PA N ÇA
E
S
a verdade hist6rica, que não a local, porque com
essa nos consideramos quites, permitisse, só mais
uma vez I qu� a fantasia ajoelhasse ao seu confes
sionário, dir-lhe-íamos lisamente pelo ralo:
Aos que se desgostam por encontrar Cervantes na
Segunda Parte do D. Quixote de la Mancha escamado
de -irreverências e opiniões erasmísiicas, ortodoxo, no ge
ral, em matéria religiosa, observaremos, com todos os es
píritos imparciais, que tal era o seu carácter, e queda,
portanto, a coberto de repreensão. Deve ainda: não per
der-se de vista o que sucedeu a muitos que pagaram nos
queimaderos, intercadentemente acesos em Espanha e
Domínios, a mais leve inconformidade com a lei de Deus
ou seu desrespeito. A lei do monarca, ao tempo, era
raramente posta em causa, pelo menos dentro da ,nação.
Poderia, mesmo assim, enunciar-se um problema: se
o zelo de Torquemada não formasse sobre Espanha uma
2 33
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
234
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
2 35
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O P A N Ç A
237
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
2 39
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA NÇA
241
,6
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
243
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N Ç A
244
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
245
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
247
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O P/I N ÇA
249
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N Ç A
253
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N Ç A
2 54
N O C A VA L O D E P A V C O M S A N C H O P A N Ç A
25 7
'7
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
259
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O P A N Ç A
261
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
262
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C HO PA N Ç A
269
N O C A VA L O DE PA U c o M SA N C H O PA NÇA
'7'
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
2 73
,8
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O P A N Ç A
No te dirá el boquirrubio.
Que no pones bien los dedos . . .
·
2 74
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
2 75
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C HO PA N ÇA
277
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N Ç A
2 79
N O C A VA L O DE PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
281
NO C A VA L O DE PA U C O M S A N CH O PA N ÇA
j
Bastava este Avellaneda representar um pecadQ hor
rendo contra o espírito espanhol! o pecado da imitação
e plágio! para não haver de modo algum o direito de atri
buir a Francisco de Quevedo y Villegas! o mais original
e rebelde dos escritores peninsulares! a paternidade do
mostrengo. ·
XIII
Irradiação de D. Quixote. Portugal e o livro sin·
guIar. Três edições lisboninas. Estado da lusitani·
dade. D. Quixote na Bairro A lto. O faro seguro
do Judeu. O sainete substituído pela graçola. Per.
sonagens de feira paTa público boçal. Lisboa e a
buc6lica cervantina. À margem do D. Quixote.
Hist6rias de ermitões. Um capítulo rasurado na
1Wvela de que subsistem palavras à toa. Se oS ma
nes de Cide Hamete Benengeli dão licença. Re
constituição desenfastiada. Falta o esquadro tão
simPles e inimitável M Mestre
ERrA
S
longo e prolixo verificar a espécie de audiência
-e emprego esta palavra no sentido que hoje em
dia se lhe atribui de interpretação, influxo, poder
ressonante- que teve o D. Quixote, livro tão ràpida
mente universalizado nos diversos povos europeus. O es
·
panhol pressentiu nele o seu retrato nas duas formas
de consciência sob que podem arrumar-se, se não todos,
boa parte dos fenómenos humanos : loucura ideal e con
ceito utilitário da vida. Em França, o cavaleiro man
chego teria de ser um tipo vivedoiro, animoso, não por
impulso ou mero acidente, mas por uma disposição de
reais qualidades; aventureiro, sim, mas aventureiro car
tesiano, digamos , destituído de preocupações de glórias
abstractas-teria, em suma, de acusar a diferença que
há entre um Pizarro e um Duguay-Trouin, um d'Ar-
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N CH O PA N Ç A
286
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O P A N Ç A
288
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O P A N ÇA
"
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
293
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
Y si me hago santero
ella será mi erimitafía.
2 94
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
295
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
297
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N Ç A
299
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
300
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
I
ao Criador dos melros que a vidinha não era má de todo.
O sino batia Trindades quando chegaram à esta
lagem dos quatro caminhos. muito folgando Sancho que
o senhor seu amo a não tomasse por um castelo, como
era vezo dos seus olhos.
XIV
Passos na arada. A misoginia de Cervantes. D. Qui
xote orador socialista. A voz dos anagramas ou os
arbítrios da-paciência. O criador toma-se de dó pela
criatura. Herói ou santo? Insignificâncias da vena
t61"ia. O que valem Comédias e Entremezes. Vin
gança, sáp-ido prazer dos homens. Todas em Castela
são Manas Gutiénez como entTe n6s Marias da
Roca. Os ouvidos pavorosos. Foi ou não Miguel
Cervantes retratado por Juan de láureguif
3°3
N O C A VA L O DE PA U C O M SA N C H O PA NÇA
308
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O P A N Ç A
312
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
3'3
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA
318
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N Ç A
320
N O C A VA L O D E PA U C O M S .4 N C H O PA S � A
I
tacanhos ou medíocres. Assim, a propósito de D. Qui
xote, ora lança o anátema: - Morra D. Qui:x:ote, e viva
Alonso Quixano o Bom ! - como virá mais tarde, neste
livro, a bater no peito, repeso do que dissera : - Pe rdoa
-me meu senhor D. Quixote ! Pega-me a tua loucura,
pois que sem ti, sem os homens iguais a ti, cavaleiros
32I
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O P A N ÇA
322
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O P A N ÇA
3 24
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N ÇA .
32 5
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
32 7
,
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
33°
N O C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
33'
N O C A VA L O D E PA U C O M SA N C H O PA N ÇA
332
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA NÇA
Lisboa, 1959-1960.
Índice
P.il:.
PREFÁCIO . 7
335
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N CH O PA N ÇA
336
NO C A VA L O D E P A U C O M S A N C H O PA N ÇA
337
N O C A VA L O D E PA U C O M S A N C H O PA N Ç A
'45 25-26 Deferida por esta à Santa Deferida por este à Santa