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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

LÉXICO E VOCABULÁRIO

LICENCIATURA EM DIREITO
2ºANO – LABORAL - 2° GRUPO
CADEIRA: PORTUGÊS JURÍDICO
Chimoio, 2022
INSTITUTO SUPERIOR MUTASA
DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

LÉXICO E VOCABULÁRIO

Realizado por:
Acaina Aizeque
Eliseu Botão
Helena José Simango
Madalena Da Piedade
Michaela agostinho

Docente:
Dra. Suzana Cudzica

LICENCIATURA EM DIREITO
2ºANO – LABORAL - 2° GRUPO
CADEIRA: PORTUGÊS JURÍDICO
Chimoio, 2022
ÍNDICE PAG.
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO..................................................................................................4

1.1. ObjectivosGerais......................................................................................................5

1.2. Metodologia de pesquisa..........................................................................................5

CAPÍTULO II. LÉXICO E VOCABULÁRIO...........................................................................6

2. Léxico..............................................................................................................................6

2.1. Conceitos básicos de Léxico.....................................................................................6

2.2. Relação léxico e gramática.......................................................................................8

3. Vocabulário......................................................................................................................9

3.1. Conceitos básicos de Vocabulário............................................................................9

3.2. Associação do vocabulário.....................................................................................10

3.3. Calão.......................................................................................................................10

3.4. Importância do vocabulário....................................................................................10

3.5. Tipos de vocabulário jurídico.................................................................................11

CAPÍTULO III. CONCLUSÃO...............................................................................................13

Referências bibliográficas.........................................................................................................14
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO
A natural sociabilidade humana evidencia-se, de imediato, pela existência de uma linguagem
escrita e falada. O homem não se limita a viver, mas também a conviver com seus
semelhantes, visando a realizar objectivos individuais e sociais mais elevados. Para isso,
precisa comunicar-se, e isso somente é possível mediante a palavra ou linguagem escrita.

A linguagem é a base das relações sociais e, em razão disso, os diversos grupos de uma
comunidade linguística organizam um código comunicativo próprio, formando, ao lado da
língua padrão, um universo semiológico.

Portanto, o trabalho em causa trata de dois assuntos linguísticos:

O léxico, conjunto de unidades significativas de uma dada língua, num determinado momento
da sua história e o vocabulário, que é um recorte do léxico, caracterizando-se pela seleção que
um falante faz das palavras disponíveis pela língua.

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1.1. ObjectivosGerais
1.1.1. Gerais
 Estudar o léxico e o vocabulário.

1.1.2. Específicos
 Definir o léxico e o vocabulário;
 Ilustrar a pertinência de ambos;
 Destacar os tipos de vocabulários jurídicos.

1.2. Metodologia de pesquisa


 Pesquisa bibliográfica: segundo Boccato (2006), a pesquisa bibliográfica busca o
levantamento e análise critica dos documentos publicados sobre o tema a ser
pesquisado com intuito de actualizar, desenvolver o conhecimento e contribuir com a
realização da pesquisa.

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CAPÍTULO II. LÉXICO E VOCABULÁRIO
O usuário de uma língua acessa a um acervo de palavras disponíveis em seu idioma e forma,
então, o seu vocabulário. Sendo assim: léxico e vocabulário não possuem o mesmo
significado. O vocabulário de uma pessoa é formado pela selecção e pelos empregos que ela
faz do léxico de seu idioma. É como se o vocabulário fosse um recorte do léxico.

2. Léxico
2.1. Conceitos básicos de Léxico
 Léxico é o conjunto de palavras existente em um determinado idioma (língua), que as
pessoas têm à disposição para expressar-se, oralmente ou por escrito em seu contexto.
O sistema léxico é um acervo geolinguístico transmitido entre gerações; traduz a
experiência cultural acumulada por uma sociedade através do tempo; património
vocabular de uma comunidade linguística através de sua história.
 De acordo com os dicionários mais renomados, léxico é o conjunto de palavras de uma
língua.

Falar de léxico pode corresponder a falar de várias realidades assaz distintas. Em função da
concepção adoptada, por léxico pode entender-se:

(i) Os inventários disponíveis de UL (unidades lexicais) de uma língua histórica,


atestados em acervos lexicais de natureza vária (não apenas terminológicos), sejam
corpora ou dados extraídos de fontes lexicográficas. Nesta linha de pensamento se
inscrevem as palavras de Clark, 1995, p.1, segundo as quais «The stock of words
speakers can draw on in a language is the lexicon».

(ii) Léxico vs. Vocabulário

Por contraponto ao conceito de vocabulário, o léxico é o conjunto de todas as palavras que,


num dado momento, estão à disposição do falante: o léxico individual de um falante é uma
parte do léxico global de uma dada língua; por seu turno, o vocabulário é o conjunto das
palavras efectivamente empregues pelo locutor num acto de fala preciso (cf. HATCH;
BROWN, 1995, p.1.

Vários autores diferenciam léxico como o conjunto global de todas as palavras de uma língua,
de vocabulário, conjunto de palavras de uma língua particular ou conjunto de palavras que um
falante individual de uma língua pode usar ou usa, em situações concretas de comunicação.

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Não vamos aqui fazer finca-pé nestas distinções, pois o léxico, como conjunto de palavras à
disposição dos falantes e o vocabulário, como o subconjunto que se encontra em uso efectivo
por um determinado grupo de falantes, numa determinada situação (num determinado tempo e
lugar de uma comunidade), correspondem a duas manifestações do léxico mental dos falantes,
ou seja, do modo como uma palavra pode ser ou se encontra representada no cérebro do ser
humano.

(iii) Léxico mental

A aceitação da existência de uma gramática interiorizada dos falantes, ainda na segunda


metade do século XX, abriu as portas à assunção de um léxico mental interiorizado, cujo
alcance não tem cessado de se ampliar nos estudos médicos e linguísticos. O léxico mental
constitui hoje uma peça essencial dos modelos de processamento da linguagem (cf.
SCHREUDER; WELTENS, 1993, p.4-5), neles desempenhando lugar central porque
estabelece conexões entre formas e sentidos das unidades sígnicas e porque co-articula as
informações de natureza ortográfica, fonológica, morfológica, sintática, semântica,
pragmática associadas a cada unidade sígnica.

Concebido como uma parte da memória semântica, mais especificamente, aquela em que se
encontram armazenados os conceitos, e na qual se processa, de forma interactiva, a
informação gráfica, fonológica, morfológica, sintáctica, semântica, pragmática de cada
palavra (cf. BERNARDO, 2010, p.29), o Léxico mental permite, pois, articular os conceitos e
os significados da palavra com diferentes níveis de representação gramatical que dela o
falante possui.

O léxico mental não pode ser reduzido a um depósito estático de entradas lexicais
representadas mentalmente na memória de longo prazo, e reativáveis sempre que necessário,
até porque dotado de capacidade de se renovar, de integrar novos conceitos e lexemas, de
ativar novas combinatórios, de estabelecer novos nexos entre lexemas e conceitos.

(iv) Léxico ou componente lexical

A par com a fonologia, a morfologia, a sintaxe, a semântica de uma língua. Esta perspectiva é,
de certa forma, subsidiária da anterior, beneficiando da investigação levada a cabo no âmbito
das ciências de linguagem e das ciências cognitivas, nomeadamente, da psicolinguística e da
neurolinguística.

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Numa concepção deste tipo o léxico é simultaneamente uma componente de gramática que
contém a lista das entradas lexicais de uma língua, com as informações mais e menos
regulares de natureza formal e semântica de cada uma, e sobremaneira as informações
idiossincráticas, porque arbitrárias e imprevisíveis.

No seu programa denominado “Arquitectura Paralela”, Jackendoff (2002) considera que o


léxico não contém apenas palavras. Os afixos, sejam flexionais ou sejam derivacionais,
também são itens lexicais (cf. Rodrigues, 2012), dotados de propriedades inerentes e
combinatórias. O problema reside em saber se, em línguas muito ricas afixalmente, será
comportável que todos os afixos estejam armazenados na nossa gramática ou no nosso léxico
mental.

O léxico contém também estruturas lexicais mais extensas que palavras simples,
nomeadamente unidades polilexicais denominadas “phrasal nominals”, ou compostos
sintagmáticos (cf. RIBEIRO, 2010), como (1) e os idioms (2):

(1) acelerador de partículas, central nuclear, chover a cântaros/potes, come e dorme,


cruz vermelha, dona de casa, casa de banho, empregada doméstica, empregada de
escritório/de limpezas, saco dois, sobe e desce, travão de mão/pé
(2) andar na boa vai ela ‘andar numa vida de muita diversão, numa vida de farra, na boa
vida’, (andar a) apanhar bonés ‘não conseguir o que se quer; não ter êxito; andar a
fazer algo sem interesse’, bater a bota/esticar o pernil ‘morrer’, ser de trás da orelha
‘ser um petisco, ter sabor apetitoso’, ter muita lata ‘ter grande desfaçatez, mentindo
descaradamente’).

Todos estes tipos de itens estão armazenados no léxico.

2.2. Relação léxico e gramática

A relação entre o léxico e a gramática sempre foi uma relação (i) ora conflituosa, porque
antagónica e bipolar, (ii) ora monopolar, na medida em o léxico foi ao longo de décadas
largamente ignorado pela teoria da linguagem, (iii) ora uma relação de hierarquia, em que este
(ou aquela) são tidos como dominando o outro. Essa tensão e ao mesmo tempo essa
complementaridade encontra-se plasmada na assunção de Lewis, 1996, p.vi, segundo a qual
«Language consists of grammaticalised lexis, not lexicalised grammar».

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Já a proficiência é tanto maior e melhor quantas mais unidades do léxico soubermos
manusear. Com o conhecimento da gramática, a capacidade de comunicação é escassa. Com o
conhecimento do léxico, por muito que o domínio das regras gramaticais seja deficitário,
pode-se transmitir muita informação.

Ao longo dos séculos, diria que até meados do século XX, o Léxico foi encarado como um
domínio vasto, ilimitado, entre o inorgânico e o organizado segundo linhas-mestras
largamente desconhecidas, onde pontificavam relações in absentia e relações in praesentia.
Mas, como afirma Leiria, 2001: 121, «nos últimos anos, grande parte das teorias, tanto
formais como funcionais, tem atribuído ao Léxico uma posição central na teoria linguística,
considerando-o como uma componente cada vez mais abrangente, com propriedades e
funções até há algum tempo atribuídas em particular à Sintaxe».

O léxico mental alberga representações do conhecimento declarativo ou explícito e do


conhecimento procedimental ou implícito. Com efeito, as representações inscritas no léxico
mental não se limitam ao conhecimento declarativo, provavelmente o mais valorizado no
ensino de línguas, pelas irregularidades e arbitrariedades que implica, mas envolvem também
o conhecimento processual, que compreende os processos cognitivos estruturadores e
categorizadores das informações captadas. A representação das estruturas no léxico mental
obedece a princípios organizativos formais e semânticos, que o falante activa em
conformidade com o co-texto e o contexto, e em função das relações paradigmáticas e
sintagmáticas (v.g. restrições de selecção, de colocação) que as unidades entretecem entre si.
Por isso, como propõe Pustejovsky 1995, p.2, «our framework of knowledge for lexical items
must be guided by a concern for semanticality in addition to grammaticality»; ou seja, a
natureza e o funcionamento das unidades lexicais não é dissociável das propriedades
semânticas e gramaticais que as caracterizam.

3. Vocabulário
3.1. Conceitos básicos de Vocabulário

Do latim vocabŭlum, o vocabulário é composto pelo conjunto de palavras de um idioma. Esse


vocabulário é conhecido pelas pessoas que falem o mesmo idioma e também pode ser
compilado num dicionário.

A um nível mais específico, o vocabulário é o conjunto de palavras que domina uma pessoa
ou que utiliza nas suas conversas do dia-à-dia. Isto significa que, se um idioma tiver um

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vocabulário de 100.000 palavras, uma pessoa talvez domine 60.000 palavras. Por isso, o
vocabulário desse indivíduo é mais limitado do que o vocabulário geral do idioma.

3.2. Associação do vocabulário

É habitual associar-se o vocabulário de uma pessoa à sua educação ou ao seu nível cultural.
Costuma considerar-se que, quanto maior a variedade de palavras, maior é a capacidade
intelectual. A riqueza do vocabulário é um instrumento útil para a adaptação social e para
comunicar com êxito com um leque mais alargado de pessoas. Há que lembrar que o
vocabulário usado para falar com um amigo é diferente daquele que é utilizado para
comunicar com um superior hierárquico ou um desconhecido.

Exemplos: “O orador demonstrou o seu vocabulário eminente numa dissertação que


surpreendeu os presentes”; “Preciso de um dicionário de inglês: há palavras do livro que ainda
não fazem parte do meu vocabulário”; “Tem atenção ao teu vocabulário, não deves falar
assim na escola”.

3.3. Calão

Dá-se o nome de jargão (ou calão) à uma variante da língua padrão que usa um vocabulário
especial com o objectivo de distinguir os grupos sociais ou de ocultar o verdadeiro significado
dos conceitos: “O guarda-redes apanhou um grande frango”. Frango, neste contexto, significa
golo não defendido. “Vem aí a bófia!” Bófia equivale ao termo polícia.

3.4. Importância do vocabulário

Manter uma boa comunicação e ter o uso adequado de um bom vocabulário é essencial para o
crescimento pessoal e profissional. Afinal, é por meio do vocabulário que podemos expressar
nossas ideias de forma clara, ter um bom relacionamento interpessoal e aumentar a
produtividade.

Um vocabulário rico, que contempla variações da língua de acordo com a região ou palavras
diferentes com os mesmos sentidos, é essencial para ajudar a evitar repetições e escrever uma
redacção mais fluida e atractiva.

Ter um bom vocabulário permite que você construa textos mais ricos, interessantes e fáceis de
ler. Permite também que você seja mais eloquente, se expresse mais facilmente e consiga
expor e defender seus pontos de vista.

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3.5. Tipos de vocabulário jurídico

Três são os tipos de vocabulário jurídico: unívocos, equívocos e análogos.

3.5.1. Unívocos

São os que contém um só sentido. A codificação vale-se deles para descrever delitos e
assegurar direitos.

Ex: Furto – Subtrair para si ou para outrem, coisa alheia móvel; Roubo – Subtrair, para si ou
para outrem, coisa móvel alheia mediante ameaça ou violência, depois de reduzir a resistência
da pessoa. Pode-se dizer, assim, que a univocidade representa os termos técnicos do
vocabulário especializado.

3.5.2. Equívocos

São os vocábulos plurissignificantes, possuindo mais de um sentido e sendo identificados no


contexto.

Ex: Sequestrar – Em Direito Processual, significa apreender judicialmente bem em litígio; Em


Direito Penal, significa privar alguém de sua liberdade de locomoção.

O profissional de Direito deve empreender bastante esforço semântico ao usar as palavras


plurissignificativas. Para tanto, não deve empregar acepções que não pertençam ao jargão
jurídico, ou, se o forem, mas tiverem natureza equívoca, devem ser acompanhadas de
especificadores que resguardem o sentido pretendido.

3.5.3. Análogos

São os que, não possuindo étimo comum, pertencem a uma mesma família etimológica, ou
são tidos como sinónimos.

Ex: Resolução: dissolução de um contrato, acordo, acto jurídico; Resilição: dissolução pela
vontade dos contraentes; Rescisão: dissolução por lesão ou contrato.

As palavras análogas são comummente conhecidas como palavras sinonimas. Todavia, as


palavras não têm exactamente o mesmo sentido, podendo ser agrupadas por um ponto em
comum, mantendo suas significações específicas.

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No exemplo citado, o vocábulo resolução é ponto comum das palavras Resilição e rescisão.
No entanto, resolução é palavra equívoca, com diversos significados, enquanto resilição e
rescisão são palavras unívocas.

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CAPÍTULO III. CONCLUSÃO
As duas componentes linguísticas, neste caso o Léxico e o Vocabulário são distintos entre sí,
porém, carregam certos componentes que de certa forma os interliga.

Percebemos que o léxico é um acervo de palavras das quais alguém tem acesso para o seu
uso, ou seja, todas as palavras que certas pessoas, comunidades ou sociedades têm acesso na
sua língua designa-se léxico, portanto, o vocabulário é, então, aquelas palavras selecionadas e
empregadas a partir do léxico daquele idioma dos quais a comunidade possui.

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Referências bibliográficas
ALMEIDA, Ariadne; Elisângela SANTOS, Juliana SOLEDADE (2013), O léxico em estudo.
Bahia, EDUNEB.

BERNARDO, A. (2010). O léxico mental no ensino e aprendizagem do vocabulário na L2


(alemão). In: Linguística, Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto, vol. 5,
p.27-40.

CLARK, EVE V. (1995). The lexicon in acquisition. Cambridge: Cambridge University


Press.

HATCH, E.; BROWN, C. (1995). Vocabulary, semantics and language education.


Cambridge: CUP.

JACKENDOFF, Ray (2002). Foundations of Language. Brain, Meaning, Grammar,


Evolution. Oxford: Oxford University Press.

LEIRIA, Isabel (2001). Léxico, aquisição e ensino de L2. In: Polifonia (Revista do Grupo
Universitário de Investigação em Línguas Vivas - UNIL), Lisboa, Edições Colibri, nº 4,
p.119-141.

LEWIS, M. (1996). The Lexical Approach: the state of ELT and a Way forward. Hove:
Language Teaching Publications.

RIBEIRO, Sílvia (2010). Compostos nominais em português. As estruturas VN, NN, NprepN
E NA. München: Lincom (Lincom Studies in Romance Linguistics 64).

RODRIGUES, Alexandra (2012). Jackendoff e a arquitectura paralela. Apresentação e


discussão de um modelo de linguagem. München: Lincom.

SCHREUDER, R.; WELTENS, B. (1993). The bilingual lexicon. Amsterdam: John


Benjamins.

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