Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Fonética e Fonologia
Professor Esp. Sérgio Aparecido Carneiro
AUTOR
O objetivo fundamental aqui é promover reflexões sobre o funcionamento dos sons que
usado no Brasil. O material que redigi para você é composto de quatro unidades.
pos de estudo da Fonética e da Fonologia e mostro também como esses dois ramos do
saber linguístico estão relacionados. Destaco Ferdinand de Saussure como marco inicial
los mais necessários para o estudo dos sons do Português usado no Brasil. É um primeiro
contato com a representação dos sons da fala através de símbolos específicos. Além disso,
na primeira unidade, você vai pensar na relação entre os sons do nosso idioma e sua
inclusive, pode despertar sua curiosidade por investigar melhor o nosso sistema ortográfico.
papel desses órgãos na hora de articular sons específicos como os sons orais e os nasais,
por exemplo. Você vai fazer comigo uma análise dos sons vocálicos e consonantais e suas
recedor sobre uma série de questões relevantes para a compreensão do idioma usado no
Brasil. E essa unidade também vai tratar da transcrição fonética, que é um assunto capaz
de levar você a entender melhor muitas variações de pronúncias, por exemplo, para uma
Na Unidade IV, você vai ter reflexões muito instrutivas relacionando os conhecimen-
tos fonéticos e fonológicos com o processo de alfabetização. Veremos como a educação
linguística favorece esse processo. Além disso, traço uma perspectiva de ensino inicial do
idioma e de alfabetização, que procura relacionar os sons da fala com o sistema ortográfico
da Língua Portuguesa e busca promover situações reais de uso da fala e da escrita, o
chamado letramento. Por fim, convido você a pensar num tópico muito importante para uma
língua falada num território tão grande como o Brasil: a variação linguística e o preconceito
linguístico.
UNIDADE I....................................................................................................... 6
Introdução à Fonética e à Fonologia
UNIDADE II.................................................................................................... 26
Fonética
UNIDADE III................................................................................................... 50
Fonologia
UNIDADE IV................................................................................................... 76
Fonética, Fonologia e Ensino
UNIDADE I
Introdução à Fonética e à Fonologia
Professor Esp. Sérgio Aparecido Carneiro
Plano de Estudo:
● Fonética e Fonologia: questões gerais;
● O alfabeto fonético;
● A relação de correspondência entre letra e som no português brasileiro.
Objetivos de Aprendizagem:
● Conceituar Fonética e Fonologia;
● Delimitar o campo de análise linguística da Fonética e da Fonologia;
● Discutir tópicos sobre o Estruturalismo em Ferdinand de Saussure;
● Apresentar o alfabeto fonético, destacando os fones do Português do Brasil;
● Discutir a relação entre letra e som no Português do Brasil;
● Iniciar a discussão sobre os desafios da alfabetização ligados à relação entre letra e
som no Português do Brasil.
6
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), você está iniciando comigo os estudos sobre Fonética e Fono-
logia com destaque à Língua Portuguesa falada no Brasil. O que será apresentado nesta
primeira unidade ajudará você a compreender melhor as unidades seguintes. Sem descui-
dar do rigor teórico, procuro facilitar a linguagem para tornar seu estudo bem produtivo.
Esta unidade é composta por três tópicos. No primeiro, “Fonética e Fonologia:
questões gerais”, procuro mostrar os campos de estudo específicos da Fonética e da Fo-
nologia e a aplicação atual desses estudos. Apresento também alguns questionamentos
importantes sobre o marco histórico da Linguística, com Ferdinand de Saussure e o início
do Estruturalismo.
No segundo tópico, “O alfabeto fonético”, apresento as consoantes, as semivogais
e as vogais do Português do Brasil. E mostro como se faz a transcrição dos sons (fones) de
nosso idioma, obedecendo ao Alfabeto Fonético Internacional (AFI). É uma primeira noção
que será desenvolvida nas próximas unidades. Com esse estudo, você terá uma visão
ampliada da variedade de sons do Português do Brasil e até passará a entender melhor os
dicionários de língua estrangeira quando explicam o funcionamento de alguma pronúncia.
No terceiro tópico, “A relação de correspondência entre letra e som no português
brasileiro”, eu começo a mostrar as relações óbvias e as mais curiosas entre letra e som
(fone, fonema) no nosso idioma. Esse tópico é bem interessante e objetiva também levar
você e eu à consciência de que estudar Fonética e Fonologia pode melhor nossa com-
preensão da ortografia e auxiliar o trabalho do professor que alfabetiza.
Os estudos dessa unidade iniciam um processo seu de maior conhecimento do
idioma usado no Brasil. Eu garanto a você que essa é uma viagem que vale a pena...
Nesta unidade, priorizei os fones (sons) do Português do Brasil (PB). Serão apre-
sentadas as consoantes, as vogais e as semivogais. A transcrição desses sons é feita entre
colchetes. A transcrição fonética envolve, dependendo da discussão feita e do som em
questão, uma série de pronúncias possíveis. Isso será feito, nas unidades seguintes. Aqui
será apresentada apenas uma pronúncia ampla dos fones. Observe que estamos falando
de sons. Normalmente, esses sons são representados por letras que já usamos no nosso
alfabeto. Mas, eventualmente, aparecem outros símbolos para darem conta da variedade
sonora do Português do Brasil. Caro aluno, o que pode lhe parecer complexo, num primeiro
momento, com um pouco de estudo e acompanhando o direcionamento das quatro unida-
Vogais orais:
[ a ] como em “mala”, “vá”...
[ ɐ ] como em “pegada”, “leva”...
As vogais nasais:
] como nas palavras “maçã”, “pantera”, “manhã”...
[ ẽ ] como nas palavras “pente”, “sempre”, “prenhez”...
[ ĩ ] como nas palavras “índio”, “sim”, “pinho”...
[ õ ] como nas palavras “corações”, “onça”, “bomba”...
[ ũ ] como nas palavras “untar”, “bumbum,” “(ele) punha”, “”...
pato [ ‘patʊ ]
braço [ ‘brasʊ ]
tudo [ ‘tudʊ ]
duro [ ‘durʊ ]
favela [ fa ’vεlɐ ]
vaca [ ‘vakɐ ]
mico [ ‘mikʊ ]
nada [ ‘nadɐ]
milho [ ‘miʎʊ ]
Nesses casos acima, as letras representam sempre o mesmo som. Poderá haver,
no entanto, pequenas alterações de pronúncia sem modificarem o significado das palavras
e isso será detalhado nas próximas unidades.
Há também situações em que um único som é representado por duas letras. São
os chamados dígrafos:
ch [ ∫ ] - chuva, cheque…
lh [ ʎ ] - pilha, palhaço…
nh[ ŋ ] – ninho, banho…
ss [ s ] – passeio, assar…
sc [ s ] – descida, nascer…
sç [ s ] – desça, cresça…
qu [ k ] - queijo, quiabo…
gu [ g ] – guerrilha, guitarra…
Existem letras que não representam fonema algum. É o caso do “h’ em início de
palavras, apenas é usado porque deriva de alguma palavra que possuía “h”. As
letras “m” e “n” em final de sílabas também não representam som, só nasalizam a vogal
anterior:
A letra “x”, em algumas palavras, pode representar dois sons [ks]: perplexo, anexo,
prolixo, sexo, conexão, maxilar, intoxicar...
Uma questão relevante é que o número de letras pode ou não coincidir com o
número de fonemas (sons que ainda serão detalhados nas unidades seguintes). Isso pode
se dar por vários motivos. A seguir apresento a palavra, a transcrição dos fonemas e o
motivo por não haver correspondência entre o número de letras e de fonemas:
REFLITA
O grande escritor Ariano Suassuna foi entrevistado por uma aluna que queria uma fala
sua sobre o preconceito linguístico. A aluna alegava que ele seria a pessoa ideal para fa-
lar sobre isso por ter muito conhecimento e por ser nordestino. O escritor responde num
texto inspirador e que suscita o respeito ao modo de as mais variadas pessoas falarem:
Caro aluno (a), quem fala o português mais correto? Qual região do Brasil fala o por-
tuguês mais correto? Qual o sotaque mais adequado ao português falado no Brasil?
Qual o sotaque mais bonito ou o mais aceito? Se em algum momento você se faz essas
perguntas, é porque existe a ideia de que haveria um português correto e outras formas
de falar seriam menos corretas ou incorretas. Se você viajar o Brasil um pouco ou for
ver um vídeo na internet com algum morador típico de alguma região brasileira falando,
perceberá pronúncias diferentes, chiados diferentes e até coisas que recebem nomes
diferentes... E a pergunta continua… O que é mais correto? Qual a forma mais adequa-
da de falar? Em um país grande como o Brasil, não é possível existir uma única forma
de falar o idioma oficial. As regiões brasileiras receberam influências linguísticas distin-
tas. Existem influências mais próximas do português lusitano, de línguas indígenas, de
línguas africanas, de descendentes europeus de várias etnias e línguas, etc..
Em situações profissionais como a do Jornal Nacional, por exemplo, os jornalistas op-
tam por evitar qualquer sotaque muito afetado ou muito capaz de identificar uma região.
Acabam tendo pronúncias meio artificiais. E quanto mais letrado for o ambiente de tra-
balho, mais haverá a tendência culta de pronunciar bem as palavras e de cuidar de uma
entonação frasal que favoreça a clareza e a boa comunicação no ambiente de trabalho.
Agora, os sotaques, as pronúncias típicas, as entonações de frase típicas de cada re-
gião devem ser respeitadas. Mesmo porque esses fenômenos são inevitáveis. Além
disso, numa visão linguística científica e distante de preconceitos, essa diversidade do
português falado no Brasil representa um dos aspectos da riqueza cultural de nosso
país. Respeitar isso é sinal de conhecimento linguístico e de tolerância.
Fonte: o autor.
A maior parte dos negros escravizados que foram trazidos para o Brasil eram de
etnias bantas (Congo, Benguela, Ovambo, Cabinda, Angola, Macua, Angico etc.)[1]. A des-
peito do intenso processo de aculturação a que foram submetidos quando chegaram no
Brasil, muito de sua cultura original preservou-se. Muito do vocabulário atual do português
que é falado no Brasil, por exemplo, tem origem banta. Mais especificamente, se origina do
idioma quimbundo, uma das línguas nacionais de Angola.
Por exemplo: “banza” vem de mbanza[2]. “Banzar” vem de kubanza[3]. “Berimbau”
vem de mbirimbau. “Bunda” vem de mbunda. “Cachimbo” vem de kixima, palavra que
também originou “cacimba”. “Caçula” vem de kasule. “Cacumbu” vem de ka, “pequeno”
e kimbu, “machado”[4]. “Cacunda” vem de kakunda[5]. “Cafuné” vem de kifunate, “torcedura”.
“Calango” vem de kalanga[6].
“Camundongo” vem de kamundong. “Candimba” vem de kandemba[7]. “Canjica”
vem de kanjika. “Capanga” vem de kappanga. “Carimbo” vem de kirimbu, “marca”. “Caxin-
guelê” vem de kaxinjiang’elê, “rato de palmeira”[8]. “Cochilar” vem de kukoxila. “Curiango”
vem de kurianga, “preceder”[9]. “Curinga” vem de kuringa, “matar”[10].
“Dendê” vem de ndénde, “palmeira”. “Farofa” vem de falofa. “Fubá” vem de fuba.
“Ganja” (no sentido de “vaidade”) vem de nganji[11]. “Ganzá” vem de nganza, “cabaça”[12].
“Jiló” vem de njilu. “Macaia” vem de ma’kaña[13]. “Macota” vem de ma’kota, “os maiores”[14].
“Maculo” vem de ma’kulu[15]. “Macumba” vem de ma´kumba[16]. “Marimba” vem
de marimba[17].
“Marimbondo” vem de ma (prefixo de plural) + rimbondo, “vespa”. “Maxixe” vem
de maxi’xi[18]. “Mocambo” vem de mu´kambu, “cumeeira”. “Molambo” vem de mu´lambu,
“pano”. “Moleque” vem de mu´leke, que significa “menino”. “Moqueca” vem de mu´keka.
“Muamba” vem de mu´hamba, “carga”. “Mucama” vem de mu´kama, “amásia escrava”.
“Mugunzá” vem de mu´kunza, “milho cozido”. “Mumbanda” vem de mi-nbamda, “mulher”[19].
“Mumbica” vem de mu’bika, “escravo”[20].
“Munguzá” vem de mu’kunza, “milho cozido”[21]. “Murundu” vem de mulun’du[22].
“Muxiba” vem de mu´xiba, “nervo, veia”. “Quiba” e “quibas” vêm de kiba, “pele, couro”[23].
“Quenga” vem kienga, “tacho”[24]. “Quibaca” vem de kibaka, “ombreira”[25]. “Quibebe” vem
de kibebe[26].
“Quiçaça” vem de kisada, “moita, ramo”[27]. “Quiçamba” vem de kisambu, “samburá
grande”[28]. “Quilombo” vem de kilombo, “povoação”. “Quimanga” vem de kimanga, “alcofa,
cesto”[29].
LIVRO
Título: Fonologia, Fonética e Ensino Guia introdutório
Autor: Mikaela Roberto
Editora: Parábola
Sinopse: Livro atualizado, com tópicos importantes de Fonologia
e Fonética. Além disso, discute a relação entre oralidade e escrita,
assunto de interesse à alfabetização e à formação de professores
de língua materna. Apresenta os fones do Português do Brasil,
suas transcrições e variações (alofones).
FILME/VÍDEO
Título: Jornal Hoje - Sotaques do Brasil desvendam as diferentes
formas de falar do brasileiro.
Ano: 2014
Sinopse: Para divulgar o Atlas Linguístico do Brasil, lançado em
2014, pela Editora da Universidade Estadual de Londrina (EDUEL),
num esforço de pesquisadores de várias universidades brasileiras,
o Jornal Hoje fez uma série de vídeos. O Atlas investigou sotaques
e usos linguísticos variados nas capitais brasileiras.
O vídeo em questão trata de diferentes nomes que uma mesma
coisa recebe em diferentes localidades brasileiras. O Atlas in-
vestigou mais de 200 palavras com nomes variantes. E o Jornal
Hoje percorreu o Brasil para apresentar essas variações de forma
curiosa e divertida.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=WwP_b48TpgE&t=1s
FILME/VÍDEO
Título: Jornal Hoje - Sotaques do Brasil: o maior número de pes-
soas disputam o falar do brasileiro.
Ano: 2014
Sinopse: O vídeo 2 é da mesma série produzida pelo Jornal Hoje
para divulgar o Atlas Linguístico do Brasil, lançado em 2014, pela
Editora da Universidade Estadual de Londrina (EDUEL). Nele
mostra-se o fone [ s ], em algumas situações de final de sílaba. O
vídeo convida a uma viagem por algumas localidades brasileiras,
entrevistando pessoas pronunciando o “s” mais ou menos chiado.
Entrevista também pesquisadores que trabalharam na produção
do Atlas Linguístico do Brasil. É muito curiosa a variedade de
pronúncia do som [ s ] apresentada pelo jornal e as falas dos pes-
quisadores são bem instrutivas.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=flOhPXEPW9c
Plano de Estudo:
● Fonética articulatória;
● As vogais e as consoantes em Língua Portuguesa;
● A transcrição fonética.
Objetivos de Aprendizagem:
● Entender a participação dos órgãos do aparelho fonador na produção da voz humana;
● Distinguir os principais processos articulatórios na produção de vogais, semivogais e
consoantes;
● Ilustrar como são amplas as possibilidades de pronúncia do Português do Brasil;
● Relacionar as possibilidades de pronúncia com a representação delas na transcrição
fonética.
26
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), bem-vindo (a) à Unidade II. Nela você vai encontrar muito co-
nhecimento sobre a fonética e sobre o Português do Brasil. Vai fazer uma “viagem” comigo,
entendendo alguns fatos do nosso idioma: como você e eu produzimos nossa voz, nossa
fala e como essa produção é flexível.
Num país gigante como o nosso, as influências linguísticas serão muito diferentes
de região para região e muito diversas também serão as possibilidades de pronúncia das
palavras. Você terá uma oportunidade de começar a pensar nessa riqueza do Português do
Brasil, de maneira organizada e inteligente.
Está unidade está dividida em três tópicos. No primeiro, Fonética articulatória, você
estudará o aparelho fonador humano e terá chances de entender melhor como articulamos
os sons que usamos para nos comunicarmos na fala. Trata-se de um conhecimento valioso
voltado para o nosso idioma, mas que pode ajudar você no aprendizado de qualquer nova
língua.
No segundo tópico, trato de como são produzidas especificamente as vogais, con-
soantes e semivogais no Português do Brasil. Aqui você já vai aprender muito de transcrição
fonética também. Procurei usar uma linguagem bem acessível para facilitar o seu processo
de aprendizagem. Faça comigo todo o percurso teórico com calma, você vai perceber que
o conteúdo fica mais fácil de entender.
No terceiro tópico, algumas questões de transcrição são retomadas. Aproveito tam-
bém para recuperar algumas discussões importantes através de transcrições. É um olhar
sobre a diversidade de pronúncia de nosso idioma que vai muito além do conhecimento
comum sobre como se escrevem as palavras. O que importa aqui é compreender os sons
produzidos e como registrar isso para efeito de estudo. Espero que você aproveite esta
unidade para dar mais um passo no entendimento de nosso idioma. Bom trabalho!
UNIDADE II Fonética 27
1 FONÉTICA ARTICULATÓRIA
A Fonética Articulatória é definida como o estudo dos sons da fala na
perspectiva de suas características fisiológicas e articulatórias. Para se
entender os mecanismos de articulação desses sons, precisa-se inicialmente
conhecer os diferentes órgãos responsáveis pela realização dos sons das
línguas naturais, ou melhor, o aparelho fonador humano. (SEARA; NUNES;
LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p.17)
UNIDADE II Fonética 28
Esses órgãos do chamado aparelho fonador desempenham dois tipos de funções
na produção da voz:
Os órgãos articuladores envolvidos na produção da fala dividem-se em ativos
e passivos. Os articuladores ativos, aqueles que se movimentam para a
realização dos diferentes sons da fala, são constituídos: pela língua (que se
divide em ápice (ponta), lâmina e dorso) e lábio inferior, que alteram a cavi-
dade oral; pelo véu do palato, que é responsável pela abertura e fechamento
da cavidade nasal; e pelas pregas vocais. Os articuladores passivos com-
preendem o lábio superior, os dentes superiores, os alvéolos (região crespa,
logo atrás dos dentes superiores), o palato duro (região central do céu da
boca) e o palato mole (final do céu da boca) (SEARA; NUNES; LAZZAROTO-
-VOLÇÃO, 2011, p.18).
Na hora da expiração, durante a soltura do ar, é que os fones podem ser produzidos.
A expiração para produzir a fala (SEARA; NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 20) é
bem mais longa que a inspiração e dura de 4 a 20 segundos. E a expiração em silêncio dura
em média 2 segundos. Na respiração sem produção de voz, o ar passa livremente pelas
laringe e cordas vocais.
UNIDADE II Fonética 29
Se você colocar a mão na altura do pomo de Adão, perceberá que, para os pares
surdo/sonoro, a vibração será percebida somente na hora em que o som sonoro for pronun-
ciado. Os pares de fones a seguir são surdos e sonoros, respectivamente:
[ p ] x [ b ], [ t ] x [ d ], [ f ] x [ v ], [ ʃ ] x [ ʒ ], [ k ] x [ g ].
(Imagem 3 - adaptada pelo autor: O véu palatino na produção de sons orais e nasais)
UNIDADE II Fonética 30
2 AS VOGAIS E AS CONSOANTES EM LÍNGUA PORTUGUESA
Em primeiro lugar, já vimos, na unidade anterior, que as vogais são produzidas sem
interrupção da corrente de ar na boca, diferentemente das consoantes. Além disso, são
formadoras de sílaba. Toda sílaba, em Língua Portuguesa, precisa de pelo menos um som
de vogal. O som de consoante já pode ou não ocorrer na sílaba. É importante para o estudo
das vogais, saber em que tipo de sílaba o som vocálico se encontra: tônica ou átona. Por
exemplo, na palavra “árvore” (ár-vo-re), “ár-” é a sílaba tônica, “-vo-“ é átona e postônica e
“-re” é átona final e postônica. E, em “cipó” (ci-pó), “ci-” é sílaba átona pretônica e “-pó” é a
tônica.
Vários são os critérios para descrição das vogais do Português do Brasil. Vamos
começar pensando na articulação delas, no tocante ao papel da língua, dos lábios e da
mandíbula:
Para a classificação articulatória das vogais, estão envolvidos o corpo da lín-
gua e os lábios. O corpo da língua pode movimentar-se verticalmente, levan-
tando-se ou abaixando-se, ou horizontalmente, avançando ou recuando. A
mandíbula auxilia na abertura do trato oral para a diferenciação entre vogais
abertas e fechadas. O parâmetro que define o movimento vertical da língua
é denominado altura e o que define o movimento horizontal (avanço/recuo)
denomina-se anterioridade/posterioridade. Há ainda a possibilidade de os lá-
bios estarem distensos ou arredondados. O movimento de arredondamento
dos lábios ocorre na produção de vogais ditas arredondadas. As demais são
articuladas com os lábios distensos e são classificadas como não arredonda-
das (SEARA; NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 26).
UNIDADE II Fonética 31
Parâmetro altura da língua: é preciso considerar o movimento vertical da língua.
Embora haja outro movimento simultâneo da língua, vou considerar agora só o movimen-
to vertical por questão meramente didática. Segundo esse critério, as vogais podem ser
baixas, médias-baixas, médias-altas e altas. Pronuncie as vogais que vou demonstrar na
sequência e perceba que a língua irá do repouso até uma posição bem elevada.
Vogais baixas: [ a ], [ ɐ ]. A língua estará em repouso, na parte inferior da boca. [a
], como em “vale” [ ‘vali ], “pá” [ ‘pa ]. Já [ ɐ ] será vogal final átona, pronunciada mais fraco,
como em “mesa” [ ‘mesɐ ], “louça” [ ‘lowsɐ ].
Vogais médias-baixas: [ ɛ ], [ ɔ ]. Ao pronunciar [ ɛ ], como em “mel” [ ‘mɛw ], “pé”
[ ‘pɛ ] e [ ɔ ], como em “moda” [ ‘mɔdɐ ] e “só” [ ‘sɔ ], ambas vogais abertas, já se percebe
uma pequena alteração da língua num movimento para cima.
Vogais médias-altas: [ e ], [ o ]. São vogais fechadas, como [ e ] em “seco” [‘seko],
“medo” [ ‘medo ] e [ o ] em “moer” [ ‘moeɾ ], “bistrô” [ bis ‘tɾo ]. Ao pronunciar essas vogais,
já se percebe mais alguma elevação da língua, se comparadas às vogais anteriores.
Vogais altas: [ i ], [ u ]. Aqui a língua estará numa posição bem elevada, como
ocorre com [ i ] de “miado” [ mi ‘ado ] e [ u ] de “pulo” [ ‘pulo ].
UNIDADE II Fonética 32
as vogais arredondadas na frente do espelho, [ ɔ ], [ o ], [u], e observe atentamente como
os lábios ficam bem redondos e como eles são jogados para frente, na pronúncia destas
últimas vogais.
Papel das cavidades bucal e nasal: esse é outro critério de classificação das
vogais. Já explicamos, no primeiro tópico desta unidade, que com o véu palatino levantado,
na hora de produzir os fones, o ar sai todo pela boca e produzidos os sons orais. Por outro
lado, com o véu palatino abaixado (reveja a imagem 3), o ar sai pela boca e pelas cavidades
UNIDADE II Fonética 33
nasais, são produzidos então os sons nasais. Embora haja pequenas diferenças no pro-
cesso de abaixar e levantar o véu palatino para produzir as várias vogais do Português do
Brasil, não destaco isso aqui, para evitar detalhes que possam dificultar o estudo. Se você
tiver interesse, pode conferir isso em Seara, Nunes e Lazzaroto-Volção (2011, p. 37-40).
Assim, existem as vogais orais [ a ], [ ɛ ], [ e ], [ ɔ ], [ o ], [ i ], [ u ] e as vogais orais
para representar também as finais átonas, com pronúncia fraca: [ ɐ ], como em “vela” [
‘vɛlɐ ]; [ I ], como em “júri” [ ‘ʒuɾI ]; [ ʊ ], como em “lótus” [ ‘lɔtʊs ]. E existem as vogais nasais
[], [ ẽ ], [ ĩ ], [ õ ], [ ũ ]. As vogais nasais se reduzem em relação às orais, porque não existem
vogais nasais abertas. Então, [ ɛ ] e [ ɔ ], que são abertas, nunca poderiam ser vogais
nasais.
Além de vogais nasais como as que ocorrem com “vilã” [ vi ‘lɐ͂ e “corações”
[koɾa‘sõys], há os casos de vogais que são nasalizadas pelo contexto vizinho:
[...] temos vogais que são nasalizadas em função dos contextos vizinhos. É o
que ocorre em palavras como cama, ninho, tenho, nas quais o abaixamento
do véu do palato para a articulação da consoante nasal adjacente é realizado
antes da completa articulação da vogal que antecede esse segmento nasal.
Isso faz com que tais vogais sejam percebidas como nasalizadas. Em con-
texto tônico, essa nasalização é mais perceptível do que em contexto átono.
Essas palavras são transcritas, respectivamente, como: [ ‘kmɐ ], [ ‘nĩ ɲʊ ] e [
tẽɲʊ ]. (SEARA; NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 41).
UNIDADE II Fonética 34
Tabela 1: As vogais do Português do Brasil
(SEARA; NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p.46).
* Esses segmentos só vão aparecer em palavras derivadas como cafezinho, bolinha, nas quais as sílabas
tônicas são, respectivamente, “zi” e “li”, mas cujas sílabas pré-tônicas “fe” e “bo” possuem um acento secun-
dário herdado de suas correspondentes palavras de origem.
** Esses segmentos aparecerão de forma minoritária em algumas regiões do Brasil, como por exemplo na
capital do estado do Paraná.
Pelo quadro fica fácil de retomar o Parâmetro altura da língua, o Parâmetro anterio-
ridade/posterioridade da língua e o Parâmetro lábios distendidos ou arredondados. Sugiro
que você retome rapidamente o que foi dito sobre essas classificações e depois tente vi-
sualizar isso aqui no quadro. Vai ficar bem fácil. O quadro só ilustra os sons vocálicos orais.
No quadro das pretônicas, aparecem cinco vogais: [ a ], [ e ], [ o ], [ i ], [ u ]. Elas
ocorrem em palavras como “atrevido”, em que a vogal da sílaba “-vi-“ é a tônica e as duas
vogais anteriores - [ a ], [ e ] – são as pretônicas. Já as vogais [ ɛ ], [ ɔ ] abertas ocorreriam
só em sílabas subtônicas como na primeira vogal da palavra “sozinho”.
Por outro lado, diferentemente da visão desse quadro sobre as vogais pretônicas
e para enriquecer essa discussão, cito Cardoso et al. (2014, p. 70-73), no Atlas Linguístico
do Brasil, com pronúncias das capitais brasileiras, obra em que foram observadas as pro-
núncias das vogais médias [ɛ ], [ ɔ ] abertas em posição pretônica em palavras normais,
sem estarem em sílaba subtônica. Palavras como “tesoura”, “travesseiro”, “cebola”, “ferida,
UNIDADE II Fonética 35
“perfume” tiveram a vogal média pretônica anterior em questão realizada como [ ɛ ] e como
[ e ]. O mesmo ocorreu como a vogal média pretônica posterior [ ɔ ] e [ o ]. Ambas foram
ouvidas em palavras como “trovoada”, “toró”, “orvalho”, “coração”, “coletivo”.
No quadro das vogais tônicas, aparecem sete vogais: [ a ], [ ɛ ], [ e ], [ ɔ ], [ o ], [ i ],
[ u ]. São fones estáveis.
Quanto ao quadro das vogais postônicas, as autoras pretendem destacar as fi-
nais átonas já bem comentadas aqui: [ ɐ ], [ I ], [ ʊ ]. Normalmente, essas vogais seriam
reduzidas a três no Português do Brasil. Porém, nos estados do Sul, como foi chamada a
atenção para Curitiba no quadro, pode ocorrer a existência também de [ e ], [ o ]. A questão
recai sobre palavras como “leite” e “povo”. Normalmente a última vogal seria ouvida como
[ I ], [ ʊ ], respectivamente. Mas, nos estados do Sul, também pode-se ouvir [ e ], [ o ],
respectivamente. É o que faria as palavras em questão soarem como [ ‘leyte ] e [ ‘povo ].
UNIDADE II Fonética 36
Outra situação pode ocorrer com a letra “l” soando como [ w ], depois de uma vogal
e em final de sílaba: “mel” [ ‘mɛw ], “sal” [ ‘saw ], “anzol” [ ‘ɐ͂zɔw ], “pastel” [ ‘past ɛw ].
Também podem ocorrer encontros vocálicos em que a letra “e” representa o som [
y ] e a letra “o” representa o som [ w ]. É o caso das palavras seguintes: “põe” [ ‘põy ], “mãe”
[ ‘mɐ͂y ], “mão” [ ‘mɐ͂w ] , “latão” [ la ‘tɐ͂w ], “orquídea” [ oɾ ‘kidyɐ ], “róseo” [ ‘ řɔzyo ].
Seara, Nunes e Lazzaroto-Volção (2011, p. 43) apresentam uma lista das possibili-
dades de ditongos em Português do Brasil. Veja-os nos quadros abaixo:
UNIDADE II Fonética 37
Pode ocorrer, na pronúncia de palavras com ditongo, a monotongação. Nesse caso,
o ditongo passa a ser uma só vogal. É desfeito o ditongo. A seguir, vou colocar exemplos de
palavras seguidas da pronúncia sem e com monotongação, respectivamente:
● caixa [ ‘kayʃɐ ] - [ ‘kaʃɐ ]
● feixe [ ‘feyʃI ] - [ ‘feʃI ]
● couro [ ‘kowɾʊ ] - [ ‘koɾʊ ]
● vou [ vow ] - [ vo ]
● manteiga [ ‘mɐ͂teygɐ ] - [ ‘mɐ͂tegɐ ]
Uma outra questão é que ditongos decrescentes nunca são separados. Já os cres-
centes podem apresentar duas pronúncias, por exemplo: “história [ is. ‘tɔ.ɾiɐ ], como vogal e
semivogal na mesma sílaba representando o ditongo; [ is. ‘tɔ.ɾi.ɐ ], como vogal seguida de
outra vogal, cada uma formando uma sílaba diferente.
Quanto aos tritongos orais e nasais, exemplifico e apresento a transcrição fonética
correspondente abaixo:
Quadro 3: Os Tritongos
Os encontros vocálicos ainda podem ser constituídos por vogal + vogal, seguidas,
mas cada uma formando sílaba diferente. São os chamados hiatos. Apresento exemplos
separados em sílabas e seguidos de observações fonéticas de Seara, Nunes e Lazzaroto-
-Volção (2011, p. 45):
● co-o-pe-ra-ção [ ko.o.pe.ɾa ‘sɐ͂w ] – pode ocorrer uma crase das vogais idênticas
e a pronúncia se modifica: [ ko.pe.ɾa ‘sɐ͂w ];
● ve-em [ ‘ve. ɐ͂y ] - pode ocorrer uma simplificação de pronúncia, a chamada
ditongação: [ ‘vɐ͂y ];
● ri-o [ ři. u ] – há uma tendência desse hiato a tornar-se ditongo: [ řiw ].
UNIDADE II Fonética 38
2.3 As consoantes do Português do Brasil
UNIDADE II Fonética 39
Quanto ao ponto de articulação, [ m ] é bilabial (os lábios se tocam); [ n ] dental
ou alveolar (ponta da língua toca dentes superiores ou alvéolos); e [ ɲ ] é palatal (a parte
central da língua toca o céu da boca, o final do palato duro). Quanto ao vozeamento, as
consoantes nasais são sonoras ou vozeadas.
As africadas ocorrem em palavras como “tia” e “dia”: [‘tʃiɐ], [ dʒiɐ ]. É uma possibi-
lidade de pronúncia de [ t ] e [ d ] seguido do som [ i ]. Em palavras como “dente”, “forte”,
“tarde” e “acode”, considerando a pronúncia do “e” final átono como [ I ],
ocorrem também as africadas [ tʃ ], [ dʒ ].
Africada: produzida com uma oclusão total e momentânea do fluxo de ar, se-
guida de um estreitamento do canal bucal, gerando um ruído de fricção, logo
após o relaxamento da oclusão. Aqui também o véu do palato encontra-se
levantado, e o fluxo de ar passa apenas pela cavidade oral (SEARA; NUNES;
LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 54).
UNIDADE II Fonética 40
Os sons de “r”. Esse é um assunto que gera muita controvérsia entre estudiosos
do Português do Brasil, inclusive gerando falta de unanimidade até na transcrição dos fo-
nes. Tal dificuldade demonstra as muitas variações que os sons de “r” sofrem nas diferentes
regiões brasileiras e está ligada também às muitas posições que o “r” pode assumir na
palavra.
Em contexto de estudo fonológico, como vou aprofundar na unidade III, há em
Língua Portuguesa, dois fonemas vibrantes. Um chamado vibrante simples / r / e outro
chamado vibrante múltipla / R /. São fonemas diferentes porque são capazes de distinguir
significado em palavras como “caro” / ‘karo / e “carro” / ‘kaRo /, por exemplo.
Mas o que ocorre, considerando as variações (alofones) de pronúncia desses dois
fonemas no Brasil, é o que nos interessa aqui nesta unidade. Inicialmente, apresento o som
chamado de “tepe” – [ ɾ ], uma possibilidade de pronúncia da vibrante simples como afirmam
as autoras Seara, Nunes e Lazzaroto-Volção (2011, p. 54):
Tepe (ou tap): produzida com uma oclusão total e rápida do fluxo de ar nas
cavidades orais. O véu do palato está levantado, impedindo a passagem do
ar pelas cavidades nasais: caro [ ‘kaɾʊ ], prato [ ‘pɾatʊ ]. O som [ ɾ ] apresenta
uma oclusão percebida como uma batida bastante rápida da ponta da língua
nos alvéolos, permitindo uma oclusão total, mas extremamente breve. Essa
consoante também é conhecida como vibrante simples, por apresentar ape-
nas essa única batida. (LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 54).
UNIDADE II Fonética 41
mento) também é assunto que desperta interesse hoje. Para Curioletti e Sandri, (2019, p.
162) “[...] as representações dos traços fonológicos, aliados aos articuladores, descrevem as
etapas de mudança de traços da vibrante [...] sendo algumas delas mais regionalizadas devido
ao provável reflexo dos contatos linguísticos com outras línguas em cada região do Brasil [...]”.
Por fim, não cabe nesta unidade um trabalho mais extenso dos sons vibrantes em Língua
Portuguesa e no Português falado no Brasil. Esse é um tema para futuras pesquisas caso
seja do seu interesse, caro (a) aluno (a).
UNIDADE II Fonética 42
3 A TRANSCRIÇÃO FONÉTICA
Neste tópico da Unidade II, você vai poder relembrar e fixar alguns dos principais
pontos e dificuldades que destacamos sobre as variações de sons no Português do Brasil.
E faremos isso principalmente através da transcrição fonética. Para uma palavra dada, vou
ilustrar algumas das principais formas de realização fonética. E junto com o fone em ques-
tão, você estará relembrando a forma de transcrever foneticamente muitos outros sons.
[ I ], [ ʊ ] – finais átonos:
mole [ ‘mɔlI ] ou [ ‘mɔle ] tiro [ ‘tiɾʊ ] ou [ ‘tiɾo ]
leve [ ‘lɛvI ] ou [ ‘lɛve ] carro [ ‘kařʊ ] ou [ ‘kařo ]
júri [ ‘ʒuɾI ] lótus [ ‘lɔtʊs ]
[ ɛ ], [ ɔ ] abertos – [ e ], [ o ] fechados:
fé [ ‘fɛ ] selo [ ‘selo ] ou [ ‘selʊ ]
mocotó [ moko ‘tɔ ] dor [ ‘doɾ ]
UNIDADE II Fonética 43
[ a ] no interior de palavra – [ ɐ ] átono em final de palavra:
mala [ ‘malɐ ] camiseta [ kami ‘zetɐ ] ou [ kɐ͂mi ‘zetɐ ]
[ i ], [ u ] vogais – [ y ], [ w ] semivogais
vila [ ‘vilɐ ] sei [ ‘sey ]
mula [ ‘mulɐ ] meu [ ‘mew ]
[ t ], [ d ] – [ tʃ ], [ dʒ ] diante de [ i ]
todo [ ‘todʊ ] ou [ ‘todo ] titia [tʃi ‘tʃiɐ ] ou [ti ‘tiɐ ]
nada [ ‘nadɐ ] dia [ ‘dʒiɐ ] ou [ ‘diɐ ]
Letra “l” em final de sílaba: semivogal [ w ] ou consoante velar do Rio Grande do Sul:
sinal [ si ‘naw ] ou [ si ‘naɫ ] anel [ a ‘nɛw ] ou [ a ‘nɛɫ ]
UNIDADE II Fonética 44
SAIBA MAIS
Fonte: JORNAL HOJE. Sotaques do Brasil – primeira parte. Rio de Janeiro: Rede Globo, 2014. Dispo-
nível em: https://www.youtube.com/watch?v=Riesu0ByqWQ. Acesso em: 16 de fev. de 2020.
REFLITA
“Uma raça, cujo espírito não defende o seu solo e o seu idioma, entrega a alma ao es-
trangeiro, antes de ser por ele absorvida.”
Fonte: Rui Barbosa. Disponível em: https://kdfrases.com/autor/rui-barbosa. Acesso em: 2 de fev. de 2020.
UNIDADE II Fonética 45
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro (a) aluno (a), é muito satisfatório chegar com você ao final de uma unidade
tão importante para o nosso estudo. Fizemos um percurso bem proveitoso e com bastante
informação. À medida que você for avançando nas propostas de estudo do material que
preparei, se houver necessidade, volte a essa unidade para checar informações e tirar
dúvidas. O conhecimento é exigente, requer atenção e reelaboração mental.
Você estudou o aparelho fonador e a classificação articulatória de vogais e con-
soantes e entendeu o funcionamento das semivogais. Não é assunto para decorar. É para
entender e voltar ao material quando for necessário. Esse estudo também serve como
ponto de partida para seus futuros estudos e aprofundamentos. E, a partir de agora, você
poderá ter um olhar mais atento às variações de pronúncia no Português do Brasil e isso
já será também uma maneira de continuar investigando esse assunto tão rico na cultura
brasileira.
Você deve ter percebido que a perspectiva da Fonética, diante das muitas possibi-
lidades de realização de pronúncia, é de descrição do fenômeno linguístico. E ela também
procura entender as regularidades e eventualidades desses fenômenos. Diante de pronún-
cias como [ koɾa ‘sɐ͂w ] e [ kɔɾa ‘sɐ͂w ] ou como [ ‘mɐ͂teygɐ ] e [ ‘mɐ͂tegɐ ], não há a ideia
normativa do ensino de língua tradicional. Os fenômenos variantes existem e a Fonética
quer entendê-los.
Variações como as que vimos na monotongação de palavras como [ ‘kowɾʊ ] e
[ ‘koɾʊ ], [ bey ‘ɾadɐ ] e [ be ‘ɾadɐ ] e nas várias pronúncias de “r”, por exemplo, ilustram
o movimento constante de evolução da língua nas questões de pronúncia. As mudanças,
quando estão surgindo, recebem mais ou menos aceitação num primeiro momento. Mas,
quando se trata de uma tendência da língua, como apagar o “r” em verbos no infinitivo
em algumas regiões do Brasil, em palavras como “comer” [ ko ‘me ] e “falar” [ fa ‘la ], as
mudanças com o tempo são inevitáveis. Obrigado por você ter chegado até aqui comigo.
UNIDADE II Fonética 46
LEITURA COMPLEMENTAR
[...] Este artigo provém de uma pesquisa intitulada A formação do professor dos
anos iniciais do Ensino Fundamental para superação do fracasso escolar: perfil teórico-me-
todológico e propostas para o ensino de língua materna, financiada pelo Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo nº 472024/2014. O objetivo
da pesquisa mencionada é suscitar a reflexão sobre formação docente e ensino de língua
materna, no sentido de compreender as dificuldades enfrentadas cotidianamente pelo
professor e quais as contribuições possíveis para a superação do fracasso escolar. Dessa
forma, investiga aspectos profissionais, pessoais, concepções teórico-metodológicas, difi-
culdades para o ensino de língua materna, interesses por cursos de formação continuada,
dentre outros fatores, tendo como sujeitos os professores e os gestores de 22 escolas de
Ensino Fundamental do município de Presidente Prudente.
Ser capaz de ler e escrever com proficiência em língua materna é imprescindível
para o desenvolvimento de qualquer pessoa inserida em uma cultura letrada. Além disso,
o domínio da leitura e da escrita ajuda o sujeito a desenvolver autonomia e a superar
barreiras sociais, culturais e econômicas que podem lhe ser impostas ao longo da vida.
Nesse sentido, refletir sobre aspectos relacionados à formação docente e ao ensino de
língua materna pode contribuir para o encaminhamento de possíveis ações que visem à
superação do fracasso escolar. O que se observa, de um modo geral, é que o professor dos
anos iniciais do Ensino Fundamental encontra-se sem um respaldo teórico-metodológico
que norteie a sua prática. Nesse sentido, torna-se reprodutor de conteúdos programáticos
desajustados da realidade do aluno, priorizando o estudo da metalinguagem, ou seja, o
estudo da nomenclatura gramatical, deixando de propiciar aos seus alunos momentos de
uso efetivo da língua materna.
No que diz respeito à alfabetização e letramento, para que o indivíduo seja consi-
derado letrado, deve fazer uso de diferentes materiais escritos e compreendê-los, tornando
possível a sua inserção no âmbito social. Por conseguinte, o ato de ler amplia-se e passa
a compreender um conjunto de habilidades que vão da simples decodificação de palavras
escritas até a atribuição de sentido, ou sentidos, que as palavras podem assumir, de acordo
com as situações de interação verbal.
Entender a alfabetização em um sentido relacionado tão somente à aquisição do
código, dissociada do letramento, impõe uma restrição às questões da leitura e da escrita,
UNIDADE II Fonética 47
relegando os aspectos extraescolares que efetivam a importância do uso adequado da lín-
gua, seja em situações de escrita, seja em manifestações orais. Conceber, essencialmente,
que as questões do letramento não estão limitadas aos muros escolares é importante para
se buscar uma efetiva mudança na cultura escolar de alfabetização. [...]
Os resultados deste estudo permitem-nos dizer que as principais dificuldades
relacionadas ao ensino de língua materna, de acordo com os dados analisados, dizem
respeito: à heterogeneidade das fases de alfabetização; a como corrigir os textos produ-
zidos pela criança; a como ensinar a leitura, a produção de texto e a ortografia; além de
como trabalhar com a oralidade no Ensino Fundamental I. Nesse sentido, os professores
pesquisados destacaram vários temas sobre os quais têm interesse de aprofundamento:
produção textual, alfabetização e letramento, análise linguística e normatividade, reescrita
e avaliação de textos e leitura e interpretação textual.
Dessa forma, o processo de formação continuada de professores pode constituir-se
num significativo momento para que se devolva a palavra aos sujeitos, a fim de que, num
processo dialógico, tornem-se responsáveis por sua formação, enfatizando o seu contexto
de trabalho, já que o conhecimento da língua materna é fundamental para que o docente
dos anos iniciais do Ensino Fundamental possa exercer com maestria a sua função de en-
sinar as crianças a lerem e a produzirem textos, pois é relevante perceber que o uso efetivo
da linguagem abre possibilidades para atuarmos sobre nossos interlocutores, persuadi-los,
encantá-los, etc.
Por meio dos dados apresentados é possível inferir que o professor trava uma luta
diária entre a situação ideal para o ensino de língua materna e o contexto de sua sala de aula.
As dificuldades que mencionam são reflexo de uma realidade complexa: formação inicial
deficiente que não os preparou para a reflexão sobre oralidade, variação linguística, ensino
de leitura e de produção textual; salas com muitos alunos, material didático muitas vezes
ruim, problemas relacionados à indisciplina, dentre outros fatores. Ouvir o professor, trazer
à tona as suas dificuldades e as suas necessidades formativas com relação ao ensino de
língua materna pode contribuir para a mudança, para o desvelamento de novas práticas de
ensino de língua materna que certamente demandarão um professor com mais autonomia
para planejar as unidades de ensino, escolher materiais didáticos, a fim de poder trabalhar
com alfabetização e letramento como prática social.
Este é um artigo de Acesso Aberto distribuído sob os termos da Licença de Atribuição Creative Commons,
que permite uso, distribuição e reprodução irrestritos em qualquer meio, desde que o trabalho original seja
devidamente citado.
UNIDADE II Fonética 48
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Como Falam os Brasileiros
Autores: Yonne Leite e Dinah Callou
Editora: Zahar
Sinopse: O livro discute a unidade do Português falado no Brasil e
sua diversidade, apresentando características dos falares carioca,
gaúcho, paulista, baiano e pernambucano. É um estudo sério e
reconhecido no meio acadêmico.
FILME/VÍDEO
Título: Jornal Hoje - Sotaques do Brasil: os jeitos diferentes de
falar do brasileiro.
Ano: 2014
Sinopse: Ainda para divulgar o Atlas Linguístico do Brasil, lança-
do em 2014, pela Editora da Universidade Estadual de Londrina
(EDUEL), esse vídeo do Jornal Hoje apresenta as diferenças de
uso dos pronomes “tu” e “você” em algumas capitais brasileiras.
Além disso, mostra jeitos específicos do mineiro e do cuiabano
pronunciarem as palavras.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=HwHfkuRCflc&list=PL8tgKAD-
g9iMdSnZOo4GI22sq1ch-fNESh
UNIDADE II Fonética 49
UNIDADE III
Fonologia
Professor Esp. Sérgio Aparecido Carneiro
Plano de Estudo:
A Fonologia sob a perspectiva do Estruturalismo e do Gerativismo;
● Conceitos fundamentais: dos fonemas aos traços distintivos no Português Brasileiro;
● A transcrição e a análise fonológica.
Objetivos de Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar Estruturalismo e Gerativismo;
● Conceituar fonema.
● Compreender traços distintivos em análise fonológica;
● Diferenciar transcrição fonética de transcrição fonológica.
50
INTRODUÇÃO
Caro (o) aluno (a), você está diante de uma unidade muito importante do nosso
estudo. Vou lhe propor uma série de reflexões linguísticas que vão ampliar seu repertório
de conhecimentos sobre o Português do Brasil.
No primeiro tópico, “A Fonologia sob a perspectiva do Estruturalismo e do Gerativis-
mo”, você terá uma perspectiva teórica que orientará seu estudo nesta unidade e, também,
trata-se de um conteúdo para nortear futuras pesquisas, que eventualmente você tenha
interesse. Você verá a discussão da importância dos traços distintivos para os estudos
linguísticos.
No segundo tópico, “Conceitos fundamentais: dos fonemas aos traços distintivos
no Português Brasileiro”, você terá uma rica discussão de conceitos e traços distintivos do
nosso idioma. Apresento conceitos, fenômenos linguísticos, traços distintivos, transcrições
fonéticas e fonológicas quando houver necessidade para o melhor entendimento do con-
teúdo.
E, no último tópico, “A transcrição e a análise fonológica”, fechamos alguns deta-
lhes da transcrição fonológica sempre comparada à transcrição fonética, para você poder
compreender fatos importantes do Português do Brasil. Na análise fonológica, você verá
uma série de processos fonológicos de nosso idioma numa perspectiva do Gerativismo.
Será um novo olhar sobre fatos da língua já vivenciados por você no cotidiano.
Sugiro que faça seu estudo com calma e atenção. Procurei ao máximo facilitar a
linguagem sem perder a riqueza das discussões linguísticas. Nada aqui é para ser me-
morizado, mas sim compreendido. À medida que for avançando no estudo desta unidade,
permita-se voltar a informações das páginas anteriores quando sentir necessidade. Bom
trabalho!
[...] mesmo sem nos darmos conta, existe um contrato (acordo) estabelecido
entre os falantes de uma comunidade linguística e é ele que controla a varia-
ção de nossa fala. Esse acordo é a nossa língua. E, de certa forma, é des-
se acordo que trata a fonologia” (SEARA; NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO,
2011, p. 67).
Roman Jakobson deu uma contribuição importante para a Fonologia. Ele reviu o
conceito de fonema e o ampliou:
Foi ele quem definiu o fonema como um ‘feixe de traços distintivos’, com base
na ideia de que o fonema era divisível em unidades menores. A partir de en-
tão o fonema passou a ser visto pelos seguidores da escola de Praga como
a soma das particularidades fonologicamente pertinentes que uma unidade
fônica comporta. Nesse novo conceito de fonema, em termos mais abstratos
e menos físicos, salientava-se o papel funcional que o elemento fônico de-
sempenha na língua (CALLOU; LEITE, 2009, p. 36).
Callou e Leite (2009, p.37) ainda assinalam que os fonemas não se manifestam
sempre da mesma forma fonética, pode haver variações. E à fonética interessa todos os
traços da manifestação do fonema, mas só os traços distintivos interessam à Fonologia.
Em uma análise fonêmica, deve-se ter um inventário fonético (que lista todas
as vogais e consoantes da língua) e um inventário fonêmico (que lista os
fonemas, alofones e informações complementares da língua a ser descrita,
como por exemplo, considerações sobre a estrutura silábica ou suprasseg-
mental). A unidade mínima da análise fonêmica é o fonema. Pares mínimos
caracterizam a oposição entre os fonemas. Alofones caracterizam a varia-
ção expressa pela distribuição complementar (CRISTÓFARO SILVA, 2003,
p. 188).
2.1 Os Fonemas
As palavras “cato” e “gato” podem ser usadas como mais um exemplo: / ‘kato /
e / ‘gato /. Observe que os únicos sons diferentes são / k / e / g / e eles são capazes de
distinguir significado, por isso são classificados como fonemas diferentes. Por outro lado,
nas variantes [ ‘katʊ ] - [ ‘kato], ocorreram apenas duas possibilidades de pronúncia da
2.2 Os Alofones
Cristófaro Silva (2003, p. 128) lista alguns sons foneticamente semelhantes que
podem resultar em pares mínimos de fonemas:
a. um som vozeado e seu correspondente desvozeado.
b. uma Oclusiva e as fricativas e africadas com ponto de articulação idêntico
ou muito próximo.
c. as fricativas com ponto de articulação muito próximo.
d. as nasais entre si.
e. as laterais entre si.
f. as vibrantes entre si.
g. as laterais, vibrantes e o tepe.
h. sons com propriedades articulatórias muito próximas.
i. as vogais que se distinguem por apenas uma propriedade articulatória. As-
sim, [e, ɛ] constituem um par suspeito porque estas vogais diferem apenas
quanto a uma propriedade articulatória (referente à altura). Por outro lado,
[i,u] não representam pares suspeitos uma vez que estes segmentos diferem
quanto à anteriorização/posteriorização e arredondamento/não-arredonda-
mento.
Seara, Nunes e Lazzarato-Volção (2011, p. 84) explicam como é feita a análise dos
traços fonológicos, segundo o Gerativismo de Chomsky e Halle:
Processos fonológicos aplicam-se sobre as classes naturais formando regras
mais abrangentes do que aquelas aplicadas sobre propriedades individuais.
A complexidade da notação dependerá da complexidade do fenômeno ana-
lisado. Essas propriedades, quer sejam comuns ou individuais, devem ser
escritas entre colchetes com as valências [+ ou -] antes da propriedade.
Por exemplo, [ b ] receberia o traço [+ vozeado], enquanto [ p ], [- vo-
zeado] (grifo nosso).
Recuado ou posterior: os sons [+rec] têm a língua voltada mais para trás se com-
parados à posição neutra da língua. São as vogais centrais e posteriores [ a, ɐ, ɔ, o, u, ʊ ],
semivogal [ w ] e consoantes velares [ k, g, r ], esse último referente ao “r” forte. Os demais
sons classificam-se como [-rec].
Vejamos agora os traços relacionados à cavidade. Esses traços são próprios das
consoantes:
Anterior: Demarca os segmentos realizados com uma obstrução no trato oral
localizada na região anterior à região alvéolo-palatal. São anteriores [+ant] as
consoantes labiais, dentais e alveolares; são não-anteriores [-ant] as alvéolo-
-palatais, palatais, velares, uvulares e faringais.
Coronal: Define os sons produzidos com o ápice ou lâmina da língua eleva-
da a uma posição acima da observada na posição neutra, mais especifica-
mente na região atrás dos incisivos superiores, entre a arcada alveolar e o
palato duro. Os sons assim produzidos são coronais [+cor] e constituem-se
nas consoantes dentais, alveolares, alvéolo-palatais, retroflexas. As demais
consoantes são não coronais [-cor] (Ibidem, p. 87-88)
Nasal: Os sons produzidos com o véu palatino abaixado, com o ar passando pela
boca e pelas cavidades nasais serão [+nas]. Os sons produzidos com o véu palatino levan-
tado e o ar passando só pela boca serão os [-nas].
O “r” forte / aparece entre vogais, na grafia o “r” é dobrado, como em “morro”,
“amarrar”, “arroz”, “sorrir”. Ocorre também em início de palavra, como em “remédio”, “raça”,
“rio”, “ruído”. Além disso, pode aparecer seguindo uma consoante e formando uma nova
sílaba, como em “honra”, “enredo”, “genro”, “israelita”. O quadro apresenta para esse fo-
nema, algumas realizações possíveis, como a do Rio de Janeiro [ h ], de Belo Horizonte [
X ], onde o som é mais suave do que o do Rio de Janeiro e é apresentada também uma
variante caipira [ ɹ ].
A seguir aparece um quadro com alguns símbolos que serão usados nesta unidade.
Você poderá voltar a esse quadro, sempre que precisar dele.
Então, as vogais / e /, / o / que são finais e não acentuadas (são átonas) tornaram-se
[ i ] e [ u ]. Esse processo já foi bem estudado nesta unidade. Mas entenda a descrição da
regra. Iniciemos pelo traço [-baixo]. As vogais [ i ] e [ u ] são consideradas vogais [+alto],
porque a língua se eleva para sua produção. Considerando esse traço, / e /, / o / são vogais
[-alto] que, em final átono, podem se tornarem altas, como ocorreu com as palavras “leque”
e “bolo”.
Agora, entenda um outro traço: as vogais / e /, / o / tem o traço [-baixo]. As vogais
com o traço [+baixo] são as que a língua fica numa posição mais rebaixada do que aquela
da posição de repouso. São as vogais abertas: / ɛ / e / ɔ /. Cuidado para evitar confusão
de conceitos aqui. As vogais / e /, / o / tem menos desse traço de ficarem com língua bem
rebaixada na produção como ocorre com as vogais abertas. Por isso se diz que / e /, / o /
tem o traço [-baixo].
A vogal / e / é [-rec] porque a língua vai para frente num movimento horizontal,
durante a sua produção. Já a vogal / o / é [+rec] porque num movimento horizontal a língua
se movimenta para trás. E, quanto ao traço [-acento], existe nessa situação porque se trata
de vogais sem acento tônico, ambas são átonas.
Entendendo tudo isso, veja como a demonstração gerativa dos traços iniciais e a
transformação deles ficam acessíveis. Vogais com os traço em questão à esquerda ( / e /,
“Leitura da Regra: Uma vogal é nasalizada diante de uma consoante nasal. Isso
pode ocorrer quando a vogal é seguida por uma consoante nasal na sílaba seguinte. Ex.ca-
ma – [ kɐ͂mɐ ]” (SEARA; NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p.113).
Então, uma vogal torna-se [+nas], quando está seguida de uma consoante [+nas].
A consoante nasal pode estar na sílaba seguinte, como em “vinho”: vi-nho [ ‘vĩɲʊ ].
Além disso, pode ocorrer também de a consoante [+nas] estar na mesma sílaba, como em
“bomba”: bom-ba [ ‘bõbɐ ].
Labialização - Regra V:
“Leitura da Regra: Essa regra estabelece que uma consoante [+ant, +cor,+alt,
-voz] adquire o traço [+voz] em final de sílaba ou palavra, quando estiver diante de uma
consoante [+voz]. Ex. me[ s ]mo → me[ z ]mo.”
(Ibidem, p.114-115).
O fonema / s / desvozeado, diante do fonema / m / vozeado, pode ser pronunciado
como vozeado também.
“Leitura da Regra: Essa regra diz que haverá a inserção de um segmento [-sil,
-cons, +alto, -post, -arr] [ j ] quando uma consoante [+cor, +estr] em posição final de sílaba
for antecedida por uma vogal acentuada. Ex. três → trê[ j ]s.”
(Ibidem, p.115).
Para a semivogal em questão, tenho usado neste material o símbolo [ y ] no lugar
de [ j ]. A consoante [ s ] antecedida por uma vogal tônica permitiu a pronúncia com inserção
de uma semivogal. O mesmo pode ocorrer com palavras como “mas”, “vez”, “pôs”, etc..
Lembre que as vogais com o traço [+baixo] são aquelas com uma posição abaixo
da posição neutra, são as vogais abertas, como [ a ], [ ɛ ], [ ɔ ]. Já as vogais com o traço
fonológico [-baixo] são as com posição mais elevada da língua. Em “peteca” e “remoto” as
vogais tônicas abertas [ ɛ ] e [ ɔ ] podem influenciar a realização das vogais anteriores a
elas, que são átonas pretônicas: [ pɛ ‘tɛkɐ ], [ xɛmɔtʊ ]. (É claro que a pronúncia fechada
dessas vogais pretônicas também ocorre no Português do Brasil). O mesmo fenômeno de
harmonia vocálica pode ser observado nos demais exemplos da citação acima.
Essa regra é fácil de entender, porque é muito comum na fala esse fenômeno de
haver uma crase de vogais em fronteira de palavras.
SAIBA MAIS
REFLITA
Caro(a) aluno(a), acredito que essa Unidade III tenha lhe trazido muita reflexão so-
bre o funcionamento fonológico e fonético também do Português do Brasil. Minha intenção
não é sugerir memorização, mas sim possibilitar a reflexão e o interesse por estudos sobre
os fones, fonemas e falares do nosso idioma. Você deve ter percebido que a sua percep-
ção sobre o funcionamento sonoro de nosso Português auxilia os estudos mais técnicos e
teóricos de fonologia e fonética.
Vimos como os estudos do Estruturalismo foram ampliados pela perspectiva do
Gerativismo. E é essa perspectiva que possibilita a análise fonológica hoje. Finalmente,
chegamos à análise dos traços distintivos e de processos fonológicos presentes no Portu-
guês do Brasil, que é o fundamental desta unidade de estudo.
Você viu como a transcrição fonética e fonológica têm suas diferenças e como
elas podem nos auxiliar, enquanto falantes de Língua Portuguesa, a entender melhor o
funcionamento específico da língua no nosso país. Temos características próprias, que
derivam das muitas influências que a Língua Portuguesa sofreu e tem sofrido no Brasil.
Há um processo de transformação dinâmico da língua. Começar a estudá-lo é um
privilégio, que deve mostrar como se trata de um campo de conhecimento vasto e instigante.
Essa unidade é densa de conteúdo e precisa ser revisitada, à medida que você for
avançando nos estudos deste curso. O conhecimento é gradativo. Você vai acrescentando
sempre mais possibilidades de compreensão. Quando mais o estudo for cuidadoso, acres-
cido de atividades e reflexões e de novos estudos, mais o conteúdo faz sentido. Faço votos
de que você tenha começado a pensar na organização sonora do Português Brasil e que
isso lhe provoque um olhar mais crítico. E que você saiba aproveitar as novas possibilidades
de conhecimento nessa área que lhe surgirão. Obrigado por ter me acompanhado até aqui.
Dialeto Caipira
A língua tupi, que era a língua habitual dos bandeirantes que ocuparam as regiões
onde se fala atualmente o dialeto caipira, não apresentava alguns sons habitais da língua
portuguesa, como os representados pelas letras f, l e r (de «rato», por exemplo).[4] Isso
influenciou o atual dialeto caipira brasileiro. Por exemplo: o dialeto caipira se caracteriza
pelo r retroflexo (como em «porta», «carta») e pela substituição do dígrafo «lh» por «i»,
como em «palha», «milho», que se leem «paia», «mio». Nos dois casos[carece de fontes], ocorreu
uma adaptação da fonética portuguesa à fonologia tupi.[5] Outro ponto em comum entre a
língua tupi e o dialeto caipira é ausência de diferenciação entre singular e plural: abá, em
tupi, pode significar tanto “homem” quanto “homens”[6] e o dialeto caipira usa tanto «a casa”
quanto “as casa”.
Características Fonéticas:
Desde a obra de Amaral, a fonética caipira é marcada por cinco principais traços
distintivos:[7]
1. O “R” caipira: O fonema /r/, em fim de sílaba ou em posição intervocálica,
assume as características formas aproximante alveolar [ɹ], retroflexo [ɻ].[8][9][10]
2. A rotacização do «L»: a permutação, em fim de sílaba, da aproximante late-
ral [l] pelo fonema /r/ (mil > mir, enxoval > enxovar, claro > craro, etc.). Esse
traço não é exclusivo do dialeto caipira, mas se faz presente de forma gradual
ao longo de todo o país, sendo menos comum na linguagem culta. Trata-se de
um fenômeno que já vinha ocorrendo na passagem do latim para o português
(ex: clavu > cravo).[11]
3. A iotização do «LH»: [ʎ] (<Falhou> [faˈjo]; <Mulher> [muˈjɛ]; <Alho> [ˈaju];
<Velho> [vɛˈju]; <Olhei> [oˈjej], etc.). Da mesma forma que a rotacização do L,
esse traço existe ao longo do país todo, sendo mais uma marca social do que
regional.[12]
4. A apócope da consoante /r/ na terminação dos verbos no infinitivo[13] (<Brincar>
[bɾĩˈka]; <Olhar> [oˈja]; <Comer> [koˈme]; <Chorar>: [ʃoˈɾa]; etc.).
[...]
Texto de domínio público. Não editado pelo autor deste material.
LIVRO
Título: Fonética e Fonologia do português brasileiro
Autores: Izabel Christine Seara, Vanessa Gonzaga e Cristiane
Lazzaroto-Volcão
Editora: Contexto
Sinopse: O livro traz os principais conceitos de Fonética e Fonolo-
gia do Português do Brasil. As autoras são professoras que procu-
ram uma linguagem atualizada e acessível dos fatos linguísticos. A
coleção “Para Conhecer” procura introduzir assuntos importantes
de maneira a serem mais facilmente compreendidos, através de
atividades práticas.
FILME/VÍDEO
Título: Jornal Hoje
Sotaques do Brasil mostra como os brasileiros pronunciam
Ano: 2014
Sinopse: Para divulgar o Atlas Linguístico do Brasil, lançado em
2014, pela Editora da Universidade Estadual de Londrina (EDUEL),
num esforço de pesquisadores de várias universidades brasileiras,
o Jornal Hoje fez uma série de vídeos. O Atlas investigou sotaques
e usos linguísticos variados nas capitais brasileiras.
O vídeo em questão mostra as diferenças de pronúncia das vogais
átonas [ e ] e [ o ]. São cenas divertidas de várias cidades do Brasil
e falas de moradores locais com suas pronúncias típicas, além
de apontamentos instrutivos de pesquisadores sobre os diversos
falares de brasileiros.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=sJAGpU3uQaM&t=23s
Plano de Estudo:
● ALFABETIZAÇÃO E EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA
● ESTRATÉGIAS DE ENSINO
● VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E PRECONCEITO LINGUÍSTICO
Objetivos de Aprendizagem:
● Compreender o que é fundamental em alfabetização;
● Pensar no como se aplicam conhecimentos fonéticos e fonológicos na alfabetização;
● Refletir sobre práticas de educação linguística;
● Analisar a importância do letramento;
● Pensar em práticas de alfabetização e letramento;
● Discorrer sobre os tipos de variações linguísticas;
● Analisar o letramento como alternativa ao ensino tradicional de gramática normativa;
● Refletir sobre o preconceito linguístico.
76
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), nesta última unidade do nosso estudo, você vai analisar comigo
aspectos importantes do processo de alfabetização e de letramento. No primeiro tópico “Al-
fabetização e Educação Linguística”, você vai refletir comigo o status da alfabetização no
Brasil e pensar em práticas de sucesso. A grande crítica que se faz hoje aos muitos casos
de fracasso escolar na alfabetização se dá principalmente pela falta de sistematização do
processo. Vamos pensar sobre isso e sugerir estratégias de educação linguística que têm
funcionado. O uso de bons textos como elementos desencadeadores de todo o trabalho
será uma das discussões feitas. E práticas de letramento serão apresentadas como proces-
sos simultâneos à alfabetização e ao mesmo tempo facilitadores dela.
No segundo tópico “Estratégias de Ensino”, você será convidado a pensar comigo
no processo de alfabetização e letramento, na prática. Levanto discussões importantes so-
bre como todo o processo de alfabetização e letramento deve ser sistematizado e dinâmico.
Apresento a você uma série de práticas e atividades para implementar o trabalho. Meu
objetivo é levar você a começar a pensar no como dinâmicas de alfabetização e letramento
podem surtir efeito.
No último tópico “Variação Linguística e Preconceito Linguístico”, você vai pensar
no processo dinâmico de evolução e modificação do Português do Brasil. Você vai analisar
como a ideia de que a língua é homogênea atrapalha o ensino de língua materna e favorece
a geração do preconceito linguístico. Vamos pensar nos dialetos usados, em um país con-
tinental como o nosso, e no como a língua é heterogênea. Da mesma forma que a cultura
brasileira é heterogênea, os dialetos do Brasil também são. Levo você a pensar no como o
preconceito linguístico deve ser evitado. Por fim, sugiro práticas de letramento como alter-
nativa ao ensino tradicional de gramática. E mostro como essa nova postura educacional
pode ampliar o repertório linguístico do aluno e fazer o ensino de língua materna algo mais
significativo e funcional.
Soares (2018, p. 23) destaca que esse processo passa por duas questões funda-
mentais: a primeira é a descrição do sistema ortográfico da língua portuguesa e a segunda
é o entendimento dos processos cognitivos que as crianças utilizam para vencerem dificul-
dades na aquisição da escrita e da leitura.
Por outro lado, também não é eficiente a alfabetização aos moldes tradicionais, que
privilegia o ensino sistemático das relações entre os sons do idioma e sua transposição
para a linguagem escrita, deixando em segundo plano as boas práticas de letramento, de
leitura de bons textos, de compreensão dos usos sociais da língua escrita.
Esse tipo de texto artificial e mal construído oferece às crianças modelos totalmente
inadequados. Por outro lado, os textos escolhidos precisam ser aqueles que circulam na
Além disso, a produção de texto dos alunos deve acontecer desde o início do pro-
cesso de alfabetização, mesmo quando ainda não sabem escrever. Ainda não escrevem,
mas já rabiscam, fazem de conta que escrevem, copiam letras, inventam letras, criam suas
hipóteses de escrita que vão sendo aperfeiçoados com auxílio do professor e o desenrolar
da alfabetização e do letramento. E o professor, apoiado nas teorias que embasam sua
prática, vai auxiliar o aluno com suas hipóteses de escrita. Isso ocorre desde os primeiros
rabiscos até a compreensão de que as palavras simbolizam as coisas e os sons que as le-
tras representam formam as palavras, como salienta Moreira (2009, p.359): “ [...] o percurso
da aquisição da escrita inicia-se com a ausência de relação grafofônica, passando por uma
série de etapas cíclicas de relações som/letra, até atingirem as relações ortográficas, cuja
dependência som/grafia é superada.”.
Muitas atividades escolares auxiliam o aluno a adquirir esse novo dialeto (sem
desprezar o que foi trazido de casa): a escrita constante, a revisão do que se escreveu
junto com o professor e a refacção do que se tinha escrito. Além disso, a leitura de bons
textos, juntamente com possibilidades extraescolares como ver televisão, é imprescindível
na aquisição desse novo dialeto. Já para as crianças que trazem de casa uma variedade
linguística mais próxima da língua padrão, a pronúncia das palavras já será mais parecida
com a língua culta, e essa dificuldade será menor.
Nessa mesma direção, há ainda muitas atividades. Lembro que a mediação do pro-
fessor é bem importante. O alfabeto móvel, por exemplo, pode servir a uma série de jogos
e brincadeiras, formando sílabas e palavras. E tantas outras possibilidades dinamizam o
processo e desenvolvem competências úteis à alfabetização: achar o crachá do colegas;
atividades que partem da leitura de um texto; brincadeira de bingo com sílabas ou nomes
dos colegas de sala; partindo de um nome de colega colocado no quadro, trabalhar com
letras, sílabas, rimas; várias brincadeiras com palavras que começam com uma letra, um
som ou uma sílaba, como nomes de frutas, animais, comidas, etc.; cadeia de ideias, uma
palavra levando à outra (por exemplo, “Carro lembra o quê?”, alguém pode dizer “viagem” e
se pergunta novamente “ viagem lembra o quê?”...); brincar de dividir palavras em sílabas no
quadro; brincar de falar a palavra depois de o professor ou algum colega ditar as sílabas...
Essas e muitas outras possibilidades podem ser motivo para desenvolver a consciência
fonológica e ampliar o entendimento do sistema ortográfico da língua e trabalhar inclusive
a pronúncia de palavras com dicções bem elaboradas (sempre respeitando a variação
linguística do aluno e seus detalhes fonéticos).
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=TZfMFWVz2IY
Acesso em: 20 de fev. de 2020.
REFLITA
“Vamos travar uma gloriosa luta contra o analfabetismo, a pobreza e o terrorismo. Va-
mos pegar nossos livros e nossas canetas, pois são as armas mais poderosas. Uma
criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A educação é a
única solução.”
Chegando ao final desta unidade, espero que as muitas reflexões que fizemos
tenham despertado você para o estudo das relações entre o conhecimento linguístico e a
eficiência do trabalho com alfabetização e letramento. As reflexões que você fez sobre os
fonemas da língua portuguesa e toda a variação fonética sofrida no Português do Brasil
são um instrumental para compreender melhor as relações entre os sons e o nosso sistema
ortográfico. Esse conhecimento todo é precioso na hora de sistematizar o processo de
alfabetização e letramento.
Em relação às estratégias de ensino, eu espero que tenha ficado bem evidente a
importância de se partir sempre de um bom texto para todo trabalho desenvolvido em sala
de aula ou falar dela. Outra questão tão importante quanto essa primeira é criar situações
reais de interlocução na hora de produzir gêneros textuais com os alunos. Por exemplo,
se o interesse é cuidar da limpeza da escola, vão ser feitas leituras, assistir a vídeos, fazer
debates, observar a sujeira na escola, tirar fotos, fazer produções textuais etc. E todo o
material produzido deve, de alguma forma, chegar até a comunidade escolar, por meios im-
pressos ou digitais ou ainda em algum tipo de reunião ou manifestação que possa ocorrer.
Quanto à variação linguística, quanto aos muitos dialetos existentes em um país
grande como nosso, com múltiplas influências linguísticas dependendo da região, você
deve ter percebido que a heterogeneidade da língua é um fato. Saber respeitar a lingua-
gem do outro e exigir respeito para com o nosso dialeto é sinal de civilidade e tolerância
social. É da natureza da língua ser diversa, mudar-se constantemente. Aos que dizem que
estamos assassinando a língua portuguesa, falta-lhes conhecimento e tolerância social. E,
em última análise, a escola precisa auxiliar o aluno a ampliar o seu repertório linguístico,
digital, literário... Obrigado por ter chegado comigo até aqui!
Letramento digital
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
LIVRO
Título: Alfabetização e Letramento
Autor: Magda Soares
Editora: Contexto
Sinopse: O livro é uma coletânea de artigos que a autora foi
produzindo ao longo de seus estudos e práticas educacionais.
Trata-se da sétima edição, de 2018. A autora aproveita discussões
aprofundadas sobre alfabetização e letramento e abre espaços
para atualizar essas discussões frente ao cenário atual da edu-
cação no Brasil. É um percurso histórico e atual. É uma obra de
leitura imprescindível.
FILME/VÍDEO
Título: Alfabetização na prática: professoras compartilham suas
experiências no Ceará e Minas Gerais
Ano: 2019
Sinopse: O Congresso Nacional de Jornalismo e Educação (Jedu-
ca 2019) traz duas experiências com alfabetização e letramento.
São experiências de sucesso educacional. São apresentados
os trabalhos de Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo
Horizonte, e do Município de Sobral, no Ceará. São experiências
diferentes, mas ambas deveriam levar o Brasil todo a repensar os
caminhos da alfabetização e do letramento.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=KusGZJ367qM
BAGNO, Marcos; RANGEL, Egon de Oliveira. Tarefas da educação linguística no Brasil. Revista
Brasileira de Linguística Aplicada, v. 5, n. 1, 2005, p. 63-81.Disponível em: https://edisciplinas.
usp.br/pluginfile.php/4533678/mod_label/intro/BAGNO_RANGEL_TarefasDaEducacaoLinguistica-
NoBrasil.pdf . Acesso em: 20 de fev. de 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 02 de fev. de 2020.
CALLOU, Dinah; LEITE, Yonne. Iniciação à fonética e à fonologia. 11ª ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed., 2009. Disponível em: https://www.academia.edu/9120393/Inicia%C3%A7%C3%A3o_%-
C3%A0_Fon%C3%A9tica_e_%C3%A0_Fonologia_-_CALLOU_e_LEITE. Acesso em: 26 de fev.
2020.
CALLOU, Dinah; YONNE, Leite. Iniciação à fonética e à fonologia. 11 ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed., 2009. Disponível em: https://www.academia.edu/9120393/Inicia%C3%A7%C3%A3o_%-
C3%A0_Fon%C3%A9tica_e_%C3%A0_Fonologia_-_CALLOU_e_LEITE. Acesso em: 26 de fev.
2020.
CARBONARI;JOKURA. Sotaques do Brasil: como a geografia molda nosso jeito de falar. Revista
Superinteressante, 25 de jul. de 2018. Disponível em: https://super.abril.com.br/cultura/sotaques-
-do-brasil/. Acesso em: 10 de março de 2020.
CARDOSO, Suzana Alice Marcelino da Silva et al.. Atlas Linguístico do Brasil – Cartas Linguística
1. Londrina, Eduel, 2014. V 2.
CHOMSKY, Noam; HALLE, Morris. The sound pattern of english. New York: Harper and Row, 1968.
CUNHA, Raquel Basílio. A relação significante e significado em Saussure. ReVEL. Edição es-
pecial n. 2, 2008. Disponível em: http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_esp_2_a_relacao_signifi-
cante_e_significado_em_saussure.pdf. Acesso em: 20 de fev. de 2020.
DIALETO CAIPIRA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2019.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Dialeto_caipira&oldid=56829188. Acesso
em: 10 de fev. de 2020.
JORNAL HOJE. Sotaques do Brasil desvenda as diferentes formas de falar do brasileiro. Rio de Ja-
neiro: Rede Globo, 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WwP_b48TpgE&t=1s.
Acesso em: 15 de fev. de 2020.
__________. Sotaques do Brasil: o maior número de pessoas disputam o falar do brasileiro. Rio
de Janeiro: Rede Globo, 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=flOhPXEPW9c.
Acesso em: 18 de fev. de 2020.
JORNAL HOJE. Sotaques do Brasil: primeira parte. Rio de Janeiro: Rede Globo, 2014. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=Riesu0ByqWQ. Acesso em: 16 de fev. de 2020.
___________. Sotaques do Brasil: os jeitos diferentes de falar do brasileiro. Rio de Janeiro: Rede
Globo, 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HwHfkuRCflc&list=PL8tgKAD-
g9iMdSnZOo4GI22sq1ch-fNESh . Acesso em: 16 de fev. de 2020.
JORNAL HOJE. Sotaques do Brasil: Sotaques do Brasil mostra como os brasileiros pronunciam.
Rio de Janeiro: Rede Globo, 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sJAGpU3u-
QaM&t=23s. Acesso em: 30 de fev. de 2020.
LETRAMENTO DIGITAL. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2020.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Letramento_digital&oldid=57932127.
Acesso em: 31 mar. 2020.
MOREIRA, Cláudia Martins. Os estágios de aprendizagem da escrita pela criança: uma nova leitura
para um antigo tema. Linguagem em (Dis)curso, Palhoça, SC, v. 9, n. 2, p. 359-385, maio/ago.
2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ld/v9n2/07.pdf. Acesso em: 20 de Mar. de 2020.
PARISOTTO, Ana Luísa Videira; RINALDI, Renata Portela. Ensino de língua materna: dificuldades e
necessidades formativas apontadas por professores na Educação Fundamental. Educar em Revis-
ta, Curitiba, v. 60, abr./jun. de 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art-
text&pid=S0104-40602016000200261. Acesso em 29 de fev. de 2020.
RODRIGUES, Rômulo da Silva Vargas. Saussure e a definição da língua como objeto de es-
tudos. ReVEL. Edição especial n. 2, 2008. Disponível em: http://www.revel.inf.br/files/artigos/re-
vel_esp_2_saussure_e_a_definicao_de_lingua.pdf. Acesso em: Acesso em: 15 de fev. de 2020.