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ÍNDICE
2. ENQUADRAMENTO DA UNIDADE
CURRICULAR
Adisciplina de Bases de Análise Gramatical I faz parte do Plano Curricular da Licenciatura em Ensino
da Língua Portuguesa da Faculdade de Educação, Artes e Humanidades da Universidade Nacional Timor
Lorosa’e.
Esta unidade curricular visa apresentar alguns dos conceitos básicos e das categorias mais
relevantes na análise gramatical do Português.
3. OBJETIVOS GERAIS
4. PROGRAMA
GRAMÁTICA DA PALAVRA
5. BIBLIOGRAFIA
Bibliografia
AMORIM, Clara e SOUSA, Catarina (2013) – Gramática da Língua Portuguesa. Porto: Areal Editores.
ARRUDA, Lígia (2012) – Gramática de português língua não materna. Porto: Porto Editora.
AZEREDO, M. Olga; M. Isabel Freitas M. PINTO e M. Carmo Azeredo LOPES (2013) – Gramática Prática
de Português – 3.ºciclo de EB e secundário. Lisboa: Raiz Editora.
CASTELEIRO, J. Malaca (Coord.) (2001). Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. Lisboa,
Academia das Ciências e Editorial Verbo.
CUNHA, Celso e Lindley CINTRA (2006) – Nova Gramática do Português Contemporâneo (18ª ed.).
Lisboa: Ed. Sá da Costa.
COIMBRA, Olga Mata e Isabel COIMBRA (2001) – Gramática Activa 1 (3ª ed.). Lisboa – Porto – Coimbra:
Lidel – Edições Técnicas.
GOMES, Álvaro (2008) – Gramática Pedagógica e Cultural da Língua Portuguesa, 3º Ciclo do Ensino
Básico e Ensino Secundário. Porto: Porto Editora.
MATEUS, M. Helena Mira et al. (1989) – Gramática da Língua Portuguesa. 2ª edição revista e
aumentada. Lisboa: Ed. Caminho
MATOS, João Carlos (2010) – Gramática Moderna da Língua Portuguesa. Lisboa: Escolar Editora
MOREIRA, Vasco e Hilário PIMENTA (2008) – Gramática de Português. Porto: Porto Editora
MOURA, José de Almeida (2009) – Gramática do Português Actual. Lisboa: Lisboa Editora
FROMKIN, Victoria e Robert RODMAN (1993) – Introdução à Linguagem. Coimbra: Livraria Almedina
Webgrafia
AA. – Ciberdúvidas da Língua Portuguesa [Em linha]. Disponível em http://www.ciberduvidas.com/
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DA CIÊNCIA. Direção-Geral da Educação ‐ Dicionário Terminológico [Em
linha]. Disponível em http://dt.dgidc.min-edu.pt/
PORTO EDITORA – Infopédia. Enciclopédia e dicionários Porto Editora [Em linha]. Disponível em
http://www.infopedia.pt/
INSTITUTO DE LINGUÍSTICA TEÓRICA E COMPUTACIONAL– Portal da Língua Portuguesa [Em linha].
Disponível emhttp://www.portaldalinguaportuguesa.org/
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 5
6. RECURSOS E MATERIAIS
MÓDULO I
– A PALAVRA E SUA CLASSIFICAÇÃO –
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 6
AS PALAVRAS E O MUNDO
1
Palavra: Item lexical pertencente a uma determinada classe, com um significado identificável ou com
uma função gramatical e com forma fonológica consistente, podendo admitir variação flexional.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 7
2
A sintaxe estuda as relações e as funções que as palavras contraem entre si numa frase.
3
Recursos lexicais: conjunto ilimitado e aberto de unidades significativas, designadas por lexemas
(palavras ou constituintes morfológicos portadores de significado).
4
Geralmente,a flexão manifesta-se através de processos morfológicos como a afixação, embora haja
instâncias de flexão que não envolvem afixação, como, por exemplo, a formação dos tempos compostos
dos verbos.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 8
Resumindo…
Critério de potencialidade de criação de novas unidades lexicais
Integram um número potencialmente ilimitado de palavras, que podem aumentar ou
Classes
alterar-se de acordo com a evolução da língua.
abertas
(ex.: nomes; adjetivos; verbos; advérbios; interjeições)
Classes Integram um número finito de palavras, a que raramente se juntam outras novas.
fechadas (ex.: pronomes; determinantes; quantificadores; preposições; conjunções)
Critério de variabilidade
Palavras Prototipicamente, admitem flexão (nomeadamente em género, número e/ou grau).
variáveis (ex.: nomes; determinantes; pronomes; adjetivos; verbos)
Palavras Integram um número finito de palavras, a que raramente se juntam outras novas.
invariáveis (ex.: interjeições; preposições; conjunções)
2. Classes de palavras
2.1. O nome
e festividades (ex.: Natal; Páscoa), títulos de periódicos (ex.: Timor Post), pontos
cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente (ex.: Norte; Oriente).
Escrevem-se sempre com letra maiúscula.
São nomes comuns os que não individualizam os seres, seja porque se aplicam a
qualquer referente que pertença a uma espécie (ex.: cão, colher, carta, animal), seja
porque designam uma abstração (ex.: amor, tristeza, justiça, alma).
São nomes contáveis os que estão sujeitos a uma quantificação, podendo, por isso,
coocorrer com quantificadores e assumir a forma do singular ou do plural (ex.: o
carro/os carros; uma árvore/cinco árvores).
Ex.:
(i) Este mês li o livro que me emprestaste.
(ii) Durante um ano, posso ler muitos livros.
São nomes não contáveis os que não permitem a divisão em indivíduos distintos,
assumindo, normalmente, a forma do singular. Não são flexionáveis em número e não
são utilizados com numerais (ex.: a água; o ouro; a esperança; o arroz)5.
Ex.:
(i) Bebi água assim que pude.
(ii) Recebi um anel de ouro.
(iii) É preciso manter a esperança.
(iv) Comprei um quilo de arroz.
(v) Bebeu uma garrafa de vinho.
Alguns coletivos:
5
Quando os nomes não contáveis são usados no plural significa que estão a referir qualidades (ex.: Neste
bolo usei dois açúcares – o branco e o amarelo) ou porções/medidas convencionadas (ex.: Pedimos duas
águas e três cafés ao empregado de mesa).
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 11
FLEXÃO EM GÉNERO
Género natural e género gramatical
Considere as frases:
As palavras menino e bolo têm, gramaticalmente, o género masculino; por sua vez,
menina, bola e criança têm como género gramatical o feminino. No entanto, enquanto
menino se refere a uma pessoa do sexo masculino e menina a uma pessoa do sexo
feminino e podemos dizer que em ambos os casos o género natural dado pelo sexo
coincide com o género gramatical, esta realidade não existe em bolo e bola: como se
diz no poema, “A bola não é mulher do bolo”.
O nome bola designa uma realidade com género gramatical feminino e bolo refere
outra realidade completamente diferente – é um outro nome e tem o género
gramatical masculino.
Por outro lado, no caso da criança, estamos face a uma palavra que tem como
género gramatical feminino, mas que pode designar um ser quer do sexo masculino
quer do sexo feminino, ou seja, cujo género natural pode ser o masculino ou o
feminino.
Geralmente, nos nomes que designam seres animados (pessoas e animais), o
género natural (que é dado pelo sexo) coincide com o género gramatical (ex.: o
menino, a menina);há, no entanto, casos em que isso não acontece, como quando os
nomes são uniformes quanto ao género (ex.: a criança, a gente), podendo, por isso,
designar tanto seres masculinos como femininos.
Nos nomes que designam seres inanimados, o género é imposto pela própria
língua de forma arbitrária (género gramatical), pelo que não há qualquer alteração de
género.
Formação do feminino
►Os nomes terminados em –o átono formam habitualmente o feminino substituindo
a terminação –o do masculino pela terminação –a (índice temático) do feminino, como
acontece, por exemplo, em:
(i) o menino → a menina
(ii) o aluno → a aluna
(iii) o coelho → a coelha
(iv) o gato → a gata
6
O feminino de imperador, como de embaixador, forma-se acrescentando –a quando se refere à mulher
que ocupa essa função (imperadora e embaixadora), ou substituindo por –triz quando se refere à esposa
da pessoa que ocupa essa função (imperatriz e embaixatriz).
7
No feminino, o acento desaparece porque deixa de ser necessário para marcar a sílaba tónica (a
palavra deixa de ser aguda e passa a ser grave).
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Normalmente esta situação verifica-se quando os nomes se apresentam no grau aumentativo (ver
adiante).
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 14
►Os nomes que designam pessoas ou animais podem formar o feminino a partir de
radicais diferentes (casos de variação lexical):
♦ Nomes epicenos: nomes que designam animais e cujo género natural é assinalado
através da palavra macho ou fêmea.
(i) a girafa-macho → a girafa-fêmea
(ii) a cobra-macho→ a cobra-fêmea
(iii) o tigre-macho→ o tigre-fêmea
(iv) o sapo-macho → o sapo-fêmea
(v) a avestruz-macho→ a avestruz-fêmea
(vi) a serpente-macho→ a serpente-fêmea
(vii) o golfinho-macho → o golfinho-fêmea
♦Nomes sobrecomuns: nomes que designam pessoas sem identificar o seu género
natural, não apresentando qualquer contraste de género, nem sequer no
determinante.
(i) o cônjuge
(ii) a vítima
9
Atualmente, usa-se também a forma poeta.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 15
(iii) a criatura
(iv) a criança
(v) o indivíduo
(vi) a pessoa
(vii) a testemunha
(viii) o carrasco
♦ Nomes comuns de dois: nomes que possuem uma forma comum aos dois géneros,
sendo o género assinalado apenas pelos determinantes que os acompanham.
(i) o/a artista
(ii) o/a colega
(iii) o/a intérprete
(iv) o/a vigarista
(v) o/a jovem
(vi) o/a cliente
(vii) o/a gerente
(viii) o/a mártir
FLEXÃO EM GRAU
O nome pode encontrar-se no grau normal, no grau aumentativo e no diminutivo.
O uso do grau nos nomes pode apresentar duas finalidades comunicativas – dar uma
indicação relativa ao tamanho ou atribuir um valor apreciativo (positivo ou negativo) –,
que só ficam explícitas em contexto.
O grau aumentativo tem como significação o aumentodas características
designadas pelo nome, sendo muitas vezes usado com um valor pejorativo ou
depreciativo:
(i) casa → casarão
(ii) cabeça → cabeçorra
(iii) mulher → mulherona
(iv) homem → homenzarrão
(v) rico → ricaço
FLEXÃO EM NÚMERO
O nome singular designa um ser único ou um conjunto de seres considerados como
um todo. O singular dos nomes verifica-se pela ausência de afixo.
Repare nas palavras jogos, jogadores, equipas. Estes três nomes encontram-se no
plural; apresentam, portanto, flexão em número.
Formação do plural
► Regra geral, os nomes terminados em vogal (i) a (iv) ou ditongo diferente de -ão(v)
a (ix)formam o plural acrescentando o afixo flexional -s à forma do singular:
(i) escola → escolas
(ii) corte → cortes
(iii) sapato → sapatos
(iv) peru → perus
(v) pau → paus
(vi) pai → pais
(vii) boi → bois
(viii) chapéu → chapéus
(ix) mãe → mães
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Tal como acontece quando passa para o feminino, no plural o acento desaparece porque deixa de ser
necessário para marcar a sílaba tónica (a palavra deixa de ser aguda e passa a ser grave).
11
Há algumas exceções a esta regra: mal →males ou cônsul →cônsules.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 18
Atenção
► Existem alguns nomes terminados em –ão que permitem duas ou mais formas de
plural.
(i) aldeão → aldeões, aldeãos ou aldeães
(ii) guardião → guardiões ou guardiães
(iii) ancião → anciões, anciãos ou anciães
12
Todos os nomes que se encontram no grau aumentativo com o sufixo –ão formam o plural em –ões.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 19
Formas defetivas
► Há nomes que se empregam apenas no plural (também designados pluralia tanta):
Neste excerto Calvin utiliza vários nomes compostos, isto é, nomes constituídos
por dois ou mais elementos associados (radicais ou palavras):
chave-inglesa
guarda-chuva
paraquedas
♦ Os compostos morfológicos unidos, geralmente, com hífen, são formados por dois
ou mais radicais com o mesmo estatuto e flexionam no plural no final da palavra.
(i) luso-brasileiro → luso-brasileiros
(ii) afro-luso-brasileiro → afro-luso-brasileiros
13
As palavras têm o mesmo estatuto e idêntica contribuição para a interpretação semântica.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 21
Resumindo…
Pertence a uma classe aberta.
É dotado de capacidade referencial.
Serve para designar pessoas, animais, objetos, elementos da natureza, instituições,
lugares, conceitos, estados, qualidades, ações ou processos.
Pertence obrigatoriamente a uma categoria de género (masculino ou feminino).
Pode flexionar em género, número e grau.
Classificação
próprios
Nomes
FLEXÃO EM GÉNERO
NOMES VARIÁVEIS
NOMES INVARIÁVEIS ou UNIFORMES
(apenas entidades animadas)
Regra -o -a; consoante + -a Epicenos: referentes a animais.
–tor -tora / -triz A informação de género natural é dada pelo uso de -
–dor -dora / -triz / -deira macho e -fêmea.
particulares
FLEXÃO EM GRAU
Normal
Aumentativo aumento(objetivo ou subjetivo)do tamanho normal do referente
Diminutivo diminuição do tamanho normal do referente; valor afetivo
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 22
FLEXÃO EM NÚMERO
NOMES VARIÁVEIS NOMES INVARIÁVEIS ou UNIFORMES
Regra vogal + -s
Nomes graves terminados em -s
consoante + -es
-m -ns
Nomes terminados em -x
-il (se tónico) -is
Pluralia tanta (formas defetivas)
-il (se átono) -eis
NOMES COMPOSTOS
-l -is compostos morfológicos ou morfossintáticos sem
Casos particulares
2.2. O adjetivo
14
Primeiro, segundo, terceiro...
15
Timor-Leste foi o oitavo país a aderir à CPLP mas * Timor-Leste foi o país oitavo a aderir à CPLP.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 24
16
Assume valor restritivo na medida em que pode ser substituído por uma oração subordinada relativa
restritiva: o rapaz pobre = o rapaz que é pobre.
17
Evidentemente, as regras aqui apresentadas não se aplicam ao texto literário.
18
Veja o tópico relativo à flexão em grau.
19
Ao contrário dos adjetivos qualificativos, que por regra não o são (algumas exceções: monumental,
gigantesco, fabuloso).
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 25
FLEXÃO EM NÚMERO
O plural dos adjetivos, normalmente, segue a regra dos nomes (ex.: alto/altos;
feliz/felizes; são/sãos; saudável/saudáveis). Nos adjetivos compostos, em regra, só o
último recebe a terminação do plural, mas há exceções, como nos que se referem a
cores, quando o segundo elemento do composto é um nome.
Ex.:
(i) Serviços médico-sociais
(ii) Poesias galaico-portuguesas
(iii) Países ibero-americanos
Mas
(iv) Folhas verde-mar
(v) Céus azul-ferrete
Outros casos:
♦ os adjetivos terminados em –eu formam o feminino em –eia (i) e –ia (ii).
Ex.:
(i) ateu/ateia
(ii) judeu/judia
Os adjetivos uniformes não flexionam em género, ou seja, têm uma única forma
para o masculino e para o feminino. Estão neste caso os seguintes adjetivos:
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 27
♦ o adjetivo só;
♦ quase todos os terminados em –emudo;
Ex.:
(i) inteligente
(ii) contente
(iii) triste
(iv) leve
(v) doce
♦ muitos dos terminados em –a, no masculino, que podem ser tomados como
nomes;
Ex.:
(i) hipócrita
(ii) cosmopolita
(iii) agrícola
FLEXÃO EM GRAU
Os graus do adjetivo são o normal, o comparativo e o superlativo.
20
Há exceções a esta regra: andaluz/andaluza; espanhol/espanhola; bom/boa…
21
Palavras paroxítonas ou graves são as que apresentam acento tónico na penúltima sílaba.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 28
Mas há exceções23:
Os adjetivos terminados em –vel (i) e (ii), -z (iii) e (iv) ou –ão (v) (vi)
acrescentam –íssimo depois de transformar essas terminações em –bil (-
bilíssimo), -c (-císsimo) e –n (-níssimo), respetivamente.
22
Não se usam no superlativo absoluto sintético as palavras terminadas em –or e –ora, que indicam
profissionais ou agentes, quando funcionam como adjetivos. Nestes casos, recorre-se à forma analítica
(ex.: Ela é muito sedutora; ele é muito trabalhador).
23
Estas exceções resultam da mudança a nível da base e não da terminação (por questões de evolução
da língua).
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 29
Ex.:
(i) amável/amabilíssimo
(ii) afável/afabilíssimo
(iii) feliz/felicíssimo
(iv) capaz/capacíssimo
(v) são/saníssimo
(vi) pagão/paganíssimo
Comparativo de Superlativo
Grau normal
superioridade Absoluto Relativo
bom melhor ótimo o melhor
mau pior péssimo o pior
grande maior máximo o maior
pequeno menor mínimo o menor
Resumindo…
SUBCLASSES
Características semânticas Características sintáticas Posição
Concorda em género e número
com o nome a que se refere.
Determina uma posição numa
Não tem variação em grau (exceto
Numeral
FLEXÃO EM NÚMERO
FLEXÃO EM GÉNERO
ADJETIVOS BIFORMES ADJETIVOS UNIFORMES
Regra -o -a; consoante + -a; -u +a “só”
Cas
Terminados em:
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 32
FLEXÃO EM GRAU
Normal
(exprime uma propriedade, qualidade ou característica do nome a que o adjetivo se junta)
de inferioridade menos + adj + que (ou do que)
Comparativo
(confronto de qualidades ou tão + adj + como (ou quanto)
de igualdade
propriedades de um nome com
as de outro) de superioridade mais + adj + que (ou doque)
2.3. O verbo
O verbo é a palavra com função predicativa, que pertence a uma classe aberta e
exprime situações, estados e acontecimentos, considerados em momentos diferentes.
É uma palavra variável, que flexiona em tempo e modo, pessoa e número.
Ex:
Esta tarde não choveu.
Os alunos estudam.
Faço ginástica todas as manhãs.
Ela telefona ao namorado todos os dias.
A nossa turma participou nos jogos tradicionais.
O júri entregou o prémio ao vencedor do concurso.
Ele acha importante fazer os deveres.
Tu pareces distante… está tudo bem?
CONJUGAÇÃO VERBAL
A conjugação é o conjunto ordenado de todas as formas de um verbo e consiste na
adição das marcas de pessoa/número e tempo/modo/aspeto ao conjunto radical +
vogal temática. Os verbos distribuem-se por três conjugações, de acordo com a vogal
temática que apresentam: 1ª conjugação (verbos de tema em –A) (i) a (ii); 2ª
conjugação (verbos de tema em –E) (iii) a (iv) e 3ª conjugação (verbos de tema em –I)
(v) a (vi).
Ex.:
(i) Andar
(ii)Pensar
(iii) Comer
(iv) Beber
(v)Fugir
(vi) Pedir
(vi) e de particípio passado (vii) a (ix). Todas as restantes formas são finitas, e são
flexionáveis em pessoa/número e tempo/modo/aspeto24.
Ex.:
(i) Andar
(ii)Comer
(iii) Fugir
(iv) Andando
(v)Comendo
(vi) Fugindo
(vii) Andado
(viii) Comido
(ix) Fugido
24
Há verbos que não apresentam todas as formas verbais. (Ex.:haver; colorir; abolir; demolir…) –
chamam-se verbos defetivos, impessoais e unipessoais. A maioria dos verbos defetivos pertence à 3ª
conjugação e, em geral, as formas em falta são as formas do singular e da 3ª pessoa do plural do
presente do indicativo, do presente do conjuntivo e a 2ª pessoa do singular do imperativo.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 35
Flexão em pessoa/número
Os verbos podem flexionar em seis pessoas gramaticais (três no singular e três no
plural). A primeira pessoa inclui o locutor (correspondente aos pronomes pessoais eu
no singular e nós no plural); a segunda pessoa destina-se ao interlocutor
(correspondente aos pronomes pessoais tu no singular e vós no plural); a terceira
pessoa corresponde a uma entidade a quem não se dirige o discurso (correspondente
aos pronomes pessoais ele e ela no singular e eles e elas no plural)25.
25
Os pronomes pessoais você e vocês apresentam um estatuto um pouco híbrido, na medida em que se
destinam ao interlocutor mas selecionam a terceira pessoa gramatical.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 36
Flexão em tempo/modo/aspeto26
Os verbos podem apresentar-se em quatro modos distintos:
Indicativo
Conjuntivo
Imperativo
Condicional
O tempo, que pode estar em correlação com o aspeto, faz a identificação das
formas das classes modais entre indicativo e conjuntivo.
Assim, o modo indicativo pode apresentar-se nos seguintes tempos:
♦ presente
♦ pretérito imperfeito
♦ pretérito perfeito
♦ pretérito mais-que-perfeito
♦ futuro
O modo conjuntivo, por sua vez, pode apresentar-se nos seguintes tempos:
♦ presente
♦ pretérito imperfeito
♦ futuro
No modo conjuntivo:
♦ pretérito perfeito
♦ pretérito mais-que-perfeito
26
Relativamente ao aspeto, este é mais facilmente identificável em contexto. Por esse motivo, será
apenas aqui referido no âmbito dos verbos auxiliares.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 37
♦ futuro
27
O infinitivo impessoal corresponde ao “nome do verbo”, ou seja, à forma como surge no dicionário.
28
Exceções: dizer – direi; fazer – farei; trazer – trarei.
29
Exceções: haver – haja; ser – seja; estar – esteja; dar – dê; ir – vá; querer – queira; saber – saiba.
30
Exceções: dizer – diria; fazer – faria; trazer – traria.
31
Exceções: ser – sê/sede.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 38
Tempos simples:
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
(tema em –a) (tema em –e) (tema em –i)
Modelos AMAR CORRER PARTIR
Indicativo
amo corro parto
amas corres partes
ama corre parte
Presente
amamos corremos partimos
amais correis partis
amam correm partem
amava corria partia
amavas corrias partias
Pretérito amava corria partia
imperfeito amávamos corríamos partíamos
amáveis corríeis partíeis
amavam corriam partiam
amei corri parti
amaste correste partiste
amou correu partiu
Pretérito perfeito
amámos corremos partimos
amastes correstes partistes
amaram correram partiram
amara correra partira
amaras correras partiras
Pretérito-mais-que- amara correra partira
perfeito amáramos corrêramos partíramos
amáreis corrêreis partíreis
amaram correram partiram
amarei correrei partirei
amarás correrás partirás
amará correrá partirá
Futuro
amaremos correremos partiremos
amareis correreis partireis
amarão correrão partirão
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 39
Tempos compostos:
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
(tema em –a) (tema em –e) (tema em –i)
Modelos AMAR CORRER PARTIR
Indicativo
tenho amado tenho corrido tenho partido
tens amado tens corrido tens partido
Pretérito tem amado tem corrido tem partido
imperfeito temos amado temos corrido temos partido
tendes amado tendes corrido tendes partido
têm amado têm corrido têm partido
tinha amado tinha corrido tinha partido
tinhas amado tinhas corrido tinhas partido
Pretérito tinha amado tinha corrido tinha partido
perfeito tínhamos amado tínhamos corrido tínhamos partido
tínheis amado tínheis corrido tínheis partido
tinham amado tinham corrido tinham partido
terei amado terei corrido terei partido
terás amado terás corrido terás partido
terá amado terá corrido terá partido
Futuro
teremos amado teremos corrido teremos partido
tereis amado tereis corrido tereis partido
terão amado terão corrido terão partido
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 41
32
Os principais verbos copulativos são ser, estar, ficar, continuar, parecer, permanecer.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 43
Resumindo…
Pertence a uma classe aberta.
Exprime situações, estados e acontecimentos, considerados em momentos
diferentes.
É uma palavra variável, que flexiona em tempo e modo, pessoa e número.
Conjugação verbal: conjunto ordenado de todas as formas de um verbo; consiste na
adição das marcas de pessoa/número e tempo/modo/aspeto ao conjunto radical +
vogal temática.
1ª conjugação (verbos de tema em –A)
2ª conjugação (verbos de tema em –E)
3ª conjugação (verbos de tema em –I)
Paradigma verbal
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 45
Impessoal
Infinitivo
Pessoal
simples
Formas não finitas
Gerúndio
Particípio passado
Impessoal
Infinitivo
compostas
Pessoal
Gerúndio
Particípio passado
Pretérito
Pretérito Pretérito Mais-
Presente Futuro
Perfeito Imperfeito que-
Perfeito
simples
Indicativo
Conjuntivo
Formas finitas
Imperativo
Condicional
Indicativo
compostas
Conjuntivo
Imperativo
Condicional
Intransitivo
complementos
2.4. O advérbio
♦modificadores de constituintes
Estes advérbios podem modificar grupos nominais, adjetivais, adverbiais e também
verbais. Podem ser:
- de negação – permitem a negação de um constituinte ou de um valor de
verdade (ex.: A Teresa não entrou na Universidade);
- de afirmação – usados em resposta a interrogativas totais, para afirmar ou
reforçar uma asserção (Ex.: O teu problema não está na matéria, mas sim na falta de
estudo);
- de quantidade e grau – apresentam um valor quantitativo e de intensificação.
Podem contribuir para a formação do grau de adjetivos e advérbios (ex.: Os alunos
falam muito e ouvem pouco).
Repare:
Os advérbios podem assumir diversos valores semânticos, nomeadamente de
acordo com o contexto em que ocorrem e com aquilo que modificam. Assim, um
mesmo advérbio pode ter diferentes classificações.
Ex.: matematicamente
(i) Ela provou matematicamente o erro. (advérbio de predicado, valor
modal)
(ii)Matematicamente, a nossa equipa ainda pode ganhar o campeonato.
(advérbio de frase, valor nocional)
(iii) Essa equação é matematicamente impossível de resolver. (advérbio
modificador do grupo adjetival)
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 50
Por serem modificadores não apenas do grupo verbal mas de qualquer constituinte
frásico, apresentam-se separadamente os exemplos de advérbios modificadores de
constituintes:
Classificação sintática Valor semântico Exemplos
de negação não, nunca, nada, menos, nem...
de afirmação sim, realmente, certamente...
de quantidade e grau assaz, muito, pouco, mais, tanto...
Advérbio modificador de de exclusão apenas, somente, só, senão, salvo,
constituinte exclusivamente, exceto…
de inclusão até, mesmo, inclusivamente…
interrogativo onde?, quando?, porquê?
relativo onde
Flexão em grau
Alguns advérbios, como os adjetivos, também apresentam variação em grau, que
indica a maior ou menor intensidade da ideia expressa.
Os graus dos advérbios são o normal, o comparativo e o superlativo.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 51
Grau normal
Ex.: cheguei cedo a casa.
Comparativo de
Grau normal Superlativo
superioridade
bem melhor otimamente
mal pior pessimamente
muito mais o mais / muitíssimo
pouco menos o menos / pouquíssimo
Atenção: no caso dos advérbios bem e mal, quando ocorrem com particípios, o
grau comparativo de superioridade deve ser, respetivamente, mais bem e mais mal.
Ex.: Este trabalho é mais bem pago que o anterior. O anterior era mais mal pago
que este.
Resumindo…
Palavra invariável em género e em número (apenas admite variação em grau e só
em certos casos).
Pertence a uma classe aberta.
Esta categoria apresenta grande heterogeneidade morfológica, sintática, semântica
e pragmática.
Características sintáticas Funções sintáticas
modifica o conteúdo da frase, afetando-a
por inteiro;
é externo ao predicado;
Advérbio de frase não é afetado pela negação nem por modificador da frase
estruturas interrogativas;
geralmente, tem grande mobilidade no
enunciado.
é interno ao predicado;
modificador do GV
Advérbio de pode ser afetado pela negação e por
predicado estruturas interrogativas; predicativo do sujeito
geralmente, tem pouca mobilidade no
enunciado. complemento oblíquo
tem função primária de ligação entre
frases ou elementos frásicos; não é
Advérbio conectivo conexão de elementos frásicos
afetado pela negação ou por estruturas
interrogativas.
Advérbios Modificador de GN
modificadores de Modificador de GAdj
constituintes Modificador de GP Modificador
de GAdv
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 53
Valores semânticos
modalidade
avaliativo
Advérbio de frase
enunciação
nocional (de ponto de vista)
temporal (de tempo)
Advérbio de predicado
locativo (de lugar)
modal (de modo)
Advérbio conectivo vários
FLEXÃO EM GRAU
Normal
de inferioridade menos … que (ou do que)
Comparativo
(utiliza-se numa relação de tão… como (ou quanto)
de igualdade
confronto, enunciando uma
comparação) de superioridade mais … que (ou doque)
2.5. O pronome
PRONOMES PESSOAIS
Os pronomes pessoais referem-se aos participantes do discurso e aos objetos
discursivos, isto é, têm a capacidade de indicar quem fala (1ª pessoa); com quem se
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 55
fala (2ª pessoa); de quem se fala (3ª pessoa). Não podem ser precedidos por qualquer
tipo de determinante. Os pronomes pessoais apresentam flexão em pessoa e em
número, mas só as 3ª pessoas apresentam flexão em género (feminino e masculino).
As 1ª e 2ª pessoas, embora invariáveis, pressupõem a referência ao género natural do
emissor ou do recetor, verificável nos processos de concordância (ex.: (m.) eu fui
teimoso/ (f.) eu fui teimosa).
Pessoa
33
Estes pronomes surgem sempre precedidos de preposição, exceto nos casos de comigo, contigo
consigo, connosco e convosco, dado que a preposição (com) já está incluída na forma pronominal.
34
No singular apresentam-se também as formas tónicas mim, ti, si, ele e ela, selecionadas pela
preposição a.
35
Apesar de corresponder à 2ª pessoa, na medida em que se destina a um interlocutor, o pronome
pessoalvocêatualiza a sua forma pronominal na 3ª pessoa em todos os casos exceto no nominativo (ex.:
Sr. Guterres, é consigo: prefere que eu o visite ou que lhe telefone?)
36
Apenas quando selecionado por um verbo pronominal reflexo (ex.: Eu lavo-me). Esta forma
pronominal corresponde não só à 3ª pessoa mas também à segunda, quando o sujeito é você.
37
Apenas quando selecionado por um verbo pronominal reflexo (ex.: Eles lavam-se).Esta forma
pronominal corresponde não só à 3ª pessoa mas também à segunda, quando o sujeito é vocês.
38
Nestes casos, as formas verbais perdem as consoantes finais e, por vezes, é necessário acentuar
graficamente a vogal final para não alterar o acento tónico da palavra (ex.: Quero visitar + oQuero
visitá-lo).
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 57
Quando surgem unidos por hífen a formas verbais terminadas em –m(i), em -ão (ii)
ou em -õe (iii), os pronomeso, a, os, asassumem as formasno, na, nos, nas.
Ex.:
(i) –m Eles apagaram o fogo. Eles apagaram-no.
Elas fazem as sandes. Elas fazem-nas.
(ii) -ão Eles dão o documento ao Luís. Eles dão-no ao Luís.
Elas dão os livros ao amigo. Elas dão-nos ao amigo.
(iii) -õe Ela põe os livros na mesa. Ela põe-nos na mesa.
Ele propõe a ideia aos colegas. Ele propõe-na aos colegas.
O pronome surge antes do verbo quando a frase é negativa (i) ou quando nela
existem palavras com polaridade negativa (ii); quando surge numa oração
subordinada (iii) e (iv); quando ocorre com advérbios e pronomes interrogativos (v)
e (vi), com alguns advérbios (já, talvez, só, apenas, sempre, ainda…) (iii) e (vii), com
alguns quantificadores (viii) e com alguns pronomes indefinidos (ix).
Ex.:
(i) Ele nunca lava as mãos. → Ele nuncaas lava.
(ii) Saiu sem lavar as mãos. → Saiu semas lavar.
(iii) Só sei o resultado porque vi as listas. → Sóo sei porqueas vi.
(iv) Se vires a Maria, diz-me. → Sea vires, diz-me.
(v) Quandote casas?
(vi) Quemlhes disse isso?
(vii) Aindanos falta acabar este exercício.
(viii) Amboso avisaram que era perigoso ir sozinho.
(ix) Tudolhes corre mal…
Ex.:
(i) Ele vestiu-se (a si mesmo).
(ii) Ela só pensa em si (própria).
(iii) Os alunos levaram os testes consigo (mesmos).
(iv) Eu vou emendar-me.
Valor dereciprocidade
Os pronomes nos, vos e se podem também apresentar-se com valor
dereciprocidade. Neste caso, os pronomes indicam o caráter mútuo de uma ação
entre dois ou mais indivíduos.Estes pronomes podem surgir reforçados por
expressões como um(ns) ao(s) outro(s), uma(s) à(s) outra(s) ou entre nós/vós/si.
Ex.:
Valor passivo
O pronome se, de valor passivo, permite formar uma frase passiva sem recurso
a um verbo auxiliar, embora seja parafraseável com ele. Trata-se, pois, de uma
partícula apassivante.
Ex.:
(i) Vendem-se livros usados aqui. (= livros usados são vendidos aqui.)
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 60
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Os pronomes demonstrativos são variáveis em género e número e indicam a
posição dos seres ou objetos em relação ao emissor e ao recetor. Têm, por isso, um
valor deítico39. Podem também ter um valor anafórico, ou seja, retomar um elemento
já introduzido anteriormente no discurso (ex.: Sempre tive gatas em casa. Esta que
tenho agora chama-se Teki).
As formas átonas o,a,oseassurgem na frase antes de que ou de(i)ou ainda
adjacentes ao verbo (neste último caso trata-se da forma invariável).
Ex.:
(i) Fiz esta conta; a que vinha a seguir não fiz e a de dividir também não.
(ii) Não tenho tempo para fazer este trabalho e a professora sabe-o bem.
Não tenho tempo para fazer este trabalho e a professora sabe-o bem.
e a professora sabe bem isso.
Deixis: forma de referenciar os elementos essenciais que definem as coordenadas enunciativas: EU-TU,
39
AQUI e AGORA. Pode dividir-se em pessoal, espacial e temporal, e define-se tendo como referência
quem produz, onde e quando é produzido um enunciado. Assinala um objeto ou um processo e situa-os
em relação ao falante.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 61
Variáveis
Singular Plural
Invariáveis
Masculin Feminino Masculino Feminino
o
Próximo de este esta estes estas isto
quem fala
Próximo de esse essa esses essas isso
quem ouve
Longe de
quem fala e aquele aquela aqueles aquelas aquilo
de quem
ouve
o outro a outra os outros as outras
o mesmo a mesma os mesmos as mesmas
o
tal tal tais tais
o a os as
PRONOMES POSSESSIVOS
Os pronomes possessivos são variáveis em pessoa, género, e número e
estabelecem uma relação de pertença. Têm um valor deítico, na medida em tomam
como ponto de referência os participantes do discurso. As suas formas são iguais às
dos determinantes possessivos e apresentam a mesma variação em género, número e
pessoa.
As palavras teu e tua indicam a relação existente entre o possuidor (tu, 2ª pessoa
do singular) e o que é possuído, i.e., as realidades designadas pelos nomes que
substituem (trabalho de casa e culpa, respetivamente) e com o qual concordam em
género e número. São pronomes possessivos.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 62
Na perspetiva de Calvin, embora o trabalho de casa fosse seu, quem o devia fazer
era a mãe.
Os pronomes possessivos são frequentemente precedidos de um determinante
artigo definido:
Ex.: Este trabalho é omeu; oteu é o outro.
Número
Pessoa Singular Plural
masculino feminino masculino feminino
1ª meu minha meus minhas
Um só possuidor
2ª teu tua teus tuas
(singular)
3ª seu sua seus suas
1ª nosso nossa nossos nossas
Vários possuidores
2ª vosso vossa vossos vossas
(plural)
3ª seu sua seus suas
PRONOMES INDEFINIDOS
Os pronomes indefinidos caracterizam-se pela indeterminação referencial, ou seja,
o antecedente não é especificado. Podem ser variáveis em género e em número.
Nesse caso, as formas são idênticas às dos determinantes indefinidos e apresentam
um valor semelhante ao dos quantificadores. Podem também ser invariáveis com
valor referencial não definido e não específico.
Ex.:
(i) Alguns falam em demasia, mas ninguém lhes liga.
(ii) Alguém perguntou por ti.
(iii) Nada do que disseste o atingiu.
(iv) Estes livros custaram trinta dólares cada.
(v) As minhas amigas de Lisboa não vieram, mas vieram outras.
Variáveis Invariáveis
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 63
Singular Plural
Masculin Feminino Masculino Feminino
o
algum alguma alguns algumas
alguém
nenhum nenhuma nenhuns nenhumas
algo
todo toda todos todas
ninguém
muito muita muitos muitas
tudo
pouco pouca poucos poucas
nada
tanto tanta tantos tantas
outrem
outro outra outros outras
cada
qualquer qualquer quaisquer quaisquer
vário vária vários várias
Nota: Alguns dos pronomes indefinidos com valor negativo não podem coocorrer
com a negação frásica na posição pré-verbal de sujeito, mas coocorrem em posição
pós-verbal.
Ex.: Ninguém fala. / Não fala ninguém. / *Ninguém não fala40.
PRONOMES RELATIVOS
O pronome relativo estabelece uma relação com um antecedente e introduz uma
oração que o caracteriza ou qualifica. Pode também surgir numa frase sem
antecedente (i).
O pronome relativo tem uma função dupla: é núcleo de um grupo nominal com
uma determinada função sintática; funciona como conector ou elemento de ligação
entre a oração subordinada e a subordinante.
Ex.: A conta era difícil. Eu fiz a conta. Se transformássemos estas duas frases
simples numa frase complexa evitando repetições, obteríamos: A conta que eu fiz era
difícil.
Ex.:
(i) Quem vai ao mar perde o lugar.
(ii) Trouxe o livro que te prometi.
(iii) Ele diz tudo quanto pensa.
40
Em linguística, o uso do asterisco (*) marca a agramaticalidade da frase.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 64
Variáveis
Singular Plural
Invariáveis
Masculin Feminino Masculino Feminino
o
que
o qual a qual os quais as quais
quem41
quanto quanta quantos quantas
onde42
PRONOMES INTERROGATIVOS
Os pronomes interrogativos permitem introduzir interrogativas parciais, diretas (i)
e (ii) e indiretas (iii), visando a identidade, a qualidade ou quantidade da realidade a
que se referem os nomes que substituem. Podem aparecer em formas semelhantes a
quantificadores interrogativos, na mesma forma dos determinantes, e ainda na forma
invariável quem (i).
Ex.:
(i) Quem fez estas contas?
(ii) Qual fizeste, Calvin?
(iii) A professora também lhe perguntou quantas tinha feito.
Variáveis
Singular Plural
Invariáveis
Masculin Feminino Masculino Feminino
o
que? quê?43
quem?
quanto? quanta? quantos? quantas? porque?
qual? qual? quais? quais? porquê?
como?
onde?
41
O pronome relativo quem só é usado para seres com traço + humano (ex.: Pedi a quem soubesse
que respondesse).
42
O pronome relativo onde só se emprega para seres inanimados e exprime uma circunstância de
lugar (ex.: Os lugares onde estive eram maravilhosos).
43
Quê? e o quê? São formas tónicas do pronome que usadas, com frequência, na conversação.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 65
Resumindo…
Pertence a uma classe fechada.
Pode substituir ou representar um grupo nominal.
Geralmente variável, retomando o género, o número e, em alguns casos, a pessoa
gramatical e a função sintática do nome que substitui ou representa.
PRONOMES PESSOAIS
Referem-se aos participantes do discurso e aos objetos discursivos.
Funções sintáticas
C. Oblíquo ou C. Agente
Número
Pessoa
Particularidades:
1. Com as formas o, a, os, as:
Nas formas verbais terminadas em:
-r
-s cai a consoante final e acrescenta-se<l> (lo, la, los, las)
-z
Nas formas verbais terminadas em:
-m
-ão acrescenta-se <n> (no, na, nos, nas)
-õe
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 66
3.
Valores dos pronomes pessoais
reflexividade(me, te, se, nos, vos, si, comigo, O sujeito é simultaneamente aquele que pratica a
contigo, consigo, connosco e convosco) ação e aquele sobre quem recai a ação do verbo.
O pronome indica o caráter mútuo de uma ação
reciprocidade (nos, vos e se)
entre dois ou mais indivíduos.
impessoal ou indeterminado (se) Marca a indeterminação do sujeito.
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Indicam a posição dos seres ou objetos em relação ao emissor e ao recetor.
Variáveis
Singular Plural Invariáveis
Masculino Feminino Masculino Feminino
Próximo de este esta estes estas isto
quem fala
Próximo de esse essa esses essas isso
quem ouve
Longe de quem
fala e de quem aquele aquela aqueles aquelas aquilo
ouve
o outro a outra os outros as outras
o mesmo a mesma os mesmos as mesmas
o
tal tal tais tais
o a os as
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 67
PRONOMES POSSESSIVOS
Estabelecem uma relação de pertença.
Número
Pessoa Singular Plural
masculino feminino masculino feminino
1ª meu minha meus minhas
Um só possuidor
2ª teu tua teus tuas
(singular)
3ª seu sua seus suas
1ª nosso nossa nossos nossas
Vários possuidores
2ª vosso vossa vossos vossas
(plural)
3ª seu sua seus suas
PRONOMES INDEFINIDOS
Caracterizam-se pela indeterminação referencial.
Variáveis
Singular Plural Invariáveis
Masculino Feminino Masculino Feminino
algum alguma alguns algumas
alguém
nenhum nenhuma nenhuns nenhumas
algo
todo toda todos todas
ninguém
muito muita muitos muitas
tudo
pouco pouca poucos poucas
nada
tanto tanta tantos tantas
outrem
outro outra outros outras
cada
qualquer qualquer quaisquer quaisquer
vário vária vários várias
PRONOMES RELATIVOS
Estabelecem uma relação com um antecedente; podem também surgir numa frase
sem antecedente.
Variáveis
Singular Plural Invariáveis
Masculino Feminino Masculino Feminino
que
o qual a qual os quais as quais
quem
quanto quanta quantos quantas
onde
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 68
PRONOMES INTERROGATIVOS
Permitem introduzir interrogativas parciais, diretas e indiretas, visando a
identidade, a qualidade ou quantidade da realidade a que se referem os nomes que
substituem.
Variáveis
Singular Plural Invariáveis
Masculino Feminino Masculino Feminino
que? quê?
quem?
quanto? quanta? quantos? quantas? porque?
qual? qual? quais? quais? porquê?
como?
onde?
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 69
2.6. O determinante
DETERMINANTE ARTIGO
O determinante artigo é utilizado para indicar o grau de definitude ou
especificidade do nome que precede. O artigo é marcador de género e estabelece uma
44
Enquadram-se neste caso os determinantes artigosdefinidos e indefinidos, os demonstrativos e o
indefinido outro.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 70
relação de concordância com o nome (i). Pode preceder quase qualquer nome 45 e
serve para caracterizar e distinguir entre o conhecido e o desconhecido.
O determinante artigo pode ocorrer com qualquer possessivo (determinante ou
pronome46) precedendo-o sempre (ii), mas só pode surgir com alguns demonstrativos
(mesmo, outro e tal).
Ex.:
(i) Ontem comprei um livro novo. O livro novo está em cima da mesa.
(ii) É este oteu livro? Queria oferecê-lo a um amigo meu.
Número
Artigo definido
Singular Plural Número
Artigo indefinido
Masculin Singular Plural
O Os
Género o Masculino Um Uns
Género
Feminino A As Feminino Uma Umas
Xanana Gusmão foi, durante muitos anos, o rosto visível da resistência timorense.
O determinante artigo definido pode usar-se antes de determinantes e pronomes
possessivos (ex.: O meu carro é azul, oteu é verde).
O determinante artigo indefinido permite especificar seres ou objetos
indeterminadose apresenta-se como um marcador que acrescenta informação nova,
introduzindo uma entidade que anteriormente não era conhecida (ex.: Um cão
mordeu-a. O cão tinha raiva).
Este determinante usa-se, pois, antes de um nome que não se mencionou
anteriormente – ex.: Tenho um carro novo (falamos deste carro pela primeira vez), mas
Emprestas-me o teu carro novo? (falamos do carro que já conhecemos.)
* Podes abrir uma janela? (uma janela *Podes abrir a janela? (A janela que
qualquer, não sei qual.) está perto de ti, ou há só uma janela.)
* Sabe se há um banco aqui perto? *O banco fecha às três horas. (Está a
(Não interessa que banco é.) referir um banco específico.)
*Vamos alugar um filme? (Não refere *Não quero ver o filme que alugaste.
nenhum filme em particular.) (Está a referir este filme em especial.)
DETERMINANTE DEMONSTRATIVO
O determinante demonstrativo indica a posição dos seres ou objetos em relação ao
sujeito que os enuncia. Admite variação em género e número, concordando com o
nome a que se refere. Sendo utilizado para indicar ou mostrar, este tipo de
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 72
DETERMINANTE POSSESSIVO
O determinante possessivo indica a posse de um ser ou objeto por um sujeito. Tem
um valor deítico e, para além das alterações de género e de número de acordo com o
nome que determina, apresenta também variações em pessoa.
Pertence ao grupo nominal e ocorre antes do nome, especificando-o (i).
Geralmente, o determinante possessivo surge precedido de determinante artigo
definido (ii), podendo também ser precedido pelo demonstrativo (iii) ou acompanhado
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 73
Número
Pessoa Singular Plural
masculino feminino masculino feminino
1ª meu minha meus minhas
Um só possuidor
2ª teu tua teus tuas
(singular)
3ª seu sua seus suas
1ª nosso nossa nossos nossas
Vários possuidores
2ª vosso vossa vossos vossas
(plural)
3ª seu sua seus suas
DETERMINANTE INDEFINIDO
O determinante indefinido marca a indistinção referencial e concorda em género e
número com o nome que precede (i). Pode coocorrer com determinantes artigos
(definidos (ii) ou indefinidos (iii)) ou com determinantes demonstrativos (iii). Nestes
casos, são os determinantes com que coocorre que exprimem a definição ou
indefinição da expressão nominal.
Ex.:
(i) Outro dia fui a casa da Joana.
(ii) Ooutro dia, na tua escola, foi maravilhoso.
(iii) Tinha umacerta pressa e essacerta pressa devia-se ao atraso dos
transportes.
Singular Plural
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 74
DETERMINANTE RELATIVO
O determinante relativo estabelece uma relação entre um nome que determina e
um antecedente, ocorrendo no início de uma oração subordinada relativa. Este
determinante implica a particularidade de pressupor uma expressão introduzida pela
preposição de.
Ex.:
(i) O livro cujo título te indiquei está esgotado. (= Eu indiquei-te um título
de um livro que está esgotado. Neste caso, o determinante cujo
estabelece uma relação entre o nome que especifica (e precede) e com
o qual concorda em género e número – título –,e aquele com que se
relaciona (e que o antecede), o antecedente – livro).
(ii) O rapaz cuja casa foi assaltada é da minha turma.
(iii) Voltei a encontrar aquela senhora de cujo nome não me lembro.
Singular Plural
masculino feminino masculino feminino
cujo cuja cujos cujas
DETERMINANTE INTERROGATIVO
O determinante interrogativo precede um nome e permite formular uma pergunta
(parcial) direta (i) e (ii) ou indireta (iii).
Ex:
(i) Que livro queres?
(ii) Qual é o teu problema?
(iii) Não sei qual é o teu problema…
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 75
Variável
Invariável
Singular Plural
qual? quais? que?
Resumindo…
Pertence a uma classe fechada de palavras.
Especifica um nome, precedendo-o num grupo nominal.
É uma palavra variável, que concorda com o nome em género e em número.
Determina ou caracteriza uma relação entre quem fala e o ser ou objeto de que se
fala.
DETERMINANTE ARTIGO
Utilizado para indicar o grau de definitude ou especificidade do nome que precede.
Pode ocorrer com qualquer possessivo (determinante ou pronome) precedendo-o
sempre, mas só pode surgir com alguns demonstrativos (mesmo, outro e tal).
Número Número
Artigo definido Artigo indefinido
Singular Plural Singular Plural
Masculino O Os Masculino Um Uns
Género Género
Feminino A As Feminino Uma Umas
Qualquer determinante artigo pode ser contraído com as preposições de(do, da,
dos, das, dum, duma, duns, dumas) e em (no, na, nos, nas, num, numa, nuns, numas).
O determinante artigo definido pode ainda ser contraído com a preposição a (ao,
à, aos, às).
DETERMINANTE DEMONSTRATIVO
Indica a posição dos seres ou objetos em relação ao sujeito que os enuncia.
Não é precedido de determinante artigo (à excepção de o mesmo, o outro, e, em
alguns casos, tal). Pode preceder determinantes possessivos e pode ser precedido de
certos quantificadores.
Singular Plural
Masculino Feminino Masculino Feminino
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 76
DETERMINANTE POSSESSIVO
Indica a posse de um ser ou objeto por um sujeito.
Geralmente, surge precedido de determinante artigo definido, podendo também
ser precedido pelo demonstrativo ou acompanhado por certos quantificadores. Em
determinadas circunstâncias, quando inserido num contexto indefinido, o
determinante possessivo pode surgir depois do nome.
Número
Pessoa Singular Plural
masculino feminino masculino feminino
1ª meu minha meus minhas
Um só possuidor
2ª teu tua teus tuas
(singular)
3ª seu sua seus suas
1ª nosso nossa nossos nossas
Vários possuidores
2ª vosso vossa vossos vossas
(plural)
3ª seu sua seus suas
DETERMINANTE INDEFINIDO
Marca a indistinção referencial.
Pode coocorrer com determinantes artigos (definidos ou indefinidos) ou com
determinantes demonstrativos.
Singular Plural
masculino feminino masculino feminino
certo certa certos certas
outro outra outros outras
DETERMINANTE RELATIVO
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 77
DETERMINANTE INTERROGATIVO
Precede um nome e permite formular uma pergunta (parcial) direta ou indireta.
Variável
Invariável
Singular Plural
qual? quais? que?
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 78
2.7. O quantificador
QUANTIFICADOR UNIVERSAL
47
No caso dos numerais, em teoria, tratar-se-á de uma classe aberta, dado que os números são, por
natureza, infinitos.
48
Ao ter esta função, o quantificador facilita a interpretação entre nomes contáveis e não contáveis.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 79
Formas:
Variáveis
Singular Plural Invariáveis
Masculino Feminino Masculino Feminino
todo toda todos todas
cada
nenhum nenhuma nenhuns nenhumas
49 tudo*
qualquer qualquer quaisquer quaisquer
nada*
ambos50 ambas
* Tudo e nada, sendo prototipicamente pronomes indefinidos, assumem o estatuto
de quantificadores em frases como Tudo o que disseres pode ser usado contra ti ou
Não acredito em nada do que dizes.
QUANTIFICADOR EXISTENCIAL
Formas:
Singular Plural
Masculino Feminino Masculino Feminino
muito muita muitos muitas
pouco pouca poucos poucas
tanto tanta tantos tantas
algum alguma alguns algumas
bastante bastante bastantes bastantes
vários várias
49
Qualquer equivale a todo e cada um de. Ex.: Qualquer dúvida tem de ser resolvida. (=) Toda e cada
uma das dúvidas tem de ser resolvida.
50
Ambos é um quantificador universal ao induzir uma leitura universal sobre um conjunto formado
apenas por dois elementos. Substitui o numeral cardinal dois.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 80
QUANTIFICADOR RELATIVO
Formas:
Singular Plural
Masculino Feminino Masculino Feminino
quanto quanta quantos quantas
QUANTIFICADOR INTERROGATIVO
Formas:
Singular Plural
Masculino Feminino Masculino Feminino
quanto? quanta? quantos? quantas?
QUANTIFICADOR NUMERAL
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 81
Formas:
Quantificadores Numerais
Cardinais Multiplicativos52 Fracionários53
um, uma ----------- -----------
dois, duas dobro, duplo meio, metade
três triplo terço
quatro quádruplo quarto
cinco quíntuplo quinto
seis sêxtuplo sexto
sete séptuplo sétimo
oito óctuplo oitavo
nove nónuplo nono
dez décuplo décimo
onze undécuplo undécimo
doze duodécuplo duodécimo
treze … …
vinte … vigésimo
trinta … trigésimo
cem cêntuplo centésimo
mil milésimo
milhão milionésimo
Resumindo…
51
Muitas outras expressões de quantidade e medida, como “uma porção de”, “um litro de”, etc.
funcionam sintática e semanticamente de forma semelhante aos quantificadores numerais fracionários,
podendo ser designados de expressões partitivas.
52
Nos multiplicativos, em geral, a partir do triplo usa-se o cardinal seguido da palavra vezes (ex.: oito
vezes…).
53
Os fracionários, excetuando meio e terço, são expressos pelo ordinal se este se compõe de uma só
palavra (ex.: quarto, décimo…) ou pelo cardinal seguido de avos se o ordinal apresenta uma forma
composta (ex.:onze avos; dois mil avos…). Os fracionários são antecedidos de cardinal que indica o
número de partes da unidade (ex.: um terço, três quartos…).
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 82
QUANTIFICADOR UNIVERSAL
QUANTIFICADOR EXISTENCIAL
Exprime uma ideia de existência da realidade a que se refere o nome que acompanha,
sem remeter para a totalidade dos elementos de um conjunto ou para expressar uma
quantidade não precisa ou relativa a um valor considerado como ponto de referência.
Singular Plural
Masculino Feminino Masculino Feminino
muito muita muitos muitas
pouco pouca poucos poucas
tanto tanta tantos tantas
algum alguma alguns algumas
bastante bastante bastantes bastantes
vários várias
QUANTIFICADOR RELATIVO
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 83
Exprime uma ideia de quantidade total em relação ao nome que o antecede e que é
acompanhado de um quantificador (tanto/a(s); tudo), introduzindo uma oração
relativa.
Singular Plural
Masculino Feminino Masculino Feminino
quanto quanta quantos quantas
QUANTIFICADOR INTERROGATIVO
QUANTIFICADOR NUMERAL
Expressa uma quantidade numérica inteira precisa (numeral cardinal), um múltiplo de
uma quantidade (numeral multiplicativo), ou uma fração precisa de uma quantidade
(numeral fracionário).
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 84
2.8. A preposição
Preposições
a (conforme) entre (salvo)
ante (consoante) (exceto) (segundo)
após de (mediante) sem
até desde para sob
com (durante) perante sobre
contra em per, por trás
Nota: as palavras indicadas entre parênteses são, com frequência, utilizadas como
preposições.
Preposições contraídas
a de em per
ao do no pelo
Determinantes à da na pela
artigos definidos aos dos nos pelos
às das nas pelas
dum num
Determinantes duma numa
----- -----
artigos indefinidos duns nuns
dumas numas
àquele deste; desse; daquele neste; nesse; naquele
Demonstrativos àquela desta; dessa; daquela nesta; nessa; naquela
(determinantes e àqueles destes; desses; daqueles nestes; nesses; naqueles
-----
pronomes) àquelas destas; dessas; daquelas nestas; nessas; naquelas
disto; disso; daquilo nisto; nisso; naquilo
dele nele
Pronomes dela nela
----- -----
pessoais deles neles
delas nelas
daqui
Advérbios ----- daí ----- -----
dali
Locuções prepositivas
As locuções prepositivas são sequências de duas ou mais palavras invariáveis, com
a distribuição e o comportamento de uma preposição. Normalmente, as locuções
prepositivas são formadas por uma ou duas preposições simples e por uma palavra
pertencente originalmente à classe dos advérbios, dos nomes ou dos adjetivos.
Existem muitas locuções prepositivas. Eis algumas das principais:
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 86
Resumindo…
Palavra invariável, pertencente a uma classe fechada.
Permite estabelecer relações de sentido entre duas partes ou elementos de uma
frase.
Pode apresentar, como seu complemento, frases, grupos nominais ou advérbios.
Obriga qualquer pronome contido num grupo nominal complemento a apresentar
caso oblíquo.
Quanto à forma, podem ser simples ou podem agregar-se em locuções
prepositivas.
Preposições
a (conforme) entre (salvo)
ante (consoante) (exceto) (segundo)
após de (mediante) sem
até desde para sob
com (durante) perante sobre
contra em per, por trás
Nota: as palavras indicadas entre parênteses são, com frequência, utilizadas como preposições.
As preposições a, de, em e por (na forma per)podem surgir contraídas com alguns
determinantes (artigos e demonstrativos), pronomes (pessoais e demonstrativos) e
advérbios (com valor locativo).
Quando a preposição que se encontra junto de qualquer um dos elementos com
que se pode contrair integra uma construção com o verbo no infinitivo (impessoal ou
pessoal), não se dá a contração, escrevendo-se em separado.
2.9. A conjunção
54
Locução conjuntiva: sequência de duas ou mais palavras invariáveis, pertencentes a uma classe
fechada, com a distribuição e o comportamento de uma conjunção (exs.: apesar disso, por
consequência…)
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 91
Resumindo…
Palavra invariável, pertencente a uma classe fechada.
As conjunções (e das locuções conjuntivas) estabelecem uma relação entre frases
ou palavras com a mesma função, mas não desempenham qualquer função sintática
na frase a que pertencem.
Conjunções estabelecem a ligação entre dois ou mais elementos coordenados, relacionando
coordenativas constituintes ou orações.
Copulativas apresentam uma adição ou sequencialização (seja na forma afirmativa ou negativa)
Adversativas estabelecem uma relação de oposição ou contraste
Disjuntivas apontam uma disjunção ou alternância
Conclusivas estabelecem uma relação de conclusão
Explicativas esclarecem melhor o sentido, apresentando uma explicação.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 94
Conjunções Locuções
Copulativas e; nem; nem… nem… não só… mas também…; não só… como
(também)…; tanto…como…
Adversativas mas; porém; todavia; contudo no entanto
Disjuntivas ou; ou… ou…; quer… quer…; ora… seja… ou
ora… ; seja… seja…
Conclusivas logo; pois; portanto; assim por isso; por consequência; por conseguinte
Explicativas pois; que; porquanto
Conjunções Locuções
que; se (na interrogativa
Completiva indireta)
PARA
porque; que; como; visto que; já que; pois que; tanto mais que
Causal pois; porquanto
POR; VISTO; DADO
Final que; para que; a fim de que;
PARA A FIM DE
quando; mal; apenas; logo que; assim que; até que; primeiro que; sempre que;
Temporal enquanto todas as vezes que; desde que; antes que; depois que;
senão quando; à medida que
ANTES DE; DEPOIS DE
embora; conquanto se bem que; ainda que; mesmo que; mesmo se; posto
Concessiva que; nem que; por mais que;
NÃO OBSTANTE; APESAR DE
Condicional se; caso a não ser que; a menos que; salvo se; contanto que;
desde que; exceto se; NO CASO DE
Comparativa como; conforme assim como… assim (também)…; bem como; mais /
menos… (do) que; tão / tanto.. como
Consecutiva que de tal modo/maneira… que; tão… que; tanto… que
2.10. A interjeição
Resumindo…
Palavra invariável.
Esta classe de palavras é aberta e inclui palavras que não são produtivas nem
estabelecem relações sintáticas com outras classes, formando, por si mesmas, uma
frase com função emotiva.
As interjeições e as locuções interjetivas podem exprimir estados emotivos muito
diferentes.
55
Apenas um desejo mas também desejode atenção (ó!; pst!...), de silêncio (psiu!; silêncio!...), de
suspensão de uma atividade (alto!; basta!...), de incentivo (força!; bravo!)…
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 96
MÓDULO II
– A PALAVRA E SUA FORMAÇÃO –
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 97
1.1. Derivação
56
O radical é uma categoria morfológica constituinte do tema.
57
O temaé uma categoria morfológica e constituinte da palavra, formada pelo radical e por um
constituinte temático (vogal temática no caso dos verbos ou índice temático para os nomes).
58
Constituintes morfológicos que se juntam à palavra primitiva, acrescentando uma nova tonalidade à
significação primitiva.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 98
SUFIXAÇÃO
A derivação por sufixação consiste na associação de um afixo que se pospõe a
uma determinada palavra (sufixo), modificando a estrutura de base dessa mesma
palavra.
Ex.:
(i) delícia + -oso = delicioso
(ii) adaptar + -vel = adaptável
(iii) pinta + -or = pintor
(iv) lembra + -ança = lembrança
(v) feliz + -dade = felicidade
(vi) falso + -ear = falsear
(vii) alvor + -ecer = alvorecer
Por vezes, entre a palavra primitiva e o sufixo desenvolve-se uma vogal ou uma
consoante de ligação, para facilitar a pronúncia ou torná-la mais agradável ao ouvido:
Ex.: aguadeiro (água + d + eiro), cafezinho (café + z + inho), cafeteira (café + t +
eira), chaleira (chá + l + eira), gasómetro (gás + o + metro).
60
Consulte, no final do módulo, os quadros com os principais sufixos.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 100
sufixos de adjetivalização
sufixos exemplos sufixos exemplos
-aco maníaco -estre terrestre, campestre
-ado apaixonado -eu europeu
-ano americano, tibetano -il febril, estudantil
-al mortal, legal -ino pequenino; esquerdino
-ão valentão; beirão -ista socialista, budista
-ário lendário; partidário -onho risonho, tristonho
-(a)lhão grandalhão, parvalhão -oso caloroso, mafioso
-ense timorense -udo cabeludo; patudo
-ento sedento, bafiento -vel palpável, elegível
-ês português
PARASSÍNTESE
Um caso especial de derivação é o da parassíntese (ou derivação parassintética),
quando o prefixo e o sufixo se aglutinam ao mesmo tempo ao radical, sem se poder
conceber uma palavra intermédia.
Considere a palavra repatriar. Com efeito, não existem, nem nunca existiram, as
palavras *repátria ou *patriar.
A parassíntese acontece sobretudo em verbos incoativos, construídos a partir de
adjetivos ou nomes: amanhecer (a + manhã + ecer), embainhar (em + bainha +ar).
Ex.:
(i) afunilar
(ii) ajoelhar
(iii) enroupar
(iv) entardecer
(v) emagrecer
(vi) engaiolar
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 103
DERIVAÇÃO IMPRÓPRIA
A derivação imprópria (ou conversão) consiste na alteração ao nível da
especificação categorial sem que haja qualquer alteração ao nível da forma. Este
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 104
(ix) Amanhã vou ao cinema, hoje não posso. / Vive o hoje sem pensar no amanhã.
(Advérbio / Nome)
(x) Ai! Magoei-me! / Não estejas para aí aos ais. (Interjeição / Nome)
(xi) Estou sem força. / Força! Tu consegues! (Nome / Interjeição)
(xii) Este gato é bravo/ Bravo! (Adjetivo / Interjeição)
(xiii) Ele é alto/ Alto! (Adjetivo / Interjeição)
(xiv) A pereira não deu peras este ano. / O professor chama-se António Pereira. (Nome
comum / Nome próprio)
Resumindo…
1.2. Composição
Família de palavras62
Segundo Cunha & Cintra, chama-se família de palavras ao conjunto de todas as
palavras que se agrupam em torno de um radical comum, do qual se formaram pelos
processos de derivação ou de composição.
Exemplo 1: Palavra primitiva/radical : terra
Família : terra, terraço, terramoto, terrão, térreo, terráqueo, terrestre, terrícola,
terrígeno, terriço, terraplanagem, aterrar, aterro, aterragem, enterrar, enterro,
desenterrar.
Exemplo 2 – Palavra primitiva/radical : flor
Família: flor, floração floral, floreado, floreira, florentino, florescência, florescente,
florescer, florescimento, floricultor, florido, florífero, floriforme, florilégio, florir,
florista…aflorar, afloramento, desflorar, desfloração, inflorescência… couve-flor, beija-
flor, flor-de-abril, flor-de-noiva, flor-de-lis,… Flora, Florbela, Florença, Floriano,
Florindo, Flórido, etc.
62
Este conteúdo volta a ser abordado no módulo III.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 108
Resumindo…
Exemplos de acrónimos:
(i) ONU (Organização das Nações Unidas)
(ii) PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa)
(iii) FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente)
2.1.3. Truncação
A truncação consiste na criação de uma palavra por apagamento de uma parte da
palavra que lhe deu origem.
Ex.:
(i) Metro (metropolitano)
(ii) Moto (motociclo)
(iii) Táxi (veículo com taxímetro)
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 110
2.1.4. Amálgama
Palavras que resultam do cruzamento de duas ou mais palavras.
Ex.:
(i) Informática (informação + automática)
(ii) Diciopédia (dicionário + enciclopédia)
MÓDULO III
– A PALAVRA E SUAS RELAÇÕES –
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 117
1.1. Homofonia
1.2. Homografia
63
Os sinais gráficos de acentuação não são elementos distintivos para a classificação de palavras ao nível
das relações fonéticas e gráficas que estabelecem entre si.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 119
1.3. Paronímia
1.4. Homonímia
64
A polissemia é a propriedade semântica que uma palavra tem de poder apresentar dois ou mais
significados (ex.: Fiquei muito sentido contigo / É uma rua de sentido proibido / Não percebo o sentido
da frase.)
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 121
Antonímia contrária – relação de oposição entre palavras que, sendo opostas, não
se contradizem. Esta antonímia admite graduação, i. e., conceitos intermédios que não
são incompatíveis (ex.: quente/frio; cheio/vazio; gordo/magro).
b) através dos prefixos in- (com a forma i- quando a palavra a que se associa
começa por m ou n ou com a forma im- quando a palavra a que se associa começa por
p ou b); an- (ou a- quando a palavra a que se associa começa por m ou n); des-; anti-;
contra-.
Ex.:
(i) feliz/infeliz
(ii) útil/inútil
(iii) moral/imoral
(iv) possível/impossível
(v) alfabetismo/analfabetismo
(vi) normal/anormal
(vii) fazer/desfazer
(viii) social/antissocial
(ix) dizer/contradizer
Esta relação pode representar-se com a fórmula “x é uma espécie de y”, sendo
sempre x um hipónimo e y um hiperónimo.
Esta relação pode representar-se com a fórmula “x é uma parte de y”, sendo
sempre x um merónimo e y um holónimo.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 125
65
O léxico é o conjunto ilimitado e aberto de palavras que constituem os recursos lexicais disponíveis
numa língua de uma comunidade ou de um locutor.
BASES DE ANÁLISE GRAMATICAL I 126
Ex.:
(i) Parentesco – avó, tio, sobrinho, mãe, neto, prima…
(ii)Educação – escola, professor, aluno, aula, disciplina, ensino…
(iii) Habitação – casinha, casarão, casebre, apartamento, vivenda, moradia…
Ex.:
(i) Cinema – guião, película, cenários, ator, filmar, bandasonora, realizador, estrear,
sétima arte…
(ii) Escola – aula, aprender, quadro, ensinar, recreio, professor, aluno, estudar,
teste, livro…
Resumindo…