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LÍNGUA

PORTUGUESA
(Parte 1)
Autora - Deliamaris Fraga Acunha
CARO ALUNO,
Este material tem por objetivo orientá-lo na reaproximação aos estudos da linguagem escrita, utilizando-a
como ferramenta para uma produção textual clara, coerente e específica para a finalidade que desejar.
Ao longo dos anos em que você estudou, durante a educação básica, provavelmente você foi convidado
a pensar “gramaticalmente” esta língua que já é de seu domínio na oralidade, mas que, inúmeras vezes,
causou-lhe desconforto na hora de escrever.
A ideia deste material é exatamente esta: banir esse desconforto e aproximar a capacidade que você traz
da sua oralidade àquilo que talvez já o tenha incomodado, ou seja, as regras que norteiam a língua escrita.
Antes, porém, de começarmos essa aproximação, é interessante esclarecer alguns detalhes.
Gramática é o estudo da forma, da composição e de todos os aspectos de uma determinada Língua;
1) Este material não pretende ser uma Gramática, mas um material de apoio para uma compreensão e
produção textual mais eficaz. Para tanto, selecionamos alguns conteúdos obrigatórios para a análise
da Língua Portuguesa e consequente melhor produção oral e escrita;
2) Dividiremos este estudo em três grandes partes, conforme as Gramáticas o fazem, mas detalharemos
apenas alguns aspectos visando sempre à produção textual mais eficaz.

AS TRÊS GRANDES ÁREAS DE ESTUDO DE UMA LÍNGUA:

Aspectos fonológicos - O SOM


É essa parte da gramática que estuda os fenômenos sonoros das diferentes línguas. Neste livro, trataremos
de aspectos fonológicos que interferem na compreensão textual, assim como as combinações entre som e
significado que se expressam na fala e na escrita.

Morfologia - A FORMA
Esta é a parte que trata da FORMA, estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras.

Sintaxe - A RELAÇÃO
É a parte que trata das relações entre as palavras nas frases e entre as frases no discurso.
Essas três grandes áreas abrangem aspectos fundamentais ao estudo de qualquer idioma e estão distribuídas
em 8 unidades. Começaremos estudando os Sons e sua representação na escrita, depois veremos a Forma
dessas palavras para, então, analisar a Relação delas nas frases e no sentido dos textos que queremos
produzir. São estudos diferentes, porém complementares.
SUMÁRIO

UNIDADE - 1 ASPECTOS FONOLÓGICOS.................................................................. 9


1. Letras e Fonemas.......................................................................10
2. Encontros e Desencontros..........................................................11
2.1 Encontros Vocálicos..............................................................12
2.1 Encontros Consonantais.......................................................12
3. Acentuação Gráfica.....................................................................13
3.1 Regras de Acentuação.........................................................13
4. Uso dos Porquês.........................................................................16
Referências.....................................................................................18
UNIDADE - 2 MORFOLOGIA..................................................................................21
1. Revisão de Classes Gramaticais.................................................22
2. Estudo de Classes Gramaticais...................................................24
2.1 Advérbios..............................................................................24
2.2 Pronomes.............................................................................25
2.2.1. Pessoais............................................................................25
2.2.2 Possessivos........................................................................26
2.2.3 Demonstrativos.................................................................26
2.2.4 Indefinidos.........................................................................27
2.2.5 Interrogativos....................................................................27
2.2.6 Relativos............................................................................27
2.3. Preposição...........................................................................28
2.4 Verbo....................................................................................29
2.4.1 Modo Indicativo.................................................................32
2.4.2 Modo Subjuntivo ..............................................................33
2.4.3 Modo Imperativo...............................................................34
2.4.4 Verbos Irregulares.............................................................36
2.4.5 Formas Nominais do Verbo...............................................38
Referências.....................................................................................40
UNIDADE - 3 ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS.....................................43
1. Estrutura das Palavras................................................................44
2. Classificação dos Morfemas.......................................................44
2.1 Radical..................................................................................44
2.2 Vogal Temática.....................................................................44
2.3 Desinência............................................................................45
2.4 Afixo.....................................................................................45
2.5 Vogal e consoante de ligação..............................................45
3. Formação de Palavras ...............................................................45
3.1 Derivação Prefixal ...............................................................46
3.2 Derivação Sufixal .................................................................46
3.3 Derivação Parassintética......................................................47
3.4 Derivação Regressiva...........................................................47
3.5 Derivação Imprópria ...........................................................48
4. Outros Tipos de Formações .......................................................48
4.1 Composição..........................................................................48
4.2 Redução ...............................................................................49
4.3 Hibridismo ...........................................................................49
4.4 Onomatopeia .......................................................................49
5. Prefixos e Radicais, Gregos e Latinos........................................51
6. Formação de Palavras e Novo Acordo Ortográfico...................53
Referências.....................................................................................55
UNIDADE - 4 SINTAXE INTERNA...........................................................................57
1. Frase, Oração e Período.............................................................58
2. Partes Constituintes da Oração..................................................59
2.1 Termos essenciais................................................................59
2.2 Termos integrantes..............................................................59
2.3 Termos acessórios................................................................59
3. Termos Essenciais da Oração.....................................................60
3.1 Sujeito...................................................................................60
3.2 Predicado..............................................................................60
4. Posição do Sujeito na Oração....................................................61
5. Classificação do Sujeito..............................................................62
5.1 Sujeitos Simples e Composto...............................................62
5.2 Sujeito Indeterminado.........................................................62
5.3 Sujeito Simples Desinencial (Oculto ou Implícito) .............63
5.4 Oração sem Sujeito..............................................................63
Referências.....................................................................................65
UNIDADE 1
Aspectos Fonológicos

Como se pronuncia mesmo gratuito? E rubrica? Ideia não tem mais acento? E se eu colocar um acento em
“pronuncia”, vai mudar algo? Sim, sim! A maneira como falo ou escrevo pode mudar aquilo que meu ouvinte
ou leitor entenderá.
Para que não haja confusões, vamos começar estudando os sons de nossa amada língua.
Chamaremos de:
» » Fonema - o menor elemento sonoro capaz de estabelecer uma distinção de significado entre as palavras,
ou seja, cada som que pronunciamos de uma palavra é um fonema.
» » Letra - a representação gráfica do fonema.
Exemplo:
Na palavra “casa”, todas as letras que escrevemos são pronunciadas, portanto, nessa palavra, temos 4 letras
e 4 fonemas. Já em “chuva”, o “ch” equivale a um só som pronunciado, assim, na palavra chuva, temos 5
letras, mas 4 sons, ou seja, 4 fonemas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Fonema é pronunciado e ouvido; Letra é escrita e vista.

1. LETRAS E FONEMAS
Perceba que nem sempre o número de letras e de fonemas é o mesmo nas palavras.
Vamos observar essas diferenças no quadro a seguir:

PALAVRA LETRAS FONEMAS POR QUÊ?

parede 6 6 Cada letra representa um som.

As letras RR representam um som apenas, um fonema, as


demais, cada uma representa um fonema.
carro 5 4 Quando duas letras representam um só fonema, chamamos
esse encontro de DÍGRAFO, por exemplo: ss, rr, nh, ch, lh,
sc, xc, sç, qu.

A letra X representa dois sons (fonemas), pois equivale à /


KS/.
táxi 4 5 Chamamos de DÍFONO  a letra que representa dois fone-
mas; por exemplo, a letra X representa dois sons (fone-
mas), pois equivale à /KS/.

E por que você precisa saber isso? Essas informações são importantes na hora de separar as sílabas.
Mais adiante veremos algumas regras básicas de separação silábica, pois nem sempre o Word a fará
por nós.
Além disso, vocês já notou que o som de campo é igual ao de maçã? Esses encontros compostos por
vogais e pelas consoantes M ou N são chamados de Dígrafos Vocálicos, pois as consoantes M e N
não representam uma consoante, somente indicam que a vogal anterior é nasal, ou seja, é como se
tivessem um til.
Veja as combinações de vogal e consoante em que o som é nasal:
Am - campo
An - tanto
Em - sempre
En - contente
Im - simples

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UNIDADE 1 - ASPECTOS MORFOLÓGICOS

In - tinta
Om - tombo
On - conto
Um - cumprir
Un - untar

O mesmo fonema pode ser representado por letras diferentes, por


exemplo:
Massa e maçã; beleza e exame; casa e azar; chave e xale; gente e jeito.
A mesma letra pode representar fonemas diferentes, por exemplo:
Exercício, enxada, táxi e experiência.

2. ENCONTROS E DESENCONTROS
Letras que se encontram, sílabas que devem ficar separadas nos textos que escrevemos, encontros e
desencontros acontecem na vida e nas letras, não é?
E, embora atualmente o Word seja nosso aliado de escrita, facilitando separações silábicas e
sublinhando possíveis erros de grafia, precisamos perceber a palavra, como ela se constitui, pois nem
sempre o meio digital vai nos ajudar, já que ainda não sabe a diferença entre viagem e viajem, por
exemplo. Mas você precisa saber!
Você sabe? Não vamos deixá-lo na dúvida:
Viagem com G é a atividade: “Vou fazer uma viagem ao sul do país”.
Viajem com J é o verbo, a ação que é praticada por um sujeito, origina-se do verbo viajar, que é com
J: “Espero que eles viajem bem.”
Você percebe como é importante estar atento a esses detalhes?
Então, para analisar encontros e desencontros de sons e de letras que formam as palavras, é preciso
ter algumas informações. É preciso saber que:
» » Vogais são os fonemas que são pronunciados livremente e não precisam do amparo de outros
para serem emitidas. A vogal é sempre a BASE da sílaba; portanto, uma sílaba jamais ficará sem
vogal, e uma palavra terá tantas sílabas quanto forem suas vogais.
» » Semivogais são esses sons que se apoiam em uma vogal. Seriam “vogais fracas”, por exemplo,
o “i” e o “u” ao lado de vogais de base, como, por exemplo, em paixão e dourado.
» » Consoantes são as letras que só podem soar com o auxílio de uma vogal.
Você já teve dúvidas sobre como separar as sílabas de palavras como paisagem, passeata,
ou iguarias? Mesmo que não, conhecer quais são os encontros de vogais, semivogais e
consoantes nos ajuda a escrever melhor. Vamos estudá-los nos próximos itens:

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LÍNGUA PORTUGUESA

2.1 ENCONTROS VOCÁLICOS


Temos três tipos de Encontros Vocálicos: Ditongos, Tritongos e Hiatos.
Encontros Vocálicos são agrupamentos de vogais ou de vogais e semivogais sem nenhuma
consoante entre elas.
» » Ditongo é a reunião de vogal e semivogal ou vice-versa em uma mesma sílaba, pois são
pronunciadas num só impulso.
» » Exemplos: COI-sas, mEU, á-GUA.
» » Tritongo é o encontro de semivogal + vogal + semivogal em uma mesma sílaba, ou seja,
pronunciadas num só impulso.
» » Exemplo: i-gUAIs, sagUÃO, a-ve-ri-GUEI.
» » Já no Hiato temos o encontro de duas vogais formando sílabas diferentes.
Exemplo: fA-Ís-ca, Ca-nO-A, rU-A.

Não se separam:
» » Ditongos, Tritongos e os Seguintes Dígrafos qu, gu, ch, lh, nh.
Exemplos: coi-sas (ditongo), Pa-ra-guai (tritongo), que-rer
(dígrafo), a-cho (dígrafo).
Já as “personalidades” iguais ou fortes não se toleram, ou seja, letras
iguais separam-se:
» » Hiatos: EE, OO, AA (co-o-pe-rar) e também as vogais de outros hiatos,
pois são pronunciadas com força e separadamente:
Exemplos: sA-Ú- de (AU), sA- Í-da, rU- Í-do
» » Dígrafos formados por letras iguais (ss, rr) e também os seguintes
dígrafos: sc, xc.
Exemplos: pas-sei-o, nas-cer, ex-ce-to.

2.1 ENCONTROS CONSONANTAIS


Já os Encontros Consonantais são formados pelo agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal
intermediária. Existem dois tipos:
» » Os que resultam do contato de uma consoante com um l ou um r e ocorrem numa mesma
sílaba, como em: pe-dra,  pla-no, a-tle-ta, pro-ble-ma. 
» » Os que resultam do contato de duas consoantes pertencentes a sílabas diferentes: fal-ta, por-
ta, rit-mo.
» » Os Encontros Consonantais podem surgir também no início das palavras; nesse caso, e por
estarem no início delas, são inseparáveis: psi-có-lo-go, pneu, gno-mo.
Pode não parecer importante, mas essas informações são necessárias para que possamos acentuar as
palavras corretamente. E é disso que trataremos a seguir.

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UNIDADE 1 - ASPECTOS MORFOLÓGICOS

3. ACENTUAÇÃO GRÁFICA
A Acentuação Gráfica é um dos conteúdos mais importantes para uma escrita de sucesso, embora
pouca gente a valorize atualmente.
Muitas pessoas pensam que o computador faz tudo, por isso não é necessário se preocupar com
acentuação. Mas será que o “computador” sabe a diferença entre tem e têm, e ou é? Nem sempre, e é
essa a razão de termos regras específicas para marcar, acentuar, graficamente aquilo que acentuamos
na fala: eis a Acentuação Gráfica!
Para marcar a sílaba tônica na escrita, usamos dois tipos de acentos: o agudo (´) para vogais
abertas e o circunflexo (^) para vogais fechadas. Til não é acento, é apenas uma marca de
nasalização como se tivesse um N junto da vogal (an=ã; on=õ).
Antes de vermos as regras, precisamos saber reconhecer a sílaba tônica, ou seja, aquela sílaba que
pronunciamos mais demoradamente e com mais força.
Observe:
CA-DEI-RA penúltima sílaba tônica
SO-FÁ última sílaba tônica
PA-RA-LE-LE-PÍ-PE-DO antepenúltima sílaba tônica
Veja que foi colocada uma palavra com mais de três sílabas para você perceber que não importa o
número de sílabas para que vejamos sua tonicidade, mas sim as três últimas sílabas apenas.

DICA:
Para identificar a sílaba tônica, há um truque antigo: chame a palavra
como se fosse o nome de alguém. Você verá que vai demorar um pouco
mais em uma sílaba: essa será a sílaba tônica.
Exemplo: Jo-sééééééé, ca-deeeeeeeei-ra, poooooor-ta, fa-
roooooooool.

As palavras cadeira, sofá, paralelepípedo podem ser classificadas conforme sua sílaba tônica:
» » Proparoxítonas: são as palavras com a antepenúltima sílaba tônica; por exemplo: paralelepípedo.
» » Paroxítonas: são as palavras com a penúltima sílaba tônica; por exemplo: cadeira.
» » Oxítonas: são as palavras que possuem a última sílaba tônica; por exemplo: sofá.

3.1 REGRAS DE ACENTUAÇÃO


Para que todos os falantes da Língua Portuguesa possam se entender quando escreverem, foram
organizadas algumas regras que padronizam nossa escrita.
Não! Não pense que isso complica, é bem o contrário.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Se não houvesse essas regras, cada um escreveria do “seu jeito” e ninguém se entenderia e, para
que isso não ocorra, há um código escrito da mesma forma como há regras de trânsito ajudando-nos
a conviver.
Veja quais são essas regras:
a) Palavras Proparoxítonas
Todas as palavras proparoxítonas devem ser acentuadas.
Exemplo: gráfico, árvore, pássaro.
b) Palavras Paroxítonas
São acentuadas as paroxítonas terminadas em:
Us - bônus
Ditongo seguido ou não de S - histórIA, MárcIA, pônEIs, VÔLEI
Um, Uns - álbum, álbuns
L - amável, difícil
I (s) - táxi, júris
R - câncer, repórter
Ã(s) - ímã, ímãs, órfã, órfãs
Ão (s) - sótão, órgãos
X - tórax, fênix, ônix
N(on, ons) - hífen, pólen, Édson
Ps - fórceps

DICA:
Essas terminações, se colocadas na horizontal, podem formar uma frase,
então:
Você pode memorizar essas terminações com uma frase!
USEI UM LIRÃO X N PS

c) Palavras Oxítonas
São acentuadas as oxítonas terminadas em:
A(s) - sofá, atrás, está, marajá
E(s) - picolé, você, vocês
O(s) - avô, totó, rabicó, jiló, cipó, cipós
EM - amém, além, também
ENS - parabéns, reféns

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UNIDADE 1 - ASPECTOS MORFOLÓGICOS

São acentuadas as palavras monossílabas tônicas formadas com:


A(s): cá, lá, há, já, trás
E(s): pé, lê, fé, pés, mês
O(s): só, pó, sós, dó, nós
Acentuam-se os ditongos abertos tônicos, exceto aqueles das palavras paroxítonas, ou seja, eles
devem estar sempre no final das palavras:
Chamamos de Ditongos Abertos aqueles ditongos que possuem a vogal E ou O aberta, ou seja, para
pronunciá-las, abrimos mais a boca.
ÉU ÓI ÉI
chapéu dói tonéis
fogaréu rói tortéi
céu herói pastéis

FIQUE ATENTO!
As palavras abaixo antes tinham acento, mas agora não mais, pois os
ditongos não estão no final (não são oxítonas).
Palavras paroxítonas: assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, Coreia,
hebreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico.

Outros Casos
d) Acentuamos as vogais U e I tônicas dos Hiatos nas seguintes condições:
» » serem tônicas;
» » formarem sílabas sozinhas ou com s;
» » estarem antecedidas por outra vogal;
» » não virem seguidas do dígrafo nh;
» » não estarem depois de ditongos em palavras paroxítonas.
Ou seja:
» » acentuadas: baú, saída, país, Luís.
» » não acentuadas: rainha, feiura, juiz.
e) Acento diferencial: talvez você tenha ouvido dizer que o acento diferencial não é mais usado.
Mas o acento diferencial é aquele que, SIM, é usado para diferenciar, na escrita, as palavras que
podem ter classes ou funções diferentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

» » Acentuamos os Verbos a seguir e seus derivados quando possuírem sujeito no plural, isto é, para
diferenciar daquele que tem sujeito no singular:
Ter - Vir
Ele tem / ele vem ’ singular
Eles têm / eles vêm ’ plural
E seus derivados também:
Obter, por exemplo:
Ele obtém - regra das oxítonas;
Eles obtêm - acento diferencial para marcar o plural.
» » Pôr (verbo) e por (preposição)
Uma dúvida comum é se devemos ou não acentuar a palavra “por”. Quando usarmos o verbo,
acentuamos; já a preposição não é acentuada:
Vou pôr (colocar) o casaco agora. # Gosto de andar por este caminho.
» » Pôde (pretérito) e pode (presente)
Na fala, é fácil distinguir a diferença entre essas duas palavras, já que sua pronúncia é diferente. Na
escrita, precisamos marcar essa diferença com diferentes acentos:
Ontem você não pôde ir à aula, mas agora você pode.

FIQUE ATENTO!
Para acentuar bem, é preciso:
1. Separar as sílabas;
2. Identificar a sílaba tônica;
3. Verificar se tem regra para que a palavra seja acentuada;
4. Colocar o acento, agudo ou circunflexo, na sílaba tônica.
Se não houver regra para aquele caso, a palavra não será acentuada.

4. USO DOS PORQUÊS


Muitas vezes nos perguntamos por que acentuar, ou não, diferentes porquês. O Uso dos Porquês
é assunto que também merece nossa atenção nesta unidade, pois, como alguns porquês recebem
acento e outros não, devemos ver por quê.
Você sabe POR QUÊ?
Então vamos saber!

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UNIDADE 1 - ASPECTOS MORFOLÓGICOS

Existem quatro grafias de porquês. Vamos a elas:


» » POR QUE (separado e sem acento) = por qual motivo, pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas
quais, o motivo pelo qual (no início ou no meio de frases).
» » POR QUÊ (separado e com acento) = por qual motivo. (em final de frase, deve bater num ponto
final: . ? ! ... )
» » PORQUE (junto e sem acento) = pois, porquanto, pelo fato de que. (conjunção: explica o que foi
dito na primeira oração)
» » PORQUÊ (junto e com acento) = o motivo, a causa, a razão. (substantivo: sempre precedido de
artigo e também pluralizado)
Sim, essas explicações podem assustar um pouco, pois, quando queremos escrever um porquê, parece
que não vamos lembrar de todos esses detalhes. Então, precisamos facilitar essa escolha. Como?
Veja quando o porquê pode ficar separado:
» » Quando for possível substituí-lo pelas expressões: Por que razão; Pelo qual, pelos quais, pela
qual, pelas quais.
Se for possível essa substituição, então devemos separá-lo, veja os exemplos:
Não sei por que ele partiu. (por que razão)
Não sabemos os motivos por que ele partiu. (pelos quais)
Veja quando o porquê, junto ou separado, deve ser acentuado:
» » Quando estiver em final de frase, ou seja, quando “bater” num ponto ( . ? ! ... ).
» » Quando for substantivado, ou seja, vier acompanhado de um determinante (artigos, pronomes,
numerais), como, por exemplo, o, os, este, aquele, um, uns. Nesse caso, será uma palavra
apenas (porque junto)
Exemplos:
Ele partiu e não disse por quê. (final de frase).
Ele não sabe o porquê de nossa alegria. (substantivo, acompanhado do artigo “o”).
Este é um porquê com acento? (substantivo, acompanhado do artigo “um”).
Lembre, ninguém cozinha bem apenas lendo receitas! Também na escrita é assim: para escrever
bem é preciso exercitar, praticar. Faça muitos exercícios.

PARA SABER MAIS:


Para complementar os estudos, o autor Nílson Teixeira de Almeida tem boas explicações na
Gramática Completa para Concursos e Vestibulares, da Editora Saraiva, de 2009.
Você também pode saber mais assistindo aos vídeos indicados a seguir sobre Acentuação:
Reforma Ortográfica (https://www.youtube.com/watch?v=0JixCiXhu7Q)
Aula sobre Acentuação (https://www.youtube.com/watch?v=49P7uTXpPOI )
Acentuação em I e U (https://www.youtube.com/watch?v=1aJgjhnctrA)

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LÍNGUA PORTUGUESA

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 46.ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.
BECHARA, Evanildo. O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro, Nova Fronteira,
2008.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática reflexiva: texto, semântica e
interação. São Paulo: Atual, 1999.
Cunha, Celso; Cintra, Luis F. Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo - Nova Ortografia. 
Rio de janeiro: Editora Lexikon, 2008.  
GOMES, Francisco Álvaro. O acordo ortográfico. Porto, Porto Editora, 2009.
LEDUR, Paulo Flávio. Português prático. 10. ed. Porto Alegre: AGE, 2009.
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. 8. ed. São Paulo: Ática, 2003. 
MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da língua portuguesa. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
ZANOTTO, Normelio. A nova ortografia explicada. Editora Caxias do Sul: EDUCS, 2009.

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UNIDADE 2
Morfologia

Forma ou conteúdo?
O que é mais importante?
Você pensa sobre isso?
É provável que pense, pois nossa vida transita entre aquilo que parece e aquilo que realmente é! Tudo a nossa
volta é assim: temos uma forma que mostra, em parte, a realidade, a história, o tempo. Veja, por exemplo, um
carro. Pela sua forma, podemos perceber se ele é novo ou velho, se foi usado ou não, se seu dono é cuidadoso
ou não, etc. Sim, o conteúdo se manifesta na forma, ou seja, pela forma percebemos quem o fez e em que
ano, quem o dirige e como.
É um exemplo bobo, mas o interessante é que, com as palavras, também funciona assim. Há formas que
denunciam, contam uma história, outras escondem histórias que só conheceremos se nos aproximarmos de
determinada situação. Você viu isso na unidade anterior, pois a acentuação de uma palavra pode alterar seu
sentido (por exemplo, “O trânsito está caótico” e “Eu transito por aqui”), ou seja, a forma pode transformar
ou denunciar o conteúdo. Por isso é importante conhecermos a forma das palavras para dominarmos seu
conteúdo sem fazer confusões!
LÍNGUA PORTUGUESA

O estudo que faremos agora trata da FORMA (morfologia = estudo da forma) da palavra: sua estrutura,
como ela é formada e sua classificação. E assim como os aspectos fonológicos estudam as palavras
isoladamente, observando suas características sonoras, a Morfologia as estuda também de forma
isolada, sem cogitar sua participação na frase ou no período.
Nesta unidade, vamos ver os tipos de palavras de nossa língua, as quais se organizam em dez classes,
denominadas classes de palavras ou classes gramaticais.
Você já deve ter obtido contato com esses nomes ao longo de sua vida de estudante, veja:
» » Substantivo
» » Artigo
» » Adjetivo
» » Numeral
» » Pronome
» » Verbo
» » Advérbio
» » Preposição
» » Conjunção
» » Interjeição

Precisamos estudar essas classes, porque cada tipo de palavra tem uma
função diferente, uma grafia específica, uma determinada relação com a
realidade. Conhecer e dar nome a elas é como dar nome a sentimentos.
Não é bom quando alguém consegue descrever o que sentimos? Isso
não melhora nossa compreensão em relação ao sentimento? Assim deve
ocorrer com nossa análise da língua: ao nomear as palavras, podemos
entendê-las, usá-las de forma mais adequada, reconhecer suas diferenças,
criar novas.

1. REVISÃO DE CLASSES GRAMATICAIS


Agora vamos trazer de nossos arquivos mentais aquilo que já estudamos quando crianças, revisando,
de maneira resumida, as classes de palavras. Nesta Unidade, daremos mais atenção a algumas
classes apenas, aquelas que precisam ser retomadas, pois nos ajudarão nos estudos posteriores. As
Conjunções serão estudadas, em detalhes, na Unidade 7.
1) Substantivo – dá nome aos seres (coisas ou substâncias): vovô, escola, fruteira, guarda-chuva,
Canadá; também dá nome aos sentimentos: amor, ódio, tristeza; e também às ações: caminhada,
espera, busca.

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UNIDADE 2 - MORFOLOGIA

2) Artigo - é a palavra que tem por fim individualizar a coisa, ou seja, acompanha o substantivo,
determinando-o: o, a, os, as, um, uma, uns, umas. Veja que dizer “uma menina saiu” é
diferente de dizer “a menina saiu”, pois, ao usarmos o artigo “a”, demonstramos que falamos
de determinada menina, que essa menina é conhecida.
3) Adjetivo – dá características e qualidades aos seres: bom, bonita, alegre, leal.
4) Numeral - expressa quantidade, ordem, fração, multiplicação: três, terceiro, meio, dobro.
5) Pronome - acompanha ou substitui o nome: ele, nós, essa, você, nossos, quem, qual, algum,
tudo, etc.
6) Verbo – expressa ação, estado, fenômenos da natureza: dialogar, ser, estar, chover.
7) Advérbio - dá circunstância ao verbo: sim, não, lentamente, francamente, muito, bem, sempre,
ali, lá, etc.
8) Preposição – liga termos de uma oração estabelecendo relações entre eles: a, ante, até, após,
com, contra, de, desde, em, entre, para, por, perante, sem, sob, sobre, trás.
9) Conjunção – estabelece ligação entre orações: e, mas, porém, porque, portanto, pois, que,
embora, conforme, etc.
10) Interjeição – expressa emoção, sentimento: Oba! Ah! Oh! Puxa vida! Ai!;
A seguir são destacados dois tipos de palavras muito importantes na construção do discurso:
o substantivo e o verbo. Como mostra o esquema, as outras palavras “giram” em torno dessas,
qualificando-as, determinando-as, substituindo-as ou ligando-as.

ARTIGO SUBSTANTIVO ADJETIVO

PRONOMES PREPOSIÇÕES CONJUNÇÕES

ADVÉRBIOS VERBO ADVÉRBIOS

FIQUE ATENTO:
palavra que dá nome = substantivo
palavras que determinam o nome = artigo, adjetivo, pronome, numeral
palavras que se ligam ao verbo = advérbios e complementos verbais
palavras que ligam termos = preposições, pronomes relativos e conjunções

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LÍNGUA PORTUGUESA

2. ESTUDO DE CLASSES GRAMATICAIS


Veremos, a seguir, alguns tipos de palavras que merecem nossa atenção:

2.1 ADVÉRBIOS
É toda palavra que pode modificar o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, indicando-lhes circunstâncias.
Essas circunstâncias podem ser
a) De lugar: aqui, ali, lá, longe, perto, junto, acima, abaixo, atrás, adiante, à direita, ao lado, etc.
b) De tempo: hoje, ontem, amanhã, sempre, já, jamais, nunca, tarde, cedo, à noite, etc.
c) De modo: melhor, pior, bem, mal, assim, simplesmente, francamente, covardemente, etc.
d) De negação: não, de modo nenhum.
e) De afirmação: sim, certamente, realmente, etc.
f) De dúvida: talvez, acaso, possivelmente, provavelmente, etc.
g) De intensidade: tão, muito, pouco, bastante, tanto, mais, menos, etc.

FIQUE ATENTO!
Os advérbios são invariáveis, ou seja, não variam, não podem ser
flexionados no plural, por exemplo, nem variar para o feminino. Portanto
a palavra “menas” não existe tampouco “sins” ou “nãos”!

A Locução Adverbial
Toda vez que mencionarmos “locução”, estaremos nos referindo a um conjunto de palavras com um
valor apenas.
Assim, Locução Adverbial é o conjunto de palavras que tem o mesmo valor de um advérbio.
Alguns exemplos: com certeza, sem dúvida, de muito, de pouco, à direita, à esquerda, à
distância, ao lado, de longe, de perto, às vezes, à toa, etc.
Veja que esses conjuntos de palavras têm valor de advérbios, por exemplo, com certeza tem valor de
certamente; sem dúvida, de indubitavelmente.
Advérbios: certamente, indubitavelmente.
Locução Adverbial: com certeza, sem dúvida.

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UNIDADE 2 - MORFOLOGIA

2.2 PRONOMES
Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa que representa ou acompanha o substantivo
(nome). Os pronomes são muito importantes na construção do texto, pois servem como nexos frasais,
ou seja, palavras que ligam termos ou orações, estabelecendo uma relação de sentido entre esses
termos ou substituindo-os, a fim de evitar repetições desnecessárias.

A CLASSIFICAÇÃO DOS PRONOMES:

2.2.1. Pessoais
São aqueles que substituem as pessoas do discurso.
Você sabe o que são pessoas do discurso? Veja;
» » A primeira pessoa é aquela que fala - eu, nós;
» » A segunda pessoa é aquela COM quem se fala - tu, vós;
» » A terceira pessoa é a pessoa DE quem se fala - ele, ela, eles , elas.
Os pronomes pessoais podem ser:
» » Retos - são aqueles que representam o sujeito dos verbos, ou seja, eles “mandam” nos verbos.
» » Oblíquos - são aqueles que exercem função complementar, ou seja, completam o sentido dos
verbos nas frases.
Você já deve ter visto esse quadro inúmeras vezes durante sua vida de estudante, e não custa ver
mais uma!

PESSOAS DO DISCURSO PRONOMES PESSOAIS RETOS PRONOMES PESSOAIS OBLÍQUOS

SINGULAR
1ª eu me, mim, comigo
2ª tu te, ti contigo
3ª ele, ela se, si consigo, o, a, lhe

PLURAL
1ª nós nos, conosco
2ª vós vos, convosco
3ª eles, elas se, si consigo, os, as, lhes

» » De tratamento: são aqueles que substituem a terceira pessoa gramatical. Serão usados de
acordo com o cargo ou função da pessoa a quem nos referimos ou com a qual falamos.
Alguns exemplos: você, Vossa Alteza, Vossa Excelência, Vossa Magnificência, Vossa Senhoria,
Vossa Reverendíssima, Vossa Santidade, Vossa Majestade, senhor, senhora.

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LÍNGUA PORTUGUESA

IMPORTANTE:
No site sugerido logo abaixo, você poderá ver o uso de cada pronome de
tratamento e suas abreviaturas, pois é importante usá-los de acordo com
o cargo da pessoa com a qual falamos ou a quem escrevemos. http://
www.infoescola.com/portugues/pronomes-de-tratamento

FIQUE ATENTO!
Ainda sobre os pronomes pessoais...
Perceba que, se os pronomes pessoais retos representam o sujeito dos
verbos, ou seja, “mandam” nos verbos, os pronomes “mim” ou “ti”
não conjugam verbo!
Portanto:
Trouxe este lanche para EU comer. (e não para “mim comer”
como é comum ouvirmos)
Isto é para TU fazeres. (e não para “ti fazer”)
Veja que é importante usar esses pronomes com os verbos para evitar
interpretações não muito agradáveis, por exemplo:
Trouxe este lanche para “ ti comer” mais tarde.
Essa formação fica estranha, não? Dessa forma, mesmo que seja menos
usual na fala, vamos priorizar a forma que não causa falsas interpretações:
Trouxe este lanche para “tu comeres” mais tarde.

2.2.2 Possessivos
São aqueles que indicam posse.
Meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e flexões (minha, tua, etc.).

2.2.3 Demonstrativos
São os pronomes que localizam o substantivo ao qual nos referimos.
Este, esta, isto - indica proximidade da pessoa que fala.
Esse, essa, isso - indica proximidade da pessoa com quem se fala.
Aquele, aquela, aquilo- indica distância das pessoas do discurso.
O, a, os, as diante da palavra QUE, pois, nesse caso, têm valor de “aquele(s)”, “aquela(s)”,
aquilo ou isto.

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UNIDADE 2 - MORFOLOGIA

DICA:
Também em relação ao tempo e no texto essa “proximidade” se aplica.
Quando nos referimos a um tempo próximo, usamos ESTE, ESTA, por
exemplo:
Este tem sido um ano difícil. (o ano em que se está vivendo = presente)
Ano passado não tivemos férias, esse ano foi difícil! (Como já passou,
não está próximo, usamos SS+ tempo paSSado, eSSe ano, o que passou)
E no texto:
Maria e Paula são amigas inseparáveis desde a infância. Esta já tem 19
anos; aquela ainda tem 18.
(esta= Paula, aquela=Maria)

2.2.4 Indefinidos
São os que se referem ao substantivo de maneira vaga, imprecisa.
Algum, nenhum, todo, outro, muito pouco, certo, vário, tanto, quanto, qualquer e flexões;
alguém, ninguém, tudo, outrem, nada, cada, algo.

2.2.5 Interrogativos
Esses pronomes aparecem em frases terminadas por ponto interrogativo ou após os verbos perguntar,
indagar, querer saber (frases interrogativas indiretas).
São eles: que, quem, qual, quanto.
Exemplos:
Quem saiu? – frase interrogativa direta.
Não sabemos quem saiu. – frase interrogativa indireta.

2.2.6 Relativos
São aqueles que se referem a um substantivo anterior a eles, substituindo-o na oração seguinte.
Não conhecemos os alunos. Os alunos saíram.
Não conhecemos os alunos que saíram.
Observe que o pronome relativo QUE substitui o termo “os alunos” na segunda oração.Quando
trabalharmos as Orações Subordinadas Adjetivas, na Unidade 6, veremos detalhadamente quais são e
de que forma se usam os Pronomes Relativos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2.3. PREPOSIÇÃO
Outra “palavrinha” que merece nossa atenção é a preposição, pois ela é responsável pela relação de
sentido que existe entre os termos de uma oração.
Vamos ver?
Estabeleça uma ligação entre os elementos das frases, preenchendo os espaços com a palavra que
considerar adequada:

1) O motorista precisou ........... um guincho ............. rebocar o ônibus.


2) .............. medo de ser multado, começou ......... esbravejar.
3) Mesmo .................. sua vontade, admitiu que a situação não estava .............. controle.
4) Ele foi multado .................. estar ............. cinto ............. segurança.
5) Um passageiro bateu ................. a cabeça .............. teto ............. veículo.
6) .............. dias procurando, encontrou o que perdera .............. acidente.
7) Sua habilitação estava dentro .......... ônibus, ............ o encosto e o assento ........ poltrona.
(sugestão de palavras: de/para/com/a/contra/sob/por/sem/de/após/no/do/entre/da)

Para completar as orações, você usou preposições. A Preposição é uma palavra invariável que tem a
função de estabelecer uma relação de sentido entre dois termos na oração. Exemplo: Estou com fome.
Estou sem fome.

São 17 preposições:
a, ante, atétt, após,
com, contra,
de, desde,
em, entre,
para, perante, por,
sem, sob, sobre,
trás.

Muitas vezes o artigo aparece unido a uma preposição. Também isso ocorre com pronomes e advérbios,
em duas situações:
Combinação: a preposição aparece unida a outra palavra, como em:
Ao (preposição a + artigo o)
Aonde (preposição a + advérbio onde)
Contração: a preposição aparece unida a outra palavra com perda de algum elemento fonético
(som), como em:
À (preposição a + artigo a)
Do (preposição de + artigo o)
Num (preposição em + artigo um)
Na (preposição em + artigo a)
Daquele (preposição de + pronome aquele)

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UNIDADE 2 - MORFOLOGIA

As preposições estabelecem variadas relações de sentido.


“O telefone de Maria” – ideia de posse.
“Morreu de fome” - ideia de causa;
“Venho de São Paulo” - ideia de origem, etc.

Você deve ter percebido que a letra A pode ser artigo, pronome pessoal
ou preposição, não é?
Então, veja, nas orações abaixo, há vários tipos de “a”, observe:
“A” artigo, quando acompanha um substantivo feminino:
a) Hoje a mulher começa a conhecer a liberdade.
b) A Bíblia ensina a amar nossos inimigos.
c) Vinde a mim as criancinhas.

Dica 1:
Trocando a palavra feminina por uma masculina, ocorrerá O no lugar de
A, ou seja, trocaremos o artigo A, feminino, por um artigo masculino, O.
“A” preposição, quando serve para relacionar dois termos que não
aceitam a troca por um nome masculino que seja acompanhado por
O, artigo:
a) O elefante africano chega a quatro metros de altura.
b) Enviei a ela a carta que você escreveu.
c) Nada é igual à vida no campo.

Dica 2 :
Neste caso, ao trocarmos a palavra vida por uma do gênero masculino,
por exemplo, descanso, a frase exigirá AO, mostrando que, além do
artigo O, há uma preposição A. Este é um caso de crase, que estudaremos
mais além.
“A”pronome pessoal oblíquo, quando substitui o complemento (de
gênero feminino) de um verbo:
a) Encontrei-a na rua.(encontrei ela)
b) Nós a vimos ontem. (vimos ela)
c) Esta blusa é muito agradável, comprei-a na praia.

2.4 VERBO
É uma palavra variável que exprime ação, estado, mudança de estado e fenômeno meteorológico
sempre em relação a um determinado tempo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Se o verbo é uma palavra variável, devemos ver como ela varia, e varia muito! Essa é a provável razão
pela qual muitas pessoas enfrentam problemas com a utilização de verbos principalmente na escrita.
Os verbos variam quanto a PESSOA, NÚMERO, MODO, TEMPO E VOZ, que pode ser ativa, passiva ou
reflexiva. Como a compreensão das variações de vozes verbais exige um conhecimento da estrutura
frasal, ou seja, a relação existente entre as palavras na frase, deixaremos a explicação sobre vozes
verbais para a Unidade 4.
Vamos às outras variações. O verbo varia quanto a
» » Pessoa (1ª,2ª ou 3ª pessoa do discurso):
1ª - A pessoa que fala (eu, nós);
2ª - A pessoa com quem se fala (tu, nós);
3ª - A pessoa de quem se fala (ele, eles).

FIQUE ATENTO!
Essas palavras que indicam as pessoas são os nossos conhecidos pronomes
pessoais, são eles que “mandam” nos verbos.

» » Número (singular ou plural)


O verbo pode estar flexionado no singular ou no plural: eu falo - singular; nós falamos= plural.
» » Modo (Indicativo, Subjuntivo, Imperativo)
Ao falarmos, flexionamos os verbos em 3 Modos, que são maneiras diferentes de traduzir nossa
intenção. Cada um desses modos representa, então, a maneira como indicamos ações e estados.
O Modo Indicativo, representado por seis tempos, indica fatos certos, que certamente acontecem,
aconteceram ou acontecerão.
Exemplo: Amanhã sairei.
O Modo Subjuntivo indica fatos prováveis, possibilidades.
Exemplo: Amanhã talvez eu saia.
O Modo Imperativo, como o nome indica, é o modo da persuasão, da ordem, própria dos imperadores.
Exemplo: Saia agora!
» » Tempo (presente, passado, futuro). Esses tempos variam conforme o Modo.

A seguir, mostraremos a conjugação dos verbos regulares.

Verbos Regulares e Irregulares


E o que são verbos regulares? Veja!
Um verbo é formado por dois elementos principais: radical e terminação ou desinência.

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UNIDADE 2 - MORFOLOGIA

Radical é a base comum de significação do verbo. Para se encontrar o radical de um verbo, basta
retirar as terminações -ar, -er, -ir do Infinitivo. Por exemplo:
cantar - ar = cant- vender - er = vend- partir - ir = part-
Terminação ou Desinência é a parte do verbo em que ocorrem as variações de pessoa, tempo e modo
durante a conjugação, por exemplo:
cantava - radical: cant-, terminação: ava
vendêssemos - radical: vend-, terminação: êssemos
partiste - radical: part-, terminação: iste
Um verbo é regular quando o radical não se altera, e suas terminações seguem o modelo da conjugação
a que pertence, por exemplo:
andar - radical: and-:
ando, andava, andei, andarei, andaria, andasse, etc.
Veja, essa é a FORMA de que já falamos. Pela forma, sabemos quem fala, se é um ou mais
de um; em que tempo se falou; se foi um fato certo, provável ou uma ordem.
Um verbo é irregular quando o radical se altera ou quando suas terminações não seguem o modelo
da conjugação a que pertence, por exemplo:
trazer - radical: traz-:
trago, trazia, trouxe, trarei, traga, trouxesse, trouxer, etc.

FIQUE ATENTO!
Verbos Regulares são aqueles que seguem uma regra, as variações que
sofrem ocorrem apenas nas Desinências de acordo com o modo, tempo,
número e pessoa, ou seja, ele não sofre alteração em seu radical nem
em suas terminações.
Ex: Conjugação do verbo regular “mandar” no presente do
indicativo
Eu mando
Tu mandas
Ele manda
Nós mandamos
Vós mandais
Eles mandam
Qualquer verbo regular da primeira conjugação (AR) sofrerá as mesmas
alterações, por isso é Regular.

A seguir, observe a regra não só de um verbo da primeira conjugação (MANDAR), mas também de
verbos das outras (ER - vender, IR- partir).

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LÍNGUA PORTUGUESA

2.4.1 Modo Indicativo


Primeira conjugação (ar) Segunda conjugação (er) Terceira conjugação (ir)
Exemplo: cantar, vender, partir
Presente
Eu canto Eu vendo Eu parto
Tu cantas Tu vendes Tu partes
Ele canta Ele vende Ele parte
Nós cantamos Nós vendemos Nós partimos
Vós cantais Vós vendais Vós partais
Eles cantam Eles vendem Eles partem

Pretérito Perfeito
Eu cantei Eu vendi Eu parti
Tu cantaste Tu vendeste Tu partiste
Ele cantou Ele vendeu Ele partiu
Nós cantamos Nós vendemos Nós partimos
Vós cantastes Vós vendestes Vós partistes
Eles cantaram Eles venderam Eles partiram

Pretérito Imperfeito
Eu cantava Eu vendia Eu partia
Tu cantavas Tu vendias Tu partias
Ele cantava Ele vendia Ele partia
Nós cantávamos Nós vendíamos Nós partíamos
Vós cantáveis Vós vendíeis Vós partíeis
Eles cantavam Eles vendiam Eles partiam

Pretérito mais que perfeito


Eu cantara Eu vendera Eu partira
Tu cantaras Tu venderas Tu partiras
Ele cantara Ele vendera Ele partira
Nós cantáramos Nós vendêramos Nós partíramos
Vós cantáreis Vós vendêreis Vós partíreis
Eles cantaram Eles venderam Eles partiram

Futuro do Presente
Eu cantarei Eu venderei Eu partirei
Tu cantarás Tu venderás Tu partirás
Ele cantará Ele venderá Ele partirá
Nós cantaremos Nós venderemos Nós partiremos
Vós cantareis Vós vendereis Vós partireis
Eles cantarão Eles venderão Eles partirão

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UNIDADE 2 - MORFOLOGIA

Futuro do Pretérito
Eu cantaria Eu venderia Eu partiria
Tu cantarias Tu venderias Tu partirias
Ele cantaria Ele venderia Ele partiria
Nós cantaríamos Nós venderíamos Nós partiríamos
Vós cantaríeis Vós venderíeis Vós partiríeis
Eles cantariam Eles venderiam Eles partiriam

2.4.2 Modo Subjuntivo


Presente
(Que)
Eu cante Eu venda Eu parta
Tu canteis Tu vendas Tu partas
Ele cante Ele venda Ele parta
Nós cantemos Nós vendamos Nós partamos
Vós canteis Vós vendais Vós partais
Eles cantem Eles vendam Eles partam

Pretérito Imperfeito
(Se)
Eu cantasse Eu vendesse Eu partisse
Tu cantasses Tu vendesses Tu partisses
Ele cantasse Ele vendesse Ele partisse
Nós cantássemos Nós vendêssemos Nós partíssemos
Vós cantásseis Vós vendêsseis Vós partísseis
Eles cantassem Eles vendessem Eles partissem

Futuro
(Quando)
Eu cantar Eu vender Eu partir
Tu cantares Tu venderes Tu partires
Ele cantar Ele vender Ele partir
Nós cantarmos Nós vendermos Nós partirmos
Vós cantardes Vós venderdes Vós partirdes
Eles cantarem Eles venderem Eles partirem

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LÍNGUA PORTUGUESA

2.4.3 Modo Imperativo


Afirmativo
Não possui a primeira pessoal (eu), ninguém manda em si mesmo.
canta tu vende tu parte tu
cante ele venda ele parta ele
cantemos nós vendamos nós partamos nós
cantai vós vendei vós parti vós
cantem eles vendam eles partam eles

Negativo
Não cantes tu Não vendas tu Não partas tu
Não cante ele Não venda ele Não parta ele
Não cantemos nós Não vendamos nós Não partamos nós
Não canteis vós Não vendais vós Não partais vós
Não cantem eles Não vendam eles Não partam eles

Os três verbos, aqui apresentados, são verbos regulares, isto é, verbos


que conservam o radical em todos os modos e em todos os tempos: CANT
– VEND – PART.

As segundas pessoas, singular e plural, tu e vós saem do Presente do Modo Indicativo, sem o S final.
Exemplos:
O Imperativo Afirmativo apanha emprestado pessoas de outro tempo verbal.
Tu cantas = Canta tu;
Tu vendes = Vende tu;
Tu partes = Parte tu = sem s final.

Vós cantais = Cantai vós;


Vós vendeis = Vendei vós;
Vós partis = Parti vós = sem s final.
As demais pessoas: ele, nós e eles saem do Presente do Modo Subjuntivo:
Exemplos:
Ele cante = cante ele;
Ele venda = venda ele;
Ele parta = Parta ele.

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UNIDADE 2 - MORFOLOGIA

O Imperativo Negativo também apanha emprestado todas as pessoas. Neste caso, todas as pessoas
saem do Presente do Modo subjuntivo, sem perder qualquer letra.
Exemplo:
Tu cantes = Não cantes tu;
Tu vendas = Não vendas tu;
Tu partas = Não partas tu.
Veja o quadro a seguir com um modelo do verbo CANTAR:

IMPERATIVO
AFIRMATIVO PRESENTE DO
IMPERATIVO NEGATIVO
PRESENTE DO (TU E VÓS, SEM S, IGUAL AO SUBJUNTIVO
(TODO IGUAL AO PRESENTE
INDICATIVO INDICATIVO, OS DEMAIS,
IGUAIS O PRESENTE DO DO SUBJUNTIVO)
SUBJUNTIVO)

Eu canto _____________ Que eu cante ____________

Tu cantas
Canta tu Que tu cantes Não cantes tu

Que ele cante


Ele canta Cante ele/você Não cante ele/você

Que nós cantemos


Nós cantamos Cantemos nós Não cantemos nós

Vós cantais
Cantai vós Que vós canteis Não canteis vós

Que eles cantem


Eles cantam Cantem eles/você Não cantem eles/vocês

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nas propagandas, é muito comum o uso do Modo Imperativo, e também é


comum encontrarmos algumas confusões na sua conjugação. Veja, se você
usa a 2ª pessoa do singular (tu), todos os verbos seguintes deverão seguir
conjugados nessa pessoa. Mas isso não acontece, muitas propagandas
usam, indiscriminadamente, tanto “tu” quanto “você”, que embora se
dirija a um interlocutor, pede o verbo na 3ª pessoa.
Veja, há uma propaganda de refrigerante que diz:
“Se liga! Tome essa atitude!”
Veja que o primeiro verbo está na 2ª pessoa: Se liga (tu).
Depois, o verbo está na 3ª pessoa: Tome (você).
Além disso, o pronome deveria ser TE e não Se;
Para ficar coerente, deveria ser assim:
“Te liga, toma essa atitude” ou
“Se ligue, tome essa atitude.”
É acho que faltou “eles se ligarem”, não é?

2.4.4 Verbos Irregulares


Colocamos aqui a conjugação de do verbo VER. Observe as mudanças que seu radical sofre, pois
não segue a regra, por isso esse tipo de verbo é chamado de IRREGULAR. Há muitos verbos também
irregulares. Você pode observar sua conjugação em dicionários, na internet ou em gramáticas.
Verbo ver
Indicativo
Presente Pretérito perfeito Pretérito imperfeito
Eu vejo Eu vi Eu via
Tu vês Tu viste Tu vias
Ele vê Ele viu Ele via
Nós vemos Nós vimos Nós víamos
Vós vedes Vós vistes Vós víeis
Eles veem Eles viram Eles viam

Pretérito mais-que-perfeito Futuro do presente Futuro do pretérito


Eu vira Eu verei Eu veria
Tu viras Tu verás Tu verias
Ele vira Ele verá Ele veria
Nós víramos Nós veremos Nós veríamos
Vós víreis Vós vereis Vós veríeis
Eles viram Eles verão Eles veriam

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UNIDADE 2 - MORFOLOGIA

Subjuntivo
Presente Pretérito imperfeito Futuro
Que eu veja Se eu visse Quando eu vir
Que tu vejas Se tu visses Quando tu vires
Que ele veja Se ele visse Quando ele vir
Que nós vejamos Se nós víssemos Quando nós virmos
Que vós vejais Se vós vísseis Quando vós virdes
Que eles vejam Se eles vissem Quando eles virem

Modo Imperativo

IMPERATIVO
AFIRMATIVO PRESENTE DO
PRESENTE DO SUBJUNTIVO IMPERATIVO NEGATIVO
(TU E VÓS, SEM S, IGUAL AO (TODO IGUAL AO PRESENTE
INDICATIVO INDICATIVO, OS DEMAIS, DO SUBJUNTIVO)
IGUAIS AO PRESENTE DO
SUBJUNTIVO)

Eu vejo _____________ Que eu veja ____________

Tu vês Que tu vejas


Vê tu Não vejas tu

Que ele veja


Ele vê Veja ele/você Não veja ele/você

Que nós vejamos


Nós vemos Vejamos nós Não vejamos nós

Vós vedes Que vós vejais


Vede vós Não vejais vós

Que eles vejam


Eles veem Vejam eles/você Não vejam eles/vocês

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LÍNGUA PORTUGUESA

DICA:
É muito comum haver confusão na conjugação de verbos irregulares,
especialmente no modo subjuntivo. Para que você não faça confusões,
veja o esquema abaixo, pois o subjuntivo é formado a partir do Pretérito
Perfeito do Modo Indicativo:
Pretérito Perfeito do Indicativo verbo VER
eu vi
tu viste
ele viu
nós vimos
vós vistes
eles viram

PARA COMPOR O IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO E O FUTURO DO SUBJUNTIVO,


USAMOS A 3ª PESSOA DO PLURAL DA SEGUINTE MANEIRA:

IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO FUTURO DO SUBJUNTIVO


VIRAM - RAM + SSE VIRAM - RAM
Se eu visse Quando eu vir
Se tu visses Quando tu vires
Se ele visse Quando ele vir
Se nós víssemos Quando nós virmos
Se vós vísseis Quando vós virdes
Se eles vissem Quando eles virem

2.4.5 Formas Nominais do Verbo


O verbo pode estar “disfarçado” de Nome, a esses disfarces ou formas específicas chamamos de
Formas Nominais Dos Verbos. Elas são nomeadas assim porque também podem exercer função de
nome.
Exemplos:
Função verbal: Ele é muito amado por nós.
Função nominal: Meu amado!
Essas formas têm desinências (terminações) específicas. São elas:
a) Infinitivo - possuem as terminações -ar, -er, -ir (cantar, viver, partir).
b) Gerúndio - possuem a terminação -ndo (cantando, vivendo, partindo).
c) Particípio - possuem as terminações -do ou -to (cantado, vivido, partido, escrito)

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UNIDADE 2 - MORFOLOGIA

Veja os verbos Cantar, Vender e Partir nas três Formas Nominais:


Infinitivo
Cantar Vender Partir
Gerúndio
Cantando Vendendo Partindo
Particípio
Cantado Vendido Partido
Fizemos uma brincadeira com alguns verbos, pois nem só de regras vive um estudante! Você também
pode ser um poeta, basta brincar com verbos!
Veja que todos eles estão no Infinitivo.
Observe também que não exprimem ideia de presente, passado ou futuro:
VERBOS
Viver e querer
Viver e sonhar
Viver e esquecer
Viver e acordar
Querer e viver
Sonhar e viver
Esquecer e viver
Acordar e viver
Querer sonhar e esquecer
Sonhar e acordar
Querer acordar e sonhar
Querer sonhar e acordar
Viver e viver é sonhar
Sonhar e sonhar é esquecer
Sonhar e acordar é viver
Esquecer...
Sonhar...
Acordar...
Querer...
VIVER!!!!

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LÍNGUA PORTUGUESA

PARA SABER MAIS:


Para aprofundar os seus conhecimentos, acesse os seguintes sites sobre:
Conjugação de verbos: http://www.conjugacao.com.br/
Vídeo - Aula on-line: https://www.youtube.com/watch?v=pWc88oblnDw

Lembre, receitas não curam! Também na escrita é assim, para escrever bem é preciso usar o que
lemos, exercitar, praticar. Faça muitos exercícios!

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 46.ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.
BECHARA, Evanildo. O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2008.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática reflexiva: texto, semântica e
interação. São Paulo: Atual, 1999.
Cunha, Celso; Cintra, Luis F. Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo - Nova Ortografia. 
Rio de janeiro: Editora Lexikon, 2008.
GOMES, Francisco Álvaro. O acordo ortográfico. Porto, Porto Editora, 2009.
LEDUR, Paulo Flávio. Português prático. 10. ed. Porto Alegre: AGE, 2009.
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. 8. ed. São Paulo: Ática, 2003. 
MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da língua portuguesa. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
ZANOTTO, Normelio. A nova ortografia explicada. Editora Caxias do Sul: EDUCS, 2009.

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UNIDADE 2 - MORFOLOGIA

41
UNIDADE 3
Estrutura e formação das palavras

Você já percebeu que muitas palavras são parecidas?


Poderíamos até dizer que algumas delas são “familiares” ou “parentes”, não é?
Veja: amor, amável, amado, amar, amador. Já vimos que cada uma delas tem pertence a uma classe, pois
amor é substantivo, é nome de algo; amável é adjetivo, qualifica algo; amado é a forma nominal de um verbo
que também pode ter função de adjetivo, por isso “forma nominal”; amar é um verbo no Infinitivo, amador
é adjetivo também.
Sim, as palavras têm famílias! Famílias com árvore genealógica e tudo, pois têm uma história que chegou até
os nossos dias.
Então, nesta unidade, faremos outra análise da “forma” das palavras. Na unidade 2, vimos os tipos de
palavras que existem, agora analisaremos o interior delas, que elementos as constituem, de que maneira elas
chegaram até os nossos dias e como esse conhecimento pode-nos auxiliar a enriquecer nosso vocabulário.
A esse estudo chamamos de Estrutura e Formação das Palavras.
LÍNGUA PORTUGUESA

1. ESTRUTURA DAS PALAVRAS


As palavras da Língua Portuguesa podem ser divididas em partes, em pequenos elementos. Veja, por
exemplo, a palavra GAROTA. Ela é composta por garot + a .

Garot- que contém o significado da palavra;


a- indica que essa palavra pertence ao gênero feminino.

No masculino singular seria garotO; no feminino plural, garotAS; no diminutivo, garotINHO, garotINHA;
NO AUMENTATIVO, garotÃO, garotONA.
Genericamente, todos esses termos recebem o nome de MORFEMA, a menor unidade portadora de
significado de uma palavra.
Esses elementos formadores das palavras têm nomes específicos de acordo com suas funções. São
eles:
» » Radical
» » Vogal temática
» » Desinência
» » Afixo (prefixo e sufixo)

2. CLASSIFICAÇÃO DOS MORFEMAS

2.1 RADICAL
é a unidade mínima que fornece o significado da palavra. A partir do radical, podemos formar famílias
de palavras. Essas palavras “parentes” são chamadas Cognatas.
Moç + o
Moç + a
re+ moç + ar
Nos exemplos acima, a parte em amarelo é o radical e as demais partes desinências ou afixos , que
veremos a seguir.

2.2 VOGAL TEMÁTICA


É a que aparece imediatamente após o radical, deixando-o pronto para receber outros elementos, ou
seja, é ela quem faz a ligação entre esses elementos.

44
UNIDADE 3 - ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

2.3 DESINÊNCIA
é o elemento que aparece no final da palavra e indica o gênero e o número dos nomes (desinência
nominal) e modo, tempo, número e pessoa dos verbos (desinência verbal).
EXEMPLOS:
Moç + a + s
O morfema A indica gênero feminino e o morfema S indica o número (plural).
Esper + á + va + mos
Esse -a é a Vogal Temática.
Nessa palavra, o morfema -va indica o Modo (Indicativo) e o tempo( Pretérito Imperfeito) e o
morfema - mos informa o número (plural) e a pessoa (1ª). Cada um desses morfemas chama-se
Desinência.

2.4 AFIXO
é o elemento que se acrescenta ao radical, a fim de formar novas palavras. Há dois tipos de afixos:
Esse -a é a VOGAL TEMÁTICA.
» » Prefixo é aquele que aparece antes do radical.
In útil
Des igual
» » Sufixo é aquele que aparece depois do radical.
Utili zar
Igual mente

2.5 VOGAL E CONSOANTE DE LIGAÇÃO


são elementos de ligação sem significado que se encaixam na estrutura da palavra apenas para
facilitar a pronúncia.
Café + i + cultura = cafeicultura
Café + z + al = cafezal
Mais além, veremos que o estudo das desinências verbais indica o sujeito das orações que analisarmos.

3. FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Você sabia que nossa língua originou-se, quase toda, do latim, falado na Itália meridional, berço
da nação romana. Em virtude da política do Império Romano, de conquistar mais e mais territórios,
essa língua difundiu-se pela Europa, mesclando-se a outros dialetos (francês, espanhol, provençal,
romeno...) como consequência não só das invasões romanas como das invasões de outros povos tais
como os visigodos, os bárbaros.

45
LÍNGUA PORTUGUESA

A Língua Portuguesa, portanto, tem sua base no latim vulgar (falado apenas) e sofreu as influências
dos demais povos que habitavam e lutavam pelos territórios naquele período. E é por essa razão que
nossa língua apresenta tantas “riquezas”, o que, para alguns, representam problemas ou dificuldades.
Essas riquezas ou dificuldades estão expressas na formação das palavras, motivo pelo qual temos
uma variedade de formas na representação escrita dos sons e de significados também diferentes
representados por diferentes morfemas, fruto dessa mistura (ALMEIDA, 2009).
Veremos, a seguir, os processos de formação das palavras.
Há dois processos básicos: derivação e composição. 
Isso não é muito difícil de entender, pois a própria palavra que os classifica já nos indica a diferença
que existe entre eles, pois, na derivação, partimos sempre de um único radical, já na composição, a
palavra é “composta” por mais de um radical.
Vejamos com mais detalhes esses processos agora:
Você já deve ter ouvido alguém dizer “eu coisei” ou “aquele cara é um mauca”, não é?
“Coisei”, obviamente, é uma palavra inventada que derivou de “coisa”, assim como “mauca” é uma
gíria que abrevia a expressão “mau caráter”.
Sim, esses processos vão acontecendo na língua e, muitos deles se perpetuam e são nomeados em
nossas gramáticas, descrevendo o que fazemos na fala e no dia a dia.
Quando formamos palavras novas a partir de outras já existentes, chamamos esse processo de
Derivação. A palavra “primeira” é a primitiva e a outra, derivada.
Veja:
Primitiva - fácil, noite
Derivadas - facilmente, facilidade; anoitecer.
Veremos, a seguir, os tipos de derivação, processo que mostra a riqueza da qual falamos, pois veremos
que há palavras primitivas, ou primeiras, que ganham acréscimos de diferentes origens.

3.1 DERIVAÇÃO PREFIXAL 


É o processo pelo qual se acrescenta um prefixo à palavra primitiva: 
Exemplos:
comum - incomum
ler- reler
igual -desigual 

3.2 DERIVAÇÃO SUFIXAL 


É o processo pelo qual acrescentamos um sufixo à palavra primitiva. Observe a palavra tranquilamente.
Veja que nesse exemplo, o sufixo MENTE modifica o adjetivo feliz e o transforma em advérbio.
Essas derivações podem ser nominais, verbais ou adverbiais, pois podemos formar outros nomes,
verbos ou advérbios pelo processo de derivação sufi sufixal, veja:

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UNIDADE 3 - ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

» » Nominal
Exemplo:
leal - lealdade
» » Verbal
Exemplo:
atual - atualizar 
» » Adverbial
Exemplo:
claro - claramente

3.3 DERIVAÇÃO PARASSINTÉTICA


Ocorre quando acrescentamos, simultaneamente, prefixo e sufixo a uma palavra primitiva. É assim
que se formam nomes (substantivos e adjetivos) e verbos.
Observe  o adjetivo “pobre”. Do radical “pobr-” formamos o verbo empobrecer  através
da união simultânea do prefixo“em-” e do sufixo“-ecer”. 

DICA: 
Veja que não é possível retirar um desses afixos da palavra. Para formar
uma nova, são necessários os dois: prefixo e sufixo, pois não existe
“empobr” nem “pobrecer”

Exemplos:
Palavra Inicial noite perna
Prefixo a es
Radical noi pern
Sufixo ecer ear
Palavra Formada anoitecer espernear

3.4 DERIVAÇÃO REGRESSIVA


Quando reduzimos uma palavra, dizemos que houve derivação regressiva.
Exemplo:
magoar (verbo) mágoa (substantivo)

47
LÍNGUA PORTUGUESA

FIQUE ATENTO:
Mas como saber se um substantivo deriva de um verbo ou se ocorre o
contrário?
É simples, quando a palavra representa algum objeto ou substância, trata-
se de palavra derivada de um nome, não de verbo.
Mágoa, então, deriva do verbo magoar, pois mágoa não é objeto nem
substância.
Já em “enquadrar” ocorre o contrário, pois “quadro” é um objeto e
enquadrar deriva, portanto, desse objeto. Veja que, com a palavra quadro
não ocorre derivação regressiva.
Resumindo:
Mágoa deriva do verbo magoar = derivação regressiva.
Quadro = palavra primitiva; enquadrar = verbo que derivou de “quadro”.

3.5 DERIVAÇÃO IMPRÓPRIA 


A palavra é usada de outra maneira que não a original, veja alguns exemplos: 
a) O jovem reclamou do texto. O adjetivo jovem” foi usado como substantivo.
b) A menina parecia cansada. O verbo no particípio tem valor de adjetivo 
c) O querer algo é já começar a tê-lo. O verbo no infinitivo, com a presença do artigo “o”
foi usado como substantivo.
d) Já conheço os teus porquês. A conjunção “porque “ é invariável, mas aqui tornou-se
substantivo e pôde variar, ou seja, ir para o plural.

4. OUTROS TIPOS DE FORMAÇÕES 

4.1 COMPOSIÇÃO
É a formação de palavras novas a partir da união de dois ou mais radicais.
» » Composição por Justaposição: é aquela em que NÃO há alteração na estrutura dos radicais que
formam a palavra.
Exemplos: girassol, couve-flor, passatempo, arco-íris. 
» » Composição por Aglutinação: é aquela em que há alteração na estrutura dos radicais que
formam a palavra.
Exemplos: aguardente (água ardente), outrora (outra hora). 

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UNIDADE 3 - ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

4.2 REDUÇÃO 
Consiste em reduzir as palavras com o objetivo de economizar tempo e espaço, é o caso das siglas e
abreviaturas, mas também de algumas palavras de uso popular.
Exemplos: 
super - por supermercado
Zé - por José
IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística 
CD - compact disc 

4.3 HIBRIDISMO 
Ocorre quando formamos palavras com elementos de outras línguas. 
Exemplos: auto (grego) + móvel (latim). 

4.4 ONOMATOPEIA 
Palavras que representam vozes e sonos dos seres ou ruídos da natureza. Exemplos: bangue-bangue,
tique-taque, fonfom, zumzum.
Mas qual é a utilidade desses conhecimentos?
Em nosso cotidiano, percebemos naturalmente as relações entre forma e gênero (feminino ou
masculino) e número (singular ou plural), mas, na hora de escrever, devemos ser precisos para que
nosso texto vá longe! Da mesma forma, se conhecemos os elementos formadores das palavras, será
fácil identificar o sentido daquelas que jamais tenhamos ouvido.
Neste material, veremos aquilo que é fundamental para a grafia e compreensão de alguns aspectos
da nossa produção textual. Mais informações são facilmente encontradas em Gramáticas, as quais
serão indicadas no final de cada unidade deste livro.
No Português falado hoje no Brasil, percebemos a influência de várias línguas. Nossa fala está “recheada”
especialmente de influências indígenas (cipó, peroba, aipim, jerimum, míngua) e de influências africanas
(macumba, vatapá, abada, acarajé, samba, quiabo) graças à formação do povo brasileiro.
Além dessas influências, há aquelas provenientes de línguas estrangeiras modernas como o Inglês, o
Francês, o Italiano, o Árabe, etc. No entanto, a maioria das palavras da Língua Portuguesa tem origem
no Grego e no Latim, o que já mencionamos anteriormente, por isso é importante conhecer os radicais
e prefixos gregos e latinos para compreender o significado de muitas palavras.
Observe a música de Arnaldo Antunes que mostra, de maneira criativa, esses radicais e prefixos
através das palavras que a formam:

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LÍNGUA PORTUGUESA

O Pulso
Titãs

O pulso ainda pulsa


O pulso ainda pulsa...
Peste bubônica
Câncer, pneumonia
Raiva, rubéola
Tuberculose e anemia
Rancor, cisticercose
Caxumba, difteria
Encefalite, faringite
Gripe e leucemia...
E o pulso ainda pulsa
E o pulso ainda pulsa
Hepatite, escarlatina
Estupidez, paralisia
Toxoplasmose, sarampo
Esquizofrenia
Úlcera, trombose
Coqueluche, hipocondria
Sífilis, ciúmes
Asma, cleptomania...
E o corpo ainda é pouco
E o corpo ainda é pouco
Assim...
Reumatismo, raquitismo
Cistite, disritmia
Hérnia, pediculose
Tétano, hipocrisia
Brucelose, febre tifóide
Arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie
Cãibra, lepra, afasia...
O pulso ainda pulsa
E o corpo ainda é pouco
Ainda pulsa
Ainda é pouco
Pulso
Pulso
Pulso
Pulso
Assim...
(Disponível em: http://letras.mus.br/arnaldo-antunes/1114673/)

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UNIDADE 3 - ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

FIQUE ATENTO:
afasia, anemia, cistite, hepatite, encefalite e as demais palavras da
música se explicam pela sua composição. Veja!
AFASIA: a= negação + fasia = palavra
ANEMIA: a= negação + (h)em = sangue
CISTITE: ciste= bexiga + ite= inflamação
HEPATITE: hepato= fígado + ite = inflamação
ENCEFALITE: encéfalo= parte do sistema nervoso central contida
no crânio + ite = inflamação
* Referência: material didático do Curso Pré-Universitário de Porto Alegre/RS.

Ao estudar os radicais e afixos gregos e latinos, você pode compreender inúmeras palavras, mesmo
que não as tenha ouvido jamais.
As Gramáticas da Língua Portuguesa contêm listagens e quadros explicativos desses elementos. Uma
boa indicação é a gramática “O Curso Prático de Gramática” de Ernani Terra da Editora Scipione.

5. PREFIXOS E RADICAIS, GREGOS E LATINOS


A seguir, veja os exemplos dessa influência grega e latina em nosso idioma:
FICAR DENTRO
En : enterrar (colocar dentro da terra).
ntra : intravenoso (dentro da veia).
Intro : intrometer (meter dentro).
Im : importar (trazer para dentro).
In : ingerir (colocar dentro do organismo).
FICAR FORA
Ab : abdicar (sair fora do cargo).
Abs : abstrair (sair fora da realidade material; ficar apenas no terreno das idéias).
Extra : extraclasse (fora da classe).
Ex : exportar (levar para fora).
REPETIR
Bi : bicampeão (que repete a glória de ser campeão).
Bis : bisavô (quem é avô pela segunda vez - pai do meu avô).
Di : dígrafo (letra repetida. Ex.: ss, rr).
FICAR AO REDOR
Circum : circunvagar (vagar ao redor de...).
Peri : periferia (o que fica ao nosso redor, não chega a penetrar em nosso núcleo).

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LÍNGUA PORTUGUESA

FICAR NA FRENTE ATRAPALHANDO


Ob : obstruir (ficar na frente para não deixar passar).
FICAR ENTRE
Entre : entrelaçar (pôr um laço entre dois laços).
Inter : intervir (ficar entre dois seres).
FICAR CONTRA
A : ateu (contra Deus; que não crê em Deus).
Anti : antidroga (contra a droga).
Contra : contracultura (contrário à cultura dominante).
Des : desonesto (que não liga na honestidade; é contra isso).
Dis : discordar (não concordar; ser contra o acordo com alguém).
ir : irregular (não regular; contra as regras).
i : ilegal (que age contra a lei, não legal).
In : indecente (contra a decência).
Im : impuro (o que não é puro, que é contra a pureza).
PARA FRENTE
Ante : antessala (o que fica na frente da sala; antes da sala).
PARA TRÁS
Pós : pós-nupcial (o que fica por trás das núpcias, após as núpcias).
Pré : pré-nupcial (o que vem antes das núpcias).
Retro : retroagir (agir para trás).
Re : recuar (dar ré, ir para trás).
FICAR EM CIMA
Epi : epiderme (o que está acima da pele).
Hiper : hipertensão (muito acima da tensão).
Sobre : sobreloja (o que fica em cima da loja).
Supra : supracitado (citado acima).
Super : supermercado (concepção de consumo que está acima de um simples mercado).
FICAR EMBAIXO
Hipo : hipoderme (o que está abaixo da pele).
Sub : subgerente (abaixo do gerente).
So : soterrar (ficar embaixo da terra).
ATRAVESSAR
Meta : metamorfose (atravessar a forma, ir além da forma).
Per : perfurar (furar através de).
Trans : transcontinental (passar através de).
FICAR A FAVOR
Pró : pró-eleições (a favor das eleições).

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UNIDADE 3 - ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

FICAR COM
Ad : adjunto (que fica junto com).
A : aposto (posto junto com, ao lado de).
Cum : cúmplice (o que faz alguma coisa junto com outro).
Com : combater (bater-se junto com outro).
Co : copiloto (que é piloto junto com outro).

PARA SABER MAIS:


Nos seguintes sites, você vai encontra mais exemplos de prefixos e radicais:
http://www.itaponet.com/math/pdfs/prefsuf.pdf
http://bronzeletras.blogspot.com.br/2010/12/principais-radicais-gregos-e-latinos.html

6. FORMAÇÃO DE PALAVRAS E NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO


Com o Acordo Ortográfico que vige desde 01 de janeiro de 2009, houve algumas mudanças no uso do
hífen (sinal que serve para separar sílabas, ligar pronomes e formar palavras compostas).
Veremos como ficaram as regras desse uso a seguir. No entanto, é importante salientar que esse
Novo Acordo deixou algumas lacunas, pois não há explicação para todos os casos. Dessa forma, é
preciso sempre consultar um dicionário ou o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa)
para sanar as possíveis dúvidas.
O material a seguir foi elaborado com base nesse Acordo Ortográfico constante em gramáticas e
dicionários.
COM HÍFEN:
Empregamos hífen para separar o prefixo do segundo elemento. Veja:
a) Quando o elemento começa com H, por exemplo, pré-história, anti-higiênico.

Exceção: desumano e inábil, ou seja, com os prefixos dês- e in-.

b) Quando o primeiro elemento termina com a mesma vogal com a qual inicia o segundo, por
exemplo, mico-onda, semi-internato, anti-inflamatório.

FIQUE ATENTO!
Os prefixos co, pro, pre, re se juntam ao segundo elemento, mesmo que
o segundo elemento inicie pelas vogais o ou e:
Exemplos: coordenar, coautor, coirmão, preenchimento, preexistir,
preestabelecer, preeleito, proeminente, procônsul, reeleição, reescrita.

53
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Quando os prefixos hiper-, inter-, -super, sub- forem seguidos por elemento que inicia por r e
h, por exemplo, hiper- rígido, inter-racial, super-religioso, sub-reitor.
d) Quando a palavra inicia por ex-, vice-, pós, pré- e pró-.
Exemplos: ex-diretor, vice-presidente, pré-vestibular, pós-graduação, pró-reitor.

MAS: predeterminado, pressupor, pospor, propor.

e) Quando o primeiro elemento termina em m ou n e o segundo forem as consoantes h, m ou n.


Exemplos: circum-murado, circum-navegação, pan-americano.
SEM HÍFEN
» » Não se emprega hífen quando o segundo elemento termina em vogal diferente do que inicia
o outro elemento, veja.
Exemplos: autoesestima, megaevento, semiaberto, semiárido, contraordem, contraindicação,
extraoficial, neoexpressionista, intraocular.
EXCETO COM R E S
Exemplos: antirreligioso, contrarregra, minissaia, minissérie, microrregião.

FIQUE ATENTO!
Observe o resumo para simplificar o que pode ser simplificado!
SEM HÍFEN
Prefixos terminados em Vogal:
a. Palavra iniciada por R ou S - consoantes duplicadas: contrassenso, antissemita,
ultrassom, minissaia...
b. Palavras iniciadas por quaisquer outras consoantes: Contracheque, extracurricular,
supracitado, ultracorreção, autopiedade, superdotado, semicircular,
c. Palavra iniciada por vogal diferente: Autoescola, extraoficial, infraestrutura,
autoexame, intrauterino.
COM HÍFEN
Separamos “DOIS BICUDOS Que NÃO SE BEIJAM”:
a. Palavra iniciada por vogal igual: Anti-inflacionário, contra-ataque, semi-interno.
b. Inter, Hiper, Super - iniciada com R: Inter-racial, hiper-racional, super-romântico.
c. Circum e Pan - iniciada por M, N e VOGAL: Circum-navegação, pan-americano.
d. Qualquer prefixo e palavra iniciada por H: Anti-higiênico, co-herdeiro, sub-
habitação.
e. Sub - iniciadas por R e B: Sub-raça, sub-base.

54
UNIDADE 3 - ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

PARA SABER MAIS


Sempre é bom consultar uma gramática quando ocorrerem dúvidas, mas atualmente há tam-
bém os que acrescentam informações a nossos estudos:
Vídeo sobre Formação das palavras - Derivação: https://www.youtube.com/
watch?v=6FOA_8HSLV8
Vídeo sobre Formação das palavras - Desinências: https://www.youtube.com/
watch?v=t2knZP0nqi0

Lembre, receitas não curam! Também na escrita é assim, para escrever bem é preciso usar o que
lemos, exercitar, praticar. Faça muitos exercícios.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 46.ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.
BECHARA, Evanildo. O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2008.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática reflexiva: texto, semântica e
interação. São Paulo: Atual, 1999.
Cunha, Celso; Cintra, Luis F. Lindley . Nova Gramática do Português Contemporâneo - Nova Ortografia. 
Rio de janeiro: Editora Lexikon, 2008.  
GOMES, Francisco Álvaro. O acordo ortográfico. Porto, Porto Editora, 2009.
LEDUR, Paulo Flávio. Português prático. 10. ed. Porto Alegre: AGE, 2009.
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. 8. ed. São Paulo: Ática, 2003. 
MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da língua portuguesa. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
ZANOTTO, Normelio. A nova ortografia explicada. Editora Caxias do Sul: EDUCS, 2009.

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UNIDADE 4
Sintaxe Interna

Caro(a) aluno (a), até agora estivemos “passeando” pelo universo do som e da forma das palavras da Língua
Portuguesa. Já comentamos que é preciso nomear as palavras para conhecê-las melhor, não é?
Pois bem, nesta unidade e na próxima, trataremos de outro aspecto deste nosso maravilhoso idioma: a relação
que existe entre as palavras que já estudamos até aqui.
É sempre bom relacionar o estudo à vida prática. Então, veja: cada um de nós tem um nome, um nome próprio
(Maria, José, Paula...), mas o fato de termos um nome não nos tira o poder de exercer funções diferentes na
vida. Vou dar um exemplo:
Eu me chamo Deliamaris, este é meu nome, mas, em casa, me chamam de “mãe” e, na aula, me chamam
de “professora”. Por que será?
Simplesmente porque a Deliamaris (nome) exerce função de mãe em casa e de professora na aula e,
certamente, poderia exercer outras funções de acordo com diferentes situações. Apesar disso, não deixaria de
ser Deliamaris.
Se isso é fácil perceber, será fácil também entender que as palavras têm nomes (substantivo, artigo, verbo,
advérbio...) e, quando reunidas, exercem funções diferentes (sujeito, predicado, objeto direto...).
LÍNGUA PORTUGUESA

Assim como Deliamaris exerce função de mãe em casa, um substantivo poderá exercer função de
sujeito em uma determinada frase.
É disso que trata a SINTAXE INTERNA ou Análise Sintática, a parte da gramática que explica as relações
entre as palavras na oração.
Então vamos lá! Vamos ver essas relações!
Você sabe que, para transmitir ideias, não basta jogar as palavras simplesmente. Elas se organizam e
se relacionam de acordo com algumas regras. Veja, por exemplo, a frase:
Sorvete tomar de vou eu chocolate.
Essas palavras não formam uma frase, pois, da forma como estão reunidas, não fazem sentido. A
comunicação só se realizará se alterarmos a ordem das palavras:
Eu vou tomar sorvete de chocolate.
E é dessa ordem que trata a Sintaxe, pois é um estudo que se ocupa das combinações e das relações
das palavras na frase, a função que elas exercem na frase, ou seja, a função sintática. Essa função é
dada pela análise sintática.
Analisar sintaticamente uma frase significa perceber seus elementos constituintes, a fim de verificar
a relação lógica existente entre eles.

1. FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO


Observe os exemplos:
a. Silêncio! b. O verão ainda.
b. Que calor! c. Choveu muito em São Paulo.
Quais dos exemplos acima constituem frases?
Todos eles! Por quê?
Porque FRASE é uma palavra ou um conjunto de palavras que tem sentido completo.
E, para que haja frase, a presença de um verbo não é obrigatória.
Agora veja os exemplos:
a. Quero
b. que você venha comigo.
Somente o exemplo b constitui frase. O exemplo a não possui sentido completo, portanto não é frase.
Mas ambos são Orações. Por quê?
Porque os dois têm a presença de um verbo.
Exemplo: Quero que você venha comigo.
(uma só frase e duas orações)
Logo, ORAÇÃO é uma frase - ou parte de uma frase - que se organiza em torno de um verbo (ou de
uma locução verbal).

58
UNIDADE 4 - SINTAXE INTERNA

Se você não sabe o que são locuções verbais, veja:


Locuções são grupos de palavras que formam uma unidade com um sentido próprio. Em nossa
língua há vários tipos de locução: locução verbal, locução adverbial, locução prepositiva, etc.
A locução verbal é composta por dois ou mais verbos, e isso é muito comum principalmente
para representar os verbos no futuro, por exemplo:
Vou sair em vez de sairei;
Eu ia cantar em vez de cantaria.
Na locução verbal composta de dois verbos, o primeiro deles é considerado um verbo
auxiliar (ser, estar, ter e haver) ou modal (poder, querer, precisar, dever, etc.). O segundo
verbo da locução é considerado o verbo principal.
O primeiro verbo da locução (auxiliar) será o responsável pela flexão de número, tempo ou
modo. O segundo verbo estará representado sempre pelas formas nominais do verbo: no
infinitivo, no gerúndio ou no particípio (sair, saindo, saído, por exemplo).
Toda vez que temos uma ou mais orações, temos um Período.
PERÍODO é a frase formada por uma ou mais orações e que pode ser:
» » Simples: quando formado por uma só oração:
Exemplo: A vida continua valiosa.
» » Composto: quando formado por mais de uma oração:
Exemplo: A vida continua valiosa, embora, muitas vezes, não a valorizemos.
Quando o período é simples, a oração é chamada de ABSOLUTA.

2. PARTES CONSTITUINTES DA ORAÇÃO


Para facilitar o estudo da oração, vamos dividi-la em partes:

2.1 TERMOS ESSENCIAIS


Aqueles que são indispensáveis, isto é, não podem faltar para que exista uma oração;

2.2 TERMOS INTEGRANTES


Aqueles que completam o sentido de outros termos da oração;

2.3 TERMOS ACESSÓRIOS


Aqueles que são dispensáveis, podem até ser retirados sem que o sentido da oração fique prejudicado.

59
LÍNGUA PORTUGUESA

3. TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO


Vamos estudar primeiramente os termos essenciais da oração: Sujeito e Predicado. Veja as orações:
a. Minha vida era um palco iluminado.
b. Eu vivia vestido de dourado.
Agora responda:
Que é que “era um palco iluminado”?
Quem é que “vivia vestido de dourado”?
A oração a informa algo sobre “minha vida”. Portanto, “minha vida” é o sujeito dessa oração.
A oração b informa algo sobre “eu”. Portanto “eu” é o sujeito dessa oração.

3.1 SUJEITO
Sujeito é o elemento da oração sobre o qual se emite uma informação.
Para encontrarmos o sujeito, basta perguntar “que é quê?” ou “quem é quê?” ao verbo. O elemento
que se obtém como resposta a essas perguntas será, com certeza, o sujeito.
Observe que o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa:
Exemplo: Os alunos estudam.
O sujeito está representado por uma expressão que indica a 3ª pessoa do plural, portanto o verbo
deve ser flexionado na 3ª pessoa do plural.
Exemplo: Nós estudamos.
O sujeito está representado por um pronome pessoal da 1ª pessoa do plural, portanto o verbo deve
ser flexionado nessa pessoa também.
Agora, vejamos novamente as orações:
a. Minha vida era um palco iluminado.
b. Eu vivia vestido de dourado.
O sujeito de cada oração está grifado. O que restou delas chamamos Predicado.

3.2 PREDICADO
Logo, Predicado é aquilo que se informa a respeito do sujeito. Não existe oração sem predicado.

FIQUE ATENTO!
Sujeito é o elemento da oração sobre o qual se emite uma informação.
Predicado é o elemento da oração que informa algo sobre o sujeito.
E Sujeito e predicado são os termos essenciais da oração.

60
UNIDADE 4 - SINTAXE INTERNA

4. POSIÇÃO DO SUJEITO NA ORAÇÃO


O sujeito pode aparecer no começo, no meio ou no fim da oração. Veja:
Exemplo: Os alunos desta universidade formaram uma associação de alunos.
Quem é que formou uma associação de alunos? Os alunos desta universidade.
Vemos que o sujeito está no início da oração.
Exemplo: Acontecem problemas nesta escola.
Que é que acontece nesta escola? Problemas.
Vemos que o sujeito está no meio da oração.
Exemplo: Neste verão, ocorreram fortes chuvas.
Que é que ocorreu neste verão? Fortes chuvas.
Vemos que o sujeito está no fim da oração.

FIQUE ATENTO!
Esses exemplos são de frases curtas, a mudança de posição do sujeito
não oferece problemas. No entanto, nas orações extensas, o fato de o
sujeito estar no final ou no meio da frase pode prejudicar a compreensão,
especialmente se o sujeito for também extenso. Observe o exemplo com
trechos de um artigo sobre bullying indicado no final deste quadro e
acessado em 25/10/2010.
O lançamento da cartilha ocorreu durante o seminário de lançamento do
projeto Justiça na Escola. [...] A escritora Ana Beatriz destacou o fato de o
fenômeno não ser exclusivo ao ambiente escolar. Segundo ela, trata-se de
uma questão de saúde pública.
Os termos sublinhados são o SUJEITO de cada uma das orações.
Agora, se trocássemos a ordem dos termos das orações, veja como ficaria:
Ocorreu durante o seminário de lançamento do projeto Justiça na Escola
o lançamento da cartilha. [...] Destacou o fato de o fenômeno não ser
exclusivo ao ambiente escolar a escritora Ana Beatriz. Segundo ela, trata-
se de uma questão de saúde pública.
Veja que, ao começarmos a oração com o sujeito (elemento sobre o qual
queremos declarar algo), conforme o primeiro exemplo, facilitamos sua
compreensão. Então, quando for o caso de produzir textos, o melhor é
deixar a ordem direta, ou seja, começar com Sujeito e depois colocar
Predicado.
Disponível em: Reportagem da Zero-Hora (http://www.clicrbs.com.br/
especial/rs/donna/19,648,3082404,Conselho-Nacional-de-Justica-lanca-
cartilha-sobre-bullying.html)

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5. CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO
Já vimos que:
Sujeito é o elemento da frase sobre o qual se dá uma informação.
Predicado é tudo o que informamos sobre o sujeito.
Exemplo: O cachorro era um chato.
Quem é que era um chato?
O Cachorro - Sujeito
Era um Chato - Predicado
Núcleo do Sujeito é a palavra mais importante do sujeito. As palavras que se referem ao núcleo
normalmente concordam com ele em gênero e número.
Exemplo: Aquele cachorro de raça era um chato.
Núcleo do sujeito: cachorro, as demais palavras estão apenas acrescentando informações ao núcleo
- cachorro.

5.1 SUJEITOS SIMPLES E COMPOSTO


Sujeito simples é aquele que apresenta apenas um núcleo.
Exemplo: Minhas filhas implicavam com o cachorro.
Sujeito composto é aquele que apresenta dois ou mais núcleos.
Exemplo: Ela e a amiga encontraram a solução ideal para o problema.

5.2 SUJEITO INDETERMINADO


Sujeito indeterminado é aquele que não pode ser identificado na oração, mas existe:
Exemplo 1: Cumprimentavam o Sr. Paulo diariamente.
Quem é que o cumprimentava? Alguém que não conseguimos determinar.
Exemplo 2: Roubaram meu caderno.
Quem é que roubou meu caderno? Alguém que não conseguimos determinar.
Observe que os verbos cumprimentavam e roubaram, ambos na 3ª pessoa do plural, não se referem
às pessoas “eles” ou “elas”, mas sim a alguém que alguém cumprimentava e a alguém que roubou,
mas não se sabe quem.
Portanto, existe um sujeito a quem se pode atribuir a ação de cumprimentar e de roubar, mas não é
possível identificá-lo.
Há duas formas de indeterminar o sujeito:
» » Colocar o verbo na 3ª pessoa do plural:
Telefonaram há uns dez minutos. Não deixaram recado.

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UNIDADE 4 - SINTAXE INTERNA

» » Colocar o verbo no singular acompanhado do pronome oblíquo “se”:


Precisa-se de recepcionista. Acreditava-se em dias melhores.
Nesse caso, quando há a partícula SE e um verbo na terceira pessoa do singular, poderá haver sujeito
indeterminado, caso esse verbo seja INTRANSITIVO ou TRANSITIVO INDIRETO. Na próxima unidade,
trataremos desses tipos de verbos.

5.3 SUJEITO SIMPLES DESINENCIAL (OCULTO OU IMPLÍCITO)


Antes chamado de Sujeito Oculto, o Sujeito Desinencial é aquele que não vem expresso na oração,
mas pode ser facilmente identificado através da desinência verbal (terminação do verbo).
Exemplos: “Não te vejo, nem te escuto”
“E cobriste o nosso amor, / Com a cal do esquecimento” (Noel Rosa)
Quem é que te vê e te escuta? Observe que o sujeito não está expresso, mas sabemos que se trata
de eu por causa da terminação verbal. Quando isso ocorre, dizemos que o sujeito está oculto, ou seja,
“escondido” na desinência verbal.
Podemos identificar o (antigo) sujeito oculto de duas maneiras:
» » Pela terminação verbal: reclamei da poluição (eu). Homenageamos o professor (nós), por isso
DESINENCIAL (a desinência do verbo, ou seja, sua terminação, denuncia, mostra o sujeito, pois
a terminação “ei” só pode se referir a “eu” e a terminação “mos” só pode se referir a “nós”).
» » Pelo contexto em que ele aparece: o burro é um animal muito inteligente. Aprende tudo com
facilidade, mas tem vontade própria. (Quem é que aprende? ele, o burro)

5.4 ORAÇÃO SEM SUJEITO


Normalmente a oração tem dois termos essenciais: o Sujeito e o Predicado. Há casos, porém, de
orações sem sujeito.
Oração sem Sujeito é aquela que expressa um fato que não é atribuído a nenhum ser.
Exemplo:
Ontem choveu e fez frio.
Quem é que choveu? Quem é que fez frio? É claro que ninguém pode chover ou fazer frio! Em frases
como essa, o verbo é impessoal, pois a ação não é atribuída a ninguém. E, como não existe sujeito,
dizemos que o sujeito é inexistente ou que é uma Oração sem Sujeito.
» » 1º caso:
Verbo haver no sentido de existir.
Exemplo: Há jovens sensatos. (Existem jovens)
O verbo haver pode ter outros valores, por exemplo, pode ser apenas um verbo auxiliar e, nesse caso,
poderá ter sujeito, veja:
Exemplo: Ele havia feito o trabalho de Português.
Quem é que havia feito? ele.
Fica fácil de identificar o sujeito, pois o verbo principal é o verbo “fazer” que, neste caso, tem sujeito.

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» » 2º caso:
Verbos que indicam fenômenos da natureza.
Exemplo: Choveu muito ontem.
» » 3º caso:
Verbo fazer indicando tempo.
Exemplo: Faz anos que não o vejo.
» » 4º caso:
Verbos ser e estar indicando fenômenos meteorológicos.
Exemplos: Era manhã. Estava frio.
» » 5º caso:
Verbo ser indicando horas e datas.
Exemplo: São cinco horas. Hoje são 20 de dezembro.

FIQUE ATENTO!
Identificar o tipo de sujeito é bastante importante para a nossa produção
textual e para a compreensão de textos truncados ou até poemas, com
orações ou versos e períodos longos, extensos ou que não estejam na
ordem direta. Quando você precisar ler esses tipos de texto, o melhor
é encontrar o sujeito e estruturar a frase na ordem direta. Veja, por
exemplo, parte de nosso hino nacional:
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da liberdade , em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante”
Como saber quem é que ouviu se você não estudou história?
Veja que o verbo está no plural. Então, o sujeito será a única expressão
que está no plural também, as margens, ou será sujeito indeterminado,
alguém ouviu. Como saber?
Colocando na ordem direta essa frase! Começamos com o “provável”
sujeito “as margens”, e depois colocamos o verbo, veja:
“As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um
povo heroico.”
Quem é que ouviu? As margens plácidas do Ipiranga
Ouviu o quê? O brado retumbante de um povo heróico
Veja que não é preciso saber história para descobrir o que aconteceu (ou o
que se quis contar sobre esse dia tão conhecido de nossa história!)

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UNIDADE 4 - SINTAXE INTERNA

PARA SABER MAIS:


Para aprofundar mais os estudos sobre esta unidade, a leitura dos
seguintes livros é recomendada:
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática reflexiva:
texto, semântica e interação. São Paulo: Atual, 1999.
CUNHA, Celso Ferreira da; CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do
português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.

Lembre, receitas não curam! Também na escrita é assim, para escrever bem é preciso usar o que
lemos, exercitar, praticar.
Faça muitos exercícios!

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 46.ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.
BECHARA, Evanildo. O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2008.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática reflexiva: texto, semântica e
interação. São Paulo: Atual, 1999.
Cunha, Celso; Cintra, Luis F. Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo - Nova Ortografia. 
Rio de janeiro: Editora Lexikon, 2008.
GOMES, Francisco Álvaro. O acordo ortográfico. Porto, Porto Editora, 2009.
LEDUR, Paulo Flávio. Português prático. 10. ed. Porto Alegre: AGE, 2009.
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. 8. ed. São Paulo: Ática, 2003. 
MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da língua portuguesa. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
ZANOTTO, Normelio. A nova ortografia explicada. Editora Caxias do Sul: EDUCS, 2009.

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