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CÓD: OP-040ST-21

7908403511648

BIRIGUI
PREFEITURA MUNICIPAL DE BIRIGUI
ESTADO DE SÃO PAULO

Professor de Educação Infantil


EDITAL Nº 071/2021
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Ortografia oficial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Acentuação gráfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Pontuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
4. Emprego de acento indicativo da crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
5. Emprego e uso das classes de palavras: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome, verbos, advérbio e preposição. . . . . . . 04
6. Concordância nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
7. Regência nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
8. Confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
9. Compreensão e interpretação de textos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Legislação
1. Constituição da República Federativa do Brasil – promulgada em 05/10/88, artigos 5º, 37 ao 41, 205 ao 214, 227 ao 229. . . . . . . 01
2. Lei Federal nº 9.394/96: Diretrizes e Bases da Educação Nacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3. Lei nº 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente. Título I – Das Disposições Preliminares; Título II – Dos Direitos Fundamentais
– Capítulos I a V, Título III – Da Prevenção; Livro II (Parte Especial), Título I ao Título V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4. Resolução CNE/CEB nº 04, de 02 de outubro de 2009 – Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado
na Educação Básica, modalidade Educação Especial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
5. Lei complementar nº 32, de 17 de setembro de 2010: Estatuto e Plano de Carreira do Magistério Público e dos Profissionais de Apoio
Educacional do Município de Birigui. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Conhecimentos Específicos
Professor de Educação Infantil
1. Brasil. Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil. Volumes 1 a 3.1998. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Constance Kamii. A criança e o número. Campinas: Papirus, 1987. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Carolyn Edwards; Lella Gandini; George Forman. As cem linguagens da criança: abordagem de ReggioEmilia na educação da primeira
infância. Porto Alegre: Penso. Vol. 1. 2016. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
4. Emilia Ferreiro. Reflexões sobre a alfabetização. São Paulo: Cortez, 2001. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
5. Janet R. Moyles. Só brincar?O papel do brincar na educação infantil. São Paulo: Artmed, 2002. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
6. Jussara Hoffman. Avaliação Mediadora: Uma prática em construção da pré-escola à Universidade. Porto Alegre: Editora Mediação,
2006. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
7. Maria da Graça Souza Horn. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: Penso,
2004 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
8. Mario Sergio Cortella. Educação, convivência e ética: audácia e esperança! São Paulo: Cortez, 2016. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
9. Paulo Freire. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 2014. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
10. Rosita Edler Carvalho. Educação inclusiva com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Mediação, 2004. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
11. Zilma Ramos de Oliveira (Org.). O trabalho do professor na educação infantil. São Paulo: Biruta, 2012. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
LÍNGUA PORTUGUESA

ORTOGRAFIA OFICIAL

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação,
POR QUÊ
exclamação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)

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LÍNGUA PORTUGUESA
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS ímã, órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o
acento com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de saída, faísca, baú, país
“S”, desde que não sejam seguidos por “NH” feiura, Bocaiuva,
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo Sauipe
têm, obtêm, contêm,
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos
vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações
Esse é o problema da pandemia: as
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias
pessoas não respeitam a quarentena.
apresentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho,
Antes de citação direta
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem Eu estava cansada (trabalhar e
substituir vírgula e travessão) estudar é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda
está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:

• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

EMPREGO DE ACENTO INDICATIVO DA CRASE

Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é demarcada
com o uso do acento grave (à), de modo que crase não é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão.
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o emprego da crase:
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela aluna.
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especificadas: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito estresse.
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos deixando de lado a capacidade de imaginar.
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima à esquerda.

Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a crase:


• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé.
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor termos uma reunião frente a frente.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar.
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te atender daqui a pouco.
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha fica a 50 metros da esquina.

Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo


• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. / Dei um picolé à minha filha.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei minha avó até à feira.
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
Ana da faculdade.
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no masculino.
Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos à escola / Amanhã iremos ao colégio.

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LÍNGUA PORTUGUESA

EMPREGO E USO DAS CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, ADJETIVO, ARTIGO, NUMERAL, PRONOME, VERBOS,
ADVÉRBIO E PREPOSIÇÃO

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou inde- A galinha botou um ovo.
ARTIGO finido) Uma menina deixou a mochila no ôni-
Varia em gênero e número bus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conec-
Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO tivos)
Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Não sofre variação
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequên-
Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL cia
Três é a metade de seis.
Varia em gênero e número
Posso ajudar, senhora?
Ela me ajudou muito com o meu traba-
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo
PRONOME lho.
Varia em gênero e número
Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares
A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO etc.
A matilha tinha muita coragem.
Flexionam em gênero, número e grau.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, Todos parecem meio bobos.
VERBO tempo, número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de liga- A cidade é muito bonita quando vista do
ção alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...

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LEGISLAÇÃO
c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRA- povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de
SIL – PROMULGADA EM 05/10/88, ARTIGOS 5º, 37 AO interesse coletivo;
41, 205 AO 214, 227 AO 229 d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente,
de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani-
Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais dade, do patrimônio histórico e cultural, etc.
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi-
cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados Direitos Fundamentais de Quarta Geração
no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his-
estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu- ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
ratório. Também são transindividuais.

Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais Direitos Fundamentais de Quinta Geração


Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen-
Direitos Fundamentais de Primeira Geração taria o direito fundamental de quinta geração.
Possuem as seguintes características:
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina- São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
ram todo o século XIX; a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição índole evolutiva;
ao Estado Absoluto; b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
c) estão ligados ao ideal de liberdade; dentemente de características pessoais;
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
em favor das liberdades públicas; d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro- possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
teção em face da ação opressora do Estado; f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen-
f) são os direitos civis e políticos. do pelo decurso do tempo.

Direitos Fundamentais de Segunda Geração Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais


Possuem as seguintes características: Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são
destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que
a) surgiram no início do século XX;
compatíveis com a sua natureza.
b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao
Estado Liberal;
Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais
c) estão ligados ao ideal de igualdade;
Muito embora criados para regular as relações verticais, de su-
d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação
bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega-
positiva do Estado;
dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven-
e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos.
do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado.
Direitos Fundamentais de Terceira Geração Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais
Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu- Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente
pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa
interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê- ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons-
neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração. tituição (princípio da reserva legal).

Direitos Metaindividuais Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais


O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade-
Natureza Destinatários
quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a
Difusos Indivisível Indeterminados ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos
Coletivos Indivisível Determináveis liga- na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con-
dos por uma relação creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais
jurídica constitucionalmente consagrados.
Individuais Homo- Divisível Determinados ligados Os quatro status de Jellinek
gêneos por uma situação fática a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo encontra-
-se em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan-
Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se- do-se como detentor de deveres para com o Estado;
guintes características: b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade
a) surgiram no século XX; de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos;
b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade), c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi-
que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em
bens da coletividade; seu favor;

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LEGISLAÇÃO
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for- Direito à Privacidade
mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi- Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero,
tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto. do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima-
gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura-
Referências Bibliográficas: -se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e de sua violação.
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Direito à Honra
Os individuais estão elencados no caput do Artigo 5º da CF. Ve- O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti-
jamos: nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por
tal motivo, são previstos no Código Penal.
TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Direito de Propriedade
É assegurado o direito de propriedade, contudo, com restri-
CAPÍTULO I ções, como por exemplo, de que se atenda à função social da pro-
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS priedade. Também se enquadram como espécies de restrição do
direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer e o usucapião.
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residen- Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu-
tes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda- ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (....) intelectual) e os direitos reativos à herança.

Direito à Vida Referências Bibliográficas:


O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
de permanecer vivo e o direito de uma vida digna. Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.

O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem-


plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla- Os direitos sociais estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Ve-
rada). jamos:
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais CAPÍTULO II
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura, DOS DIREITOS SOCIAIS
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
Direito à Liberdade o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir- aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada
tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
privada. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende, outros que visem à melhoria de sua condição social:
dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco- I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
expressão. indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
Direito à Igualdade III - fundo de garantia do tempo de serviço;
A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui- IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado,
ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
formal. higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce- que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
didos aos membros da coletividade por meio da norma. para qualquer fim;
Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o trabalho;
jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e ou acordo coletivo;
desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam. VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover percebem remuneração variável;
a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral
que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com- ou no valor da aposentadoria;
pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
formação social. X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
sa, conforme definido em lei;

2
LEGISLAÇÃO
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha- I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a funda-
dor de baixa renda nos termos da lei; ção de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, veda-
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas di- das ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização
árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de sindical;
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
coletiva de trabalho; em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco-
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba-
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- área de um Município;
mingos; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti-
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni- vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
mo, em cinquenta por cento à do normal; administrativas;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan-
terço a mais do que o salário normal; do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
com a duração de cento e vinte dias; dependentemente da contribuição prevista em lei;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in- sindicato;
centivos específicos, nos termos da lei; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no coletivas de trabalho;
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor- organizações sindicais;
mas de saúde, higiene e segurança; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
insalubres ou perigosas, na forma da lei; sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
XXIV - aposentadoria; mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas- Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga-
cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de as condições que a lei estabelecer.
trabalho; Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba-
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte-
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre- resses que devam por meio dele defender.
gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá
incorrer em dolo ou culpa; sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha- da lei.
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em-
contrato de trabalho; pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte-
a) (Revogada). resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
b) (Revogada). deliberação.
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as-
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado segurada a eleição de um representante destes com a finalidade
civil; exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário gadores.
e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo:
intelectual ou entre os profissionais respectivos; → Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela im-
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a possibilidade de redução do grau de concretização dos direitos
sociais já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
determinado grau de concretização de um direito social, fica o le-
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
gislador proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem que
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
haja a criação de mecanismos equivalentes chamados de medias
empregatício permanente e o trabalhador avulso.
compensatórias.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-
→ Princípio da reserva do possível: a implementação dos di-
res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII,
reitos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
óbice do financeiramente possível.
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi-
→ Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e di-
cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces-
reitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna, intrin-
sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os secamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa humana
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo existencial não
integração à previdência social. se sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se encontram na
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado estrutura dos serviços púbicos essenciais.
o seguinte:

3
LEGISLAÇÃO
Referências Bibliográficas: A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da di-
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. mensão pessoal do Estado (o seu povo).
Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasilei-
Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Arti- ros natos e naturalizados.
gos 12 a 13 da CF. Vejamos:
Espécies de Nacionalidade
CAPÍTULO III São duas as espécies de nacionalidade:
DA NACIONALIDADE a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntá-
ria ou nata: é aquela resultante de um fato natural, o nascimento.
Art. 12. São brasileiros: Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do
I - natos: simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de na sua Constituição Federal. Descrita no Artigo 12, I, CF/88.
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei- grau, voluntária ou naturalização: é a que se adquire por ato voliti-
ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa- vo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos
tiva do Brasil; constitucionais. Descrita no Artigo 12, II, CF/88.
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra- O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com- as duas:
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela Nacionalidade
nacionalidade brasileira;
II - naturalizados: Primária Secundária
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, Nascimento + Requisitos cons- Ato de vontade + Requisitos
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi- titucionais constitucionais
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária
tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacio-
brasileira.
nalidade originária: o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
origem territorial (ius solis).
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditarie-
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
dade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes.
tituição.
O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nas-
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
cidos no território de um determinado Estado, sendo irrelevante a
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
nacionalidade dos genitores.
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibili-
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
tando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade primária pau-
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
tada no ius sanguinis.
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Portugueses Residentes no Brasil
VI - de oficial das Forças Armadas.
O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
portugueses residentes no Brasil. Não se trata de hipótese de natu-
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
ralização, mas tão somente forma de atribuição de direitos.
que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
virtude de atividade nociva ao interesse nacional; Portugueses Equiparados
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: Igual os Direitos Se houver 1) Residência permanente
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es- dos Brasileiros no Brasil;
trangeira; Naturalizados 2) Reciprocidade aos
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiros em Portugal.
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe- A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fa-
derativa do Brasil. zer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, com exceção às
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, seguintes hipóteses:
o hino, as armas e o selo nacionais. Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF;
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter Função no Conselho da República → Artigo 89, VII, CF;
símbolos próprios. Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e
Direito de propriedade → Artigo 222, CF.

4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL

Prezado(a), visto que os livros indicados pelo edital têm direi- Considerando e respeitando a pluralidade e diversidade da
tos de reprodução reservados à outra editora, disponibilizamos sociedade brasileira e das diversas propostas curriculares de edu-
a seguir breves resumos das obras, indicando que consulte-as na cação infantil existentes, este Referencial é uma proposta aberta,
íntegra tal como solicita o edital. flexível e não obrigatória, que poderá subsidiar os sistemas educa-
cionais, que assim o desejarem, na elaboração ou implementação
de programas e currículos condizentes com suas realidades e sin-
gularidades. Seu caráter não obrigatório visa a favorecer o diálo-
BRASIL. REFERENCIAIS CURRICULARES NACIONAIS DA
go com propostas e currículos que se constroem no cotidiano das
EDUCAÇÃO INFANTIL. VOLUMES 1 A 3. 1998
instituições, sejam creches, pré-escolas ou nos diversos grupos de
formação existentes nos diferentes sistemas.
Nessa perspectiva, o uso deste Referencial só tem sentido se
REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO IN- traduzir a vontade dos sujeitos envolvidos com a educação das
FANTIL VOL I crianças, sejam pais, professores, técnicos e funcionários de incor-
Este documento constitui-se em um conjunto de referências e porá-lo no projeto educativo da instituição ao qual estão ligados.
orientações pedagógicas que visam a contribuir com a implantação Se por um lado, o Referencial pode funcionar como elemento
ou implementação de práticas educativas de qualidade que possam orientador de ações na busca da melhoria de qualidade da educa-
promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da ção infantil brasileira, por outro, não tem a pretensão de resolver
cidadania das crianças brasileiras. os complexos problemas dessa etapa educacional. A busca da qua-
Sua função é contribuir com as políticas e programas de edu- lidade do atendimento envolve questões amplas ligadas às políti-
cação infantil, socializando informações, discussões e pesquisas, cas públicas, às decisões de ordem orçamentária, à implantação de
subsidiando o trabalho educativo de técnicos, professores e demais políticas de recursos humanos, ao estabelecimento de padrões de
profissionais da educação infantil e apoiando os sistemas de ensino atendimento que garantam espaço físico adequado, materiais em
estaduais e municipais. quantidade e qualidade suficientes e à adoção de propostas educa-
Considerando-se as especificidades afetivas, emocionais, so- cionais compatíveis com a faixa etária nas diferentes modalidades
ciais e cognitivas das crianças de zero a seis anos, a qualidade das de atendimento, para as quais este Referencial pretende dar sua
experiências oferecidas que podem contribuir para o exercício da contribuição.
cidadania devem estar embasadas nos seguintes princípios: O material completo está disponível em:
- O respeito à dignidade e aos direitos das crianças, considera- http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf,
das nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, como também, em nosso site eletrônico, conforme segue: Área do
étnicas, religiosas etc.; Concurseiro www.editorasolucao.com.br/materiais
- O direito das crianças a brincar, como forma particular de ex-
pressão, pensamento, interação e comunicação infantil; REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO IN-
- O acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, am- FANTIL VOL II
pliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, A construção da identidade e da autonomia diz respeito ao
à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à es- conhecimento, desenvolvimento e uso dos recursos pessoais para
tética; fazer frente às diferentes situações da vida.
- A socialização das crianças por meio de sua participação e in- A identidade é um conceito do qual faz parte a ideia de distin-
serção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação ção, de uma marca de diferença entre as pessoas, a começar pelo
de espécie alguma; nome, seguido de todas as características físicas, de modos de agir
- O atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevi- e de pensar e da história pessoal. Sua construção é gradativa e se dá
vência e ao desenvolvimento de sua identidade. por meio de interações sociais estabelecidas pela criança, nas quais
ela, alternadamente, imita e se funde com o outro para diferenciar-
A estes princípios cabe acrescentar que as crianças têm direito, -se dele em seguida, muitas vezes utilizando-se da oposição.
antes de tudo, de viver experiências prazerosas nas instituições. A fonte original da identidade está naquele círculo de pessoas
O conjunto de propostas aqui expressas responde às necessi- com quem a criança interage no início da vida. Em geral a família é
dades de referências nacionais, como ficou explicitado em um estu- a primeira matriz de socialização. Ali, cada um possui traços que o
do recente elaborado pelo Ministério da Educação e do Desporto, distingue dos demais elementos, ligados à posição que ocupa (filho
que resultou na publicação do documento “Proposta pedagógica e mais velho, caçula etc.), ao papel que desempenha, às suas carac-
currículo em educação infantil: um diagnóstico e a construção de terísticas físicas, ao seu temperamento, às relações específicas com
uma metodologia de análise”. Nesse documento, constatou-se que pai, mãe e outros membros etc.
são inúmeras e diversas as propostas de currículo para a educação A criança participa, também, de outros universos sociais, como
infantil que têm sido elaboradas, nas últimas décadas, em várias festas populares de sua cidade ou bairro, igreja, feira ou clube, ou
partes do Brasil. Essas propostas, tão diversas e heterogêneas quan- seja, pode ter as mais diversas vivências, das quais resultam um re-
to o é a sociedade brasileira, refletem o nível de articulação de três pertório de valores, crenças e conhecimentos.
instâncias determinantes na construção de um projeto educativo Uma das particularidades da sociedade brasileira é a diversi-
para a educação infantil. São elas: a das práticas sociais, a das polí- dade étnica e cultural. Essa diversidade apresenta-se com caracte-
ticas públicas e a da sistematização dos conhecimentos pertinentes rísticas próprias segundo a região e a localidade; faz-se presente
a essa etapa educacional. Porém, se essa vasta produção revela a nas crianças que frequentam as instituições de educação infantil, e
riqueza de soluções encontradas nas diferentes regiões brasileiras, também em seus professores.
ela revela, também, as desigualdades de condições institucionais O ingresso na instituição de educação infantil pode alargar o
para a garantia da qualidade nessa etapa educacional. universo inicial das crianças, em vista da possibilidade de convive-
rem com outras crianças e com adultos de origens e hábitos cultu-
rais diversos, de aprender novas brincadeiras, de adquirir conheci-
mentos sobre realidades distantes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL

Dependendo da maneira como é tratada a questão da diver- O material completo está disponível em:
sidade, a instituição pode auxiliar as crianças a valorizarem suas http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf, como
características étnicas e culturais, ou pelo contrário, favorecer a dis- também, em nosso site eletrônico, conforme segue: Área do Concur-
criminação quando é conivente com preconceitos. seiro www.editorasolucao.com.br/materiais
A maneira como cada um vê a si próprio depende também do
modo como é visto pelos outros. O modo como os traços particula- REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO IN-
res de cada criança são recebidos pelo professor, e pelo grupo em FANTIL VOL III
que se insere tem um grande impacto na formação de sua persona- O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimen-
lidade e de sua autoestima, já que sua identidade está em constru- to e da cultura humana. As crianças se movimentam desde que nas-
ção. Um exemplo particular é o caso das crianças com necessidades cem, adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e
especiais. Quando o grupo a aceita em sua diferença está aceitan- se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com
do-a também em sua semelhança, pois, embora com recursos dife- o mundo. Engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, sal-
renciados, possui, como qualquer criança, competências próprias tam, brincam sozinhas ou em grupo, com objetos ou brinquedos,
para interagir com o meio. Vale destacar que, nesse caso, a atitude experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu corpo e seu
de aceitação é positiva para todas as crianças, pois muito estarão movimento. Ao movimentar-se, as crianças expressam sentimen-
aprendendo sobre a diferença e a diversidade que constituem o ser tos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso
humano e a sociedade. significativo de gestos e posturas corporais. O movimento humano,
As crianças vão, gradualmente, percebendo-se e percebendo portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço:
os outros como diferentes, permitindo que possam acionar seus constitui-se em uma linguagem que permite às crianças agirem so-
próprios recursos, o que representa uma condição essencial para o bre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando
desenvolvimento da autonomia. as pessoas por meio de seu teor expressivo.
A autonomia, definida como a capacidade de se conduzir e As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar resultam das
tomar decisões por si próprio, levando em conta regras, valores, interações sociais e da relação dos homens com o meio; são movi-
sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do outro, é, nes- mentos cujos significados têm sido construídos em função das dife-
sa faixa etária, mais do que um objetivo a ser alcançado com as rentes necessidades, interesses e possibilidades corporais humanas
crianças, um princípio das ações educativas. Conceber uma educa- presentes nas diferentes culturas em diversas épocas da história.
ção em direção à autonomia significa considerar as crianças como Esses movimentos incorporam-se aos comportamentos dos
seres com vontade própria, capazes e competentes para construir homens, constituindo-se assim numa cultura corporal. Dessa for-
conhecimentos, e, dentro de suas possibilidades, interferir no meio ma, diferentes manifestações dessa linguagem foram surgindo,
em que vivem. Exercitando o autogoverno em questões situadas no como a dança, o jogo, as brincadeiras, as práticas esportivas etc.,
plano das ações concretas, poderão gradualmente fazê-lo no plano nas quais se faz uso de diferentes gestos, posturas e expressões cor-
das ideias e dos valores. porais com intencionalidade.
Do ponto de vista do juízo moral, nessa faixa etária, a criança Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crian-
encontra-se numa fase denominada de heteronomia, em que dá ças também se apropriam do repertório da cultura corporal na qual
legitimidade a regras e valores porque provêm de fora, em geral de estão inseridas.
um adulto a quem ela atribui força e prestígio. Na moral autônoma, Nesse sentido, as instituições de educação infantil devem fa-
ao contrário, a maturidade da criança lhe permite compreender vorecer um ambiente físico e social onde as crianças se sintam pro-
que as regras são passíveis de discussão e reformulação, desde que tegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras para se arriscar e
haja acordo entre os elementos do grupo. Além disso, vê a igual- vencer desafios. Quanto mais rico e desafiador for esse ambiente,
dade e reciprocidade como componentes necessários da justiça e mais ele lhes possibilitará a ampliação de conhecimentos acerca de
torna-se capaz de coordenar seus pontos de vista e ações com os de si mesmas, dos outros e do meio em que vivem.
outros, em interações de cooperação. O trabalho com movimento contempla a multiplicidade de
A passagem da heteronomia para a autonomia supõe recursos funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo de-
internos (afetivos e cognitivos) e externos (sociais e culturais). Para senvolvimento de aspectos específicos da motricidade das crianças,
que as crianças possam aprender a gerenciar suas ações e julga- abrangendo uma reflexão acerca das posturas corporais implicadas
mentos conforme princípios outros que não o da simples obediên- nas atividades cotidianas, bem como atividades voltadas para a am-
cia, e para que possam ter noção da importância da reciprocidade e pliação da cultura corporal de cada criança. 1
da cooperação numa sociedade que se propõe a atender o bem co- O material completo está disponível em:
mum, é preciso que exercitem o autogoverno, usufruindo de grada- http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf,
tiva independência para agir, tendo condições de escolher e tomar
decisões, participando do estabelecimento de regras e sanções.
Assim, é preciso planejar oportunidades em que as crianças di-
CONSTANCE KAMII. A CRIANÇA E O NÚMERO.
rijam suas próprias ações, tendo em vista seus recursos individuais
CAMPINAS: PAPIRUS, 1987
e os limites inerentes ao ambiente.
Um projeto de educação que almeja cidadãos solidários e coo-
perativos deve cultivar a preocupação com a dimensão ética, tradu- A obra
zindo-a em elementos concretos do cotidiano na instituição.
O complexo processo de construção da identidade e da autono- A criança e o número, de Constance Kamii, apresenta um es-
mia depende tanto das interações socioculturais como da vivência tudo sobre o desenvolvimento histórico dos números. Em Kamii
de algumas experiências consideradas essenciais associadas à fusão (1990) o estudo segundo Piaget mostra que o estudo da nature-
e diferenciação, construção de vínculos e expressão da sexualidade. za do conhecimento humano deveria ser feito coma investigação
científica, e não como muitos filósofos faziam, ou seja, por meio de
especulação e debate.
1Fonte: www.portal.mec.gov.br

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL

No entanto, fatos sobre o sócio gênese pré-histórico e o desen- No entanto, na realidade psicológica da criança, uma não exis-
volvimento do conhecimento humano ou são incompletos ou ina- te sem a outra. A relação de diferente não existe se a criança não
cessíveis. Piaget então decidiu completar informações disponíveis, observar diferentes propriedades nos objetos. Como dito anterior-
que não são muitas, com fatos sobre como as crianças de hoje cons- mente, a construção do conhecimento físico só é possível porque
troem conhecimentos. O conhecimento, do qual hoje dispomos, é a criança possui uma estrutura lógico-matemático que possibilita
resultado de um processo de construção humana ao longo de vários novas observações em relação ao conhecimento que ela já tem.
séculos. Na obra de Kamii (1990) esta cita que Piaget afirma ser Para uma criança reconhecer que um peixe é vermelho, ela precisa
possível que haja paralelos entre a maneira como a criança cons- reconhecer o vermelho de outras cores e o peixe de outros objetos.
trói seu conhecimento e a maneira como a humanidade o fez no Portanto, para que ela seja capaz de ler fatos da realidade exter-
passado. Conhecer os paralelos entre a construção da humanidade na, precisa da estrutura lógico-matemática construída pela abstra-
e a construção da criança é importante, porque nos auxilia a com- ção reflexiva ou construtiva. Os dois tipos de abstração até agora
preender melhor a natureza do conhecimento lógico-matemático apresentados por Kamii podem parecer sem grande importância
e os conceitos de número. Para que a criança aprenda as técnicas enquanto uma criança está aprendendo números pequenos como,
computacionais, passa por etapas similares àquelas pela qual pas- por exemplo, até dez. No entanto, quando ela aprende números
sou a humanidade. Segundo Kamii, os algoritmos, tais como hoje como 999 e1000, quando já não dispõe desse número de objetos
utilizados, são recentes na história da humanidade. Só por volta de ou fotografias com tais quantidades, a situação fica mais difícil. As-
1600 o nosso Sistema de Numeração Decimal, indo-arábico, passou sim, por meio de abstração reflexiva, acriança constrói relações, nú-
a ser aceito como sistema oficial de computação, tomando o lugar meros são aprendidos, então pode entender números bem maio-
do sistema de numeração romana. res, apesar de não tê-los visto antes.
Os romanos utilizavam uma tábua de cálculos que consiste em Podemos perceber através da obra em questão que o ensino da
quatro colunas, sendo a primeira a das unidades, a segunda das de- Matemática, ao longo dos anos, vem priorizando os conhecimen-
zenas, a terceira das centenas e assim por diante, colocando pedras tos físicos e sociais, deixando um pouco de lado o conhecimento
ou contas em cada coluna. Através da obra de Kamii podemos per- lógico-matemático, cuja fonte é interna. Considera-se que para
ceber que as crianças adquirem o conhecimento lógico-matemático aprender numeração, bastam observar quantidades e escrever os
por um processo de construção, ação, de dentro para fora. Esse pro- numerais correspondentes, repetidas vezes. O conhecimento lógi-
cesso não se dá por transmissão, de fora para dentro, e, segundo co-matemático evolui quanto mais relações o indivíduo consegue
Piaget, não se dá por transmissão social. Piaget distingue três tipos coordenar. No caso do número, torna-se necessário a coordenação
de conhecimentos para que se compreenda melhor o conhecimen- das relações de ordenação mentalmente. Por outro lado, os núme-
to lógico-matemático. O conhecimento físico refere-se aos objetos ros indicam quanto conhecimento matemático acriança traz para
do mundo exterior. Kamii (1990) afirma que a fonte do conhecimen- a escola e que acaba não sendo aproveitado, pelo professor, para
to físico está apenas em parte nos objetos, porque, mesmo para ler fazê-la avançar. Muitas vezes, professores têm em sala alunos que
uma cor de um objeto, se faz necessário uma estrutura lógico-ma- trabalham vendendo balas ou frutas, acostumadas a calcular, que
temática. Para distinguir a cor vermelha num objeto, precisa-se de esquecem sua experiência no momento de fazer exercícios mecâni-
uma estrutura que faça pensar nas demais cores, e delas distinguir cos. Por inexperiência, os adultos esquecem-se de que a matemá-
o vermelho. Tomando como exemplo o Natal, no dia 25 de Dezem- tica, como a linguagem, são construções humanas de muitos anos.
bro, é exemplo de um conhecimento social, pois é apenas uma das E é com um ambiente propício à reflexão que o aluno será capaz
convenções estabelecidas socialmente. A característica principal do de tirar melhor proveito das aulas. Para o conhecimento lógico ma-
conhecimento, segundo Piaget, “é que sua natureza é preponderan- temático, são grandes as vantagens do jogo em grupo, na sala de
temente arbitrária”. (Kamii, 1990). Arbitrário porque alguns povos o aula, tanto do industrializado como do produzido artesanalmente,
comemoram, enquanto outros não. Portanto, não há qualquer rela- e uma atividade lúdica e agradável normalmente sempre será bem
ção de natureza física ou lógico-matemática entre o objeto e a sua vinda para as crianças. Muitos professores concordam em utilizar
denominação. Conhecimentos como estes são passados pela trans- o jogo, mas apenas para lazer, depois de terminados os chamados
missão de uma pessoa para outra ou entre pessoas de diferentes “trabalhos de aula”, esquecendo-se de seu lado educativo. A au-
gerações. Através da finalidade de construir conhecimentos, sobre tora comenta sobre Piaget, onde ele declara que “a finalidade da
o mundo físico, uma criança precisa de estrutura lógico-matemá- educação deve ser a de desenvolver a autonomia da criança, que
tica, necessitando também dessa estrutura para adquirir conheci- é indissociavelmente social, moral e intelectual” (p.33). Autonomia
mentos sociais. Não poderíamos pensar em Natal sem classificá-lo significa agir por leis próprias, na educação tem o objetivo de não
em relação aos demais dias do ano. Na concepção de Piaget, apre- opinar sobre o que não acreditam.
sentada por Kamii, diferentemente dos outros conhecimentos, o Como as escolas ainda educam tradicionalmente, a heterono-
conhecimento lógico-matemático consiste em relações criadas pelo mia da criança passa a ser mais trabalhada do que a própria auto-
sujeito. Ele exemplifica este conhecimento como diferença. nomia. Isto porque, os professores mantêm as crianças nas regras,
Segundo Piaget, a abstração de número é muito diferente da através de sanções, como as estrelinhas, prêmios, notas, etc. Estu-
abstração de cor dos objetos, chamada por ele de abstração empí- dos feitos mostram que alunos do primeiro ano do ensino supe-
rica ou simples. Para abstração de número, usou o termo abstração rior não estão capacitados para serem críticos; deve-se ressaltar
reflexiva. Na abstração empírica, a criança se concentra numa certa a diferença entre a construção do número (não é observável, pois
propriedade do objeto e ignora as demais. Ao centrar-se na cor, aca- existe apenas na cabeça da criança) e quantificação de objetos (a
ba deixando de lado peso, material do qual é feito e outras coisas. A observação é feita em partes, pois podemos ver o comportamento
abstração reflexiva, diferentemente da abstração empírica, envolve da criança, mas não vemos o pensamento que se desenvolveu men-
a construção de uma relação entre objetos. Relações não têm uma talmente). O meio ambiente, o nível socioeconômico e cultural da
existência na realidade externa. A abstração reflexiva é uma cons- criança tanto pode agilizar o desenvolvimento lógico-matemático
trução verdadeira feita pela mente, e não uma concentração sobre como retardá-lo.
um determinado objeto.

3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL

O aluno que já tem o conhecimento lógico-matemático é ca- Em outra situação, duas crianças em uma creche trabalham
paz de representar os números com símbolos ou signos, sendo as com argila e fios de metal. Uma criança diz: “Fiz gato”, ao que a ou-
primeiras relações com os objetos que o representam e signos são tra responde: “Fiz chuva”. Em seguida, a primeira pega uma folha de
desenvolvidos por fatos e não mantém semelhanças representati- papel e cobre o gato. Essa história, também registrada fotografica-
vas com os objetos. O professor tem a missão de estimular o pensa- mente, sugere a capacidade da criança de compreender o processo
mento espontâneo da criança. de pensamento do outro, indicando-nos, mais uma vez, a impor-
tância da interação no processo de aprendizagem. Nas palavras de
Malaguzzi (1999, p. 90): Observar as crianças e registrar suas falas
e suas ações representa a tentativa de tornar visíveis os processos,
CAROLYN EDWARDS; LELLA GANDINI; GEORGE
reconstruir o pensamento da criança, aproximar-se da lógica de seu
FORMAN. AS CEM LINGUAGENS DA CRIANÇA:
projeto.A documentação mostra a especificidade do pensamento
ABORDAGEM DE REGGIOEMILIA NA EDUCAÇÃO DA
infantil, sua singularidade e sua expressividade; aprender a obser-
PRIMEIRA INFÂNCIA. PORTO ALEGRE: PENSO. VOL. 1.
var e interpretar gestos e falas de modo a fazer do trabalho coti-
2016
diano um constante exercício de pesquisa torna-se característica
profissional do educador.
Outro aspecto importante do projeto pedagógico é o ambien-
Aprender e reaprender com as crianças é a nossa linha de tra- te, entendido não apenas como arquitetura, mas especialmente
balho. Avançamos de tal modo que as crianças não são moldadas como conjunto de relações. Um ambiente que comunique valores e
pela experiência, mas dão forma à experiência. (MALAGUZZI, 1999, escolhas, e que seja relacional, sensorial, acolhedor, comunicativo,
p 98). empático. A transparência e a luminosidade presentes no projeto
Podemos destacar alguns aspectos que caracterizam a história arquitetônico das escolas indicam a relação entre espaços internos
da educação infantil na Itália: disputas de poder entre Igreja e Esta- e externos; as paredes, repletas de informações e documentações,
do, emergência das primeiras iniciativas voltadas à primeira infância representam a intenção de comunicar e de construir memória, his-
como instituições de caridade (por volta de 1820), unificação tardia tória e identidade. A piazza central, presente em todas as institui-
do Estado italiano (1860). Apenas no final do século XIX algumas ini- ções, emerge como local de encontro e integração.
ciativas particulares começam a ser apoiadas por fundos públicos, A organização, como outro elemento do projeto, indica como
especialmente municipais, com o intuito de afastar-se da ideia de o ambiente é habitado por aqueles que dele fazem parte: crianças,
caridade. Em 1925 tem-se a aprovação da lei nacional para “Prote- educadores e famílias. Uma das características das pré-escolas de
ção e Assistência à Infância”, possibilitando a expansão da ONMI – Reggio Emília é a manutenção de dois professores por turma tra-
Organização Nacional para a Maternidade e Infância – que, a partir balhando juntos diariamente das 8h30 às 13h00, o que favorece o
de 1922, com o regime fascista, adota um modelo médico-sanitário trabalho com as crianças em pequenos grupos.
de cuidados infantis; apenas em 1975 os centros da ONMI foram O trabalho em duplas de educadores por turma é também uma
oficialmente transferidos para administrações municipais em toda forma de estímulo ao confronto, à negociação, ao trabalho coope-
a Itália (EDWARDS et al.,1999). No campo pedagógico, têm-se as rativo.
ideias de Aporti (1831), Froebel (pós 1867), Montessori, Rosa e Ca- A organização do espaço da sala em diferentes áreas de ativida-
rolina Agazzi (entre 1904-1913) como principais referências. de torna possível a escolha por parte das crianças e o trabalho em
No pós-guerra, surgem iniciativas locais voltadas à organização pequenos grupos, modalidade organizativa que favorece a comuni-
de serviços para a primeira infância; na ausência do Estado, os pró- cação e a interação criança-criança e criança-professora, “o tipo de
prios pais organizam-se nesse sentido, como relata Loris Malaguzzi organização de sala de aula mais favorável à educação baseada no
em entrevista (MALAGUZZI, 1999, p. 59-60): relacionamento” (MALAGUZZI, 1999, p. 79).
No ano de 1963 é aberta a primeira escola municipal de edu-
cação infantil em Reggio Emília, evento que, segundo Malaguzzi O atelier foi introduzido nas escolas no fim dos anos setenta, e
(1999, p. 61), representa um marco: a ruptura com o monopólio da contribuiu para a elaboração da “teoria das cem linguagens”, sendo
Igreja Católica e a afirmação do “direito de estabelecer uma escola uma particularidade da experiência reggiana. Representa uma es-
secular para crianças pequenas”. Em 1967 todas as escolas adminis- colha pedagógica no sentido de promover às crianças experiências
tradas por pais passaram para a administração da municipalidade com diferentes linguagens, entendidas como “ferramentas para o
de Reggio Emilia, fruto da luta política pelo direito das crianças. pensamento” (id: 84); a manutenção, dentro de cada seção/ turma,
O modelo pedagógico de Reggio Emília pauta-se na escolha de de um mini-atelier indica que esse trabalho não se realiza de forma
uma imagem de criança competente, curiosa, atenta, capaz, pen- isolada, mas contamina a vida cotidiana.
sante, que questiona, que inventa, que cria, que descobre o mundo O atelier contribuiu também para o trabalho com a documen-
através do corpo e da relação com o outro. Fundamenta-se na ideia tação - necessária à comunicação, às famílias, do processo de cons-
de que a aprendizagem nasce da escuta recíproca entre criança e trução do conhecimento pelas crianças -, levando ao refinamento
educadora, criança e criança, e na concepção de educação como dos métodos de observação e registro. O trabalho no atelier favore-
um ato de reciprocidade. Esses pressupostos são expressos na his- ceu a exploração e a experimentação, pelas crianças, de diferentes
tória “Laura e o relógio”, narrativa fotográfica de um processo de materiais e formas de representação e, simultaneamente, forneceu
interação e aprendizagem entre bebê e professora: Laura folheia as inúmeros “arquivos” sobre o pensamento infantil e as pesquisas
páginas de uma revista, observando um relógio; a professora, en- dos professores, alimentando novas práticas pedagógicas.
tão, mostra-lhe o seu, o aproxima-o de seu ouvido para que escute
o ruído que faz; a seguir, a menina vai em direção ao relógio da re-
vista, coloca-o junto à orelha, como que tentando escutar seu som.

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