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(1996)
De acordo com esta perspectiva, o indivíduo pode apresentar uma única dificuldade ou uma
combinação de várias dificuldades. Gati e col. (1996), Iniciaram o processo de identificação
das dificuldades que impossibilitam o indivíduo tomar uma decisão.
A taxionomia destes autores foi desenvolvida através de uma interacção entre as dificuldades
encontradas na teoria e nos estudos empíricos. De forma a aumentar o grau de
compreensibilidade desta taxionomia e a sua aplicabilidade aos contextos reais, os autores
recolheram descrições de várias dificuldades na tomada de decisão encontradas por duzentos
conselheiros de carreira e dez psicólogos especializados em Orientação Vocacional.
Para garantir que todas as dificuldades tinham sido incluídas no questionário, os mesmos
cruzaram a informação recolhida com os modelos teóricos existentes. Durante este processo,
foram introduzidas algumas alterações nos grupos de dificuldades que fazem parte das
subcategorias. Assim, depois de reverem os principais modelos de decisão e taxionomias de
problemas associados à escolha e desenvolvimento de carreira (e.g., Brown, 1990; Campbell
& Cellini, 1981; Gati, 1986; Gelatt, 1962; Mitchell & Krumboltz, 1984; Pitz & Harren, 1980;
Rounds & Tinsley, 1984), Gati e col. (1996) Propõem uma representação hierárquica das
dificuldades de decisão de carreira.
Numa primeira fase, separam as dificuldades que podem ocorrer antes do início do processo
de decisão, e as que surgem durante o processo de decisão. Numa segunda fase, diferem três
categorias principais de dificuldades: a Falta de Prontidão, a Falta de Informação e a
Informação Inconsistente. Estas duas últimas categorias principais referem-se a dificuldades
que podem advir durante o processo de tomada de decisão, enquanto, que a primeira
categoria remete para as dificuldades que têm lugar antes do processo de decisão ter início.
Estas três subcategorias reflectem, respectivamente pela ordem que foram apresentadas, as
dificuldades devidas à falta de motivação para se implicar no processo de decisão, indecisão
generalizada a respeito de todos os tipos de tomada de decisão e crenças disfuncionais (e.g.,
crenças irracionais) acerca da decisão de carreira. A categoria Falta de Informação, integra
quatro subcategorias: Falta de Informação acerca do Processo de Tomada de Decisão de
Carreira, acerca dos passos, Falta de Informação acerca do Self, Falta de Informação acerca
das Profissões/Ocupações, e Falta de Informação de fontes adicionais de informação.
Em particular, Gati e Saka (2001a) produziram outras três versões distintas do CDDQ,
correspondendo a três situações de tomada de decisão diferentes – escolhas vocacionais após
o 9º ano de escolaridade, escolhas optativas no 10º ano e escolhas após o 11º ano de
escolaridade. Mais tarde, os mesmos autores (Gati & Saka, 2001b) elaboraram uma versão do
CDDQ para ser administrada na internet (CDDQ34q), em que o questionário é composto
apenas por trinta e quatro itens, dos quais dois são utilizados para detectar padrões de
respostas “questionáveis”.
O CDDQ, principalmente a sua versão original, encontra-se adaptado para diversos países,
estando traduzido em diversas línguas, nomeadamente em hebraico, inglês, árabe e chinês
(Taiwan e República Popular da China) e português. A estrutura desta taxionomia foi testada
inicialmente através da análise de agrupamentos ou clusters (e.g., Gati et al., 1996), a partir
do qual se concluiu que existe uma boa correspondência entre o modelo teórico (categorias
principais e subcategorias) e os dados empíricos, embora por vezes tenham sido notadas
algumas inconsistências (e.g., a composição da categoria relativa à Falta de Prontidão).
Aspectos relacionados com a validade dos resultados, mais concretamente, com a validade
convergente, concorrente e discriminante, têm sido foco de atenção por parte de diversos
investigadores, sendo as suas avaliações geralmente positivas. Por outro lado, no que diz
respeito à precisão dos resultados, quer em relação à consistência interna das respostas, quer
no que toca à estabilidade temporal dos mesmos, as evidências verificadas são
maioritariamente boas, embora existam ainda algumas questões por resolver relativamente às
escalas que integram a categoria principal Falta de Prontidão (e.g., Creed & Yin, 2006; Kelly
& Lee, 2002; Lancaster, Rudolph, Perkins & Patten, 1999).
Mais recentemente, Loureiro e Taveira (2010) desenvolvem um novo estudo com o objectivo
de explorar as qualidades métricas da versão em português do Questionário de Dificuldades
de Tomada de Decisão de Carreira (CDDQ34q, Gati & Saka 2001b, adap. por Silva, 2005)
para utilização num estudo sobre a avaliação daquele tipo de dificuldades no âmbito de uma
intervenção na gestão pessoal da carreira de alunos do Ensino Superior. Como principais
resultados, são de salientar, os valores dos coeficientes de consistência interna elevados, para
as escalas, subescalas e total do CDDQ (>0,70), com 0,90 na escala Falta de Prontidão, 0,92
na subescala Crenças Disfuncionais, e 0,89 na escala do total do CDDQ.
Por sua vez, Ussene e Taveira (2010) desenvolvem um novo estudo com o CDDQ34q, para
testar as suas propriedades métricas e a aplicabilidade da versão portuguesa do CDDQ34q
(Gati & Saka, 2001b; Silva, 2005) a alunos da 12ª classe, moçambicanos. A amostra deste
estudo é composta por 314 alunos, de escolas privadas e públicas da região sul de
Moçambique, de ambos os sexos (194 raparigas e 120 rapazes), com idades compreendidas
entre os 15 e os 24 anos (M=17,05; DP=1,24).
Em relação aos resultados, o referido autor registou, na primeira fase de exploração factorial
dos itens do CDDQ34q, que as médias dos itens de resposta variam entre 3,51 e 6,51 pontos,
e os desviospadrão apresentam valores entre os 2,51 e 3,08 pontos. Em relação à consistência
interna dos itens, Ussene e Taveira (2010) verificaram que estes apresentam coeficientes alfa
de Cronbach muito satisfatórios, com valores entre 0,91 e 0,92. Na segunda fase de análise
dos resultados, foi realizada uma análise de componentes principais de 32 itens do CDDQ34q
(após retirada dos itens de validade 7 e 12), alcançando-se uma solução factorial de nove
factores interpretável, que explicam 65,60% da variância.