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Utilização do BI na tomada de decisão

Apresentação

O processo decisório é algo que está intrinsecamente ligado à gestão de empresas. Um executivo
toma inúmeras decisões por dia, nos mais diferentes níveis de complexidade, e são essas decisões
que definem os rumos que a organização irá tomar, impactando na vida de muitas pessoas e
envolvendo uma série de fatores.

Trata-se, portanto, de um processo fundamental para as organizações, podendo ser a diferença


entre uma empresa de sucesso e uma que foi engolida pelo mercado. A diferença, na maioria das
vezes, está na fundamentação da tomada de decisão, a qual necessita de informação de qualidade
para que o gestor saiba que caminho tomar.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá melhor o processo decisório e o que o constitui e
compreenderá a importância da informação para esse processo e o impacto das ferramentas de BI
(Business Intelligence) para a tomada de decisão organizacional.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os elementos constitutivos de um processo


de tomada de decisão.
• Ilustrar o processo de tomada de decisão empregando
ferramentas de BI.
• Comparar processos de decisão tradicionais com os
baseados em ferramentas analíticas.
Desafio

A Hannemann é uma indústria de produtos alimentícios localizada no sul do Brasil. Com mais de 40
anos de atuação no mercado, a empresa, de origem familiar, é uma referência na produção de
molhos e temperos, inclusive exportando para mais de dez países.

O ketchup e a mostarda Hannemann têm grande número de consumidores, principalmente em São


Paulo e no Rio de Janeiro, além do Rio Grande do Sul. Os três estados são conhecidos por terem
consumidores muito críticos em relação a esse tipo de produto.

No entanto, a empresa identificou, nos últimos meses, uma queda na venda do seu principal
produto, o ketchup tradicional, e os números têm preocupado a direção da Hannemann. Aliado a
isso, algumas reclamações de usuários acerca da embalagem, embora sem muitos detalhes,
aumentaram essa preocupação.

Você, como especialista em análise de dados, foi contratado pela empresa para auxiliar na
identificação do problema. O que você faria?
Infográfico

O processo decisório é algo complexo e que precisa ser bem compreendido pelo gestor
organizacional. Dessa forma, ele terá um controle maior da situação e saberá gerenciar melhor as
suas decisões, o que permitirá obter melhores resultados.

No Infográfico, você verá de modo detalhado as etapas do processo de tomada de decisão


organizacional e a importância de cada uma delas para a obtenção de resultados satisfatórios.
Conteúdo do Livro

O processo de tomada de decisão organizacional é fundamental para o sucesso de uma empresa.


Quanto mais preparado estiver o gestor para as decisões relacionadas aos rumos da sua empresa,
melhores tendem a ser os resultados dela no mercado.

Um elemento fundamental para que o gestor esteja preparado e tome as melhores decisões é a
informação. Informação sobre a empresa, o mercado, os clientes, o fornecedor e tudo mais que
impacte de alguma forma na empresa deve ser considerado nas decisões organizacionais. Sendo
assim, é preciso gerenciar essa quantidade tão grande de informação. Isso pode ser definitivo no
momento de obter a informação correta acerca de determinado tema que impacte no futuro da
empresa.

Leia o capítulo Utilização do BI na tomada de decisão, da obra Introdução à Inteligência de Negócios


para aprender mais sobre o assunto.

Boa leitura!
INTRODUÇÃO À
INTELIGÊNCIA DE
NEGÓCIOS
Cristiane Kessler de Oliveira
Utilização de business
intelligence na
tomada de decisão
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os elementos constitutivos de um processo de tomada


de decisão.
 Ilustrar o processo de tomada de decisão empregando ferramentas
de business intelligence.
 Comparar processos de decisão tradicionais com os baseados em
ferramentas analíticas.

Introdução
A tomada de decisão acompanha o indivíduo ao longo de toda a vida.
A todo momento, é preciso decidir algo que será determinante para o
futuro, seja no âmbito pessoal ou profissional. No entanto, enquanto,
na esfera pessoal, uma decisão equivocada poderá impactar apenas a
vida de pessoas próximas, em uma empresa, as consequências podem
envolver muitas pessoas. Por isso, especialmente nos negócios, é funda-
mental que o processo decisório seja bem fundamentado. Para que isso
ocorra, é preciso saber coletar e utilizar a maior quantidade possível de
informações de qualidade. Nesse sentido, a contribuição da inteligência
de negócios — ou business intelligence (BI) — pode ser definitiva.
Neste capítulo, você vai estudar o processo de tomada de decisão
e os elementos que o constituem. Você também vai compreender o
papel da informação ao longo do processo decisório e de que forma as
ferramentas de BI podem impactar na tomada de decisão organizacional.
2 Utilização de business intelligence na tomada de decisão

Processo de tomada de decisão


A tomada de decisão representa um dos principais elementos da gestão
organizacional. Trata-se de um dos principais papéis desempenhados pelos
executivos, uma vez que é por meio de decisões — sejam elas mais simples
e rotineiras ou mais complexas e demoradas — que o gestor condiciona a
empresa por um determinado caminho. É o conjunto dessas decisões, tomadas
nas diversas esferas da organização, que vai fazer com que ela tenha sucesso
e atinja os seus objetivos, ou mesmo que enfrente problemas que precisem ser
geridos por meio de novas decisões.
A tomada de decisão organizacional é, portanto, determinante desde a
concepção da empresa e das suas definições estratégicas, passando pelo
planejamento estratégico, até chegar às decisões rotineiras — como quais
insumos precisam ser comprados em que época do mês ou de que fornecedor.
Para Sobral e Peci (2013, p. 98), “[...] uma decisão pode ser descrita, de forma
simplista, como uma escolha entre alternativas ou possibilidades com o objetivo
de resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade”. No entanto, decisões
também são tomadas para direcionar os caminhos e os próprios objetivos da
organização. Para Paganotti (2015, p. 3):

É possível, então, considerar que o processo decisório permite escolher o


caminho correto para a organização de acordo com o momento que ela vive,
pois mercado, concorrência, política, economia e os fatos que ocorrem no
decorrer do tempo influenciam sobremaneira a formação das alternativas
que se podem conceber.

Em uma empresa, portanto, são tomadas inúmeras decisões diárias, nos


mais diferentes níveis e graus de complexidade. Esse processo de tomada de
decisão envolve uma série de etapas a serem cumpridas para que o resultado
seja efetivo, reduzindo o risco de decisões equivocadas ou malsucedidas.
Porém, não há um consenso entre os estudiosos sobre as etapas que compõem
esse processo. Young (1977 apud MOTTA; VASCONCELLOS, 2002), por
exemplo, estipula 10 passos para a tomada de decisão, enquanto Uris (1989
apud MOTTA; VASCONCELLOS, 2002) define seis etapas, conforme ilus-
trado no Quadro 1.
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Quadro 1. Etapas do processo decisório

Processo decisório Processo decisório


segundo Young (1977) segundo Uris (1989)

1. Definição dos problemas organizacionais 1. Análise e identificação da situação


2. Levantamento dos problemas que en- 2. Desenvolvimento de alternativas
volvem o alcance dos objetivos 3. Comparação de alternativas
3. Investigação da natureza dos problemas 4. Classificação dos riscos de cada
4. Busca por soluções alternativas alternativa
5. Avaliação e seleção da melhor alternativa 5. Avaliação e seleção da melhor
6. Alcance de um consenso organizacional alternativa
7. Autorização da solução 6. Execução e avaliação
8. Implantação da solução
9. Instrução do uso da decisão para os não
tomadores de decisão
10. Condução de auditoria para avaliar a
eficácia da decisão

Fonte: Adaptado de Motta e Vasconcellos (2002).

Por sua vez, Montana e Charnov (1999 apud PAGANOTTI, 2015) consi-
deram as seguintes etapas para o mesmo processo decisório:

1. Análise situacional.
2. Estabelecimento de padrões de desempenho.
3. Geração de alternativas.
4. Avaliação das consequências.
5. Teste-piloto.
6. Implementação total.

Os autores ainda acrescentam que, após a etapa de implementação total, é


possível realizar uma avaliação para verificar as contribuições dessas decisões
para os objetivos organizacionais, de modo a possibilitar a realização de ajustes
futuros, se necessário.
4 Utilização de business intelligence na tomada de decisão

Por fim, as etapas definidas por Sobral e Peci (2013), as quais você verá
detalhadamente a seguir, aproximam-se daquelas determinadas por Uris (1989
apud MOTTA; VASCONCELLOS, 2002), com alguma variação:

1. Identificação da situação.
2. Análise e diagnóstico da situação.
3. Desenvolvimento de alternativas.
4. Avaliação das alternativas.
5. Seleção e implementação das melhores alternativas.
6. Monitoramento e feedback.

Identificação da situação
Quase todo o processo de tomada de decisão se dá a partir da identificação,
por parte da empresa, de uma oportunidade ou um problema. No caso de uma
oportunidade, trata-se de algum acontecimento positivo que, se a empresa
tomar alguma atitude no sentido de aproveitá-lo, poderá trazer bons resultados
para ela. No caso de um problema, trata-se de algo negativo, que traz ou poderá
trazer futuramente consequências negativas para a empresa e com o qual é
preciso lidar o quanto antes, tomando decisões para encerrar o problema e
minimizar as suas consequências.
Identificar bem o problema (ou a oportunidade, se for o caso) e compreendê-
-lo a fundo é fundamental para que se possa tomar as melhores decisões em
relação a ele. Algumas vezes, se a situação não for bem interpretada, ou se
for interpretada de modo equivocado, o que era considerado uma boa decisão
pode gerar um resultado bem diferente do previsto. Para Paganotti (2015, p.
16), “[...] o administrador só terá boas alternativas de escolhas se conseguir
monitorar as tendências do ambiente ao seu redor”. Isso significa conhecer a
situação sob diferentes óticas, de modo a conseguir obter soluções alternativas,
especialmente em decisões de maior grau de complexidade.

Análise e diagnóstico da situação


Após conhecer profundamente a situação a ser enfrentada, é necessário ela-
borar um diagnóstico a seu respeito. Com ele, o gestor poderá definir os
objetivos da tomada de decisão. “Sem objetivos claros e uma análise correta
da situação, é impossível pensar em boas alternativas para uma decisão”,
segundo Paganotti (2015, p. 16). São os objetivos que vão guiar a análise das
alternativas, auxiliando na escolha daquela que melhor contribui para que sejam
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alcançados. Paganotti (2015) sugere algumas questões a serem respondidas,


as quais auxiliam na compreensão da situação e na elaboração do diagnóstico,
conforme apontadas a seguir.

 Quais fatos demonstram a existência de um problema ou de uma


oportunidade?
 O que pode ter contribuído para o surgimento do problema ou da
oportunidade?
 Quando, onde e como ocorreu o problema?
 Quais pessoas estão envolvidas?
 De que maneira elas podem contribuir para solucionar a situação?
 Como é possível medir a magnitude do problema ou da oportunidade?
 Qual é a urgência da decisão?
 A situação está isolada ou tem interconexões com outros eventos?

É importante que as perguntas sejam respondidas por pessoas de diversos


setores da organização. Dessa forma, será possível ter diferentes percepções
sobre a situação, o que enriquece a tomada de decisão.

Desenvolvimento de alternativas
A partir da compreensão efetiva da situação, o que se dá por meio da análise e
do diagnóstico, é possível elaborar alternativas de ações e caminhos que auxi-
liem na solução do problema ou no aproveitamento da oportunidade. Algumas
decisões mais simples, como a compra de determinado item do estoque, podem
necessitar de menos alternativas — talvez o levantamento de algumas opções
de fornecedores, com preços e prazos diferenciados. Por outro lado, situações
mais complexas demandam um bom levantamento de alternativas, como no
caso da identificação da razão da queda nas vendas de determinado produto.
Nesses casos, pode ser necessário um estudo mais apurado das alternativas, o
que amplia a possibilidade de encontrar soluções eficientes e criativas.
Sobral e Peci (2013) sugerem algumas ferramentas que auxiliam os gestores
no desenvolvimento de alternativas. Uma delas é o brainstorming, ou tempes-
tade de ideias. Nessas situações, as pessoas envolvidas vão mencionando as
soluções e providências que lhes vêm à cabeça, sem julgamentos ou críticas.
Essas sugestões vão sendo anotadas para, posteriormente, serem analisadas
de forma mais profunda, verificando-se a sua viabilidade efetiva. A outra
ferramenta mencionada pelos autores é o chamado conflito construtivo. Nesse
caso, as pessoas vão sendo provocadas para trazerem soluções criativas e
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eficientes para a situação. No entanto, é preciso conduzir o trabalho com muito


cuidado, caso contrário, pode se tornar um conflito efetivo, o que acabaria
prejudicando a tomada de decisão.

Avaliação das alternativas


Após a definição das alternativas possíveis para a solução da situação, é neces-
sário analisar cada uma delas. Isso significa medir as consequências que cada
uma das alternativas propostas traria para a organização. Pode ser necessário
fazer uma simulação, passo a passo, de cada uma das possibilidades levantadas,
de modo a imaginar o que ocorreria se ela fosse colocada em prática.
Uma forma bastante utilizada de se fazer essa simulação é a chamada
árvore da decisão. Trata-se de uma ferramenta que auxilia o gestor a visu-
alizar as ramificações, em forma de árvore, das consequências de cada uma
das possibilidades de decisão. A Figura 1 ilustra a árvore da decisão de uma
empresa que precisava definir se expandiria ou não as suas instalações. As
fórmulas ilustram os cálculos realizados pelos gestores em cada uma das
situações simuladas.

Figura 1. Árvore da decisão.


Fonte: Adaptada de Paganotti (2015).
Utilização de business intelligence na tomada de decisão 7

É necessário que seja analisado o impacto de cada uma das decisões sob
diversos aspectos relacionados à organização. Tempo, impacto financeiro,
impacto diante dos clientes e concorrentes são alguns dos critérios que os
gestores precisam ter em mente ao realizar essa análise.

Seleção e implementação das melhores alternativas


Após analisar os impactos de cada uma das alternativas, é preciso escolher
a mais adequada para a situação. Isso significa optar pela alternativa que
esteja mais alinhada aos valores da empresa e que contribua de modo mais
efetivo para os objetivos predefinidos. Em seguida, é necessário comunicar
os envolvidos acerca da escolha realizada, além de informar a cada um qual
será o seu papel na implementação da decisão.

Monitoramento e feedback
Decidir e implementar aquilo que foi escolhido não é o suficiente. É necessário
monitorar o que está sendo realizado, coletando informações e fazendo obser-
vações para identificar se tudo está correndo conforme o planejado. Da mesma
forma, é importante comunicar aos envolvidos acerca do seu desempenho no
trabalho que está sendo realizado, seja ele positivo ou negativo. Isso auxilia na
compreensão do seu papel e na orientação do que se pretende com a ação, além
de permitir ajustar o que está errado ao longo do percurso. É possível identificar,
durante o monitoramento, que a implementação não está tendo os resultados
esperados. Se isso ocorrer, o gestor terá tempo para fazer os ajustes ou, em
casos mais extremos, optar por uma alternativa que traga melhores resultados.

O papel da informação no processo decisório


Atualmente, vivemos na chamada era da informação, em que tudo gera
números e toda ação é acompanhada e se transforma em um dado a ser
coletado por alguém em algum momento. Todos os dias, as pessoas se
deparam com uma infi nidade de dados disponíveis em todos os lugares, seja
no campo pessoal ou profissional, relacionados aos mais diferentes temas.
No entanto, o simples fato de ter muitos dados disponíveis não significa,
necessariamente, uma vantagem ou mesmo uma facilidade para a gestão
de um empreendimento ou para a tomada de decisão organizacional. Beal
(2012, p. 11) afi rma que “[...] um conjunto de dados não produz necessa-
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riamente uma informação, nem um conjunto de informações representa


necessariamente um conhecimento”.
Para obter informação, é preciso agregar valor aos dados, realizando cruza-
mentos ou fazendo relações entre eles. Se um empreendedor do ramo de sorve-
tes souber, por exemplo, a quantidade de sorvetes vendida em um dia em uma
determinada região, isso é um dado, mas não se pode fazer muita coisa com ele.
No entanto, se esse dado for cruzado com outros, como a quantidade vendida em
outras regiões, por exemplo, ou em outros dias do mês, é possível ter uma ideia
de relação acerca da demanda, se essa região está com vendas acima ou abaixo da
média, por exemplo, ou se há um período do mês em que se vende mais sorvetes.
Trata-se, assim, de uma informação, que já pode ser utilizada para uma ação.
Quanto melhor for a informação, mais o gestor terá condições de tomar uma
boa decisão. É preciso conhecer uma situação por todos os lados, de modo a
estar preparado para enfrentá-la, inclusive pensando em meios alternativos,
o que pode garantir um diferencial competitivo à organização. No entanto,
gestores de instituições diferentes, que atuam em mercados distintos, possuem
necessidades diversas de informações. Nesse sentido, organizar as informações
em um sistema dinâmico permite integrar seus vários componentes. Moresi
(2000) afirma que a arquitetura de informação de uma empresa está estru-
turada da seguinte forma: institucional, intermediária e operacional.

Informação institucional
É a informação voltada à direção da empresa. Esse tipo de informação tem como
característica possibilitar a observação das variáveis relacionadas à empresa, tanto
no ambiente interno quanto no externo à organização. Geralmente, a finalidade da
informação institucional é monitorar e avaliar o desempenho da empresa junto
ao mercado e em relação a concorrentes e clientes, por exemplo. Além disso, é
utilizada para instrumentalizar o planejamento e as decisões de alto nível.

Informação intermediária
Esse tipo de informação normalmente é voltado ao corpo gerencial da orga-
nização. Trata-se da combinação de dados que permite observar as variáveis
presentes também nos ambientes externo e interno, como a informação insti-
tucional. No entanto, a informação intermediária é utilizada para monitorar
e avaliar os processos da empresa e todos os fatores relacionados à tomada
de decisão em nível gerencial. Também fundamenta o planejamento, mas
relacionado a esse nível de gestão.
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Informação operacional
É voltada à chefia de setores e seções dentro da organização. Esse tipo de
informação permite aos gestores executar as suas atividades e tarefas da
melhor forma, realizando, por exemplo, a identificação de gargalos e pro-
blemas que estejam comprometendo a produtividade do setor. É também por
meio dessa informação que o gestor pode monitorar o espaço geográfico sob
sua responsabilidade, bem como elaborar o planejamento no nível de gestão
operacional e tomar decisões relacionadas a ele.

A direção da empresa, por exemplo, precisa de informações que permitam a defi-


nição de metas e de estratégias de posicionamento, além da formulação da missão
ou das políticas da organização e de outras decisões relacionadas ao seu futuro.
Para isso, a informação precisa vir de diferentes fontes e ser de natureza ampla e
estratégica. No entanto, para um gerente, por exemplo, esse nível de informação
nem sempre é necessário. Ele pode utilizar uma gama menos ampla de informações,
trazendo mais diretamente o que ele precisa para a decisão intermediária. Da mesma
forma, um coordenador tem necessidades específicas. Geralmente, ele precisa
de informações detalhadas sobre as operações do dia a dia, e não da informação
ampla e estratégica que fundamenta a tomada de decisão do presidente ou dos
diretores da organização.

A informação, mesmo sendo muito valiosa para uma organização, precisa


ser trabalhada para que se torne conhecimento, podendo, assim, contribuir
de modo efetivo para a tomada de decisão. O conhecimento, por sua vez,
é uma combinação de informações e experiências que incluem reflexão e
contexto. Trata-se de algo que é difícil estruturar, capturar em um dispositivo
ou transferir a alguém. É preciso ser construído por cada indivíduo ou grupo,
conforme aponta Beal (2012).
Sendo assim, é preciso compreender melhor o sistema por meio do qual as
informações são tratadas nas organizações para que se tornem, efetivamente,
conhecimento. A Figura 2 ilustra um sistema de informação básico dentro
de uma organização.
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Figura 2. Sistema de informação.


Fonte: Adaptada de Paganotti (2015).

A entrada do sistema de informação são os dados, os quais podem ser


obtidos por meio das fontes mais diversas. Normalmente, quanto mais fontes
uma organização dispuser para a coleta de dados, maiores as chances de
obter diversidade de perspectiva e, consequentemente, de encontrar soluções
diferentes dos concorrentes. Por sua vez, a saída do sistema corresponde à
formação de informação útil, que possa ser utilizada para a tomada de decisão.
“Normalmente essas informações úteis são geradas em forma de relatórios
gerenciais, ou apenas relatórios que podem ser de um processo, de uma área,
de pessoas ou até mesmo maquinários”, segundo Paganotti (2015, p. 29).
O processamento é visto como a forma por meio da qual os dados coletados
são transformados em informações úteis. Por fim, o feedback é visto nas
correções de erro feitas nos dados de entrada e saída. Dessa forma, é por meio
dele que são realizados os ajustes necessários ao longo do processo.

O impacto das ferramentas de business


intelligence na tomada de decisão
Sabe-se que um dos elementos definidores de um gestor organizacional é
a tomada de decisão. Em um dia de trabalho, um executivo toma inúmeras
decisões, nos mais diferentes níveis de complexidade, as quais têm impacto
direto no futuro da organização e dos seus colaboradores. Da mesma forma,
conforme visto, a informação é de suma importância para essa tomada de
decisão. A informação é determinante para o sucesso de uma organização e,
nos dias atuais, com a quantidade de fontes disponível e sua atualização quase
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instantânea, não se trata mais de um diferencial. Hoje, obter informação em


grande quantidade e das mais diferentes fontes é quase uma obrigação para
uma empresa que deseja competir no mercado.
No entanto, somente uma grande quantidade de dados não garante resul-
tados positivos para a tomada de decisão organizacional. Pelo contrário, se
a empresa não souber gerenciar esses dados, é possível que eles favoreçam
uma decisão equivocada, pois podem ser interpretados de forma errônea ou
mesmo fornecer uma informação equivocada. Existem diferentes categorias
de informação que influenciam nas decisões e nos objetivos de uma organi-
zação: informações sobre clientes, concorrentes e fornecedores; informações
relacionadas a aspectos legais que impactam no ramo de atuação da empresa;
informações sobre crescimento demográfico, resultados econômicos, inovações
tecnológicas e questões políticas, sociais e ecológicas; entre outras. Todos esses
aspectos impactam em questões positivas ou negativas, ou seja, representam
problemas ou oportunidades e necessitam de decisões dos gestores.
Para gerenciar essas informações e fornecer instrumentos que favoreçam
o processo decisório, muitas empresas estão optando pela implementação
do BI. Leme Filho (2006) entende o BI com sendo um conjunto de serviços,
ferramentas e tecnologias, as quais são combinadas para agregar valor à
empresa, por meio da coleta, organização, análise, compartilhamento e mo-
nitoramento das informações relacionadas à organização. Para isso, é preciso
que um ambiente de BI seja capaz de extrair e integrar dados de diferentes
fontes, analisar informações contextualizadas, em um nível de totalização e
agrupamento maior, identificar relações de causa e efeito nessas informações,
desenhar cenários, criar simulações e estudar tendências, oferecendo o máximo
de eficiência para que a gestão tome as melhores decisões.

O BI surgiu para funcionar justamente como uma ferramenta para facilitar os negócios,
agilizando o acesso à informação e tornando-o mais eficiente. Com as suas ferramentas,
o gestor pode recolher dados de sistemas da organização, como o enterprise resource
planning (ERP) e o costumer relationship management (CRM), extraindo e, se for neces-
sário, transformando os dados e inserindo para dentro de um data warehouse (DW),
que funciona como um armazém de dados.
12 Utilização de business intelligence na tomada de decisão

A ferramenta de BI mais utilizada pelas empresas é o DW. Trata-se de um


banco de dados com grande potencial de armazenamento, em que são arquiva-
das as informações mais diversas, sejam históricos de transações da empresa
ou mesmo dados externos. Quando necessário, o gestor pode acessar o DW
e, por meio de ferramentas de interação, realizar consultas e gerar relatórios
que fundamentem a tomada de decisão de modo bastante eficiente. A Figura
3 ilustra como o DW é constituido, utilizando fontes variadas, como bancos
de dados e planilhas exportadas por sistemas de informação (ERP e CRM,
por exemplo). Também mostra as formas como o DW pode ser acessado pela
organização: visualização de dados, mineração de dados e relatórios, entre
outros, usando a intranet, a internet ou aplicativos próprios.

Figura 3. Data warehouse.


Fonte: Adaptada de Leme Filho (2006).

O DW contribui, portanto, para os mais diferentes níveis organizacionais.


Ele fornece informações para a tomada de decisão estratégica, identificando o
público-alvo mais adequado para o produto ou serviço que a empresa pretende
comercializar ou o posicionamento que possui mais aceitação e potencial de
crescimento no mercado de atuação. Auxilia também na identificação de ten-
dências de negócios de longo prazo, analisando padrões de comportamento que
possam identificar a queda ou o crescimento de alguma categoria de produto.
Utilização de business intelligence na tomada de decisão 13

No entanto, após a implementação de um DW e a construção de um ambiente


de BI, é fundamental que a empresa seja comprometida com a retroalimen-
tação do sistema de informações. Esse feedback é fundamental para a criação
do conhecimento dentro da organização. Segundo Penna (2003 apud LEME
FILHO, 2006, p. 128):

O feedback e aprendizado obtidos na conclusão do projeto de cada data mart


contribui para uma revisão periódica dos objetivos do projeto do Data Warehouse
corporativo e, ainda mais importante, apoia a própria revisão dos objetivos da
organização no plano estratégico e tático, visto que, ao se fazer um mapeamento
de relevância dos indicadores disponíveis, na verdade, se questiona se a informa-
ção ainda é relevante. Muitos sistemas são construídos para áreas de negócios
que acabam ou são redefinidas pouco depois e, claro, o sistema já nasce inútil.

Enquanto um data warehouse combina bases de dados espalhadas por toda a empresa,
um data mart geralmente é menor e se concentra em um tema ou departamento.
Um data mart é um subconjunto de um data warehouse, tipicamente abarcando uma
única área temática (SHARDA et al, 2019).

Uma das ferramentas mais utilizadas em conjunto com o DW é o sistema


chamado on-line analytical processing (OLAP), também conhecido como
processamento analítico de dados on-line. Essa ferramenta tem o objetivo
de auxiliar na conversão dos dados armazenados em informações úteis para
a organização. É por meio do sistema OLAP que os gestores obtêm os rela-
tórios com informações cruzadas, para que a direção possa tomar decisões
relacionadas ao rumo dos negócios, por exemplo.
Outra ferramenta muito utilizada e que contribui de modo efetivo para a
tomada de decisão é o data mining. Também conhecido como mineração de
dados, trata-se de um sistema de análise de informações, baseado em banco de
dados, que é capaz de procurar padrões ocultos em coleções de dados e prever
comportamentos futuros, conforme define Turban (2009). O autor afirma que
“[...] o verdadeiro software de data mining não muda apenas a apresentação: ele
de fato descobre relações antes desconhecidas entre os dados e este conhecimento
é aplicado para se alcançar metas de negócios específicas” (TURBAN, 2009, p.
31). Muitas empresas o utilizam como auxílio para a definição da segmentação
de mercado, por exemplo, porque ele é capaz de encontrar, em um vasto universo,
pessoas com interesses comuns relacionados a determinado assunto.
14 Utilização de business intelligence na tomada de decisão

Essas são apenas algumas das ferramentas mais utilizadas pelos gestores
na tomada de decisão empresarial. Existem ainda diversos outros programas
de software, aplicativos e outros elementos que fazem parte da inteligência
de negócios e instrumentalizam os gestores para reduzir a chance de erro.
Percebe-se, portanto, que o processo decisório tradicional, sem a utilização
de ferramentas de BI, é muito mais sujeito a erros e interpretações equivocadas.
Isso porque a grande quantidade de dados disponíveis, das mais diversas fontes,
se não for bem gerenciada, pode atrapalhar mais do que ajudar. Ao utilizar
uma ferramenta que foi projetada para fazer essa gestão de dados, o gestor
tem a segurança de estar amparado e obtendo as melhores informações para
fundamentar a sua decisão.
De qualquer forma, para que o processo decisório tenha realmente bons
resultados, não basta somente a utilização de boas ferramentas de análise e
processamento de dados. Também é fundamental estar cercado de pessoas
que conheçam o negócio e saibam utilizar a informação da melhor forma.
A tecnologia contribui para o melhor desempenho das pessoas no ambiente
de negócios, mas é necessário saber utilizá-la para esse fim.

BEAL, A. Gestão estratégica da informação. São Paulo: Editora Atlas, 2012.


LEME FILHO, T. Business intelligence no Microsoft Excel. Rio de Janeiro: Axcel Books, 2006.
MORESI, E. A. D. Delineando o valor do sistema de informação de uma organização.
Ciência da Informação, v. 29, n. 1, p. 14-24, 2000. Disponível em: http://www.scielo.
br/scielo.php?pid=S0100-19652000000100002&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso
em: 30 out. 2019.
MOTTA, F. P.; VASCONCELOS, I. G. Teoria geral da administração. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2002.
PAGANOTTI, J. Processos decisórios. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.
SHARDA, R.; DELEN, D.; TURBAN, E. Business Intelligence e análise de dados para gestão
do negócio. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2019
SOBRAL, F.; PECI, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.
TURBAN, E. Business intelligence: um enfoque gerencial para a inteligência do negócio.
Porto Alegre: Bookman, 2009.
Dica do Professor

As ferramentas de Business Intelligence podem contribuir de modo efetivo para a tomada de decisão
organizacional. Isso, porque os dados sozinhos, sem análise, cruzamentos ou relação com outros
dados, muito pouco contribuem para que o gestor tenha um bom panorama da situação e possa
optar por ou outro caminho.

A Dica do Professor vai aprofundar um pouco mais esse assunto. Você vai compreender melhor a
importância das ferramentas de BI e da gestão da informação para uma tomada de decisão
assertiva.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) O processo decisório acompanha os gestores em diversos momentos, sendo determinante


para os resultados da organização.

Assinale a alternativa correta acerca da tomada de decisão:

A) Trata-se de um processo pelo qual a empresa passa exclusivamente em sua concepção,


visando a definir a forma como quer ser vista no mercado.

B) Trata-se da definição dos objetivos e metas da organização, bem como os meios disponíveis
para atingi-los.

C) O processo decisório permite escolher o caminho correto para a organização de acordo com
o momento que ela vive.

D) Alguns fatores precisam ser considerados para a tomada de decisão assertiva, sendo que o
principal deles é a percepção do gestor.

E) A quantidade necessária de fontes para a tomada de decisão independe do grau de


complexidade dela.

2) A Eternity é uma rede de hotéis com unidades em 20 estados do Brasil. Com 15 anos de
mercado, a empresa sempre utilizou planilhas simples para os seus controles diários, desde
históricos de vendas até os custos mensais e distribuição para investidores. No entanto, há
alguns meses, os gestores vêm observando problemas em alguns setores, como a falta de
identificação da sazonalidade na previsão de vendas e a gestão de estoque deficiente.

Como seria possível resolver esses problemas da empresa?

A) Melhorando o treinamento das pessoas que fazem a alimentação das planilhas, uma vez que
isso pode ocorrer por causa de erros de digitação.

B) Refazendo o planejamento estratégico da organização, uma vez que os dados claramente não
foram bem definidos.

C) Deixando de utilizar planilhas simples e concentrando a informação em um sistema de gestão


de dados, o que reduziria o risco de erros.
D) Analisar todas as planilhas de histórico de vendas poderia auxiliar na identificação da
sazonalidade e do gargalo.

E) Talvez fosse necessário substituir o colaborador responsável pela gestão do estoque, uma vez
que ele não está fazendo um bom trabalho.

3) Sobral e Peci (2013) consideram seis etapas para um processo decisório eficiente em uma
organização.

Assinale a alternativa que apresenta corretamente uma dessas etapas:

A) A primeira etapa é a de análise e diagnóstico da situação, por meio da qual o gestor toma
conhecimento do problema ou da oportunidade.

B) Na etapa de identificação da situação, o gestor poderá definir os objetivos da tomada de


decisão em relação à questão.

C) O brainstorming é uma das principais ferramentas utilizadas pelos gestores para a avaliação
das alternativas.

D) Na etapa de monitoramento e feedback, o gestor comunica os envolvidos acerca da escolha


realizada e informa a cada um o seu papel.

E) Após a etapa de avaliação das alternativas ocorre a fase de seleção e implementação das
melhores alternativas.

4) A informação é um elemento primordial para a gestão organizacional. É por meio dela que o
gestor toma conhecimento da situação e pode tomar as melhores decisões para a empresa.

Assinale a alternativa correta em relação à informação para as organizações:

A) Gestores têm as mesmas necessidades de informação, independentemente do ramo de


atuação da empresa.

B) A informação operacional está voltada à tomada de decisão de alto nível da organização e se


dirige à direção.

C) A informação intermediária normalmente é voltada ao corpo gerencial da organização.

D) A informação institucional é aquela voltada à chefia de setores e seções dentro da


organização.
E) Informação é conhecimento e empresas que contêm muitos dados têm mais condições de
sucesso.

5) As ferramentas de BI podem contribuir de modo efetivo para a tomada de decisão


organizacional.

Assinale a alternativa correta acerca dessa contribuição:

A) Um banco de dados é o suficiente para instrumentalizar a tomada de decisão em uma


empresa, independentemente do seu porte, uma vez que concentra a informação necessária.

B) Se a empresa não souber gerenciar os seus dados, estes podem contribuir para uma decisão
equivocada, pois podem ser interpretados de forma errônea ou fornecer uma informação
irreal.

C) Business Intelligence é uma ferramenta específica, a qual é capaz de coletar, organizar, analisar,
compartilhar e monitorar as informações relacionadas à organização.

D) Após a implementação de um sistema de Business Intelligence dentro da organização, esse


sistema se retroalimenta, não necessitando de interação humana para estar atualizado.

E) O processo de decisão tradicional, sem o uso de ferramentas de BI, garante ao gestor a


redução no risco de interpretação equivocada dos dados disponíveis, aumentando a chance
de sucesso.
Na prática

Saber gerenciar as informações e manter um monitoramento constante dos seus dados pode trazer
inúmeras vantagens à empresa. Por meio desse acompanhamento é possível identificar tendências
e tomar decisões para obter os melhores resultados dessas.

Na Prática, você vai conhecer o caso da rede de varejo Walmart, que identificou uma combinação
de fatores interessantes e soube tirar proveito da situação.
Saiba mais

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

O uso do Business Intelligence (BI) em sistema de apoio à tomada


de decisão estratégica
Neste artigo, role o cursor e veja que autores problematizam acerca da necessidade do
processamento de informações corretas e alinhadas aos objetivos estratégicos, pois a qualidade
dessas informações tem um papel fundamental para a determinação de cenários que possam
auxiliar o processo de tomada de decisão e, consequentemente, promover inteligência e vantagem
competitiva, agregando valor ao negócio e à organização.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Filme: Doze Homens e uma sentença


O filme Doze Homens e uma sentença auxilia a compreender um pouco mais acerca da tomada de
decisão e os fatores que precisam ser considerados, como a previsão do impacto de se escolher
cada uma das opções. É um filme que encena uma sala de júri onde 12 homens são convocados
para decidir o caso de um assassinato, cujo veredito precisa ser unânime. Ao longo da trama, pode-
se observar a construção da decisão em cada um dos jurados, impactados por seus valores,
vivências, conceitos e preconceitos. Clique aqui para assistir ao trailer do filme.

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O que é business intelligence? Seu guia sobre o BI e por que ele é


importante
Leia mais sobre business intelligence
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