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TOMADA DE DECISÃO: CONCEITOS DE UM PROCESSO ESTRATÉGICO,


PROCEDURAL E POLÍTICO

Article · July 2018

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Vítor Dias Balbo Monnerat


Universidade Federal Fluminense
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TOMADA DE DECISÃO: CONCEITOS DE UM PROCESSO ESTRATÉGICO,
PROCEDURAL E POLÍTICO.

Vítor Dias Balbo Monnerat*

RESUMO

Esse artigo tem como objetivo tratar da formulação do processo de tomada de


decisão e de suas implicações, relacionando sua característica estratégica
procedural e política com as ferramentas que auxiliam na sua qualidade e eficácia,
como, por exemplo, a contabilidade. A respeito de sua característica de risco, a
tomada de decisão é amplamente estudada para garantir o sucesso e a
continuidade de uma organização, uma vez que toda decisão tomada é passível de
erros ou acertos que geram consequências positivas ou negativas, de curto ou longo
prazo.

Palavras-chaves: Tomada de decisão. Estratégia. Organizações. Contabilidade.


Política.

1 INTRODUÇÃO

A tomada de decisão é a celebração da racionalidade humana. O poder de


decidir é uma característica que todos os homens livres possuem, decidir sobre o
que comer, fazer e desenvolver relações afetivas são escolhas que envolvem a vida
de um indivíduo ou mais e, nas organizações isso não é diferente. O que muda é o
que e o porquê se está decidindo.
As tomadas de decisões são de diversas naturezas e níveis, variam de
acordo com os personagens, objetivos e resultados. Porém, de acordo com sua
característica básica de escolher, diversos autores pensaram e formularam teorias
que auxiliam administradores nos momentos de decisão.
As influências emocionais, pessoais e políticas dentro do processo de tomada
de decisão são variadas e podem causar grandes mudanças em uma empresa. E,
para evitar que mudanças negativas sejam implementadas, existem métodos que
garantem a tomada de decisões seguras e de qualidade.
*Aluno do curso de Ciências Contábeis – Universidade Federal Fluminense.
Email: vitormonnerat@id.uff.br
2 ESTRATÉGIA: FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO

A gestão estratégica, para Andrews (1971), é dividida em duas fases distintas:


“formulação” e “implementação”. A fase da formulação faz parte da tomada de
decisão, já sua implementação se trata de como converter as decisões em ações e
atingir os objetivos predefinidos.

Mintzberg (1987, 1994) propôs 4 noções de estratégia chamadas


Posicionamento, Plano, Perspectiva e Padrão:

 O posicionamento se trata de como o gestor se posicionará no mercado, de


forma que desenvolva uma vantagem competitiva;

 Planejamento é a determinação de um conjunto de ações e procedimentos a


serem implementados pela empresa, visando atingir um determinado objetivo.

 A perspectiva se trata do ponto de vista que uma empresa, de acordo com a


configuração de sua cultura, possui sobre algo.

 A estratégia como padrão é a consagração, como modelo, de uma prática


consistente e bem-sucedida.

3 A TOMADA DE DECISÃO E SEUS CONCEITOS

Por definição, ato ou efeito de decidir, o processo de tomada de decisão é um


processo cognitivo e uma habilidade que envolve diferentes personagens,
categorias, critérios, riscos e impactos na organização. Para Maximiano (2009) as
decisões têm como objetivo solucionar problemas ou aproveitar oportunidades.
Para Shimizu (2010), o desenvolvimento da habilidade de tomar decisões é
vital, porque ela é responsável pela diferença nos resultados de uma companhia.
Quando negativos, esses resultados podem dar fim a vida da própria organização,
porque a tomada de decisões sempre envolve riscos, uma vez que se trata da
avaliação de receitas, custos, resultados e eventos futuros.
Quando as decisões produtivas ou boas acontecem, as organizações tendem
a repetir este comportamento esperando resultados positivos como em situações
anteriores (COLLINS et al., 2009).

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3.1 QUANTO A NATUREZA E O NÍVEL ORGANIZACIONAL

De acordo com Drucker, existem quatro critérios básicos que determinam a


natureza da decisão e o nível de autoridade que deve decidir.
Existem:

1. tempos futuros envolvidos;

2. os fatores qualitativos;

3. se uma decisão é rara ou rotineira e repetitiva;

4. Se o impacto de uma decisão recairá sobre outra função, áreas ou sobre o


empresário.
Para Kladis e Freitas (1995), as decisões são categorizadas por contexto e nível
organizacional:
 Nível estratégico: O objetivo é desenvolver estratégias para que a
organização realize seus projetos;
 Nível tático: As decisões estão relacionadas à gestão administrativa;
 Nível operacional: São apenas executores das decisões predeterminadas no
nível gerencial superior.

3.1.1 NÍVEL ESTRATÉGICO (PARTICULARMENTE)

De acordo com Ansoff (1988), tomadas de decisões estratégicas são decisões


de natureza solucionadora de problemas que envolvam a alocação de recursos em
produtos ou em oportunidades de mercado, e que também essas decisões não
possuem uma característica de repetição.
Decisões estratégicas são aquelas que têm um impacto significativo na
organização e no seu desempenho a longo prazo (Hickson, Butler, Cray, Mallory and
Wilson, 1986). Se tratando de consequências de longo prazo, segundo Harrison
(1993), o modelo processual de tomada de decisão pode ser a escolha ideal, como
em decisões de caráter estratégico.

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3.2 QUANTO AO PROCESSO

O processo de tomada de decisão é amplamente descrito como a definição de


um objetivo, a formulação de alternativas, a comparação de custos e, por fim, a
escolha de uma das alternativas que apresenta o menor custo e a maior contribuição
para a realização desse objetivo.
Para Ansoff (1988), o processo de tomada de decisão consiste:
1. Percepção de um problema ou oportunidade;

2. Formulação de alternativas;

3. Avaliação das alternativas;

4. Escolha de uma ou mais alternativas para serem implementas.

Hammond, Keeney e Raiffa (2004), desenvolveram um processo de 8 etapas


para tomar uma boa decisão:

1. Definir o problema certo;

2. Especificar os objetivos;

3. Criar alternativas viáveis e variadas;

4. Analisar as consequências;

5. Selecionar alternativas;

6. Esclarecer incertezas;

7. Refletir sobre os riscos;

8. Considerar decisões interligadas.

Segundo Simon (1965), essas etapas, porém, não servem como regra para
decisões estratégicas, onde o ambiente é mais complexo.

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3.3 QUANTO QUALIDADE

Boas decisões tendem a surgir de processos em que as pessoas explicitam seus


objetivos, consideram uma variedade de alternativas, usam a melhor conhecimento
disponível para entender as potenciais consequências de suas ações, consideraram
os aspectos positivos e negativos, contemplam a decisão de um ponto de vista
ampliado de vantagens e seguem regras e normas que aumentem a legitimidade do
processo para todos os envolvidos.
É necessário um grande esforço para estruturar decisões que possam ser
reversíveis ou facilmente modificáveis. As emoções, por exemplo, podem distorcer o
julgamento das decisões e, uma vantagem em criar mecanismos e instituições, é se
proteger de escolhas erradas. Atrasar ou discutir com outras pessoas a
implementação de uma decisão são exemplos de mecanismos de proteção que
garantem uma decisão de qualidade.

4 A PERSPECTIVA POLITICA NA TOMADA DE DECISÃO

A perspectiva política se concentra em como e o porquê alguns indivíduos,


grupos e organizações exercem poder ou acumulam influência para moldar decisões
estratégicas. Essas decisões são particularmente propensas a estimular ações
políticas porque são complexas, significativas e sujeitas a incerteza.
Como Pettigrew (1973) diz, "enquanto as organizações continuarem como
sistemas de compartilhamento de recursos, onde há uma inevitável escassez
desses recursos, o comportamento político irá ocorrer. Esse comportamento político
provavelmente será uma característica especial das decisões inovadoras de larga
escala. Essas decisões provavelmente ameaçarão os padrões existentes de
compartilhamento de recursos".
Eisenhardt e Zbaracki (1992) concluíram que a perspectiva política fornece uma
descrição convincente da maneira pela qual os gerentes tomam decisões.

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5 A CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA

Para Padovezi (2010), Brondani et al (2007), Perez Jr., Oliveira e Costa (2006), a
contabilidade gera informações que podem auxiliar na tomada de decisões e, por
isso, o administrador, ao utilizar as informação contábil como ferramenta, possui
uma vantagem competitiva. O uso de planejamento financeiro e demonstrativos
contábeis como suporte para o processo de tomada de decisão foi sugerido por
Carvalho e Lima (2011), Brondani (2007) e Medeiros, Costa e Silva (2005).

6
7 CONCLUSÃO

O processo de tomada de decisão tem como conceito e objetivo solucionar


problemas ou aproveitar oportunidades e é, portanto, de diferentes naturezas e
níveis, procedural (quando o ambiente é pouco complexo, como em decisões de
nível tático ou operacional), sujeito a influências políticas e passível de erros e
acertos.
Uma vez que as organizações são sistemas que compartilham recursos
limitados, é possível estabelecer uma perspectiva política do processo como forma
de compreender a influência de alguns indivíduos sobre uma decisão.
Quanto as ferramentas que podem auxiliar na busca de boas alternativas, as
informações contábeis não são apenas úteis para impedir erros e fraudes, como,
também, são informações úteis para a tomada de decisões estratégicas.

7
REFERÊNCIAS

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Strategy Process (2017): 1-16.

de Sousa, Willy Hoppe, et al. "Planning the decision making process: A multiple case
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Khraim, Lutfi. (2018). THE ROLE OF MARKETING INFORMATION SYSTEM IN
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BERTONCINI, Cristine, et al. "Processo decisório: a tomada de decisão." Revista


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Andriotti, Fernando Kuhn, Henrique Mello Rodrigues de Freitas, and Cristina Dai Prá
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